Você está na página 1de 82

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais

================================================================
Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agroindústria das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Fábia Costa -
2018

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 1


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

SUMÁRIO

1. NOÇÕES DE ECOLOGIA ...................................................................................5

1.1. Ecologia .................................................................................................................................................. 5

1.2. Os componentes estruturais de um ecossistema .................................................................................... 6


1.2.1. Glossário ecológico ................................................................................................................................7
1.2.1.1. Organização do mundo vivo ...........................................................................................................8
1.2.1.1.1. Interações ...............................................................................................................................9

1.3. Recursos energéticos ............................................................................................................................ 14


1.3.1. Recursos energéticos não renováveis ..................................................................................................14
1.3.2. Recursos energéticos renováveis .........................................................................................................15
1.3.2.1. Fontes Alternativas de Energia .....................................................................................................16

2. POLUIÇÃO AMBIENTAL .................................................................................. 19

2.1. Classificação dos Poluentes .................................................................................................................. 20


2.1.1. De acordo com a origem: .....................................................................................................................20
2.1.2. De acordo com o Estado •....................................................................................................................21
2.1.3. De acordo com a composição Química • .............................................................................................21

2.2. Poluição das águas ............................................................................................................................... 21


2.2.1. Poluição Química das águas .................................................................................................................22
2.2.2. Poluição por fosfatos e nitratos ...........................................................................................................23
2.2.3. Poluição por resíduos não-biodegradáveis ..........................................................................................24

2.3. Poluição Atmosférica ............................................................................................................................ 24


2.3.1. Classificação Física dos Poluentes ........................................................................................................25

2.4. Poluição dos Solos ................................................................................................................................ 27


2.4.1. O uso de Praguicidas ............................................................................................................................ 27
2.4.2. O problema do Lixo .............................................................................................................................. 27

2.5. Efeito Estufa ......................................................................................................................................... 29

2.6. Ozônio .................................................................................................................................................. 31


2.6.1. Camada de Ozônio ...............................................................................................................................31

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 2


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

3. RESÍDUOS NA AGROINDÚSTRIA ................................................................... 34

3.1. Classificação dos Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 35


3.1.1. Tipo ......................................................................................................................................................36
3.1.2. Origem ................................................................................................................................................. 37
3.1.3. Composição Química ...........................................................................................................................39

3.2. Coleta Seletiva ...................................................................................................................................... 39


3.2.1. Formas de Execução .............................................................................................................................41
3.2.1.1. Remoção porta-a-porta ................................................................................................................41
3.2.1.2. Remoção por intermédio de postos de entrega voluntária — PEVs.............................................43

3.3. APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS ......................................................................................................... 45


3.3.1. Curtume ...............................................................................................................................................45
3.3.2. Celulose ................................................................................................................................................46
3.3.3. Etanol ................................................................................................................................................... 47
3.3.4. Casca de coco verde ............................................................................................................................. 47
3.3.5. Pseudocaule da bananeira ...................................................................................................................48

4. GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA ............................................................. 49

4.1. Classificação e usos da água ................................................................................................................. 49


4.1.1. Usos da água ........................................................................................................................................50
4.1.2. Classificação .........................................................................................................................................50

4.2. Poluição da água .................................................................................................................................. 50


4.2.1. Poluição das águas superficiais ............................................................................................................51
4.2.2. Poluição das águas subterrâneas .........................................................................................................51

4.3. Classificação da poluição hídrica........................................................................................................... 52


4.3.1. Poluição sedimentar .............................................................................................................................52
4.3.2. Poluição química ..................................................................................................................................52
4.3.3. Poluição térmica...................................................................................................................................52
4.3.4. Poluição biológica ................................................................................................................................53

4.4. Eutrofização.......................................................................................................................................... 53

4.5. Processos de tratamento de efluentes .................................................................................................. 54


4.5.1. Motivos para tratar os efluentes ..........................................................................................................54
4.5.2. Tipos de tratamento de efluentes ........................................................................................................55

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 3


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

4.5.2.1. Tratamento físico-químico ou primário ........................................................................................56


4.5.2.2. Tratamento biológico ou secundário ............................................................................................56
4.5.2.3. Tratamento terciário ..................................................................................................................... 57

5. GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA AGROINDÚSTRIA ................................ 57

5.1. Sistema de Gestão Ambiental ............................................................................................................... 57


5.1.1. Aspectos e impactos ambientais ..........................................................................................................58
5.1.2. Responsabilidade social empresarial ...................................................................................................59
5.1.2.1. Normas brasileiras ........................................................................................................................60
5.1.2.1.1. Selos sociais no Brasil ...........................................................................................................60

5.2. Produção mais limpa (P + L) .................................................................................................................. 61

5.3. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Industriais ................................................................................ 64


5.3.1. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..........................................................................66
5.3.1.1. Acondicionamento .......................................................................................................................66
5.3.1.2. Coleta ...........................................................................................................................................67
5.3.1.3. Transporte ....................................................................................................................................67
5.3.1.4. Reciclagem ...................................................................................................................................67
5.3.1.5. Tratamento ...................................................................................................................................68
5.3.1.5.1. Compostagem.......................................................................................................................69
5.3.1.6. Destinação final ............................................................................................................................ 70
5.3.2. Política Nacional de Resíduos Sólidos .................................................................................................. 72

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 4


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

1. Noções de Ecologia

1.1. Ecologia

A palavra ecologia foi empregada pela primeira vez pelo biólogo alemão E. Haeckel
em 1866 em sua obra Generelle Morphologie der Organismen . Ecologia vem de duas palavras
gregas : Oikós que quer dizer casa , e logos que significa estudo .Ecologia significa ,
literalmente a Ciência do Habitat . É a ciência que estuda as condições de existência dos seres
vivos e as interações , de qualquer natureza , existentes entre esses seres vivos e seu meio .
Conceito e Objetivos da Ciência e Tecnologia dos Alimentos
A ecologia é uma ciência multidisciplinar, que envolve biologia vegetal e animal,
taxonomia, fisiologia, genética, comportamento, meteorologia, pedologia, geologia, sociologia,
antropologia, física, química, matemática e eletrônica. A ecologia se desenvolveu ao longo de
duas vertentes: o estudo das plantas e o estudo dos animais. A ecologia vegetal aborda as
relações das plantas entre si e com seu meio ambiente. A abordagem é altamente descritiva da
composição vegetal e florística de uma área e normalmente ignora a influência dos animais
sobre as plantas.
A ecologia animal envolve o estudo da dinâmica, distribuição e comportamento das
populações, e das inter-relações de animais com seu meio ambiente. Como os animais
dependem das plantas para sua alimentação e abrigo, a ecologia animal não pode ser
totalmente compreendida sem um conhecimento considerável de ecologia vegetal.
A ecologia terrestre, que contém subdivisões para o estudo de florestas e desertos,
por exemplo, abrange aspectos dos ecossistemas terrestres como microclimas, química dos
solos, fauna dos solos, ciclos hidrológicos, ecogenética e produtividade. Os ecossistemas
terrestres são mais influenciados por organismos e sujeitos a flutuações ambientais muito mais
amplas do que os ecossistemas aquáticos. Esses últimos são mais afetados pelas condições
da água e possuem resistência a variáveis ambientais como temperatura.
Por ser o ambiente físico tão importante no controle dos ecossistemas aquáticos,
dá-se muita atenção às características físicas do ecossistema como as correntes e a
composição química da água. Por convenção, a ecologia aquática, denominada limnologia,
limitase à ecologia de cursos d'água, que estuda a vida em águas correntes, e à ecologia dos
lagos, que se detém sobre a vida em águas relativamente estáveis. A vida em mar aberto e
estuários é objeto da ecologia marinha.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 5


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Outras abordagens ecológicas se concentram em áreas especializadas. O estudo da


distribuição geográfica das plantas e animais denomina-se geografia ecológica animal e
vegetal. Crescimento populacional, mortalidade, natalidade, competição e relação predador-
presa são abordados na ecologia populacional. O estudo da genética e a ecologia das raças
locais e espécies distintas é a ecologia genética. As reações comportamentais dos animais a
seu ambiente, e as interações sociais que afetam a dinâmica das populações são estudadas
pela ecologia comportamental. As investigações de interações entre o meio ambiente físico e o
organismo se incluem na ecoclimatologia e na ecologia fisiológica.
A parte da ecologia que analisa e estuda a estrutura e a função dos ecossistemas
pelo uso da matemática aplicada, modelos matemáticos e análise de sistemas é a ecologia dos
sistemas. A análise de dados e resultados, feita pela ecologia dos sistemas, incentivou o rápido
desenvolvimento da ecologia aplicada, que se ocupa da aplicação de princípios ecológicos ao
manejo dos recursos naturais, produção agrícola, e problemas de poluição ambiental.

1.2. Os componentes estruturais de um ecossistema

Os ecossistemas são constituídos, essencialmente, por três componentes:


• Abióticos - que em conjunto constituem o biótopo : ambiente físico e fatores
químicos e físicos . A radiação solar é um dos principais fatores físicos dos ecossistemas
terrestres pois é através dela que as plantas realizam fotossíntese , liberando oxigênio para a
atmosfera e transformando a energia luminoso em química .
• Bióticos - representados pelos seres vivos que compõem a comunidade biótica ou
biocenoses . compreendendo os organismos heterótrofos dependentes da matéria orgânica e
os autotróficos responsáveis pela produção primária, ou seja, a fixação do CO2.
• Energia – caracterizada pela força motriz que aporta nos diversos ambientes e
garante as condições necessárias para a produção primária em um ambiente, ou seja, a
produção de biomassa a partir de componentes inorgânicos.
Todos os animais são consumidores. Os animais que se alimentam de produtores
são chamados consumidores primários. Os herbívoros, animais que se alimentam de plantas ,
são , portanto , consumidores primários . Os animais que se alimentam de herbívoros são
consumidores secundários, os que se alimentam dos consumidores secundários são
consumidores terciários e assim por diante. Decompositores, são organismos heterótrofos que
degradam a matéria orgânica contida em produtores e em consumidores , utilizando alguns
produtos da decomposição como o alimento e liberando para o meio ambiente minerais e

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 6


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

outras substâncias

Figura 1- Fatores bióticos e abióticos.

1.2.1. Glossário ecológico


 ESPÉCIE - é o conjunto de indivíduos semelhantes (estruturalmente,
funcionalmente e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente,
originando descendentes férteis.

Ex.: Homo sapiens,

 POPULAÇÃO - é o conjunto de indivíduos de mesma espécie que vivem


numa mesma área e num determinado período.

Ex.: população de ratos em um bueiro, em um determinado dia; população de


bactérias causando amigdalite por 10 dias, 10 mil pessoas vivendo numa cidade
em 1996, etc.

 COMUNIDADE OU BIOCENOSE - é o conjunto de populações de diversas


espécies que habita uma mesma região num determinado período.

Ex.: seres de uma floresta, de um rio, de um lago de um brejo, dos campos, dos
oceanos, etc.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 7


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 ECOSSISTEMA OU SISTEMA ECOLÓGICO - é o conjunto formado pelo meio


ambiente físico ou seja, o BIÓTOPO (formado por fatores abióticos - sem vida
- como: solo, água, ar) mais a comunidade (formada por componentes
bióticos - seres vivos) que com o meio se relaciona.

 HABITAT - é o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada, isto é,
o seu "ENDEREÇO" dentro do ecossistema.

Exemplo: Uma planta pode ser o habitat de um inseto, o leão pode ser
encontrado nas savanas africanas, etc.

 NICHO ECOLÓGICO - é o papel que o organismo desempenha no


ecossistema, isto é, a "PROFISSÃO" do organismo no ecossistema. 0 nicho
informa às custas de que se alimenta, a quem serve de alimento, como se
reproduz, etc.

Exemplo: a fêmea do Anopheles (transmite malária) é um inseto hematófago (se


alimenta de sangue), o leão atua como predador devorando grandes herbívoros,
como zebras e antílopes.

 ECÓTONO - é a região de transição entre duas comunidades ou entre dois


ecossistemas. Na área de transição (ecótono) vamos encontrar grande
número de espécies e, por conseguinte, grande número de nichos ecológicos.

 BIOTÓPO - Área física na qual os biótipos adaptados a ela e as condições


ambientais se apresentam praticamente uniformes.

 BIOSFERA - Toda vida, seja ela animal ou vegetal, ocorre numa faixa
denominada biosfera, que inclui a superfície da Terra, os rios, os lagos, mares
e oceanos e parte da atmosfera. E a vida é só possível nessa faixa porque aí
se encontram os gases necessários para as espécies terrestre e aquáticas:
oxigênio e nitrogênio.

1.2.1.1. Organização do mundo vivo

Podemos dividir o mundo vivo em estratos para um melhor entendimento da


gradação da complexidade e por isto existem níveis de organização segundo os quais
podemos entender o mundo vivo. Partindo do mais simples ao mais completos teremos:

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 8


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

1.2.1.1.1. Interações

Nas comunidades bióticas encontram-se várias formas de interações entre os seres


vivos que as formam. Essas interações se diferenciam pelos tipos de dependência que os
organismos vivos mantêm entre si. Algumas dessas interações; se caracterizam pelo benefício
mútuo de ambos os seres vivos, ou de apenas um deles, sem o prejuízo do outro. Essas
relações são denominadas harmônicas ou positivas.
Outras formas de interações; caracterizadas pelo prejuízo de um de seus
participantes em benefício do outro. Esses tipos de relações recebem o nome de desarmônicas
ou negativas. Tanto as relações harmônicas como as desarmônicas podem ocorrer entre
indivíduos da mesma espécie e indivíduos de espécies diferentes. Quando as interações
ocorrem entre organismos da mesma espécie, são denominadas relações intra-específicas ou
homotípicas. Quando as relações acontecem entre organismos de espécies diferentes,
recebem o nome de interespecíficas ou heterotípicas.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 9


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 2- Relações ecológicas.

1) Relações harmônicas intraespecíficas

a) Colônias - colônias são associações harmônicas entre indivíduos de uma mesma


espécie, anatomicamente ligados, que em geral perderam a capacidade de viver
isoladamente. A separação de um indivíduo da colônia
determina a sua morte. Como exemplo, podem ser citadas
as colônias de corais (celenterados), de crustáceos do
gênero Balanus (as cracas), de certos protozoários,
bactérias, etc. Outro exemplo é o celenterado da espécie
Phisalia caravela popularmente conhecida por "caravelas".
Elas formam colônias com indivíduos especializados na proteção e defesa (os
dactilozóides), na reprodução (os gonozóides), na natação (os nectozóides), na flutuação
(os pneumozóides), e na alimentação (os gastrozóides).

b) Sociedades - as sociedades são associações entre indivíduos da mesma


espécie, organizados de um modo cooperativo e não ligados
anatomicamente. Os indivíduos componentes de uma sociedade se mantêm
unidos graças aos estímulos recíprocos. Ex: alcatéia, cardume, manada de

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 10


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

búfalos, homem, térmitas (cupins), formigas, abelhas.

2) Relações harmônicas interespecíficas

a) Mutualismo - é a associação entre indivíduos de espécies diferentes na qual


ambos se beneficiam. Esse tipo de
associação é tão íntima, que a sobrevivência
dos seres que a formam torna-se impossível,
quando são separados. Como exemplos os
líquens - são constituídos pela associação
mutualística entre algas e fungos.

b) Protocooperação - protocooperação ou
simplesmente cooperação é a associação entre
indivíduos de espécies diferentes em que ambos
se beneficiam, mas cuja coexistência não é
obrigatória. Como exemplos de protocooperação
vamos destacar as associações entre o paguro-
eremita e as anêmonas-do-mar, o pássaro anu e
certos mamíferos, o pássaro-palito e os crocodilos
e a polinização feita por animais.

c) Comensalismo - é a associação entre


indivíduos de espécies diferentes na qual um
deles aproveita os restos alimentares do outro
sem prejudicá-lo. O animal que aproveita os
restos alimentares é denominado comensal.
Exemplo de comensalismo muito citado é o que
ocorre entre a rêmora e o tubarão. A rêmora ou
peixe-piolho é um peixe ósseo que apresenta a nadadeira dorsal transformada em
ventosa, com a qual se fixa ao corpo do tubarão. Como exemplo também, as hienas se
aproveitando de restos deixados pelo leão, ou Entamoeba coli se aproveitando de restos
alimentares em nosso intestino e, até mesmo.

d) Inquilinismo - é a associação entre indivíduos de espécies diferentes em que


um deles procura abrigo ou suporte no corpo do outro, sem prejudicá-lo. é
uma forma de associação muito parecida com o comensalismo. Desta difere

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 11


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

por não haver cessão de alimentos ao inquilino. Como exemplos de


inquilinismo vamos destacar as associações do peixe-agulha com a holotúria
e das orquídeas e bromélias com troncos de árvores.

e) Foresia - é a associação entre indivíduos de espécies diferentes em que um


se utiliza do outro para transporte, sem prejudicá-lo. Como exemplo temos a
rêmora ou peixe-piolho no tubarão ou, até mesmo, o transporte de sementes
por pássaros e insetos.

3) Relações desarmônicas interespecíficas

a) Predatismo - é a interação desarmônica na qual um indivíduo (predador)


ataca, mata e devora outro (presa) de espécie diferente. A morte da presa
pode ocorrer antes ou durante a sua ingestão. Tanto os predadores como as
presas mostram uma série de adaptações que permitem executar mais
eficazmente as suas atividades. Assim, os dentes afiados dos tubarões, os
caninos desenvolvidos dos animais carnívoros, as garras de águia, a postura
e o primeiro par de patas do louva-a-deus, o veneno das cobras, as telas de
aranha são exemplos de algumas adaptações apresentadas pelos
predadores.

b) Parasitismo - é a associação desarmônica entre indivíduos de espécies diferentes


na qual um vive à custa do outro, prejudicando-o . O
indivíduo que prejudica é denominado parasita ou
bionte. O prejudicado recebe o nome de hospedeiro
ou biosado. Os parasitas podem ou não determinar a
morte do hospedeiro. No entanto, são responsáveis
por muitos tipos de doenças ou parasitoses ainda
hoje incuráveis. O parasitismo ocorre tanto no reino animal
como no vegetal.

c) Antibiose ou Amensalismo - é a interação


desarmônica onde uma espécie produz e libera
substâncias que dificultam o crescimento ou a
reprodução de outras podendo até mesmo

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 12


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

matálas. Como exemplos temos:

• - certas algas planctônicas dinoflageladas (do tipo Pirrófitas), quando em


superpopulação (ambiente favorável) liberam substâncias tóxicas na água
causando o fenômeno da maré vermelha onde ocorre a morte de vários
seres aquáticos intoxicados por tais substâncias;

• - fungos do gênero Penicillium produzem penicilina, antibiótico que mata


bactérias.

d) Esclavagismo ou Escravismo - é a
interação desarmônica na qual uma
espécie captura e faz uso do trabalho, das
atividades e até dos alimentos de outra
espécie. Um exemplo é a relação entre
formigas e os pulgões (Afídeos). Os
pulgões são parasitas de certos vegetais.
Alimentam-se da seiva elaborada que
retiram dos vasos liberianos de plantas como a roseira, a orquídea, etc. A
seiva elabora é rica em açúcares e pobre em aminoácidos. Por absorverem
muito açúcar, os pulgões eliminam o seu excesso pelo ânus. Esse açúcar
eliminado é aproveitado pelas formigas, que chegam a acariciar com suas
antenas o abdômen dos pulgões, fazendo-os eliminar mais açúcar. As
formigas transportam os pulgões para os seus formigueiros e os colocam
sobre raízes delicadas, para que delas retirem a seiva elaborada.

e) Competição - a competição compreende a interação ecológica em que


indivíduos da mesma espécie ou indivíduos de espécies diferentes disputam
alguma coisa, como por exemplo, alimento, território, luminosidade etc. Logo,
a competição pode ser intra-específica (quando estabelecida dentro da
própria espécie) ou inter específica (entre espécies diferentes). Em ambos os
casos, esse tipo de interação favorece um processo seletivo que culmina,
geralmente, com a preservação das formas de vida mais bem adaptadas ao
meio ambiente e com a extinção dos indivíduos com baixo poder adaptativo.
Assim, a competição constitui um fator regulador da densidade populacional,
contribuindo para evitar a super população das espécies.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 13


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

1.3. Recursos energéticos

É o conjunto de meios com os quais os países do mundo tentam atender às suas


necessidades de energia. As principais fontes energéticas são o petróleo e o gás natural, o
carvão, os combustíveis sintéticos, energia nuclear, energia solar, biomassa e energia
geotérmica.

Tabela 1- Fontes renováveis e não renováveis.

1.3.1. Recursos energéticos não renováveis


O petróleo cru e o gás natural são encontrados em quantidades comerciais em

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 14


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

reservas sedimentarias situadas em mais de 50 países de todos os continentes. As maiores


jazidas se encontram no Oriente Próximo, onde se concentram mais da metade das reservas
conhecidas de petróleo cru e quase um terço das reservas conhecidas de gás natural.

O carvão é um termo genérico para designar uma grande variedade de materiais


sólidos com um alto conteúdo de carbono. A maioria é queimada em centrais térmicas para
gerar vapor d'água destinado a impulsionar os geradores elétricos. Também se usa parte do
carvão nas fábricas para proporcionar calor aos prédios e aos processos industriais; Uma
variedade especial de carvão de alta qualidade é transformada em coque metalúrgico para a
fabricação de aço. Os combustíveis sintéticos são fabricados a partir de substâncias existentes
na natureza. Os dois combustíveis sintéticos mais utilizados são o gasóleo e aqueles
fabricados a partir do carvão.

A energia nuclear é gerada através da fissão de átomos de urânio. O calor deste


processo de fissão é empregado para impulsionar uma turbina que gera eletricidade. O reator
nuclear e o equipamento de geração elétrica são apenas parte de um conjunto de atividades
interrelacionadas. A produção de um fornecimento seguro de eletricidade a partir da fissão
nuclear exige processos industriais muito complexos e interativos, e conhecimentos muito
especializados. É a energia liberada durante a fissão ou fusão dos núcleos atômicos. As
quantidades de energia que podem ser obtidas mediante processos nucleares superam em
muito as que se pode obter mediante processos químicos, que só utilizam as regiões externas
do átomo. O átomo é formado por um pequeno núcleo, carregado positivamente, rodeado de
elétrons.

O núcleo, que contém a maior parte da massa do átomo, é composto de nêutrons e


prótons, unidos por intensas forças nucleares, muito maiores que as forças elétricas que ligam
os elétrons ao núcleo. A energia de ligação de um núcleo é a intensidade com que as forças
nucleares mantêm ligados os prótons e nêutrons. A fusão de dois núcleos leves libera milhões
de elétronvolts (MeV). Também se libera energia nuclear quando se induz a fissão de um
núcleo pesado.

1.3.2. Recursos energéticos renováveis


A energia solar não é apenas uma tecnologia energética, mas também um termo que
se aplica a diversas tecnologias de energias renováveis Sua característica comum é que, ao
contrário de quase todas as demais, é inesgotável. Este tipo de energia se divide em três

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 15


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

grandes grupos: aplicações para calefação e refrigeração, geração de eletricidade e produção


de combustíveis a partir da biomassa, que incluem formas diferentes, entre elas os
combustíveis de álcool, o esterco e a lenha.

A energia geotérmica se baseia no fato de que a Terra fica mais quente quanto mais
profundamente se perfura. A energia geotérmica pode originar-se de vapor de água encontrado
em grandes profundidades sob a superfície terrestre. Fazendo com que chegue até a
superfície, pode mover uma turbina para gerar eletricidade. Outra possibilidade é o
aquecimento de água pelo bombeamento através de rochas quentes profundas. Ainda que
essa fonte de energia seja uma teoria ilimitada, na maior parte das áreas habitadas do planeta
as rochas aquecidas estão situadas em camadas profundas demais, fazendo com que não seja
rentável perfurar poços para sua utilização.

1.3.2.1. Fontes Alternativas de Energia

As principais pesquisas estão voltadas para o desenvolvimento de novas fontes de


energia que possam substituir os combustíveis não renováveis (petróleo e carvão mineral).
Vamos conhecer algumas dessas fontes de energia alternativa.

 Energia hidrelétrica

É a energia obtida pela queda da água para um nível inferior, provocando o


movimento de rodas hidráulicas (aproveitamento mecânico) ou turbinas. A energia hidrelétrica
exige a construção de represas, canais de desvio de rios e a instalação de grandes turbinas e
equipamentos para gerar eletricidade. A preocupação com o ambiente vem concentrando
atenções nessa fonte de energia renovável. Há algumas centrais baseadas na queda natural
da água, quando a vazão é uniforme. Estas instalações se chamam de água fluente.

A energia hidrelétrica representa cerca de um quarto da produção total de


eletricidade no mundo e sua importância vem aumentando. Em alguns países, foram instaladas
centrais pequenas, com capacidade para gerar entre um kilowatt e um megawatt. Muitas
nações em desenvolvimento estão utilizando esse sistema com bons resultados.

 Álcool

O álcool vem sendo usado em substituição à gasolina e outros combustíveis


derivados do petróleo. No Brasil, a cana-de-açúcar tornou-se a principal fonte de produção de
álcool hidratado. Para tanto muitas usinas foram implantadas em vários Estados brasileiros.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 16


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Todas as atividades ligadas à pesquisa, à produção e à distribuição do álcool em


nosso país são coordenadas pelo Programa Nacional do Álcool - o Proálcool. O Brasil ocupa
uma posição privilegiada na produção de álcool, pois é o primeiro produtor mundial de cana-de-
açúcar e de mandioca. A principal vantagem do uso do álcool como combustível é a redução
das importações de petróleo pelo país.

No entanto, a utilização desse combustível também traz desvantagens, pois grandes


áreas, antes reservadas à produção de alimentos, estão sendo destinadas ao cultivo da cana
de açúcar. Além disso, a produção de álcool está provocando sérios desequilíbrios nos
ecossistemas de rios, uma vez que neles são lançados resíduos altamente tóxicos como o
vinhoto.

 Energia solar

Energia radiante produzida no Sol como resultado de reações nucleares de fusão.


Chega à Terra através do espaço em blocos de energia chamados fótons, que interagem com a
atmosfera e a superfície terrestre.

A intensidade de energia real disponível na superfície terrestre é menor do que a


constante solar, por causa da absorção e da dispersão da radiação que origina a interação dos
fótons com a atmosfera. A absorção natural de energia solar acontece na atmosfera, nos
oceanos e nas plantas. Além disso, esta energia pode ser captada, de modo artificial, com o
uso de dispositivos que recebem o nome de coletores solares. A energia, uma vez absorvida, é
empregada em processos térmicos, fotoelétricos ou fotovoltaicos. Pode ser convertida em
energia elétrica sem nenhum dispositivo mecânico intermediário.

 Energia eólica

Energia eólica é a energia produzida a partir da energia cinética do vento (massas


de ar em movimento) e do aquecimento eletromagnético do sol (energia solar), que juntos
movimentam as pás de captadores.

A energia cinética do vento normalmente é convertida em energia mecânica por


moinhos e cataventos, ou em energia elétrica por turbinas eólicas (ou aerogeradores).

A aplicação da energia eólica em trabalhos mecânicos por moinhos e cataventos,


como a moagem de grãos e o bombeamento de água, remonta à origem da utilização dessa
fonte de energia pela humanidade, a qual só passou a ser considerada uma alternativa para a
geração de energia elétrica a partir da crise do petróleo, na década de 70.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 17


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Como funciona a energia eólica

A energia cinética do vento é produzida quando o aquecimento das camadas de ar


criam uma variação de gradientes de pressão nas massa de ar.

A turbina eólica transforma essa energia cinética em energia mecânica por meio do
movimento de rotação de pás e, através de um gerador, há geração de energia elétrica.

A turbina eólica é composta por:

 Anemômetro: mede a intensidade e a velocidade do vento. Funciona em


média de dez em dez minutos;

 Biruta (sensor de direção): capta a direção do vento. A direção do vento deve


sempre estar perpendicular à torre para o maior aproveitamento;

 Pás: captam o vento, convertendo sua potência ao centro do rotor;

 Gerador: item que converte a energia mecânica do eixo em energia elétrica;

 Mecanismos de controle: adequação da potência nominal à velocidade do


vento que ocorre com mais frequência durante um período determinado;

 Caixa de multiplicação (transmissão): responsável por transmitir a energia


mecânica do eixo do rotor ao eixo do gerador;

 Rotor: conjunto que é conectado a um eixo que transmite a rotação das pás
para o gerador;

 Nacele: compartimento instalado no alto da torre composto por: caixa


multiplicadora, freios, embreagem, mancais, controle eletrônico e sistema
hidráulico;

 Torre: elemento que sustenta o rotor e a nacele na altura apropriada ao


funcionamento. A torre é um item de alto custo para o sistema

 Biomassa

O termo biomassa engloba todos os materiais constituídos por substâncias de


origem orgânica (vegetal, animal e microrganismos). Ao contrário das fontes fósseis de energia,
a biomassa é renovável em curto intervalo de tempo. Considerando as fontes de energia
renovável, a biomassa oferece as melhores perspectivas em termos de opções de uso,
disponibilidade e tecnologias de conversão. A biomassa como recurso energético pode ser

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 18


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

classificada em três categorias:

(i) biomassa energética florestal, incluindo seus produtos e subprodutos ou resíduos;

(ii) biomassa energética agrícola, correspondente às culturas agroenergéticas e aos


resíduos e subprodutos das atividades agrícolas,

A conversão da biomassa para fins energéticos pode ser realizada por diferentes

rotas tecnológicas. Algumas opções estão estabelecidas e representam alternativas reais e


lucrativas, enquanto outras ainda estão em escala de demonstração.

Figura 3- Fontes de Biomassa.

2. POLUIÇÃO AMBIENTAL

Existe, na natureza, um equilíbrio biológico entre todos os seres vivos. Neste


sistema em equilíbrio os organismos produzem substâncias que são úteis para outros
organismos e assim sucessivamente. A poluição vai existir toda vez que resíduos (sólidos,
líquidos ou gasosos) produzidos por microrganismos, ou lançados pelo homem na natureza,
forem superior à capacidade de absorção do meio ambiente, provocando alterações na
sobrevivência das espécies. A poluição pode ser entendida, ainda, como qualquer alteração do

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 19


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

equilíbrio ecológico existente. A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está


diretamente relacionada com os processos de industrialização e a consequente urbanização da
humanidade. Esses são os dois fatores contemporâneos que podem explicar claramente os
atuais índices de poluição. Os agentes poluentes são os mais variáveis possíveis e são
capazes de alterar a água, o solo, o ar, etc. Poluição, é portanto, uma agressão à natureza, ao
meio ambiente em que o homem vive. Os efeitos da poluição são hoje tão amplos que já
existem inúmeras organizações de defesa do meio ambiente.

2.1. Classificação dos Poluentes

2.1.1. De acordo com a origem:


a) Poluentes Primários – Estão presentes na atmosfera na forma em que são
emitidos como resultado de algum processo. Os principais poluentes desta
categoria são tanto sólidos, como líquidos e gasosos, ou mesmo radiações.
Citamos como poluentes primários; partículas finas, partículas grosseiras,
compostos de nitrogênio, óxidos de carbono, compostos de enxofre, compostos
halogenados, compostos orgânicos, entre outros.

b) Poluentes Secundários – São produzidos na atmosfera pela reação entre dois ou


mais poluentes primários, ou pela reação com constituintes normais
atmosféricos, com ou sem foto-ativação. Citamos como poluentes secundários;
oxidantes, névoas ácidas, smog.

Quadro 1- Poluentes primários e secundários.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 20


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.1.2. De acordo com o Estado •


a) Gases e vapores - CO, CO2, SO2, NO2

b) Partículas sólidas e liquidas - Poeiras, fumos, névoas e fumaças

2.1.3. De acordo com a composição Química •


a) Poluentes Orgânicos - Hidrocarbonetos, aldeídos e cetonas

b) Poluentes Inorgânicos - H2S, HF, NH3

2.2. Poluição das águas

A poluição das águas tem sido um problema para a nossa sociedade, e é tempo de
por fim a todo o custo este assunto. Nestes últimos anos o governo tem tentado sensibilizar a
opinião pública para esta situação que tem vindo a agravar-se devido há falta de fundos.
Também as indústrias, que cada vez fazem mais poluição sem qualquer medida protecionista
contribuem fortemente para o problema sem qualquer multa por parte do Governo.

A maior parte dos poluentes atmosféricos reage com o vapor de água na atmosfera e
volta à superfície sob a forma de chuvas, contaminando, pela absorção do solo, os lençóis
subterrâneos. Nas cidades e regiões agrícolas são lançados diariamente cerca de 10 bilhões
de litros de esgoto que poluem rios, lagos, lençóis subterrâneos e áreas de mananciais. Os
oceanos recebem boa parte dos poluentes dissolvidos nos rios, além do lixo dos centros
industriais e urbanos localizados no litoral.

O excesso de material orgânico no mar leva à proliferação descontrolada de


microrganismos, que acabam por formar as chamadas "marés vermelhas" - que matam peixes
e deixam os frutos do mar impróprios para o consumo do homem. Anualmente 1 milhão de
toneladas de óleo se espalham pela superfície dos oceanos, formando uma camada compacta
que demora para ser absorvida. O Atlântico se torna cinzento esverdeado e opaco, coberto de
coágulos de petróleo que variavam de tamanho, desde a cabeça de um alfinete até às
dimensões de uma sanduíche. A poluição marinha se dá principalmente pelo derramamento de
petróleo em caso de vazamentos e acidentes com petroleiros.

 As grandes formas de poluição aquática

Esgotos pluviais e escoamento urbano - Escoamento de superfícies


impermeáveis incluindo ruas, edifícios e outras áreas pavimentadas para esgotos ou tubos

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 21


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

antes de descarregarem para águas superficiais.

Industrial - Fábricas de polpa e de papel, fábricas de químicos, fábricas de têxteis,


fábricas de produtos alimentares.

Agrícola - Excesso de fertilizantes que vão infiltrar-se no solo e poluir os lençóis de


água subterrâneos e por sua vez os rios ou ribeiros onde estes vão da extração de recursos de
minas, canalizações, construção de barragens.

2.2.1. Poluição Química das águas


É um tipo de poluição de águas que atinge rios e oceanos. Dois tipos de poluentes
caracterizam a poluição química:

a) Biodegradáveis - São produtos químicos que ao final de um tempo, são


decompostos pela ação de bactérias. São exemplos de poluentes biodegradáveis o detergente,
inseticidas, fertilizantes, petróleo, etc.

b) Persistentes - São produtos químicos que se mantém por longo tempo no meio
ambiente e nos organismos vivos. Estes poluentes podem causar graves problemas como a
contaminação de alimentos, peixes e crustáceos.

São exemplos de poluentes persistentes o DDT, o mercúrio, etc. Geralmente o


mercúrio é utilizado na mineração para separar o
ouro nos rios. Se um peixe contaminado por
mercúrio for ingerido por pessoas, este peixe
contaminado pode levar estas pessoas até a
morte se não tomarem providencias imediatas. Os
rios geralmente conseguem "diluir" uma certa
quantidade de poluentes químicos, mas se estas
quantidades forem ultrapassadas desenvolve-se no rio algas verde-azuladas, que o fazem
cheirar mal. Estas bactérias se reproduzem rapidamente e vão aumentando roubando todo o
oxigênio da água. Sem oxigênio os peixes vão morrendo aos poucos, e toda vida no rio vai
deixando de existir, morrendo inclusive as bactérias.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 22


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.2.2. Poluição por fosfatos e nitratos


Os adubos e fertilizantes usados na agricultura contêm grandes concentrações de
nitrogênio e fósforo. Esses poluentes orgânicos constituem nutrientes para as plantas
aquáticas, especialmente as algas, que transformam a água em algo semelhante a um caldo
verde, fenômeno também conhecido por floração das águas. Em alguns casos, toda a
superfície é recoberta por um "tapete", formado pelo entrelaçamento de algas filamentosas.
Com isso, ocorre a desoxigenação da
água. Pode parecer incoerente. Afinal,
as algas são seres que produzem o
oxigênio durante a fotossíntese.
Assim, a quantidade de oxigênio
deveria aumentar e não diminuir. De
fato, as algas liberam oxigênio, mas o
tapete superficial que elas formam faz
com que boa parte desse gás seja
liberado para a atmosfera, sem se dissolver na água. Além do que, a camada superficial de
algas dificulta a penetração de luz. Isso impossibilita a fotossíntese nas zonas inferiores,
reduzindo a produção de oxigênio e a morte de vegetais. A decomposição dos vegetais mortos
aumenta o consumo de oxigênio, agravando ainda mais a desoxigenação das águas.

Existem várias maneiras de contribuir para a diminuição da poluição da água:

• Utilize apenas detergentes que não contenham fosfatos e usa uma quantidade
inferior à indicada no rótulo;

• Compre apenas bebidas engarrafadas em recipiente recicláveis e nunca as deixes


na praia ou na rua. Junte- as e entregue-as na loja.

• Diga aos teus pais para comprarem apenas papel higiênico que não tenha sido
branqueado com cloro ou tingido. Depois do papel se decompor, o cloro e os corantes
permanecem na água, prejudicam a vida de muitos animais.

• Utilize sempre que puderes recipientes recicláveis em vez de sacos de plástico.


Quanto menos lixo houver nas lixeiras, menor é a probabilidade da água subterrânea ser
contaminada.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 23


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.2.3. Poluição por resíduos não-biodegradáveis


Todos os compostos orgânicos são biodegradáveis, ou seja, podem ser
decompostos pelas bactérias. Existem, entretanto, alguns compostos orgânicos sintetizados
pela indústria que não são biodegradáveis. Tais compostos também podem ser chamados de
recalcitrantes ou biologicamente resistentes. Não sendo degradados, tais compostos vão se
acumulando na água, atingindo concentrações tão altas que geram sérios riscos aos seres
vivos.

Dessas substâncias não-degradáveis


merecem destaque o DDT, o mercúrio, etc. Os fosfatos
são encontrados na maior parte dos detergentes e,
como já vimos, provocam a eutrofização. A poluição por
óleo é feita, principalmente, pelos navios petroleiros,
por ocasião da lavagem

2.3. Poluição Atmosférica

As fontes de emissão de poluentes primários e dos componentes secundários pode


ser as mais variadas possíveis. A emissão de gases tóxicos por veículos automotores é a maior
fonte de poluição atmosférica. Nas cidades, esses veículos são responsáveis por 40% da
poluição do ar, porque emitem gases como o monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de
nitrogênio, o dióxido de enxofre,
derivados de hidrocarbonetos e
chumbo. As refinarias de petróleo,
indústrias químicas e siderúrgicas,
fábricas de papel e cimento emitem
enxofre, chumbo e outros metais
pesados, e diversos resíduos sólidos.

A identificação de uma fonte


de poluição atmosférica, depende,
antes de mais nada, dos padrões adotados para definir os agentes poluidores e seus efeitos
sobre homens, animais, vegetais ou materiais outros, assim como dos critérios para medir os
poluentes e seus efeitos. Essas alterações provocam no homem distúrbios respiratórios,

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 24


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso, e em órgãos vitais, e câncer.

2.3.1. Classificação Física dos Poluentes


Os agentes poluentes atmosféricos, segundo o seu estado físico, podem apresentar
sob várias formas sólidas, liquidas ou gasosas, das seguintes maneiras:

• Poeiras - São pequenas partículas sólidas, com diâmetro de 0,1 a mais de 100
microns, originada de parcelas maiores, por processos mecânicos de desintegração, como
lixamento, moagem, etc., ou poeiras naturais como o pólen, esporos, etc. Exemplos: Partículas
de rochas, de metais, de cimento, etc. Pode também ser definido como um aerossol de
partículas sólidas

• Fumos - São partículas sólidas com diâmetro inferiores a um mícron, formadas pela
condensação de vapores de materiais sólidos, geralmente metais, e consequentemente
solidificação. Normalmente este mecanismo é acompanhado de oxidação. Os fumos são
inorgânicos. Exemplo: Fumos de óxidos de chumbo, de zinco, etc.

• Fumaça - São partículas, geralmente mas não obrigatoriamente, sólidas em


suspensão no ar, e oriundas da combustão incompleta de materiais orgânicos. As fumaças
industriais de importância são formadas por partículas com diâmetros inferiores a meio mícron.

• Neblina - A neblina é constituída de partículas líquidas de pequeníssimas


dimensões, em suspensão no ar, originadas de um processo mecânico de subdivisão, como a
nebulização.

• Nevoeiro - São também partículas líquidas de pequeníssimas dimensões, em no ar,


mas resultante da condensação de vapores.

• Vapores - É a forma gasosa de substâncias que se encontram sob a forma líquida


ou sólida a 25ºC de temperatura e a uma atmosfera de pressão.

• Gases - São substâncias que se encontram em estado gasoso a temperatura de


25ºC e sob uma atmosfera de pressão. Os gases são fluídos sem forma própria e que possuem
a tendência de ocupar qualquer espaço inteira e uniformemente.

• Aerossol - São substâncias sólidas ou liquidas de tamanho microscópico, em


suspensão no meio gasoso, sob forma particulada.

• Névoa Fotoquímica - São produtos de reação foto químicas, geralmente


combinados com um valor de água. As partículas são geralmente menores que 1,5

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 25


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

micrômetros.

Abaixo relaciona-se uma lista resumida de poluentes gerais, relacionadas as suas


principais fontes produtoras:

Poluentes Comuns

• Dióxido de Enxofre - Combustões domésticas, usinas termelétricas, refinarias de


petróleo, olarias, usinas de aço e ferro.

• Material Particulado - Emissões de veículos, combustões domésticas, usinas de


gás, geração de eletricidade, incineradores, fábricas de cimento, refinarias de petróleo, fornos
de cal, fábricas de cerâmica, fundições, estufas e carvão.

• Hidrocarbonetos - Emissões de veículos, refinarias de petróleo.

• Óxidos de Nitrogênio - Emissões de veículos, fábricas de acido nítrico, usinas


termoelétricas, usinas de ferro e aço, fábricas de fertilizantes.

 Efeitos da Poluição Atmosférica

As defesas naturais do homem, contra as impurezas do ar, são muito precárias,


entre elas podemos citar:

• Secreção mucosa das vias aéreas superiores, que tende aglutinar as partículas
sólidas e fixar gases e vapores;

• Cílios que vão desde a traqueia até os brônquios com a finalidade de levar as
partículas inaladas em direção a faringe; movimento peristálticos bronquíolos, colaborando na
eliminação de partículas;

• Forma peculiar das fossas nasais, fazendo com que as partículas de maior
tamanho sejam precipitadas sobre a base da língua;

• Espasmos das cordas vocais e da musculatura brônquica, procurando evitar a


penetração de impurezas nas partes mais profundas das vias aéreas;

• Reflexos de tosse e espirro, criando violentas correntes de ar com a finalidade de


expulsar substâncias estranhas das vias aéreas.

• Irritação dos órgãos sensoriais; • Efeitos adversos sobre função biológica, podendo
chegar a doenças crônicas; • Doença aguda e "morte"

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 26


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.4. Poluição dos Solos

2.4.1. O uso de Praguicidas


Praguicidas ou defensivos
agrícolas são substâncias venenosas
utilizadas no combate às pragas,
organismos considerados nocivos ao
homem. Os principais praguicidas são:

• Herbicidas, usados para


matar ervas daninhas

• Fungicidas, utilizados no combate de fungos parasitas;

• Inseticidas, usados contra insetos, e

• Nematócidos, que
controlam nematódios parasitas.

Acontece que os defensivos


químicos empregados no controle de
pragas são muito pouco específicos,
destruindo indiferentemente espécies
nocivas e úteis. Existem praguicidas
extremamente tóxicos, mas instáveis.
Existem praguicidas extremamente
tóxicos, mas instáveis. Eles podem causar danos imediatos, mas não causam poluição a longo
prazo. Existem praguicidas menos tóxicos, ou seja, persistentes em ecossistemas, provocando
efeitos por muitos anos.

2.4.2. O problema do Lixo


O lixo urbano é constituído predominantemente por matéria orgânica e como tal
sofre intensa decomposição, permitindo a reciclagem. A decomposição pode ser feita por dois
processos: aeróbio e anaeróbio. A decomposição aeróbia é muito mais rápida, e os resíduos
resultantes são: gás carbônico, sais minerais e alguns compostos orgânicos que, mais
resistentes à biodegradação não chegam a se decompor totalmente.

A decomposição anaeróbia, entretanto pode originar compostos nocivos, como gás

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 27


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

sulfídrico, mercaptans e outros compostos que podem ser tóxicos ou exalar mau cheiro. O lixo
urbano sofre quatro processos: lixões, aterros sanitários, compostagem e incineração. No caso
dos "lixões", o lixo simplesmente é levado para terrenos baldios onde fica exposto e é
aproveitado pelos "catadores de lixo" que correm o risco de contrair doenças. Por outro lado o
lixão provoca intensa proliferação de moscas e outros insetos. Outro inconveniente é o
"chorume", liquido que resulta da decomposição do lixo e que polui o solo e os lençóis d'água.

O chamado aterro sanitário não é um processo de tratamento. Consiste na


decomposição de camadas de lixo alternadas com camadas de argila em terrenos bem
drenados. Nessas condições as camadas de lixo sofrem decomposição aeróbia e depois
anaeróbia. Um inconveniente do aterro sanitário é a possibilidade de contaminação das águas
subterrâneas, além da não reciclagem dos materiais para os locais de origem.

Figura 4- Estrutura de um aterro sanitário.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 28


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A incineração é um processo dispendioso, no


qual o lixo é queimado em câmaras de incineração. As
cinzas resultantes podem ser usadas para indústrias de
fertilizantes.

No
processo de
compostagem o material orgânico do lixo sofre um
tratamento biológico do qual resulta o chamado
"composto", material utilizado na fertilização e
recondicionamento do solo.

2.5. Efeito Estufa

O aquecimento global está afetando tudo o que vive e respira no planeta. Alguns
gases da atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), funcionam como uma capa
protetora que impede que o calor absorvido da irradiação solar escape para o espaço exterior,
mantendo uma situação de equilíbrio térmico sobre o planeta, tanto durante o dia como durante
a noite. Sem o carbono na atmosfera a superfície da Terra seria coberta de gelo. A essa
particularidade benéfica da camada de ar em volta do globo se dá o nome de "efeito estufa".

Como o gráfico abaixo, o ano de 2016 foi considerado com maior elevação de
temperatura em relação ao século XX, estima-se que em 2020, a temperatura irá aumenta em
até 1ºC por ano.

Gráfico 1- Elevação da temperatura no mundo.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 29


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A importância do efeito estufa pode ser melhor compreendida quando se observa as


condições reinantes na Lua. Lá não há uma atmosfera, e portanto nenhum efeito estufa; por
isso as temperaturas variam de 100°C durante o dia a -150°C durante a noite.

O efeito estufa na Terra é garantido pela presença do dióxido de carbono, vapor de


água e outros gases raros. Esses gases são chamados de raros porque constituem uma
parcela muito pequena na composição atmosférica, formada em sua maior parte por nitrogênio
(75%) e oxigênio (23%). Alguns pesquisadores acreditam que se o percentual de oxigênio na
atmosfera fosse um pouco mais elevado, um simples relâmpago poderia ocasionar incêndios
gigantescos. O alto percentual de oxigênio na composição atmosférica, mais a existência dos
gases raros faz com que muitos cientistas classifiquem a atmosfera terrestre como uma
"anomalia", quando comparada às de outros planetas.

O efeito estufa gerado pela natureza é, portanto, não apenas benéfico, mas
imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra. Se a composição dos gases raros for
alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjuntamente. A ação
do ser humano na natureza tem feito aumentar a quantidade de dióxido de carbono na
atmosfera, através de uma queima intensa e descontrolada de combustíveis fósseis e do
desflorestamento. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de
carbono na atmosfera pela queima e também por decomposição natural. Além disso, as árvores
aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores significa
também menos dióxido de carbono sendo absorvido.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 30


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

2.6. Ozônio

O envelope de ar que cobre a Terra contém basicamente nitrogênio (78%) e oxigênio


(21%). Embora insignificante em quantidade, algo como 0,03% do total, o CO2 é importante
porque absorve e retém calor, que de outra forma, escaparia para o espaço, mantendo
constante a temperatura do planeta. As atividades humanas, porém vêm aumentando a
concentração de CO2 e de outros gases no ar, o que desequilibra a harmonia e provoca a
elevação da temperatura global. É o chamado efeito estufa. Acredita-se que a temperatura
pode subir até 4,5º C em cinqüenta anos.

Alguns destes gases também reagem com o vapor de água da atmosfera, tornando
a chuva ácida. Ela pode contaminar lençóis de água e oceanos (2/3 das chuvas caem sobre
eles). Por sua vez , o clorofluorcarbono (CFC) usado na refrigeração, destrói o manto de
ozônio, protetor contra os raios ultravioletas do Sol. Eles causam câncer de pele, catarata e
afetam o fitoplâncton, a fina camada vegetal sobre o oceano, responsável pela vida no mar.

2.6.1. Camada de Ozônio


Na rarefeita estratosfera, na faixa dos 25 mil metros, logo acima da altitude do
cruzeiro dos aviões supersônicos, paira ao redor da Terra uma tênue camada de um gás muito
importante no equilíbrio ecológico do planeta : o Ozônio. A quantidade deste gás é ínfima se
considerarmos a composição de toda a atmosfera, e o tempo de vida de suas moléculas, em
constante processo de formação e dissociação, extremamente curto.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 31


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Assim como o Efeito Estufa, também este é um fenômeno atmosférico natural,


apropriado à sobrevivência das atuais formas de vida que, de outro modo só seria possível
debaixo das rochas e em águas profundas.

Os seres vivos se encontram estreitamente condicionados a uma filtragem


permanente daquela faixa de radiação solar. Recentemente, a camada de ozônio vem sendo
bastante afetada pela ação de algumas substâncias químicas voláteis que, ao chegares na
estratosfera, perturbam o frágil equilíbrio de sua composição. Pela interferência dessas
substâncias, as reações normais do ciclo do oxigênio na camada de ozônio vêm sendo
gradativamente reduzidas, resultando em um perigoso aumento dos níveis de radiação UV
sobre a superfície.
Por razões climatológicas peculiares ao Polo Sul, a redução tem sido mais drástica
sobre o continente antártico (o buraco de ozônio), mas atinge quase todo o planeta. As
principais substâncias que promovem a destruição da camada de ozônio são produtos
sintéticos fabricados pela indústria química e denominados "clorofluorcarbonetos", CFC.

Figura 5- Evolução do buraco na camada de ozônio.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 32


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Conforme a figura acima , a evolução do buraco na camada de ozônio ao longo


tempo. O primeiro globo, no topo à esquerda, mostra a situação da capa em setembro de 1981.
A camada aparece delgada, apresentando os primeiros sinais do buraco. Nos globos seguintes
vemos as capas muito maiores, próximos a 100 unidades Dobson. Os cientistas constataram
que na última década a área média do buraco permaneceu estabilizada.
O leque de aplicações é bastante amplo, indo desde atividades essenciais, como
conservação de alimentos em geladeiras e frigoríficos, até futilidades descartáveis como
bandejas de isopor em embalagens de alimentos vendidos em supermercados. Nos frigoríficos,
freezers, geladeiras, e frigobares, o CFC é o "gás de geladeira" (FREON ou FRIGEN) e sua
função é absorver o calor na placa do congelador ( onde se forma gelo) e liberá-lo pelo radiador
atrás, do lado de fora do aparelho. Nos ar-condicionados de parede, centrais e de automóveis,
o princípio de funcionamento é o mesmo, e é o CFC, também o agente que promove a troca de
calor. Quando bem fabricados e corretamente utilizados, estes aparelhos mantém o gás em
circuito fechado, não havendo vazamento para a atmosfera. Quando vão para conserto ou são
sucateados, a tubulação é aberta, o gás escapa, e sobe até atingir a camada de ozônio. Cada
molécula de CFC destrói centenas de milhares de moléculas de ozônio, até ser neutralizada,
entre 75 e 110 anos mais tarde. Nos ar-condicionados de carros , sujeitos a condições
adversas, as ocasiões em que ocorre a liberação de CFC são ainda mias frequentes pois, além
dos casos de colisões, há vazamento contínuo de gás pelas mangueiras e conexões. CFCs
são adicionados sob pressão a embalagens em lata, conhecidas tanto pelo nome
"spray",quanto de "aerossol", para expelir ininterruptamente o seu conteúdo enquanto se
mantém apertado o botão existente no topo.

O CFC escapa junto com o produto cada vez que o spray é usado. A apresentação
em spray tornou-se muito comum em produtos de uso pessoal, doméstico, inseticidas e outros,
difundida muito além dos casos em que seu emprego possa ser considerado necessário, como
em certos medicamentos para uso humano e veterinário. Desde novembro de 1989 está
proibida no Brasil a venda de sprays que contenham CFCs e, desde então, é comum encontrar
nas embalagens em selo padrão em que os fabricantes afirmam que seus produtos não
agridem a camada de ozônio. Mas não se pode constatar que a produção industrial de CFCs
para este fim tenha diminuído, não se tem notícia de fiscalização e análise de conteúdo dos
sprays, e é surpreendente que todos os produtos que até bem pouco tempo continham CFC
tenham se adaptado à troca deste produto por outro propelente em suas fórmulas, sem
modificações perceptíveis em suas características usuais.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 33


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Outra fonte de liberação de CFCs na atmosfera são as espumas sintéticas flexíveis


utilizadas em estofamentos de carros, poltronas, colchões, tapetes é isolamento térmico de
paredes de refrigeradores, e as espumas sintéticas rígidas (geralmente brancas, como isopor)
largamente empregadas em isolamento térmico na construção civil, em embalagens de
equipamentos eletrônicos, bandejas, pratos e copos descartáveis, caixa de ovos e embalagens
de comida pronta para levar. O CFC escapa durante a confecção destes produtos, quando é
adicionado para conferi-lhes a consistência e porosidade características, e depois, quando vão
para o lixo e começam a fragmentar-se. O aumento da incidência de radiação U.V. aumentaria
a taxa de mutações nos seres vivos, atingindo especialmente o fitoplâncton. Para o homem,
haveria aumento do índice de câncer (especialmente de pele) e de cataratas.

3. RESÍDUOS NA AGROINDÚSTRIA

A geração de resíduos e subprodutos é inerente a qualquer setor produtivo. O


aumento da conscientização ecológica, iniciado no final do Século XX, deixou claro que o
grande desafio da humanidade para as próximas décadas é equilibrar a produção de bens e
serviços, crescimento econômico, igualdade social e sustentabilidade ambiental. Os resíduos
gerados pelas diferentes atividades humanas constituem-se atualmente em um grande desafio
a ser enfrentado pelos municípios, principalmente nos grandes centros urbanos.

Os setores agroindustriais e de alimentos produzem grandes quantidades de


resíduos, tanto líquidos como sólidos. Esses resíduos podem apresentar elevados problemas
de disposição final e potencial poluente, além de representarem, muitas vezes, perdas de
biomassa e de nutrientes de alto valor. Ao contrário do que acontecia no passado, quando
resíduos eram dispostos em aterros sanitários ou empregados sem tratamento para ração
animal ou adubo, atualmente, conceitos de minimização, recuperação, aproveitamento de
subprodutos e bioconversão de resíduos são cada vez mais difundidos e necessários para as
cadeias agroindustriais (LAUFENBERG, 2003).

Os resíduos agroindustriais são gerados no processamento de alimentos, fibras,


couro, madeira, produção de açúcar e álcool, etc., sendo sua produção, geralmente, sazonal,
condicionada pela maturidade da cultura ou oferta da matéria-prima. Os resíduos sólidos são
constituídos pelas sobras de processo, descartes e lixo proveniente de embalagens, lodo de

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 34


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

sistemas de tratamento de águas residuárias, além de lixo gerado no refeitório, pátio e


escritório da agroindústria. De acordo com a lei 12.305 dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010),
os resíduos da produção animal e os resíduos da agroindústria são classificados quanto à sua
origem, como resíduos agrossilvopastoris, incluindo os relacionados a insumos.

3.1. Classificação dos Resíduos Sólidos

Tecnicamente, resíduo sólido é definido como “resíduos no estado sólido e semi-


sólido resultante de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição lodos
provenientes dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para
isto soluções técnicas e economicamente viáveis em face da melhor tecnologia disponível”
(NBR 10.004/2004 – Classificação de Resíduos Sólidos8 ).

Destaca-se que todos os resíduos, embora em estado líquido ou pastoso, são


caracterizados como resíduo sólido. Ainda de acordo com a norma NBR 10.004/2004, os
resíduos são classificados como:

1. Resíduos Classe I – Perigosos: “aqueles que apresentam


periculosidade ou características como inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade, patogenicidade”.

Característica apresentada por um resíduo que, em função de


suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode
apresentar:

– risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de


doenças ou acentuando seus índices;

– risco ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.


Exemplo: óleos, resíduos patogênicos, resíduos de pesticidas, lodos contendo metais pesados,
tintas, solventes, lâmpadas fluorescentes, pilhas como alguns exemplos para este tipo de
resíduo.

2.Resíduos classe II – Não perigosos: estes resíduos podem ser divididos em duas

outras classes:

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 35


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

• Resíduos classe II A – Não inertes: Os resíduos podem ter propriedades, tais


como: biodegradabilidade, combustibilidade, solubilidade em água. Exemplo:
restos de alimentos, papel, papelão, madeira, tecidos.

• Resíduos classe II B – Inertes: “são resíduos que se amostrados de forma


representativa através da NBR 10.007 (Estabelece o procedimento para
obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos) e submetidos a um
contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada. Como
exemplos citam-se: entulhos, materiais e construção e tijolos.

3.1.1. Tipo
Tabela 2- Resíduos recicláveis e não recicláveis.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 36


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Os resíduos sólidos podem ser mais sucintamente classificados em dois tipos:


Reciclável e Não Reciclável, sendo esse último composto principalmente por material
contaminado.
3.1.2. Origem
Quanto à sua origem os resíduos podem classificados segundo a forma proposta
por:

a) Resíduos da atividade agrícola, que são aqueles originados exclusivamente da


produção agropecuária, compostos por resíduos de lavouras, como as palhas e da atividade
zootécnica, como dejetos orgânicos passíveis de tratamento para posterior utilização como
estercos e considerados, ambos, como portadores de baixa concentração de contaminantes;

b) Resíduos da atividade industrial, compostos de matéria prima originada


estritamente da produção agrícola e completamente isenta de outros elementos que não
aqueles provenientes dos produtos de colheita ou da criação durante o processo de
industrialização, como ocorre na industrialização da cana-de-açúcar;

c) Resíduos da atividade industrial, compostos por matéria prima agrícola com


adição durante o processamento industrial de outras substâncias, como ocorre na indústria
alimentícia.

Figura 6- Classificação dos resíduos quanto a sua origem.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 37


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Da atividade dos serviços de saúde, ou “lixo hospitalar”, somam-se aqueles


provenientes de enfermarias diversas, laboratórios de análises clínicas, farmácias e pronto-
socorro, constituídos por seringas, agulhas, curativos e outros materiais que podem apresentar
algum tipo de contaminação por agentes patogênicos químicos e orgânicos. Deve-se
considerar que em toda atividade de criação, extensiva ou principalmente intensiva, restos de
remédios principalmente vencidos, suas embalagens, seringas veterinárias e similares
descartados em escala considerável, são eventualmente depositados em vala comum na
propriedade sem os cuidados que a técnica exige.

Figura 7- Lixo hospitalar.

Da atividade domiciliar, gerados nas residências com volume e diversificação


influenciadas por seu nível socioeconômico e talvez por esse fato os mais danosos para o meio
ambiente e para a saúde pública, considerando o problema comum das cidades com relação
aos aterros sanitários. Aqui cabem três alertas a respeito primeiro da não separação das
embalagens plásticas, recicláveis, e das pilhas e baterias, restos de remédios, lâmpadas
halogênicas e outros, não recicláveis.

Segundo do material contaminante como fraudas descartáveis, absorventes


higiênicos, papel higiênico, termômetros e restos de medicamentos, além de embalagens com
restos de produtos de limpeza inclusive ácidos tipo limpa pedra, que se avolumam
perigosamente nos “lixões”. Terceiro do próprio conceito de “aterro sanitário”, que se trata de
uma técnica de alocação de resíduos notadamente urbanos, mas erroneamente entendido

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 38


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

simplesmente como um local de depósito de lixo.

Da atividade essencialmente agrícola, gerado pelas criações em sistema intensivo


(resíduos orgânicos de granjas e confinamentos), pela mecanização das lavouras com cada
vez maior dependência de novas tecnologias (pneus velhos, óleo lubrificante, estopas, óleo de
aplicação hidráulica, graxas e embalagens vazias, água do sistema de arrefecimento, solução
de baterias) e pelo cultivo (embalagens de sementes, adubos e restos de mangueiras e bicos
pulverizadores).

Da atividade agroindustrial gerado pelos abatedouros, usinas de álcool e açúcar,


curtumes, ração animal, laticínios, óleos vegetais e usinas de compostagem, que em alguns
casos subsidiam a aquisição do composto por pequenos produtores para a sua reutilização
como fonte de nutrientes.

3.1.3. Composição Química


a) Orgânicos: são considerados os restos de alimentos “in natura”, de vegetais,
carcaças e estrume, dentre outros. Ressalta-se que alguns compostos
orgânicos podem ser tóxicos, nesse caso denominados “Poluentes Orgânicos
Persistentes” (POP) e “Poluentes Orgânicos Não Persistentes”.

Dentre os primeiros encontram-se os hidrocarbonetos de alto peso molecular, alguns


encontrados em formulações de ampla aplicação agrícola; e os solventes de baixo peso
molecular, alguns pesticidas biodegradáveis e a maioria dos detergentes enquadram-se como
“Poluentes Orgânicos Não Persistentes”.

b) Inorgânicos: material inerte como borrachas, plásticos, soluções, graxas e


óleos.

3.2. Coleta Seletiva

No que concerne ao tratamento dos resíduos, as instalações convencionais


requerem grandes investimentos e altos custos de operação, quase sempre inacessíveis à
maioria dos municípios. Atualmente a participação da comunidade na busca de soluções para
problemas como esses é um dado positivo, e a coleta seletiva configura-se como alternativa

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 39


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

que merece estudo minucioso.

A responsabilidade pela destinação final do lixo é da prefeitura. Mas nem sempre a


coleta seletiva surge como iniciativa da própria administração municipal. Frequentemente,
observa-se a movimentação de determinados segmentos da população que, tendo
desenvolvido maior consciência ambientalista, passam a cobrar dos órgãos competentes
posturas e procedimentos mais adequados, assumindo participação ativa no processo de
preservação e/ou de recuperação ambiental. Observa-se, hoje, que escolas, grupos
ambientalistas e diversas entidades de classe constituem verdadeiros núcleos de divulgação e
realimentação de ideias voltadas ao não desperdício dos recursos naturais e, portanto, à
reutilização dos materiais recicláveis, forçando as administrações à adoção de medidas nem
sempre econômicas, porém adequadas sob o ponto de vista ambiental.

A coleta seletiva, para a administração pública, pode ter objetivos tão variados
quanto os próprios problemas observados em sua comunidade. Tanto pode atender aos
interesses preservacionistas de comunidades preocupadas com o meio ambiente, como
possibilitar uma sensível redução das quantidades de resíduos a serem dispostos em aterros,
sobretudo nas regiões onde a escassez de áreas adequadas é problema incontornável.
Evidentemente, esse último objetivo, que tem justificado a maioria das iniciativas de
implantação de coleta seletiva, somente poderá ser almejado quando houver evidências,
comprovadas mediante análises quantitativas dos resíduos, de que a fração reciclável é
realmente significativa.

As comunidades de pequeno porte, por exemplo, possuem hábitos que resultam na


reutilização de determinados tipos de materiais. Assim, restos de cozinha são destinados à
alimentação de animais domésticos; recipientes são utilizados para o plantio de espécies
ornamentais, acondicionamento de alimentos ou de outros materiais; revistas, jornais e
vasilhames de vidro são vendidos aos populares “garrafeiros” que se deslocam de porta em
porta. Assim, os materiais descartados são aqueles que realmente não apresentam potencial
de reaproveitamento para a comunidade e certamente assim serão considerados para a coleta
seletiva. Nesses casos, a implantação da coleta seletiva pode não trazer os benefícios
esperados.

Os municípios que dispõem de usinas de compostagem de lixo, por sua vez,


também poderão obter benefícios com a implantação da coleta seletiva. No entanto, uma
proposta como esta, que demonstra preocupação com o meio ambiente, é absolutamente

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 40


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

incompatível com a existência de lixões, aterros e usinas de compostagem mal operados.

A coleta seletiva, embora ainda apresente problemas de ordem técnica e econômica,


constitui uma das metas a serem atingidas pelas comunidades que estejam preocupadas não
apenas com a resolução dos problemas da destinação dos resíduos, mas, acima de tudo, com
a preservação dos recursos naturais.

Figura 8- Coleta seletiva e os 4Rs.

3.2.1. Formas de Execução


A coleta seletiva para um município pode ser realizada de duas formas básicas:
remoção de porta-a-porta e utilização de postos de entrega voluntária (PEVs).

3.2.1.1. Remoção porta-a-porta

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 41


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A remoção porta-a-
porta consiste na coleta dos
materiais recicláveis gerados
pelos domicílios, numa atividade
semelhante à da coleta regular
executada pela maioria dos
municípios brasileiros. Nos dias
e horários determinados, esses materiais são depositados na frente dos domicílios pelos seus
usuários, sendo, então, removidos pelos veículos de coleta.

 A separação dos materiais

O acondicionamento e a coleta, quando realizados sem a segregação dos resíduos


na fonte, resultam na deterioração, parcial ou total, de várias das suas frações recicláveis. O
papelão se desfaz com a umidade, tornando-se inaproveitável; o papel, assim como o plástico
em filme (sacos e outras embalagens) sujam-se em contato com matéria orgânica, perdendo
valor; e os recipientes de vidro e lata enchem-se com outros materiais, dificultando sua seleção.

Também a mistura de determinados materiais à matéria orgânica, como pilhas,


cacos, tampinhas e restos de equipamentos eletrônicos pode piorar significativamente a
qualidade do composto orgânico produzido. Portanto, a implantação da coleta seletiva deve
prever a separação dos materiais na própria fonte geradora, evitando o surgimento desses
inconvenientes.

Para a implantação deste sistema, os resíduos gerados pelos domicílios são


separados em dois grupos:

 materiais recicláveis, ou sucata, compostos por papel, papelão, vidro, metal e


plástico.

 também chamados de lixo úmido ou simplesmente lixo, compostos pela


matéria orgânica e pelos materiais que não apresentam, atualmente,
condições favoráveis à reciclagem.

A relação dos materiais assim classificados pode variar de um município para outro,
uma vez que para determinada localidade pode não ser interessante, ou mesmo viável, a
separação de determinados materiais, por exemplo, pela simples inexistência de mercado
comprador. materiais recicláveis materiais não recicláveis

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 42


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Os materiais recicláveis, acondicionados em um único vasilhame, são coletados e


levados para unidades de triagem, onde são separados por tipo.

 Vantagem: comodidade para a população que pode resultar em uma maior


adesão da comunidade.

 Desvantagem: custo relativamente alto e possibilidade de ação dos catadores,


que percorrem os trechos de coleta antes dos veículos, apossando-se dos
materiais de maior valor comercial.

Figura 9- Símbolos da coleta seletiva.

3.2.1.2. Remoção por intermédio de postos de entrega voluntária — PEVs

A utilização de postos de entrega voluntária implica em uma maior participação da


população. Os veículos de coleta não se deslocam de domicílio em domicílio. A própria
população, suficientemente motivada, deposita seus materiais recicláveis em pontos

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 43


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

predeterminados pela administração pública, onde são acumulados para remoção posterior.
Plástico duro e do tipo filme, papel, papelão, vidro e metal são depositados
separadamente em recipientes especiais facilitando a triagem final. Os PEVs podem ter
constituição muito variada, dependendo dos recursos disponíveis. Normalmente são formados
por conjuntos de recipientes plásticos ou metálicos, como latões de 200 litros e contêineres, ou
de alvenaria, formando pequenas caixas ou baias, onde os materiais são depositados.
Esses recipientes, que devem
atender às exigências de capacidade e
função, são identificados por cores, seguindo
as normas internacionais, e devem ser
protegidos das chuvas e demais intempéries
por uma pequena cobertura. Os PEVs,
preferencialmente, devem ser instalados em
lugares protegidos, de fácil acesso e
visualização, frequentados por grande
número de pessoas, como postos de gasolina, escolas, hospitais, supermercados, terminais de
transporte coletivo, conjuntos habitacionais e outros.
 Vantagem: economia na coleta e prévia separação dos materiais.
 Desvantagem: possibilidade de depredação das instalações por vandalismo e
necessidade de empenho da população em conduzir seus materiais
recicláveis até os pontos predeterminados, podendo resultar num percentual
de participação menor que o da coleta porta-a-porta.

 Catadores de lixo
Os sistemas convencionais de coleta seletiva, fundamentados exclusivamente na
utilização das estruturas municipais, são normalmente caros. Apesar de a utilização de PEVs
resultar em redução nos custos da coleta, a triagem dos materiais continua sendo atividade
onerosa.
Uma alternativa é a utilização de catadores de rua, ou de lixões, em substituição à
mão-de-obra da prefeitura. As possibilidades dessa
utilização são múltiplas, podendo a responsabilidade
da administração municipal resumir-se à cessão de
terreno com galpão e equipamentos mínimos, como

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 44


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

prensas e mesa de triagem, que possibilitem a separação e o enfardamento dos materiais.


Também pode competir à administração municipal o cadastramento e a organização
dos catadores, preferencialmente na forma de cooperativa, ou associação. As atividades de
coleta, triagem e venda dos materiais ficam a cargo da própria cooperativa ou associações de
catadores.

3.3. APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

As oportunidades de valorização dos resíduos agroalimentares têm sua origem em


grande parte, de indústrias de processamento de origem animal e vegetal. A Figura 1 apresenta
de forma simplificada a visão conceitual e o potencial de valorização dos resíduos
agroindustriais oriundos das agroindústrias de processamentos.

Figura 10- Resíduos agroindustriais x elaboração de subprodutos.

3.3.1. Curtume
A utilização de resíduos passa por uma tomada de decisões de acordo com a
natureza e especificidade do resíduo. Matos (2014), pesquisando a viabilidade do uso de
resíduos oriundos dos curtumes, pôde observar que muitos materiais orgânicos são
essencialmente: pelos, gordura, carne e lodos do tratamento biológico, aparas de couro,
serragem de raspadeira e pó de lixadeira. Além desses, são resíduos as cinzas e fuligem das
caldeiras e o sal do batimento das peles. O processamento de 1 (um) t de pele salgada até a
etapa de acabamento final gera cerca de 100 Kg de matéria seca de lodo.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 45


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Conforme a figura acima a empresa JBS foi multada em 1 milhão de reais por jogar
resíduos de curtume no rio Paraguai em setembro de 2015.

Figura 11- Resíduos de Curtume

3.3.2. Celulose
Uma agroindústria bastante geradora de resíduos é a indústria de celulose. Na
década de 2000, a produção de papel no Brasil ficou em torno de 200 mil toneladas ano, em
média. Com isso, a produção de resíduos é quase que consequente a transformação dessa
matéria-prima. Os principais resíduos gerados são: restos de madeira, lama de cal, cinzas da
caldeira, dregs, grits e lodo. A utilização desses resíduos vem sendo abordado por vários
autores. Viana (2016), fala que a celulose é gerada a partir de troncos de árvores, sendo as
principias matérias o eucalipto seguido do pinus.

Para cada 100 Kg de celulose produzida são gerados 80 kg de resíduos sólidos.


Alguns dos resíduos oriundos da produção de celulose e papel vêm sendo utilizados no
condicionamento e na fertilidade do solo, melhorando as propriedades necessárias para o
desenvolvimento da cultura florestal. Resíduos sólidos e os efluentes gerados nos processos

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 46


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

de fabricação de celulose e papel têm sido aplicados como corretivos de acidez dos solos e
adubos em povoamentos de eucalipto, proporcionando redução nos custos com aquisição de
fertilizantes.

3.3.3. Etanol
O Brasil utiliza a cana-de-açúcar como matéria-prima para obter etanol há vários
anos, e é o país que apresenta maior crescimento dessa cultura. Cada tonelada de cana-de-
açúcar processada gera em torno de 140 kg de bagaço. Entre 60 e 90% deste resíduo são
utilizados pela própria indústria sucroalcooleira como combustível para geração de energia e
calor.
Entretanto, existe ainda um excedente que gera problemas ambientais e de
estocagem, em decorrência, diversos trabalhos têm sido feitos na busca por alternativas de
utilização deste subproduto, com o desenvolvimento de novos coprodutos como ração animal,
papel, papelão, aglomerados, como material alternativo na construção civil, na produção de
biomassa microbiana e como meio adsorvente de contaminantes orgânicos.

3.3.4. Casca de coco verde


O consumo da água de coco verde é um hábito tipicamente brasileiro, mas que tem
se expandido rapidamente, tanto no território nacional, quanto no restante do mundo. O
aumento do número de empresas e a entrada de grandes grupos internacionais do setor de
alimentos têm alavancado a produção brasileira de água de coco envasada. Estima-se que o
Brasil possui uma área plantada de 90 mil hectares de coqueiro anão, destinados à produção
do fruto verde para o consumo da água de coco.
As cascas provenientes deste agronegócio representam 80% a 85% do peso bruto
do fruto e cerca de 70% de todo resíduo gerado nas praias brasileiras. O destino deste material
são os aterros e vazadouros e, como toda matéria orgânica, são emissores potenciais de gases
estufa, e, contribuem para que a vida útil dos aterros diminua, para que ocorra proliferação de
vetores transmissores de doenças, mau cheiro, possível poluição de solo e de corpos d'água,
além da inevitável destruição da paisagem urbana.
O material fibroso que constitui o mesocarpo do fruto, também denominado fibra, é
um produto tradicional em países como a Índia e Sri Lanka, habituados a processarem o coco
madura. A demanda crescente por fibras de coco se dá em razão do interesse por produtos
ecologicamente corretos, por ser proveniente de uma fonte renovável, biodegradável e de baixo
custo e por suas características oferecerem diversas possibilidades de utilização. As fibras de

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 47


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

coco verde apresentam-se como mais uma opção para este nicho do mercado e seu uso vem
sendo atestado positivamente com resultados equivalentes aos obtidos com a fibra do coco
maduro.
As fibras da casca de coco verde já são utilizadas na fabricação de vasos, tapetes,
mantas para contenção da erosão, artesanatos, acessórios automotivos, novos materiais etc. O
pó da casca de coco destaca-se por ser um material
biodegradável, renovável, muito leve assemelhando-
se com as melhores turfas de Sphagnum encontradas
no Norte da Europa e América do Norte. Por
apresentar estrutura física vantajosa, proporcionando
alta porosidade, alto potencial de retenção de
umidade e elevado favorecimento da atividade
fisiológica das raízes, ganhou interesse comercial
principalmente como substrato agrícola no cultivo de plantas envasadas.
As características desse resíduo abrem ainda possibilidades de uso na área de
biorremediação de solos e biossorção
de metais pesados, como substrato
para cama de animais de laboratório ou
ainda pode ser transformado em
substitutos de painéis do tipo medium
density fiberboard (MDF) ou mesmo
briquetes por meio de um processo de
compactação a pressões elevadas.
Outra oportunidade
importante de agregação de valor está
relacionada ao líquido gerado durante a prensagem da casca de coco verde (LCCV). O LCCV
apresenta um conteúdo de polifenois, açúcares e potássio que vem estimulando pesquisas
com o intuito de avaliar seu uso em aplicações de alto valor agregado. Os estudos abordam o
seu potencial como fonte de taninos para formulação de resinas fenólicas e para fins
fitoterápicos; como fonte de açúcar em processos fermentativos e geração de biogás; e como
fonte de potássio, na fertilização de cultivos agrícolas.

3.3.5. Pseudocaule da bananeira

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 48


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O Brasil possui mais de 500mil hectares cultivados de banana, sendo o terceiro


maior produtor mundial de bananas. Segundo estimativas da UNIVALE, que produz banana no
perímetro irrigado do Rio Jaguaribe/CE, produz-se de 50 a 150 toneladas/hectare/ano de
pseudocaule, dependendo da variedade plantada.
Existem diversas alternativas para a utilização do pseudocaule, como:
 Aproveitamento da massa de celulose para fabricação de papéis especiais e
de etanol, fermentação das pentoses e produção de biogás (SOFFNER,
2001).
 A polpa celulósica kraft branqueada de bananeira possibilitaria a confecção de folhas
características similares ou superiores às do "papel
japonês" utilizado para restauração de documentos
(SILVA, 1998).
 Adicionalmente, o uso do pseudocaule para obtenção de
nanocelulose vem sendo estudado (PEREIRA et al.,
2010).
 No caso do cenário de utilização da fibra do pseudocaule
da bananeira para produção de celulose, ocorre a
geração do líquido do pseudocaule da bananeira (LPCB).
Uma alternativa para utilização sustentável do LPCB é a
degradação anaeróbia visando, não somente o tratamento deste efluente para ser
disposto adequadamente no meio ambiente, como também a produção de biogás para
geração de energia (LEITÃO et al., 2009).

4. GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA

4.1. Classificação e usos da água

A água é utilizada em todas as atividades humanas, podendo servir para consumo


ou como insumo em algum processo produtivo. A classificação da qualidade da água varia
conforme o seu uso. Na água são encontradas outras substâncias, que não somente moléculas
de H e O, que muitas vezes são necessárias para a manutenção da vida de determinados
organismos, não significando, portanto, que estejam poluídas. Já, em outras, há substâncias
estranhas em sua composição que prejudicam o seu uso, significando que estão poluídas.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 49


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

4.1.1. Usos da água


Os principais usos da água são:
• Abastecimento doméstico – preparação de alimentos, bebidas, higiene pessoal,
limpeza na habitação, irrigação de jardins e hortas particulares, criação de animais domésticos,
entre outros.
• Abastecimento público – moradias, escolas, hospitais, irrigação de parques e
jardins, limpeza de ruas e logradouros, paisagismo, combate a incêndios, entre outros.
• Abastecimento industrial – como matéria-prima, na produção de alimentos e
produtos farmacêuticos, em sistemas de refrigeração, metalurgia, lavagem nas áreas de
produção de papel, tecido, abatedouros, para produção de vapor, entre outros.
• Abastecimento comercial – em escritórios, oficinas, nos centros comerciais e lojas,
em bares, restaurantes, entre outros.
• Abastecimento agrícola e pecuário – na irrigação para produção de alimentos, para
tratamento de animais, lavagem de instalações, máquinas e utensílios.
• Recreacional – lazer, turismo, piscinas, lagos, parques, rios, entre outros. •
Geração de energia elétrica – produção de energia pela derivação das águas de seu curso
natural.
• Saneamento – diluição e tratamento de efluentes.
4.1.2. Classificação
A resolução CONAMA 357/2005 classifica os corpos d´água, segundo a qualidade
requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes subdivididas em águas doces,
águas salinas e águas salobras.
Águas doces são águas com salinidade igual ou inferior a 0,5‰. As águas salobras
apresentam salinidade superior a 0,5‰ e inferior a 30‰. Águas salinas possuem salinidade
igual ou superior a 30‰.

4.2. Poluição da água

A poluição hídrica diz respeito às alterações que ocorrem nas características físicas,
químicas e/ou biológicas das águas, constituindo prejuízo à saúde, à segurança e ao bem estar
da população. Isso implica no comprometimento da fauna e da utilização das águas para fins
recreativos, comerciais, industriais e de geração de energia.
Esta poluição pode ser causada pelo crescimento populacional e pela urbanização
desordenada, pela instalação de indústrias, pelo aumento da produção agrícola e sua pesada

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 50


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

carga e descarga de pesticidas e fertilizantes no ambiente.

4.2.1. Poluição das águas superficiais


A poluição das águas superficiais pode ser classificada quanto às fontes, em
pontuais ou difusas, em função das formas nas quais os poluentes podem alcançar os
mananciais. As fontes pontuais são aquelas que possuem um local determinado de lançamento
na água, como as tubulações de esgotos domésticos e industriais ou de galerias de águas
pluviais. As fontes difusas caracterizam-se por não apresentarem um ponto específico de
descarga dos poluentes na água, como exemplo, águas de escoamento superficial, drenagem
de sistemas de irrigação e infiltração, a partir do lançamento de resíduos sólidos e líquidos no
solo e lançamentos aleatórios de detritos na água.

4.2.2. Poluição das águas subterrâneas

A infiltração de água contaminada pode causar a poluição de mananciais


subterrâneos. Estas águas podem originar-se de fossas sépticas, líquidos percolados em
depósitos de lixo (chorume), esgotos lançados no solo, sistemas de irrigação com águas
servidas, drenagem de áreas irrigadas com pesticidas e fertilizantes, injeção de resíduos
líquidos, domésticos ou industrias no subsolo, vazamento de tubulações e depósitos
subterrâneos, infiltração de águas superficiais poluídas.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 51


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

4.3. Classificação da poluição hídrica

A poluição hídrica é classificada em sedimentar, química, térmica e biológica.

Figura 12- Classificação da poluição hídrica

4.3.1. Poluição sedimentar


A poluição sedimentar é resultante da acumulação de partículas em suspensão, tais
como partículas de solo e de produtos químicos orgânicos ou inorgânicos insolúveis. Como, por
exemplo, sedimentos contaminados com agrotóxicos transportados pelas chuvas para os rios.
Estes sedimentos bloqueiam a entrada dos raios solares interferindo na fotossíntese das
plantas aquáticas e, também, carregam poluentes químicos e biológicos adsorvidos. Os
sedimentos constituem a maior massa de poluentes e geram a maior quantidade de poluição
nas águas.
4.3.2. Poluição química
Esta poluição é causada por produtos químicos que afetam a fauna e a flora
aquática ao longo do tempo. Os poluentes químicos são divididos em:
• Biodegradáveis – quando são decompostos pela ação de bactérias ao longo do
tempo, como, por exemplo, detergentes, inseticidas, fertilizantes, petróleo, entre outros.
• Persistentes – quando se mantém por longo tempo no meio ambiente e nos
organismos vivos, podendo causar problemas como a contaminação de alimentos, peixes e
crustáceos.
São exemplos de poluentes persistentes o DDT, o mercúrio, entre outros.
4.3.3. Poluição térmica
A poluição térmica é devida a despejos, nos rios, de grandes volumes de água
aquecida usada no processo de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e usinas termoelétricas.
O aumento da temperatura da água causa a aceleração do metabolismo dos seres vivos

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 52


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

levando ao aumento da necessidade de oxigênio e aceleração do ritmo respiratório.


Também ocorre a diminuição da solubilidade dos gases em água, causando um
decréscimo na quantidade de oxigênio dissolvido. Esta diminuição acarreta prejuízo para a
respiração da fauna e flora aquáticos, afetando, inclusive os ciclos de reprodução. A ação dos
poluentes, já presentes na água, é potencializada pelo aumento na velocidade das reações e
solubilidade de alguns poluentes.
4.3.4. Poluição biológica
A poluição biológica ocorre por meio da infecção por organismos patogênicos,
existentes nos esgotos. Pode conter bactérias que provocam infecções intestinais epidêmicas e
endêmicas, vírus que provocam hepatites, infecções nos olhos, protozoários, que são
responsáveis pelas amebíases e giardíases, vermes da esquistossomose e outras infestações.
Embora a água de nascentes ou de poços artesianos, com aparência cristalina, possa parecer
limpa, muitas vezes está contaminada pela proximidade com fossas e lançamento de esgotos.
Essa contaminação é devido a infiltração através do solo, quando as bactérias e vírus por
serem muito menores, chegam à água de poços e nascentes transmitindo doenças.

4.4. Eutrofização

A eutrofização é o fenômeno da proliferação e crescimento excessivo das plantas


aquáticas que causam interferências no corpo d’água. Este crescimento é estimulado por um
nível excessivo de nutrientes, principalmente N e P, resultante da poluição das águas por
adubos, fertilizantes, detergentes e esgoto doméstico sem tratamento prévio. Há um aumento
da carga desses minerais levando a proliferação das algas microscópicas localizadas na
superfície.
Essa espessa camada de algas dificulta a entrada da luz solar na água, impedindo a
realização da fotossíntese pelos organismos presentes nas camadas mais profundas, levando-
os a morte. Por sua vez, este fato faz aumentar a proliferação de bactérias decompositoras e o
consumo de O, que leva a morte da fauna aquática e outros organismos aeróbicos. Com
ausência do O, a decomposição orgânica torna-se anaeróbica cujo resultado são os gases,
como o sulfúrico de cheiro forte característico do fenômeno.

A eutrofização pode ser natural, visto que os lagos tendem para esse estado, ou
antrópica provocada pela intervenção do homem. A eutrofização causa a destruição da fauna e
da flora de muitos ecossistemas aquáticos, transformando-os em esgotos a céu aberto. Esse

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 53


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

cenário permite a proliferação de inúmeras doenças causadas por bactérias, vírus e vermes.
Figura 13 Processo de eutrofização

O processo de eutrofização, normalmente, ocorre com a repetição da entrada de


nutrientes no lago ao longo do tempo. Geralmente, com uma única ocorrência e uma pequena
quantidade de nutrientes, o lago volta ao seu estado normal através do processo de
autodepuração.

4.5. Processos de tratamento de efluentes

O tratamento de efluentes consiste na remoção de poluentes e o método a ser


utilizado depende das características físicas, químicas e biológicas.
4.5.1. Motivos para tratar os efluentes
Os efluentes devem ser tratados para a disposição final, de tal forma, que o sistema
deve ser projetado para atender as condições de lançamento da classe do corpo hídrico
receptor. Essas condições são definidas na legislação e avaliadas em termos de padrões físico-
químicos que são: temperatura, cor, turbidez, condutividade, DBO e DQO, pH, compostos
tóxicos e metais pesados, oxigênio dissolvido, H2S, CH4, N, e quantidade de sólidos
(suspensos, sedimentáveis, totais e dissolvidos).
Também pode ser tratado para o reuso, ou seja, uma parte de determinado efluente
pode ser tratado de uma certa forma (grosseira) para usos menos exigentes em termos de
qualidade de água e o restante de forma mais completa, para usos mais nobres.
DBO ou Demanda Bioquímica de Oxigênio Corresponde à quantidade de oxigênio
necessária oxidar a matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas (quanto de
plantas e/ou animais presentes na água que consumirão determinada quantidade de oxigênio).
DQO ou Demanda Química de Oxigênio Avalia a quantidade de Oxigênio Dissolvido (OD)

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 54


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

consumido em meio ácido que leva à degradação de matéria orgânica, sendo essa
biodegradável ou não (quanto de produto químico presente na água que consumirá
determinada quantidade de oxigênio).
A reutilização de um subproduto permite que o meio ambiente seja poupado tanto
pela captação dos recursos como pela disposição final.
4.5.2. Tipos de tratamento de efluentes
Os processos de tratamento são classificados em físicos, químicos e biológicos,
conforme a natureza dos poluentes a serem removidos e/ou das operações unitárias utilizadas
para o tratamento. Também, podem ser classificados em função da eficiência, sendo
denominados como primário, secundário e terciário. Um diagrama simplificado é mostrado na
Figura 14.

Figura 14- Tipos de tratamento de efluentes

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 55


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

4.5.2.1. Tratamento físico-químico ou primário

O tratamento primário consiste em operações físicas e adição de produtos químicos


para facilitar os processos seguintes:
• Gradeamento ou peneiramento para a separação de sólidos grosseiros, visando
evitar desgaste de bombas ou obstruções em tubulações.
• Caixa de areia para a remoção de sólidos sedimentáveis de alta.
• Caixa retentora visando a remoção de óleos e graxas.
• Tanque de homogeneização ou equalização para misturar e adicionar produtos
químicos para o ajuste de pH, coagulação, floculação e clarificação.

4.5.2.2. Tratamento biológico ou secundário

O tratamento biológico ou secundário visa a remoção da matéria orgânica dissolvida


e em suspensão ao transformá-la em sólidos sedimentáveis ou flocos biológicos e gases. O
processo biológico reproduz os fenômenos que ocorrem na natureza, porém de forma
acelerada. Os principais processos são: processos aeróbios, facultativos e anaeróbios. Os
processos aeróbios são representados por sistemas de lodo ativado e suas variações,
denominadas: sistema de aeração prolongada, lagoas aeradas facultativas e lagoas aeradas
aeróbias. Os processos facultativos são realizados pela utilização de filtros biológicos e por
lagoas fotossintéticas e lagoas aeradas facultativas.

Figura 15-: Lagoa fotossintética

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 56


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Os processos anaeróbios ocorrem em lagoas anaeróbias e biodigestores.

4.5.2.3. Tratamento terciário

O tratamento terciário visa a remoção de poluentes específicos, ou ainda, remoção


adicional de poluentes antes da descarga no corpo hídrico receptor ou para recirculação em
sistema fechado. Essa operação é, também, chamada de polimento. Os processos são
específicos para as necessidades de cada tipo de indústria, resultando em processos
diversificados.
As principais etapas são: filtração, cloração ou ozonização para a remoção de
bactérias, absorção por carvão ativado, e outros processos de absorção química para a
remoção de cor, redução de espuma e de sólidos inorgânicos, tais como eletrodiálise, osmose
reversa e troca iônica.

5. GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA AGROINDÚSTRIA

5.1. Sistema de Gestão Ambiental

O sistema de gestão ambiental é um conjunto de procedimentos que visa a ajudar a


organização empresarial a entender, controlar e diminuir os impactos ambientais de suas
atividades, produtos ou serviços. Está baseado no cumprimento da legislação ambiental
vigente e na melhoria contínua do desempenho ambiental da organização. Possibilita às
organizações uma melhor condição de gerenciamento para seus aspectos e impactos
ambientais, além de interagir na mudança de atitudes e de cultura da organização.
Pode também, alavancar seus resultados financeiros, uma vez que atua na melhoria
contínua de seus processos e serviços. A série de normas ISO 14000, lançada
internacionalmente em 1996, tem como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental
que auxilie as organizações a cumprir os compromissos assumidos com o ambiente natural.
Como o processo de certificação é reconhecido internacionalmente, também possibilita as
organizações distinguir-se daquelas que somente atendem à legislação ambiental, mas que

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 57


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

não possuem certificação.

Figura 16-: Série de normas ISO 14000

A série ISO 14000 auxilia a organização no que é necessário para desenvolver um


novo sistema de gestão ambiental ou melhorar o já existente. A melhoria contínua é o processo
de aperfeiçoar o sistema de gestão ambiental para alcançar melhorias no desempenho
ambiental total em alinhamento com as políticas da organização.
A norma ISO 14001 é a única norma do conjunto ISO 14000 que certifica
ambientalmente uma organização, embora não exija que a mesma já tenha atingido o melhor
desempenho ambiental possível, nem esteja utilizando as melhores tecnologias disponíveis.
A norma ISO 14004 é destinada ao uso interno, servindo como um guia para o
estabelecimento e implementação de seu Sistema de Gestão Ambiental – SGA e não enseja
certificação.
5.1.1. Aspectos e impactos ambientais
A busca da melhoria dos processos visa minimizar os impactos sobre o meio
ambiente. A avaliação dos impactos também é um item fundamental para as empresas que
buscam a certificação da série ISO 14001 para seu sistema de gestão ambiental. O
levantamento dos aspectos e impactos ambientais das atividades da empresa é uma etapa

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 58


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

necessária para a melhoria dos processos, assim como, para a certificação ambiental. Aspecto
ambiental é definido, pela NBR ISO 14001, como elemento das atividades, produtos e serviços
de uma organização, que possam interagir com o meio ambiente.
O aspecto pode estar relacionado a uma máquina ou equipamento, assim como, a
uma atividade executada por ela ou por alguém que produza ou apresente a possibilidade de
produzir algum efeito sobre o meio ambiente.
A NBR ISO 14001, prioriza o levantamento dos aspectos ambientais significativos, já
que os aspectos envolvidos em um processo são muitos. Aspecto ambiental significativo é
aquele que tem um impacto ambiental significativo (ABNT NBR ISO 14001:2004). Dessa forma,
impacto ambiental é qualquer mudança no meio ambiente, tanto positiva quanto negativa, total
ou parcial, resultado das atividades, produto ou serviços da organização (ABNT NBR ISO
14001:2004).

Quadro 2-: Diferença entre aspecto e impacto ambiental

5.1.2. Responsabilidade social empresarial


A responsabilidade social empresarial é um tema de grande relevância nos principais
centros da economia mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, os fundos de investimento
formados por ações de empresas socialmente responsáveis tem apresentado considerável
crescimento. No Brasil, foi na década de 90 que o movimento de valorização da
responsabilidade social empresarial foi impulsionado, através da ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.
O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, na
promoção do balanço social, é uma de suas expressões e tem logrado progressiva

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 59


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

repercussão. Normas e certificações foram criadas com o objetivo de atestar que a


organização, além de ter procedimentos internos corretos, participa de ações não lucrativas em
áreas como cultura, assistência social, educação, saúde, proteção do meio ambiente e defesa
dos direitos comunitários. Estão relacionadas ao processo produtivo, as relações com a
comunidade e as relações com os empregados.
No processo produtivo, são analisadas as relações trabalhistas, o respeito aos
direitos humanos, a contratação de mão de obra, inclusive fornecedores, a gestão ambiental e
a natureza do produto/serviço. Nas relações com a comunidade, são analisadas a natureza e o
foco das ações desenvolvidas, os problemas sociais solucionados e os beneficiários e
parceiros. Nas relações com os empregados, são analisados os benefícios concedidos,
inclusive aos familiares, o clima organizacional, a qualidade de vida no trabalho e as ações
para aumento da empregabilidade.

5.1.2.1. Normas brasileiras

A ABNT NBR ISO 26000:2010 é uma norma de uso voluntário e estabelece


diretrizes sobre responsabilidade social. Não visa nem é apropriada para fins de certificação.
Esta norma indica que a responsabilidade social está integrada em toda a organização, que ela
seja praticada em suas relações e que leve em conta os interesses das partes interessadas.
Reflete o desejo e o propósito das organizações em incorporarem considerações
socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas
decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente.
Implica um comportamento ético e transparente que contribua para o
desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja
consistente com as normas internacionais de comportamento. Os princípios são:
responsabilização, transparência, comportamento ético, respeito pelos interesses das partes
interessadas, respeito pelo estado de direito, respeito pelas normas internacionais de
comportamento e direito aos seres humanos.
A ABNT NBR 16001:2012 trata dos requisitos de gestão de responsabilidade social.
É uma iniciativa inédita no mundo, uma vez que o INMETRO foi o primeiro órgão
governamental a assumir a coordenação de um programa de avaliação da conformidade,
baseado em uma norma de gestão da responsabilidade social.

5.1.2.1.1. Selos sociais no Brasil

Na década de 1940, surgiu na Europa o movimento Comércio Justo e Solidário, que

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 60


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

representa a busca por uma produção responsável com relação às condições de trabalho. Este
movimento envolve também, a comercialização de produtos através de sistemas mais justos de
remuneração, permitindo o desenvolvimento da comunidade local.
A partir da década de 1990, os selos de responsabilidade socioambiental
proliferaram por diversas áreas e organizações. Atualmente, é possível encontrar selos de
certificação de boas práticas empresariais em qualquer área de atuação econômica. Isso
porque os selos tornaram-se um determinante competitivo que demonstra que os produtos e
serviços daquela empresa são social e/ou ambientalmente corretos.

Figura 17- Selos socioambientais no Brasil.

5.2. Produção mais limpa (P + L)

A produção mais limpa visa melhorar a eficiência, a lucratividade e a competitividade


das empresas, enquanto protege o ambiente, o consumidor e o trabalhador. É um conceito de
melhoria contínua que tem por consequência tornar o processo produtivo cada vez menos
agressivo ao homem e ao meio ambiente.
A implementação de práticas de produção mais limpa resulta numa redução
significativa dos resíduos, emissões e custos. Cada ação no sentido de reduzir o uso de
matérias-primas e energia, prevenir ou reduzir a geração de resíduo, pode aumentar a
produtividade e trazer benefícios econômicos para a empresa. Produção mais Limpa é a

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 61


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

aplicação contínua de uma estratégia integrada de prevenção ambiental a processos, produtos


e serviços, para aumentar a eficiência de produção e reduzir os riscos para o ser humano e o
ambiente.
O principal ponto desse conceito é a necessidade de desenvolver mais e mais os
processos de produção, passo a passo, com a análise contínua do processo, melhorando e
otimizando o processo antigo e/ou implementando total ou parcialmente novos processos. Em
geral, as melhorias e inovações advêm de um programa simples de gerenciamento e ocorrem
como resposta às condições reais enfrentadas pelos indivíduos envolvidos no processo.
A produção mais limpa é uma filosofia proativa que permite antecipar e prever
possíveis impactos. Simpatizantes dessa filosofia afirmam que a produção mais limpa pode ser
utilizada ao longo de todo o ciclo de vida de um produto, desde a fase de projeto, passando
pela fase de consumo, até sua disposição final. Com isso, a produção mais limpa ampliaria seu
raio de ação.
Nesse caso, o fabricante controlaria todos os estágios da vida do produto, incluindo
a pré-manufatura, que pode ser influenciada pela interação fabricante/fornecedor. Sob essa
abordagem, quatro etapas podem ser propostas:
• substituir matérias-primas, considerando o significado ambiental da utilização das
não renováveis.
• observar a necessidade de melhorar o processo de manufatura, definir a real
necessidade de insumos e estabelecer a viabilidade da reutilização/reciclabilidade de
subprodutos.
• considerar as implicações ambientais de embalagem e distribuição do produto. •
produto final não deve ser classificado como produto final, mas sim como intermediário, pois
pode ser reutilizado ou reciclado no final de sua vida útil.
Entre as ações da produção mais limpa pode-se citar a substituição de materiais,
mudanças parciais do processo (como substituição de catalisadores ou materiais tóxicos),
redução da emissão de substâncias tóxicas e outras melhorias na fabricação de produtos que,
de uma forma ou de outra, acabam direta ou indiretamente diminuindo o impacto do processo
sobre o meio ambiente.
No quadro 5.1 são apresentados alguns casos de implantação de medidas que
visam à produção mais limpa, e os resultados obtidos. Estes dados, bem como outros
exemplos, podem ser acessados no site da CETESB: http://
www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/casos_geral.asp

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 62


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Quadro 3- implantação de medidas que visam à produção mais limpa.

A produção mais limpa é identificada como a responsável pelo conhecimento da


natureza, seus processos nos recursos naturais, as consequências das alterações antrópicas,
seus aspectos e impactos ambientais, as ações preventivas e as tecnologias corretivas que
visam à melhoria, à recuperação da qualidade ambiental e à preservação dos recursos
naturais.

Em processos produtivos são usadas tanto ações corretivas, visando superar


problemas existentes, como ações preventivas, antecipando-se a problemas futuros, na busca
da sustentabilidade socioambiental. Os instrumentos de gestão ambiental são fortemente
amparados em ações preventivas e ações corretivas.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 63


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Relação entre desenvolvimento sustentável, produção mais limpa e sustentabilidade.


Para a implantação da produção mais limpa é imprescindível o conhecimento dos resíduos
sólidos, líquidos e atmosféricos gerados em cada processo produtivo que está sendo avaliado.

Figura 18- Esquema de produção mais limpa,

5.3. Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Industriais

A gestão dos resíduos sólidos urbanos e industriais deve sempre estar em


consonância com os princípios estabelecidos pela Agenda 21, bem como em atendimento às
exigências legais. Os quatro pilares fundamentam o chamado Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos – PGRS.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 64


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A elaboração do PGRS visa à destinação final adequada dos resíduos sólidos e


evitando que eles sejam jogados de forma indiscriminada no meio ambiente. A seguir é
apresentada de forma detalhada a estrutura do PGRS.

Figura 19- Ciclo do PGRS.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 65


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

5.3.1. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

5.3.1.1. Acondicionamento

É a etapa de preparação dos resíduos para a coleta adequada de acordo com o tipo
e quantidade gerada. Os resíduos são acondicionados em recipientes próprios e mantidos até
o momento em que são coletados e transportados ao aterro sanitário ou outra forma de
destinação final. Destaca-se que o acondicionamento dos resíduos deve ser realizado de forma
a evitar acidentes e proliferação de vetores.

Assim, esta etapa pode ser considerada temporária, mas, sem dúvida, fundamental
para o êxito do PGRS, pois pode facilitar a coleta dos resíduos. Para o acondicionamento
temporário de resíduos, podem ser utilizadas caçambas, contêineres e lixeiras destinadas à
coleta de resíduos recicláveis (coleta seletiva), dependendo do tipo de resíduo. Cabe destacar
que é fundamental a identificação dos recipientes onde os resíduos serão acondicionados,
identificando com figuras (cores) e dizeres qual é o tipo de resíduos que corresponde àquele
recipiente, visando facilitar o correto descarte de resíduos.

De acordo com a Resolução CONAMA 275/2001, foram estabelecidas padrões de


cores para os diferentes tipos de resíduos para identificação de coletores, conforme abaixo:

• Azul: papel / papelão; • Vermelho: plástico; • Verde: vidro;

• Amarelo: metal; • Preto: madeira;

• Laranja: resíduos perigosos;

• Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde;

• Roxo: resíduos radioativos;

• Marrom: resíduos orgânicos;

• Cinza: resíduos geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de


separação.

A coleta seletiva permite que os materiais que podem ser reciclados sejam
separados dos demais, ou seja, os materiais recicláveis são separados em papéis, plásticos,
metais, vidros, sendo que o lixo orgânico (restos de alimentos, podas de árvores, folhas secas
e outras partes das árvores) são utilizados para a fabricação de adubos orgânicos por meio da
compostagem ou são (deveriam) encaminhados para o aterro sanitário.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 66


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Cabe destacar que as pilhas e baterias também devem ser separadas, pois, se
descartadas inadequadamente no meio ambiente, podem causar contaminação do solo em
virtude da presença de metais pesados em sua composição. Ainda nesse grupo enquadram-se
os resíduos hospitalares em virtude da contaminação biológica que podem apresentar, sendo
que eles devem ser segregados dos demais resíduos e destinados à incineração.

5.3.1.2. Coleta

O passo seguinte é a coleta dos resíduos anteriormente acondicionados de forma


correta. Esta etapa deve ser realizada com frequência para evitar que o resíduo fique muito
tempo exposto e ocorra emissão de odores e atração de vetores. Por esse motivo, a
regularidade é imprescindível, pois reduz o acúmulo de resíduos nos recipientes de
acondicionamento. Cabe destacar que a coleta geralmente é realizada por caminhões, que
transportam o resíduo até o destino final pretendido. Ainda nesta etapa pode-se dizer que caso
o acondicionamento de resíduos seja feita de forma adequada, realizando a segregação do
lixo, a coleta é facilitada, favorecendo posteriormente a reciclagem.

Ressalta-se ainda que, quando possível, deve ser realizada coleta periódica de
resíduos especiais como pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes. Dessa forma, a coleta
seletiva dos resíduos contribui de forma direta para a sustentabilidade, pois reduz
significativamente o consumo de recursos naturais, bem como minimiza a possibilidade de
poluição dos recursos hídricos e solo.

5.3.1.3. Transporte

Após a etapa de coleta dos resíduos, o próximo passo corresponde ao transporte


desses resíduos à etapa de tratamento, e posteriormente, à destinação final. O transporte dos
resíduos geralmente é realizado por caminhões específicos para tal finalidade. Nesta etapa,
devem ser tomados alguns cuidados com relação às exigências legais, buscando sempre
verificar e atender às normas de transporte de resíduos da localidade, bem como atentar para o
arquivamento de certificados e manifesto de transporte de resíduos, já que, por meio destes, é
possível assegurar que o resíduo foi transportado de forma adequada até o destino final, que
pode ser a reciclagem ou o tratamento.

5.3.1.4. Reciclagem

A reciclagem é um processo no qual os resíduos são reaproveitados para um novo

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 67


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

produto, economizando matéria-prima que seria necessária para a produção destes novos
produtos. A reciclagem é facilitada pelo correto acondicionamento dos resíduos, por meio da
realização da coleta seletiva.

Cabe destacar que as associações dos catadores também contribuem para a


reciclagem, uma vez que eles realizam a coleta dos resíduos e posteriormente efetuam a venda
para as recicladoras, aumentando o índice de separação de materiais para a reciclagem. Em
Curitiba, foi implantado o Projeto EcoCidadão, em 2007 e é voltado para os catadores de
materiais recicláveis de Curitiba. Tem como gestor a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a
Fundação de Ação Social – FAS, como principal parceira do projeto.

Foi implantado como alternativa para aumentar o índice de separação de materiais


para a reciclagem, fortalecendo a coleta informal e, especialmente, para o reconhecimento e a
inclusão do catador na cadeia de reciclagem, possibilitando o aumento de sua renda, sua
proteção e resgate a uma vida digna. Dessa forma, os resíduos chegam aos recicladores
segregados e prontos para reciclagem.

No entanto, é importante destacar que caso os resíduos não sejam separados de


forma adequada, resultará em problemas no processo de reciclagem. O fato de se reciclar
resíduos, sem dúvida, contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários, haja vista
que uma menor quantidade de resíduos é encaminhada aos mesmos. Nesse sentido, segundo
CALDERONI (2003), os ganhos proporcionados pela reciclagem decorrem do fato de que é
mais econômica a produção a partir da reciclagem do que a partir de matérias-primas virgem,
pois a produção a partir da reciclagem utiliza menos energia, matéria prima, recursos hídricos,
reduz os custos de controle ambiental e também os de disposição final do resíduo.

Cabe destacar que a reciclagem apresenta relevância ambiental, econômica e


social, com implicações que se desdobram em esferas, tais como: organização espacial,
preservação e uso racional dos recursos naturais, conservação e economia de energia,
geração de empregos, desenvolvimento de produtos, geração de renda e redução de
desperdícios, entre outros (CALDERONI, 2003).

5.3.1.5. Tratamento

Esta etapa tem por objetivo reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos
resíduos sólidos, impedindo o descarte inadequado deles no meio ambiente, transformando-os

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 68


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

em material inerte ou biologicamente estável. Para os resíduos orgânicos, uma alternativa


sustentável é a compostagem.

5.3.1.5.1. Compostagem

Segundo dados do CEMPRE, em 2010, cerca de 4%, do lixo sólido orgânico urbano
gerado no Brasil foi compostado. A compostagem pode ser definida como o processo de
produção de adubo a partir da decomposição dos resíduos orgânicos. É um processo simples e
pode ser feita em casa, seguindo apenas alguns passos: É preciso primeiramente escolher
uma área no quintal. Não é preciso que a área seja concretada, desde que o piso de terra
esteja compactado para impedir a infiltração do chorume.

Prepare sua área de compostagem em local fresco e seco, protegido da chuva e da


insolação direta. Depois da definição da área é necessário colocar uma primeira camada de 5
cm de resíduo de palha ou folhas secas junto ao local definido. Sobre esta camada, coloque
restos de comida e outros resíduos orgânicos de fácil decomposição como misturados. Depois,
polvilhe um pouco de terra (cerca de 5 cm) ou sobreponha uma nova camada de palha ou
folhas secas. Intercale estas camadas até atingir a altura máxima de 1m.

Faça sempre montes pequenos, de no máximo 1m x 1m x 1m (comprimento x


largura x altura) para facilitar a movimentação e revolvimento do material. Uma vez por
semana, procure revirar o monte de composto e molhá-lo superficialmente. Lembre-se que
quanto mais triturado estiver o resíduo primário, mais rápida será sua decomposição e o
preparo do composto orgânico. O ideal é que os materiais tenham entre 10 e 40 milímetros de
tamanho.

Caso prepare o composto orgânico em áreas abertas, evite misturar restos e


pedaços de carne, que poderão atrair insetos e roedores. Com o passar dos dias perceberá
que a temperatura do monte estará aumentando. Não se preocupe, pois ela se elevará até
aproximadamente 70°C com o decorrer dos dias. Nunca se esqueça de revolver o monte, pois
isso ajuda a aerar a massa e manter a temperatura adequada.

Após esse período, o composto pode ser utilizado como adubo orgânico em uma
infinidade de espécies vegetais como em fruticultura, jardins, paisagismo, gramados,
reflorestamento, produção de mudas, grãos etc.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 69


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Figura 20- Processo de Compostagem

5.3.1.6. Destinação final

A última etapa do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos refere-se à


destinação final dos resíduos, configurando-se como um grande desafio para as cidades em
virtude da grande quantidade de resíduos gerada. Como alternativas de disposição final podem
ser citadas:

- Lixão

Esta é uma forma inadequada de disposição de resíduos, pois o local não possui
nenhum tipo de tratamento. O resíduo é disposto diretamente no solo, o que pode causar
diversos tipos de contaminação, além da atração de vetores e odores, não possuindo nenhuma
técnica de tratamento, bem como podendo se encontrar em locais inadequados. Essa
disposição ainda tem como agravante a presença de pessoas, as quais se utilizam da

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 70


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

garimpagem do lixo como forma de sobrevivência e até mesmo para alimentação, podendo
ainda adquirir várias doenças, tornando-se, dessa maneira, um grave problema social.

- Aterro Controlado

Os aterros controlados, ao contrário do aterro sanitário, visa apenas à cobertura dos


resíduos com uma camada de terra, evitando a proliferação de vetores e o seu carreamento
pelas águas pluviais, não dispondo de área impermeabilizada, nem tratamento do chorume ou
coleta e queima de biogás. Essa forma de disposição é preferível ao lixão, mas ainda não é
considerada a melhor forma, pois ela apenas minimiza os impactos ambientais e não previne a
poluição ambiental.

- Aterro Sanitário

O aterro sanitário é uma alternativa de disposição final que consiste na compactação


dos resíduos sólidos em camadas. O solo é impermeabilizado, o chorume coletado e
posteriormente tratado, evitando a contaminação das águas subterrâneas. O gás metano
gerado em virtude da decomposição anaeróbia da matéria orgânica no interior do aterro, muitas
vezes, é queimado, podendo também ser realizado o aproveitamento energético para geração
de energia elétrica.

Atualmente, os aterros sanitários vêm sendo severamente criticados porque não têm
como objetivo o tratamento ou a reciclagem dos materiais presentes no lixo urbano. De fato, os
aterros sanitários são uma forma de armazenamento de lixo no solo, alternativa que não pode
ser considerada a mais indicada, uma vez que os espaços úteis a essa técnica tornam-se cada
vez mais escassos.

Além disso, o aterro sanitário é um passivo ambiental, já que esta área nunca
poderá ser novamente utilizada em virtude do grande armazenamento de resíduos e produção
contínua de gás metano.

As principais características do aterro sanitário são:

- Impermeabilização da base do aterro, evitando o contato do chorume com as


águas subterrâneas, podendo ser com geomenbranas sintéticas;

- Instalação de drenos de gás, constituindo-se como um canal de saída do gás


metano do interior do aterro para a atmosfera. Esse gás pode ser apenas queimado e
transformado em gás carbônico ou pode ser recolhido para o aproveitamento energético.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 71


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

- Sistema de coleta de chorume, por meio de drenos que coletam o líquido


decorrente da decomposição da matéria orgânica. Este líquido coletado é enviado para sistema
de tratamento de efluentes.

- Sistema de tratamento de chorume, onde o mesmo é coletado e encaminhado para


um sistema de tratamento para posterior descarte em um curso hídrico. O tratamento pode ser
feito no próprio local ou o chorume coletado pode ser transportado para um local apropriado
(geralmente uma Estação de Tratamento de Esgotos). O tipo de tratamento varia, podendo ser
utilizados tratamentos mais convencionais por meio da utilização de lagoas anaeróbias,
aeróbias e lagoas de estabilização ou também mediante a adição de substâncias químicas ao
chorume.

- Sistema de drenagem de águas pluviais, evitando que as águas se juntem ao


chorume. Esse sistema de captação e drenagem de águas de chuva tem por objetivo drenar a
água por locais apropriados para evitar a infiltração e contato com o chorume, minimizando o
volume a ser tratado.

- Incineração

A incineração é a técnica de queima de resíduos, a qual é altamente utilizada nos


países desenvolvidos e que possuam indisponibilidade de área e capacidade de altos
investimentos. Esta técnica visa à diminuição da quantidade e volume de resíduos, bem como a
sua toxicidade. No entanto, gera o problema da geração da cinza após a queima, a qual ainda
necessita de um destino final adequado.

Esta técnica consiste na combustão controlada de resíduos com temperaturas acima


de 900ºC a 1.200ºC, transformando o resíduo em dióxido de carbono, vapor de água e cinza,
546 podendo gerar a eliminação de gases tóxicos, necessitando, dessa forma, de filtros
especiais, para evitar a poluição do ar. Uma das vantagens desta técnica é que a combustão
pode ser transformada em energia térmica.

5.3.2. Política Nacional de Resíduos Sólidos


Em 2 de agosto de 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), por meio da Lei n.º 12.305. A PNRS reúne princípios, objetivos, instrumentos e
diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos distingue
o lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado e o que não é passível de reaproveitamento, se
referindo também aos demais tipos de resíduos.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 72


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A tabela abaixo apresenta as alterações decorrentes após a instituição da Política


Nacional de Resíduos Sólidos, mostrando um panorama de como era antes e como ficará
depois da Lei n.º 12.305.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 73


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Referências

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. 2011. Disponível em: <

http://www.cidadessustentaveis.org.br/sites/default/files/arquivos/panorama_residuos_solidos_a

brelpe_2011.pdf>. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Fórum Nacional de

Normatização: NBR 10.004 Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 1987. 63p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – Sistemas de Gestão Ambiental –

Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. NBR ISO 14.004. Rio de

Janeiro, 2005.

BEGON, M. et al . Ecologia: de indivíduo a ecossistema. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BEZERRA, F. C.; ROSA, M. F. . Pó da casca de coco verde como substrato para plantas. In: III

Encontro Nacional de Substratos para Plantas - III ENSUB, 2002, Campinas. Documento IAC,

70, 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia produtiva da agroenergia

/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto

Interamericano de Cooperação para a Agricu

CARVALHO, L.C.M. Educação Ambiental:a formação do sujeito ecológico. 4ª edição. São

Paulo: Cortez, 2008.

DERISIO, J. C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. São Paulo, Editora Signus,

2000.

ODUM, E. Ecologia. Rio de Janeiro: Ed. Interamericana,1985. TOWSEND, C. R.; BEGON, M. &

HARPER, J.L. Fundamentos em Ecologia. 2º Edição. Artmed Editora S.A. Porto Alegre, RS.

592p. 2006.

PEREIRA, A. L. S.; CORDEIRO, E. M. S.; NASCIMENTO, D. M.; MORAIS, J. P. S.; SOUZA

FILHO, M. S. M.; ROSA, M. F. Extração e caracterização de nanocelulose de fibras do

pseudocaule da bananeira. In: Anais do V Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação,

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 74


Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Maceió, 2010.

SILVA, A.G. Utilização do pseudocaule da bananeira para produção de celulose e papel.

Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa – Ciência Florestal. 80p. 1998.

SOARES, J.B; M MAIA, A.C.F. Água: Microbiologia e Tratamento. Fortaleza, UFC Edições,

1999.

Agroindústria- Gestão Ambiental e Subprodutos Agroindustriais 75


Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Você também pode gostar