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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho

================================================================
Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agroindústria das Escolas Estaduais
de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Fábia Costa -
2018

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 1


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO A SEGURANÇA NO TRABALHO..............................................4

1.1. Conceito ................................................................................................................................................. 4

1.2. Atuação Profissional ............................................................................................................................... 5

1.3. Acidentes de Trabalho ............................................................................................................................ 6


1.3.1. Causas de acidentes de trabalho............................................................................................................8
1.3.2. O efeito dominó e os acidentes de trabalho ..........................................................................................9
1.3.3. Controle dos riscos ...............................................................................................................................10
1.3.4. Conseqüência dos Acidentes................................................................................................................10
1.3.5. Custos dos Acidentes ...........................................................................................................................12
1.3.6. Redução dos riscos de acidente ...........................................................................................................12

2. GESTÃO DE RISCOS ....................................................................................... 13

2.1. Riscos Ambientais ................................................................................................................................. 13

2.2. Periculosidade ...................................................................................................................................... 17

2.3. Mapa de Riscos..................................................................................................................................... 18

2.4. Proteção coletiva e proteção individual ................................................................................................ 21

2.5. Segurança do posto de trabalho ........................................................................................................... 28


2.5.1. Segurança de Máquinas .......................................................................................................................31
2.5.2. Dispositivos de Proteção ......................................................................................................................31
2.5.3. Sinalização de segurança......................................................................................................................32

3. ERGONOMIA E SAÚDE OCUPACIONAL ........................................................ 35

3.1. Ergonomia: conceito e sua aplicação no trabalho. ................................................................................ 35

3.2. Análise Ergonômica do Trabalho ........................................................................................................... 38

3.3. Saúde Ocupacional ............................................................................................................................... 40


3.3.1. Postura e Força .....................................................................................................................................40
 Levantamento de cargas ............................................................................................................................43
3.3.2. Abordagem da NR- 17. .........................................................................................................................43
3.3.3. Medidas Administrativas ......................................................................................................................48

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4. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO ............................................................... 49

4.1. Importância da Higiene ........................................................................................................................ 49

4.2. Saúde ................................................................................................................................................... 50


4.2.1. Doença do Trabalho .............................................................................................................................50
4.2.1.1. Doenças que não são considerados: doença de trabalho ............................................................51
4.2.1.1.1. Doença degenerativa ............................................................................................................51
4.2.1.1.2. Doença inerente ao grupo etário .........................................................................................51
4.2.1.1.3. Doença que não produz incapacidade laborativa .................................................................52
4.2.1.1.4. Doença endêmica .................................................................................................................52
4.2.2. Doença Ocupacional ............................................................................................................................52
4.2.3. LER - (Lesões por Esforços Repetitivos) ................................................................................................53
4.2.4. Dort - (Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho) ..................................................................54
4.2.4.1. Prevenção da Dort - (Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho): ...................................60

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1. Introdução a Segurança no Trabalho

1.1. Conceito

Segurança do trabalho é um conceito ligado ao homem na sua atividade laboral que,


tal como a própria atividade, evolui ao longo do tempo. Podemos dizer que qualquer atividade,
laboral ou não, comporta sempre riscos. Esses riscos associados a falhas, faltas ou erros, dão
origem a acidentes.
O desenvolvimento dos equipamentos e instrumentos, os novos conceitos e práticas
de gestão e novos métodos da organização do trabalho, aumentaram a produtividade dos
trabalhadores, mas também contribuíram para um desequilíbrio da relação risco-segurança.
Esta alteração teve como conseqüência a utilização de conjuntos de normas e de
procedimentos a cumprir para conseguir os rendimentos pretendidos com um mínimo de risco,
surgindo assim o conceito de segurança do trabalho em paralelo com a própria atividade
laboral.
A segurança deve ser uma preocupação constante isto é, "trabalhar bem deve ser
sempre, trabalhar seguro". Não devem ser os acidentes de trabalho e as doenças profissionais
a determinar a tomada de medidas de segurança; estas devem ser anteriores e estabelecidas
sempre numa perspectiva de prevenção. São estas de um modo geral as obrigações morais e
legais dos empregadores. Estes devem estar conscientes que, o aumento da segurança e a
diminuição das doenças profissionais nas suas empresas, se traduz em ganhos de
produtividade, de qualidade, de imagem da empresa e de competitividade.
Se quisermos adaptar uma definição de segurança do trabalho, podemos dizer que é
"a técnica da prevenção e controle dos riscos das operações, riscos esses capazes de afetar a
segurança, a saúde e o bem estar dos trabalhadores" A segurança do trabalho será então um
conjunto de metodologias cuja finalidade é a prevenção de acidentes de trabalho pela
eliminação ou minimização dos riscos associados aos processos produtivos.

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1.2. Atuação Profissional

O profissional de Segurança do Trabalho tem uma área de


atuação bastante ampla. Ele atua em todas as esferas da sociedade onde
houver trabalhadores. Em geral ele atua em fábricas de alimentos, construção civil, hospitais,
empresas comerciais e industriais, grandes empresas estatais, mineradoras e de extração.
Também pode atuar na área rural em empresas agro industriais.
O SESMT (Serviço Especializado em Segurança, Medicina do Trabalho) enquadra
os seguintes profissionais na segurança do trabalho:

Figura 1- Integrantes do SESMT de acordo com a NR 4.

FONTE: Google, 2018.

O que faz o profissional em Segurança do Trabalho?


O profissional de Segurança do Trabalho atua conforme sua formação, quer seja ele
médico, técnico, enfermeiro ou engenheiro. O campo de atuação é muito vasto. Em geral o
engenheiro e o técnico de segurança atuam em empresas organizando programas de
prevenção de acidentes, orientando a CIPA, os trabalhadores quanto ao uso de equipamentos
de proteção individual, elaborando planos de prevenção de riscos ambientais, fazendo
inspeção de segurança, laudos técnicos e ainda organizando e dando palestras e treinamento.
Muitas vezes esse profissional também é responsável pela implementação de programas de
meio ambiente e ecologia na empresa. O médico e o enfermeiro do trabalho dedicam-se a
parte de saúde ocupacional, prevenindo doenças, fazendo consultas, tratando ferimentos,
ministrando vacinas, fazendo exames de admissão e periódicos nos empregados.

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De acordo com a NR 4, o dimensionamento do SESMT para cada empresa varia de


acordo com o quadro abaixo:

FONTE: Ministério do Trabalho, 2018.

1.3. Acidentes de Trabalho

O que é ACIDENTE?. Se procurarmos num dicionário poderemos encontrar


“Acontecimento imprevisto , casual , que resulta em ferimento , dano , estrago , prejuízo , avaria
, ruína , etc ..”
Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de fatores, entre os
quais se destacam as falhas humanas e falhas materiais.
Vale a pena lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem
acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que fazemos de um
lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.
Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles
ocorre porque os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos.
O que diz a lei? “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a

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serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a
perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária...”
Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como,
por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.
Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido.
Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma
perturbação funcional..
Doença profissional também é acidente do trabalho?
Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na seqüência do exercício do
trabalho em si.
Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o
trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas
decorrer a incapacidade para o trabalho.
Um funcionário pode apanhar uma gripe, por contagio com colegas de trabalho.
Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de trabalho, não é considerada
doença profissional nem do trabalho, porque não é ocasionada pelos meios de produção.
Contudo, se o trabalhador contrair uma doença ou lesão por contaminação acidental,
no exercício de sua atividade, temos aí um caso equiparado a um acidente de trabalho. Por
exemplo, se operador de um banho de decapagem se queima com ácido ao encher a tina do
banho ácido isso é um acidente do trabalho.
Noutro caso, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem proteção
auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo trabalho executado junto a
uma grande prensa, isso caracteriza igualmente uma doença de trabalho.
Um acidente de trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa apenas
por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É que ocorre, por exemplo,
quando o acidente resulta num pequeno corte no dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em
seguida.
Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas
atividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o trabalhador acidentado
não retornar ao trabalho imediatamente ou até no dia seguinte, temos o chamado acidente com
afastamento, que pode resultar na incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e
permanente, ou, ainda, na incapacidade total e permanente para o trabalho.
A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um período
limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas atividades normais.

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A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda vida, da capacidade


física total para o trabalho. É o que acontece, por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo
ou de uma vista incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o trabalho.
Neste ultimo caso, o trabalhador não reúne condições para trabalhar o que
acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas num acidente do trabalho. Nos
casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador.
Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fração de segundo, ocasionando
um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos mais dois colegas que trabalham
ao seu lado. O trabalhador tem de ser removido urgentemente para o hospital e os dois outros
trabalhadores envolvidos são atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de
fundamental importância é paralisado em conseqüência do dano em algumas peças da
máquina. O equipamento parado é uma guilhotina que corta a matéria-prima para vários
sectores de produção.

1.3.1. Causas de acidentes de trabalho

Os acidentes de trabalho não são uma fatalidade.


Os acidentes não se dão porque o destino assim quer, mas porque alguém ou
alguma coisa o provoca.
Isto significa que um acidente é sempre a conseqüência de uma ou mais causas. A
velha teoria da fatalidade há muito que foi substituída pela teoria da causalidade.
A idéia-chave a fixar é a de que: Todo o acidente tem pelo menos uma causa
Sendo assim, os acidentes podem ser evitados ou minimizados investigando as suas
causas e eliminando-as.
Podemos então dizer que os acidentes são acontecimentos previsíveis e portanto
passíveis de ser prevenidos.
É muito vulgar confundir-se os acidentes de trabalho com as suas conseqüências.
Vamos clarificar idéias.
"Acidente de trabalho" é uma ocorrência instantânea e não desejada, que altera o
desenvolvimento normal de uma atividade, provocando danos e lesões.
De acordo com a legislação em vigor, acidente de trabalho "é o acidente que se
verifique no local e tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou a redução na capacidade de
trabalho ou de ganho"

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Se esta ocorrência não provocar lesões ou danos além dos resultantes da


perturbação da atividade designa-se por "incidente de trabalho".
As causas dos acidentes podem classificar-se em:
- Causas Humanas
- Causas Materiais

1.3.2. O efeito dominó e os acidentes de trabalho

Há muito tempo, que especialistas se vêm a dedicar ao estudo dos acidentes e de


suas causas e um dos fatos já comprovados é que, quando um acidente acontece, vários
fatores entraram em ação anteriormente por forma a permitir o acidente.
Um acidente laboral, pode muitas vezes ser comparado com o que acontece quando
enfileiramos pedras de um dominó e depois damos um empurrãozinho numa uma delas. Em
resultado, as pedras acabam por se derrubarem umas ás outras , até que a ultima pedra caia
por terra.
Podemos imaginar que algo semelhante acontece quando um acidente ocorre,
considerando que se podem conjugar r cinco fatores que se complementam da seguinte forma:
Ambiente social
Causa pessoal
Causa mecânica
Acidente
Lesão
O Ambiente Social do trabalhador relaciona-se com dois fatores principais a saber :
Hereditariedade e Influencia Social .As características físicas e psicológicas do individuo são
determinadas pela hereditariedade transmitida pelos Pais . Por outro lado o comportamento de
cada um é muitas vezes influenciado pelo ambiente social em que cada um vive (A moda tanto
é usar cabelos longos, como usar a cabeça raspada).
A causa pessoal está relacionada com o conjunto de conhecimentos e habilidades
que cada um possui para desempenhar uma tarefa num dado momento. A probabilidade de
envolvimento em acidentes aumenta quando as condições psicológicas não são as melhores
(depressão), ou quando não existem preparação e treino suficiente.
A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de
trabalho. Quando o equipamento não apresenta proteção para o trabalhador, quando a
iluminação do ambiente de trabalho é deficiente ou quando não há boa manutenção do

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equipamento, os riscos de acidente aumentam consideravelmente.


Quando um ou mais dos fatores anteriores se manifestam, ocorre o acidente que
pode provocar ou não lesão no trabalhador.

1.3.3. Controle dos riscos

É muito vulgar ouvir dizer que não há atividades seguras; todas têm os seus riscos.
E os riscos são as potenciais fontes de acidentes. Para diminuir os acidentes é então imperioso
eliminar ou minimizar os riscos e fazer o seu controlo.

Há quatro processos genéricos de controle dos riscos:


1º Se o risco ameaça o homem, vamos eliminar ou limitar o risco, o que
normalmente é feito com medidas ditas construtivas ou de engenharia;
2º O segundo processo de atuação será envolver ou circunscrever o risco,
confinando-o a dado espaço ou área.
Esta atuação também envolve medidas construtivas.
3º Se as medidas anteriores não forem suficientes há necessidade de afastar o
homem do risco.
Esta atuação passa por medidas de organização quer do trabalho, quer dos
espaços.
4º Caso as medidas organizacionais não tenham sido suficientes ou tenham sido
impossíveis de aplicar, recorre-se ao processo da proteção individual do trabalhador, com os
dispositivos de proteção individual adequados.
Na adoção dos processos de controlo de riscos deve seguir-se a hierarquia de
aplicação atrás descrita, ou seja, primeiro tenta resolver-se o problema de forma coletiva e só
depois, em caso de necessidade, de forma individual.

1.3.4. Consequência dos Acidentes

Os acidentes de trabalho não são proveitosos para ninguém.


Pelo contrário, qualquer acidente de trabalho tem conseqüências que, começando
naturalmente pelo próprio sinistrado, atingem toda a sociedade.

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Figura 2- Consequências do Acidente de Trabalho para o Sinistrado.

Vejamos de uma forma sistematizada as consequências dos acidentes de trabalho.

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1.3.5. Custos dos Acidentes

Desde os estudos levados a cabo por H. W. Heinrich em 1931 passaram a classificar os


custos dos acidentes de trabalho em dois tipos:
- Diretos
Os custos diretos como o nome indica, são aqueles que podem ser diretamente
imputados a dado acidente e por norma podem ser quantificáveis com facilidade. Também se
designam por custos segurados.
São exemplos de custos diretos: Salários, Indenizações, Assistência médica e
medicamentosa.
Estes custos estão normalmente cobertos pelos seguros de trabalho, e são
representados pelo respectivo prêmio.
-Indiretos
Os custos indiretos, contrariamente aos anteriores, não são facilmente quantificáveis,
nem normalmente cobertos.
O fato de não serem quantificáveis não significa que estes custos, embora mais subtis,
não sejam muito reais, e infelizmente muito superiores aos diretos.
São exemplos de custos indiretos:
- Tempo perdido pelo acidentado e pelos outros trabalhadores
- Tempo de investigação da(s) causa(s) do acidente

1.3.6. Redução dos riscos de acidente

Como já vimos, os acidentes são evitados com a aplicação de medidas específicas


de segurança selecionadas de forma a estabelecer maior eficácia na prevenção da segurança.
As prioridades são:
Eliminação do risco: significa torná-lo definitivamente inexistente. (exemplo: uma
escada com piso escorregadio apresenta um sério risco de acidente. Esse risco poderá ser
eliminado com um piso antiderrapante)
Neutralização do risco: o risco existe, mas está controlado. Esta opção é utilizada na
impossibilidade temporária ou definitiva da eliminação de um risco. (exemplo: as partes móveis
de uma máquina como polias, engrenagens, correias etc. - devem ser neutralizadas com
anteparos de proteção, uma vez que essas peças das máquinas não podem ser simplesmente
eliminadas.
Sinalização do risco: é a medida que deve ser tomada quando não for possível

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eliminar ou isolar o risco. (exemplo: máquinas em manutenção devem ser sinalizadas com
placas de advertência; locais onde é proibido fumar devem ser devidamente sinalizados.

2. Gestão de Riscos

As doenças ocupacionais são adquiridas pelo trabalhador através da exposição a


agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes). Algumas
vezes, elas só ocorrem após vários anos de exposição ou depois que o trabalhador se afasta
do agente causador. Nesta segunda competência vamos conversar um pouco sobre os tipos de
riscos ambientais, o mapa de risco e as medidas de prevenção e correção para evitar tais
agravos.

2.1. Riscos Ambientais

Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de


trabalho, capazes de causar danos à saúde do empregado. Os ambientes de trabalho, pela
natureza das atividades desenvolvidas e/ou pelas características de organização, podem
comprometer a saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, gerando lesões imediatas,
doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. No intuito
de minimizar esses danos, torna-se necessária a investigação dos riscos no local de trabalho
para conhecer a que fatores os funcionários estão expostos e que possíveis medidas de
proteção são passíveis de serem aplicadas. Ressaltando que não apenas a presença de um
agente nocivo no ambiente laboral é suficiente para causar transtornos. O que será prejudicial
é a presença do fator de risco somada a sua alta concentração, forma de apresentação
(líquido, sólido, gasoso), ao seu nível de toxidade e ao tempo de exposição do trabalhador.

Portaria MTE n.º 1.297, de 13 de agosto de 2014, afirma que a NR-15 (Atividades e
Operações Insalubres) define limite de tolerância como “a concentração ou intensidade máxima
ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente que não causará
dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral.”

O exercício de trabalho em condições de insalubridade, assegura ao trabalhador a


percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a:

 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;

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 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;

 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;

No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas


considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a
percepção cumulativa. A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação
do pagamento do adicional respectivo.

A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:

a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância;

b) com a utilização de equipamento de proteção individual.

Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do


trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de segurança do
trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados
expostos à insalubridade quando impraticável sua eliminação ou neutralização. A eliminação ou
neutralização da insalubridade ficará caracterizada através de avaliação pericial por órgão
competente, que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador.

Já a NR-9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) considera como


riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de
trabalho.

Podemos avaliar os riscos ambientais existentes em um ambiente de trabalho de


duas formas:

1. Avaliação Qualitativa: é a forma mais simples e também conhecida como forma


preliminar. É utilizada apenas a sensibilidade do trabalhador que identifica a presença do risco.
Ex: percepção do cheiro de vazamento de gás.

2.Avaliação Quantitativa: é utilizada para medir, comparar e estabelecer. É


necessário o uso de um método científico e a utilização de instrumentos e equipamentos
destinados à quantificação do risco. Ex: Medir, através de aparelho específico (dosímetro), o
nível de ruído do ambiente.

Os riscos físicos são as diversas formas de energia, as quais


os trabalhadores podem estar expostos. Os agentes geradores deste
risco possuem a capacidade de alterar as características físicas do

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meio ambiente, exigem um meio de transmissão para propagar sua nocividade e agem até
mesmo sobre indivíduos que não têm contato direto com a fonte de risco. São representados
por fatores ou agentes existentes no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde dos
trabalhadores, como: ruídos, vibrações, radiações, frio, calor, pressões anormais e umidade.

Os riscos químicos são identificados pelo grande número de substâncias que podem
contaminar o ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos
trabalhadores, a exemplo de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias,
compostos ou outros produtos químicos. São
substâncias compostas ou produtos que podem
penetrar no organismo pela via respiratória, pela
via cutânea (através do contato com a pele) ou
através do trato gastrointestinal (digestão). Pode
ter ação localizada, quando atua somente na região de contato, e ação sistêmica, quando são
absorvidos e distribuídos dentro do organismo, afetando diferentes órgãos e tecidos.

Os riscos biológicos
são microrganismos incluindo os
geneticamente modificados ou
não, as culturas de células, os
parasitas, as toxinas e os príons,
capazes de provocar infecções,
alergias ou toxidades em seres
humanos. Ainda podemos incluir
as bactérias, os vírus, os fungos
e mordidas e ataques por
animais peçonhentos, domésticos e selvagens.

Outros agentes existentes nos ambientes laborais e que são passíveis de causar
danos aos colaboradores são os riscos ergonômicos e de acidente ou mecânicos. Estes dois
outros riscos são trazidos pela norma regulamentadora 9.

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Os riscos ergonômicos
estão ligados à execução de
tarefas, à organização e às
relações de trabalho, ao esforço
físico intenso, levantamento e
transporte manual de peso,
mobiliário inadequado, posturas
incorretas, controle rígido de tempo
para produtividade, imposição de
ritmos excessivos, trabalho em
turno diurno e noturno, jornadas de
trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade. Engloba também os fatores psicossociais e
entre eles podemos citar as situações causadoras de estresse e o relacionamento interpessoal
entre o trabalhador e seus colegas de trabalho ou a chefia.

Os riscos de acidente ou mecânicos são muito diversificados e estão presentes no


arranjo físico inadequado, pisos pouco
resistentes ou irregulares, material ou matéria-
prima fora de especificação, máquinas e
equipamentos sem proteção, ferramentas
impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva
ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas,
probabilidade de incêndio ou explosão,
armazenamento inadequado, animais
peçonhentos e outras situações de risco que
poderão contribuir para a ocorrência de
acidentes.

Abaixo poderemos visualizar uma tabela que define o mapa de riscos ambientais,
estabelecido pela norma regulamentadora 5. Esta NR trata da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (CIPA) que é composta por trabalhadores e deve participar ativamente de todos
os programas de prevenção de riscos ambientais.

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Figura 3- Classificação dos Fatores de Risco.

Fonte: Ministério do Trabalho, 2018.

Cada fator de risco é identificado por uma cor diferente!

Sendo assim, quando formos representar um risco ambiental podemos


simplesmente colocar a sua cor correspondente.

2.2. Periculosidade

A legislação brasileira confere o direito ao adicional de periculosidade nas seguintes


situações:

1ª.) Art. 193 – CLT: “São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma
da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou
métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado.”

NR – 16 : “Atividades e Operações Perigosas” regulamenta as atividades envolvendo


inflamáveis e explosivos.

Adicional de Periculosidade = 30% incidente sobre o salário, sem os acréscimos


resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.

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2ª.) Energia Elétrica – Lei No. 7.369/85, regulamentada pelo Decreto No. 93.412/86.

3ª.) Radiação Ionizante – No. PORTARIA Nº 518, de 4 de abril de 2003; Publicada


no DOU de 07/04/2003

Art. 193 -.......

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um


adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Para atividades que envolvem Explosivos e Inflamáveis e Radiações Ionizantes =


30% incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participação nos lucros da empresa.

Para atividades envolvendo eletricidade = 30% sobre o salário que perceber

2.3. Mapa de Riscos

O mapa de risco é a representação gráfica (em uma planta baixa) dos fatores de
risco existentes em um setor de trabalho ou em toda a empresa. Esta representação é feita
através de círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil visualização de todos os
riscos de uma empresa. Como visto em alguns parágrafos acima, cada risco tem uma cor que o
representa, e o tamanho dos círculos vai ser de acordo com a graduação do risco que pode ser
classificado em pequeno (leve), médio e grande (elevado). Esta graduação vai ser mensurada
em conformidade com as sensibilidades dos trabalhadores.

O mapa é considerado um instrumento participativo que vai ser elaborado com a


colaboração dos trabalhadores que serão organizados e acompanhados pela CIPA e terão a
supervisão e colaboração do SESMT. Este momento de elaboração possibilita a troca e
divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimula a sua participação nas
atividades de prevenção. Podemos atribuir ao mapa de risco a capacidade de fazer um
levantamento preliminar de riscos no ambiente da empresa e de informar o quantitativo de
funcionários expostos a esses riscos. Dessa forma se torna possível gerar informação para
todos os empregados da empresa e visitantes, e criar um planejamento para as ações
preventivas que serão adotadas pela empresa.

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Figura 4- Simbologia das Cores

Benefícios da Adoção do Mapa de Risco:

 identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os
trabalhadores poderão estar expostos;

 conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de


proteção coletiva e individual;

 redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição


de trabalhadores e danos patrimoniais;

 facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da


segurança interna e externa;

 melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e


lucratividade.

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Elaboração do Mapa de Risco

1. Conhecer o Processo de Trabalho do Local Analisado:

 Os trabalhadores: número, sexo, idade, queixas de saúde, jornada e treinamentos


recebido;

 Os equipamentos, instrumentos e materiais de trabalho;

 As atividades exercidas;

 O ambiente.

2. Identificar os Riscos Existentes no Local Analisado, Conforme a Classificação


Específica dos Riscos Ambientais.

3. Identificar as Medidas Preventivas Existentes e sua Eficácia Referente à:

 Proteção coletiva;

 Organização do trabalho

 Proteção individual;

 Higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório,


área de lazer.

4. Identificar os Indicadores de Saúde:

 Queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos


riscos;

 Acidentes de trabalho ocorridos;

 Doenças profissionais diagnosticadas;

 Causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

5. Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando através de


círculos:

 O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada;

 O número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro ou


abaixo do círculo;

 A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 20


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ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.

Figura 5- Modelo Mapa de Risco do Setor Administrativo

2.4. Proteção Coletiva e Proteção Individual

As medidas de proteção coletiva, através dos equipamentos de proteção coletiva


(EPC), devem ter prioridade, conforme determina a legislação uma vez que beneficiam todos
os trabalhadores, indistintamente.
Os EPCs devem ser mantidos nas condições que os especialistas em segurança
estabelecerem, devendo ser reparado sempre que apresentarem qualquer deficiência.
Vejamos alguns exemplos de aplicação de EPCs:
 Sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes
do local de trabalho;

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 21


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 Enclausuramento de máquina ruidosa para livrar o ambiente do ruído


excessivo;
 Comando bimanual,
que mantém as
mãos ocupadas, fora
da zona de perigo,
durante o ciclo de
uma máquina;
 Cabo de segurança
para conter
equipamentos
suspensos sujeitos a
esforços, caso
venham a se
desprender.
Os EPCs quando adequadamente escolhidos e instalados não prejudicam a
eficiência do trabalho. Para serem perfeitamente adequados eles devem respeitar os seguintes
critérios:
 Ser do tipo adequado em relação ao risco que vai neutralizar;
 Depender o menos possível da atuação do homem para atender suas
finalidades;
 Ser resistente às agressividades de impactos, corrosão e desgastes a que
estiverem sujeitos;
 Permitir serviços e acessórios como limpeza, manutenção e lubrificação;
 Não criar outros tipos de riscos, principalmente mecânicos como obstruções
de passagens, cantos vivos e etc.
Uma das maiores vantagens dos EPCs é a de além de proteger a coletividade dos
trabalhadores, não provocar desconforto no seu uso. Os dispositivos de segurança em
máquinas têm a finalidade principal de proteger a integridade física das pessoas, quer sejam
operadores ou outros trabalhadores presentes nas áreas de processo.
Quando não for possível adotar medidas de segurança de ordem geral, para garantir
a proteção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, devem-se utilizar os
equipamentos de proteção individual, conhecidos pela sigla EPI.
São considerados equipamentos de proteção individual todos os dispositivos de uso

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 22


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pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador


Os EPIs não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz com a proteção
coletiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem decorrer de acidentes.

Equipamentos de proteção individual (EPI)


Neste tópico iremos apresentar os equipamentos de proteção individual, que tem o
seu uso regulamentado, pelo Ministério do trabalho e Emprego, em sua Norma
Regulamentadora nº6 (NR nº6). Esta Norma define que equipamento de proteção individual é
todo dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador. Ela preconiza que a empresa está obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
- Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou doenças
profissionais; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas e para
atender a situações de emergência.
Uma situação que ocorre, constantemente, em estabelecimentos de saúde, e que
expõe outras pessoas a riscos desnecessários, é o uso dos equipamentos de proteção
individual fora do ambiente, no qual o seu uso está previsto. Esta situação vai contra o
preconizado na NR no6. Aconselho afixar avisos sobre a proibição e a permanência,
principalmente nos lugares mais freqüentados pelos profissionais, portando indevidamente
seus EPI.
Acredito que a melhor maneira de sensibilizar e informar o uso correto de EPI, é
através de palestras, cursos e discussões em canais teóricos, sobre Biossegurança, mostrando
a minimização dos riscos quando se utilizam, adequadamente esses equipamentos.
Algumas situações são previstas pela NR nº 6, quanto às obrigações dos
empregados, frente aos equipamentos de proteção individual: - Usá-los apenas para a
finalidade a que se destina; responsabilizar-se por sua guarda e conservação; não portá-los
para fora da área técnica e comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio
para uso.
Como o próprio nome já diz, esses equipamentos conferem proteção a cada
profissional individualmente. Para melhor entendimento, a referida proteção é dada à cabeça,
ao tronco, aos membros superiores, aos membros inferiores, à pele e ao aparelho respiratório
do indivíduo.

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 23


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Abordarei alguns dos equipamentos de proteção individual, mais usados em


estabelecimentos de saúde, como por exemplo aos que confere proteção à cabeça :
- Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face
contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores de produtos
químicos e radiações luminosas intensas;
- óculos de segurança para trabalhos que possam causar
ferimentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas;
- óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam causar irritação
nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos;
- óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos,
provenientes de poeiras e
- óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e outras
lesões decorrentes da ação de radiações perigosas.

Proteção para os membros superiores:


- Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores devem ser usados em
trabalhos em que haja perigo de lesão provocada por:
Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes;
 produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos,
alergênicos, oleosos, graxos, solventes orgânicos e
derivados de petróleo;
 materiais ou objetos aquecidos;
 choque elétrico;
 radiações perigosas;
 frio e
 agentes biológicos.
Proteção para os membros inferiores:
Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares úmidos, lamacentos
ou encharcados;
 calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos agressivos;
 calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos e
 calçados de proteção contra riscos de origem elétrica.
Proteção do tronco:
Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 24


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haja perigo de lesões provocadas por:


 Riscos de origem radioativa;
 riscos de origem biológica e
 riscos de origem química.
Proteção da pele:
Cremes protetores – só poderão ser postos à venda ou utilizados como EPI,
mediante o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Proteção respiratória:
Para exposição a agentes ambientais em concentrações prejudiciais à saúde do
trabalhador, de acordo com os limites estabelecidos na NR15:
Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem produção de poeiras;
respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a agentes químicos
prejudiciais à saúde;
aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), para locais de trabalho
onde o teor de oxigênio seja inferior a 18% em volume.
Acredito que antes de se usar, ou mesmo antes de se adquirir qualquer
equipamento de proteção individual, o profissional deverá conhecer de que ele terá de se
proteger, quais os riscos – biológicos, físicos e/ou químicos, aos quais ele estará exposto. Aí
sim, ele tendo estas respostas, estará apto a adquirir e usar esses equipamentos e trabalhar
com mais segurança.
Poderão existir dificuldades para se adquirir esses equipamentos, desde o momento
em que se vai solicitar ao setor de compras ou mesmo quem vai direto à loja adquiri-los, pois
as suas especificações são muitas vezes difíceis de serem descritas. Torna-se mais fácil fazer
a descrição desses equipamentos a partir de algumas indagações feitas junto ao fabricante,
como: a proteção a que se destina dar ao trabalhador, a sua vida útil, os limites de sua
utilização e como realizar a sua limpeza e conservação, com estas perguntas antes de se
adquirir os equipamentos, estará o profissional, respaldado em sua compra, pois estas
perguntas deverão ser respondidas nas propostas apresentadas pelas empresas candidatas ao
fornecimento desses equipamentos.
Antes de se decidir por algum EPI, solicitar ao fabricante que informe se esses
equipamentos possuem o Certificado de Autorização concedido pelo Ministério do Trabalho e
Emprego. No caso desses equipamentos serem de fabricação de origem não brasileira, e
mesmo que eles possuam o referido Certificado do país de origem, mesmo assim, terá que
apresentar o Certificado de Autorização emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego do

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 25


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Brasil, pois sem ele o próprio Ministério não o reconhece como equipamento de proteção
individual.

Veja um exemplo:
Existem EPIs para proteção de praticamente todas as partes do corpo. Veja alguns
exemplos:
Cabeça e crânio: capacete de segurança
contra impactos, perfurações, ação dos
agentes meteorológicos etc.

Olhos: óculos contra impactos, que evita a


cegueira total ou parcial e a conjuntivite. É
utilizado em trabalhos onde existe o risco de
impacto de estilhaços e limalhas .
Vias respiratórias: protetor respiratório, que
previne problemas pulmonares e das vias
respiratórias, e deve ser utilizado
em ambientes com poeiras, gases,
vapores ou fumos nocivos.

Face: máscara de solda, que protege contra impactos


de partículas, respingos de produtos químicos,
radiação (infravermelha e ultravioleta) e ofuscamento.

Ouvidos: Auriculares, que previne a surdez, o


cansaço, a irritação e outros problemas psicológicos.
Deve ser usada sempre que o ambiente apresentar
níveis de ruído superiores aos aceitáveis, de acordo
com a norma regulamentadora.

Mãos e braços: luvas, que evitam problemas de


pele, choque elétrico, queimaduras, cortes e
raspões e devem ser usadas em trabalhos com
solda elétrica, produtos químicos, materiais

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 26


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cortantes, ásperos, pesados e quentes.

Pernas e pés: botas de borracha, que proporcionam


isolamento contra eletricidade e umidade. Devem ser
utilizadas em ambientes úmido e em trabalhos que
exigem contato com produtos químicos.

Tronco: aventais de couro, que protegem de impactos,


gotas de produtos químicos, choque elétrico,
queimaduras e cortes. Devem ser usados em trabalhos
de soldagem elétrica, oxiacetilénica, corte a quente.

A lei determina que os EPIs sejam aprovados pelo Ministério do Trabalho, mediante
certificados de aprovação (CA). As empresas devem fornecer os EPIs gratuitamente aos
trabalhadores que deles necessitarem. A lei estabelece também que é obrigação dos
empregados usar os equipamentos de proteção individual onde houver risco, assim como os
demais meios destinados a sua segurança.
 Cabe ao Empregador:
 Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
 Exigir dos trabalhadores o seu uso;
 Fornecer aos funcionários apenas EPIs que sejam aprovados pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho;
 Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e
conservação;
 Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
 Comunicar ao Ministério do trabalho e emprego qualquer
irregularidade observada;
 Registrar o fornecimento do EPI ao trabalhador, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.
 Cabe ao Empregado:
 Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que ele se destina;
 Responsabilizar-se pela guarda e conservação;

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 Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio


para uso;
 Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
Cabe ao Fabricante e ou Importadores:
 Cadastrar-se junto ao órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;
 Solicitar a emissão do Certificado de Aprovação;
 Solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade
estipulado pelo órgão competente;
 Solicitar novo CA quando houver alteração das especificações do
equipamento aprovado;
 Responsabilizar-se pela manutenção da qualidade do EPI que deu
origem ao CA;

2.5. Segurança do Posto de Trabalho

Significado e importância da prevenção


A Prevenção é certamente o melhor processo de reduzir ou eliminar as possibilidades de
ocorrerem problemas de segurança com o Trabalhador.
A prevenção consiste na adoção de um conjunto de medidas de proteção, na previsão
de que a segurança física do operador possa ser colocada em risco durante a realização do
seu trabalho. Nestes termos, pode-se acrescentar que as medidas a tomar no domínio da
higiene industrial não diferem das usadas na prevenção dos acidentes de trabalho.
Como princípios de prevenção na área da Higiene e Segurança industrial, poderemos
apresentar os seguintes:
1. Tal como se verifica no domínio da segurança, a prevenção mais eficaz em matéria de
higiene industrial exerce-se, também, no momento da concepção do edifício, das instalações e
dos processos de trabalho, pois todo o melhoramento ou alteração posterior já não terá a
eficácia desejada para proteger a saúde dos trabalhadores e será certamente muito mais
dispendiosa.
2. As operações perigosas (as que originam a poluição do meio ambiente ou causam
ruído ou vibrações) e as substâncias nocivas, susceptíveis de contaminar a atmosfera do local
de trabalho, devem ser substituídas por operações e substâncias inofensivas ou menos
nocivas.

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 28


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3. Quando se torna impossível instalar um equipamento de segurança coletivo, é


necessário recorrer a medidas complementares de organização do trabalho, que, em certos
casos, podem comportar a redução dos tempos de exposição ao risco.
4. Quando as medidas técnicas coletivas e as medidas administrativas não são
suficientes para reduzir a exposição a um nível aceitável, deverá fornecer-se aos trabalhadores
um equipamento de proteção individual (EPI) apropriado.
5. Salvo casos excepcionais ou específicos de trabalho, não deve considerar-se o
equipamento de proteção individual como o método de segurança fundamental, não só por
razões fisiológicas, mas também por princípio, porque o trabalhador pode, por diversas razões,
deixar de utilizar o seu equipamento.
Qualquer posto de trabalho representa o ponto onde se juntam os diversos meios de
produção ( Homem , Máquina , Energia , Matéria-prima , etc) que irão dar origem a uma
operação de transformação , daí resultando um produto ou um serviço .
Para a devida avaliação das condições de segurança de um Posto de Trabalho é
necessário considerar um conjunto de fatores de produção e ambientais em que se insere esse
mesmo posto de trabalho.
Para que a atividades de um operador decorra com o mínimo de risco, têm que se
criarem diferentes condições passivas ou ativas de prevenção da sua segurança.
Os principais aspectos a levar em contas num diagnóstico das condições de segurança
(ou de risco) de um Posto de Trabalho, podem ser avaliados pelas seguintes questões:
1. O LOCAL DE TRABALHO;
 Tem acesso fácil e rápido?
 É bem iluminado?
 O piso é aderente e sem irregularidades?
 É suficientemente afastado dos outros postos de Trabalho?
 As escadas têm corrimão ou proteção lateral?
2. MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS;
 As cargas a movimentar são grandes ou pesadas?
 Existem e está disponível equipamento de transporte auxiliar?
 A cadência de transporte é elevada?
 Existem passagens e corredores com largura compatível?
 Existem marcações no solo delimitando zonas de movimentação?
 Existe carga exclusivamente Manual?
3. POSIÇÕES DE TRABALHO;

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 29


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 O Operador trabalha de pé muito tempo?


 O Operador gira ou baixa-se freqüentemente?
 O operador tem que e afastar para dar passagem a máquinas ou outros operadores?
 A altura e a posição da máquina são adequados?
 A distancia entre a vista e o trabalho está correta?
4. CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS DO TRABALHO
 O trabalho é em turnos ou normal?
 O Operador realiza muitas Horas extras?
 A Tarefa é de alta cadencia de produção?
 É exigida muita concentração dados os riscos da operação?
5. MAQUINA
 As engrenagens e partes móveis estão protegidas?
 Estão devidamente identificados os dispositivos de segurança?
 A formação do Operador é suficiente?
 A operação é rotineira e repetitiva?
6. RUÍDOS E VIBRAÇÕES
 No PT sentem-se vibrações ou ruído intenso?
 A máquina a operar oferece trepidação?
 Existem dispositivos que minimizem vibrações e ruído?
7. ILUMINAÇÃO;
 A iluminação é natural?
 Está bem orientada relativamente a PT?
 Existe alguma iluminação intermitente as imediações do PT?
8. RISCOS QUÍMICOS;
 O ar circundante tem Poeiras ou fumos?
 Existe algum cheiro persistente?
 Existe ventilação ou exaustão de ar do local?
 Os produtos químicos estão bem embalados?
 Os produtos químicos estão bem identificados?
 Existem resíduos de produtos no chão ou no PT?
9. RISCOS BIOLÓGICOS;
 Há contato direto com animais?
 Há contato com sangue ou resíduos animais ?

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 Existem meios de desinfecção no PT?


10. PESSOAL DE SOCORRO
 EXISTE alguém com formação em primeiros socorros?
 Os números de alerta estão visíveis e atualizados?
 Existem caixas de primeiros socorros e Macas?
Com a redução dos acidentes poderão ser eliminados problemas que afetam o homem e
a produção.
Para que isso aconteça, é necessário que tanto os empresários (que têm por obrigação
fornecer um local de trabalho com boas condições de segurança e higiene, maquinaria segura
e equipamentos adequados) como os trabalhadores (aos quais cabe a responsabilidade de
desempenhar o seu dever com menor perigo possível para si e para os companheiros) estejam
comprometidos com uma mentalidade de Prevenção de Acidentes
Prevenir quer dizer : “...ver antecipadamente; chegar antes do acidente; tomar todas as
providências para que o acidente não tenha possibilidade de ocorrer ...”

2.5.1. Segurança de Máquinas

Muitos processos produtivos dependem da utilização de máquinas, pelo que é


importante a existência e o cumprimento dos requisitos de segurança em máquinas industriais
ou a sua implementação no terreno de modo a garantir a maior segurança aos operadores.
Máquina: Todo o equipamento, (inclusive acessórios e equipamentos de segurança),
com movimento, (engrenagens), e com fonte de energia que não a humana.
Os Requisitos de segurança de uma máquina podem ser identificados, nomeadamente o
que diz respeito ao seu acionamento a partir de Comandos:
 Devem estar visíveis e acessíveis a partir do posto de trabalho Normal
 Devem estar devidamente identificados em português ou então por símbolos
 O COMANDO DE ARRANQUE: a máquina só entra em funcionamento quando se
acionar este comando, não devendo arrancar sozinho quando volta a corrente
 O COMANDO DE PARAGEM: deve sempre sobrepor-se ao comando de arranque
 STOP DE EMERGÊNCIA: corta a energia, pode ter um aspecto de barra botão ou cabo.

2.5.2. Dispositivos de Proteção

 Protetores Fixos: os mais vulgarmente utilizados são as guardas. São estruturas

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metálicas aparafusadas à estrutura da máquina e devem impedir o acesso aos órgãos de


transmissão. O acesso só para ações de manutenção.
 Protetores Móveis: neste caso as guardas são fixadas à estrutura por dobradiças ou
calhas o que as torna amovíveis. A abertura da proteção deve levar à paragem automática
do “movimento perigoso”, (pode-se recorrer a um sistema de encravamento elétrico).
 Comando Bi-Manual: para uma determinada operação, em vez de uma só betoneira
existem duas que devem ser pressionadas em simultâneo. Isto obriga a que o trabalhador
mantenha as duas mãos ocupadas evitando cortes e esmagamentos (Guilhotinas, Prensas)
 Barreiras Ópticas: Dispositivo constituído por duas “colunas”, uma emissora e a outra
receptora, entre elas existe uma “cortina” de raios infravermelhos. Quando alguém ou
alguns objetos atravessa esta “cortina” surge uma interrupção de sinalo que leva á
paragem de movimentos mecânicos perigosos.
Distâncias de Segurança: Define-se distância de segurança, a distância necessária
que impeça que os membros superiores alcancem zonas perigosas do equipamento.

2.5.3. Sinalização de segurança

No interior e exterior das instalações da Empresa, devem existir formas de aviso e


informação rápida, que possam auxiliar os elementos da Empresa a atuar em conformidade
com os procedimentos de segurança.
Com estes objetivos, existe m conjunto de símbolos e sinais especificamente criados
para garantir a fácil compreensão dos riscos ou dos procedimentos a cumprir nas diversas
situações laborais que podem ocorrer no interior de uma Empresa ou em lugares públicos. Em
seguida dão-se alguns exemplos do tipo de sinalização existente e a ser aplicada nas
Empresas.
Sinais de Perigo
Indicam situações de risco potencial de acordo com o pictograma inserido no sinal.
São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc..
Têm forma triangular, o contorno e pictograma a preto e o fundo amarelo.

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Sinais de Proibição
Indicam comportamentos proibidos de acordo com o pictograma inserido no sinal.
São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc.. Têm forma
circular, o contorno vermelho, pictograma a preto e o fundo branco.

Sinais de Obrigação
Indicam comportamentos obrigatórios de acordo com o pictograma inserido no sinal.
São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc.. Têm forma
circular, fundo azul e pictograma a branco

Sinais de Emergência
Fornecem informações de salvamento de acordo com o pictograma inserido no sinal.
São utilizados em instalação, acessos e equipamentos, etc.. Têm forma retangular, fundo verde
e pictograma a branco.

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3. Ergonomia e Saúde Ocupacional

3.1. Ergonomia: Conceito e sua Aplicação no Trabalho.

Suponha um trabalhador diante de um microcomputador: monitor, teclado, mouse, mesa,


assento formam um conjunto nem sempre harmônico. As pessoas trabalham com um 386, 486,
Pentium, KM-6, rápidos, coloridos, em ar condicionado, em móveis Rodoflex by Cristina. Mas a
pessoa se queixa de dores lombares, nas mãos, no pescoço. Alguém sabe explicar o porquê?
Vejamos uma grande confecção onde a produção acontece num galpão de grande porte.
Impera o ruído das máquinas de corte, pesponto, costura, acrescidos do calor resultante da
própria edificação e das prensas de acabamento. Os resíduos têxteis formam uma poeira que
reduz a iluminação geral obrigando a que cada posto tenha uma iluminação local que aumenta
ainda mais a contrante1 térmica e compromete a qualidade do ar. O ambiente se caracteriza
ainda pelo odor de tecidos novos, alguns com muito pouco tempo de saída da tinturaria. Esta
indústria tem a certificação ISO-9000 e não entende porque recebeu uma notificação da DRT. A
vida diária pode vir a ser muito injusta com um motorista de caminhão de entregas, muitas
vezes ofendido por pessoas que certamente ignoram que para além do acelerar e trocar
marchas, freiar e estacionar, esta atividade possui dimensões físicas como carga e descarga -
dimensões mentais complexas e urgentes como o estabelecimento de itinerários sob pressão
do horário de entrega e face a contingências como engarrafamentos, outros caminhões de
entrega... e tendo instâncias afetivas importantes, já tudo isso se dá entre “barbeiros, navalhas
e mauricinhos”, tendo ao fundo o delicioso concerto urbano de buzinas, comentários sobre a
sua masculinidade em tenor, contralto e sopranos, tudo isso traspassado pela “suavidade
diáfana” de motores desregulados em funcionamento...
Estes relatos acerca de situações do cotidiano pessoal ou profissional de milhares de
pessoas pelo mundo afora, revela que a atividade produtiva de homens e mulheres, jovens e
idosos, sãos ou adoentados não é tão simples como possa parecer e que deve ser objeto de
algum entendimento, de um estudo mais elaborado. E é isso a que se propõe a Ergonomia:
produzir esse entendimento para que as mudanças possam ser feitas, os projetos mais bem
elaborados e as decisões tecnológicas melhor assentadas. A saúde das pessoas, a eficiência
dos serviços e a segurança das instalações estarão, a partir daí, sendo efetivamente
incorporadas à vida das organizações.

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Ergonomia é a ciência que procura alcançar o ajustamento mútuo ideal entre o


homem e o seu ambiente de trabalho. Segundo um conceito ergonómico, a execução de
tarefas deve ser feita com o mínimo de consumo energético de modo a sobrar "atenção" para o
controlo das tarefas e dos produtos, assim como para a protecção do próprio trabalhador. Um
dos aspectos mais curiosos da ergonomia está relacionado com a indústria automóvel em que
muitas vezes o dimensionamento do habitáculo do condutor varia consoante o país onde o
veículo é comercializado. Entretanto, se não existir esse ajuste, teremos a presença de agentes
ergonómicos que causam doenças e lesões no trabalhador.
Os agentes ergonómicos presentes nos ambientes de trabalho estão relacionados
com:
 Exigência de esforço físico intenso,
 Levantamento e transporte manual de pesos,
 Postura inadequada no exercício das atividades,
 Exigências rigorosas de produtividade;
 Períodos de trabalho prolongado ou em turnos,
 Atividades monótonas ou repetitivas
Movimentos repetitivos dos dedos, das mãos, dos pés, da cabeça e do tronco
produzem monotonia muscular e levam ao desenvolvimento de doenças inflamatórias, curáveis
em estágios iniciais, mas complicadas quando não tratadas a tempo, chamadas genericamente
de lesões por esforços repetitivos. As doenças que se enquadram nesse grupo caracterizam-se
por causar fadiga muscular, que gera fortes dores e dificuldade de movimentar os músculos
atingidos. Há registos de que essas doenças já atacavam os escribas e notários, há séculos.
Hoje afetam diversas categorias de profissionais como funcionários bancários, metalúrgicos,
costureiras, pianistas, telefonistas, operadores informáticos, empacotadores, enfim, todos os
profissionais que realizam movimentos automáticos e repetitivos.
Contra os males provocados pelos agentes ergonómicos, a melhor arma, como
sempre, é a prevenção, o que pode ser conseguido a partir de:
Rotação do pessoal;
Intervalos mais frequentes;
Exercícios compensatórios frequentes para trabalhos repetitivos;
Exames médicos periódicos;
Evitar esforços superiores a 25 kg para homens e 12 kg para mulheres;
Postura correta sentado, em pé, ou carregando e levantando pesos.
Outros fatores de risco ergonómico podem ser encontrados em circunstâncias

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 36


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aparentemente impensáveis, como:


Falhas de projeto de máquinas;
Equipamentos, ferramentas, veículos e prédios;
Deficiências de layout; Iluminação excessiva ou deficiente;
Uso inadequado de cores.
A ergonomia é assim uma forma de adaptar o meio envolvente ás dimensões e
capacidades humanas onde máquinas, dispositivos, utensílios e o ambiente físico sejam
utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia.
A análise e intervenção ergonómica traduz-se em:
 Melhores condições de trabalho
 Menores riscos de incidente e acidente
 Menores custos humanos
 Formação com o objetivo de prevenir
 Maior produtividade
 Otimizar o sistema homem / máquina

Muitos são os conceitos de Ergonomia já publicados. Passando em revista várias


definições, é possível admitir que a Ergonomia englobe um conjunto de atividades que tendem
a adaptar o trabalho ao Homem, consistindo essa adaptação, numa otimização do Sistema
Homem - Trabalho.
Domínios de especialização da Ergonomia:
A palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras,
leis]. Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos
da atividade humana. Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas
atividades do trabalho é preciso que os Ergonomistas tenham uma abordagem holística de todo
o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como sociais,
organizacionais, ambientais, etc. Freqüentemente esses profissionais intervêm em setores
particulares da economia ou em domínios de aplicação específicos. Esses últimos
caracterizam-se por sua constante mutação, com a criação de novos domínios de aplicação ou
do aperfeiçoamento de outros mais antigos.
De maneira geral, os domínios de especialização da ergonomia são:
Ergonomia física: está relacionada com às características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópicos relevantes
incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos,

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distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho,


segurança e saúde.
Ergonomia cognitiva: referem-se aos processos mentais, tais como percepção,
memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e
outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de
trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem computador,
estresse e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e
sistemas.
Ergonomia organizacional: concerne à otimização dos sistemas sócio-técnicos,
incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes
incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (domínio aeronáutico),
projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo,
novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em
rede, tele-trabalho e gestão da qualidade.

Figura 6- Campus da Ergonomia Contemporânea.

Fonte: Cesergh, 2018.

3.2. Análise Ergonômica do Trabalho

Segundo a legislação brasileira na Norma Regulamentadora 17, para avaliar a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no
mínimo, as condições de trabalho. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos, às
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
A Ergonomia é uma disciplina que fundamenta a sua ação numa perspectiva
científica do trabalho humano. Pelos seus métodos, a Ergonomia permite uma outra

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 38


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inteligibilidade do funcionamento dos sistemas produtivos, a partir da compreensão de toda a


atividade de trabalho do homem. Para tal, torna-se imperioso o conhecimento do
funcionamento humano, nos diversos planos.
Tarefa e Atividade
Numa situação de trabalho, há que distinguir o conceito de tarefa e de atividade.
A tarefa ou trabalho prescrito abrange tudo o que, na organização, define o trabalho
de cada operador, ou seja:
 os objetivos a atingir em contrapartida da remuneração;
 a maneira de os atingir, as indicações e os procedimentos impostos;
 os meios técnicos colocados à disposição (instrumentos, máquinas,
ferramentas);
 a repartição das tarefas entre os diferentes trabalhadores;
 as condições temporais do trabalho (horários, duração, pausas);
 as condições sociais (qualificação, salário);
 o envolvimento físico do trabalho.
Quer a empresa seja de grande ou de pequena dimensão, existe sempre uma parte
implícita, um trabalho esperado, do qual os responsáveis e os trabalhadores têm a sua própria
representação.
Sendo a tarefa uma prescrição, um quadro formal, é o trabalho real dos
trabalhadores ou atividade, que permite a produção.
De uma maneira mais simplificada diz-se que, a atividade se refere às condutas e
comportamentos dos trabalhadores, na execução de uma determinada tarefa.
Em todos os planos definidos pela organização do trabalho, manifestam-se
diferenças entre o prescrito e o real, pois o trabalho real dos trabalhadores nunca é o puro
reflexo da tarefa, nem uma mera execução.
A distinção entre tarefa e atividade é importante, na medida em que:
o põe em evidência as falhas de organização;
o ajuda a hierarquizar os constrangimentos da situação de trabalho;
o permite explicar as relações entre as condições internas (inerentes ao
trabalhador) e as condições externas (respeitantes ao envolvimento de
trabalho);
o ajuda a compreender as conseqüências sobre a saúde.

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3.3. Saúde Ocupacional

Tendo por base toda a avaliação realizada, quer sobre as variáveis que influenciam a
situação de trabalho e do correspondente impacto na Saúde e Bem-Estar do trabalhador, quer
sobre a própria atividade de Trabalho, no domínio da Higiene, Segurança e Saúde
Ocupacional, a Intervenção Ergonômica visa:
desenvolver estratégias de melhoria das condições de trabalho;
definir e divulgar critérios e ações para o desenvolvimento da educação sanitária e
de uma atitude de prevenção;
promover a aplicação de normas relativas à higiene, segurança e saúde
ocupacional;
projetar alterações tendentes a melhorar o funcionamento do sistema organizacional
no âmbito da higiene, segurança e saúde ocupacional.

3.3.1. Postura e Força

Quando é exigido algum esforço, na realização de uma tarefa, o trabalhador tende a


adotar uma determinada postura, que pode não ser a mais adequada.
Em trabalho ou em repouso, o corpo pode assumir três posturas básicas:
deitado;
sentado;
de pé.
Interessa-nos, pois, as posturas geralmente adotadas em situação de trabalho.
Definimos postura como sendo a posição e orientação dos segmentos corporais no
espaço.
A postura está, então, dependente da força, sendo esta, o resultado de um conjunto
de contrações musculares que se realizam, no sentido de executar uma ação.
Um trabalho que obriga uma pessoa a assumir a postura de pé durante todo o dia,
exige grandes esforços, principalmente das pernas, que incham.
Os trabalhos que requerem uma grande força muscular, mobilidade e um grande
alcance, devem muitas vezes, ser executados de pé.
De seguida, são indicados alguns procedimentos a considerar, quando se trabalha
de pé:

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o devem ser evitadas todas as inclinações do corpo, pois a manutenção


destas posturas, implica grandes esforços ao nível dos músculos das pernas, da
coluna e dos ombros. Os músculos da coluna ficam em tensão e quando a
pessoa se endireita, sente-se rígida e endurecida;
o a altura da superfície de trabalho, deve ser ajustada à altura do trabalhador,
de modo a estar ao nível dos cotovelos, quando se está direito, de pé e com
os ombros descontraídos;
o deve-se poder estar parado e direito, em frente e perto da superfície
sobre a qual se trabalha e com o peso do próprio corpo, igualmente distribuído sobre os pés.
Deve haver espaço suficiente para as pernas ou pés;
o a natureza especial de um trabalho, pode obrigar a mudar a altura do plano
de trabalho;
o os controles e outros objetos
necessários à realização do trabalho, devem
encontrar-se a uma altura inferior à dos
ombros;
o se possível, o trabalhador deve ter a
possibilidade de alternar entre a postura de pé
e sentado;
o se o trabalho se faz parcialmente
sentado, deve-se poder dispor de uma cadeira
móvel ou equivalente;
o a superfície sobre a qual o trabalhador permanece de pé, deve ser adequada às
condições de trabalho;
o sapatos adequados diminuem os esforços ao nível das pernas e coluna lombar.
Os trabalhos que não requerem grandes esforços musculares e que se podem
executar dentro de uma área limitada, devem ser feito na postura de sentado. A área de
trabalho deve estar ao alcance, sem haver necessidade de fazer esforços excessivos.
Para trabalhar sentado numa posição correta, deve haver possibilidade de estar
sentado direito, em frente e perto do local em que se realiza o trabalho. A mesa e a cadeira de
trabalho devem ser desenhadas, de modo que a superfície sobre a qual se trabalha, fique ao
nível dos cotovelos, quando a pessoa está sentada, com o tronco direito e ombros
descontraídos.
Quando se faz um trabalho de precisão, deve haver um apoio ajustável para os

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cotovelos, antebraços ou mãos.


Os princípios fundamentais da postura de sentado são:
o o tronco, a cabeça e os membros devem estar numa posição natural e
relaxada, devendo ser evitada a cifose da coluna lombar;
o as freqüentes alterações de posição, são importantes na prevenção da
fadiga;
o a superfície de apoio deve ser ampla, para que seja mínima a pressão
por unidade de superfície;
o a altura do assento deve ser ligeiramente inferior ao comprimento da
perna, estando o pé completamente apoiado no solo e o joelho num
ângulo reto; a profundidade do assento deve ser tal, que o seu bordo
não exerça pressão contra a parte posterior do joelho;
o as cadeiras devem ter um encosto que proporcione um apoio à região
lombar, permitindo o relaxamento da musculatura lombar;
o os cotovelos do indivíduo que trabalha sentado, devem ter, com a sua
mesa de trabalho, a mesma relação que haveria se estivesse de pé. A
altura do plano de trabalho, varia de acordo com a pressão que precisa
de ser exercida.

Figura 7- Postura correta ao sentar em frente ao computador

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 Levantamento de cargas

O levantamento e o transporte manual de cargas pesadas devem ser evitados,


devendo ser realizados por equipamentos mecânicos. Se isto não for possível, várias pessoas
devem trabalhar juntas, sendo importante que todas utilizem os métodos corretos de
levantamento.
O levantamento de peso deve ser realizado com o auxílio das pernas e não das
costas. A postura correta deve ser com os ombros para trás, as costas arqueadas e os joelhos
dobrados. Para reduzir o desconforto decorrente do trabalho sentado junto a máquinas ou
terminais de computador, recomenda-se:
O peso deve ser mantido o mais próximo possível do corpo. Para levantar a carga,
manter as costas retas e, aos poucos, esticar as pernas, observando: a carga próxima ao
corpo; os pés separados e o peso do corpo corretamente distribuído; a carga apoiada nas duas
mãos, os joelhos dobrados; o pescoço e as costas alinhados; as costas retas e as pernas em
movimento de esticar.

3.3.2. Abordagem da NR- 17.

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,

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transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais


do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho.
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do
trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme
estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.
17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora:
17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da
carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a
deposição da carga.
17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de
maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas.
17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18
(dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos.
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.
17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que
não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de
trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser
usados meios técnicos apropriados.
17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte
manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele
admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança.
17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de
vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser
executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua
capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança.
17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de
ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador
seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua
segurança.
17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.

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17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de
trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.
17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas,
mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa
postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de
atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do
assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
adequados dos segmentos corporais.
17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos
requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento
pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como
ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das
características e peculiaridades do trabalho a ser executado.
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de conforto:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.
17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a
partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se
adapte ao comprimento da perna do trabalhador.
17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem
ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os
trabalhadores durante as pausas.
17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.
17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar
adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
executado.
17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação,
datilografia ou mecanografia deve:

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a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado
proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do
pescoço e fadiga visual;
b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a
utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento.
17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com
terminais de vídeo devem observar o seguinte:
a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento
à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de
visibilidade ao trabalhador;
b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador
ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas;
c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira
que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais;
d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável.
17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com
terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências
previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em
conta a análise ergonômica do trabalho.
17.5. Condições ambientais de trabalho.
17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes
condições de conforto:
a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
registrada no INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus
centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.
17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem
17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR

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10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de
avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.
17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos
de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais
variáveis na altura do tórax do trabalhador.
17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou
artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma
a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de
trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira
registrada no INMETRO.
17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve
ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com
fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência.
17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem
17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso.
17.6. Organização do trabalho.
17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em
consideração, no mínimo:
a) as normas de produção;
b) o modo operatório;
c) a exigência de tempo;
d) a determinação do conteúdo de tempo;
e) o ritmo de trabalho;
f) o conteúdo das tarefas.
17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do
pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do
trabalho, deve ser observado o seguinte:
a) para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em
consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;

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b) devem ser incluídas pausas para descanso;


c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos
níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.
17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o
disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos
trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques
sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer
espécie;
b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser
superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR,
cada movimento de pressão sobre o teclado;
c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite
máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador
poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis
do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual;
d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10
(dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal
de trabalho;
e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá
ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada
progressivamente.

3.3.3. Medidas Administrativas

 aumentar o grau de liberdade para a realização da tarefa, reduzindo a


fragmentação e a repetição;

 permitir maior controle do trabalhador sobre o seu trabalho;

 levar em conta que a capacidade produtiva de uma pessoa pode variar, e


que essa capacidade é diferente entre um indivíduo e outro;

 estabelecer pausas, quando e onde cabíveis, durante a jornada de trabalho

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para relaxar,

 distensionar e permitir a livre movimentação, sem aumento do ritmo ou da


carga de trabalho; enriquecer o conteúdo do trabalho, nas tarefas e locais de
atividade, para que a criatividade e a realização profissionais sejam objetivos
comuns das empresas e dos trabalhadores;

 o mobiliário dos locais de trabalho deve permitir posturas confortáveis, ser


adequado às características físicas do trabalhador e à natureza das tarefas,
e permitir liberdade de movimentos;

 e ferramentas e instrumentos de trabalho devem ser adequados à tarefa e ao


seu operador.

4. Higiene e Saúde no Trabalho

4.1. Importância da Higiene

A indústria sempre teve associada a vertente humana, nem sempre tratada como sua
componente preponderante.
Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta,
sendo sim importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo à
morte dos trabalhadores. Para tal contribuíam dois fatores, uma mentalidade em que o valor da
vida humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de
leis que protegessem o trabalhador.
Apenas a partir da década de 50 / 60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar
os trabalhadores em atividades devidamente adequadas às suas capacidades.
Atualmente em Portugal existe legislação que permite uma proteção eficaz de quem
integra atividades industriais, ou outras, devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor
meio de beneficiar simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos
aspectos relacionados com as condições ambientais e de segurança de cada posto de
trabalho.
Na atualidade, em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e Ambientais
ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e Segurança no Trabalho tardam em
ser implementadas pelo que o despertar de consciências é fundamental.
É precisamente este o objetivo principal deste curso, o de SENSIBILIZAR para as
questões da Higiene e Segurança no Trabalho.

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 49


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Definições
A higiene e a segurança são duas atividades que estão intimamente relacionadas com o
objetivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde aos
colaboradores e trabalhadores de uma Empresa.
Segundo a O.M.S. - Organização Mundial de Saúde, a verificação de condições de
Higiene e Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e social e não somente
a ausência de doença e enfermidade".
A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o trabalhador,
visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem
afetar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador).

4.2. Saúde

4.2.1. Doença do Trabalho

A doença de trabalho tem previsão legal no inciso II do artigo 20 da Lei n. 8.213 de


24 de julho de 1991, que a define como enfermidade adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.

Diferentemente da doença profissional, a doença de trabalho não está atrelada à


função desempenhada pelo trabalhador, mas ao local onde o operário é obrigado a trabalhar.

Como exemplo de doença de trabalho, podemos citar: o câncer que acomete


trabalhadores de minas e refinações de níquel, as pessoas que trabalham em contato com
amianto ou em proximidade com algo radioativo, os trabalhadores que sofrem de doenças
pulmonares por estarem em contato constante com muita poeira, névoa, vapores ou gases
nocivos, a surdez provocada por local extremamente ruidoso, entre outros.

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4.2.1.1. Doenças que não são considerados: doença de trabalho

Existem algumas doenças que não são consideradas doença de trabalho em virtude
de sua natureza, pois se desenvolvem naturalmente. São elas:

a) doença degenerativa;
b) doença inerente ao grupo etário;
c) doença que não produza incapacidade laborativa;
d) doença endêmica adquirida por segurado habitante de região e que se
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.

4.2.1.1.1. Doença degenerativa

Doenças degenerativas são as que modificam o comportamento da célula, causando


uma gradual lesão do tecido de caráter irreversível e evolutivo. Essas doenças são cada vez
mais comuns e são assim conhecidas porque causam a degeneração progressiva do
organismo como um todo. Provocam a degeneração da estrutura das células e tecidos afetados
e podem envolver todo o organismo: vasos sanguíneos, tecidos, ossos, visão, órgãos internos,
cérebro, entre outros.

As doenças degenerativas são crônicas, não transmissíveis e algumas não têm cura
conhecida. O conhecimento que se tem é de que elas podem se desenvolver devido a diversos
fatores, como tabagismo, excesso de peso corporal, má alimentação, vida sedentária,
predisposição genética e alcoolismo.

Alguns exemplos de doença degenerativa são: câncer, diabetes, esclerose múltipla,


osteoartrose, osteoporose, degeneração dos discos vertebrais, hipertensão arterial, Mal de
Alzheimer, Mal de Parkinson, Coreia de Huntington, entre outras.

4.2.1.1.2. Doença inerente ao grupo etário

As doenças ligadas ao grupo etário têm necessariamente a idade como fato gerador
da enfermidade. Sua causa não decorre das atividades exercidas, e sim da própria idade.
Como exemplos dessa doença, podemos citar a presbiacusia (que é a perda da acuidade

Agroindústria- Saúde, Segurança e Ergonomia no Trabalho 51


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auditiva iniciada a partir dos 30 anos, resultante da degenerescência das células sensoriais), a
catarata, doenças reumáticas, Alzheimer, entre outras.

4.2.1.1.3. Doença que não produz incapacidade laborativa

Também são consideradas doenças de trabalho as enfermidades que não ensejam a


perda da capacidade laboral, como simples queda ou até mesmo um pequeno corte.

4.2.1.1.4. Doença endêmica

Adquirida por segurado habitante de região e que se desenvolva, salvo


comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do
trabalho.

4.2.2. Doença Ocupacional

A doença ocupacional ou profissional está definida no artigo 20, I da Lei n. 8.213 de


24 de julho de 1991 como a enfermidade produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e constante da relação elaborada pelo Ministério do
Trabalho e da Previdência Social. Por isso, prescindem de comprovação de nexo de
causalidade com o trabalho, porquanto há uma relação de sua tipicidade, presumindo-se, por
lei, que decorrem de determinado trabalho. Tais doenças são ocasionadas por microtraumas
que cotidianamente agridem e vulneram as defesas orgânicas e que, por efeito cumulativo,
terminam por vencê-las, deflagrando o processo mórbido (MONTEIRO; BERGANI, 2000, p.
15).

A doença ocupacional ou profissional, portanto, é desencadeada pelo exercício do


trabalhador em uma determinada função que esteja diretamente ligada à profissão.

Para simplificar, alguns exemplos de doença ocupacional são: o escrevente que


adquiriu tendinite, o soldador que desenvolveu catarata, o auxiliar de limpeza que sofre com
LER, o trabalhador que levanta peso e sofre com problemas de coluna, entre outros.

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4.2.3. LER - (Lesões por Esforços Repetitivos)

LER é a sigla para “Lesões por Esforços Repetitivos” e representa um grupo de


afecções do sistema musculoesquelético. São diversas afecções que apresentam
manifestações clínicas distintas e que variam em intensidade. o conceito básico é que LER é
uma terminologia guarda-chuva, que engloba várias alterações das partes moles do sistema
músculo esquelético devido a uma sobrecarga que vai se acumulando com o passar do tempo.
Sem tempo para descansar adequadamente e se recuperar, os tendões, articulações e
músculos vão sofrendo alterações, e começam a ter dificuldades para obedecer “ordens” do
sistema nervoso central, seja pela dor ou pela lentidão, por exemplo. Quando essas situações
de “abuso” acontecem no trabalho, temos as diversas alterações que expressam o sofrimento
das estruturas do sistema músculo-esquelético, que se enquadram nas Lesões por Esforços
Repetitivos. São alterações que variam, desde dores musculares (mialgia) e inflamações de
tendões e sinóvias (tenossinovites) até alterações graves do sistema modulador da dor .
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas são dor,
formigamento, dormência, sensação de peso, fadiga,
fraqueza, queimação, repuxamento, choque. Esses
sintomas geralmente aparecem insidiosamente, isto é,
vão se instalando vagarosamente. Podem estar
presentes em diferentes graus de intensidade e podem
estar presentes ao mesmo tempo.

Quais são as atividades rotineiras mais difíceis para uma pessoa com ler?
As pessoas com LER relatam que as maiores dificuldades ocorrem para realizar
algumas atividades de rotina, tais como limpar azulejo, abrir latas, polir panelas, torcer,
estender e passar roupas, segurar o telefone, escolher feijão, abotoar roupas, lavar cabelos
longos, segurar bebês, dirigir, carregar compras, trocar lâmpada, fazer pequenos consertos
caseiros.
Todas as pessoas podem ter ler?
Depende de suas atividades de trabalho. Eis algumas atividades de pessoas que
podem ter LER:
* caixas de supermercados e no comércio em geral;
* caixas de bancos e de serviços em geral;
* outras atividades do setor financeiro tais como compensação de cheques,

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escrituração, abertura de contas; o p er ad ores de tele-atendimento, telemarketing, tele-


informações;
* telefonistas;
* embaladores de vários setores da indústria: cosméticos, vidro, metalúrgica,
farmacêutica, plástica, alimentos;
* trabalhadoras de linhas de montagem nos setores da eletroeletrônica e
metalúrgica;
* operadores de máquinas de diversos ramos de atividade, entre as quais,
conicaleiras, prensas de alimentação manual, microfilmagem;
* vidreiros manuais;

4.2.4. Dort - (Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho)

São movimentos repetidos de qualquer parte do corpo que podem provocar lesões
em tendões, músculos e articulações, principalmente dos membros superiores, ombros e
pescoço devido ao uso repetitivo ou a manutenção de posturas inadequadas resultando em dor
fadiga e declínio do desempenho profissional tendo como vítimas mais comuns os: digitadores,
datilógrafos, bancários telefonistas e secretárias. O termo Dort - (Distúrbio osteomuscular
relacionado ao trabalho), adotado no Bradil não é mais utilizado preferindo-se atualmente a
denominação Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT).
Fatores determinantes da Dort
1 - Postura: Posturas fixas são um fator de risco principalmente em trabalhos
sedentários. No entanto em trabalhos mais dinâmicos, com posturas extremas de tronco como,
por exemplo, abaixar-se e virar-se de lado também foram identificados como fatores de risco.
As más posturas de extremidades superiores também se constituem como fatores de
risco, tais como: desvios dos punhos, braços torcionados e elevação do ombro.
Todos esses desvios são influenciados por uma série de fatores ocupacionais e individuais,
incluindo característica do posto de trabalho, Ex: altura da mesa, da cadeira, formato da
cadeira e seu encosto, etc.
2 - Movimento e força: Estes dois fatores estão correlacionados ao aparecimento da
Dort - (Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho) nas mãos e punhos. A combinação de
forças elevadas e alta repetitividade aumenta a magnitude da lesão mais do que qualquer uma
delas isoladamente.
Movimentos repetidos podem danificar diretamente os tendões através do freqüente

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alongamento e flexão dos músculos.


A força exercida durante a realização dos movimentos é outro determinante das
lesões, como por exemplo, no levantamento, carregamento e utilização de ferramentas
pesadas; a força necessária para cortar objetos muito duros, a utilização de parafusadoras e
furadeiras.
3 - Conteúdo de trabalho e fatores psicológicos: A relação entre trabalho e a saúde é
afetada pela organização do trabalho e fatores psicológicos relacionados ao trabalho, podendo
contribuir para o aparecimento de disfunções músculo-esqueléticas. Passou-se a estabelecer a
relação entre trabalho, stress e o sistema músculo-esquelético.
4 - Características individuais: O tipo de musculatura e características individuais
parecem manter uma relação com a incidência dos problemas. Nesse sentido, as mulheres
parecem ser mais suscetíveis que os homens. A distribuição de tarefas por sexo e
conseqüentemente na carga do trabalho determinam o aparecimento de problemas e estão
ligados as características individuais.
Avaliação das lesões crônicas da mão: Começamos colhendo informações
referentes ao paciente como: nome, idade, sexo, endereço, profissão, hábitos de laser e mão
dominante. A seguir perguntamos sobre a natureza da lesão, o agente causador, quais foram
as possíveis causas, o momento exato. A natureza e a extensão da lesão inicial devem ser
esclarecidas com precisão, tais como lesões antigas no membro superior.
Exame físico: O exame físico é dirigido para a pesquisa da queixa principal, mas
todo o membro superior deve ser examinado e comparado com o lado normal. Edemas
localizados, condições da pele, deformidades nos dedos, alterações de coloração, hipotrofias
musculares podem ser percebidas na inspeção e podem indicar o diagnóstico da causa ou
origem da lesão.
No exame da movimentação ativa pesquisamos rigidez articular e instabilidades a
movimentação ativa, o estado dos músculos tendões e nervos. O teste de sensibilidade pode
ser realizado através da pesquisa da sensibilidade táctil e de dois pontos.
Testes Especiais:
1 - Teste de Phalen - Ambos os punhos em flexão provocam a precipitação dos
sintomas de formigamento, hipoestesia ou hiperestesia no território inervado pelo nervo
mediano. Isto ocorre porque esta posição diminui o continente do túnel e precipita os sintomas
da Síndrome do túnel do carpo.
2 - Sinal de Tinel - A percursão do nervo mediano ao nível do canal do carpo ou
imediatamente proximal a ele pode provocar choques ou hiperestesia no território inervado pelo

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nervo mediano na Síndrome do túnel do carpo.


3 - Sensibilidade discriminativa de dois pontos estáticos (Weber) - este teste de
sensibilidade entre dois pontos mede a densidade de inervação cutânea quanto ao número de
fibras de adaptação lenta e sistema de receptores. É bastante útil para estabelecer o grau de
comprometimento de um nervo periférico sensitivo.
4 - Sensibilidade entre dois pontos móveis - mede a densidade de inervação de
fibras de adaptação rápida e sistema de receptores.
5 - Teste motor - Procurar determinar a existência de paresias comparando sempre
com o lado contralateral, dando importância ao lado dominante do paciente e ao biotipo do
paciente.
Patologias encontradas com mais freqüência nos mecanismos por esforços
repetitivos.
 Síndrome do túnel do carpo:
O que é túnel do carpo?
É o canal formado anatomicamente pelos ossos localizados na região do carpo
(punho) e por um ligamento forte na região do carpo. As paredes laterais e o assoalho são
constituídas pelos ossos do carpo e o teto pelo lig. transverso do carpo. O túnel do carpo
contém tendões que flexionam os dedos e o polegar e o nervo mediano que proporciona
sensibilidade ao polegar, indicador e metade radial do anular.
Quais são as causas?
É causada por uma compressão do nervo mediano no canal do carpo e pode ser
causada por vários problemas. Um aumento do volume do conteúdo do canal do carpo ou uma
diminuição no continente criam situações de compressão do nervo mediano contra o ligamento
transverso do carpo.
Algumas causas de compressão do nervo mediano no canal do carpo:
A) Inflamação ou edema nos tendões e bainhas tendinosas no canal do carpo;
B) Retenção de líquido;
C) Lesões por esmagamento;
D) Edema na mão e antebraço;
E) Alargamento do nervo mediano;
F) Condições sistêmicas (gravidez, anticoncepcional):
G) Fraturas e luxação ao nível do punho:
H) Artrite reumatóide;
I) alargamento do nervo mediano.

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Sinais e sintomas?
Manifestações mais comuns são: formigamento, adormecimento e queimação do
polegar, dedo indicador, médio e metade
do anular. Ocorrem mais comumente à
noite e nas primeiras horas da manhã. A
dor pode irradiar para cotovelo, ombro e
região cervical.
A diminuição da sensibilidade
da mão pode causar fraqueza e perda da
capacidade funcional da mão. Os
pacientes geralmente referem que
deixam cair objetos e que não
conseguem sentir suas temperaturas, a mão pode ficar fria e seca.
Pode haver atrofia da região tenar, e quando comparado uma mão com a outra há um
achatamento desta região.
Condições mais propensas a desenvolver a doença:
A síndrome do túnel do carpo pode estar relacionada com a idade, o sexo, a
ocupação, a fatores hereditários e a condições médicas. Trabalhos que requerem o uso da
palma da mão com pressões e esforços repetidos ao nível do punho podem aumentar a
possibilidade de desenvolvimento de uma síndrome do túnel do carpo.
Diagnóstico:
Teste de Tinel - Percussão da área do nervo mediano e obtenção de choque
irradiado para o nervo mediano.
Teste de Phalen - Flexão passiva do punho por um período de
um minuto e será positivo se o paciente referir dor, choque ou
adormecimento na área inervada pelo mediano.
Teste de sensibilidade discriminativa de dois pontos revelará
perda da função sensitiva na região inervada pelo N. Mediano.
Tratamento conservador:
Os pacientes com poucos sintomas devem iniciara o
tratamento conservador. O tratamento conservador é realizado pelo uso
de órtese para alívio dos sintomas e fisioterapia. O tempo que o paciente
deverá usar a órtese varia de paciente para paciente e é de acordo com
a preferência do médico.

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Tratamento cirúrgico:
É realizado quando os pacientes não apresentam melhora com o tratamento
conservador. A cirurgia é realizada com anestesia local e é realizado uma incisão no ligamento
transverso do carpo, que aliviará a compressão do nervo mediano.
 Síndrome do túnel cubital:
O que é túnel cubital?
É um canal localizado ao nível do cotovelo por onde passa o nervo ulnar, cujos
limites são: epicôndilo medial anteriormente, lig. ulno-umeral lateralmente e póstero-
medialmente as duas cabeças do flexor ulnar do carpo. O teto do túnel é formado por uma
banda fibrosa que se estende do olécrano ao epicôndilo medial.
Quais as causas?
Algumas doenças podem predispor esta neuropatia compressiva, são: diabetes,
insuficiência renal, desnutrição, alcoolismo crônico, hemofilia, lepra, mieloma múltiplo,
acromegalia e outras.
Podem ser também por condições patológicas, traumáticas ou anatômicas.
Quadro clínico:
Paciente refere dor no cotovelo,
parestesias, hipoestesia no território do N. Ulnar e
paresia dos músculos inervados pelo N. Ulnar.
Tratamento
O tratamento conservador sempre deve
ser realizado e inclui o repouso do cotovelo,
medicação anti-inflamatória, uso de órtese e fisioterapia.
Quando o paciente não evolui bem há indicação de procedimento cirúrgico - neurólise do nervo
ulnar ao nível do cotovelo, com ou sem epicondilectomia, Transposição superficial.

 Síndrome do canal de Guyon


É a compressão do nervo ulnar ao nível do punho no canal descrito por Guyon.
Limites:
- medial: psiforme e origem tendinosa do abdutor do dedo mínimo;
- lateral: hâmulo do hamato e expansão da fáscia do palmar longo;
- teto: ligamento carpal volar (piso-hamático);
- assoalho: pelos ossos do carpo.
Etiologia:

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Uma das causas mais comuns é a compressão do N. Ulnar no canal de Guyon por
um cisto sinovial. Outras causas são alterações da artéria ulnar que passa junto ao n. Ulnar e
fraturas dos ossos do carpo.
Quadro clínico
Dor ao nível do bordo medial do punho e
alterações de sensibilidade no dedo mínimo e metade
medial do dedo anular. Pode haver paresia progressiva
dos músculos intrínsecos da mão inervados pelo nervo
ulnar.
Tratamento
Quando se detecta uma causa física da compressão há indicação cirúrgica para
descompressão do nervo ulnar. Nas alterações anatômicas pode-se tentar tratamento
conservador com repouso, uso de órtese, medicação anti-inflamatória, medicação anti-
inflamatória e fisioterapia. Na persistência dos sintomas deve-se indicar cirurgia para promover
descompressão do nervo.

 Tenosinovite estenosante DeQuervain


Anatomia: Na região dorsal do punho estão os tendões estensores dos dedos,
polegar e do punho. Estes tendões passam por 6 túneis que formam o retináculo dos
estensores ou ligamento carpal dorsal.
O primeiro compartimento dorsal é o mais lateral de todos e nele passam os tendões
abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar. Estes tendões têm função de afastar o
polegar da mão e movimentar o punho.
O que é tenosinovite DeQuervain? A moléstia de DeQuervain é um processo
inflamatório agudo dos tendões do 1°compartimento dorsal do punho. O tecido sinovial que
envolve o 1° compartimento dorsal sofre um processo de espessamento e edema diminuindo o
continente deste túnel. Os tendões podem inchar ao redor desta constrição e so0frer
aderências.
O que causa a tenosinovite DeQuervain? Essa inflamação pode ocorrer por qualquer
condição que cause alteração anatômica do primeiro compartimento ou edema e
espessamento dos tendões e bainhas. Traumas repetidos, esforços repetidos, reumatismo
pode precipitar a doença, mas em muitos casos não há uma causa bem definida.
Quem desenvolve a doença? Ocorre mais freqüentemente entre os 30 e 50 anos, as
mulheres são mais acometidas numa razão de 8/1. As pessoas que desenvolvem tarefas com

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movimentos repetidos de lateralização do punho com preensão utilizando o polegar são mais
predispostas a desenvolver esta patologia.
Sinais e sintomas: O sintoma principal é dor na base do
polegar. Pode haver irradiação da dor para o polegar e antebraço.
A dor normalmente piora com o esforço físico da mão. Pode haver
e crepitação na região lateral do punho.
Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico é feito
através da dor no lado radial do punho associado a certo grau de
edema. O sinal de Finkelstein é positivo: neste teste a manobra de
desvio ulnar do punho com mão fechada é extremamente
dolorosa nos pacientes portadores da doença.
Tratamento conservador:
Normalmente inicia-se o tratamento com medicação anti-inflamatória e uso de
imobilizador (gesso ou órtese) A infiltração com corticóide pode ser utilizada também para
melhorar o processo anti-inflamatório, bem como a fisioterapia.
Tratamento cirúrgico: Se os sintomas persistirem apesar do tratamento conservador
a cirurgia estará indicada. Realiza-se uma incisão transversa sob o primeiro compartimento
dorsal, seccionamos o ligamento dorsal do carpo e expõem-se os tendões abdutor longo do
polegar e extensor curto do polegar que são testados qto a mobilidade e aderências, a ferida é
então fechada.
Pós-operatório:
O paciente é mantido com curativo e orientado a movimentar o polegar dentro do
limite da sua dor. A recidiva é rara.

4.2.4.1. Prevenção da Dort - (Distúrbio osteomuscular relacionado ao


trabalho):

- Modificação do mobiliário:
- Conforto é essencial para a prevenção.
- Os postos de trabalho devem ser feitos para acomodar o trabalhador no seu
ambiente para que ele tenha uma movimentação eficiente e segura.
- As operações mais freqüentes devem estar ao alcance das mãos.
- As máquinas devem se posicionar de forma que o trabalhador não tenha que se
curvar ou torcer o tronco para pegar ou utilizar ferramentas com frequência.

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- A mesa deve ser planejada de acordo com a altura de cada pessoa e ter espaço
para as movimentações das pernas.
- As cadeiras devem ter altura para que haja apoio dos pés, formato anatômico para
o quadril e encosto ajustável ao trabalhador.
Planejamento dos métodos de trabalho:
As pessoas devem aprender a identificar os sinais do próprio corpo, o que permite
perceber o início de qualquer desconforto. O importante é não deixar que as dores pequenas
evoluam.
Pausas - As pausas nos trabalho devem permitir principalmente um alívio para os
músculos mais ativos. Diferente da pausa para a recuperação do esforço físico pesado.
Obs: ainda não existe um esquema que estipule o tempo de pausa para evitar a tensão do
trabalho muscular localizado, mas o ideal é após 50 min. 1 hora de trabalho como por exemplo
em frente ao computador fazer uma pausa de 5 a 10 min. por hora.
Durante a pausa, pode-se levantar, caminhar um pouco e se possível fazer um
exercício de alongamento.
Exemplo: Entrelaçar os dedos das mãos, virando as palmas das mãos para frente e
esticando os braços para frente e para cima. Ajuda a relaxar o braço.
Outro alongamento é flexão e extensão de pescoço.
Fortalecimento muscular: Em casa para fortalecer os dedos da mãos, punhos e
antebraços é apertar uma bola de tênis ou de borracha repetidas vezes. Aperta com dois dedos
um é sempre o polegar, vai variando os dedos (um de cada vez).
Formas fisioterápicas de tratamento:
Crioterapia:
Está indicado quando se objetiva a diminuição do processo inflamatório agudo e do
edema e à analgesia. As manobras de compressão e elevação do membro potencializam sua
eficácia no controle do edema agudo. O frio pode se usado com bolsa contendo gelo picado ou
gelo mole. (3 partes de água para 1 de álcool). Duração de 10 a 30 min. podendo ser feito
várias vezes ao dia principalmente na fase aguda.
Contra-indicação: processos artríticos, rigidez articular, insuficiência vascular periférica.
Termoterapia:
O calor é um excelente método terapêutico, melhora o metabolismo e a circulação
local, aumenta a elasticidade do tecido conectivo, relaxa a musculatura e causa analgesia.
Calor superficial: Como exemplo temos: bolsas térmicas, banho de parafina, infra-
vermelho e turbilhão. Quando se objetiva administrar em extremidade sendo o banho de

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parafina o mais indicado.


O tempo ideal de aplicação é de 10 a 15 min.
Calor profundo: Métodos mais utilizados são o ultra-som, ondas curtas e microondas.
A diatermia por microondas e ondas-curtas é normalmente utilizada quando
determinada região está sendo preparada para a cinesioterapia, por propiciar o relaxamento
músculo-tendíneo.
O ultra-som aplicado a intensidade de 0,75 a 1,0 w/cm2 provoca aquecimento
profundo, analgesia, melhora a circulação, aumenta a elasticidade, extensibilidade tecidual e
reduz a rigidez osteo-músculo-ligamentar.
Cinesioterapia:
Os músculos dos pacientes portadores de Dort - (Distúrbio osteomuscular
relacionado ao trabalho) são geralmente hipertônicos, encurtados e cronicamente fatigados.
Alongamento muscular - Importante alongar o músculo encurtado e fatigado para
devolver ao seu comprimento de repouso, condição fundamental para que adquira a sua
potência máxima.
Músculos mais comuns de estarem encurtados: músculos intrínsecos da mão,
extensores dos dedos e punhos, bíceps, tríceps, trapézio e os da cintura escapular.
Músculos mais comuns de estarem fatigados cronicamente: músculos da cintura escapular e os
antigravitacionais.
Depois de alongados e passados a fase de dor, os músculos devem ser fortalecidos,
para que possam de novo exercer as atividades diárias e completar a fase final da reabilitação
que é o retorno ao trabalho. Inicialmente os exercícios isométricos, seguindo-se os exercícios
resistidos, para o desenvolvimento da força e da resistência do músculo.
Massagem
Pode ser feita domiciliarmente e pelo próprio paciente. O método não é eficaz se não
for realizado conjuntamente a cinesioterapia e alongamento de estruturas contraturadas e
tensionadas. A massagem a ser utilizada pode ser a massagem clássica. O efeito da
massagem proporciona um relaxamento muscular. Os portadores de Dort - (Distúrbio
osteomuscular relacionado ao trabalho) podem ter também aumento da tensão muscular nas
regiões cervical, escapular e dorsal.

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REFERÊNCIAS

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segurança e saúde no trabalho. 6. ed. rev. ampl. atual. Rio de Janeiro: GVC, 2007, 1196 p.

TST 331.45(094) A663 N 6.ED

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR- 17 – Ergonomia. Manuais de Legislação Atlas.

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COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007.

MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do Trabalho e

Doenças Ocupacionais: conceito, processos de conhecimento e execução e suas

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SALIBA, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 3. ed. São Paulo:

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SCALDELAI, Aparecida Valdinéia et al. Manual prático de saúde e segurança do trabalho. 2.

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SZABO JUNIOR, Adalberdo Mohai. Manual de segurança, higiene e medicina do trabalho.

5. ed. São Paulo: Rideel, 2013.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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