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O estudo de caso foi conduzido utilizando técnicas descritivas de análise morfológica sobre os planos de
uso e ocupação dos municípios, relacionando-os com a expansão da mancha urbana interpretada por
meio da Teoria da Lógica Social do Espaço (Hillier e Hanson, 1984; Medeiros, Barros e Oliveira, 2011;
Holanda, 2013; Medeiros, 2013). Foram analisados aspectos como o processo de deslocamento do
centro ativo urbano e as variações diacrônicas nas medidas de compacidade, conectividade, integração,
escolha e inteligibilidade, tendo como base de comparação o valor médio destes atributos para as
cidades brasileiras de acordo com a média Brasil (Medeiros, 2020).
Os resultados obtidos apontaram que Rolim de Moura, estrutura mais compacta e regular, possui maior
diversidade de usos e ocupação mais regular que Viçosa, cidade com predomínio de população
despendendo de tempos de deslocamentos maiores. Ao longo do tempo, Rolim de Moura se manteve
num continuum de expansão-consolidação das áreas urbanas, em contraposição ao processo de
expansão antes do preenchimento interno, experimentado por Viçosa: a cidade se manteve
historicamente fragmentada, ora por condições impostas pelo sítio, ora por fenômenos como a
emergência dos condomínios fechados, decisões urbanísticas e planos de ordenamento e de ocupação
que possibilitaram o avanço dos limites urbanos para longe dos territórios consolidados. Ao confrontar
dados de densidade e diversidade com atributos integração, conectividade e escolha, foram percebidas
diferenças quanto à mobilidade, de modo que Rolim de Moura pôde ser enquadrada como mais
sustentável nos aspectos bioclimático e econômico, enquanto Viçosa obteve melhor desempenho no que
diz respeito à topocepção.
O ensaio traz à tona um método que combina análise descritiva e sintática aplicada à mobilidade num
cenário ainda em construção e carente de levantamentos com relevância estatística, o que se espera
explorar em estágio futuro. Ao que parece, a discussão da morfologia e configuração como instrumentos
de planejamento da mobilidade tem grande potencial em favorecer sua sustentabilidade visto que a forma
urbana, uma vez posta, não continua por si só a consumir energia ou degradar o ambiente, mas influencia
na degradação gerada pelos sistemas e agentes que utilizam o meio público. É fato que forma urbana
ideal não existe, entretanto é necessário ter atenção quanto à configuração e ao controle da densidade e
dos usos por meio da legislação local.
Referências:
DENATRAN (2020) Frota de veículos, por tipo e com placa, segundo os Municípios da Federação , Ministério da
Infraestrutura, Brasília.
Hillier, B., Hanson, J. (1984) The social logic of space, CUP, London.
Holanda, F. de (2013) 10 mandamentos da arquitetura, FRBH, Brasília.
IBGE (2011) Censo Demográfico. Características da população e dos domicílios: resultados do universo, IBGE, Rio
de Janeiro.
Kohlsdorf G; Kohlsdorf ME (2017) Ensaio sobre o desempenho morfológico dos lugares, Ed FRBH, Brasília.
Medeiros, V. A. S. de (2013) Urbis Brasiliae: o labirinto das cidades brasileiras, EdUnB, Brasília.
Medeiros, V. A. S. de (2020) Base de dados configuracional sobre cidades brasileiras. Base de Dados,
PPG/FAU/UnB, Universidade de Brasília, Brasil.
Medeiros V. A. S. de; Barros A; Oliveira V, (2011) Cartografia histórica e mapas axiais: uma estratégia para a leitura
da expansão urbana In: IV Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica, 2011, Porto - Portugal. Anais do IV
Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia Histórica. Porto - Portugal: Universidade do Porto.
ONU (1992) Agenda 21: Programa de ações para o desenvolvimento sustentável In: United Nations Conference on
Environment and Development (Unced), Rio de Janeiro.