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FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM

PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO


TRIPUÍ - OURO PRETO - M.G.

VOLUME I

Belo Horizonte, setembro/95


FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Presidente
Maurício Andrés Ribeiro

Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental


Léo Pompeu de Rezende Campos

Diretor de Controle Ambiental


José Cláudio Junqueira Ribeiro

Diretor Administrativo e Financeiro


Luís Adolpho Vidigal Borlido

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FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Presidente - Maurício Andrés Ribeiro

Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental


Léo Pompeu de Rezende Campos

Divisão de Unidades de Conservação


Mônica Torrent Lanna

Equipe Técnica

Aristides Salgado G. Neto - Biólogo/ Administrador da E.E.Tripuí


Gilberto Pedralli - Biólogo/CETEC
Maria do Carmo Brandão Teixeira - Bióloga/ CETEC
Mônica Torrent Lanna - Bióloga - Coordenadora/FEAM
Regina Maia Guimarães - Geógrafa/FEAM

Colaboradores

Fabiano Lopes de Paula - Historiador


Fátima Gabriela Dantés do Reis - Psicóloga
Mirian Cristina Dias - Bióloga
Sylvia Therese Meyer - Bióloga
Valéria Lúcia Oliveira Freitas - Bióloga
Vânia Cerqueira Barbosa - Geógrafa

Revisão de Texto

Paulo Roberto Alves Nogueira - Assessor de Comunicação/FEAM

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 6

2. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 7

3. OBJETIVOS ..................................................................................................................................................... 8
3.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................................. 8
3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................................................... 8

4. METODOLOGIA ............................................................................................................................................. 9
4.1 Diagnóstico Ambiental ..................................................................................................................................... 9
4.2 Prognóstico Ambiental .................................................................................................................................. 10
4.3 Estabelecimento de Práticas de Manejo ....................................................................................................... 10
4.4 Estabelecimento de Gestão Colegiada .......................................................................................................... 11

5. HISTÓRICO .................................................................................................................................................... 12

6. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA REGIONAL ....................................................................... 15

7. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ........................ 16


7.1 Quadro Natural .............................................................................................................................................. 16
7.2 Área de Influência Direta da Unidade de Conservação .............................................................................. 18
7.3 Especificidades da Cobertura Vegetal.......................................................................................................... 19
7.4 Especificidades da Fauna .............................................................................................................................. 23

8. ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS .........................................................................................28


8.1 Atividades Antrópicas.................................................................................................................................... 30
8.2 Situação fundiária .......................................................................................................................................... 32
8.3 SERVIÇOS DE INFRA-ESTRUTURA ....................................................................................................... 33
8.3.1 Unidades Residenciais e de Apoio Administrativo .................................................................................. 33
8.3.2 Saneamento Básico .................................................................................................................................. 34
8.3.3 Energia Elétrica ........................................................................................................................................ 34
8.3.4 Sistema Viário .......................................................................................................................................... 35

9. ZONEAMENTO AMBIENTAL ................................................................................................................ 36

10. PROGRAMA DE MANEJO .................................................................................................................. 40


10.1 Programa de Manejo do Meio Ambiente ................................................................................................... 40
10.1.1 Subprograma de Investigação Científica ................................................................................................ 40
10.1.2 Subprograma de Recuperação Ambiental .............................................................................................. 42
10.2 Programa de Operacionalização ................................................................................................................. 43
10.2.1 Subprograma de Infra-Estrutura ............................................................................................................. 43
10.2.2 Subprograma de Regularização Fundiária .............................................................................................. 44
10.2.3 Subprograma de Proteção do Entorno .................................................................................................... 44
4
10.2.4 Subprograma de Fiscalização ................................................................................................................. 44
10.2.5 Subprograma de normatização ............................................................................................................... 45

10.3 Programa de Integração com a Comunidade ............................................................................................ 45


10.3.1 Subprograma de Educação e Interpretação Ambiental ........................................................................... 45
10.3.2 Subprograma de Divulgação .................................................................................................................. 47

11. IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE MANEJO ............................................................... 48

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. 54

13. FOTOS............................................................................................................................................................ 54

14. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 57

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras
FIG. I - Localização geopolítica ................................................................................................................. 15a
FIG. II - Localização regional ..................................................................................................................... 15b
FIG. III - Localização das unidades de conservação .................................................................................... 15c
FIG. IV - Localização da E.E.T. em relação à rede hidrográfica local ...................................................... 18a
FIG. V - Rede viária da Estação .................................................................................................................. 34a

Quadros
Espécies ameaçadas de extinção.......................................................................................................................... 27
Unidades ambientais ............................................................................................................................................ 35
Custo mensal atual para manutenção ................................................................................................................ 48
Custo mensal previsto para manutenção ........................................................................................................... 48

ANEXO
Minuta de Regimento da Estação Ecológica do Tripuí
Ficha de Visitantes
Formulário para Licenciamento de Pesquisa

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1. APRESENTAÇÃO

A evolução da prática da política ambiental indica a necessidade de reorientação das ações humanas
para com o meio ambiente. O planejamento estratégico para o desenvolvimento que direciona o
controle e a adequação das atividades humanas constitui uma linha de ação que deve prosseguir
integrada, assegurando condições ambientais satisfatórias. Dentro desta perspectiva estão inseridas
as Unidades de Conservação - UCs, como uma forma participativa de proteção de espaços naturais.
Contudo, esta proteção depende do estabelecimento de uma política preservacionista mais eficaz.

O reconhecimento e a valorização pública dos benefícios para a comunidade, advindos de uma UC,
não dependem só de sua criação, mas sim, da aplicação de um planejamento funcional de
abrangência regional. O instrumento deste planejamento é o Plano de Manejo, através do qual são
estabelecidas prioridades e orientações técnico-administrativas, capazes de compatibilizar o uso
orientado e a preservação dos ecossistemas significativos, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida daquela comunidade.

A fim de resgatar a credibilidade e a participação pública na política preservacionista, a Fundação


Estadual do Meio Ambiente - FEAM tem concentrado esforços no sentido de aperfeiçoar o sistema
operacional das UCs sob seu gerenciamento e supervisão do Conselho Estadual de Política
Ambiental -COPAM, buscando através do planejamento integrado e da ampliação de parcerias para
a administração, além da proteção ambiental, o atendimento aos anseios da comunidade.

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2. INTRODUÇÃO

Instituída legalmente em 1978, com função primordial de proteção do habitat do Peripatus acacioi,
a Estação Ecológica do Tripuí ( E.E.T.) é a primeira Estação Ecológica e a vigésima segunda
unidade de conservação criada pelo Governo do Estado de Minas Gerais.

A área da Estação Ecológica do Tripuí reúne características peculiares representadas tanto pelas
fisionomias físicas e vegetais, quanto pela existência de espécies da fauna ameaçadas de extinção,
que concretizaram sua inserção na categoria de manejo Estação Ecológica, em conformidade com a
Lei Federal nº 6902 de 27.04.81. Esta Lei define que as Estações Ecológicas são áreas
representativas de ecossistemas brasileiros destinadas ao desenvolvimento de pesquisas básicas e
aplicadas de ecologia, à proteção do ambiente natural e à educação conservacionista. Dentro deste
contexto, a E.E.T. vem, desde sua criação, procurando atender de forma crescente suas funções
primordiais, direcionando-as, principalmente, para o entendimento das interrelações entre os
elementos dos seus ecossistemas.

Por estas razões, a E.E.T. foi priorizada pela FEAM como unidade piloto para o desenvolvimento
do Plano de Manejo, devendo constituir uma referência para o planejamento de UCs de uso indireto.

Este estudo, atingindo os objetivos estabelecidos através do zoneamento ambiental e proposições de


práticas de manejo, norteará as ações dentro de uma visão sistematizada que irá garantir a
incorporação do novo paradigma de desenvolvimento e preservação ambiental. As propostas foram
elaboradas de maneira a assegurar a qualidade técnica do projeto e a otimização do tempo,
baseando-se num processo suficientemente flexível para se adaptar às mudanças
político-administrativas e para enfrentar o avanço das pesquisas científicas, que subsidiarão novos
conceitos ambientais.

A configuração da paisagem da Estação Ecológica do Tripuí se traduz, principalmente, pela


existência de elementos cênicos. Espera-se porém, com este projeto, que a E.E.T. deixe de ser
somente um quadro sujeito a ações naturais de intempéries, para ser de fato uma área aproveitada
em benefício da natureza e do homem.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Estabelecer o planejamento ambiental estratégico da Estação Ecológica do Tripuí de forma a


favorecer e adequar seus serviços especiais para o melhor atendimento à comunidade e à
preservação dos ecossistemas locais.

3.2 Objetivos Específicos

Priorizar o desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas fundamentais para o manejo e


preservação dos recursos naturais da Unidade de Conservação, especialmente o Peripatus acacioi,
favorecendo a aplicação de práticas conservacionistas;

dotar a E.E.T. de infra-estrutura adequada para a execução dos serviços públicos inerentes às suas
funções;

incentivar o interesse público na participação e desenvolvimento de atividades educativas e


conservacionistas;

implementar ações de fiscalização que assegurem o controle e proteção do meio natural;

identificar as atividades antrópicas existentes no interior e no entorno da E.E.T., propondo medidas


de controle, que visem a adequação e minimização dessas interferências para a melhor proteção da
Estação;

estabelecer normas complementares e procedimentos técnico-administrativos básicos à


operacionalização das metas propostas.

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4. METODOLOGIA

O acervo de informações bibliográficas e cartográficas da E.E.T., embora significativo, é


caracterizado por estudos não integrados e descontínuos. Por esta razão, foram feitos, inicialmente,
o levantamento e a seleção da documentação disponível, con organização de informações
bibliográficas e integração das informações cartográficas, através de adaptações para uma única
escala.

Considerando-se a carência de estudos metodológicos para o desenvolvimentos de Planos de


Manejo, optou-se por seguir as orientações básicas do “Roteiro Metodológico para Elaboração do
Plano de Ação Emergencial das Unidades de Conservação de Uso Indireto” (MMA - IBAMA,
1993), “Roteiro para Elaboração de Plano Diretor - Reservas Biológicas”(Cadernos FEEMA, 1978)
e Roteiro Técnico para Elaboração de Planos de Manejo em Áreas Protegidas de Uso Indireto
(SMA-PR/IBAMA, l992).

A adoção do procedimento metodológico foi norteada pela preocupação em prever maior alcance
temporal nas ações propostas, frente ao aspecto dinâmico das transformações de abrangência
política, legal e ambiental que porventura possam ocorrer. Qualquer mudança estrutural e
operacional resultará num ajuste de variáveis, que conduzirá à revisão dos respectivos estudos. A
abordagem metodológica foi concebida para atender especificidades conceituais de uma Estação
Ecológica, compeendendo basicamente quatro etapas:

4.1 Diagnóstico Ambiental

A premissa básica para o ordenamento espacial e o estabelecimento de diretrizes de uso e ocupação


do solo constou do reconhecimento dos componentes e fatores ambientais existentes na área da
E.E.T. e em sua área de influência direta, a bacia de drenagem do córrego do Tripuí.

Definiu-se uma escala de trabalho em nível de detalhe de aproximadamente l: 10 000, em função


das disponibilidades de bases topográficas e de levantamentos aerofotogramétricos nesta escala
(Vôo SA-458Y-escala l:8 000- CEMIG, 1987).

Os mapeamentos de uso da terra e geomorfologia foram realizados através da interpretação de


fotografias aéreas e observações em campo. Os dados geológicos foram obtidos através da
compilação de dados do Projeto “Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto- MG, Geologia e
Geomorfologia da Área (FERNANDES S.M. e FONSECA M. et al., 1991). Os dados pedológicos,
não cartografados, foram inferidos a partir dos estudos pedológicos do Projeto “Desenvolvimento
Ambiental de Ouro Preto - Microbacia do Ribeirão do Funil” (IGA, 1995).

Devido à ausência de mapeamento pedológico detalhado em escala compatível com a utilizada neste
estudo, optou-se por fazer sua distribuição espacial com base nas analogias entre as informações
interrelacionadas de fatores pedológicos e litológicos contidas no projeto “Desenvolvimento
Ambiental de Ouro Preto - Microbacia do Ribeirão do Funil” . A adoção deste procedimento se deu
por não ser necessária a verificação dos limites de aptidão dos solos ou de sua capacidade de usos
9
múltiplos, uma vez que a categoria de manejo -Estação Ecológica- estabelece fortes limitações à
utilização antrópica.

Outros mapas foram derivados de pesquisas específicas e de informações pessoais, tais como os
locais de ocorrência do Peripatus acacioi, áreas de ocorrência de incêndios e mapa fundiário.

A cobertura vegetal foi descrita fisionomicamente com base nas formas de vida, tendo como
subsídio os dados levantados pelo projeto Ecofisiologia da Candeia (CETEC, l994).

Os dados referentes à fauna foram obtidos através da análise e compilação dos trabalhos concluídos
e em andamento, sobre herpetofauna e ornitofauna, e de citações de alguns registros de mamíferos
obtidos ocasionalmente pelo administrador da E.E.T, conforme discriminado no ítem 7.4 -
Especificidades da Fauna.

Quanto aos indicadores sócio-econômicos, os dados foram gerados pela verificação em campo e
complementados pela formulação, aplicação e avaliação de questionários. Para a caracterização
antrópica da área consideraram-se os registros disponíveis no Museu da Inconfidência, Serviços de
Documentação da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) e informações coletadas pelas entrevistas
com os residentes da Estação.

4.2 Prognóstico Ambiental

A definição do ordenamento territorial de uma Estação Ecológica possui um caráter restritivo,


segundo as diretrizes estabelecidas pela Lei 6.902 de 27.04.8l, que define em seu artigo 1o, entre
outros parâmetros legais, que 90% do total da área devem ser destinados à preservação integral da
biota.

Esta etapa constou da análise integrada dos temas correlatos, permitindo a definição de unidades
ambientais com características físicas e bióticas mais semelhantes, e as subdivisões dessas unidades
em zonas de manejo, expressas em mapa síntese. Dentre os elementos bióticos, especialmente em
relação à fauna, foi considerado somente o mapa de ocorrência do Peripatus acacioi ,que mostra
uma distribuição dispersa na área destinada à preservação integral e que não condicionando a
delimitação de zona específica.

4.3 Estabelecimento de Práticas de Manejo

Para cada zona definida, estabeleceram-se diretrizes de manejo distribuídas em três grandes
programas: Manejo do Meio Ambiente, Operacionalização e Integração com a Comunidade.
Estes programas possuem diretrizes técnico-administrativas, acompanhadas de cronograma
executivo-financeiro, sendo prevista a adoção de medidas eficazes e exeqüíveis, a serem
implementadas a curto e médio prazo, em quatro etapas distintas:

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Ações Emergenciais;

Ações Permanentes;

Medidas Complementares;

Revisão e Adequação do Plano de Manejo.

4.4 Estabelecimento de Gestão Colegiada

Através da Resolução COPAM nº 011/94 foi preconizado um sistema de gestão para as Estações
Ecológicas Estaduais, visando envolver no gerenciamento desta categoria de manejo de UC a
participação de setores governamentais e não-governamentais locais/regionais.

Esta forma de gestão objetiva atender melhor as expectativas das comunidades direta e
indiretamente relacionadas às áreas. O Conselho Consultivo da E.E.T., instituído pela Resolução
COPAM no 004/94, compõe-se de representantes das seguintes instituições: Fundação Estadual do
Meio Ambiente - FEAM, Instituto Estadual de Florestas- IEF, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional - IPHAN, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC; Prefeitura
Municipal de Ouro Preto - PMOP, Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, Alumínio do Brasil S.A.
- ALCAN, Polícia Militar de Minas Gerais/Polícia Florestal - PMMG/PFlo, Universidade Federal
de Ouro Preto - UFOP e Hotel Estalagem das Minas Gerais do Serviço Social do Comércio - SESC.

A cooperação técnica e material desses diversos grupos é de fundamental importância para o


processo de definição, implementação e consolidação da Unidade, pois acredita-se que através da
união de esforços e comprometimento das partes se possa assegurar a operacionalização do Plano de
Manejo.

Algumas atividades desenvolvidas a partir do ano de 1994 já contaram com o apoio desse Conselho
e de outras instituições, como a manutenção da rede viária pela PMOP, a implantação de três postos
de coleta seletiva de lixo com material padronizado da CVRD, o apoio técnico aos estudos de
definição do Plano de Manejo e o desenvolvimento da pesquisa de “Ecofisiologia da Candeia” pelo
CETEC, além da implantação da sala multimeios realizada pela Companhia Agrícola Florestal -
CAF.

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5. HISTÓRICO

A ocupação do sítio em que surgiu Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto, está intimamente ligado à
descoberta das minas de ouro no território, anteriormente denominado Cataguazes, e posteriormente
capitania das Minas Gerais. A cidade de Ouro Preto foi capital da Província e depois, do Estado de
Minas Gerais até l897, tendo sido declarada Cidade Monumento Nacional em l993. A UNESCO lhe
conferiu em 1981 o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, e em l994, a região em que se
insere, recebeu também da UNESCO, a titulação de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

É neste município que está inserida a E.E.T., cujo nome de origem Tupi significa “água de fundo
sujo”, já que as suas águas rolam sobre leito de pedras e areias negras. O episódio de retirada de
granitos de cor de aço do córrego do Tripuí, que na verdade correspondia a ouro de fino quilate, é o
mais remoto da fundação da primitiva capital. Nos anos de l695/96, foi descoberto o ouro em Tripuí
por Manuel Garcia -“O Velho”, em Itacolomi, por Belchior da Cunha, e no Ribeirão do Carmo por
Salvador Mendonça. (Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa Conhecer 2000). Estes descobrimentos
tiveram seu avanço ao final do século XVII, segundo narração com base na tradução de testemunhas
vivas, do jesuíta João Antônio Andreoni, também conhecido pelo nome de Antonil, em sua visita a
Minas Gerais na primeira década do século XVIII. Os achados prosseguiram até a metade do séc.
XVIII, com a constante ampliação da zona mineradora. Em l727, a descoberta de jazidas de
diamantes veio tornar ainda mais movimentada a região das Minas Gerais, centralizada na região de
Vila Rica (IBGE Enciclopédia dos Municípios Brasileiros).

Surgiram os arraiais auríferos (Ouro Preto, Antônio Dias e Caquende) que formaram um núcleo de
ocupação elevado à categoria de Vila Rica de Albuquerque, em 1711, e posteriormente Vila Rica,
em 1712. A produção constante de suas minas, o crescimento populacional e o desenvolvimento
cultural emanciparam Vila Rica à categoria de cidade de Ouro Preto, em 1823 e a município em
l911. Datam também do início do século XIX, as descobertas do cinábrio de Tripuí, mineral de
pouca ocorrência no Brasil, restrita ao Estado de Minas Gerais, localizado nas regiões de Dom
Bosco e Três Cruzes, esta última nas imediações da E.E.T. (SOBREIRA, F.G. et al., 1987 . Do
cinábrio é extraído o mercúrio utilizado nas indústrias elétrica e farmacêutica, na construção de
aparelhos científicos e eletrodos para obtenção de cloro e soda, na indústria química como
catalisador e na mineração para a extração de ouro e prata . O esgotamento dessas reservas de
cinábrio foi muito rápido e desconhecem-se outras reservas economicamente exploráveis no Brasil
(ABREU, S.F., l993).

Do sistema viário do período Colonial destacam-se como principais, os “Caminho Velho” 1688, e
“Caminho Novo” / Estrada Real 1700. Outros trechos remanescentes, datados de 1782 e 1776,
(trecho nas imediações da E.E.T.) eram variantes da Estrada Real, caminho oficial utilizado pela
Corte para deslocamento das grandes metrópoles à região das minas (CARVALHO, Daniel 1969).

Em 01.05.l891, foi instalado o ramal ferroviário ligando a capital da província - Ouro Preto à então
capital do Império- Rio de Janeiro. Mais tarde, foi preciso ampliar o ramal ferroviário, ligando a
capital à Zona da Mata, através do prolongamento da linha de Ouro Preto a Ponte Nova. O ramal de
Ponte Nova tem início na Estação Burnier, seguindo-se as estações de Rodrigo Silva, Tripuí e Ouro
Preto. A linha férrea corta todo o vale do Tripuí no sentido norte-sul e o Córrego do Tripuí através
12
de um pontilhão com cerca de 10 metros, na porção leste da Estação, próximo à atual vila dos
moradores.

Dentre as edificações administrativas da RFFSA, existentes na E.E.T., a antiga estação foi demolida
no final de 1984 e o produto da demolição foi utilizado para a montagem de uma réplica, de menor
tamanho, integrante do acervo do Núcleo Histórico da Superintentência Regional de Campos,
inaugurado em 27.03.85. Existem no interior da E.E.T. três edificações da RFFSA originárias do
final do século XIX (Foto 1).

Atualmente, a velocidade dos trens no trecho da E.E.T. é de 20 Km/h e os produtos transportados


são os seguintes: cimento originário dos municípios de Vespasiano, Wilson Lobato, e Montes
Claros para diversos outros municípios em MG, além de P. Formosa (RJ); calcário originário de
Nova Granja (MG) para Rocha Leão (RJ); bauxita originária de Cataguases (MG) para Ouro Preto
(MG); minério de zinco originário de P. Formosa (RJ) para Prudente de Morais (MG) e escória alto
forno originária de Joaquim Murtinho (MG) para Cachoeiro (ES).

Embora sem identificação de registros oficiais, há informação de ter sido inaugurado em l89l no
Vale do Tripuí, ao longo da Estrada de Ferro Central do Brasil - EFCB, o Prado Ouropretano, com
uma pista de aproximadamente 1000 metros para corrida de cavalos .Os terrenos pertenciam a
diversas companhias, tais como a Cia Ferro Brasileiro, Usina Queiroz Junior e a proprietários
particulares, das famílias Domingos Fleury Rocha e Perét, que cultivavam a terra plantando chá,
pomares e hortas, possuindo também uma fábrica de chá.

A área atualmente abrangida pela E.E.T. é composta, em parte, de terrenos originários da Secretaria
de Estado da Agricultura, onde foi instalada em l949 uma “Sub-Estação Experimental de
Fruticultura”, com cerca de 132,0 ha. Esta área foi adquirida pelo Estado através do Decreto
Desapropriatório n° 2.574 de 16.01.48, tendo sido outra parte doada pela Usina Queiroz Júnior S/A
em 05.l2.l949. Neste período, foram construídas 15 moradias para funcionários e dois galpões
utilizados para escritório e viveiro de mudas. Existiam, ainda, no local uma igreja e casas de antigos
proprietários. Provavelmente no ano de l981/82, acrescentou-se à essas edificações, a Escola
Singular do Tripuí.

Embora a Sub-Estação de Fruticultura tenha sido doada à Prefeitura Municipal de Ouro Preto em
21.04.69, por escritura pública, para fins de construção da Cidade Industrial, manteve-se em
funcionamento até 1972. Em l973 foi desativada e entregue à Prefeitura Municipal de Ouro Preto,
encarregada de sua manutenção, ficando sob sua responsabilidade até 1977.

Não tendo sido implantado o pólo industrial, a comunidade científica nacional e internacional e a
população ouropretana se mobilizaram reivindicando a preservação da área, devido à existência do
Peripatus acacioi, descoberto em l954, pelo Dr. Acácio Costa Junior, responsável pelo setor de
entomologia da então Sub-estação Experimental de Fruticultura da Secretaria da Agricultura. O
COPAM, através da deliberação N0 03/78, submeteu à apreciação do governador Aureliano Chaves,
a criação da Estação Biológica do Tripuí, oficializada através do Decreto no l9 l57 de 24/04/1978,
em área de 392,0 ha. Nesta mesma data, através do Decreto n° 19.159, foram declarados de
utilidade pública para fins de desapropriação os terrenos necessários à implantação da unidade.

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Além de terrenos pertencentes à antiga subestação experimental de fruticultura, o Decreto abrangia
propriedades particulares pertencentes à CSN, ALCAN, Geralda Neves Fortes, Turabril e outros.

Em 1976, iniciou-se o processo de litígio em área correspondente a l9,04 ha entre o Estado e a


família de Geralda Neves Fortes, que requereu a posse desses terrenos situados no interior da
E.E.T.. Finalmente, em l986, foi feito acordo com esta família, que cedeu os terrenos em troca da
quitação de débitos com a Caixa Econômica Estadual e o Banco do Estado de Minas Gerais.

Em 24.10.78, a Prefeitura Municipal de Ouro Preto autorizou à Secretaria de Estado de Ciência e


Tecnologia - SECT a imissão de posse da Estação Biológica do Tripuí, sendo a administração
exercida pelo CETEC.

O Termo de Compromisso-TC, firmado em 04.01.1979, entre a SECT e Estrada Real


Empreendimentos Ltda., possibilitou a liberação dos terrenos de propriedade do Coronel
Washington Aragão. Segundo o TC, a instalação do empreendimento foi condicionada à
manutenção da cobertura vegetal daquela área e ao rígido controle de eventual poluição hídrica, não
permitindo o lançamento de efluentes, nem mesmo tratados, nas águas do córrego Tripuí. Em
04.04.81, através do Decreto n° 21.340, foi alterada a denominação da unidade de conservação para
Estação Ecológica do Tripuí, de acordo com a Lei Federal n° 6.902 de 24.04.81.

No ano de l984 foram iniciados contatos com a ALCAN e Cia Siderúrgica Nacional - CSN, para
doação de seus terrenos abrangidos pela Estação. Posteriormente, foi firmado instrumento particular
de comodato entre o Governo do Estado e a ALCAN, referente a 33,2 ha e com a CSN referente à
30,6 ha. Esta última área posteriormente, foi adquirida pelo SESC que manteve o comodato.

A área de propriedade da família de Geralda Neves Fortes contígua a E.E.T., equivalente a 52,54 ha,
foi passível de várias alterações. O Decreto n° 26.599 de 09.03.87 declarou esta área de utilidade
pública, e foi revogado em 13.01.88 pelo Decreto n° 27.810. Posteriormente, em 12.02.88 foi
declarada como Área de Preservação Permanente pelo Decreto n° 27.848. Em 05.07.94, após
aprovação do COPAM, 46,46 ha foram novamente declarados de utilidade pública para fins de
desapropriação, através do Decreto n° 35.694, tendo sido desmembrado, portanto, área de 6,08 ha
da antiga área da E.E.T..

Através do Decreto Estadual no 30.758 de 28.l2.l989, foi transferida à FEAM a responsabilidade


pela administração da Estação Ecológica do Tripuí.

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6. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA REGIONAL

A Estação Ecológica do Tripuí localiza-se no município de Ouro Preto, situado a SE da zona mais
industrializada e densamente povoada do Estado de Minas Gerais, denominada Zona Metalúrgica,
(FIG-l). As principais vias de acesso à sede do município e à E.E.T. são a BR-040 e BR-356, a partir
de Belo Horizonte e a linha férrea da RFFSA que liga Ouro Preto às cidades de Ponte Nova e
Viçosa a sudeste, Barbacena a sudoeste e Divinópolis a noroeste, (FIG-2).

Conforme informações contidas no Projeto “Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto -


Microbacia do Ribeirão do Funil”, Ouro Preto se constitui um importante centro microrregional,
que apresenta um processo de urbanização gradativo e constante, com expressivas taxas de
crescimento populacional. Em l990, o município de Ouro Preto mostrou índice de urbanização
bastante elevado, variando em torno de 77%. A grande pressão proveniente do crescimento urbano
induziu um adensamento populacional nas áreas periféricas que ocorreu de maneira desordenada,
tendo sido agravada pelas dificuldades impostas pelo relevo regional. O adensamento populacional
que ocorre na região deve-se parcialmente, às atividades metalúrgica, siderúrgica e mineradora, que
lhe permite concorrer com 66,7% da arrecadação industrial da microregião, como também à sua
tradição de pólo educacional e turístico. No setor industrial metalúrgico e siderúrgico, destaca-se o
grupo ALCAN, a Siderúrgica Barra Mansa e a Companhia Paulista de Ferro Ligas. No setor
minerário, concentrado no Pólo Regional de Ouro Preto, citam-se a J.J.C. Mineração, Vermelhão
Mineração e a Fazenda Saramenha, localizadas nas proximidades da E.E.T.. Os principais produtos
minerados são o ferro, manganês, alumínio, calcário, mármore e topázio imperial. Ressalta-se,
ainda, neste setor as indústrias que produzem artefatos de pedra sabão, as indústrias têxteis
representadas pela Companhia Industrial Itaunense, Unidade Têxtil III, além dos estabelecimentos
microindustriais como as marcenarias, serralherias e fábricas de molduras. No setor terciário, o
comércio retrata prioritariamente a vocação turística local, com oferta de produtos diversificados,
destacando-se as lojas de antiguidades e artesanatos em pedras sabão e semipreciosas. No setor
primário, a agropecuária é pouco expressiva, devido, principalmente, às dificuldades impostas pelas
condições físicas locais. A produção agrícola é totalmente voltada para o consumo interno, com
cultivos de milho e feijão para subsistência, sendo a olericultura a principal atividade. A pecuária
não apresenta grande expressividade, predominando a produção de leite.

As próprias limitações ao uso impostas pelo relevo regional favoreceram a preservação de diferentes
e importantes ecossistemas, como campos rupestres, florestas mesófilas em diversos estágios de
regeneração e os cerrados. Como forma de assegurar a proteção destes ecossistemas, localizados no
Quadrilátero Ferrífero, área de grande interesse minerário do Estado, foram criadas nesta porção
regional mais quatro Unidades de Conservação. Estas unidades apresentam dimensões variadas, tais
como: APA SUL RMBH, criada em l994, com l63 000 ha; APA Cachoeira das Andorinhas, criada
em l989, com l8 700 ha; Parque Estadual do Itacolomi, criado em l967, com 7 000 ha e o Parque
Municipal Cachoeira das Andorinhas, criado em l962, com limites definidos em um raio de um
quilômetro a partir da pedra do Jacaré, (FIG-3).

15
7. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

7.1 Quadro Natural

A Estação Ecológica do Tripuí constitui-se, atualmente, em uma área de aproximadamente 337,0


ha, apresentando-se delineada ao sul e sudeste por cristas elevadas, ao norte e a leste pela rodovia
dos Inconfidentes e a oeste, pela linha de interflúvios que seguem em direção à calha de drenagem
do córrego Tripuí. Localiza-se entre os meridianos de 43° 34‟ 33” de longitude W e os paralelos de
20° 23‟ 45” de latitude S, correspondendo à porção inferior da sub-bacia do córrego Botafogo.

Toda a área constitui uma unidade onde as formas de relevo refletem o controle lito-estrutural. Os
topos elevados que circundam grande parte da área da Estação, com níveis altimétricos variando
entre l280 a l450 metros, são sustentados, ao norte e nordeste, por rochas xistosas da Formação
Sabará e ao sul e sudeste por filitos grafitosos da Formação Barreiro. Os solos são litólicos de
natureza álica de textura areno-siltosa. As vertentes apresentam declives acentuados, com
desnivelamento topográfico variando em torno de 100 metros. Foram esculpidas em rochas da
Formação Cercadinho (quartzito ferruginosos com intercalações de filitos prateados). Nas altas
vertentes desses divisores, ocorrem solos também litólicos, mantendo as mesmas características dos
solos do topo, nos médios trechos das vertentes os litossolos apresentam-se associados aos
cambissolos álicos e no sopé das vertentes ocorrem somente os cambissolos com caráter
predominantemente álico por se originarem de litologias pobres. As encostas dos setores norte e
nordeste apresentam um perfil longitudinal convexo, com um manto de regolito regular e contínuo,
recoberto pela mata mesófila responsável por seu equilíbrio. Os movimentos de massa são lentos e
representados pelo rastejamento do solo, mantendo-se a homogeneidade da vertente. As encostas
dos divisores do setores sul e sudeste, embora tenham sido elaboradas sobre este mesmo tipo
litológico, possuem fortes irregularidades evidenciadas pela maior alternância de quartzitos e filitos.
Possuem um perfil longitudinal mais retilíneo nos interflúvios e côncavo nas bacias de primeira
ordem, em forma de amplos anfiteatros de erosão. Estes anfiteatros resultam de cicatrizes de
pequenos e múltiplos deslizamentos, que denotam a instabilidade da encosta. Constituem-se em
movimentos coletivos de solo, generalizados em toda sua extensão.

No período chuvoso, a retenção hídrica nas formações superficiais cria condições de pressões
neutras com o encharcamento pré-existente. Nestas áreas foram observados alguns pontos de
retomada do processo erosivo, podendo estar associada à descompressão basal. Na mesma encosta,
o declive suavizado e a presença de vegetação mais densa constituída também pela mata mesófila
fazem que o processo erosivo se estabilize e que o fluxo de água se torne constante. Estes
movimentos de massa podem estar associados a uma dinâmica natural da encosta ou às atividades
extrativistas de bens minerais no passado.

Outro compartimento de relevo existente na área em estudo corresponde à planície aluvionar do


córrego do Tripuí, elaborada sobre rochas do tipo filíticas da Formação Fecho do Funil. Este
compartimento rebaixado com altitudes variando entre 1100 a 1200 metros é recoberto por
sedimentos areno-argilosos, formando solos de natureza hidromórfica (gley pouco Húmico),

16
permanentemente com saturação hídrica, com forte deficiência de oxigênio e baixos níveis de
fertilidade, sustentando uma cobertura vegetal típica de áreas úmidas.

A sub-bacia de drenagem é formada pelo córrego Botafogo, no limite oeste da Estação. Este córrego
recebe em sua margem esquerda o córrego do Tripuí. A partir deste ponto, o principal canal de
drenagem continua seu curso com o nome de córrego do Tripuí, que delineia um trajeto sinuoso e de
corrente rápida. De maneira geral, a área a jusante da sub-bacia apresenta-se bem drenada pelo
córrego do Tripuí e por seus afluentes. Os afluentes da margem esquerda formam canais de
drenagem perenes escavando seus leitos numa dinâmica fluvial natural, favorecida pela presença de
uma densa mata mesófila. O encaixamento da drenagem muitas vezes é condicionado pelo fator
estrutural, constituindo-se em drenagens subsequentes de traçado retilíneo e padrão geral paralelo. O
equilíbrio desta encosta foi alterado pela presença de desbarrancamentos laterais à rodovia dos
Inconfidentes e ao Anel de Contorno Ouro Preto-Mariana. Nestes pontos foram realizadas obras de
contenção de taludes, com exceção somente de um trecho. Os sedimentos carreados do processo
erosivo podem comprometer o principal sistema de drenagem da E.E.T. e provocar o assoreamento
do córrego do Tripuí. Os afluentes da margem direita não possuem as mesmas características e, em
sua maioria, formam canais de drenagens, intermitentes, em meio a uma vegetação campestre, não
se observando, nas cabeceiras, mata de galeria.

A qualidade das águas do Córrego do Tripuí foi examinada com base em suas características físicas,
químicas e biológicas, em maio de l978, pelo CETEC, como subsídio à Proposta de Enquadramento
Para o Córrego do Tripuí. Os resultados desta análise desmonstraram que a presença de
Streptococcus faecalis, verificada a montante do lançamento de esgotos, poderia advir da
contaminação por dejetos animais, uma vez que a contaminação por esgotos domésticos era
pequena, por estarem as residências a mais de 50,0 m das margens do Tripuí. A atividade agrícola
também parece não interferir na qualidade das águas do córrego do Tripuí, face à concentração de
nitratos se mostrar em limites inferiores aos permitidos em água potável. A segunda análise
físico-química e bacteriológica das águas do córrego do Tripuí foi elaborada pelo projeto
“Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto-Microbacia do Ribeirão do Funil”. Esta análise teve
por objetivo caracterizar a qualidade das águas no período seco (julho/agosto/l993). Foram
determinados valores de TDS de 68,8, pH de 6,5 e alto conteúdo de CO2, indicando que o córrego
do Tripuí está sendo alimentado por águas de fraturas mais profundas, procedentes dos quartzitos e
filitos que caracterizam as cabeceiras de sua bacia de drenagem. A ALCAN mantém cinco pontos
de monitoramento da qualidade das águas na bacia do ribeirão do Funil, estando um deles situado
no córrego do Tripuí, em área da E.E.T. O monitoramento inclui, entre outros parâmetros, sólidos
em suspensão, sólidos sedimentáveis, alcalinidade, oxigênio dissolvido e coliformes fecais. Os
dados destas análises mostram que as águas do córrego do Tripuí contém impurezas naturais como
sedimentos, restos de vegetação e dejetos de animais silvestres, que contribuem para o aumento do
nível de contaminação. A maior contaminação direta deve-se ao lançamento do esgoto sanitário das
residências sem tratamento no córrego do Tripuí, não chegando, contudo, a alcançar índices
alarmantes.

O enquadramento proposto para o ribeirão do Funil, no trecho da E.E.T. como Classe Especial foi
condicionado à implantação de um sistema de esgotamento sanitário na Estação, controle dos
efluentes das instalações do Estalagem das Minas Gerais - SESC e controle de erosão.

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A Estação Ecológica do Tripuí está inserida em uma região de domínio climático do tipo
Subtropical Moderado Úmido, segundo Golfari (l975) e do tipo CWb, segundo a classificação de
Köppen. Este clima, com precipitações abundantes no verão, cujas médias variam de l450 a l800
mm, aliado ao fator estrutural e litológico, foi o responsável pela conformação do relevo regional e
local, caracterizado pelo alto grau de encaixamento da drenagem. As temperaturas são frias com a
média anual variando de l7° a l8,5° C, chegando a atingir nos meses mais frios, l3,5° C.
Observações locais já registraram índices de temperaturas inferiores a 0° C, com ocorrência de
geadas.

Devido à forma de vale encaixado, formado pelo Córrego do Tripuí, circunscrito em altos divisores
de água, parcialmente recoberto pela mata mesófila que favorece a manutenção da umidade local,
estabeleceu-se um microclima, cujos elementos ainda não foram sistematicamente mensurados.
Comparada com as áreas circunvizinhas, a área da Estação apresenta maior amplitude térmica
diária. Durante o dia, as temperaturas são mais elevadas e durante à noite são mais frias. Estas
peculiaridades climáticas da E.E.T. sugerem o desenvolvimento de pesquisas voltadas não só para a
caracterização do microclima local, mas também para o estabelecimento de suas interrelações com
outros fatores ambientais.

A forma de organização do espaço físico-territorial reflete que a ação antrópica sobre o meio natural
da E.E.T. não foi significativa. A análise da configuração espacial da área permite observar que a
linha férrea que corta longitudinalmente toda a área da Estação, acompanhando linearmente o
Córrego do Tripuí, constitui um elemento de destaque no processo de intervenção antrópica da
área.

O levantamento do uso do solo foi um elemento fundamental para o entendimento dos reflexos
ambientais da pressão antrópica e para o estabelecimento de diretrizes que orientarão as ações
preventivas e corretivas. O uso e ocupação do solo na Estação ocorre de maneira incipiente nas
partes rebaixadas que se estendem ao longo da Ferrovia e da estrada de acesso à mesma. O pequeno
núcleo habitacional, aí existente, se distribui de maneira concentrada a SW da área e de forma
dispersa a NW. Junto às residências encontram-se cultivos de milho, feijão, hortaliças e criação de
alguns animais domésticos. Apesar de constituírem uma forma de utilização não- compatível com
os objetivos de uma Estação Ecológica, não são fatores significativos para a descaracterização
ambiental em maior escala.

A cobertura vegetal natural apresenta-se diversificada, sendo formada por campos limpo e sujo de
cerrado, constituindo, em alguns locais, áreas antropizadas. A Mata Mesófila ocorre nos altos
divisores do setor sul, média e baixas vertentes destes divisores e nas vertentes dos setores norte e
nordeste, com presença de “candeial” como enclave, em diferentes graus de desenvolvimento. No
setor sudeste, a cobertura vegetal encontra-se alterada, representada localmente por sucessões
secundárias. A planície do Córrego do Tripuí apresenta-se coberta por campos higrófilos, brejos
permanentes e áreas sucessionais, alternadas com antigas áreas de fruticultura.

7.2 Área de Influência Direta da Unidade de Conservação

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A área da E.E.T. envolve parcialmente a microbacia do Córrego Tripuí, que em conjunto com as
microbacias dos córregos Marzagão e Botafogo, integram uma unidade sistêmica maior, a bacia de
drenagem (FIG 4). Dentro desta grande unidade sistêmica ocorrem fluxos de energia e matéria
causados pela interdependência de seus elementos naturais. Por esta razão, avaliou-se não só a área
objeto deste estudo, mas as características e impactos ambientais de toda a bacia de drenagem,
conforme demonstrado no mapa Área de Influência Direta da Estação Ecológica do Tripuí.

Considera-se que qualquer modificação nesta bacia de drenagem terá influência direta sobre todos
os elementos naturais da Estação, através de reflexão sucessiva. Por esta razão é que se propõe o
desenvolvimento de pesquisas, tanto no campo da botânica quanto da zoologia, principalmente, no
que se refere aos levantamentos de ocorrência do Peripatus acacioi, cuja preservação é o objetivo
primordial da E.E.T..

Em toda área de influência direta observam-se grandes manchas remanescentes da vegetação nativa,
definida como floresta mesófila em estágios diferenciados de regeneração, associada à vegetação de
campo antropizado (Foto 2). A ocupação e utilização dos solos, ainda restrita, não provocaram
impactos negativos que poderiam ser refletidos a jusante. Entretanto, a continuidade da ocorrência
de processos múltiplos de deslizamentos, representados por grandes cicatrizes ao longo da vertente
contígua à área da E.E.T., denota a fragilidade de todo prolongamento da encosta, ressaltada,
principalmente, pela instalação de processos acelerados de erosão, através de voçorocamentos em
canais de drenagens de primeira ordem.

7.3 Especificidades da Cobertura Vegetal

A região fitogeográfica onde se insere a E.E.T. é definida diferentemente por cada autor consultado
na literatura especializada, como por exemplo, os trabalhos de Martius (l896), Barbosa Rodrigues
(l903), Sampaio (l934), Azevedo (l950), Aubréville (l959, l961), Veloso (l962, l966,1991), Rizzini
(l963, l979), Andrade-Lima (l966), Hueck (l972), Romariz (l974), Ab‟ Saber (l977), Ferri (l980),
Veloso & Góes- -Filho (l982), Takhtajan (l986), Schnell (l987), Fernandes & Bezerra (l990),
Veloso (l99l) e IBGE (l992). Sem dúvida são vários os fatores que contribuem para existência de
opiniões tão divergentes: a tentativa de adaptar, inicialmente, sistemas fitogeográficos de outros
continentes para a América do Sul e para o Brasil, onde a vegetação é muito mais complexa e possui
maior variação em termos fisionômicos; os escassos conhecimentos sobre a florística e estrutura das
nossas formações, bem como dos fatores condicionantes da sua distribuição; a escala dos
mapeamentos; a não-utilização nos mapas existentes, dos dados disponíveis dos levantamentos
florísticos realizados nas últimas décadas; os diferentes critérios e definições utilizados segundo à
área de formação dos autores; a ausência de uma discussão mais abrangente e interdisciplinar, para
uniformização de métodos de levantamento e a falta de padronização das definições utilizadas nos
trabalhos fitogeográficos.

Com base nos dados obtidos pela equipe de Ecologia Vegetal do Setor de Recursos da Terra
(CETEC) e na análise dos textos supra-citados, pode-se afirmar que a E.E.T. situa-se na área de
transição entre os “Domínios da Floresta Atlântica e dos Cerrados”. Domínio (Ab‟ Saber, l977,
sensu stricto) ou Província Geográfica (Fernandes & Bezerra, l990, sensu stricto ) pode ser definido
como uma “área geográfíca comum das formações dominantes regionais que se associam entre si e
19
na qual a evolução progressiva da vegetação conduz à uma mesma comunidade final -clímax. Nesta
área de transição ocorrem as fisionomias típicas dos dois “Domínios” (Rizzini, l979; Fernandes &
Bezerra, l990), além de áreas de contato entre as diversas fisionomias, enclaves vegetacionais e
fisionomias peculiares à região como o “candeial”, as áreas úmidas (principalmente brejos
permanentes e estacionais) e os campos ruprestres.

Na circunscrição da E.E.T. ocorrem florestas mesófilas, campo limpo e campo sujo de cerrado,
brejos permanentes, áreas de transição entre os tipos citados, áreas com sucessões secundárias
(naturais e antrópicas ) e áreas cultivadas. Estas fisionomias são descritas a seguir:

Florestas Mesófilas

São formações predominantemente arbóreas, silvestres, climáticas, decíduas e semi-decíduas, que


ocorrem na faixa tropical. O grau de deciduidade depende da estacionalidade, isto é, da duração do
período de seca e também da capacidade de retenção de água pelo solo. Protium heptaphyllum
(almecegueira), Guatteria vilosissima (pindaíba), Tabebuia spp. (ipês-amarelos), Clethra scabra,
Piptocarpha cf. macropoda, Vanillosmopsis erythropappa (candeia), Vismia guianensis,
Endlicheria paniculata (canela-papagaio), Nectandra lanceolata (canela), Ocotea spectabilis
(canela), Copaifera langsdorffii (pau-d‟óleo), 3 villosa (jacarandazinho), Tibouchina canescens
(quaresmeira), Cabralea cangerana (cangerana), Rapanea ferruginea (capororoca) e Myrcia
linkiana, são algumas das espécies que foram identificadas nessas florestas na E.E.T.

Cerrados

São formações predominantemente herbáceas, campestres, bioestratificadas, onde o estrato herbáceo


é dominado por gramíneas. Os cerrados são considerados um “complexo vegetacional” que se
destaca pela escleromorfia foliar e pela suberização dos seus elementos florísticos. Entre 40-50%
das espécies do cerrado típico ocorrem em múltiplas combinações nas suas variações fisionômicas,
campo limpo, campo sujo e campo cerrado. Na E.E.T. ocorrem campos limpos e campos sujos de
cerrado, cujos limites e interfaces só podem ser corretamente definidos se realizado um trabalho
específico de levantamento florístico e de análise da sua estrutura. Para esta classificação no âmbito
da Estação, tomou-se por base comparativa as ilustrações de Eiten (1983).

No campo limpo de cerrado foram identificadas Diplusodon cf. quintuplinervis, Ossaea


cinnamomifolia, Ossaea coriacea, Trembleya laniflora, Peixotoa sp., Irlbachia cf. speciosa, Episcia
sp., Escallonia cf. claussenii, Gaylussacia cf. salicifolia, Paepalanthus sp., Singonanthus sp.,
Oncidium sp., Fimbristylis autumnalis, Melinis minutiflora, Andropogon bicornis, Digitaria sp.,
Paspalum sp., Panicum sp., Erianthus sp. e Cuphea sp.

No campo sujo de cerrado, onde já ocorrem em maior porcentagem arbustos e árvores de pequeno
porte foram identificadas Jacaranda caroba (jacarandazinho), Ilex theezans, Didymopanax
macrocarpum, Erythroxylum suberosum, Baccharis platypoda, Eremanthus incanus (candeião),
Vanillosmopsis erythropappa (candeia), Stenocline sp. (marcela), Melinis minutiflora

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(capim-gordura), Diplusodon cf. quintuplinervis, Ciperáceas (Fimbristylis, Rynchospora) e
Gramíneas (Paspalum, Panicum, Digitaria, Erianthus).

Áreas Úmidas/Brejos Permanentes

São consideradas áreas úmidas “as áreas de pântano, brejo, turfeira ou com água, naturais ou
artificiais, permanentes ou temporárias, com água corrente ou parada, doce, salobra ou salgada,
incluindo áreas marinhas, cuja profundidade na maré baixa não exceda seis
metros”(IUCN/WWF/IBDF, 1988). A E.E.T. possui uma lagoa artificial próxima à sede (Foto 3),
vários córregos nas depressões e a uma certa distância dos cursos d‟água, brejos permanentes com
solo higromórfico, cujo nível de inundação diminui no auge da estação seca. Algumas dessas áreas
se encontram em adiantado estágio sucessional, onde as espécies terrestres já ocupam papel
significativo na sua fisionomia. Hedychium coronarium (lírio-do-brejo), Sauvagesia erecta,
Commelina erecta (trapoeiraba), Begonia cf. hispida (begônia), Tripogandra sp., Drosera sp.,
Juncus spp., Anemia sp., Gleichenia pruinosa (samambaia), Blechnum serrulatum, Centella biflora,
Xyris sp. (botão-de-ouro), Syphocamphylus sp., Ludwigia sp. são algumas das espécies identificadas
nestas áreas.

Muitas das áreas próximas aos cursos d‟água perenes apresentam florestas, que precisam ser melhor
estudadas, para que se possa definir de forma mais clara a que tipo pertencem, pois estão muito
próximas ,fisionomicamente, das florestas mesófilas, dos candeiais e até mesmo das sucessões
secundárias (Foto 4).

Sucessões Secundárias e „Capoeiras‟

Em termos de “ecologia vegetal”, sucessões são processos ordenados de mudanças em uma


comunidade vegetal que foi pertubada na sua florística, estrutura original e nos solos sobre os quais
está estabelecida (Ehrlich & Roughgarden, 1987). Mudanças climáticas, geológicas e a intervenção
humana são os principais fatores causadores desta perturbação. Assim, as chamadas “capoeiras”que
ocorrem na E.E.T. são fases sucessionais que podem evoluir e apresentar florística e estrutura
semelhantes às formações pré-existentes. Nessas áreas são comuns espécies herbáceas invasoras e
espécies pioneiras, tais como Achyrocline satureoides (marcela), Baccharis trimera (carqueija),
Abatia americana, Hyptis membranacea, Trembleya parviflora, Cecropia sp. (embaúba),
Gleichenia sp. (samambaia), Coccosypselum erythrocephalum, Psychotria cf. sessilis, Lantana
lilacina, Triumphetta semitriloba e Geophila sp.

O “Candeial”se insere nas sucessões secundárias como uma formação pioneira de Vanillosmopsis
erythropappa que se desenvolve após a perturbação da floresta mesófila, cujo número de indivíduos
diminui gradativamente à medida que a floresta atinge estágios mais avançados de desenvolvimento
na sua estrutura e florística. Quando os elementos da floresta mesófila ultrapassam em altura os da
“candeia”, competindo por luz e nutrientes, causando um sombreamento cada vez maior sobre esta
espécie, observa-se a diminuição do número de indivíduos e até seu desaparecimento total no
interior da floresta.

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O Projeto “Ecofisiologia da Candeia”, iniciado em outubro/93, na E.E.T., tem como objetivos o
estudo da biologia e ecofisiologia desta espécie, através da caracterização das suas fenofases, do
processo reprodutivo e do crescimento em ambiente natural e em laboratório, visando o seu manejo
e utilização em projetos de recuperação de áreas degradadas, de formação de cinturões verdes, de
paisagismo e de produção de biomassa.

Este projeto vem sendo desenvolvido pela equipe de Ecologia Vegetal do Setor de Recursos da
Terra do CETEC, com financiamento do Fundo Nacional de Meio Ambiente - FNMA e da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG, contando, ainda com o
apoio logístico da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM.

Para o seu desenvolvimento, foram demarcadas parcelas de 10,0 x 30,0 m em seis áreas de
amostragem, onde todas as árvores de “candeia” com CAP  ou = a 5,0cm foram amostradas,
anotando-se suas medidas da copa, altura e plotada a distribuição espacial. Selecionaram-se, por
sorteio, 10 matrizes em cada parcela para o acompanhamento fenológico e coleta das sementes.
Observou-se, em 1993 e 1994, que o período de floração da candeia inicia-se no mês de abril, com a
formação dos botões florais, sendo que a abertura das flores se dá em junho, alcançando o máximo
em julho/agosto. Ocorre,a seguir, a frutificação, cujo pico máximo foi atingido em setembro,
quando também se inicia a dispersão das sementes.

Em outubro/92, retiraram-se porções do solo das áreas denominadas Trevo e Adão, transferindo-as
para locais de maior luminosidade na E.E.T. para análise e monitoramento do recrutamento dos
indivíduos de cadeia, a partir do banco de sementes do solo. As primeiras plântulas emergiram no
mês de dezembro/92 e seu crescimento vem sendo acompanhado. Para completar este estudo vêm
sendo retiradas, trimestralmente, a partir de outubro/94 porções de solo do interior das parcelas
(Adão, Trevo e Pomar) e transferidas para casa de vegetação, no “Campus” do CETEC, em
condições de luz total e sombreamento.

Pode-se observar, até o momento, que no conjunto de solos mantidos com condição de
sombreamento, não houve recrutamento de plântulas de candeia, confirmando a hipótese que sua
germinação e estabelecimento estão condicionados à presença de luz. Estes resultados podem
indicar que os candeiais devam ser manejados, de forma a criar em seu interior clareiras, para que
haja a renovação dos indivíduos, a partir do banco de sementes do solo. No interior das área
supracitadas foram introduzidos também, em outubro/94, coletores de chuva de sementes, a fim de
se avaliar se há ou não queda de sementes no interior das parcelas, fator primordial para o
recrutamento das plântulas. Os resultados estão sendo processados pela equipe, devendo constar do
relatório final do projeto. Os testes de germinação das sementes, em laboratório, mostraram que a
candeia possui uma baixa taxa de germinação (+ou- 20%). Estão também sendo realizados
experimentos que visam testar a viabilidade das sementes e a influência da luz e temperatura no
processo germinativo.

Para caracterizar a vegetação nas seis áreas de amostragem previamente demarcadas, vem sendo
realizado o levantamento florístico e feita a obtenção de dados quantitativos através do “método de
parcelas”para análise de estrutura. O inventário está sendo complementado com coletas fora das
áreas, em trilhas e caminhos. Até o presente, foram identificadas 90 famílias, 200 gêneros e 303
espécies na E.E.T. Espera-se que até o final do Projeto, previsto para fevereiro de 1996, esta
22
listagem seja ampliada, com a conclusão dos estudos taxonômicos e retorno do material em estudo
pelos especialistas.

Em relação ao inventário florístico e à distribuição espacial das espécies mais importantes na área
da E.E.T., ainda não foi possível a elaboração de uma listagem definitiva, devido ao fato de os
materiais coletados estarem sendo, ainda estudados (determinados) pelos taxonomistas envolvidos
no projeto e por especialistas. A lista contendo os táxons identificados como resultado do
levantamento florístico e a análise da estrutura comporão o relatório final do projeto “Ecofisiologia
da Candeia”.

Áreas Cultivadas

Na área do Pomar, antigamente utilizada para o cultivo de espécies frutíferas, pode-se observar
atualmente uma sucessão secundária, na qual as espécies nativas estão ocupando gradativamente o
lugar das espécies cultivadas, com uma clara tendência de recuperação da floresta. Encontram-se
ainda áreas com cultivos de subsistência (hortifrutigranjeiros) próximas às residências dos
moradores da Estação.

7.4 Especificidades da Fauna

Apresenta-se neste item um diagnóstico faunístico suscinto, baseado na compilação de estudos


concluídos e em desenvolvimento na E.E.T., associado a registros aleatórios de espécies durante
incursões nas estradas e trilhas da reserva. Dentre os trabalhos consultados destacam-se os estudos
concluídos e em andamento sobre Ornitofauna e Herpetofauna, em desenvolvimento pelo Clube de
Observadores de Aves e pelo administrador da E.E.T. praticamente inexistentes trabalhos
sistematizados sobre a Entomofauna, Ictiofauna, e Mastofauna.

Registrou-se através de comprovação pessoal do administrador da unidade, pesquisadores e


entrevistas com moradores, a existência de cinco espécies faunísticas, reconhecidas oficialmente
como ameaçadas de extinção, que residem ou transitam, ocasionalmente, na E.E.T., sendo elas: o
Peripatus acacioi (Onycophora, Peripatidae); o Pavó- Pyroderus scutatus scutatus e a Tesourinha-
Phibalura flavirostris (Aves, Cotingidae), o Macaco-Sauá- Callicebus personatus
(Mammalia,Cebidae) e o Lobo-Guará- Chrysocyon brachyurus (Mammalia,Canidae). A análise
bibliografica sobre a distribuição geográfica destas espécies baseou-se nos trabalhos: Marcus E. &
Marcus E.,1955 (P. acacioi); Sick e Teixeira, 1979, Carnevalli et alli, 1988 (P.scutatus scutatus);
comprovação pessoal de Silveira L.F.,1995 (P.flavirostris) Oliver e Santos,1991 (C.personatus);
Dietz, 1985; Langguth, 1975; Thornbach e Jenkins, 1982 (C.brachyurus). Esta comparação permitiu
ainda a realização de algumas inferências sobre aspectos taxonômicos em nível de sub-espécie para
o macaco-sauá e o pavó.

Fauna de Invertebrados

Classe: Onychophora
23
O grupo dos Onychophora ao qual pertence o gênero Peripatus, possui hoje cerca de 70 espécies
espalhadas em áreas tropicais e temperadas do hemisfério sul. Segundo vários autores, estas
espécies podem ser os ancestrais mais prováveis dos Artrópodes Unirremes (Apêndices não
ramificados) como o piolho-de-cobra, centopéias e insetos, que teriam tido uma origem comum,
porém, separada dos demais Antrópodos. Os onicóforos têm sido descritos como o “Elo Perdido”
entre os anelídeos e os artrópodos devido a muitas semelhanças com ambos os grupos (Barnes,
1990). Descobertos por Guilding em 1825, os onicóforos estão restritamente distribuídos em regiões
tropicais (Índias, Himalaia, Congo e América do Sul) ou regiões temperadas do Hemisfério Sul
(Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Andes) não sendo nenhuma espécie encontrada ao norte
do Trópico de Câncer.

A Estação Ecológica do Tripuí, localidade tipo do Peripatus acacioi, foi criada com o principal
objetivo de preservar a espécie em seu habitat. A espécie foi assim denominada em homenagem ao
seu descobridor, Dr. Acácio Costa Júnior, quando de sua descrição pelos pesquisadores Eveline
Marcus e Ernesto Marcus da Faculdade de Filosofia do Estado de São Paulo, no ano seguinte da sua
descoberta, em 1955.

O P. acacioi é uma espécie terrícola, que habita as cavidades do solo onde predomina uma umidade
à saturação, com claridade muito fraca ou nula e uma temperatura constante inferior à 200C. São
encontrados aprofundidade de aproximadamente 40 cm em locais úmidos, próximos as cabeceiras e
ao longo dos cursos d‟água, sob uma cobertura vegetal que propicia um sombreamento adequado.
Durante a estação seca, os onicóforos procuram as parte mais úmidas e profundas do solo se
agrupando em galerias. Com o retorno das chuvas, eles voltam para próximo da superfície do solo e
se dispersam. Entretanto, esta espécie é extremamente dependente de seu habitat, não sendo capaz
de empreender grandes migrações.Os representantes mais típicos da fauna associados ao P. acacioi
são planárias terrestres, várias espécies de opiliões (Gonyleptidae) e uma espécie de
barata.(Lavallard et. al., 1975).

O corpo do P. acacioi é alongado, com o comprimento variando entre 20 e 56mm. A coloração


típica da espécie é púrpura-escuro dorsalmente, sendo a parte ventral mais clara, lilás-avermelhado.
As características de grande importância evolutiva típicas do grupo são a presença de antenas,
unhas, nas terminações dos lobópodos (pés lobados dos onicóforos) e dentes nas mandíbulas,
características de alguns artrópodes; em contrapartida o corpo é formado por anéis,o que é tipico
dos anelídeos. São animais de hábito alimentar carnívoro, com uma interessante estratégia alimentar
e de defesa que consiste na imobilização da presa através de um jato de muco produzido por um par
de glândulas adesivas e lançado por duas papilas orais localizadas ao redor da boca. A secreção
endurece quase imediatamente, envolvendo a presa em uma rede de filamentos adesivos. São
animais dióicos e a determinação do sexo pode ser feita através da contagem dos lobópodos, pois os
machos possuem de 24 a 26 pares e as fêmeas de 27 a 29 pares de lobópodos (Campiglia &
Lavallard,1973).

A espécie foi objeto de inúmeros trabalhos científicos, principalmente, no que se refere à


morfologia (histologia), entretanto, pouco se estudou sobre sua ecologia, não existindo informações
sobre sua distribuição e status populacional na Estação Ecológica do Tripuí, sendo um dos projetos
prioritários, por esta razão, o “ Estudo da Dinâmica Populacional do Peripatus acacioi”.
24
Entomofauna

No que se refere aos insetos, a área apresenta um importante campo de pesquisa a ser explorado,
uma vez que, como já mencionado, nenhum trabalho sistemático de levantamento foi realizado até o
momento.Torna-se de grande interesse a identificação destes animais e o estudo de suas possíveis
relações ecológicas com o P. acacioi

Coletas de material limnológico foram realizadas aleatoriamente na microbacia do Córrego Tripuí e


algumas espécies zoobentônicas identificadas, o que deu origem à proposta de um projeto de
bioindicadores de qualidade dos recursos hídricos, Qualidade Ambiental da Microbacia do Córrego
Tripuí, elaborado pela FEAM em tramitação no Fundo Nacional do Meio Ambiente - F.N.M.A.

Fauna de Vertebrados

Ictiofauna

Assim como para a entomofauna, não existe ainda caracterização das espécies de peixes da
microbacia. Conforme observações pessoais, podem-se constatar na lagoa artificial e no Córrego do
Tripuí na E.E.T., algumas espécies vulgarmente chamadas de sarapó, cambéba, cará e lambarí.Tais
exemplares serão coletados e encaminhados a especialistas, para identificação das espécies e
elaboração de um estudo completo definindo as nativas e exóticas, bem como propor medidas
compatíveis ao monitoramento e manejo da Ictiofauna local, principalmente na área da lagoa
artificial.

Herpetofauna

O estudo da herpetofauna da E.E.T. foi iniciado com o levantamento bibliográfico dos trabalhos
realizados na região e área de entorno, nos municípios de Ouro Preto e Mariana. Entretanto, as
bibliografias encontradas para Ouro Preto e Mariana (Miranda & Ribeiro, 1927); (Heyer &
Maxon,1993) e (Cocroft & Heyer,1988) contém dados incipientes, contrastando com o longo tempo
de ocupação da área. Excetua-se um único trabalho ainda não publicado, realizado por Feio em
1992 na área da Samitri Mineração, próxima a cidade de Mariana, onde foram registradas um total
de 30 espécies de anfíbios. Tornam-se necessários estudos mais completos dada a importância do
grupo como bioindicadores, a fim de associar as espécies existentes e sua distribuição na área.

A pesquisa da herpetofauna que vem sendo realizada na E.E.T., pelo administrador da unidade, já
teve duas etapas desenvolvidas. A primeira, no período compreendido entre maio/93 e junho/94,
baseou-se na análise dos dados obtidos através de coletas aleatórias em oito pontos
pré-estabelecidos. Foram registradas 19 espécies de anfíbios, sendo 2 da Família Bufonidae, 10 da
Família Hylidae e 7 da Família Leptodactylidae. Da classe Reptilia registraram-se 22 espécies,
25
pertencentes a 8 Famílias, sendo: 2 Teiidae, 1 Iguanidae, 1 Anguidae, 1 Amphisbaenidae, 13
Colubridae, 1 Elapidae, 1 Leptotyphlopidae e 2 Viperidae. Na segunda etapa, realizada no período
de novembro/94 a março/95, utilizou-se coleta com armadilhas do tipo “Pitfall”. Foram montados
19 pontos de captura durante o período chuvoso, em ambientes heterogêneos, resultando no registro
de mais 5 espécies de anfíbios Bufo rufus (Bufonidae), e 4 Leptodactylidae: Cycloramphus
eleutherodactylus, Adenomera sp, Eleutherodactylus sp. e Eleutherodactylus binotatus, além de
mais 2 répteis da família Iguanidae: Enyalius bilineatus e Urostrophus valtieri.

Avifauna

No levantamento faunístico realizado por Carnevalli et al.,1988, foram feitos 297 registros de aves
pertencentes a 92 espécies distribuídas em 30 famílias e 13 ordens, sendo 21 de não- passeriformes
e 71 passariformes. Atualmente, membros do Clube de Observadores de Aves de Minas Gerais
desenvolvem um levantamento mais sistematizado com duração prevista de um ano, tendo sido
registradas até o momento 142 (cento e quarenta e duas) espécies na área, incluindo duas espécies
ameaçadas de extinção: o pavó ou pavãozinho-do-mato (Pyroderus scutatus) e a tesourinha
(Phibalura flavirostris), sendo necessários estudos específicos visando sua preservação.

Mastofauna

Ainda não foi realizado o levantamento dos mamíferos, sendo necessária a elaboração de projetos
específicos para identificar pequenos e médios mamíferos existentes na área da Estação. Entretanto,
algumas espécies já foram observadas e identificadas nas trilhas e estradas, tais como: quati (Nasua
nasua), veado-mateiro (Mazama sp.), paca (Agouti paca), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus),
esquilo (Sciurus aestuans), tapeti (Sylvilagus brasiliensis), raposinha (Dusicyon sp.); além das duas
ameaçadas de extinção, já citadas: o macaco-sauá (Callicebus personatus) e o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) que transita ocasionalmente pela UC.

26
Tabela - Espécies ameaçadas de extinção (Portaria 1522 - IBAMA)

ESPÉCIES TIPO DE REGISTRO

Classe:Onycophora Invertebrado considerado até o momento endêmico da E.E.T.,


Família:Peripatidae onde foi encontrado pela primeira vez, em 1954, pelo Dr. Acácio
Espécie:Peripatus acacioi Costa Júnior, do setor de entomologia da então Sub-Estação
(Marcus & Marcus, 1955) Experimental da Agricultura. No ano seguinte,os pesquisadores
da Faculdade de Filosofia do Estado de São Paulo, Eveline e
Ernesto Marcus, descreveram a nova espécie com o nome de P.
acacioi, a fim de homenagear seu descobridor .

Pavó,Pavãozinho-do-Mato A subespécie ocorrente no sudeste brasileiro P. s. scutatus foi


Classe:Aves considerada ameaçada de extinção inicialmente por Sick e
Família:Cotingidae Teixeira, em1979 e foi registrada pela primeira vez na E.E.T. por
Espécie:Pyroderus scutatus Carnevalli et. al., 1988, no local conhecido como Repolheiro,
scutatus próximo à entrada da reserva
(Shaw,1792)

27
Tesourinha Esta espécie foi registrada recentemente por equipe de
Classe:Aves ornitólogos do Clube de Observadores de Aves de Minas Gerais,
Família:Cotingidae quando em incursão na área do apiário da E.E.T., onde foi
Espécie:Phibalura flavirostris identificado um casal da espécie nidificando no alto de uma
(Vieillot,1816) pequena árvore.

Lobo-Guará O registro de lobo-guará na E.E.T. foi realizado por moradores


Classe:Mammalia locais, no ano de 1994, que visualizaram um indivíduo rondando
Família:Canidae as residências no final da tarde. A fim de confirmar o registro,
Espécie:Chrysocyon brachyurus foram utilizadas fotografias da espécie, que foram apresentadas
(Illiger,1815) às pessoas que afirmavam tê-lo visto e o identificaram. Cabe
ressaltar também que a localização da E.E.T. se enquadra
perfeitamente na distribuição geográfica citada para a espécie.

Macaco-Sauá,Guigó Já foram identificados três grupos de C. personatus na área da


Classe:Mammalia E.E.T., onde no final do verão, no período da manhã, dois destes
Família:Primates grupos percorrem a mata, à montante da lagoa existente. A partir
Espécie:Callicebus personatus daí, seguem em direção noroeste até atravessarem a estrada
(E.Geoffroy,1812) principal da Estação, próximo ao local denominado Repolheiro,
onde se alimentam dos frutos existentes (Anonáceas e
Bromeliáceas), para finalmente tomarem direção leste ou
sudoeste em direção ao apiário ou à divisa com o terreno
pertencente ao SESC-MG. Nesta área já foi observado um
terceiro grupo, com um número menor de indivíduos, emitindo
sua vocalização característica.

8. ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

A análise dos aspectos sócio econômicos da área da E.E.T. teve como objetivo definir o perfil dos
moradores locais e a percepção ambiental desta comunidade em relação à área que apresenta
características especiais de proteção legal. Os dados levantados através da aplicação de
questionários permitiram estabelecer diretrizes para melhoria da qualidade de vida da comunidade e
sua integração com os princípios legais que regem uma estação ecológica.

A comunidade residente na Estação é composta, atualmente, por 11 famílias, totalizando 45


moradores, entre proprietários particulares, funcionários da FEAM e aposentados da Secretaria de
Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-SEAPA e da Rede Ferroviária Federal Sociedade
Anônima-RFFSA, conforme descrito abaixo:.

Proprietários:

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José Araújo Pedrosa Filho
José Donato Quirino
Júlio Marotta. (considerar ainda a família de Osvaldo Pereira Rodrigues Filho, genro do Sr. Júlio
Marotta.)

Funcionários Aposentados:

Adão Ferreira do Nascimento (SEAPA).


Bartolomeu Diniz (SEAPA).
João Agostinho Bosco Ramalho (RFFSA).
José Araújo Pedrosa (SEAPA).

Funcionários da FEAM:

Antônio Marta Martins.


Paulo César Lopes da Silva.
Sérgio Guadalupe Machado.

Do total de moradores, 26,7% são crianças com idade até nove anos; l7,8% estão na faixa etária de
10 a l9 anos; 33,3% entre 20 a 49 anos de idade e 22,2% acima de 50 anos de idade. Grande parte
dos moradores reside na E.E.T. há mais de 29 anos, sendo a maioria deles nativos da região.

A mão-de-obra ativa, totalizando 54,5% da população residente, está distribuída entre as atividades
diretamente relacionadas com a administração da Estação e atividades externas, desenvolvidas nos
setores minerário e de hotelaria.

A renda familiar dos residentes da E.E.T. incide, preponderantemente, na faixa de três salários
mínimos para os funcionários do Estado e superior a quatro sálarios mínimos para os proprietários
particulares e aposentados, ainda exercendo trabalhos através de prestação de serviços. Esta faixa
salarial está compatível com o padrão salarial médio do município de Ouro Preto.

O poder aquisitivo da comunidade permite o acesso a bens de consumo, como demonstrado pela
existência, em todas as unidades residenciais, de eletrodomésticos básicos, equipamentos de som
(45,4%), aparelhos de vídeocassete (16,2%) e veículos (27,2%). A E.E.T. não possui rede
telefônica; entretanto, uma família dispõe de telefone celular.

O nível médio de escolaridade dos moradores é o 1º grau incompleto (81,8%). Apenas dois
moradores possuem primeiro grau e segundo grau completos, respectivamente. Todas as crianças
em idade escolar estão matriculadas e frequentam a Escola Estadual Tomaz Antônio Gonzaga,
localizada no Distrito de Saramenha, uma vez que a escola municipal localizada na E.E.T. foi
desativada. De acordo com os moradores seriam extremamente benéficos para a população residente
a reestruturação e ativação desta escola.

29
Com relação à saúde não há registro no local de problemas crônicos e/ou de maior gravidade. O
serviço de assistência médica é prestado pela rede pública, através da Previdência do Estado e
INAMPS. Apenas dois moradores possuem assistência médica particular. A maior dificuldade
apontada pelos beneficiários da Previdência é a distância entre a E.E.T. e Belo Horizonte, que
impõe limitações aos atendimentos de internação, uma vez que não há Unidade Hospitalar da
Previdência em Ouro Preto.

Os moradores da E.E.T. mantêm uma convivência harmoniosa com a unidade de conservação. O


nível de conscientização da população, em relação às restrições de uso da área e aos cuidados
necessários à sua manutenção, foi considerado satisfatório. A integração homem/natureza é
facilitada, de certa forma, por serem estes moradores, na sua maioria, nativos da região. Existem,
entretanto, alguns conflitos impostos pelos princípios desta categoria de manejo que devem ser
administrados até que haja uma definição quanto à regularização fundiária da Estação. Porém, não
foi constatada, entre os proprietários particulares, resistência em relação à desapropriação das áreas,
desde que o processo de indenização, por parte do Estado, seja satisfatório.

Os principais problemas detectados pelos moradores são fiscalização deficiente; trânsito excessivo
de pessoas na área, principalmente nos fins de semana, que acarreta problemas relacionados à
poluição sonora, hídrica e visual, falta de segurança, caça, retirada de lenha, inexistência de meio de
transporte público para a cidade de Ouro Preto e seu sistema de telefonia.

A Estação é utilizada como área de lazer, principalmente, pela população jovem e masculina. Os
locais mais procurados são a lagoa, o campo de futebol , o Córrego do Tripuí, além das trilhas em
áreas de mata e da linha férrea, que são usadas para caminhadas .

A concepção da E.E.T., como área de preservação dotada de atributos naturais extremamente


relevantes, destacando-se entre eles, a maior ocorrência do Peripatus acacioi no Estado de Minas
Gerais, está totalmente incorporada na população residente. Existe grande vontade por parte desta
comunidade de que a Estação venha a ser implementada e possa cumprir os objetivos de sua
criação, estando disposta a contribuir e cooperar com as atividades estabelecidas neste plano de
manejo, conforme questionários aplicados.

8.1 Atividades Antrópicas

Tendo como princípios que em uma Estação Ecológica não pode haver exploração econômica dos
recursos naturais e que os benefícios advindos são somente de uso indireto, as atividades na E.E.T.
se enquadram em dois grupos distintos:

Atividades compatíveis:

Plantio de pequenas hortas e pomares para subsistência, exercidas pelas famílias residentes.

Avicultura para subsistência.


30
Atividades esportivas: futebol e caminhadas.

Jardinagem.

Atividades incompatíveis:

Criação de animais domésticos. Foram identificados oito diferentes tipos de animais domésticos
criados, em pequena escala, na E.E.T., tais como bovinos, equinos, caninos, etc.

Atividades de recreação. A natação e a pesca ocorrem em maior frequência na lagoa artificial e no


Córrego do Tripúi praticada principalmente, por visitantes e pelas crianças residentes na E.E.T.

Limpeza de pasto através do uso de fogo. Esta atividade ocorre em áreas adjacentes à E.E.T,
ocasionando o alastramento do fogo para a área da Estação. Levantamentos realizados pelo CETEC
e FEAM a partir de l985 permitiram identificar os pontos de maior incidência de incêndios,
conforme pode ser observado no Mapa de Ocorrência de Incêndios.

Queima de fogos de artifícios. Atividade que ocorre por ocasião da festa religiosa tradicional da
Padroeira Nossa Senhora da Conceição, realizada durante os meses de julho e agosto.

Número excessivo de transeuntes. Ocorre principalmente durante a festa religiosa. Incluem-se


também as incursões de pessoas das regiões circunvizinhas para colher frutas da época (pera, maça,
jabuticaba, caqui, pinhão), em locais remanescentes da antiga Subestação de Fruticultura, e para
banhos na lagoa.

Trânsito intenso de veículos. Especificamente durante a festa religiosa.

Travessia regular de muares carregados de lenha. Material originário de áreas localizadas fora da
Estação, principalmente, das regiões do Distrito de Rodrigo Silva, Boa Vista e Venda Nova. Esta
atividade é constante sendo utilizados os acessos secundários da antiga Estrada Real e das trilhas de
tropeiros, que interligam estas regiões à Rodovia dos Inconfidentes, através da estrada principal da
Estação;

Retirada clandestina de lenha. Embora em menor intensidade do que em anos anteriores, ainda
ocorre em áreas próximas à rodovia. A redução desta atividade deve-se, principalmente, ao
estabelecimento da residência do administrador na E.E.T. desde julho de 1993, reforçando a
fiscalização. Porém, devido ao reduzido contingente de funcionários da Estação, esta atividade
ainda não foi eliminada.

Captura de animais. Atividade clandestina exercida, principalmente, ao longo da via férrea,


comumente para fins comerciais, através da captura de espécimes de aves (pintassilgo, sanhaço,
sabiá, trinca-ferro, canário-chapinha). As dificuldades de fiscalização existentes na E.E.T. também
impossibilitam o controle rígido desta atividade.

31
8.2 Situação fundiária

Ainda existem pendências consideráveis referentes a indenizações necessárias para a regularização


fundiária da E.E.T.. Sua área total possui aproximadamente 337 ha, sendo que 55,l6 ha são de
domínio particular e 63,8 ha encontram-se sob regime de comodato, conforme pode ser observado
no mapa Fundiário. As propriedades particulares encontram-se distribuídas da seguinte forma:

1- Propriedade do Sr Júlio Marotta: terreno de 5.000 m2 contendo duas benfeitorias, sendo uma casa
do tipo popular com cerca de 75m2 e outra com cerca de 90m2.

2- Propriedade do Sr. José Donato Quirino: terreno de 6.700 m2 contendo duas benfeitorias, uma
casa do tipo popular com cerca de 60 m2 e um curral.

3- Propriedade do Sr. José Araújo Filho: terreno de l.300 m2 contendo uma casa do tipo popular
com cerca de 65 m2 como benfeitoria.

4- Propriedade de Geralda Neves Fortes: terreno de 464.600 m2, contendo como benfeitoria uma
pequena represa onde ocorrem atividades de recreação.

5- Propriedade da Comunicações, Lazer e Cultura S.A.- CLC (TURABRIL): terreno de 74.000 m2,
não contendo benfeitorias.

Algumas iniciativas vêm sendo tomadas, no sentido de solucionar os entraves advindos da questão
fundiária. Em agosto de 1994, a Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração -
SERHA apresentou o laudo de avaliação da área pertencente a Geralda Neves Fortes com o valor
equivalente a R$ 2.090.700,00 (dois milhões, noventa mil e setecentos reais). A FEAM procedeu a
análise, comparando este valor com aquele dos terrenos adquiridos pelo IEF, em área similar, à
Fazenda São José do Manso no interior do Parque Estadual do Itacolomi (P.E.I.), constatando uma
grande disparidade entre os valores desses terrenos. Face ao observado solicitou-se à SERHA a
revisão do estudo técnico e ampliação da área analisada de forma a abranger os demais terrenos
sujeitos à indenizações.

32
8.3 SERVIÇOS DE INFRA-ESTRUTURA

A instalação de infra-estruturas na área da E.E.T. remonta à época da instalação da RFFSA e da


implantação da Subestação Experimental de Fruticultura, que tinha como função principal o
desenvolvimento de hortifruticultura, com distribuição gratuita dos produtos à comunidade carente
da região.

8.3.1 Unidades Residenciais e de Apoio Administrativo

No interior da E.E.T, existem vinte e seis edificações, sendo dezesseis benfeitorias pertencentes ao
Estado, incluindo unidades residenciais e de apoio administrativo, três à RFFSA, quatro a
proprietários particulares, além de uma igreja, uma escola desativada e um cemitério cujo registro
de posse não foi identificado.

O núcleo de ocupação concentra-se na Vila Tripuí, próximo à residência do administrador. A vila,


propriamente dita, é composta por dez casas, sendo três maiores com oito cômodos e sete menores
com seis comodos e banheiro externo. Cinco destas casas estão desocupadas, apresentando precário
estado de conservação. Os terrenos das casas variam de 100 a 600 m². A partir da casa da
administração, a vila possui os seguintes moradores:

1ª casa - Família de Antônio Marta Martins

2ª casa - Família de Sérgio Guadalupe Machado

3ªcasa - Família de Paulo Cesar Lopes da Silva

4ªcasa - Família de José Araújo Pedrosa

5ª, 6ª,7ª e 8ª casas - Vazias

9ªcasa - Família de Bartolomeu Diniz

l0ªcasa -Vazia

A casa da administração da Estação, além de ser a residência do administrador, também vem sendo
utilizada como alojamento para pesquisadores gerando conflitos evidentes de uso. Embora
reformada em l991, necessita de correções de infiltrações e melhoria das instalações elétricas e
hidráulicas.

Próximo à antiga Estação da RFFSA, a ocupação encontra-se dispersa, formada por treze unidades
físicas incluindo residências e edificações de apoio administrativo da E.E.T. Deste total apenas
quatro pertencem ao Estado, sendo dois galpões, uma residência e um apiário. Nos galpões,
reformados em l991 e em l994, funciona o Centro de Pesquisa e Educação Ambiental. O principal
problema deve-se à sua localização próxima ao brejo, cuja umidade provoca sérias infiltrações nas
paredes e nos pisos, difilcultando o melhor aproveitamento do local . O Centro é carente de
33
equipamentos de informatização e comunicação, e não possui uma sala adequada para criação em
cativeiro do Peripatus acacioi. Próximo ao Centro de pesquisas encontram-se as casas pertencentes à
RFFSA, as propriedades particulares, a igreja e a escola.

Uma das casa da RFFSA apresenta-se ocupada por um funcionário aposentado e outras duas estão
desativadas. No que se refere às propriedades particulares, encontram-se quatro residências
ocupadas. A Igreja Nossa Senhora da Conceição está sob supervisão da Igreja do Pilar de Ouro
Preto e a Escola Municipal do mesmo nome está atualmente desativada. A área destinada ao
cemitério, apesar de pequena, ainda é utilizada pela comunidade local, existindo registro oficial do
sepultamento de l5 pessoas. Com localização mais afastada do Centro de Pesquisa e próximo ao
apiário encontra-se uma residência ocupada, atualmente, pela família de aposentado da SEAPA. O
apiário da Estação encontra-se em condições precárias para utilização, mas mesmo assim, são
retirados semestralmente cerca de 40 litros de mel.

Além das benfeitorias citadas, existe ainda uma guarita para vigilância, localizada na entrada da
Estação próxima ao Anel de Contorno Ouro Preto - Mariana.

8.3.2 Saneamento Básico

O abastecimento de água na Estação se dá através da captação de água de pequenas nascentes, da


seguinte forma:

1- O abastecimento da Sede Administrativa e Vila do Tripuí vem de uma pequena caixa de


alvenaria (80 litros), com captação localizada em uma das nascentes que abastece a lagoa. Deste
ponto é drenada por mangueiras de PVC, por cerca de 300 metros até a central de distribuição na
Sede Administrativa que é composta de cinco caixas com capacidade de 1000 litros cada,
distribuindo para a sede e casas da Vila.

2- O abastecimento das casas da Rede Ferroviária Federal, proprietários particulares e Centro de


Pesquisa e Educação Ambiental, vem do desvio de uma nascente, por gravidade, até uma caixa de
alvenaria, de onde é distribuída até a caixa d‟água das residências, através de mangueiras de PVC
com distância variando entre 30 a 200 metros;

3- O abastecimento de unidade residencial próxima ao Apiário vem do desvio de outra nascente


próxima, por gravidade até a caixa de alvenaria, sendo distribuída até a caixa d‟água, numa
distância de aproximadamente 60 metros;

A guarita e o apiário não dispõem de abastecimento d‟água.

8.3.3 Energia Elétrica

A energia elétrica é distribuída pela CEMIG a todas as benfeitorias, com exceção da guarita e
apiário.

34
8.3.4 Sistema Viário

O acesso à E.E.T. se dá a partir da Rodovia do Inconfidentes BR 356, próximo ao Km 90 no Trevo


de Ouro Preto, seguindo pela Anel de Contorno Ouro Preto-Mariana em direção sudeste, (Fig.5).

A aproximadamente l50 m do trevo existe o entrocamento com a estrada vicinal, à direita, que
constitui a principal via de acesso da E.E.T. Esta via direciona-se para sudoeste, com largura
variando entre quatro a seis metros, e no entrocamento com a rua do Apiário, a cerca de l200 m,
inflete para sudeste. Seguindo nesta direção, a partir da Igreja, esta via passa a ser denominada rua
Nossa Senhora da Conceição, estendendo-se por l700 m até o seu final na Vila do Tripuí.

A rua do Apiário, que se inicia no entrocamento, possui uma extensão total de 1500 metros dando
acesso a apenas uma residência e ao apiário da Estação. Antes do apiário, apresenta-se seccionada
pela linha férrea da RFFSA e pela estrada de acesso às regiões de Venda Nova e Boa Vista,
atualmente desativada.

Considera-se que a rede viária da E.E.T. é incipiente, porém bem distribuída, conforme observado
no mapa em anexo, constituindo-se pelas vias não-pavimentadas construídas sobre vertentes
declivosas. Atende parcialmente às necessidades de deslocamento, devido ao fato de que o trânsito
de veículos maiores, como ônibus oriundos de excursões escolares, é limitado pelas características
topográficas locais, exigindo manutenção permanente. Sua manutenção tem sido feita com
cascalhamento utilizando rejeitos de mineração cedidos pela Prefeitura Municipal, assim como o
maquinário e parte da mão de obra.

35
9. ZONEAMENTO AMBIENTAL

O princípio metodológico definido para este projeto foi conduzido por uma abordagem integrada
dos diversos elementos que compõem o espaço geográfico estudado permitindo o estabelecimento
do Zoneamento Ambiental para a área da E.E.T..

O Zoneamento Ambiental, além de constituir uma representação cartográfica e sintética das


informações obtidas, consiste num instrumento de planejamento ambiental. Resulta da
identificação, caracterização e organização dos elementos naturais e antrópicos, expressos em
Unidades Ambientais. Com base na integração dos estudos geológicos, geomorfológicos,
pedológicos e de uso da terra, no qual incorporou-se os estudos de vegetação, foram definidas três
grande unidades ambientais, caracterizadas da seguinte forma:

Unidades Posição Altitude (m) Geologia Solos Associados à


Ambientais Geográfica na Vegetação
E.E.T.
clorita xisto associação litossolo
norte l280 a 1324 sericita xisto fase floresta mesófila
metadiamictitos
Interflúvios
sul/leste l300 a 1428 filitos grafitosos associação litossolo
fase campo limpo de
de Cerrado

norte l200 a 1280 associação litossolo


fase floresta mesófila

intercalações de
Vertente quartzitos
ferruginosos e associação litossolo
filitos pra teados com inclusão de
sul/leste l200 a 1300 cambissolo álico-
fase sucessão
secundária de
floresta mesófila
associação litossolo
fase campo limpo de
cerrado e fase campo
Planície central 1100 a 1200 filitos sujo de cerrado; solos
aluviais associados a
brejos permanentes

Estas Unidades foram subdivididas em Zonas de Manejo, que nortearam a estruturação de parte do
programa de manejo a ser implantado na E.E.T. Outra parte do programa de manejo derivou da
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necessidade de formação de infra-estrutura de apoio científico e administrativo na E.E.T. Apesar
deste projeto abordar um maior alcance temporal das ações, estão previstos, no plano de manejo,
mecanismos permanentes de atualização, através de estudos complementares a serem desenvolvidos
no âmbito da Estação.

Os arranjos espaciais que expressam as unidades de manejo foram definidos em sete Zonas
Ambientais: Zona Especial I, Zona Especial II, Zona em Transição, Zona Histórico-Cultural, Zona
de Recuperação, Zona de Pressão Antrópica e Zona de Uso Antrópico. Com exceção da Zona de
Uso Antrópico, todas as demais se destinam à preservação integral da biota.

Segue-se a caracterização de cada Zona definida:

1- Zona Especial I

Corresponde a uma grande unidade abrangendo toda a vertente do setor norte e à baixa vertente do
setor sul. Nesta Zona ocorre a Floresta mesófila com presença de populações de “candeia” em
diferentes estágios de desenvolvimento, constituindo-se na área onde a vegetação apresenta-se
fisionomicamente mais desenvolvida.

Estas duas porções possuem tipologias vegetacionais semelhantes fisionomicamente, porém em


estágios sucessionais diferenciados, devendo ser desenvolvidos projetos de pesquisas com o
objetivo de caracterizá-las, segundo sua estrutura.

2- Zona Especial II

Compreende a planície aluvionar ao longo do córrego do Trípuí, com ocorrência de vegetação de


campo higromórfico e formações florestais nas proximidades do curso d‟água, possuindo
características físicas e vegetacionais que contrastam com as áreas de entorno. Esta zona apresenta
uma interação de características físicas e bióticas peculiares, com interdependência mútua entre
estes dois fatores, expressa pela fragilidade das comunidades vegetais em relação à perenidade das
águas do córrego do Tripuí. Nesta Zona, também deverão ser desenvolvidas pesquisas visando sua
caracterização e controle de qualidade ambiental.

3- Zona em Transição

Compreende a vertente do setor leste, onde a vegetação natural foi totalmente descaracterizada,
substituída por uma vegetação de campo sujo, constituindo-se uma Zona de Transição entre as
Zonas Especial I e de Uso Antrópico. Nesta Zona deverão ser desenvolvidas pesquisas direcionadas
para monitoração do biótopo principalmente, no sentido de se verificar a possibilidade de
recomposição vegetacional, visando melhoria da qualidade ambiental, incrementando a evolução
natural do ambiente.

4- Zona Histórico Cultural

Considera-se a Estação Ecológica do Tripuí patrimônio histórico cultural por excelência. Sua
ocupação remonta ao final do século XVII, e a sua história sempre evoca a descoberta do ouro na
37
região. Para efeito de zoneamento, priorizou-se o eixo da estrada que conduz a Venda Nova, cuja
construção é da segunda metade do século XVIII. O traçado original dentro da área da Estação foi
inferido, sendo a sua identificação objeto de pesquisa posterior.

Em prospecções preliminares, foram registrados vários pontos de interesse de pesquisa, nos limites
da unidade de conservação, bem como significativos testemunhos fora da área da Estação, em
terrenos de particulares. Os trechos de interesse concentram remanescentes da estrada, trechos
pavimentados, pontes, marcos de idenfificação da Estrada, antigas sedes de fazendas, casas de
comércio e moinhos.

Considera-se que este material residual seja fundamental para a compreensão do universo agrário
minerador do século XVIII e XX, servindo para o resgate do processo de ocupação da área de
entorno da Estrada Real. Estas manifestações históricas, culturais e arqueológicas deverão ser
estudadas, interpretadas para o público e o seu aproveitamento deverá consolidar o processo de
concientização dos valores culturais e ambientais.

5- Zona de Recuperação

Corresponde à alta vertente localizada no setor sul da Estação, onde se verifica a ocorrência de
processos morfordinâmicos intensificados (Foto 5), representados pelos processos generalizados de
deslizamentos. Estes processos constituem-se em indicadores para recuperação, requerendo ações
específicas de monitoramento e projetos de recomposição. Considerando os aspectos ambientais
homogêneos que definem as Zonas de Manejo, alguns trechos necessários à recuperação não foram
incluídos nesta zona, mas somente no subprograma de recuperação.

6- Zona de Pressão Antrópica

Corresponde à área de entorno ao longo da zona de uso antrópico, numa distância de


aproximadamente 10 m, ampliando-se em determinados trechos, que abrangeram extensões
consideráveis de áreas naturais, evitando assim a segmentação das zonas. Esta zona mantém as
características naturais preservadas e/ou semi-alteradas, funcionando como zona tampão, para
amortecer os impactos gerados na zona de uso antrópico.

7- Zona de Uso Antrópico

Esta Zona foi assim caracterizada por possuir alterações artificiais provocadas pelo uso e ocupação
antrópica numa escala temporal que antecede a data de criação da E.E.T. Corresponde a uma faixa
equivalente a 9 % da área total da E.E.T., localizada ao longo das ruas Nossa Senhora da Conceição,
do Apiário, estrada de acesso principal e ao longo da via Férrea (Foto 6). Abrange toda a área
residencial, de recreação e de acesso à E.E.T. O princípio básico para definição desta Zona foi
respeitar a situação real, existente, procurando adequá-la de forma harmônica com os preceitos
legais e objetivos de manejo da unidade.

Os impactos desta interferência, apesar de localizados, temporais e mitigáveis, podem comprometer


a qualidade dos “habitats” que se pretende proteger. Apesar de ainda não se ter conhecimento dos

38
impactos gerados pelas intervenções, definiu-se uma lista de ações compatíveis e incompatíveis, já
especificada nos aspectos sócio-econômicos, com base nos princípios de uma Estação Ecológica.

Nesta Zona, o ambiente deve ser mantido o mais próximo do natural embora, devam ser
implementados os serviços de infra-estrutura necessários à educação ambiental e pesquisa.

Foram previstas, nesta Zona de Uso Antrópico, cinco áreas distintas, com total de 5 ha,
correspondentes à parte das parcelas utilizadas para o estudo do projeto “Ecofisiologia da Candeia”,
onde poderão ser abertas clareiras. Posteriormente, deverá ser desenvolvido projeto específico
direcionado para o aproveitamento das comunidades vegetais.

39
10. PROGRAMA DE MANEJO

A implantação deste programa de manejo, elaborado a partir da análise comparativa das Unidades
Ambientais, constitui uma tarefa de grande abrangência e complexidade, exigindo que a
responsabilidade deste projeto seja dividida com organismos gerenciadores, representados pelo
próprio Conselho Consultivo da E.E.T, Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEAM, entidades
financiadoras, Instituições de Pesquisa e outros organismos envolvidos indiretamente.

A definição das diretrizes e atividades necessárias ao manejo da Estação é estruturada em três


programas distintos: Manejo do Meio Ambiente, Operacionalização e Integração com a
Comunidade. Tais programas agrupam subprogramas específicos com o detalhamento das ações e
respectivos cronogramas físico-financeiros.

10.1 Programa de Manejo do Meio Ambiente

Compõe-se basicamente da identificação de pesquisas complementares necessárias ao conhecimento


integrado dos fatores bióticos e abióticos, além de selecionar áreas críticas para a recuperação
ambiental. Possui como objetivos o incentivo ao desenvolvimento de novos estudos e obtenção de
novas informações que promovam o manejo adequado da área, de forma a assegurar as condições de
preservação que possam embasar planejamentos futuros. Objetiva, ainda, promover a recuperação
das características naturais das áreas degradadas no interior e em áreas limítrofes da E.E.T.. Para a
sua implantação propõe-se a formação de parcerias com organismos financiadores, instituições
governamentais e não governamentais.

10.1.1 Subprograma de Investigação Científica

Para o desenvolvimento de pesquisas elaborou-se um conjunto de normas, em forma de Minuta de


Portaria constante no subprograma de normatização, objetivando a padronização dos procedimentos
a serem adotados. Deverão ser realizados contatos e divulgação junto às instituições de pesquisas
incentivando a utilização da E.E.T. nos trabalhos de pesquisa em cursos de graduação e
pós-graduação. Será dada prioridade aos projetos que dizem respeito às linhas de pesquisa, abaixo
relacionadas:

desenvolvimento de modelos para integração de dados dos diversos estudos, visando a conservação
do P.acacioi, e o manejo das comunidades florísticas e faunísticas da E.E.T.;

continuação dos levantamentos florísticos e ampliação para novas áreas, visando detectar mudanças
na diversidade das comunidades.

inventário e estudo do potencial apícola, medicinal e ornamental das espécies vegetais nativas da
E.E.T..

40
revisão taxonômica, por famílias, dos materiais vegetais coletados e elaboração da “Flora da
Estação Ecológica do Tripuí”;

complementação dos inventários da vegetação aquática e áreas florestais próximas;

estudos comparativos da estrutura vertical e horizontal, entre os diversos estratos, nas atuais
parcelas e em novas parcelas, para acompanhamento da tendência evolutiva das formações;

estudos florísticos e fitossociológicos em áreas de campo limpo e campo sujo de cerrado;

determinação do tamanho mínimo populacional das principais espécies arbóreas, tendo em vista a
sua conservação como recurso genético;

acompanhamento do processo sucessional em clareiras naturais e artificiais, visando o manejo da


candeia na área da E.E.T. e a obtenção de dados para elaboração de modelos de plantio puros e
mistos (reflorestamentos);

estudos integrados da vegetação e grupos faunísticos, visando a caracterização de „nichos‟ e


determinação da possível interdependência, com ênfase nas florestas e nas espécies ameaçadas de
extinção, principalmente do Peripatus acacioi;

estudos sobre a capacidade regenerativa da “candeia” e possibilidades de reprodução vegetativa;

dinâmica do banco de sementes do solo nos diferentes estágios sucessionais e sua importância no
estabelecimento do candeial, das florestas e formações campestres;

biologia reprodutiva e floral da candeia e espécies associadas;

estudos comparativos sobre a produção de biomassa pelas diversas comunidades vegetais;

estudos sobre a dinâmica populacional do Peripatus acacioi;

estudos para caracterização do ecossistema da Lagoa artificial do Tripuí visando seu possível
aproveitamento para piscicultura;

estudos climáticos na E.E.T para implantação do Centro de Estudos microclimáticos da E.E.T;

estudos sistematizados da entomofauna, ictiofauna e mastofauna a fim de definir linhas de pesquisas


na área de ecologia;

avaliação da condição da qualidade das águas do Córrego do Tripuí com vistas à efetivação do
enquadramento;

intervenção arqueológica na área da Estrada Real, visando identificar as manifestações históricas,


culturais e arqueológicas e consolidar um processo de valorização e conscientização pública.

41
10.1.2 Subprograma de Recuperação Ambiental

Este subprograma refere-se a alguns procedimentos que deverão ser adotados em relação à
degradação do solo e à erradicação de espécies de vegetação exótica.

Os principais problemas atuais de desequilíbrio de encostas referem-se a três trechos ao longo da


BR 356, localizados na faixa de domínio do DER. No ano de l994 foram realizadas obras de
contenção de encosta somente em dois trechos, sendo que o terceiro de maior dimensão foi
programado para ser recuperado no ano de l995, não tendo sido, ainda, iniciado. Outros pequenos
trechos de retirada de material de empréstimo foram observados ao longo da via férrea.

Em relação às espécies exóticas sugere-se a retirada dos indivíduos do gênero Eucalyptus spp.
(eucalipto), distribuídos aleatoriamente na área da E.E.T. As espécies desse gênero são originárias
da Austrália e exóticas no Brasil. Seu cultivo é realizado com o objetivo principal de produção de
celulose e madeira. Até 1980/81 havia na E.E.T. um viveiro do IEF, onde eram produzidas mudas
de Eucaliptus para fornecimento à indústria e pequenos proprietários. Os indivíduos de Eucaliptus
mais velhos foram plantados na gestão da Sub-Estação de Fruticultura. Como são espécies
alelopáticas negativas e possuem grande plasticidade ambiental competem com as espécies nativas
por espaço, luz, nutrientes e pela espécie de insetos e outros animais, possíveis polinizadores, com
reflexos negativos sobre a polinização, reprodução e disseminação das espécies arbóreas nativas. A
eliminação do Eucaliptus justifica-se, ainda, pelo fato do cultivo de espécies exóticas para qualquer
finalidade não se enquadrar nos objetivos de uma Estação Ecológica.

Além dos Eucaliptus é necessário também a erradicação dos indivíduos do gênero Cupressus
(cipreste), pelas mesmas razões anteriormente citadas.

Desta forma, propõem-se as seguintes atividades:

erradicação dos indivíduos das espécies exóticas ocorrentes na E.E.T., com o posterior
aproveitamento da madeira para infra-estruturas a serem realizadas no âmbito da UC;

monitoração das populações de Hedychium Coronarium (lírio d‟água), que pode se tornar uma
planta invasora, se as condições ambientais assim o permitirem;

proposição e implantação de modelos de recomposição em áreas degradadas e/ou em sucessão


secundária na E.E.T;

realização de contenção de encosta às margens da BR-356;

recuperação de dois trechos ao longo da via férrea e um trecho em área contígua ao trevo de Ouro
Preto, com recomposição do solo e vegetação;

42
monitoração da evolução dos processos de deslizamentos ocorrentes na vertente sul da área da
E.E.T.

10.2 Programa de Operacionalização

Agrupa sub-programas de infra-estrutura, fiscalização, regularização fundiária, proteção de entorno


e normatização, abrangendo um conjunto de ações associadas à concepção das finalidades de
proteção ambiental e integração da comunidade com o meio.

10.2.1 Subprograma de Infra-Estrutura

O estado de conservação das benfeitorias existentes possibilita seu aproveitamento, desde que sejam
realizadas reformas e manutenção periódica das unidades residenciais e áreas de utilização pública.
A implantação de novas estruturas se restringe ao cercamento de áreas críticas, instalação de viveiro
e sistema de esgotamento sanitário. As atividades abaixo relacionadas apresentam-se dispostas pelo
grau de prioridade:

implantação do sistema de esgotamento sanitário, conforme projeto em anexo;

realização de reformas para adequação da guarita;

implantação de cercamento no limite sul da E.E.T., em áreas limítrofes com a BR-356 e com a
Rocinha;

transferência do aceiro da meia vertente do setor sul para o topo;

reforma da casa da RFFSA alugada pela FEAM para instalação de alojamento;

reforma na via principal de trânsito da E.E.T.;

abertura dos trechos indicados para trilhas interpretativas;

reforma e/ou manutenção das casas na Vila;

transferência da residência próxima ao Apiário para a Vila e adaptação da mesma para instalação de
base de fiscalização;

reforma e ampliação do Apiário;

43
implantação de um viveiro de mudas das espécies nativas, para utilização em modelos de
recomposição de área degradadas;

reforma do Centro de Pesquisa e Educação Ambiental para solução dos problemas de infiltração;

reforma da casa da Administração para solução de problemas de cobertura da edificação.

10.2.2 Subprograma de Regularização Fundiária

Dentre as cinco propriedades particulares encontradas junto à E.E.T., somente uma está submetida
ao regime desapropriatório, cujos terrenos equivalem a 46,46 ha. Entretanto, considera-se de
fundamental importância que todas as atividades inerentes a este Subprograma sejam trabalhadas,
simultaneamente, uma vez que o restante de terrenos para regularização fundiária corresponde a 8,7
ha. Embora os proprietários particulares residentes na E.E.T. tenham sob seus domínio apenas 1,3
ha, são grandes as dificuldades para o cumprimento das restrições de usos impostas pela lei. Nesse
sentido, propõem-se as seguintes atividades em ordem de prioridade:

levantamento dos recursos necessários, conforme indicação de novo laudo técnico a ser elaborado
pela Superintendência de Bens e Imóveis da SERHA, para indenização dos terrenos
correspondentes a 47,76 ha;

estabelecimento de negociação com a CLC (TURABRIL) para formalização de convênio ou doação


dos terrenos de sua propriedade inseridos na E.E.T.

10.2.3 Subprograma de Proteção do Entorno

Este subprograma foi criado com o objetivo de proteger toda a área de influência direta da E.E.T.,
considerando a interdependência mútua de seus elementos naturais, uma vez que os limites da
Estação não abrangem esta área. Com esta finalidade as atividade previstas são as seguintes:

orientação aos proprietários particulares sobre o processo de criação de Reservas Particulares do


Patrimônio Natural e/ou averbação em cartório das Reservas Legais das respectivas propriedades;

formalização de cooperação técnica entre FEAM e proprietários de terrenos contíguos à zona


definida como histórico-cultural, para realização de pesquisas e educação conservacionista.

10.2.4 Subprograma de Fiscalização

Para efetivação dos serviços de fiscalização propõem-se a terceirização dos serviços de vigilância, a
capacitação profissional dos servidores da FEAM, a aquisição e instalação de equipamentos de
apoio, segundo as seguintes atividades:

contratação dos serviços de vigilância em sistema de rodízio (l2 em l2 horas);


44
instalação de base de fiscalização no limite oeste da Estação;

implantação de Sistema de Rádio-Comunicação, interligado com o Sistema do Parque do Itacolomi;

promoção de cursos de capacitação profissional de vigilância para os funcionários do quadro


permantente.

10.2.5 Subprograma de normatização

Com o objetivo de dinamizar e valorizar as ações de pesquisa e de educação conservacionista,


propiciando maior autonomia, condições de fiscalização e cumprimento efetivo das atividades
administrativas rotineiras, são estabelecidas normas complementares através de Regimento Interno
da E.E.T., anexo a este volume.

10.3 Programa de Integração com a Comunidade

Conforme discutido no Congresso Mundial de Parques e Áreas Protegidas (Barzetti, 1993) realizado
em Caracas é imperativo orientar visitações em áreas protegidas, através de programas de
educação ambiental, de caráter formal ou informal.

O estreitamento da relação do indivíduo com o meio ambiente é fator condicionante para a


promoção de mudanças de comportamento. Para que este processo se torne efetivo é primordial o
embasamento e disponibilidade de informações intrínsecas à vivência e conhecimento das funções e
benefícios sociais de proteção ao meio ambiente.

10.3.1 Subprograma de Educação e Interpretação Ambiental

Em 1994 , através de apoio da CAF, foram realizadas reformas nas dependências do Centro de
Educação Ambiental, possibilitando o desenvolvimento de novos trabalhos junto ao público
visitante.

O Centro está à disposição das comunidades circunvizinhas, dos órgãos governamentais e não-
governamentais para a realização de treinamentos e outras atividades que possam ser desenvolvidas.

Considerando as experiências adquiridas pela administração da E.E.T. ao longo dos anos e as


demandas apresentadas através dos segmentos representados no seu Conselho Consultivo,
propõe-se um programa de educação ambiental que utilize a infra-estrutura existente e que atenda
satisfatoriamente os seus diferentes públicos, formados por instituições de ensino, moradores e
funcionários, empresas locais, turistas que visitam os núcleos históricos próximos e comunidade em
geral.

45
A definição e abordagem para o desenvolvimento das atividades foram elaboradas de acordo com os
interesses de cada grupo, resultando em roteiros distintos, estruturados para o melhor
aproveitamento da infra-estrutura existente , com a finalidade de atender de forma satisfatória os
seus diferentes usuários. Estabeleceram-se como requisitos necessários ao desenvolvimento de
algumas atividades a identificação das espécies e a elaboração de material didático para caminhadas
orientadas, bem como, o treinamento de pessoas para desenvolvimento das oficinas de trabalho, e
o credenciamento dos grupos de excursão para visitas orientadas na Estação, pela Secretaria
Municipal de Turismo de Ouro Preto. Para subsidiar os projetos faz-se necessário também a
produção de um audiovisual da E.E.T. e de material educativo específico da região, como folderes,
cartilhas e cartazes.

Para concretizar este subprograma serão necessárias as seguintes atividades:

demarcação de trilhas nas zonas histórico-cultural e de pressão antrópica, identificação das espécies
vegetais principais e elaboração de material didático para orientação nas caminhadas;

treinamento de pessoal para o desenvolvimento das oficinas de trabalho e orientação das


caminhadas nas trilhas;

estabelecimento de forma de credenciamento dos grupos de excursão para visitas orientadas, na


Estação, através de Secretaria Municipal de Turismo da Prefeitura Municipal de Ouro Preto;

implantação de oficinas de trabalhos de pinturas, desenhos, argila, sucata, etc.;


Realização de práticas para conhecimento do habitat do P. acacioi, através de visitas programadas;

realização de práticas para observação do P. acacioi em microscópios para identificação de suas


características morfológicas;

promoção de cursos em consonância com as Secretarias Municipal/Estadual de Educação, para


reciclagem de professores, alunos e pesquisadores, abordando, dentre outros temas, as noções de
ecologia e meio ambiente, educação ambiental multidisciplinar, poluição ambiental, oficinas de
papel reciclado, coleta seletiva e reciclagem do lixo;

realização de palestras sobre os objetivos do zoneamento e do plano de manejo da Estação, práticas


conservacionistas e outros temas específicos;

promoção de reuniões periódicas com os residentes na Estação, visando a informação, identificação


e solução de problemas;

promoção de cursos de treinamento no combate a incêndios e formação de brigada;

promoção de cursos que visem orientar e adequar, através de práticas conservacionistas, as


atividades de subsistência exercídas pelas famílias residentes na E.E.T.;

promoção de exposições contendo painéis fotográficos da região e da E.E.T., maquete da E.E.T.,


painéis informativos das pesquisa em desenvolvimento e/ou desenvolvidas.
46
10.3.2 Subprograma de Divulgação

A operacionalização de uma política de marketing para a Estação é de fundamental importância para


a valorização das suas funções e benefícios, e em conseqüência para o respeito às suas normas de
utilização. Este programa específico é composto, principalmente, de uma campanha institucional
sobre a E..E.T. de forma a contribuir para o cumprimento do seu Plano de Manejo e conhecimento
público de seus benefícios, conforme as seguintes atividades:

elaboração de “mailing list”de interesse para a Estação;

confecção de material de divulgação;

divulgação de material educativo da E.E.T.;

aquisição de equipamentos (informática, telefonia e de recursos audiovisuais);

montagem de uma “ecolojinha” junto ao Centro de Pesquisa e Educação Ambiental para a venda de
suvenires e material de divulgação;

planejamento para melhor utilização dos veículos de comunicação;

instalação de placas informativas e educativas às margens da Rodovia dos Inconfidentes.

47
11. IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE MANEJO

A definição do cronograma físico-financeiro das ações previstas no programa de manejo


consideram o prazo de cinco anos. Em virtude de se ter um melhor alcance de previsões financeiras
em curto espaço de tempo, optou-se pela realização de detalhamento de custos somente para as
ações emergenciais. Objetivando viabilizar o cumprimento das atividades previstas, sugere-se
parceria com as instituições interessadas. Esta parceria deve ser feita de tal forma que cada
instituição possa contribuir de preferência com produtos de sua linha de produção ou materiais
disponíveis, evitando o dispêndio de recursos financeiros extras. Para sua implementação, são
propostas quatro etapas:

Ações Emergenciais - Obras, atividades e aquisição de equipamentos essenciais à UC e adequação


da infra-estrutura existente. Inclui-se também nesta etapa a regularização fundiária que, embora
envolva negociações que podem caracterizar um processo mais lento, é de caráter emergencial para
o sucesso desse plano. Estima-se o desenvolvimento desta etapa nos dois primeiros anos,
correspondendo ao período entre o início do segundo semestre de l995 e final do primeiro semestre
de l997.

Ações Permanentes - Referem-se às atividades básicas de manutenção, práticas educativas


rotineiras e desenvolvimento de projetos de pesquisas contínuas.

Medidas Complementares - Abrange o conjunto de medidas também consideradas imprescindíveis


para o melhor atendimento dos serviços aos quais a E.E.T. se propõe, mas que deverão ser
implementadas a médio prazo. Estima-se o desenvolvimento desta etapa nos anos 3 e 4 de execução
do projeto, correspondendo ao período entre o início do segundo semestre de l997 até o final do
primeiro semestre de l999.

Revisão e Adequações do Plano de Manejo - Consiste na avaliação do alcance das metas


estabelecidas neste planejamento, analisando suas implicações, resultados, dificuldades,
necessidades de redimencionamentos das ações não viabilizadas e incorporação de outras não
previstas, bem como dos novos dados gerados pelas pesquisas desenvolvidas. A execução desta
etapa está prevista para o último ano, correspondendo ao período entre o início do segundo semestre
de l999 e o primeiro semestre do ano 2000. Segue-se o detalhamento de cada etapa, acompanhado
de seus respectivos cronogramas físico-financeiros, de acordo com os subprogramas do programa de
manejo.

A seguir apresentamos o Quadro I a o custo mensal para manutenção da E.E.T.. No sentido de


suprir as deficiências atuais de fiscalização, sistema de comunicação e a melhoria dos recursos
humanos é proposto a contratação de serviços de vigilância e de um técnico para apoio aos trabalhos
de laboratório e acompanhamento das atividades de educação ambiental, conforme Quadro II.

48
CUSTO MENSAL ATUAL PARA MANUTENÇÃO DA E.E.T.

PESSOAL OUTRAS DESPESAS


Nível Superior 1º grau CEMIG Combustível Despesas Uniformes *
incompleto Miúdas (R$) Unidades
Número de
Funcionários 01 03 20,00 150,00 100,00 70,00 01

Salário 312,66
(R$) 687,50 294,84 20,00 150,00 100,00 420,00 06
277,76
Encargos 40,68
(R$) 137,50 38,43
36,17
Sub-Total 825,00 1.000,54 20,00 150,00 100,00 210,00 07
TOTAL GERAL = R$ 2.305,54

CUSTO MENSAL PREVISTO PARA MANUTENÇÃO DA E.E.T.

PESSOAL OUTRAS DESPESAS


Nível 1º Grau 2º Grau Serviços Custo CEMIG Combustí- Despesas Unifor-
Superior Técnico Vigilância Telefonia vel Miúdas mes *
Nº Funcio- 01 03 01 03 200,00 20,00 150,00 100,00 840,00
nários
Salário 1.000,00 962,11 687,50 2.100,00
(R$)
Encargos 200,00 185,26 137,50 420,00
(R$)
Sub-total 1.200,00 1.000,54 825,00 2.520,00 200,00 20,00 150,00 100,00 410,00
TOTAL GERAL = 6.445,54

* No caso específico dos uniformes, o custo total se refere a aquisição semestral.

49
CRONOGRAMA FÍSICO - AÇÕES EMERGENCIAIS

N° ATIVIDADES 1995 1996 1997


01 Dinâmica populacional do. P accioi
02 Acompanhamento do processo sucessional em clareiras naturais e
artificiais
03 Estudos integrados da vegetação e grupos faunísticos
Continuidade dos levantamentos florísticos e ampliação para novas
áreas.
04 Complementação dos inventários da vegetação aquática e áreas
florestais próximas.
Estudos florísticos e fitossociológicos em áreas de campo limpo e
campo sujo de cerrado.
05 Integração de estudos visando a preservação do P. acacioi e manejo
das comunidades vegetais e animais
06 Contenção de Encostas na BR-356
07 Recuperação de trechos ao longo da linha férrea na E.E.P.
08 Implantar sistema de esgotamento sanitário
09 Realizar adequação da guarita
10 Implantar cercamento
11 Transferir aceiro da porção sul
12 Reformar casa RFFSA para alojamento de pesquisadores
13 Reformar via principal de trânsito na E.E.P.
14 Estabelecer condições de uso das trilhas
15 Elaborar e confeccionar material didático para as trilhas e E.E.P.
16 Adquirir equipamentos
17 Confeccionar material de divulgação
18 Montar ecolojinha
19 Promover a realização de cursos sobre apicultura
20 Implantar sistema de rádio-comunicação
21 Proporcionar condições para a transferência da família residente na
área do Apiário para a Vila do Tripuí
22 Promover a regularização fundiária

50
CRONOGRAMA FINANCEIRO - AÇÕES EMERGENCIAIS

INDICAÇÃO DE
N° Ativ. DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS CUSTO POSSÍVEIS
(R$) FONTES
01 Conforme projeto de pesquisa FAPEMIG/FNMA
02 Conforme projeto de pesquisa FAPEMIG/FNMA
03 Conforme projeto de pesquisa FAPEMIG/FNMA
04 Conforme projeto de pesquisa FAPEMIG/FNMA
05 Conforme projeto de pesquisa FAPEMIG/FNMA
06 Recomposição de taludes e revegetação * DER
07 Recomposição de solos e revegetação * RFFSA
08 Construção de fossas sépticas, estação de tratamento de esgoto, ALCAN/CVRD/P
construção de redes coletoras, supervisão técnica das obras 7.800,00 MOP/SESC/
FEAM
09 Instalação de postes, derivação monofásica, transformador 5 2.330,00 CEMIG/FEAM
KVA e padrão de entrada rural
Instalação hidráulica 600,00 PMOP/FEAM
SESC/BELGO
10 Cercar limite porção sul ± 2450 m. 17.000,00 MIN.CAF/FEAM

Cercar limite da BR- 356 porção norte ± 350 m. 2.470,00 DER/FEAM


Cercar limite leste da rocinha ± 600m 2.100,00 DER/FEAM
11 Transferir aceiro e recompor a área do antigo aceiro ** SESC/FEAM
12 Instalação hidráulica, elétrica, pintura * PMOP/FEAM
13 Abertura da via , terraplanagem e cascalhamento ** PMOP/FEAM
14 Abertura e limpeza das trilhas ** PMOP/FEAM
15 Produção de material didático para as trilhas * ALCAN/SESC
16 Aquisição de telefone celular e computador 3.100,00 FEAM
17 Cartaz, cartões postais, camisetas, bonés, botons * CVRD/SESC/
ALCAN/FEAM
18 Serviços de carpintaria ** PMOP/FEAM
19 Formalizar acordo ** APIMIG/FEAM
20 Realizar testes, adquirir três estações portáteis, uma móvel e uma 11.150,00 IEF/FEAM
fixa e integrá-las ao sistema de rádio comunicação do Parque do
Itacolomi
21 Reformar casa da vila PMOP/SESC/
FEAM
22 Indenização dos terrenos e benfeitorias * FEAM

* custo não-estimado
51
** despesas operacionais rotineiras

CRONOGRAMA FÍSICO - AÇÕES COMPLEMENTARES

N° ATIVIDADES 1997 1998 1999


01 Inventariar espécies vegetais com potencial apícola, medicinal e
ornamental
02 Realizar revisões taxonômicas e elaboração da flora da E.E.T.
03 Estudar a estrutura vertical e horizontal dos estratos das florestas, nas
parcelas atuais e em novas áreas
04 Determinação do tamanho mínimo populacional das principais
espécies arbóreas/conservação de rec. genéticos
05 Dinâmica do banco de sementes do solo
06 Estudos da capacidade regenerativa da “candeia”
07 Biologia Reprodutiva e Floral da “candeia” e espécies associadas
08 Estudos comparativos sobre a produção de biomassa das
comunidades vegetais
09 Reforma e ampliação do Apiário
10 Implantação do viveiro de mudas de app. reativas
11 Reforma do Centro de Pesquisa e Educação Ambiental
12 Reforma da casa do administrador
13 Treinar pessoas para a oficina de trabalhos e caminhadas
14 Implantação de oficinas de trabalho
15 Propiciar desenvolvimento de pesquisas na área da lagoa do Tripuí
l6 Erradicação de indivíduos das espécies exóticas
17 Monitoramento das populações de lírio d‟água
18 Recuperação da área próxima ao trevo de acesso à Ouro Preto
19 Realizar reforma da casa desocupada para instalação de base de
fiscalização
20 Reformar as pontes existentes na E.E.T.

52
CRONOGRAMA FÍSICO - AÇÕES PERMANENTES

N° ATIVIDADES
01 Centro de Estudos Climáticos
02 Monitorar a evolução dos processos de deslizamentos
03 Manutenção das vias de trânsito e trilhas interpretativas
04 Formar mailing list
05 Utilizar veículos de comunicação
06 Realizar práticas de observação do P. acacioi ao vivo e ao
microscópio
07 Promover cursos de reciclagem para professores de 1° e 2° grau e
alunos, professores e pesquisadores das universidades
08 Promover a realização de palestras
09 Reuniões períodicas com os moradores
10 Manutenção do viveiro de mudas
11 Elaborar painéis de informações de pesquisas realizadas na área
12 Propiciar desenvolvimento de pesquisas na E.E.T.
13 Estabelecer negociações com CLC (TURABRIL). manutenção das
unidades residenciais e administrativas

53
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o processo de elaboração deste Plano de Manejo, foi possível identificar aspectos
significativos sobre a efetiva implantação da Estação Ecológica do Tripuí, dentro do contexto
regional em que se insere. A região caracteriza-se, primordialmente, pela presença de recursos
naturais que podem permitir o desenvolvimento de atividades industriais, turísticas e de pesquisa,
em consonância com o interesse preservacionista em diversas esferas governamentais, evidenciado
pela existência de inúmeras unidades de conservação. A coexistência destes vetores favorece o
planejamento participativo, visando concretizar o interesse coletivo.

A viabilidade de execução desse Plano de Manejo é reforçada pelas parcerias instituídas no seu
gerenciamento e por estar destituído de custos elevados no que se refere ao aperfeiçoamento de sua
infra-estrutura.

Presume-se que o custo para indenização de terrenos não venha a caracterizar empecilhos à
regularização fundiária da E.E.T., conforme índices atuais do mercado imobiliário.

A divulgação e contatos permanentes com pesquisadores, instituições científicas e de pesquisa deve


ser reforçada para assegurar o desenvolvimento dos estudos prioritários selecionados neste Projeto.

A continuidade das ações, independente de futuras mudanças político-administrativas, é


imprescindível para se manter e ampliar cada vez mais a expectativa e o interesse da comunidade no
gerenciamento da Estação Ecológica do Tripuí.

54
13. FOTOS

FOTO 1

FOTO 2

FOTO 1 - Observa-se em detalhe uma das edificações da RFFSA do final do séc. XIX.

FOTO 2 - Em primeiro plano, à direita, observa-se a Estação Ecológica do Tripuí, limitando-se


à esquerda com terrenos do Hotel Estalagem. Ao fundo,
prolongamento da Serra do Veloso correspondente à parte da área de influência da E.E.T.
55
Ressalta-se nesse plano, à direita, o estado de conservação da cabeceira do Córrego do
Tripuí.

FOTO 3

FOTO 4

FOTO 3 - Detalhe da pequena represa localizada no interior da E.E.T., contornada pela Mata
Mesófila.

56
FOTO 4 - Formações arbustivas e arbóreas às margens do Córrego do Tripuí, parte
integrante da Zona de Proteção Especial II.

FOTO 5

FOTO 6

FOTO 5 - Detalhe da vertente Sul da E.E.T. com ocorrência de cicatrizes de deslizamentos. Observa-
se a grande extensão de área atingida pelo fogo em agosto/95.

57
FOTO 6 - Rede Ferroviária cortando longitudinalmente à E.E.T. . Ressalta-se, nas áreas periféricas,
a Zona de Pressão Antrópica.

14. BIBLIOGRAFIA

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63
ANEXO

Deliberação COPAM Nº

Define o Regimento Interno da Estação Ecológica do Tripuí-E.E.T.

O Presidente do Conselho Estadual de Politica Ambiental-COPAM, no uso das atribuições que lhe
confere o ........................................................................................
....................................................................................................................................e tendo em vista
o disposto na Lei No 6902 de 27.04.92, Decreto No 99274 de 06.06.90, Resolução CONAMA Nº de
l4.l2.88 e Decreto Estadual No 30758 de 28.l2.89,
Considerando que a E.E.T. tem como principal objetivo a preservação do habitat do Peripatus
acacioi;

Considerando os objetivos primordiais desta categoria de manejo, de desenvolvimento de pesquisas


e realização de educação conservacionista, levando-se em conta a necessidade de não colocar em
perigo a sobrevivência das populações das espécies ali existentes, resolve:

Art.1º- Fica estabelecido o regimento interno da E.E.T., conforme normas e procedimentos contidos
nesta Resolução e seus anexos.

Art.2º- A realização de pesquisas somente será permitida de acordo com o cumprimento das
seguintes instruções.

I - Compete ao Conselho Consultivo da Estação Ecológica do Tripuí, conceder autorização para a


realização de pesquisas.

II - A autorização para pesquisas somente será concedida para:

a - projetos de pesquisas que se enquadrarem nas linhas de pesquisa consideradas prioritárias para a
E.E.T., conforme seu plano de manejo, contribuindo direta ou indiretamente com subsídios para o
conhecimento e manejo da U.C.

b - pesquisadores ligados a instituições científicas e/ou por elas devidamente credenciados;

c -pesquisadores vinculados a instituições de outros países que estejam devidamente credenciados


pela instituição científica responsável acompanhados, obrigatoriamente, de autorização do CNPQ,
conforme legislação vigente, e cujo plano de trabalho se enquadre nas prioridades da E.E.T.;

III - A autorização dependerá de apresentação de cópia do projeto e preenchimento do Formulário


para Obtenção de Licença para Pesquisa, conforme anexo 1;

IV - O prazo para análise da solicitação para desenvolvimento de Projeto de Pesquisa será de 60


dias, considerado a partir da data de sua postagem no correio ou protocolo na FEAM;

64
V - Após análise do pedido pelo Conselho Consultivo será emitido o parecer conclusivo e se
aprovado será expedida a autorização;

VI - As pesquisas que envolverem coleta de quaisquer espécimens obedecerão as seguintes normas:

a - As pesquisas com espécies constantes na lista oficial de Espécies Brasileiras Ameaçadas de


Extinção serão permitidas, desde que tal procedimento vise contribuir, comprovadamente, para a
preservação da espécie;

b - As atividades que envolverem coleta de espécimens de Peripatus acacioi somente serão


autorizadas após desenvolvimento de pesquisa que contemple sua dinâmica populacional,
considerando as recomendações por ela indicadas;

c - A remessa de material coletado nas pesquisas para o exterior somente será permitida, se
atendidas as normas e legislação vigentes no Brasil;

d - Os materiais coletados durante pesquisas realizadas na E.E.T. devem ser incorporados às


coleções cientificas reconhecidas, nacional e internacionalmente;

e - Os materiais coletados, de interesse da UC, deverão ser incorporados às suas coleções de


referência, quando esta possuir infra-estrutura compatível para sua conservação;

VII- O pesquisador autorizado a desenvolver pesquisas na E.E.T. deverá enviar cópias de relatórios,
com os resultados alcançados ao Conselho Consultivo da E.E.T., segundo cronograma de atividades
anteriormente aprovado;

VIII - A autorização expedida terá validade correspondente ao cronograma físico apresentado,


podendo ser renovada mediante apresentação de justificativa e relatório;

IX - Para os trabalhos na E.E.T., será obrigatório o credenciamento de todas as pessoas envolvidas


nos projetos de pesquisas;

Art. 3º- O atendimento à comunidade obedecerá o seguinte cronograma:

I - Visitas escolares às terças e quintas-feiras;

II - Visitas da comunidade em geral (turistas, moradores, empresas e outros interessados não


vinculados a entidades), preferencialmente, às segundas, quartas e sextas-feiras.

Parágrafo Único - Para o atendimento às visitas escolares, a instituição interessada deverá


encaminhar solicitação oficial à administração da E.E.T. com antecedência mínima de quinze dias.

Art. 4º- Fica definido o número máximo de oitenta pessoas para as visitas coletivas à E.E.T.

Art. 5º- Não será permitido dentro dos limites da E.E.T.:

65
I - Porte e uso de armas de qualquer tipo, excetuando-se os funcionários da vigilância;

II - Porte e uso de instrumentos de corte de árvores;

III - Porte e uso de redes de apanha de animais e outros artefatos de captura;

IV - Introdução e/ou soltura de animais domésticos;

V - Jogar lixo fora dos recipientes adequados;

V.I - Uso de fogos de artifícios e quaisquer materiais inflamáveis;

V.II - Acesso sem prévia autorização;

V.III - Barulho excessivo/ poluição sonora;

IX - Utilização dos mananciais da E.E.T. para recreação;

Art. 6º - Todo os moradores, pesquisadores e visitantes em geral estão sujeitos ao cumprimento do


estabelecido nos artigos anteriores.

Parágrafo Único - O não-cumprimento destas normas incidirá na aplicação das penalidades prevista
em lei.
A presente Deliberação entra em vigor na data de sua publicação.

66
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TRIPUÍ

FICHA DE VISITANTES
DADOS PESSOAIS

1. NOME:
2. PROFISSÃO:
3. ÓRGÃO/INSTITUIÇÃO:
4. INDICADO POR:

ENDEREÇO

1. RUA/AV./PRAÇA: Nº
2. CEP: 3. CIDADE: 4. ESTADO: 5. PAÍS:
6. TELEFONE: FAX: TELEX:

OBJETIVOS DA VISITA

1. CONHECER A ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TRIPUÍ

2. REALIZAR INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES/CONTATOS ADMINISTRAÇÃO

3. REALIZAR REPORTAGEM

4. DESENVOLVER ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

5. DESENVOLVER PESQUISA

6. OUTROS (ESPECIFICAR)

LOCAL E DATA DE VISITA:


HORÁRIO DE ENTRADA: HORÁRIO DE SAÍDA:
AUTORIZADO POR:

OBSERVAÇÕES:

67
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TRIPUÍ

FORMULÁRIO PARA LICENCIAMENTO DE PESQUISA

1. TÍTULO DO PROJETO

2. OBJETIVOS

68
3. JUSTIFICATIVA

4. ÁREA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ONDE SERÁ REALIZADA A PESQUISA


(Se possível definir qual)

69
5. INTERVENÇÃO ANTRÓPICA NA ÁREA

6. CRONOGRAMA FÍSICO, ESPECIFICANDO AS DATAS DE PERMANÊNCIA NA UC

70
7. PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES E EQUIPAMEENTOS DA UC

8. NOME E QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONASI RESPONSÁVEIS

71

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