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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agroindústria das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Fábia Costa -
2018
SUMÁRIO
Observação: .................................................................................................................................................... 53
3.2.1.4. Cuidado após a ordenha. ........................................................................................................ 53
6.1. Iogurte.................................................................................................................................................. 74
6.1.1. Propriedades .................................................................................................................................. 74
6.1.2. Tipos de iogurte ............................................................................................................................. 75
6.1.3. Etapa de produção ......................................................................................................................... 75
a) Recepção do leite ............................................................................................................................ 76
6.1.4. Classificação ................................................................................................................................... 83
1996 e 2006, os dois últimos anos censitários, o número de estabelecimentos reduziu bastante,
conforme Gomes (2009). De aproximadamente 1,8 milhão de estabelecimentos existentes em
meados da década passada, mais de 450 mil não produziram leite em 2006. Todas as regiões
brasileiras experimentaram a redução mencionada, mas a Região Sul, detentora da maior taxa
de crescimento da produtividade, foi aquela onde se verificou maior queda no número de
estabelecimentos produtores de leite (redução de cerca de 32% no período).
As informações mencionadas: crescimento da produção, elevação da produtividade
e grande redução no número de estabelecimentos produtores de leite, sugerem que, dos 450
mil estabelecimentos que abandonaram a produção, grande parte é composta por pequenos
produtores. Isto aconteceu devido a dificuldade do produtor familiar em se adequar alegislação
vigente,
Segundo estudos, há a estimativa de 47 milhões de toneladas para 2023, conforme
o gráfico 2, a região Sudeste continuará com o maior rebanho, chegando, em 2023, a uma
participação de 35%, ante 34% em 2012, seguida pelo Nordeste (21%), Sul (17,5%), Centro-
Oeste (16%) e Norte (10%).
1.2. Raças
1.2.1. Holandesa
A raça Holandesa é originada da Holanda, onde passou por processos de seleção,
ao longo dos anos, tornando-se a mais produtiva dentre as espécies bovinas. No Brasil vem
sendo bastante utilizada para a exploração leiteira, principalmente em cruzamentos, com raças
zebuínas.
A média de produção de leite (PL) de uma vaca Holandesa, quando bem manejada,
varia de 6.000 kg a 10.000 kg, com lactação superior a 10 meses. Essa produção tem um
declínio com o aumento da temperatura ambiente, mostrando a falta de adaptação da raça.
Ocorre também redução no teor de gordura do leite.
1.2.2. Jersey
Considerada a segunda raça leiteira mais importante do mundo. É originada da Ilha
de Jersey, localizada no Canal da Mancha, Inglaterra. No Brasil está distribuída em quase
todos os Estados, encontrando-se principalmente em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais.
1.2.3. Pardo-Suiça
Originada da Suíça, é criada em quase todos os países da Europa, mas também,
São animais de grande porte, altura da cernelha variando 1,38 a 1,48 metros; com
peso vivo de 550 a 750 kg. Animais da raça Pardo-Suíça suportam mais calor que os da raça
holandesa, podendo obter uma alta produção leiteira quando submetidos a condições
ambientais adequadas. Constitui uma boa alternativa para o cruzamento com animais
zebuínos.
1.2.4. Gir
Dentre as raças zebuínas a Gir é a mais difundida, bastante utilizada na produção
leiteira, compondo o rebanho leiteiro brasileiro na forma pura ou em cruzamentos com raças
especializadas, Holandesa.
altos que os ísquios); vulva preta; úbere bem desenvolvido, projetado para frente, quartos
simétricos; tetas de tamanho médio; com peso vivo médio de 470 kg.
Por meio do processo de seleção, desde a década de 30, dos melhores animais
para a produção leiteira, realizada por entidades governamentais e criadores, ocorreu à
formação de uma linhagem leiteira, sendo animais produtivos e rústicos, adaptados ao clima
tropical, apresentando duração da lactação (DL) em torno de 286 dias, produzindo uma boa
quantidade de leite e de qualidade, com altos valores de sólidos totais
1.2.5. Girolando
No ano de 1996 o Ministério da Agricultura reconheceu, oficializou, o Girolando como
uma raça sintética, na composição genética de ⅝ H + ⅜ G, bimestiço. Criada, no Brasil, com o
objetivo de ter animais produtivos, economicamente viáveis, em condições subtropicais e
tropicais.
utilizá-las respeitando seus períodos de descanso e repondo aquilo que foi retirado pelo pastejo
dos animais. Resultados práticos do pastejo rotacionado podem ser verificados em
propriedades que já se valem deste método e, vem conseguindo aumentos de 25% na
produção animal.
1.4. Alimentação
2. Brucelose:
Vacinação das fêmeas por ocasião da desmama (vacina B-19), em dose única.
Leite é um produto íntegro obtido de vacas leiteiras sadias, a partir de uma ordenha
completa e ininterrupta (7 a 8 minutos), convenientemente alimentadas, ordenhadas a partir de
uma ordenha higiênica, com exceção do colostro.
COLOSTRO - Obtido até vinte dias antes do parto e dez dias após.Não é
recomendado o seu consumo, porque contém substâncias repugnantes, pus,
escamações do úbere, excesso de cloretos, ácido (pH = 5,2 - 5,5) e pode ter
células de Staphylococcus aureus, que produz toxinas.
Portanto, devido ao seu grande valor nutricional, iniciaremos agora o estudo do leite
conhecendo os seus principais componentes.
COR - a cor branca opaca do leite deve-se ao resultado da dispersão da luz em proteínas,
gorduras, fosfatos e citrato de cálcio. O processo de homogeneização do leite aumenta a
coloração branca, pois as partículas fragmentadas dispersam mais luz. O leite desnatado
apresenta tonalidade mais azulada, já que existe baixa quantidade de grandes partículas na
suspensão.
AROMA - típico do leite, bastante suave e está relacionado ao teor de ácido cítrico (citratos).
Tanto o sabor quanto o aroma do leite dependem principalmente de sua composição química,
entretanto outros fatores, determinados por condições ambientais as quais o leite pode estar
exposto, terão influência marcante sobre o aroma e sabor. Estes fatores são principalmente:
absorção de odores estranhos e ação de microrganismos (decompondo certos constituintes do
leite).
Tais percentuais de participação dos seus compostos podem variar de acordo com
os seguintes fatores como: espécie lactante (bovina, bubalina, caprina, ovina etc.), raça
(Holandesa, Jersey etc.), período de lactação, alimentação, saúde do animal, individualidade,
diferença entre os quartos do úbere, idade, clima, espaço entre as ordenhas, estação do ano.
Sendo que, em termos produtivos para a indústria láctea, quanto maior o percentual
de extrato seco total (EST), maior rendimento esta matéria-prima terá na elaboração dos
produtos lácteos.
De acordo com Pinheiro e Mosquim (1991) a importância do leite, sob o ponto de
vista nutricional, se deve a qualidade de suas proteínas, ao seu teor elevado em cálcio, fósforo,
magnésio e às vitaminas A, riboflavina e niacina, entre outras.
2.3.1. Água
A água constitui, em volume, o principal componente do leite. Entra em média na
percentagem de 87,5%, influindo sensivelmente na densidade do leite. Como causa da
variação da percentagem de água na composição do leite salientam-se os seguintes fatores:a
raça do gado e o tempo de lactação (Behmer, 1984).
2.3.2. Gordura
Entre todos os compostos do leite, a gordura é o que apresenta (dentro do seu
percentual de participação) um teor com maior faixa de variação: 2 a 6% com média em geral
de 3,5%. Essas variações podem ser atribuídas à alimentação fornecida ao animal, à raça, ao
período de lactação etc. É também creditada à gordura do leite, pela indústria de laticínios, a
condição de ser um dos componentes com maior valor agregado.
Ela é utilizada na indústria para fabricação de: manteiga, creme, queijo, chantily,
sorvetes etc. A gordura do leite apresenta-se como uma emulsão (partículas em suspensão no
meio aquoso) na forma de um conjunto de pequenos glóbulos, rica em vitaminas lipossolúveis –
A, D, E, K. As gorduras são envolvidas por uma membrana protetora constituída
fundamentalmente por fosfolipídios (função tensoativas e emulsificante, bem como, são
responsáveis pelo fl avor indesejável advindo de sua oxidação - rancifi cação) e proteínas
lipoproteica.
A gordura do leite é composta principalmente de ácidos graxos saturados –
triglicerídeos. São eles: os ácidos graxos, que conferem ao leite e seus derivados as
características organolépticas (odor, sabor e cor) típicas dos produtos derivados lácteos.
Quando o leite chega ao laticínio, parte da gordura é retirada desse leite (para elaboração de
outros produtos) por um procedimento chamado de desnate, o que ocorre através de um
equipamento chamado de desnatadeira. Nesse processo, a gordura se separa da parte aquosa
do leite em forma de creme.
aquecimento prolongado durante várias horas a 70-80◦C para detectar uma degradação dos
glicerídeos que se traduzem pela δ-lactonas, a partir da hidrolização dos hidroxiácidos graxos.
Pode formação de β-cetônicos evidenciar-se a formação de metil cetonas a partir dos ácidos
procedentes da hidrólise dos glicerídeos (Veisseyre, 1988). Estes produtos não são desejáveis,
pois alteram o sabor do leite.
As quantidades presentes no leite pasteurizado são pequenas em comparação com
as quais se encontra o leite que foi submetido a tratamentos térmicos mais severos e no caso
das metil-cetonas, as quantidades presentes são somente um pouco superiores as que se
encontram no leite não aquecido.
A tabela abaixo mostra a quantidade de lactonas e metil-cetonas formadas durante
os tratamentos térmicos.
Formação de lactonas e metil-cetonas após o tratamento térmico
Produto Lactonas e metil cetonas (nmol/g de gordura)
Leite pasteurizado 12
Leite UHT 21
Leite esterilizado em recipientes herméticos 100
Fonte: Varnam & Sutherland, 1995.
No leite UHT se encontram níveis mais altos de ácidos graxos livres, e que pode
haver uma indução ao aumento do grau de acidez. O leite com o grau de acidez maior do que 2
é geralmente tido como inaceitável pelo sabor denominado ―lipolisado‖, denominação essa
dada pela ocorrência da lipólise nos triglicerídeos do leite.
2.3.3. Proteínas
As proteínas do leite vêm despertando interesse, cada vez maior, sob o ponto de
vista econômico e nutricional. A demanda crescente de derivados lácteos providos de teores
elevados deste componente, a exemplo de queijos e outros produtos alimentícios, demonstra
uma maior conscientização do povo quanto ao uso de proteínas balanceadas, de sabor
agradável e a baixo custo.
Uma importante característica do leite, no aspecto nutricional, é que oito (nove para
as crianças) dos 20 aminoácidos não podem ser sintetizados pelo organismo humano. Como
eles são necessários para a manutenção de um metabolismo adequado, necessitam ser
obtidos através dos alimentos. Estes são denominados aminoácidos essenciais e todos estão
presentes nas proteínas do leite.
As proteínas são moléculas formadas de unidades menores chamadas de
Além disso, as caseínas podem ser precipitadas (coaguladas) pela acidez (ao atingir
seu ponto isoelétrico) e também através da atividade proteolítica (como a do coalho). A
estabilidade térmica das proteínas do leite está relacionada com o teor natural de uréia e de
citrato (dependente do consumo de forrageiras), quanto maiores os teores destes elementos,
maior a estabilidade térmica e vice-versa. Paralelamente, a mamite influencia negativamente a
estabilidade das proteínas do leite, pois aumenta a proporção de proteínas solúveis (menos
termoestáveis) em relação às caseínas.
As Micelas de Caseína
As caseínas são divididas em três subgrupos: α-caseínas, κ-caseínas e β-caseínas,
que diferem entre sí por poucos aminoácidos. Os três subgrupos possuem a característica
comum de terem um, dos dois aminoácidos que contém grupos hidroxil, esterificados para
ácido fosfórico. O ácido fosfórico liga-se ao cálcio e ao magnésio, e alguns desses sais formam
pontes entre as moléculas de caseína. As micelas de caseína consistem em um complexo de
submicelas de um diâmetro de 10 - 15 nm. O conteúdo de α, κ e β caseína é
heterogeneamente distribuído nas diferentes micelas.
Os sais de cálcio da κ-caseína são solúveis em água enquanto que os da κ e β-
caseína são quase insolúveis. Devido à localização dominante da κ-caseína na superfície das
micelas, estas são solúveis na forma de colóides.
O fosfato cálcico e as interações hidrofóbicas entre as submicelas são as
responsáveis pela integridade das micelas de caseína. A κ-caseína possui um terminal
hidrofílico ―C‖ composto de carboidratos o qual se projeta para forma do complexo micelar,
estabilizando as micelas. O fenômeno é devido à forte carga negativa dos carboidratos.
Em uma micela intacta existe um excesso de cargas negativas e consequentemente
elas se repelem mantendo-se em solução. O tamanho da micela depende do conteúdo do íon
cálcio (Ca++) no leite. Se a micela perde cálcio, pelo equilíbrio ativo com o cálcio em solução, a
micela vai se desintegrar em submicelas.
As micelas também são afetadas pela baixa temperatura: as β-caseínas começam a
se dissociar e o hidroxifosfato de cálcio abandona a estrutura micelar, dissolvendo-se.
A explicação para esse fenômeno é que a β-caseína é a mais hidrofóbica e suas
interações hidrofóbicas são enfraquecidas quando a temperatura diminui. Essas mudanças
tornam o leite menos adequado para a produção de queijo, pois elas resultam em um maior
período para a coagulação e a formação de um coágulo mais mole.
micelas ficam desestruturadas, sem enlace nem coesão, sendo incapazes de contrair-se.
Consequentemente, toda a ação mecânica sobre a coalhada formada deve ser muito
cuidadosa para evitar sua ruptura em pequenas partículas que são perdidas junto com o soro. A
coagulação ácida só permite, portanto a elaboração de queijos de alta umidade.
Proteínas do Soro
As proteínas do soro são formadas por α-lactoalbumina (80 %) e β-lactoglobulina (20
%). Essas proteínas não são precipitadas pelo abaixamento do pH do leite nem pela ação
proteolítica do coalho. Porém, o aquecimento as desnatura e elas formam complexos com a
caseína. Em temperaturas superiores a 60°C a desnaturação das proteínas do soro se inicia
(em especial os aminoácidos sulfurados da βlactoglobulina) e, a 90°C / 5min a desnaturação é
total.
a 90 - 95°C / 3 - 5 minutos vai contribuir, pela característica hidrofílica das mesmas, com o
aumento da qualidade pela reduzida sinérese e aumento da viscosidade do produto. As
proteínas do soro em geral e a α-lactoalbumina, em especial, possuem alto valor nutricional.
Sua composição de aminoácidos é próxima aquela considerada ideal. Elas são mais ricas que
a caseína nos três aminoácidos mais importantes na alimentação humana: lisina, metionina e
triptofano.
Derivados das proteínas do soro são amplamente utilizadas na indústria de
alimentos. Ação do aquecimento sobre as proteínas O tratamento térmico do leite origina a
desnaturação das proteínas do soro. O efeito varia dependendo da severidade do aquecimento
desde a desnaturação parcial durante a pasteurização até a total na esterilização convencional.
As imunoglobulinas são as proteínas mais lábeis e em ordem - lactoglobulina e -
lactoalbumina crescente de estabilidade, a albumina sérica. A desnaturação das proteínas do
soro desempenha um importante papel no desenvolvimento do aroma de cozido. Este aroma
não é perceptível no leite pasteurizado HTST, porém forma parte do sabor característico do
leite esterilizado. A desnaturação é tão mais importante quanto mais alta a temperatura.
Pode constatar-se que uma pasteurização realizada em condições ótimas não
ocasiona uma desnaturação apreciável. No leite pasteurizado podem ocorrer maiores perdas
por ação de luz, sendo os aminoácidos mais afetados a metionina, triptofano e a tirosina. A
esterilização convencional, em autoclave, provoca a máxima desnaturação. Já o aquecimento
UHT Direto não desnatura mais do que 60% das proteínas do lactosoro, o que não afeta o valor
biológico das mesmas, apenas desfazem parte de sua conformação globular, podendo tornar-
se até mais digerível.
A Tabela 3 mostra a desnaturação das proteínas solúveis do leite.
Tratamento térmico %
Pasteurização 11
UHT Direto 50
UHT Indireto 90
Esterilização mediante autoclaves 100
Fonte: Varnam & Sutherland, 1995
As caseínas não se comportam, frente ao aquecimento, como as proteínas solúveis.
Para poder constatar alguma modificação, é necessário o aquecimento a temperaturas muito
2.3.4. Lactose
redução do pH do meio acidificar o leite. Porém, uma das formas de se evitar ou retardar essa
acidificação natural é o processo de conservação térmica, chamado de pasteurização, ou pelo
resfriamento do leite.
Uma percentagem relativamente alta da população, especialmente de origem
africana e asiática, apresenta intolerância à lactose (deficiência em lactase). Os sintomas
variam desde a incapacidade de ingerir produtos lácteos até distúrbios gastrointestinais após o
consumo.
Ação do aquecimento sobre a lactose
A formação de lactulose, dissacarídeo formado por um resíduo de frutose e um
resíduo de galactose, aumenta com a temperatura do tratamento térmico. Isto não é desejável,
pois a lactulose não é hidrolisada pelas enzimas dos mamíferos, porém pode ser fermentada
no intestino grosso produzindo flatulências. Este problema não parece importante com as
quantidades presentes no leite pasteurizado e UHT, no entanto, pode ser mais grave nos
consumidores do leite esterilizado pelo sistema convencional. A tabela abaixo mostra as
quantidades de lactulose de acordo com cada tratamento térmico. Formação de lactulose após
o tratamento térmico
Tratamento térmico lactulose (mg/l)
Pasteurização 50
UHT 100-500
Esterilização convencional 900-1380
Fonte: Varnam & Sutherland, 1995
O aquecimento de dissoluções de lactose acarreta consequências tecnológicas
importantes, sobretudo quando o açúcar está em presença de proteína. Isto é a origem do
escurecimento não enzimático observado durante a fabricação e armazenamento dos diversos
produtos lácteos.
Quando os cristais de lactose são aquecidos a temperaturas mais elevadas,
observa-se primeiramente, a perda da água de cristalização a 110◦C, seguido de
amarelecimento a 150◦C, e escurecimento (marrom) a 170◦C devido a caramelização.
O escurecimento do leite durante o aquecimento se deve a reação entre o grupo
aldeído da lactose e o grupo amino das proteínas (Reação de Maillard) e a polimerização
(caramelização) das moléculas de lactose. Também é possível que a lactose se decomponha
por oxidação em ácidos orgânicos, o que explicaria em parte o aumento de acidez que se
produz durante a esterilização do leite.
No meio alcalino, a termodestruição da lactose pode dar lugar à aparição de uma cor
cinza, mais ou menos escura, que se observa frequentemente nos processos de cocção.
2.3.5. Enzimas
Classificam-se como enzimas, um grupo de proteínas produzidas pelos organismos
vivos, que têm a habilidade de acelerar os processos bioquímicos nos organismos. Por esta
razão, são muitas vezes chamadas de biocatalisadores. A ação das enzimas é específica, cada
enzima catalisa somente um tipo de reação.
Dois fatores influenciam fortemente a ação enzimática: temperatura e pH.
Geralmente as enzimas têm uma temperatura ótima de atividade entre 25 e 50ºC. Após esta
temperatura, elas iniciam o processo de desnaturação (inativação enzimática). Quanto ao pH, o
valor ótimo depende da enzima em questão.
A presença ou não de certas enzimas no leite é utilizada nos testes de qualidade.
Entre as principais enzimas encontradas no leite estão:
• Lipases;
• Proteases;
• Oxidorredutases.
Lipases
As lipases presentes no leite podem ser de origem microbiana ou endógena. Essas
enzimas hidrolisam a gordura em glicerol e ácidos graxos. A ruptura do glóbulo de gordura
aumenta muito a eficácia da lipólise pelo aumento da superfície de contato e da frequência de
contato.
As lipases naturais do leite são termolábeis (inativadas pela pasteurização),
sensíveis à oxidação e ainda sensíveis às proteases, o que torna sua atividade de pouca
importância. Contudo, as lipases de origem microbiana são muito mais resistentes à
desnaturação térmica e, portanto possuem grande importância tecnológica, uma vez que
causam a degradação progressiva de produtos lácteos de longa vida de prateleira.
Proteases
As proteases presentes no leite podem ser de origem microbiana ou endógena.
Essas enzimas hidrolisam as proteínas em aminoácidos e peptídeos, podendo provocar
amargor. A plasmina é a principal protease natural do leite. Essa enzima é termoestável no pH
normal do leite e mantém de 70 a 80% da sua atividade após a pasteurização e, de 30 a 40%
após o tratamento UHT.
O leite mamítico possui teores mais elevados de plasmina e, portanto, é mais
2.4.2. Acidez
Avalia a qualidade do leite quanto ao aspecto tecnológico, por meio do equipamento
chamado acidímetro DORNIC. Este equipamento tem a finalidade de verificar o grau de
metabolização da lactose a ácido láctico, que é baseado na titulação com solução básica do
ácido láctico da amostra na presença do indicador.
O leite que coagula nessa prova não resiste ao calor, portanto, não pode ser
misturado aos demais. Dessa forma, o leite ácido não resistiria aos tratamentos térmicos
utilizados pelas indústrias, sendo então uma importante característica a ser controlada. A
acidez do leite varia de 14 a 18ºD (graus Dornic).
2.4.3. Densidade
É outro parâmetro avaliado no controle de qualidade do leite, devendo estar entre
1,028 e 1,034 a temperatura de 15ºC, o que significa que um litro de leite deve pesar entre
1028 e 1034 gramas. Leites de composição diferente podem apresentar o mesmo grau de
densidade. Para determinar a densidade, utiliza-se um instrumento denominado
termolactodensímetro. A amostra fraudada com água terá densidade menor do que a amostra
normal. Como a densidade da água é estabelecida em 1,0, o resultado fi nal no leite tende a se
aproximar desse valor. Uma das aplicações práticas da determinação da densidade é
justamente a pesquisa de fraude por adição de água ou desnate na propriedade. Leite com alto
teor de gordura apresenta maior densidade em relação a leite com baixo teor de gordura, em
razão do aumento do extrato seco desengordurado. •
• O local de ordenha deve ser de fácil limpeza (pisos, paredes) com bom
escoamento de água e dejetos, longe de áreas muito contaminadas e de odores fortes,
segundo o regulamento técnico para produção, identidade e qualidade do leite contido na
Instrução normativa nº51 de18/09/2002;
1. ANALISES FÍSICO-QUÍMICA
Temperatura: T D; T D
- MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO
-RTIQ de leite Cru Refrigerado Integral: 0,14 – 0,18 g de ác. Lático/100mL de leite
Causas de variação:
Mas para que esse programa alcance os propósitos esperados, é necessário que as
próprias unidades benefi ciadoras de leite adotem, executem e fi scalizem concomitantemente
um programa de controle de qualidade da sua matéria-prima junto aos seus fornecedores. Os
programas de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e Procedimentos Padrão de Higiene Operacional
(PPHO) visam à captação pelas indústrias de um leite padrão que atenda às condições
impostas pela legislação vigente.
Existem três etapas básicas no processo de obtenção higiênica do leite. Para tanto,
se faz necessário alguns cuidados para que possamos garantir um produto de boa qualidade e
inocuidade. Assim, descreveremos a seguir os fatores relevantes inseridos em cada etapa.
• Antes da ordenha
• Durante a ordenha
• Depois da ordenha
Preste atenção aos procedimentos que devem ser feitos antes da ordenha.
– O animal a ser ordenhado tem que estar sadio, por isso tem que ser
acompanhado de um controle sanitário e alimentar rigorosos. Existem algumas
doenças que são transmitidas do animal para o homem (uma das vias de
contaminação pode ser através da ingestão do leite cru contaminado)
conhecidas por zoonoses, sendo as mais comuns: tuberculose, brucelose, febre
aftosa, varíola bovina, entre outras.
c ) Equipamentos e utensílios
- Nessa atividade são utilizados diversos tipos de utensílios (conforme figuras a
seguir), como caneca telada de fundo escuro para teste de mastite, coadores de nylon ou de
inox, baldes, de preferência semiabertos, latões, mangueiras de aspersão etc. Sendo que os
equipamentos de custo mais elevado são as ordenhadeiras mecânicas e os tanques de
resfriamento (expansão) de inox.
Todos os equipamentos e utensílios envolvidos no sistema de ordenha devem estar
previamente limpos e o procedimento de sanitização dos que serão usados tem que ser
realizado todas as vezes momento antes dessa atividade. As dosagens recomendadas de
diluições do produto utilizado na sanitização ou desinfecção devem obedecer às orientações do
fabricante.
Figura 8- Funil ou coador plástico para coar o leite cru Figura 9- Latão plástico para leite
d) Higiene do ordenhador
No programa de boas práticas operacionais, a condição higiênica do ordenhador
também é um fator de grande relevância. Para tanto, deve ser cobrado dele bons hábitos de
higiene, como: uso de roupa limpa (preferencialmente branca), cabelo curto e protegido com
uso de boné ou touca, unhas cortadas, não fumar no ambiente da ordenha, não utilizar
fragrâncias fortes, obedecer a uma rotina de trabalho condicionando assim os animais (ex.
manter sempre as mesmas horas do dia para a ordenha), ser paciente, não agredir os animais
e principalmente lavar as mãos com sabão sem aroma e água potável antes de iniciar a
ordenha e quando for ordenhar outro animal.
Figura 11- (a) Lavagem e secagem das tetas; (b) Lavagem e secagem das tetas (úbere)
Figura 12- Teste da caneca de fundo preto. Figura 13- Formação de grumos (Mastite).
3.2.1.2.1. Mastite
Outra forma dessa doença é a mastite subclínica, caracterizada por não apresentar
sintoma visível. Só é detectada através de exames laboratoriais, que comprovam a alteração
da composição do leite, pelo aumento no número de células somáticas (células de defesa do
organismo animal, ex. leucócitos) e também pela queda de produção na fazenda.
Células somáticas
Teste CMT
O reagente do CMT é um detergente que possui um indicador de pH, por isso sua
coloração é roxa. Quando o leite é misturado ao CMT em quantidades iguais, esse reagente
dissolve ou rompe a membrana das células de defesa (leucócitos) e o material genético (DNA)
da célula é liberado. O DNA formará uma massa ou gel.
Por isso é possível consumirmos leite ou derivados lácteos que apresentem odor e
sabor indesejáveis. Como exemplos, podemos citar: leite com forte de forragem (capim),
queijos com odor e/ou sabor de ―bode‖, pelo fato do reprodutor estar próximo no momento da
ordenha etc.
Quando nos referimos às instalações, o local deve ser limpo após cada ordenha,
com a remoção de fezes, urina, leite, restos de ração e papel-toalha usado. Lavar o piso com
jatos de água, usando vassoura ou esfregão. Se necessário, lavar as paredes.
Outro fator importante a ser abordado é que tanto o úbere como as tetas do animal
lactante constituem uma região com anatomia e temperatura interna favoráveis à fixação
desses microrganismos indesejáveis (patogênicos), que são carreados juntos com o leite no
momento da ordenha.
microbiana do leite e, por consequência, preservar sua qualidade. Conforme preconizado pela
IN 51, o leite deverá ser conservado a 40 C e estocado em tanque de expansão na propriedade
por um período não superior a 48 horas.
Observação:
É permitida a entrega do leite cru do pequeno produtor que não tem como preservá-lo à
temperatura recomendada de conservação, desde que o produto chegue ao laticínio
transportado em latões hermeticamente fechados e no tempo máximo de até 2 horas.
Alguns cuidados também devem ser tomados após a ordenha ser feita. Vamos ver
cada um deles?
Após a ordenha, uma ação de grande importância é imergir as tetas em uma solução
de iodo (iodo glicerinado), conforme mostra a figura a seguir.
Essa prática, também conhecida por pós-dipping, tem como objetivo principal
proteger o animal contra possíveis contaminações infecciosas na glândula mamária, devido aos
esfíncteres (canal da teta) permanecerem abertos por algumas horas (1 a 2 horas) depois do
término da ordenha.
b) Transporte
O leite, que deverá ser transportado das unidades produtoras (fazendas ou granjas
leiteiras) para os laticínios em caminhões isotérmicos específicos para o translado de leite a
granel, deve chegar à fábrica na temperatura máxima de 70 C. Esse serviço terá que ser
realizado por funcionários (motorista e
colaborador) treinados para a
execução de procedimentos padrões,
como: saber operar de forma
higiênica durante a transferência do
leite do tanque de expansão para o
tanque do veículo; conhecer os
procedimentos necessários para
coleta de amostra do leite de cada
propriedade; identificar e registrar as
amostras do leite; controlar a temperatura de resfriamento do tanque do caminhão para que o
leite não sofra variações térmicas até sua chegada ao laticínio; saber realizar os chamados
―testes rápidos‖ do leite (ex.: teste de acidez) para avaliar as condições qualitativas em que se
encontra essa matéria-prima antes e depois do transporte.
1º. Seguir uma rotina de lavagem dos equipamentos e utensílios logo após o término
da ordenha. A demora para execução dessa ação acarretará maiores dificuldades na remoção
dos resíduos, por aumentar a força de aderência das incrustações nas superfícies de contato.
Criando, dessa forma, focos de proliferação de microrganismos.
2º. As instalações devem ser limpas, realizando a remoção de fezes, urina, leite,
restos de ração e papel-toalha usado. Lavar o piso com jatos de água, usando vassoura ou
esfregão. Se necessário, lavar as paredes.
3º. Baldes e demais utensílios devem ser lavados, em tese, com produtos à base de
detergente alcalino e, em seguida, enxaguados com solução de detergente ácido a 35ºC - 40ºC
por 5 minutos. Logo depois, devem ser guardados colocados de ―cabeça para baixo‖ em locais
como bancadas limpas e protegidas - depósitos. Para o tanque de resfriamento, pode ser
utilizada a mesma metodologia, com atenção para não se usar escovas ou buchas de materiais
abrasivos para não provocar arranhaduras no equipamento.
d) Envio das amostras de leite para análises nos laboratórios credenciados ao PNQL
Amostras de leites coletados nas fazendas são enviadas aos laboratórios
credenciados - Devido aos interesses comuns, tanto os produtores como os laticínios precisam
saber ofi cialmente das reais condições da qualidade do leite negociado.
Como é do nosso conhecimento, atualmente a forma de remuneração do leite ao
produtor, estipulada pelo PNQL, tem como base a qualidade na composição físico-química e
microbiológica do mesmo. Por isso, regularmente (em geral uma vez por mês) são enviadas
amostras dos leites adquiridos pelas indústrias aos laboratórios de sua região que integram o
Programa do Leite.
Esses laboratórios são conhecidos como Rede Brasileira de Qualidade do Leite ou
Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL). De posse do
resultado das análises do seu leite, o produtor, a indústria e o Ministério da Agricultura Pecuária
e Abastecimento (MAPA) monitoram em tempo real a qualidade do leite produzido no Brasil,
4. Processamento de Leite
Produção de derivados.
qual ele deverá estar ao chegar à fábrica. Essa temperatura deve compreender um intervalo de
70 Ca 100 C, no máximo. Em seguida, com o auxílio de mangueira e bomba sanitária, o leite é
transferido para o tanque de expansão, onde é submetido a uma primeira filtração através de
peneiras para remoção das sujidades de partículas maiores. O resfriamento a que o leite
precisa ser mantido deve corresponder a uma temperatura média de 40 C a 50 C, conforme
estabelecido pela Instrução Normativa de número 62.
O leite deve chegar ao laticínio com sua composição química íntegra, ou seja, sem sofrer
qualquer tipo de alteração através de adição ou retirada de componentes. Pela IN 62, o
percentual mínimo de gordura que o leite precisa apresentar para ser comercializado deve ser
em torno de 3%.
padrões legais e a padronização ocorra de forma eficiente. Assim, é necessário que o laticínio
defi na qual o produto a ser produzido e qual será sua composição.
Uma vez que do tanque de expansão o leite segue direto para o pasteurizador e,
posteriormente, para o envase, armazenamento e expedição. Porém, para a indústria láctea
esse procedimento não é viável economicamente por apresentar perdas de produção de outros
derivados do leite.
O leite, do momento em que foi coletado através da ordenha até antes de ser
pasteurizado, deve ser mantido sob resfriamento médio de 40 C a 50 C em tanques de
refrigeração/expansão, com o objetivo de criar um meio desfavorável a sua deteriorização. Não
só a multiplicação dos microrganismos indesejáveis diminui significativamente quando o leite
está sob condições de baixas temperaturas, como também, propicia uma expressiva redução
na atividade enzimática desse leite. Com isso, consegue-se preservar a qualidade do mesmo
por mais tempo.
4.3.1. Pasteurização
Entende-se por pasteurização o emprego
conveniente do calor, com o fim de destruir
totalmente a flora microbiana patogênica sem
alteração sensível da constituição física e do
equilíbrio do leite, sem prejuízos dos seus
elementos bioquímicos, assim como de suas
propriedades organolépticas normais (Art. 517 do
RIISPOA/MAPA, 1952).
4.3.2. Esterilização
Já esterilzação pode ser definida como: Entende-se por leite
UAT ou UHT (Ultra Alta Temperatura ou Ultra Higt Temperature) o leite
homogeneizado, submetido durante 2 a 4 segundos a uma temperatura
entre 1300 a 1500 C, mediante processo térmico de fl uxo contínuo,
imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 320 C e envasado
sob condições assépticas em embalagens estéreis e hermeticamente
fechadas. (Brasil, 1997).
Processamento de Leite
Não é uma prática obrigatória nos laticínios, por exigir equipamento relativamente
caro, sendo utilizada quase que exclusivamente em indústria com elevada produção. Dentre
várias vantagens do processo de homogeneização, podemos destacar:
5.1.1. Classificação
De acordo com o conteúdo de matéria gorda, os leites fermentados se classificam
em:
Com creme: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda mínima
de 6,0g/100g.
Integrais: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda mínimo de
3,0g/100g.
Parcialmente desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria
gorda máximo de 2,9g/100g
Desnatados: aqueles cuja base láctea tenha um conteúdo de matéria gorda
máximo de 0,5g/100g
5.1.2. Composição:
Ingredientes obrigatórios:
Leite e/ou leite reconstituído padronizado em seu conteúdo gordura e Cultivos de
bactérias lácticas.
O leite a ser utilizado deverá ser submetido: a pasteurização, ou tratamento térmico
equivalente para assegurar fosfatase residual negativa.
5.1.3. Características sensoriais:
• Aspecto: Consistência firme, pastosa, semisólida ou líquida
• Cor: Branca ou de acordo com a(s) substância(s) alimentícia(s) e/ou corante(s)
adicionada(s).
• Odor e sabor: Característico ou de acordo com a(s) substância(s) alimentícia(s)
e/ou substância(s) aromatizante(s)/saborizante(s) adicionada(s).
massa de leite sem dar o gosto arenoso. Depois de o produto ser agitado com bastante vigor
durante um período de uma hora, procede-se o esfriamento a 15-18ºC e se deixa no depósito
durante 12 a 14 horas para que se complete a cristalização. Passa-se depois ao enlatamento e
ao armazenamento
O leite condensado pode manter suas propriedades nutritivas por um período de até
dois anos, sem necessidade de refrigeração enquanto mantida fechada a sua embalagem.
Normalmente o leite condensado é enlatado em latas que são previamente lavadas e
esterilizadas, antes de serem utilizadas. Além de ser colocado em latas é também comum o
uso do enlatamento asséptico em material multicamada (como por ex.: Tetra Pak ou Tetra Brik),
e recentemente ressurgiu o uso de bisnagas para acondicionamento do produto.
5.3.2.1. Classificação
Logo depois de acondicionado nas embalagens (este tipo de doce normalmente são
acondicionados em latas de folha de flandres, revestidos internamente por um verniz que
impeça a exposição direta do produto ao material de embalagem evitando, por exemplo, a
oxidação), as mesmas são resfriadas até uma temperatura ente 38- 40°C colocadas em caixas
de papelão e enviadas ao estoque.
O doce de leite em barra normalmente utiliza-se plásticos transparentes ou papel
celofane seguido de embalagem em caixa de papel cartão
A. Leite concentrado:
Produto resultante da desidratação de leite fluido, seguindo de refrigeração ou
tratamento térmico condizente ao fim que se destina.
B. Leite evaporado ou ―leite condensado sem açúcar‖
Produto resultante da desidratação parcial do leite fluido,
seguindo de homogeneização, enlatamento e esterilização (apertização)
(RIISPOA—Art. 654).
Concentração
Similar ao processo de concentração realizado na fabricação de leite em pó, aqui a
evaporação do leite é realizada em fluxo laminar sob vácuo, com temperatura entre 65 e 70°C,
onde ocorre a fervura. Equipamento de película descendente, dotado de tubos verticais
cercado por vapor.
O leite passa através de um dispositivo de distribuição e é pulverizado em forma de
camadas muito finas que deslizam até a parte inferior. Por ação do calor do vapor e do vácuo a
água da pelíula de leite se evapora rapidamente. Um separador do tipo ciclonico, situado na
base dos tubos, separa o vapor do leite concentrado.
A concentração final atinge densidades de até 1,07. Por exemplo, 2,1kg de leite
integral com 3,8% de gordura e 8,55% de extrato seco magro produzem 1kg de leite
concentrado com 8% de gordura e 18% de extrato seco magro. A concentração máxima que se
utiliza industrialmente é de 27% de extrato seco magro.
Teste piloto
Após o resfriamento, o leite concentrado é armazenado em tanques dotados de
agitadores onde se procede aos testes pilotos. Testes pilotos são realizados para determinar a
estabilidade do leite ao processo de esterilização e quantificar necessidade de sais
estabilizantes. São coletadas amostras do leite em certo número latas onde se adicionam sais
estabilizantes puros ou misturados, em diferentes concentrações.
6.1. Iogurte
Entende-se por iogurte o produto obtido pela fermentação láctea através da ação de
duas espécies de microrganismos: Lactobacillus bulgaricus e Streptococos thermophilus sobre
o leite integral, desnatado ou padronizado. (RIISPOA, art. 682).
6.1.1. Propriedades
Além de ser uma bebida bastante apreciada pelas suas características
organolépticas, o iogurte apresenta outras propriedades nutricionais que lhe confere a condição
de ser um alimento saudável e recomendado para grande faixa etária da população.
Condições essas que os distingue de outros derivados lácteos tais como:
• Apresentar elevada digestibilidade
– Porque as proteínas do leite (de elevado valor biológico) são parcialmente
digeridas por ação das bactérias lácticas. Permitindo, assim, a produção de um alimento com
boas características digestíveis.
• Poder ser consumido por pessoas intolerantes a lactose
– Algumas pessoas não produzem (ou possuem em pequena quantidade) em seu
organismo a enzima lactase – que tem a função de hidrolisar a lactose e, por essa razão, sofre
distúrbios digestivos.
Presentes em alimentos fermentados, inclusive o iogurte, as bactérias lácteas
a) Recepção do leite
O leite possui um teor de sólidos totais que varia de 10 a 14%. No caso do iogurte, a
recomendação é que esses teores possam está na faixa de 14 a 15%. Esse acréscimo nos
teores de sólidos tem como objetivo aumentar (melhorar) a consistência e a viscosidade do
produto final.
Segundo a legislação, podem ser adicionados os seguintes insumos: leite em pó – 2
a 4% (integral, desnatado ou semidesnatado), gelatina, açúcar, glicose, leite condensado,
espessantes como carragena, ágar-ágar, alginatos, goma xantana etc. Vale salientar a
importância da fase de pré-mistura quanto aos aspectos de segurança alimentar a inocuidade
do produto fi nal. Porque todos os ingredientes que fazem parte dessa mistura sofrerão
tratamento térmico concomitantemente ao leite, o que não ocorreria se todas as etapas do
fluxograma ocorressem dentro da fermenteira/iogurteira.
Figura 31- Pré-mistura dos aditivos e sala de formulação para utilização de aditivos ao leite
Após o tratamento térmico, o leite (agora chamado de mistura) é transferido por meio
de tubulações para os tanques de fermentação. Nesse local, a mistura deverá ser conservada a
uma temperatura média de 40 a 420 C, porque é essa a temperatura ideal para a inoculação
(adição) do fermento lácteo comercial.
Uma prática necessária a ser realizada antes da adição do fermento no tanque é que
esse produto contido no envelope deverá ser primeiro diluído e homogeneizado em uma
pequena quantidade da mistura, para que, desse modo, haja uma distribuição uniforme e, em
seguida, acrescentada ao volume da massa contida no interior do tanque de fermentação.
Na sequencia do processo, a mistura contida na fermenteira ou iogurteira será
submetida em agitação constante por um período de 2 a 4 minutos para melhor distribuir o
fermento à massa como um todo. A concentração de inoculação do fermento lácteo varia de 1 a
3% e deve seguir orientação do fabricante, tendo um tempo necessário para ocorrer à
fermentação em torno de 4 a 6 horas. Vale salientar que o fermento láctico só deve ser
adicionado exclusivamente em leite pasteurizado.
O fermento lácteo pode ser preparado na própria fábrica a partir de leite de excelente
qualidade, esterilizado e adicionado de culturas puras. No entanto, os laticínios, atualmente,
utilizam-se dos fermentos comerciais conhecidos como ―culturas lácteas concentradas liofi
lizadas‖, que possuem alta concentração de bactérias e podem ser inoculados diretamente na
fermenteira dispensando todas as etapas de preparo em nível de indústria, e tendo como
principais vantagens: redução de mão de obra, menor possibilidade de contaminação e
garantia de uma qualidade melhor e mais uniforme dos produtos.
e) Resfriamento
Posteriormente ao período de incubação com duração média de 4 a 6 horas, o
produto é submetido ao resfriamento na própria fermenteira, passando de 40ºC a 42º C para
100 C. Esse processo não deverá ocorrer de forma brusca (rápida), o que deve acontecer em
um espaço de tempo de, aproximadamente, 1 (uma) hora.
Tal procedimento tem por objetivo evitar a retração da coalhada para não ocorrer seu
dessoramento – defeito no produto acabado. Essa etapa é considerada um dos pontos mais
críticos e difíceis de ser controlado na produção do iogurte. Tem como função reduzir a
atividade metabólica dos microrganismos controlando a acidez do produto, ou seja, evitar a
contínua formação de ácido láctico e, consequentemente, aumento da acidez do produto
acabado.
A falta dos cuidados necessários nessa etapa poderá resultar em alterações
indesejáveis ao produto elaborado como aroma e acidez muito elevadas. Ao término dessa
fase, o produto deverá apresentar um pH de 4,5 - 4,6 ou uma acidez de 70 - 720 D, e
apresentar uma massa com consistência fi rme, lisa, compacta (sem separação do soro),
aroma e sabor característicos – que irão evidenciar-se ainda mais após 12 horas do produto
acabado e sob refrigeração.
f) Quebra do gel
Logo após o término do período de resfriamento da massa a uma temperatura média
de 100 C por uma hora (conforme visto anteriormente) e pH 4,65, tem início uma nova etapa no
procedimento de fabricação do iogurte, ao que chamamos de ―quebra do gel‖.
Ação essa realizada pelas hélices localizadas no interior da fermenteira e, com
movimentos lentos circulatórios acionados por controle automático do equipamento ou de forma
manual, vão modifi cando a estrutura coloidal da massa. O que possibilita uma melhor
reabsorção do soro pelas micelas de caseína evitando a sinérese.
Atenção: Essa etapa da quebra do gel não se aplica ao iogurte tradicional.
g) Adição de aromas
Em seguida a etapa de quebra do gel, o produto é
transferido para tanques de inox de menor capacidade para realizar
adição de aromas, sabores e ou pedaços de frutas. Vale salientar
que nos pequenos laticínios a adição desses ingredientes é realizada
também diretamente na fermenteira após a quebra do gel.
h) Envase
Após adição dos diferentes aromas e sabores, o produto desce, por gravidade, por
meio de tubulações para o setor de envase que é realizado em equipamentos automáticos
específi cos para diferentes tipos de produtos e embalagens.
i) Armazenamento e comercialização
Depois de envasados, os produtos seguem para câmara fria, onde deverão ser
armazenados a uma temperatura de resfriamento em torno de 4 a 50 C, permanecendo nesse
local até o momento de serem transportados em caminhões isotérmicos com destino ao
mercado consumidor.
Por ser um alimento rico em
nutrientes, inclusive sacaroses, e por conter os
microrganismos fermentativos, o iogurte,
mesmo armazenado sob temperatura de
refrigeração entre 4 a 50 C, continua de forma
lenta no processo de acidificação
(abaixamento do pH). Por essa razão, esse
produto deverá ser consumido em um período
de, no máximo, 10 (dez) dias, com objetivo de
evitar o consumo de um alimento com sabor muito acidificado.
6.1.4. Classificação
Existem variações nos tipos de iogurte em função do seu teor de gordura. No
entanto, as indústrias buscam uma padronização para esse alimento afim de atender à
legislação por meio do ―Regulamento técnico de identidade do iogurte‖. Um dos recursos
(técnicas) adotados para atingir esse objetivo é utilizar leite desnatado no processamento.
7.1.1. Definição
Entende-se por queijo o
produto fresco ou maturado que
se obtém por separação parcial do
soro do leite ou leite reconstituído
(integral, parcial ou totalmente
desnatado), ou de soros lácteos,
coagulados pela ação física do
coalho, de enzimas específi cas,
de bactéria específica, de ácidos
orgânicos, isolados ou
combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de
substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente
indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes (BRASIL, 1996).
Vejamos algumas definições desta mesma Portaria (nº 146, de 7 de março de 1996):
• ―Entende-se por queijo fresco o que está pronto para consumo logo após sua
fabricação.‖
• ―A denominação Queijo está reservada aos produtos em que a base láctea não
contenha gordura e/ou proteínas de origem não láctea‖.
Para a fabricação da maioria dos queijos, alguns ingredientes utilizados são tidos
como básicos por fazerem parte do seu processo de elaboração. Ingredientes tais como:
Ácido láctico – ácido que vem sendo usado nos lacticínios para substituir o
fermento lácteo e também para precipitar as proteínas e fl ocular o soro.
7.1.2. Classificação
Os queijos podem ser classificados de diversas formas. Mas por via de regra, a
legislação os classifica quanto ao teor de gordura e pelo teor de umidade. Também podem ser
classificados quanto ao tratamento aplicado na massa.
Esse tipo de queijo (também conhecido por queijo de coalho) era processado
inicialmente de forma artesanal em unidades de fabricação caseira nas fazendas onde era
produzido o leite de vaca ou de cabra. O leite para o preparo do queijo era colocado (sem que
antes não tivesse passado por algum tratamento térmico) em recipiente de madeira ou em
panela de barro, usava-se uma parte do estômago dos ruminantes lactantes (abomaso) para
proporcionar a coagulação do leite.
A pasteurização pode alterar o equilíbrio salino do leite, ou seja, poderá haver percas
ou indisponibilidade de cálcio após o aquecimento. Para corrigir esse problema, pode ser
adicionado o aditivo CaCl2 (cloreto de cálcio), que aumentará os níveis de cálcio no leite,
repondo, assim, o que foi indisponibilizado durante o processo de pasteurização.
coalhada.
Após esse procedimento, o corte deverá ser realizado lentamente com o uso de
liras, cortando no sentido horizontal e vertical, o que deixa a coalhada em forma de cubos com
tamanho médio de 1,5 a 2,0 cm. Essa etapa é muito importante na textura e no rendimento do
queijo.
Após o corte, um soro límpido e esverdeado vai sendo liberado, neste momento
inicia-se a mexedura da massa com o auxílio dos mexedores (paletas ou espátulas) em
movimentos lentos, aumentando o ritmo gradativamente para evitar ao máximo a quebra dos
―cubos da coalhada‖.
• Salmoura – quando o queijo (produto pronto) é colocado em uma solução com sal,
por um determinado tempo, de acordo com o tamanho do queijo, por exemplo, uma barra de
queijo de 1 kg permanece na salmoura em torno de 3 a 4 horas em câmera de refrigeração
numa temperatura de aproximadamente 7 a 10ºC.
O tipo de salga que iremos adotar nesta aula como exemplo é a salga na massa. A
quantidade de sal recomendada a ser adicionada é de 1,2 a 1,5% de sal sob o volume de leite
inicial. Ou seja, 1,2 a 1,5 kg de sal para cada 100 litros de leite processado. O preparo da salga
consiste em diluir o sal em uma parte do soro retirada durante a dessoragem ou em água e
depois aquecer essa mistura a uma temperatura de 75o C. Em seguida, deixa-se a massa em
salga por um período de 15 minutos e após esse tempo retira-se o excesso de soro para depois
realizar a pré-prensagem.
Esse produto deve ser conduzido para a câmara fria e mantido a uma temperatura
de 7 a 10ºC por 24 horas, tempo necessário para maturação. Passado esse período de
maturação, o queijo já pode ser distribuído ao comércio, onde terá uma vida de prateleira de 25
a 30 dias sob temperatura de 7 a 10ºC.
OBSERVAÇÃO:
8.1. Manteiga
Composição
Ingredientes obrigatórios: Creme pasteurizado obtido a partir do leite da vaca.
Ingredientes opcionais:
Cloreto de sódio até máximo de 2g/100g de manteiga (manteiga salgada)
Fermento lácticos selecionados (manteiga maturada).
Requisitos
Características Sensoriais
– Aspecto: Consistência sólida, pastosa à temperatura de 20ºC, de textura lisa
uniforme, untosa, com distribuição uniforme de água (umidade).
- Cor: branco amarelada sem manchas ou pontos de outra coloração.
- Sabor e odor: de sabor suave, característico, aroma delicado, sem odor e sabor
estranho.
Características físico-químicas.
Parâmetros mínimos de qualidade.
l. Embalagem e Conservação
Sendo mantida por longo tempo de estocagem nos supermercados, a manteiga deve
ser embalada em materiais impermeáveis evitando assim a transferência de odores e mantida
a baixas temperaturas. O único método satisfatório para eliminação é o uso de um revestimento
laminado no cartão de embalagens que já deve servir como barreira a esses gases. A
utilização, portanto, de materiais laminados é essencial.
A embalagem, com isso, evita o contato com o oxigênio e com a luz tirando o perigo
de oxidação, da qual resulta o sabor rançoso. As características importantes para embalagem
de manteiga seriam: resistência à passagem de gordura, baixa permeabilidade ao vapor d’água
e proteção contra os odores externos. O papel laminado (folha de alumínio) utilizado para
acondicionamento da manteiga pode ser considerado um ―pacote‖ sem apresentar alta
resistência à passagem de gases e vapor d‖água. Tendo em vista a conservação destes
produtos a temperaturas inferiores a 10º C, este, necessariamente, não requer uma ótima
proteção por parte da embalagem.
Quando do enchimento das
embalagens, deve-se evitar a formação de
bolhas de ar, que seria ponto de alteração
do produto. O preenchimento das
embalagens é feito por enchedeiras
automáticas, de grande precisão e
capacidade. Existem máquinas capazes de
produzir 6000 Tabletes de 250g de
manteiga / hora, com uma variação de peso
menor que 0.4%.
O creme azedo tem uma consistência mais ou menos líquida, mas pode ser
usado em molhos quentes para enriquecê-los. Tem um teor de gordura de
21% portanto, não se mantém estável em fogo alto.
8.2.1. Fluxograma de produção
Os sorvetes ou
gelados comestíveis são
alimentos obtidos por
congelamento sob contínua
agitação, de uma mistura básica
pasteurizada, composta de
ingredientes lácteos ou não,
açúcares, corantes,
aromatizantes, estabilizantes,
emulsificantes, visando atender
aos padrões definidos para sólidos totais e incorporação de ar (overrun) e assegurar a
conservação do mesmo.
Durante o congelamento a calda sofre agitação provocando incorporação de ar. A
aeração também é conhecida como overun, e através dela sabemos o rendimento da
produção. Quanto maior o overun, mais leve e suave o sorvete se torna. É o exemplo do
sorvete de massa industrial, cujo processo de fabricação consiste em agitação vigorosa da
massa, incorporando desta maneira, mais ar, proporcionando um sorvete mais leve.
Os gelados comestíveis possuem uma composição típica, normalmente
regulamentada para fins industriais e comerciais. No Brasil, a composição padrão mínima foi
normatizada pela ANVISA.
Durante a fase final de produção, a mistura de ingredientes é mantida arrefecida,
para evitar a formação de cristais de gelo. Além disto, a mistura é agitada e ar é injetado nela, o
que confere maior volume final e aspecto cremoso à mistura. Este processo é conhecido como
aeração e é por isto que o gelado comestível é também um coloide.
Classificação
Quant o à composição, o sorvete de creme deve conter, no mínimo 10% de gordura
e 20% de sólidos totais, Assim, o extrato seco desengordurado nunca deve ser inferior a 6%.
Os s3orvetes podem ser classificados de acordo com sua composição que é a
seguinte:
-Ice cream: sorvete à base de creme,
-Ice Milk: sorvete à base de leite,
Embora a análise centesimal do creme de gelo poderia indicar que o seu processo
de fabricação é uma operação simples de mistura de gordura, açúcar e leite, o procedimento
de fabricação comercial é muito mais complicado. É usado na forma de creme, geralmente com
cerca de 40% com teor de gordura, e leite integral. O açúcar é facilmente pesado diretamente,
mas se o leite condensado é usado, deve ser calcular o total de açúcar nele contido para
balancear o açúcar adicionado. Uma das propriedades desejáveis de sorvete é uma textura
fina, lisa.
Este resultado é obtido em parte pelo uso de ingredientes que mantêm a água em
uma forma hidratada, facilitando a formação de pequenos cristais de gelo. Colóides de proteção
são adicionados a mistura para se obter bom resultados nesta operação. Estes são de alto grau
de gelatina, gomas vegetais, frutas pectina, alginato de algas, e vários produtos de caseína de
leite. Às vezes, uma pequena quantidade de ovos é adicionada para melhorar as propriedades
espumantes da mistura. U
PASTEURIZAÇÃO
Após os ingredientes líquidos foram bem misturados e aquecidos, os ingredientes
secos são adicionados. Estes podem ser: o açúcar, o estabilizador, ovos, aromatizantes, cor e
outros materiais. Enquanto eles estão sendo agitados, o aquecimento é continuo até que a
temperatura de pasteurização é alcançada até pasteurizar toda a mistura.
Normalmente a pasteurização pode ser lenta (68°C por 30 minutos), rápida (80°C
por 25 segundos), vacreação (90°C por 1 a 3 segundos) ou ultra-rápida (138°C por 4
segundos). Isso ajuda a dissolver os ingredientes, bem como para matar todos os organismos
patogênicos. O tratamento térmico mais elevado é eficaz na destruição de microorganismos,
além de melhorar o corpo, a textura e o sabor do produto.
HOMOGENEIZAÇÃO
Um dos fatores que contribui largamente para a textura do sorvete é a finura da
compartimentação e do grau de dispersão dos glóbulos de gordura. Se esses glóbulos são
grandes, o sorvete pode ser grosseiro. A fim de quebrar a aglutinação dos glóbulos de gordura,
a mistura é passada por um homogeneizador.
A temperatura de homogeneização varia entre 68-77°C e a pressão de
homogeneização pode variar entre 140 a 210 kg/ cm2, conforme o teor de gordura, a
viscosidade desejada. A variação do tamanho dos glóbulos de gordura obtido pela
homogeneização se deve a velocidade desenvolvida durante a passagem pelo
homogeneizador.
REFRIGERAÇÃO
Após a mistura foi homogeneizada, é resfriado a cerca de +4°C por equipamentos
similares aos refrigeradores de leite, para evitarem o crescimento de microorganismos e uma
viscosidade excessiva.
Após o resfriamento é provável que o emulsificante forme uma estrutura lamelar na
superfície do glóbulo de gordura, incorporando, eventualmente, grande quantidade de água,
que ao se converter em gel impede uma posterior perda ou a desincorporação dessa água. É
então bombeada para os tanques de armazenamento para aguardar congelamento.
MATURAÇÃO
A maturação da mistura, por, no máximo 2 a 3 horas, quando se trata de
espessantes vegetais, é necessária para que ocorra a solidificação da gordura, hidratação dos
espessantes e estruturação da gelatina.
A textura e corpo do produto tornam-se mais suaves, a resistência à fusão é
aumentada e o batimento torna-se mais fácil. O tempo máximo recomendado para o período de
maturação é de 24 horas com a temperatura de +4°C
CONGELAMENTO
A mistura de sorvete é congelada em congeladores de um único lote ou em
congeladores contínuos. Esta fase é uma das operações mais importante do processamento.
Ao se incorporar o ar, o produto é convertido em uma espuma. A espuma é formada pela
dispersão de bolhas de ar em uma fase líquida.
As bolhas são separadas por uma parede líquida ou semi-sólida conhecida como
película ou lamela que, na espuma estável, é elástica. O congelamento se realiza em duas
fases: a primeira consiste em congelar rapidamente a mistura de sorvete sob contínua
EMBALAGEM
Embora a maioria dos sorvetes são vendidos à granel no comércio, há embalagens
práticas para o consumo doméstico. Máquinas foram desenvolvidas de modo que os produtos
gelados possam ser embalados e empacotados automaticamente, em variados tamanhos.
Figura-5: Acondicionamento do Sorvete nas embalagens automaticamente
ENDURECIMENTO DO SORVETE
O sorvete no momento de seu acondicionamento nas embalagens, deve estar
parcialmente fluído, para adquirir o formato da embalagem, antes de ser completamente
congelado a uma temperatura de -25°C, evitando-se, assim, a formação de grandes cristais de
gelo.
O tempo de endurecimento vai depender do tamanho e formato da embalagem da
composição da mistura e do overrun (quantidade de ar incorporado), este tempo normalmente
varia entre 24 a 30 horas e, aproximadamente 80% de água do produto é congelada. A câmara
de endurecimento deve operar em torno de -30°C, temperatura que deve ser mantida em todos
os pontos através de circulação forçada de ar.
As grandes indústrias empregam túneis de congelamento onde o ar é forçado a
maiores velocidades, a temperatura gira em torno de -35° a -40°C. O ar frio recircula sobre as
embalagens do produto, distribuídas sobre esteira de velocidade variável para o seu
congelamento que, em média dura alguns minutos.
COMPORTAMENTO NO DERRETIMENTO (ENDURECIMENTO)
A aparência do sorvete à medida que ele derrete é extremamente importante na
percepção global do consumidor quanto a qualidade do produto. Além disso, a observação do
processo de derretimento pode trazer informações quanto a outros fatores de variação da
qualidade, tais como estabilidade da proteína, aglomeração de gordura etc., que afetam a
cremosidade, suavidade e riqueza do sorvete.
Por isto, a devida observação do comportamento do sorvete no processo de
derretimento merece grande atenção em um programa de garantia de qualidade. Fala-se
freqüentemente que o comportamento de derretimento ideal para o sorvete apresenta a forma
de um fluido liso, homogêneo, com uma aparência geral que se assemelha ao mix do qual ele
foi feito.
O processo de derretimento envolve a seguinte seqüência de eventos. A estrutura
construída pela água congelada desaparece à medida que a água derrete e a massa de
sorvete passa do estado firme decorrente do congelamento para o estado fluido. Quando a
lácteos são oriundos, e as condições as quais o sistema de proteína do leite esteve exposto
durante o processamento e manutenção, tanto na produção do ingrediente lácteo quanto no
próprio mix do sorvete. Estas condições incluem:
(1)-Desequilíbrio do sistema dos sais do leite, essencial para manter a estabilidade
da proteína;
(2)-Atividade microbiana nos ingredientes lácteos;
(3)-Exposição a altas temperaturas;
(4)-Exposição a alta agitação;
SORO/SEPARAÇÃO DE SORO (às vezes chamado sinerese): é frequentemente
associado com o desenvolvimento do caráter do coalho na porção derretida. O processo se
refere à liberação do soro, que aparece como um fluido translúcido, separado do resto do
produto derretido.
Essa característica é causada pelos mesmos fatores envolvidos no coalhamento. A
separação, às vezes, pode até ser observada nos potes de sorvete e apresenta-se como um
líquido translúcido, pegajoso, que aparece no fundo do pote. Isso aparece mais frequentemente
em produtos que foram submetidos a condições de endurecimento lento, seja porque as
condições de endurecimento são ineficientes, ou em embalagens a granel, onde a massa do
produto envolvido é tão alta, que responde lentamente ao processo de endurecimento. Em
qualquer situação, a separação dentro da embalagem quase sempre envolve um longo tempo
de permanência em temperaturas intermediárias de endurecimento.
Nessa faixa de temperaturas, a viscosidade da porção não congelada é
suficientemente baixa para permitir que o soro que se forma migre para a parte mais baixa do
recipiente, trazendo com ele, os açúcares concentrados e outros materiais dissolvidos. À
medida que o processo de endurecimento continua a viscosidade da parte ainda não
congelada vai aumentando, até um ponto onde a separação do soro não pode ocorrer.
PROCESSO DE COBERTURA DO SORVETE A indústria do sorvete usa
amplamente o chocolate e as coberturas para agregar valor adicional ao produto final. A
combinação entre a doçura da base do sorvete e o sabor peculiar do cacau, cria um conjunto
de sabor bem equilibrado.
De muitas formas, o chocolate é, por natureza, incompatível com o sorvete, e isto
pode criar problemas na fase de produção. No processo de fabricação, é regra geral evitar a
umidade durante todo o processamento, se faz um esforço enorme para reduzir o teor total de
umidade abaixo de 1%. Por outro lado, o sorvete é um sistema que contém comumente 65%
de água, a qual se congela na fase final, porém, durante o processo industrial uma grande
quantidade dela encontra-se na fase líquida.
Enquanto se mantém a temperatura tão baixa quanto possível durante a fabricação
do sorvete, o chocolate tem que ser aquecido de 30°C a 40°C, para permanecer líquido. O
contato entre as superfícies congeladas do sorvete e o chocolate quente, derrete um pouco de
água, a qual migra no chocolate, causando um aumento na viscosidade e no valor de
rendimento, o que resulta em um aumento da espessura da cobertura e do tempo de
cristalização.
CHOCOLATE PARA COBERTURA
Em termos de gordura, a manteiga de cacau é o componente principal do chocolate.
O chocolate branco também contém gordura láctea, o que torna o chocolate mais
macio, de consistência mais plástica e mostra menos contração durante a cristalização. No
chocolate escuro, para aplicações em sorvetes, recomenda-se a adição de 4 a 5% de gordura
butírica para toroná-a mais plástica. Isto reduz o problema de quebra, especialmente nos
sorvetes do tipo extrudados, onde o centro é duro e não há nenhum espaço para contração, o
que consequentemente, leva a quebra do chocolate. Hoje, muitos países também permitem a
adição de até 5% de gordura vegetal, que não seja de cacau, no chocolate sem seja alterado o
seu estado de puro chocolate.
Tipicamente, o conteúdo total de gordura no chocolate para cobertura de sorvete
alcança aproximadamente 40% a 45%. Muitas coberturas de sorvete são fabricadas
tipicamente usando-se gordura de baixo custo, como as gorduras de coco ou gordura de
palmiste hidrogenada.
O conteúdo de gordura esta, frequentemente acima de 60% para se conseguir uma
camada suficientemente fina e um tempo curto de cristalização. Tanto o óleo de coco quanto a
gordura de palmiste hidrogenada formam coberturas bastante duras e quebradiças ao esfriar,
sendo assim recomendável, para as coberturas de sorvetes, suavizar a fase gordurosa pela
adição de aproximadamente 8% de óleo líquido, por exemplo, milho, amendoim, girassol; esta
adição serve para propiciar a plasticidade necessária à cobertura. A adição em média de 4 a
5% de leite em pó desnatado em uma cobertura de chocolate escuro melhora o sabor,
balanceando a amargura do pó de cacau.
USO DE EMULSIFICANTES
Os emulsificantes são adicionados ao chocolate para melhorar as propriedades de
fluxo da massa de chocolate líquido. Alguns emulsificantes abaixam a viscosidade plástica
enquanto que outros influenciam o valor de rendimento. O valor de rendimento pode ser
definido como a energia necessária para iniciar o fluxo do chocolate. A lecitina de soja é o
emulsificante mais usado em chocolate.
Este emulsificante tem a capacidade de diminuir a viscosidade plástica no chocolate,
mas, quando se adicionam dosagem acima de 0,5%, o valor de rendimento do chocolate
aumenta, tornando o fluxo mais difícil. Trata-se de uma desvantagem, especialmente em
chocolate para cobertura de sorvetes, já que uma dosagem alta deste emulsificante aumentará
a capacidade de retenção de água do chocolate.
Uma sugestão de receite de cobertura de chocolate para sorvete ao leite, pode ser a
seguinte:
12,0% - Cacau em pó
5,0% - .Leite em pó desnatado
51,9% - Óleo de coco ou gordura de palmiste hidrogenada
8,0% - Óleo líquido (milho ou amendoim)
22,55% - Açúcar
0,5% - Lecitina de soja
Referências
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