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Resumo
Este capítulo aborda aspectos referentes à Macroacessibilidade na promoção da equi-
dade e na integração com o território através do uso de indicadores. Tal abordagem
se justifica devido à contribuição que a Macroacessibilidade oferece na promoção do
desenvolvimento equilibrado, com autonomia local e compromisso com todo o es-
paço urbano. Isso se dá através do fornecimento de condições de acesso ao território
baseadas em redes estruturantes e modalidades limpas e seguras, que atendam grandes
contingentes de viagens e de maior extensão. Assume-se que esta condição é fundamental
para que seja proporcionada a mobilidade sustentável. Sendo assim, este capítulo tem
como função realçar o papel dos indicadores de Macroacessibilidade, no sentido de
medir o seu desempenho em cada localidade e em todo o território, bem como es-
tudar a sua relação com a mobilidade sustentável. Diante de tais estudos, será possível
apresentar e recomendar indicadores de Macroacessibilidade envolvidos com aspectos
do transporte e do uso do solo para a promoção da equidade e da integração territorial
e, consequentemente, da mobilidade sustentável. Espera-se obter como resultados: a
concepção de indicadores que possam ser aplicados para a avaliação da Macroaces-
sibilidade em diversas aglomerações urbanas, bem como a análise da relação com a
mobilidade sustentável.
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(escalas meso e micro), podendo abranger toda uma região metropolitana; Mesoaces-
sibilidade, que, para vencer distâncias relacionadas a bairros ou municípios requer, além
da caminhada e da bicicleta, uma oferta de transporte público de menor capacidade,
integrada à rede estruturante; a Microacessibilidade, que pressupõe o predomínio de
percursos a pé e por bicicleta, com grande sensibilidade às condições do ambiente
construído.
Este capítulo terá como foco a abordagem sobre a Macroacessibilidade, sendo esta
orientada pelos princípios da equidade e da integração. No âmbito da acessibilidade,
a equidade revela que a exclusão social pode ser um dos reflexos decorrentes da falta
de acesso. De acordo com Abley e Halden (2013), as disparidades já existentes no
contexto urbano são acentuadas pela falta de equidade do acesso. Essa caracterís-
tica diminui ainda mais as possibilidades de deslocamento pelo tecido urbano para as
pessoas de baixa renda, para aqueles que se encontram segregados espacialmente e/ou
para as pessoas com algum tipo de necessidade especial.
Dentre as características fundamentais da relação entre os transportes e a mobilidade
sustentável está a equidade. Esta característica deve estar presente na realização dos
deslocamentos e no aspecto social do desenvolvimento urbano. No aspecto ambiental,
deve ter destaque o equilíbrio entre a distribuição modal e o uso de tecnologias mais
limpas (Campos, 2006).
Mello (2015) relaciona a equidade no acesso a atividades à escala macroscópica de
análise urbana. Para a autora, oferta de infraestrutura viária e de transportes são dois
indicadores diretamente relacionados tanto à macro como à Mesoacessibilidade. Vas-
concellos (2001) afirma que as condições de equidade nos deslocamentos, bem como
a forma como a acessibilidade é distribuída no espaço são questões centrais para a
política de transporte.
A equidade se insere como princípio intrínseco ao espaço urbano. É através dela
que as cidades são capazes de cumprir com o que determina a Constituição Federal
Brasileira. Através da Constituição é garantido a todo brasileiro o direito de ingressar,
sair, permanecer e se locomover pelo território nacional (Brasil, 1988). Ausente dessa
característica, a cidade se torna incapaz de cumprir com sua função social. A acessibi-
lidade, através da oferta de infraestrutura viária e de transportes, é capaz de promover
a equidade e, assim, tornar democráticos os espaços urbanos.
Para Machado (2010), o conceito de acessibilidade sustentável está associado à
relação que as atividades no espaço mantêm com os níveis de segregação e interação
existentes entre elas. Dessa maneira, relaciona-se ao uso do solo a ocupação das
infraestruturas de transporte, bem como interferem no modo e na frequência de
movimentos a distribuição e a dimensão da equidade. Nesse contexto, a integração
entre os sistemas de transporte também se apresenta como característica essencial.
Para Jacobson e Forsyth (2008), o TOD (Transit Oriented Development), por exemplo,
é uma estratégia para a integração dos investimentos em transporte público com as boas
práticas do uso do solo.
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• de Separação Espacial (teoria dos grafos e do tipo Ingram): têm como foco o
custo de deslocamento e envolvem a fricção com base na distância e no tempo
de deslocamento.
• de Contorno: são funções do custo necessário (tempo ou distância) para se atingir
um determinado nó e envolvem a delimitação de contornos em torno de uma
zona de origem, atividade ou nó.
• do Tipo Gravitacional (modelo de Hansen): associam ao custo de transporte
indicadores socioeconômicos (tais como emprego, população, PIB) e de atra-
tividade da zona, relacionada às atividades do uso do solo e ao sistema de
transporte.
• Microeconômicas: consideram o valor que as pessoas declaram estar dispostas
a pagar pela acessibilidade a determinado lugar. Indicadores como valor de
aluguel, do imóvel e outros relacionados ao uso do solo ou do comportamento de
viagem são avaliados a partir do princípio de que as pessoas buscam maximizar
o benefício líquido que obtêm ao interagir com o sistema de transporte e o uso
do solo.
• de Custo de Viagem: elaboram cenários comparativos de tempo ou custo gene-
ralizado através de avaliações do custo médio ou total de transporte observado
ou previsto.
• Prisma Espaço-tempo: lidam, durante o período de um dia, com o raio de ação
espaçotemporal de um indivíduo, considerando-se restrições impostas pela
localização de atividades.
Quadro 6.1
Indicadores de Macroacessibilidade
TIPO DESCRIÇÃO FÓRMULA VARIÁVEIS
i ≠1
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Onde:
i
AITP – Macroacessibilidade da localidade i, proporcionada pela infraestrutura de
transporte público.
Tij – tempo despendido entre a localidade i e as demais n localidades j da área
estudada.
n
i
AServ = ∑S T j ij
(6.2)
j =1
Onde:
i
AServ – Macroacessibilidade da localidade i proporcionada pela infraestrutura de trans-
porte para uma dada oportunidade ou serviço S.
Sj – expressa a disponibilidade de oportunidades ou serviços nas n localidades j.
Tij – tempo despendido entre a localidade i e as demais n localidades j da área
estudada.
Para ambos os indicadores (6.1 e 6.2), os maiores valores representam piores níveis
de integração da localidade i com os serviços ou oportunidades distribuídos pelo espaço
metropolitano. Sendo assim, os maiores valores indicam a necessidade de melhorar o
desempenho da rede estruturante de transporte público, bem como de se considerar
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6.6. Exercícios
• Avalie a Macroacessibilidade em sua cidade. Explicite os seus pontos fortes e os
frágeis, bem como apresente e justifique algumas estratégias a serem contem-
pladas com foco na mobilidade sustentável.
• Também em sua cidade, analise a equidade proporcionada pela Macroaces-
sibilidade.
• Há desigualdade? Como ela pode ser medida?
• Quais os fatores locacionais e socioeconômicos que caracterizam as localidades
mais desiguais?
• O que fazer para reduzir tais desigualdades?
• Considerando que a Macroacessibilidade orientada à mobilidade sustentável
requer um sistema de transporte público eficaz para promover a integração
entre as localidades que compõem o território como um todo, identifique qual
a tecnologia mais indicada para a sua cidade. Como essa integração pode favo-
recer a mobilidade sustentável e a qualidade de vida em uma metrópole?
Referências
Abley, S., Halden, D. (2013) The New Zealand accessibility analysis methodology.
Nova Zelândia: NZ Transport Agency research - report, p. 512.
Allen, W. B., Liu, D., Singer, R. S. (1993) Acessibility measures of US Metropolitan
Areas. Transportation Research. Part B(6): 439-449(27B).
Batty, M. (2009) Notes on accessibility: in search of a unified theory, 2009, University
College London. Proceedings of the 7th International Space Syntax Symposium
Edited by Daniel Koch, Lars Marcus and Jesper Steen, Estocolmo: KTH.
Bracarense, L dos S. F. P., Ferreira, Jon. (2014) Índice proposto para comparação de
acessibilidade dos modos de transporte privado e coletivo. In: XXVIII ANPET
Congresso de Ensino e Pesquisa em Transporte. Curitiba.
Campos, V. B. G. (2006) Uma visão da mobilidade urbana sustentável. Revista dos
Transportes Públicos, (2): 99-106.
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