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Resumo
Abstract
This paper approaches the research of sustainable mobility from the perspective of
urban morphology to address the hypothesis that the occurrence and growth of open
areas would reduce its efficiency. It analyses the relationship between some
morphological attributes and the sustainability of movement to describe how empty
urban areas may affect the dynamics, also describing which types of them, despite
reducing mobility efficiency, can contribute to the sustainable development of the city.
It applies the analysis of these spaces in the city of Brasília using remote sensing,
cartographic data and the Spatial Syntax as a method, evaluating the relationship
between voids, the use and occupation processes in the metropolis and its
configuration. The study reveals that there is a large amount of land in reserve in
central areas of Brasília while its urban perimeter continues to consume new areas.
The analysis confirms the fact that, in monocentric cities is preferable to densify
consolidated areas, with more integrated and connected road infrastructure. The study
also revealed that large voids can lead to traffic compression in low topological
accessibility regions, the fact that, shows the need for greater control over the urban
perimeter and the performance of their mobility systems can be impoved if the
configurational approach is considered in the planning process.
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Configuração pode ser entendida como o aspecto proveniente da relação entre as porções
da forma.
Segundo Holanda et al. (2000), forma urbana é “qualquer espaço em que nos
encontremos, que é fisicamente delimitado, a ponto de estruturamos sua noção a
partir da consciência das relações topológicas e perspectivas entre nosso corpo e
as superfícies que realizam a demarcação do espaço que estamos”. A morfologia
urbana nasce como ciência descritiva designada a estudar a relação entre o
ambiente construído e a paisagem natural segundo Schutter (1899) e que, para
Conzen (1960), foi popularizada a partir da segunda metade do século XX com os
avanços tecnológicos que permitiram novos meios de sentir e visualizar a cidade
tanto em seus aspectos geométricos como topológicos. Nesta ciência são
recentes os estudos que procuram vincular forma e espaço urbanos á mobilidade
sustentável e que ganharam força a partir do debate entre os modelos de cidade
que desempenhariam melhor esta função, o que atualmente tende às qualidades
dos modelos de cidades compactas. (Bezerra e Gentil, 2013)
Quanto a forma, Gomes (2009) define que essa cidade tem como base duas
características fundamentais: densidades elevadas e uso de solo diversificado.
Juntas, são traduzidas em uma intensificação de uso do solo que poupa área
urbanizada. Neste assunto o Departamento de Prospectiva e Planejamento e
Relações Internacionais de Portugal-DPP (apud. Gentil, 2015) aponta alguns
elementos caracterizadores que valorizam esse tipo de assentamento:
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Produto da teoria da lógica social do espaço (Hillier e Hanson, 1984) proporciona
estratégias de análise em razão das possibilidades de simulação da malha viária a partir de
potenciais vinculados à maneira de articulação das partes integrantes da rede de caminhos,
na qual a partir de cálculos topológicos, atributos específicos da configuração podem ser
aferidos.
Para Neuman (2005) são fatores que podem definir o modelo de cidade compacta:
Já as áreas consideradas dispersas são para Gomes (2009) e Costa (2007) aquelas
caracterizadas pelo desenvolvimento descontínuo e linear que consome vastas
áreas de baixa densidade e com uso do solo restrito, influenciando sobre o
movimento pendular dos deslocamentos, reforçando o caráter de ‘cidades-
dormitórios’, como é o caso de metrópoles como Brasília. Ewing (1997) frisa que
cidades que assumiram expansão urbana com progressivas ampliações de seu
perímetro ante a consolidação interna desenharam sua trama para uma condição
dispersa e descontínua, que além de gerar problemas ambientais gera problemas
de mobilidade (Silva e Romero, 2011). É bom frisar, densidades muito altas também
oferecem desafios ao desenvolvimento sustentável, notadamente quanto à
degradação e contaminação do solo e do ar, a complexidade infraestrutural e para
a mobilidade, maiores dificuldades relativas à segurança no trânsito a enfrentar do
que em modelos dispersos de cidade (Gentil, 2015). As áreas consideradas livres
seriam, portanto, espaços por onde a malha da cidade não prossegue e atuariam,
em princípio, na sua descontinuidade e fragmentação.
Tabela 1: Atributos da forma e ocupação urbana que contribuem para a mobilidade sustentável segundo
publicações recentes.
Alta possibilidade de
Desconcentração de
Alta inteligibilidade
Quarteirões curtos
Alta conectividade
Atributos
Alta compacidade
Alta visibilidade
da
Alta integração
forma
Usos Mistos
(<200m)
rotas
usos
Autores
Gentil (2015) x x x x x x x
Barros (2014) x x x x
Dias (2014) x x x x x
Bezerra (2013) x x x x x
Nechet (2013) x x x
Silva e Romero
x x x x x
(2011)
Fonte: Elaborado pelos autores
Para Silva e Romero (2011), quanto aos usos, a diversidade e dispersão podem ser
eficientes para a redução de distâncias e tempos de deslocamentos e
influenciarem a população à adoção de transportes ativos e públicos, fator que
pode ser afetado também por características geométricas das cidades como a
densidade habitacional de média a alta (entre 50 e 150 pessoas por hectare), como
constatou Nechet (2012) em 31 cidades europeias. A densidade alta também
influencia na redução de consumo de combustível per capta e no menor custo de
infraestrutura viária e consumo de terras com esta finalidade, fatores associados a
sustentabilidade socioeconômica e físico-ambiental (Newman e Kenworthy, 1999;
Bezerra, 2013). No que se refere à configuração, em termos globais, sistemas com
alta integração, conectividade e possibilidades de rotas (escolha) de suas malhas
viárias, consideradas características das cidades compactas, tendem a maior
sustentabilidade da mobilidade por disporem de rede viária mais acessível e com
maiores possibilidades de caminhos do que sistemas com valores considerados
baixos destes atributos. Estas características contribuem para a eficiência do
escoamento do trânsito (Medeiros, 2013).
A figura 1 ilustra por meio de diagramas as áreas livres consideradas vazios, neste
estudo.
Tabela 2: Atributos da forma e ocupação relacionados aos espaços vazios que afetam a
sustentabilidade da mobilidade urbana.
Uso Geometria Configuração
Atributos
Desconcentraç
de visibilidade
Expansão da
de Integração
da forma que
possibilidade
mancha
os vazios afetam
ão de usos
Redução
Redução
Ganho
Perda
Perda
Baixa
da
da
de
Autores
Moraes (2018) x x x x
Gentil (2015) x x x x x x x
Medeiros e Barros
x x x x x
(2015)
Bezerra e Gentil
x x x x x x
(2013)
DPP (2011) x x x
Silva e Romero
x x x x
(2011)
Dias (2014) x x x x
Fonte: Elaborado pelos autores
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Atributo que revela detalhes sobre a hierarquia viária e por meio da sintaxe espacial é
calculado o Conjunto de eixos mais percorridos no cálculo de ‘valores de integração’.
3.1 Metodologia
O recorte espacial da análise foi a delimitação política do DF, por ser o alcance dos
mapas temáticos investigados mais recentes disponíveis publicamente, conquanto
a delimitação temporal se tenha dado para o ano de 2015, marcando o ano dos
dados espacializados e da modelagem dos mapas sintáticos axial e de segmentos.
Para geração da figura-fundo que contivesse como áreas vazias, além dos lotes
vagos, as áreas residuais e terras não destinadas foram adicionadas como ‘usos’
todas as camadas disponíveis no Geoportal (2021) e Sisdia (2021) referentes a
áreas ocupadas e áreas de interesse ambiental, classificadas como regiões em uso
ou não ocupáveis segundo Gentil (2015), Moraes (2018) e Campos (2007), para que,
por exclusão fossem encontradas áreas sem uso e que não são lotes. (tabela 3).
Tabela 3: Mapas do Geoportal/Seduh (2016) consideradas pelo estudo como em uso ou vazias
Áreas em uso ou não ocupáveis Vazios
Edificações Lotes vagos
Lotes implantados Lotes subutilizados (removidas as
Camadas (mapas do Geoportal e Sisdia)
áreas construídas)
Vias carroçáveis
3.2 Resultados
Fonte: Dados Vanui: Baptista e Ribeiro (2016); Imagem de NTL Romero et al. (2019), créditos da
imagem: Daniela Werneck.
Fonte: mapas do geoportal, espacializados em ambiente de SIG, em arranjo elaborado pelos autores.
Figura 5: Mapa ‘figura-fundo’do DF de sobreposição das camadas listadas na tabela 3. Áreas vazias em
branco
Fonte: mapas do geoportal, especializados em ambiente de SIG, em arranjo elaborado pelos autores.
Abrigam a maior parte dos vazios as regiões a nordeste, compreendida pelo Plano
Piloto, Lago Norte, Taquari, Setor Habitacional Contagem e Sobradinho; e Sul, em
zonas de expansão e qualificação da macrozona urbana, destacadas na Figura 6.
Figura 6: Processo de execução e mapa resultante de áreas vazias contidas na macrozona urbana do
DF.
Fonte: mapas do geoportal e Sisdia, especializados em ambiente de SIG, em arranjo elaborado pelos
autores.
Figura 7: Mapa de áreas vazias contidas na macrozona em função de suas respectivas zonas de uso.
Fonte: mapas do geoportal e Sisdia em ambiente de SIG, colorizado pelos autores com base no mapa
Luos do DF 2012.
Figura 8: Mapa axial de Integração global sobre mapa de áreas vazias em desuso contidas na
macrozona.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de mapa axial de Brasília (2015) sobre mapas temáticos de
vazios na macrozona urbana obtido após sobreposição de camadas de uso e ocupação disponíveis no
geoportal e Sisdia (2021).
Figura 9: Mapas axial de conectividade sobre mapa de áreas vazias em desuso contidas na macrozona
urbana.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de mapa axial de Brasília (2015) sobre mapas temáticos de
vazios na macrozona urbana obtido após sobreposição de camadas de uso e ocupação disponíveis no
geoportal e Sisdia (2021).
Figura 10: Mapa de segmentos do atributo escolha sobre mapa de áreas em desuso contidas na
macrozona.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de mapa axial de Brasília (2015) sobre mapas temáticos de
vazios na macrozona urbana obtido após sobreposição de camadas de uso e ocupação disponíveis no
geoportal e Sisdia (2021).
Tomada como exemplo uma região com vazios de grandes proporções, como a
saída norte da área tombada de Brasília, demarcada a figura 10, há uma diminuição
abrupta de possibilidade de rotas, o que aumenta a pressão sobre algumas redes
viárias (figura 11). A dispersão observada nesta região caracteriza poucas vias
com muita solicitação hierárquica (altos valores de escolha) e muitas vias de baixa
solicitação (baixos valores de escolha), característica que atua em desfavor da
sustentabilidade econômica sobre a implantação de redes nestas condições e
pode implicar em aumento dos tempos de deslocamento por potencialmente
diminuírem o potencial de escoamento da rede.
Figura 11: Mapa de segmentos do atributo escolha sobre mapa de áreas vazias em desuso contidas na
macrozona.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de mapa axial de Brasília (2015) sobre mapas temáticos de
vazios na macrozona urbana obtido após sobreposição de camadas de uso e ocupação disponíveis no
geoportal e Sisdia (2021).
4 Considerações Finais
A análise do atributo ‘escolha’ sobre a região da saída norte de Brasília sugeriu que
os vazios urbanos, áreas residuais e terras não destinadas podem ser responsáveis
localmente pela diminuição da possibilidade de rotas, o que pode influenciar no
acontecimento de regiões com propensão a engarrafamentos. Vias implantadas
nestas regiões têm menor potencial de escoamento do que vias em áreas com alta
conectividade e possibilidade de rotas, apesar de custarem valores próximos.
Também é importante notar que mesmo redes implantadas em sistemas de baixa
integração e conectividade podem, através da configuração, aumentar os valores
desse atributo se o desenho e planejamento dessas regiões considerarem a
configuração.
5 Referências
BARROS, Ana Paula. Diz-me como andas que te direi onde estás: inserção do
aspecto relacional na análise da mobilidade urbana para o pedestre. Brasília, 2014.
Tese – Mestrado em Transportes da Universidade de Brasília. (Disponível em: <
http://repositorio.unb.br/handle/10482/18981 >)
DOBESOVA, Z. & KRIVKA, T. Walkability Index in the Urban Planning: A Case Study
in Olomouc City. In: BURIAN, J. (Ed.). Advances in Spatial Planning. Rijeka: InTech,
2012.
FRANK, L., SCHMID, T., SALLIS, J., CHAPMAN, J., & SAELENS, B . Linking
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findings from SMARTRAQ. American Journal of Preventive Medicine, 2005.
MORAES, Luciana Rocha de. Meio cheio, meio vazio: uma análise dos vazios
urbanos de Brasília. 2018
PAGANO, Michael A.; BOWMAN, Ann O.'M. Vacant land in cities: An urban
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Policy, 2000.
QUEIROGA, Eugenio Fernandes; DOS SANTOS JR, Wilson Ribeiro; MERLIN, José
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do caso da Região Metropolitana de Campinas. Paisagem e Ambiente, n. 26, p.
211-223, 2009.
SILVA, Geovany Jessé Alexandre da; ROMERO, Marta Adriana Bustos. O urbanismo
sustentável no Brasil. A revisão de conceitos urbanos para o século XXI.
Disponível em:< http://www. vitruvius. com.
br/revistas/read/arquitextos/11.128/3724, 2011.