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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Projeto e Administração Agroindustrial

Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agroindústria das


Escolas Estaduais de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado/organizado pela professora Fábia Costa -
2018

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 1


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO (Definições, Especificidades e Correntes


Metodológicas)..................................................................................................................................... 4
1.1. Introdução .............................................................................................................................. 4
1.2. Processo Histórico da Administração .................................................................................... 5
1.3. Processo Organizacional e Administrativo............................................................................ 7
2. AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA..............................................................................................10
2.1. História da Agricultura Brasileira........................................................................................ 10
2.2. Agroindústria Brasileira ...................................................................................................... 12
2.2.1. Soja............................................................................................................................... 12
2.2.2. Milho ............................................................................................................................ 13
2.2.3. Leite ............................................................................................................................. 13
2.2.4. Frango .......................................................................................................................... 14
3. GESTÃO AGROINDUSTRIAL .................................................................................................... 16
3.1. CONCEITOS BÁSICOS: Origens e Definições de Agronegócio .............................................. 16
3.2. Níveis de Análise no Agronegócio ...................................................................................... 18
3.2.1. Sistemas Agroindustriais (SAI) .................................................................................... 18
3.2.2. Commodity System Approach (CSA) .......................................................................... 21
3.2.3. ANÁLISE DE FILIÈRES (ou Análise de Cadeias de Produção) ........................................ 22
3.2.4. Complexo Agroindustrial ............................................................................................. 25
3.2.5. Cadeia de Produção Agroindustrial.............................................................................. 26
3.3. A Visão Sistêmica do Agronegócio ..................................................................................... 29
4. CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA AGROINDUSTRIAL ...................................... 32
4.1. Cadeia de Suprimentos ........................................................................................................ 32
4.2. Logística Agroindustrial ...................................................................................................... 34
5. COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS ................................................ 37
5.1. Introdução e Conceitos ........................................................................................................ 37
5.2. Aspectos da Demanda ......................................................................................................... 39
5.3. Comércio Varejista de Alimentos ........................................................................................ 40
5.4. Comércio Atacadista............................................................................................................ 41
5.5. Mecanismos de Comercialização ........................................................................................ 43
5.5.1. Mercado Spot ............................................................................................................... 44

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5.5.2. Mercado Futuro ............................................................................................................ 45


5.5.3. Contratos de Longo Prazo ............................................................................................ 45
6. PROJETO AGROINDUSTRIAL ................................................................................................... 47
6.1. Processo de Concepção Do Projeto ..................................................................................... 47
6.1.1. - Estudo de mercado ..................................................................................................... 47
6.1.2. Tamanho da agroindústria ............................................................................................ 48
6.1.3. Localização da Agroindústria....................................................................................... 49
6.1.4. Matéria-prima............................................................................................................... 49
6.2. Processo de Elaboração do Projeto ..................................................................................... 50
6.2.1. - Componentes de um projeto ...................................................................................... 51
6.2.2. Infra-estrutura............................................................................................................... 53

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1. – INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO (Definições, Especificidades e Correntes


Metodológicas)

1.1. Introdução

A palavra administração tem sua origem ligada ao latim ad – direção para, tendência
para; minister – subordinação ou obediência, e significa a função que se desenvolve sob o comando
de outro. Então, administrar é obter resultados por intermédio de outros, exerce-se a função de fazer
as coisas através de outras pessoas, com os melhores resultados possíveis. Chama-se a atenção para
o fato de o administrador comandar a ação e não realizá-la.

Administrar é um processo dinâmico, que consiste em


tomar as mais variadas decisões para alcançar os objetivos da
organização. Não há uma receita, o sucesso das organizações
depende da sua capacidade de ler e interpretar a realidade externa,
rastrear mudanças, identificar oportunidades e reconhecer as
ameaças e dificuldades para neutralizá-las ou amortecê-las.

A administração clássica teve seu início com as chamadas “Teorias da Administração”,


onde cada teoria nasceu de um problema relevante da época, e são utilizadas até os tempos atuais na
soluções desses problemas de empresas de pequeno a grande porte. Foram originadas com a
Revolução Industrial, onde essa abordagem nasceu da necessidade de se encontrar a solução para
dois fatores: o crescimento acelerado e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a
eficiência e a competência das organizações (CHIAVENATO, 2007). São divididas nos Estados
Unidos, o movimento da Administração Científica, com Taylor e na França, a Teoria Clássica da
Administração, com Fayol.
Segundo Taylor a improvisação deve ceder lugar ao planejamento e à ciência, o objetivo
da Administração é assegurar o máximo de prosperidade para o patrão e para o empregado, para
isso deve ser realizado a padronização de máquinas e ferramentas, métodos e rotinas para execução
de tarefas e prêmios de produção para incentivar a produtividade. padronização de máquinas e
ferramentas, métodos e rotinas para execução de tarefas e prêmios de produção para incentivar a

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produtividade. habilidades como gestores e serem reconhecidos por isso. O sucesso organizacional
depende mais das habilidades administrativas dos seus líderes do que de suas habilidades técnicas.
Para Taylor, o operário não tinha capacidade nem formação para analisar cientificamente seu
trabalho e estabelecer, racionalmente, o método mais eficiente de trabalho. Dessa forma, a gerência
ficaria com o planejamento e a supervisão, enquanto o trabalhador ficaria com a execução apenas.
Para Fayol, toda organização possui um conjunto de funções, desempenhadas por
empregados que possuem responsabilidades e talentos. Esses empregados são responsáveis pelas
funções básicas e administrativas da empresa, têm oportunidades de exercitar suas habilidades
como gestores e serem reconhecidos por isso. O sucesso organizacional depende mais das
habilidades administrativas dos seus líderes do que de suas habilidades técnicas.. Fayol verificou
que todas as atividades dos trabalhos industriais podiam ser divididas em seis grupos: técnico
(produção); comercial (compra, venda e troca); financeiro (obtenção de capital e sua boa
utilização); segurança (proteção de propriedades e pessoas); contabilidade (inclusive estatística); e
administrativo(planejamento, organização, comando, coordenação e controle).
Figura 1– Abordagens Clássicas da Administração

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2007.

1.2. Processo Histórico da Administração

A administração é o resultado histórico e integrado de inúmeros precursores.


Referências históricas mostram que até hoje conceitos administrativos de mais de 1.200 a.C. ainda
são usados no nosso meio. Segue abaixo um breve histórico das relações das civilizações com a
administração até os dias de hoje:
 5.000 a.C.: na Suméria, quando os antigos Sumerianos procuravam melhorar a
maneira de resolver seus problemas práticos, exercitando assim a arte de

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administrar. Depois, no Egito, Ptolomeu dimensionou um sistema econômico


planejado, que não poderia ter-se operacionalizado sem uma administração
pública sistemática e organizada. Em seguida, na China de 500 a.C, a
necessidade de adotar um sistema organizado de governo para o império, a
Constituição de Chow, com seus oito regulamentos e as regras de administração
pública de Confúcio, exemplificam a tentativa chinesa de definir regras e
princípios de administração.
 Administração artesanal (até 1780)- período Feudal: Produção baseada no
artesanato rudimentar, existência de mão-de-obra investida, não qualificada e até
mesmo escrava; predomínio de oficinas, granjas e agricultura.
 Artesanato à industrialização (1780 – 1860): Acompanha a 1ª Revolução
Industrial, quando ocorre a crescente mecanização das oficinas e da agricultura;
carvão e o ferro passam a ter enorme importância para o desenvolvimento dos
países; as oficinas transformam-se em fábricas e usinas, dotadas de grandes
máquinas, que substituem o esforço físico humano.
 Desenvolvimento industrial (1860 – 1914): Corresponde à 2ª Revolução
Industrial, onde o aço e a eletricidade passam a ser fundamentais, em
substituição ao carvão e ferro; crescente domínio da ciência e do avanço
tecnológico sobre a indústria e surgimento do automóvel, avião, telefone, e
telégrafo sem fio; substituição do capitalismo industrial pelo capitalismo
financeiro devido a necessidade e surgimento de grandes bancos e instituições
financeiras, ao lado de uma espetacular ampliação do mercado.
 Gigantismo industrial (1914 – 1945): Fase situada entre as duas grandes guerras
onde se utilizavam tecnologias e organização com propósitos bélicos;
predomínio de aplicações técnicas-científicas e ênfase em materiais
petroquímicos, colaborando para o aprimoramento dos setores de transporte e
comunicação.
 Moderna (1945 – 1980): Desenvolvimento tecnológico extraordinário,
especialmente para fins comerciais mediante produtos e processos mais
sofisticados; surgimento do alumínio, plástico, fibras têxteis, energia nuclear e
solar.
 Incerteza (após 1980) • Fase carregada de novos desafios, dificuldades,
oportunidades, ameaças, tornando o ambiente muito complexo e mutável. • Fase

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da escassez de recursos, acirrada concorrência, dificuldade de entender o


mercado e assimilar informações; mudança radical no gerenciamento das
organizações; era da revolução do computador, que passa a substituir o ser
humano em termos físicos e intelectuais.

1.3. Processo Organizacional e Administrativo

Uma organização é um sistema de atividades pessoais ou forças conscientemente


coordenadas, onde um grupo de pessoas, que trabalham juntas, sob orientação de um líder, visam
um objetivo. É um grupo humano, composto por especialistas que trabalham em conjunto em uma
atividade comum.
 A Organização formal: divisão do trabalho na empresa, pode se dividir em uma
Organização Linear ou de Staff. Essas organizações são uma forma de gerir e
coordenar as atividades da empresa, por meio de uma estrutura de comando.
Veja as diferenças entre essas duas organizações:

Figura 2– Organização Linear

DIRETOR

GERENTE 1 GERENTE 2 GERENTE 3

Fonte: Elaborado pelo autor

 A Organização Linear é uma organização de forma piramidal, caracterizada pela


unidade de comando, unidade de direção, centralização da autoridade e princípio
escalar (escalas de hierarquia).

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Figura 3– Organização Staff

Fonte: Elaborado pelo autor.


 O Staff ou assessorias se caracteriza pelos Conselhos, Assessorias e
Consultorias, não possuindo autoridade de comando, sendo apenas elemento
especialista.

 Habilidades de um Administrador

1. Habilidade técnica – consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e


equipamentos necessários para a realização de suas tarefas específicas, através
de sua instrução, experiência e educação.
2. Habilidade humana – consiste na capacidade e no discernimento para trabalhar
com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança
eficaz.
3. Habilidade conceitual – consiste na habilidade para compreender as
complexidades da organização global e o ajustamento do comportamento da
pessoa dentro da organização. Esta habilidade permite que a pessoa se comporte
de acordo com os objetivos da organização total e não apenas de acordo com os
objetivos e as necessidades de seu grupo imediato.

O sucesso de uma administração não está inteiramente relacionado àquilo que lhe foi
ensinado, ao seu brilhantismo acadêmico ou ao seu interesse pessoal em praticar o que aprendeu nas
escolas. Esses aspectos são importantes, porém estão condicionados a características de

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personalidade, ao modo pessoal de agir de cada um. O conhecimento tecnológico da administração


é importantíssimo, básico e indispensável, mas depende, sobretudo, da personalidade e do modo de
agir do administrador, ou seja, de suas habilidades.

Figura 4- Habilidades Gerenciais

Fonte: Adaptado Katz (2018)

Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e peça
que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Cada grupo deve definir uma empresa na área da Agroindústria:
b. Baseado nos conceitos relacionados nesta unidade, devem definir qual tipo
de teoria da aministração, sua empresa irá seguir:
c. Os estudantes devem organizar o organograma de suas empresas, listando as
funções de cada membro do grupo.

 Teoria da Administração:
https:/ /www.youtube.com/watch?v=T7gwHgaMTyI
Material de Apoio
 Habilidades de um Administrador:
https://www.youtube.com/watch?v=DNYIsseLPJg

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2. – AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA

2.1. História da Agricultura Brasileira

De acordo com Rodrigues (1999), a agricultura brasileira viveu na primeira metade dos
anos 90 uma brutal transição. Saiu de um cenário no fim da década anterior caracterizado por
inflação alta, país fechado e políticas públicas razoáveis para outro, poucos anos depois, de inflação
baixa, país aberto ao exterior, principalmente na agricultura, e estado falido. Nessa caminhada teve
perda de renda inédita na história, tanto pela ação governamental (que descasou índices no Plano
Collor estourou juros e engessou o câmbio no real), quanto pela desarticulação do setor privado.
Duas diferentes tendências ficaram claras nessa transição que ainda não se completou:

• de um lado, uma imensa exclusão com milhares de produtores (especialmente


pequenos) e trabalhadores rurais perdendo seus empregos e patrimônios, reforçando
movimentos sociais que mais tarde se transformariam em políticos;

• de outro, uma surda batalha pela sobrevivência, via competitividade. Dois grupos de
produtores rurais se embalam nesta onda: os que entraram no Plano Real com dívidas
e os que não tinham dívidas. Os primeiros, acudidos por paliativos como a
Securitização, o Programa Especial Sobre Ativos (Pesa), o Programa de Recuperação
das Cooperativas (Recoop) e outras ações governamentais, esperam por solução
definitiva para seus problemas. Os segundos estão fazendo a maior revolução deste
século no cenário rural brasileiro.

A revolução tecnológica se caracteriza pelo


uso do que há de mais evidente em matéria de inovação
para o campo: tratores, máquinas e implementos,
colheitadeiras de última geração rodando pelas fazendas
brasileiras: cultivo mínimo, plantio direto, variedades
novas, fórmulas diferentes de fertilizantes e defensivos,
transferência de embriões, agricultura de precisão e o uso crescente da biotecnologia, o que
equipara nossos produtores aos melhores do mundo.

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A revolução gerencial é ainda


mais importante: administração comercial,
financeira, fiscal e tributária é essencial para o
resultado positivo dos agricultores. A gestão
de recursos humanos e a gestão ambiental,
também. A informação em tempo real e
confiável é um instrumento básico para o
moderno agricultor, para o gerente
contemporâneo. Assim, a propriedade rural toma uma importância fundamental, onde o empresário
rural deve usar os conceitos mais modernos de economia, administração, comercialização e finanças
para se ajustar às iminentes e rápidas mudanças de mercado.
Mas, sem dúvida, a grande mudança está no modelo. Não é mais possível, ou não será
no curto prazo, fazer renda no campo vendendo matéria prima para compradores tradicionais. Por
mais que se tenha incorporado tecnologia, o mercado já não sustenta a renda rural para o produtor
que não agrega valor à sua produção. Esta revolução, a de modelo, é a que exige o conceito de
cadeia produtiva de agregação de valor às produções primárias.
Os mecanismos clássicos para isto estão à disposição dos produtores: cooperativismo,
associativismo, parcerias, alianças estratégicas, marketing, propaganda, industrialização,
diferenciação e, todos outros fatores existentes e ainda não explorados adequadamente, e que
também precisam ser modernizados.
Há um problema cultural emperrando avanços concretos na direção do agronegócio,
embora o conceito já esteja disseminado e entendido. É a velha esperança de que o governo resolva
a questão da renda com algum tipo de intervenção. Não há mais esta chance e as diversas cadeias
produtivas precisam se articular para resolver seus dramas para oferecer ao consumidor produtos de
qualidade a preços compatíveis com a sustentabilidade das atividades produtivas.
O Fórum Nacional da Agricultura tratou destes temas definindo em suas Dez Bandeiras
três grandes grupos de ações articulados:
a) políticas públicas que garantam isonomia em relação a concorrentes de outros países,
b) melhor organização privada dos agentes econômicos e
c) boas negociações internacionais.

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Desatados estes três nós, a agricultura e o agronegócio brasileiro conduzirão o país ao


seu lugar de destaque no cenário mundial. É importante salientar que o consumo de alimentos tem
apresentado crescentes mudanças, tais como:

- Aumento da disponibilidade de alimentos a preços decrescentes em relação a renda;

- Aumento da variedade de alimentos;

- Tendência de consumo de alimentos saudáveis;

- Os consumidores também têm buscado alimentos mais práticos, que já venham


prontos para o consumo;

- Qualidade mais importante que Quantidade;

- Certificação da qualidade dos alimentos.

Mudanças no consumo exigem uma eficiência logística e uma gestão da qualidade em


toda a cadeia de produção (rastreabilidade). Além disso, a alimentação foi e sempre será uma das
preocupações centrais de qualquer agrupamento humano. Para entender um pouco mais do
funcionamento das cadeias produtivas e de suas inter-relações, torna-se necessário compreender
alguns conceitos básicos sobre agronegócios.

2.2. Agroindústria Brasileira

2.2.1. Soja

A soja (Glycine max L.) é uma planta da família das leguminosas originária da Ásia e
que foi domesticada há cerca de 4500-4800 anos na região com o objetivo de utilizar o grão na dieta
humana. A difusão da cultura ocorreu inicialmente na Europa em
1739, nos Estados Unidos em 1765 e no Brasil em 1882 no estado
da Bahia, seguido por São Paulo em 1891 chegando ao Rio Grande
do Sul no ano de 1914 . A cultura se propagou no Rio Grande do
Sul e até meados da década de 1930, esta era a região produtora de
soja com a finalidade de utilizar o grão nas propriedades, como fonte de proteína na alimentação de
suínos (MUNDSTOCK; THOMAS, 2005). O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo,
de acordo com o IBGE, no ano de 2017 a produção foi de 116,996 milhões de toneladas, os estados

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que mais produzem são Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. No caso da soja, a tecnologia
utilizada pelos agricultores normalmente é de ponta e relativamente homogênea. Esse produto,
geralmente, é cultivado em médias e grandes propriedades rurais, e sua exploração é totalmente
mecanizada. A soja segue uma referência internacional de preços, que é a Bolsa de Chicago, e o seu
comércio é feito quase que exclusivamente pela iniciativa privada, com o predomínio das vendas ao
exterior realizadas por poucas trandings internacionais, como a Bunge, a ADM, a Cargill, a
Dreyfus, entre outras.

2.2.2. Milho
A produção de milho no Brasil se caracteriza por uma significativa dualidade
tecnológica em termos de utilização da tecnologia disponível, com as colheitas variando em muito
altas e muito baixas produtividades. No país, o milho é plantado em duas safras (verão e safrinha) e
cultivado por mínis, pequenos, médios e grandes produtores. Já o comércio do milho é bastante
pulverizado, mas, no Brasil, o principal destino (utilização) desse produto é a alimentação animal
(principalmente por frangos e suínos). No país, o mercado de milho é regional, em sua maior parte,
durante a época da safra, pois é caro o seu transporte entre regiões, mas há regiões exportadoras
(ex.: Paraná e Goiás) que praticam preços menores e regiões importadoras (ex.: São Paulo e Santa
Catarina), onde os preços são mais altos. No mercado brasileiro de milho, é comum haver
interferências do governo, ora voltadas ao apoio da produção, ora voltadas à garantia de
abastecimento. Tanto para a soja como para o milho, há o mercado de balcão e o mercado de lotes,
com significativa diferença de preços entre eles.

Atualmente o Brasil é o 3º maior produtor


de milho no mundo, com produção estimada de
227,95 milhões de toneladas na safra de, o consumo
interno é 66,7% da produção e a exportação atual de
18 milhões de toneladas deve aumentar para 24,74
milhões de toneladas em 2022/2023. O Paraná é o
principal produtor em milhões de toneladas, representando 23,5% da produção total (BRASIL,
2018).

2.2.3. Leite

A produção de leite no Brasil é extremamente diversa. São muitos os sistemas de

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produção existentes no país, com significativas variações entre regiões e produtores em termos de
alimentação, manejo e genética do rebanho. Também é significativa a diferença de qualidade da
produção primária entre os pecuaristas, mas é o volume de produção entregue o principal
responsável pela diferença de preços entre os produtores de leite. Na captação da matéria-prima
leite, há indústrias de diferentes portes e que produzem diferentes derivados lácteos, de maior ou
menor valor agregado, muitos com preços instáveis no tempo e que afetam o poder de compra do
setor industrial. O pagamento do leite pela indústria é normalmente mensal, referente à produção
recebida de cada produtor no mês anterior. Em geral, o preço do leite é definido unilateralmente
pela indústria de acordo com o resultado da venda de seus derivados, o que pode resultar, pelo
menos no curto prazo, em remunerações para o leite diferentes entre indústrias de uma região, além
de preços distintos pagos aos produtores conforme o volume e a qualidade do produto.

Segundo dados do IBGE, o


volume de leite captado pelos laticínios
brasileiros com algum tipo de inspeção
(municipal, estadual ou federal) em outubro,
novembro e dezembro de 2017 totalizou
6,44 bilhões de litros, 3,2% a mais que no
mesmo período de 2016. No acumulado do
ano passado, foram captados 24,12 bilhões
de litros de leite, 4,1% a mais que em 2016.

2.2.4. Frango

A produção de frango é bastante


homogênea em termos de tecnologia. Nesse setor, é
a indústria que define o pacote tecnológico, pois a
maior parte da produção é integrada. O ambiente de
produção é feito quase sempre em condições
controladas de temperatura e umidade. No caso do
frango, pelo sistema de produção geralmente
integrado, praticamente não há disputa entre indústrias na região da produção. Outra diferença
importante é que a indústria avícola financia quase integralmente a produção primária via
fornecimento de insumos, pintainhos e assistência técnica, e também determina o volume a ser

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produzido.

Nesse setor, o acerto de contas entre indústria e produtores é pouco transparente no


tempo, mas há rígido controle da qualidade da produção, e esse fator influencia o preço final
recebido pelos avicultores a cada fechamento de lotes. Os principais parâmetros que medem a
eficiência produtiva dos lotes de frango são as taxas de mortalidade e conversão alimentar, e o
ganho de peso diário. A pecuária do país bateu três recordes em 2016: a produção de ovos de
galinha cresceu 5,8% e chegou a 3,1 bilhões de dúzias. O abate de frangos cresceu 1,1% e atingiu
5,86 bilhões de cabeças (IBGE, 20018).

Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e peça
que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Cada grupo deve definir verificar e :informar quais produtos agrícolas são
plantados em sua região:
b. Cada grupo deve citar as agriculturas familiares que existem nas suas
regiões:

Material de Apoio
 Evolução da agricultura brasileira:
https://www.youtube.com/watch?v=fhG60TESbOA
 Agricultura familiar:
https://www.youtube.com/watch?v=gtM8V5UCYMY

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3. – GESTÃO AGROINDUSTRIAL

3.1. CONCEITOS BÁSICOS: Origens e Definições de Agronegócio

O agronegócio surge para designar uma etapa de transformação da agricultura


remetendo-a a posição de destaque quando vista a partir da sua relação com a indústria. O
agronegócio brasileiro compreende atividades econômicas ligadas, basicamente, a insumos para a
agricultura, como fertilizantes, defensivos, corretivos, a produção agrícola, compreendendo
lavouras, pecuária, florestas e extrativismo, a agroindustrialização dos produtos primários,
transporte e comercialização de produtos primários e processados (MAPA, 2011).
O Brasil é considerado o celeiro do mundo, por ter em mãos um solo de qualidade,
clima favorável e grande mão de obra. Possui grandes distritos industriais, e com isso forma os
cluster para melhorar a demanda do mercado nacional e possíveis vendas para o exterior.
A produção industrial visa atender ao consumo, e entre estes dois pontos há o tempo. A
produção agroindustrial sedimenta o vínculo entre a produção e o consumo ao longo da cadeia
alimentar, ao envolver as atividades ligadas à manipulação, processamento, preservação,
armazenamento e distribuição de produtos.
- Beneficiamento de produtos agrícolas (arroz, café, milho, etc.).
- Transformação de produtos zootécnicos (mel, lacticínios, casulos, etc.).
Os pesquisadores da Universidade de Harvard, John Davis e Ray Goldberg, já em 1957,
enunciaram o conceito de AGRONEGÓCIO como sendo:
"A soma total das operações de produção e distribuição de
suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades
agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos
agrícolas e itens produzidos a partir deles".
Segundo esses autores, a agricultura já não poderia ser abordada de maneira
indissociada dos outros agentes responsáveis por todas as atividades que garantiriam a produção,
transformação, distribuição e consumo de alimentos.
Eles consideravam as atividades agrícolas como fazendo parte de urna extensa rede de
agentes econômicos que iam desde a produção de insumos, transformação industrial até
armazenagem e distribuição de produtos agrícolas e derivados.

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A gestão agroindustrial apresenta algumas particularidades que devem ser levadas em


consideração:

a) Sazonalidade da produção agropecuária: a maior parte da matéria-prima da


agroindústria é obtida através da agropecuária, dessa forma fica sujeita a regimes de
safra e entressafra.

b) Variações de qualidade do produto agropecuário: a qualidade da matéria-prima


depende do clima e do manejo de cultivo, quando esses fatores são muito variados as
características dos produtos também variam. Como sabemos, a qualidade da matéria-
prima influencia no produto final, por isso as indústrias tem exigido padrões
tecnológicos cada vez mais rígidos, para que não haja tanta variação no produto final.

c) Perecibilidade da matéria-prima: a maior parte das agroindústrias trabalham com


matérias-primas bastante perecíveis as quais não podem ser estocadas por um período
prolongado, devendo as mesmas serem transformadas rapidamente.

d) Sazonalidade de consumo: Algumas agroindústrias estão sujeitas às variações


climáticas ligadas às estações do ano e tais variações afetam na produção e
comercialização dos produtos. Um exemplo é em épocas do ano muito quentes onde
há um maior consumo de picolés, já no período frio esse consumo diminui. Outro fator
são as variações culturais, citando como exemplo: ovo de páscoa e panetone, que tem
seu consumo em datas específicas do ano.

e) Perecibilidade do produto final: a maioria dos produtos agropecuários, processados ou


não, apresentam alto grau de perecibilidade.

f) Qualidade e vigilância sanitária: é de extrema importância que as agroindústrias


assegurem á população alimentos com qualidade adequadas, sendo indispensável o
controle sanitário dos alimentos.

O agronegócio engloba diferentes áreas que trabalham em parceria para que o setor se
desenvolva em todos os sentidos: tecnológico, comercial, marketing, pessoal, etc. É como podemos
chamar um termo já conhecido nas Escolas de Educação Profissional, a interdisciplinaridade, várias
áreas trabalham em conjunto com objetivos e metas em comum. A Figura 01 apresenta essa

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organização do agronegócio.

Figura 5- Organização do agronegócio.

ELEMENTOS DO AGRONEGÓCIO: COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO


ECONOMIA E MARKETING CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIA

CLIENTES E
CANAIS DE
DISTRIBUIÇÃO
INDÚSTRIA DE UNIVERSIDADES
INSUMOS E
FATORES
ESPECIAIS

O SETOR, A INSTITUTOS
INFRA- CADEIA DE PESQUISA
ESTRUTURA PRODUTIVA
ESPECIALIZADA

TREINAMENTO E
REDE DE
CAPACITAÇÃO DA
PRESTADORES
MÃ0-DE-OBRA
DE SERVIÇOS
ASSOCIAÇÕES
E ENTIDADES
DIREITO E SOCIOLOGIA DE APOIO ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

Fonte: Brasil, 2017.

3.2. Níveis de Análise no Agronegócio

A literatura que trata da problemática do agronegócio no Brasil tem feito grande


confusão entre as expressões Sistema Agroindustrial, Complexo Agroindustrial, Cadeia de
Produção Agro-industrial e Agronegócios. Estas expressões, embora relacionadas ao mesmo
problema, representam espaços de análise diferentes e se prestam a diferentes objetivos. Na
verdade, cada uma delas reflete um nível de análise no agronegócio.

3.2.1. Sistemas Agroindustriais (SAI)

Sistemas Agroindustriais (SAI) são relações que se estabelecem entre diferentes agentes
econômicos na produção, processamento e distribuição de bens de origem agrícola.

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São relações interdependentes, a competitividade destes sistemas é resultado dessas


relações, e não de cada agente isolado.

Figura 6- Sistema Agroindustrial.

Dois conjuntos de idéias conformam metodologias de análise distintas:

a) CSA – Commodity System Approach (Agribusiness)

b) CPA – Cadeia de Produção Agroindustrial (Analyse de Filière).

Para se obter eficácia de um sistema agroindustrial é necessário que todos os envolvidos


no sistema conheçam profundamente as necessidades dos consumidores (clientes) e os atributos de
qualidade que eles buscam ao adquirir o produto. No contexto de qualidade se considera tanto os
aspectos de conformidade exigidos pelos órgãos reguladores, quanto o conjunto de desejos e
necessidades dos clientes.
Levando-se em consideração o cliente é importante que a cadeia de produção seja
organizada, pois a mesma auxilia para que o agronegócio alcance a satisfação do cliente. Observe a
Figura 07, a qual indica um fluxo desorganizado, gerando clientes insatisfeitos. E na Figura 08
observa-se um fluxo organizado de produção, gerando a satisfação do cliente.

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Figura 7- Estrutura de cadeia desorganizada

Agropecuária Processamento Atacado Cliente


Insumos e/ou final
varejo

Figura 8- Estrutura de cadeia organizada

Agropecuária Processamento Atacado Cliente


Insumos e/ou final
varejo

Figura 9– Organização do Sistema Agroindustrial

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Conforme citado anteriormente, o SAI pode ser dividido nos seguintes elementos que são
visualizados na Figura 09.

3.2.2. Commodity System Approach (CSA)

“Soma das operações de produção e


distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, processamento e distribuição dos
produtos agrícola e itens produzidos a partir deles.”

O termo agrobusiness, quando transcrito para o português (agronegócio), deve


necessariamente vir acompanhado de um complemento delimitador. Assim, a palavra agronegócios
não está particularmente associada a nenhum dos níveis de análise apresentados anteriormente. O
enfoque pode partir do mais global (agronegócios brasileiro) ao mais específico (agronegócios da
soja ou do suco de laranja).
Agrobusiness trata-se da soma das operações
de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, processamento e distribuição dos
produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.

Segundo Goldberg (apud Zylbersztajn, 1995), um CSA engloba todos os atores


envolvidos com a produção, processamento e distribuição de um produto. Tal sistema inclui o
mercado de insumos agrícolas, a produção agrícola, operações de estocagem, processamento,
atacado e varejo, demarcando um fluxo que vai dos insumos até o consumidor final. O conceito
engloba também todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios sucessivos do fluxo de
produtos, tais como as instituições governamentais, mercados futuros e associações de comércio.

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3.2.3. ANÁLISE DE FILIÈRES (ou Análise de Cadeias de Produção)

A análise de cadeias de produção é uma das ferramentas privilegiadas da escola francesa


de economia industrial. Apesar dos esforços de conceituação empreendidos pelos economistas
industriais franceses, a noção de cadeia de produção continua vaga quanto ao seu enunciado. Uma
rápida passagem pela bibliografia sobre o assunto permite encontrar grande variedade de definições.
A análise da cadeia de produção é definida a partir da identificação de um produto final.
Após essa identificação são estudadas as operações técnica, comerciais e logística necessárias a sua
produção.
Para melhor compreender um sistema agroindustrial é considerá-lo como um sistema
composto por três macrossegmentos1:

1. Macrossegmento Rural: Compreende todos os empreendimentos que desenvolvem


atividades agropecuárias. Reúne as firmas que fornecem as matérias-primas iniciais
para que outras empresas avancem no processo de produção do produto final
(agricultura, pecuária, pesca, piscicultura etc.);

2. Macrossegmento Industrial: Composto pelos empreendimentos industriais de


transformação da matéria-prima agropecuária. O consumidor deste produto pode ser
uma unidade familiar ou outra agroindústria;

3. Macrossegmento Comercial: Composto pelos empreendimentos voltados à


comercialização dos produtos agroindustriais, compreendendo as atacadistas e
varejistas. Representa as empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia
de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais
(supermercados, mercearias, restaurantes, cantinas, etc.). Podem ser incluídas neste
macrossegmento as empresas responsáveis somente pela logística de distribuição.

A Figura 10 representa o sistema agroindustrial composto pelos três macrossegmentos


acima citados, as setas indicam os possíveis fluxos de suprimentos.

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Figura 10- Sistema agroindustrial, seus subsistemas e fluxos de suprimentos.

Fonte: BATALHA (2005).

A produção de óleo refinado de soja, por exemplo, poderia ser considerada estado
intermediário de produção na fabricação dos produtos finais margarina e maionese. O produto deste
"estado intermediário de produção" deveria ter estabilidade física suficiente para ser comercializado
além, evidentemente, de possuir um valor real ou potencial de mercado.
A existência destes mercados permite a "articulação" dos vários macrossegmentos da
CPA, bem como das etapas intermediárias de produção que os compõem. Dentro de uma cadeia de
produção agroindustrial típica podem ser visualizados no mínimo quatro mercados com diferentes
características:
a) mercado entre os produtores de insumos e os produtores rurais,
b) mercado entre produtores rurais e agroindústria,
c) mercado entre agroindústria e distribuidores e, finalmente,
d) mercado entre distribuidores e consumidores finais.

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A Figura 11 representa a cadeia de produção da cultura do tomate e seus respectivos


produtos:

Figura 11- Cadeia de Produção do Tomate

Assim, é válido que a representação seja feita seguindo o encadeamento das operações
técnicas necessárias à elaboração do produto final (Batalha, 1993). Os aspectos tecnológicos
assumem, neste caso, um papel fundamental. O "esqueleto" da CPA seria composto pela sucessão

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de operações tecnológicas de produção, distintas e dissociáveis, estando elas associadas à obtenção


de determinado produto necessário a satisfação de um mesmo segmento de demanda. Estabelecido
o fluxograma de produção, deve-se arbitrar o grau de detalhe da representação. Todas as operações
de produção devem necessariamente ser representadas.
Em geral, não é difícil decompor um processo industrial de fabricação segundo algumas
etapas principais de produção. Assim, seria razoável considerar que, após passar por várias
operações de fabricação, um produto possa alcançar um "estado intermediário de produção”. Vale
lembrar que o termo intermediário diz respeito ao produto final da CPA.
O estudo das características destes mercados representa uma ferramenta poderosa para
compreender a dinâmica de funcionamento da CPA. Assim, pode-se dizer que o sistema produtivo
associado a uma CPA, que neste caso escapa das fronteiras da própria firma, teria como unidade
básica de análise e de construção do sistema as várias operações que definem o conjunto das
atividades nas quais a firma está inserida, estando as operações técnicas de produção responsáveis
pela definição da "arquitetura" do sistema. Na verdade, é o formato destes "caminhos tecnológicos"
que determinam, em grande parte, a viabilidade e a oportunidade do aparecimento das operações
logísticas e de comercialização. O posicionamento da firma dentro do sistema, bem como o da
concorrência, é facilmente identificável através da observação das operações pelas quais a firma é
responsável no conjunto das atividades necessárias à elaboração do produto final.

3.2.4. Complexo Agroindustrial


Um complexo agro-industrial, tal como ele é entendido neste trabalho, tem como ponto
de partida determinada matéria-prima de base. Desta forma, poder-se- ia, por exemplo, fazer alusão
ao “complexo soja”, complexo leite, complexo cana-de-açúcar, complexo café, etc. A arquitetura
deste complexo agro-industrial seria ditada pela "explosão" da matéria-prima principal que o
originou, segundo os diferentes processos industriais e comerciais que ela pode sofrer até se
transformar em diferentes produtos finais. Assim, a formação de um complexo agroindustrial exige
a participação de um conjunto de cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto ou
família de produtos.

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3.2.5. Cadeia de Produção Agroindustrial

Uma cadeia de produção pode ser entendida como um encadeamento técnico,


econômico ou comercial, entre as etapas de produção. As etapas de uma CP agroindustrial (CPA)
são: produção de matérias-primas, industrialização, comercialização. A Figura 12 representa um
esquema de uma CPA genérica.
Figura 12- Cadeia de Produção Agroindustrial.

Fonte: Próprio autor, 2018.


O conceito de cadeia de produção agroindustrial tem relação direta com o conceito de
cadeia de suprimentos. Supply Chain Management, ou gestão de cadeia de suprimentos, teve suas
origens na literatura sobre logística. A ênfase inicial estava no fluxo do produto na cadeia, apenas
com respeito a logística. Hoje o conceito de gestão de cadeia evoluiu para adição de valor ao longo
do fluxo do produto, desde a matéria-prima até o produto final nas mãos do consumidor.

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Figura 13- Complexo Agroindustrial da Cevada.

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Cabe somente destacar que, ao contrário do complexo agroindustrial, uma cadeia de


produção é definida a partir da identificação de determinado produto final. Após esta identificação,
cabe ir encadeando, de jusante a montante, as várias operações técnicas, comerciais e logísticas,
necessárias a sua produção.

A pressão para formação de cadeia para ganhar vantagem competitiva se dá em três


fases seqüenciais:

PRIMEIRA FASE – Eficiência e redução de custos: Os agentes se


integram a fim de melhorar a eficiência de suas atividades e reduzir custos.

SEGUNDA FASE – Redução de risco (qualidade, quantidade e


segurança do alimento): Forte coordenação deve ser necessário para obter
quantidade e características específicas de qualidade, como por exemplo
vegetais sem agrotóxicos e com ótima aparência. Quanto a segurança do
alimento, esta tem se tornado importante nos últimos anos, devido a várias
doenças provenientes de alimentos, como por exemplo a doença da “vaca
louca” na carne bovina européia.

TERCEIRA FASE – Satisfazer as necessidades dos consumidores:


E finalmente a última característica que impulsiona a formação de cadeias
coordenadas é a de satisfazer as necessidades dos consumidores, visto que
esses estão cada vez mais exigentes quanto a qualidade dos produtos que
consomem, e procuram até mesmo avaliar se os produtos estão sendo
produzidos conforme o especificado, como no caso de produtos orgânicos e
étnicos.

É importante destacar que os consumidores estão atribuindo novos atributos de


qualidade. As decisões de compra já não se limitam mais a atributos de conveniência e preço, agora
envolvem também características adicionais intrínsecas aos alimentos como valor nutricional,
segurança do alimento e aspectos ambientais.
Todos os agentes da cadeia devem “garantir” ao consumidor final que os atributos de
qualidade de seus produtos são confiáveis, seja atributos de qualidade intrínsecos aos produtos,

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como valor nutricional, isenção de toxinas, como atributos de qualidade relacionados aos meios de
produção, como por exemplo, não utilização de mão-de-obra infantil e preservação do meio
ambiente.
A lista abaixo mostra alguns dos resultados que podem ser alcançados com a garantia da
qualidade na CPAl:
 Aumento da probabilidade de produtos de qualidade através do monitoramento,
ação corretiva e melhoria contínua;
 Habilidade de responder e controlar situações de emergência;
 Habilidade para responder a requisitos de órgãos públicos e de consumidores;
 Aumento da confiança do consumidor com a cadeia como um todo;
 Adição de valor no produto;
 Redução de custos;
 Aumento da competitividade.

3.3. A Visão Sistêmica do Agronegócio

Como já foi visto, o conceito de agronegócio engloba os fornecedores de bens e


serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e
distribuidores e todos os envolvidos na geração e fluxo dos produtos de origem agrícola até o
consumidor final. Participam também desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo
dos produtos, tais como o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços.
As funções do agronegócio poderiam ser descritas em sete níveis, a saber:
a) suprimentos à produção e) armazenamento
b) produção f) distribuição
c) transformação g) consumo.
d) acondicionamento

O TERMO AGROINDÚSTRIA NÃO DEVE SER CONFUNDIDO COM AGRONEGÓCIOS! O


primeiro é parte do segundo. Ao longo do tempo, novos conceitos têm sido elaborados com o
objetivo de dar uma definição mais precisa para agroindústria, ampliando-a na medida do
possível.

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O agronegócio envolve os agentes que produzem, processam e distribuem


produtos alimentares, as fibras e os produtos energéticos provenientes da biomassa, num
sistema de funções interdependentes. Nele atuam os fornecedores de insumos e fatores de
produção, os produtores, os processadores e os distribuidores.
As instituições e organizações do agronegócio
No
podem ser enquadradas em três categorias majoritárias. Na
agronegócio, a
primeira, estão as operacionais, tais como os produtores, agroindústria é a unidade
processadores, distribuidores, que manipulam e impulsionam produtora integrante dos
segmentos localizados
o produto fisicamente através do sistema. Na segunda,
nos níveis de suprimento
figuram as que geram e transmitem energia no estágio inicial à produção,
do sistema. Aqui aparecem as empresas de suprimentos de transformação e
insumos e fatores de produção, os agentes financeiros, os acondicionamento, e que
processa o produto
centros de pesquisa e experimentação, entidades de fomento e agrícola, em primeira ou
assistência técnica e outras. Por último, situam-se os segunda transformação,
mecanismos coordenadores, como o governo, contratos para sua utilização
intermediária ou final.
comerciais, mercados futuros, sindicatos, associações e
outros, que regulamentam a interação e a integração dos
diferentes segmentos do sistema.
A compreensão do funcionamento do agronegócio é uma ferramenta
indispensável para que os tomadores de decisão autoridades públicas e agentes econômicos
privados formulem políticas e estratégias com maior precisão e máxima eficiência. Toda a
análise que se faça no âmbito do agronegócio deve levar em conta as especificidades do
sistema de produção agrícola.
Ao contrário dos bens manufaturados, a produção de bens agropecuários
desenvolve-se em determinados períodos do ano apenas, em virtude das condições de clima e
exigências biológicas das plantas e animais domésticos. As épocas de safra e entressafra
influenciam e formam a tendência de variação sazonal dos preços, com reflexo na utilização
de insumos, fatores de produção e no processamento e transformação das matérias-primas de
origem agropecuária.
Já o consumo, contrapondo-se à sazonalidade da oferta, é relativamente constante
ao longo do ano. Assim como a produção agropecuária sofre a interferência de fatores, como
adversidades climáticas e ataques de pragas e doenças - até certo ponto incontroláveis - os
desequilíbrios nos mercados tomam-se, às vezes, inevitáveis. Além disto, os gêneros agrícolas

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 30


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são essencialmente perecíveis. Todos esses fatores são focos geradores de instabilidade da
renda dos agricultores e dos outros segmentos do agronegócio.
Nesse contexto, o papel das autoridades públicas e dos executivos das empresas -
todos componentes do agronegócio - toma-se fundamental para a correção de distúrbios e
instabilidades na cadeia agroalimentar. Complementares, as partes têm seu campo específico
de atuação e quando sintonizadas conseguem corrigir os problemas que surgem no
agronegócio. Por essas e outras razões, vê-se que o enfoque sistêmico do agronegócio
representa um instrumento poderoso de estudo e análise de uma parcela substancial do
sistema econômico da sociedade contemporânea.
A visualização da estrutura e organização operacional de toda a rede de alimentos,
fibras e substitutos energéticos abre caminho para entender como os recursos escassos são
alocados e dirigidos para a satisfação das necessidades e desejos do homem. Serve igualmente
para, em qualquer tempo, aportar subsídios para responder a questões-chaves ligadas ao
gerenciamento do agronegócio, em uma visão de planejamento.

Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e


peça que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Especificar os sistemas agroindustriais:
b. Cada grupo deve citar sistemas de produções com cadeia de produção e
complexo agroindustrial:

Material de Apoio
 Sistema agroindustrial:
https://www.youtube.com/watch?v=GjPYYkjg1L4&t=19s

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4. – Cadeia de Suprimentos e Logística Agroindustrial

4.1. Cadeia de Suprimentos

A gestão da cadeia de suprimentos é um conceito amplo, o qual inclui toda a


cadeia, desde o fornecimento de matérias-primas, através da produção, montagem e
distribuição para os clientes finais.
Os objetivos dessa gestão são:

- Focalizar a satisfação dos clientes finais: quando o cliente realizar uma


compra ele dispara um conjunto de ações ao longo de toda a cadeia;

- Formular e implementar estratégias baseadas na obtenção e retenção (no


sentido de conquistar) os clientes finais. OBSERVAÇÃO: a empresa chave
em uma cadeia de suprimentos é aquela mais forte que está na posição de
influenciar e dirigir as demais, de forma que trabalhem juntas em uma
causa comum que é conquistar clientes;

- Gerenciar tudo que entra e tudo que sai da empresa.

Segundo Poirier e Reiter (1996), Gestão da Cadeia de Suprimentos é um sistema


que envolve todos os elementos de uma cadeia de produção, do fornecedor de matéria-prima
até a entrega do produto (ou serviço) pelo comércio varejista (ou pela empresa prestadora de
serviços) ao consumidor final, visando a otimização da cadeia como um todo. O que também
pode ser visto esquematicamente na Figura 14.

Figura 14- Fluxo de entrada e saída da cadeia de suprimentos.

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A Figura 15 representa um exemplo de uma cadeia de suprimentos para suco de


laranja concentrado.
Figura 15- Cadeia de suprimentos para na produção de suco de laranja concentrado.

Fornecedores
Indústria Engarrafador Consumidor
de insumos Fazenda
cítrica e distribuidor final
agrícolas

• Defensivos
• Fertilizantes
• Tratores
• Implementos
• Mudas
• Irrigação

As empresas têm duas opções extremas para gerenciar sua cadeia de suprimentos.
1. Integração vertical: ter sob seu controle todos os fornecedores, ou pelo
menos aqueles considerados estratégicos para o funcionamento do seu
negócio. Esta é uma maneira de garantir confiança e flexibilidade. A
empresa não precisa ter um grande poder de barganha para negociar com
seus fornecedores. Porém, a verticalização poderá implicar em custos de
gerenciamento e até uma rigidez burocrática.
2. Estabelecimento de relações e acordos com os fornecedores: implicando
em uma relação de confiança de ambas as partes, sendo construída ao
longo de muitos anos, mas em contrapartida, pode trazer uma redução de
custos e um incremento na qualidade.

A cadeia de suprimentos é vista como uma estratégia, uma parte maior do


negócio. Envolve uma seqüência de canais de distribuição e um conjunto de acordos de
compra e venda e uma série de relacionamentos. A logística é, portanto, parte operacional da
cadeia de suprimentos, objetiva a integração de transporte, armazenagem, movimentação de
material, estoques e as informações necessárias a essas atividades. Portanto, um dos aspectos
importantes ligados ao gerenciamento da cadeia de suprimentos é a questão logística.

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4.2. Logística Agroindustrial

Missão da Definição:
Logística:
Logística
Logísticaééooprocesso
processode
deplanejar,
planejar,implementar
implementareecontrolar
controlar
Produto certo, de
demaneira
maneiraeficiente
eficienteoofluxo
fluxoeeaaarmazenagem
armazenagemde
deprodutos,
produtos,
no local certo,
bem
bemcomo
comoososserviços
serviçoseeinformações
informaçõesassociados,
associados,cobrindo
cobrindo
no momento adequado
e ao preço justo desde
desdeooponto
pontodedeorigem
origematé
atéooponto
pontode
deconsumo,
consumo,com
comoo
objetivo
objetivode
deatender
atenderaos
aosrequisitos
requisitosdo
doconsumidor
consumidor

Novaes (2001)

Atualmente, o agronegócio brasileiro enfrenta vários obstáculos para o seu


integral desenvolvimento, sendo os dois principais:
- A falta de planejamento e operação de um sistema integrado de transporte
e do sistema portuário para facilitar e dinamizar o escoamento das safras,
entressafras e produção agroindustrial (com efeitos diretos nos custos
logísticos);
- A falta de um Sistema de Informação, integrando todos os agentes
econômicos participantes do agronegócio e coordenando suas ações.
A logística empresarial busca promover melhor nível de rentabilidade nos serviços
de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle
efetivos das atividades de movimentação e armazenagem, visando facilitar o fluxo de
produtos. Quando se fala em produto agroindustrial, existem certas peculiaridades que devem
ser apontadas, tais como a perecibilidade, o curto tempo de vida, os cuidados especiais no
transporte e armazenagem dos produtos gerados por esta indústria.
A logística agroindustrial busca pôr em marcha um sistema permitindo, ao menor
custo possível, dispor dos produtos no momento certo e na quantidade adequados, em
diferentes lugares, orientando-se para um funcionamento com estoque mínimo necessário
para atendimento às necessidades e com maior tempo de vida útil dos produtos no momento
da transferência de insumos entre os agentes da cadeia de abastecimento. De maneira bem

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 34


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compacta, a logística controla o fluxo e armazenagem de produtos ao longo da cadeia de


suprimentos, a Figura 16 representa o que foi acima citado e a Figura 25 mostra as principais
atividades da logística
Figura 16- Relação entre Cadeia de Suprimentos Típica e Áreas da Logística
Empresarial.

Fornecedores
Indústria Consumidor
de matéria- Varejistas
principal final
prima

Fabricantes de Atacadistas e
componentes distribuidores

Logística de Apoio a Logística de


Suprimentos Manufatura Distribuição

Áreas da Logística

Figura 17- Principais atividades da logística.

Transporte

Armazenagem

Gestão de estoques

Embalagem Manuseio de materiais

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Os componentes logísticos são:


- Estrutura de instalações;
- Procedimentos para processamento de pedidos e previsão de necessidades;
- Transporte (Organização do serviço, nível do serviço, custo do serviço,
modais de transporte, integração no transporte);
- Manutenção de estoques;
- Armazenamento e manuseio de materiais/produtos.

Uma plataforma logística tem por objetivo:


- Diminuir o custo de transformação e depósito nas fábricas e nos setores
comerciais;
- Otimizar as entregas aos clientes;
- Minimizar os custos com manuseio;
- Agilizar a recepção de mercadorias nas portas de entrega (pontos de venda
a varejo), diminuindo o tempo operacional e o trabalho;
- Otimizar os recursos utilizados;
- Maior flexibilidade no uso de recursos.

A Figura 18 apresenta outra forma esquemática da relação entre a cadeia de


suprimentos (cadeia de abastecimento) e a logística.
Figura 18- Relação entre a cadeia de suprimentos e a logística.

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 36


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Fonte: Stevens, G.C. “Integrating Supply Chain” - International Journal of Distribution and
Materials Management, 1998.

Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e


peça que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Os grupos devem realizar uma pesquisa na sua região sobre como
ocorre a logística dos produtos alimentícios da sua cidade:
b. Após a pesquisa devem realizar uma análise crítica como objetivo para
melhorar a logística de produtos da cidade:

Material de Apoio

 Logística no agronegócio:
https://www.youtube.com/watch?v=l-xB5U7Lhto
 Cadeia de suprimentos:
https://www.youtube.com/watch?v=Nh-fqSj06Kw

5. – COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS

5.1. Introdução e Conceitos

A maioria dos produtos processados é bastante perecível, como os derivados do


leite, a beterraba, a couve-flor, o morango, entre outros. Enquanto que outros podem ser
estocados por um período de tempo maior, sem a necessidade de ter muitos cuidados como,
por exemplo, o café, as uvas passas, etc.
A comercialização é um processo social que envolve uma estrutura de demanda
por bens e serviços. Esta é satisfeita através da concepção, promoção, intercâmbio e

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 37


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distribuição física de bens e serviços. Ainda este mesmo autor afirma que a comercialização
envolve uma série de atividades onde bens e serviços são transformados em produtos
mediante a utilização de capital e trabalho que atua sobre a matéria prima.
No Brasil, a maior comercialização de hortaliças se faz via CEASA. No entanto,
grande parte da produção é vendida diretamente pelos produtores aos mercados varejistas ou
via mercado informal, como por exemplo, feiras livres. Nos CEASAS, o setor de hortaliças
representa cerca de 75% do total de produtos comercializados diariamente. Nos mercados
informais este número pode até aumentar, dependendo da época do ano e do local de
comercialização.
O setor supermercadista brasileiro registrou faturamento de R$ 353,2 bilhões em
2017, um crescimento nominal de 4,3% na comparação com 2016, de acordo a 41ª edição da
Pesquisa Ranking ABRAS/SuperHipe.
O setor brasileiro varejista de alimentos é essencialmente orientado para o
crescimento, à medida que as margens do varejo são significativamente mais restritas do que
aquelas de outros ramos de negócios. Somos, portanto, intrinsecamente dependentes das taxas
de crescimento da população urbana do Brasil e de seus diferentes níveis de renda. Embora o
custo de vida no Brasil seja menor em relação à América do Norte, à Europa Ocidental e ao
Japão, a renda per capita no Brasil é substancialmente inferior.
A CONFIANÇA DO CONSUMIDOR no processo de produção de um determinado
produto constitui um ponto chave no processo de vendas: hoje o consumidor sabe como o
produto é feito e por isso decide adquiri-lo. Esse enfoque fundamenta-se no seguinte
princípio:

Se o processo de produção não pode desenvolver um produto

conforme suas especificações, então a qualidade estará automaticamente

comprometida.

Vamos pensar juntos, se a qualidade está comprometida, você acha que o


consumidor terá confiança no produto? Claro que não, qualidade do produto comprometida
resulta em confiança do consumidor comprometida. Por isso o processo de vendas deve estar
intimamente ligado ao processo de fabricação do produto.
Outro fator importante ligado à comercialização de produtos é a competitividade,
é relevante o papel do consumidor e dos órgãos legalizadores para que exista uma forte

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 38


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atuação da melhoria contínua dos produtos. A Figura 27 apresenta um modelo de competição


proposto por Michel Porter.

Figura 19- Modelo de competição proposto por Michel Porter.

Competitividade não tem uma definição precisa. Do ponto de vista das teorias de
concorrência, a competitividade pode ser definida como a capacidade sustentável de
sobreviver e, de preferência, crescer em mercados correntes ou novos mercados.

5.2. Aspectos da Demanda

A demanda de produtos agroindustriais é relativamente estável, por outro lado, a


oferta é instável. A oferta de produtos agrícolas está sujeita a sazonalidade o que resultam,
também, em preços sujeitos as constantes variações nos pontos de vendas, onde estes
produtos estão disponíveis ao consumidor final. Esta incerteza é prejudicial á cadeia produtiva
como um todo, pois estão envolvidos todos os participantes desta cadeia, do produtor de
insumos ao consumidor de produtos processados.
Segundo Mário Otávio Batalha, os produtos agroindustriais são essencialmente
bens de primeira necessidade e de baixo valor unitário. Ainda de acordo com o mesmo, uma
variação do preço dos produtos agroindustriais não afeta intensamente sua quantidade
consumida. Exemplificando, uma família que possua alguma renda pode deixar de comprar

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 39


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um forno de microondas se este subir o preço, mas dificilmente deixaria de comprar arroz ou
feijão, mesmo diante de uma alta de seus preços.
Uma característica particular do Brasil – e a outros países com renda per capita
baixa e distribuição de renda concentrada – merece ser mencionada.: como uma parcela
considerável da população não tem acesso à renda suficiente para a aquisição mínima de
alimentos, uma elevação do preço pode retirar esses consumidores do mercado e, com isso,
reduzir a quantidade consumida. Ainda assim, é sensato dizer que a quantidade demandada de
produtos agroindustriais é relativamente menos sensível às variações de preços.

Batalha conceitua demanda pela quantidade de bens de determinado bem ou


serviço que o consumidor está disposto a adquirir em determinado período tempo. Ele
ainda cita alguns componentes básicos:
- Preço do bem;
- Preços de outros bens substitutos do produto;
- Renda do consumidor;
- Gosto ou preferência do individuo.

A demanda pode ser conceituada como sendo uma relação que descreve o quanto
de um bem, ou serviço, os consumidores estão dispostos a adquirir aos diferentes níveis de
preços, em um determinado período de tempo e dado um conjunto de condições. Para este
autor, normalmente se espera que os consumidores demandem mais de um produto á medida
que seu preço diminua e, do mesmo modo, quando este aumenta a demanda tende a encolher.

5.3. Comércio Varejista de Alimentos

Varejo inclui todas as atividades relativas à venda de bens e serviços diretamente


ao consumidor final, para uso pessoal. Supermercado como “um varejo generalista que
revende ao consumidor final ampla variedade de produtos, dispostos de forma departamental,
no sistema de auto-serviço
Características do Varejo:
 Colocar os bens e serviços produzidos a disposição do cliente, na forma, no
tempo e local que ele está disposto a adquiri-lo.

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 Promover os produtos junto a uma clientela especifica, utilizando todos os


recursos a seu alcance, venda pessoal, promoção de vendas, propaganda, relações públicas,
eventos especiais, merchandising visual e marketing direto.
 Oferecer várias formas de pagamentos como dinheiro, cartão de crédito, débito
automático, cheque, tíquetes entre outros.
 Armazenar os produtos em estoques para que o cliente possa adquiri-los e retirá-
los em condições ideais de consumo no tempo apropriado para o cliente.  Dividir, de acordo
com as necessidades do cliente, as mercadorias compradas.

Figura 20- 20 Maiores empresas de supermercado em 2016.

5.4. Comércio Atacadista

Atacadistas compram produtos em grandes quantidades para revender aos


varejistas. Os atacadistas procuram satisfazer necessidades do varejo, enquanto o varejo
procura satisfazer os consumidores finais.

As empresas industriais e comercias precisam oferecer atratividades para

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satisfazer as necessidades dos consumidores, os formatos atacadistas e varejistas surgem das


necessidades dos clientes e não da vontade dos empresários desses setores, como exemplo
mercado de bicicletas caras e destinado ao um publico mais exigente, precisam ser
comercializadas com lojas especializadas. De situações e oportunidades como essas surgem
vários formatos de empresas atacadistas e varejistas. Os atacadistas podem ser classificados
de varias formas como demonstra a figura 21 abaixo:

Figura 21- Classificação do Atacado.

O atacado autosserviço se desenvolveu significativamente nos últimos anos, assim


como o numero de lojas aumentaram, diversas empresas também, inclusive as varejistas que
entram no mercado através de aquisições como a rede de Atacadão que foi adquirida pela
multinacional francesa Carrefour, e a rede Assai que foi comprada pelo grupo Pão de Açúcar .
Isso em um mercado que já possui competidores como Makro Atacadistas, também de capital
multinacional. Os atacadistas especializados trabalham com produtos específicos e procuram
atender segmentos e nichos de mercado. Os atacados nos formatos de balcão foram perdendo
espaço no mercado em função da concorrência que oferece maior prestação de serviços.
Atualmente, esses comerciantes trabalham com produtos importados, sazonais e buscam
sistematicamente produtos com preços baixos a fim de construir seus diferenciais nesse
atributo.
Os atacadistas de serviços completos possuem grande estrutura para armazenagem
e distribuição de produtos. Atuam com grandes números de vendedores e oferecem vários
serviços aos comerciantes de pequeno porte. Os atacadistas distribuidores atuam de maneira
mais próxima com os produtores, normalmente são feitos contratos de distribuição onde à
indústria e atacado de modo estratégico e em conjunto. Um novo formato de atacado surgiu
nos últimos anos, alguns autores classificaram esses atacados de atacarejo que são lojas de

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atacado aberta ao publico em geral, nesse caso a loja procura atrair pequenos comerciantes
também consumidores finais dispostos a comprar maiores quantidades, e procuram atrair os
clientes mais sensíveis a preços baixos

5.5. Mecanismos de Comercialização

Dependendo das características do produto agroindustrial pode ser selecionado o


melhor mecanismo de comercialização. Entende-se por mecanismo de comercialização aquele
que minimiza os custos de comercialização. E no sistema agroindustrial podem ser
selecionados basicamente 3 mecanismos de comercialização: mercado spot, mercado futuro e
contratos de longo prazo.
Antes de tratarmos desses mecanismos é importante entender o que são produtos
commodities. A palavra commodity (mercadoria) adquiriu um sentido mais específico no
jargão do comércio, mas nem todas as mercadorias são commodities. Para isso ela deve
atender aos seguintes requisitos:
 Padronização em nível internacional;
 Possibilidade de entrega em datas acordadas entre comprador e
vendedor;
 Armazenagem e venda em unidades padronizadas.
Temos como exemplos de commodities: suco de laranja concentrado e congelado,
soja e milho (desde que atendam determinados padrões), café, carne bovina e açúcar.
Alguns outros produtos, mesmo que não perecíveis não são commodities, porque
não são padronizados. Isto não significa que não atendam a padrões de qualidade, mas sua
principal característica é a diferenciação. Produtos diferenciados são aqueles que os
consumidores identificam como diferentes e se dispõem a pagar um preço maior por eles.
Temos como exemplos de produtos diferenciados: roupas (não é padronizada), frutas (não é
de fácil armazenamento), bebidas, produtos agrícolas em alguns contextos podem ser
commodities em outro não e café (pode ser commodity se atender aos quesitos internacionais,
mas café orgânico certamente é um produto diferenciado).

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Tabela 1– Mecanismos de comercialização e tipos de produtos.

MECANISMOS DE
TIPOS DE PRODUTOS
COMERCIALIZAÇÃO
Mercado spot Commodities
Mercado futuro Commodities
Contratos de longo prazo Produtos diferenciados

A comercialização de commodities requer um mecanismo específico de transação,


assim como os produtos diferenciados também requerem um mecanismo específico de
comercialização. Por isso a escolha certa da estratégia de comercialização podem reduzir
custos de comercialização e conferir competitividade à cadeia produtiva.

5.5.1. Mercado Spot


Spot significa ponto, dessa forma este mecanismo refere-se à transações que se
iniciam e se encerram em um só momento do tempo. A venda, o pagamento e a entrega do
produto físico se dão num momento do tempo e não implica em compromisso posterior entre
comprador e vendedor.
EXEMPLO  a venda de produtos no varejo para o consumidor.

Esse tipo de mercado apresenta como características:


- A transação que se esgota num único instante no tempo;
- Predomina no consumo final;
- São transações esporádicas;
- Não há obrigatoriedade de compra futura;
- È um mercado incerto;
- Não se adéqua em casos necessitar de estabilidade de suprimento ou a
qualidade do insumo é fundamental.
O mercado spot sozinho não é um mecanismo adequado para diversos tipos de
transação, particularmente quando a necessidade de estabilidade no suprimento ou a qualidade
do produto é fundamental. Por isso outros mecanismos de comercialização, substituem ou
complementam o mercado spot.

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5.5.2. Mercado Futuro

Diferente do mercado spot, em que as transações se esgotam num momento do


tempo, outros mercados tem como referência, dois ou mais momentos do tempo.
Compradores e vendedores podem detalhar um contrato especificando a mercadoria, data de
entrega, local, meio de transporte, meio de pagamento ou outro elemento que desejem
incorporar no contrato.
A vantagem do mercado futuro de derivativos agrícolas é o baixo custo de
transação porque a padronização reduz problemas informacionais e elimina as especificidades
da relação contratual. Os agentes do mercado futuro têm conhecimento destas especificidades,
assim como das penalidades incorridas por quebra de contrato.

5.5.3. Contratos de Longo Prazo


O comércio de produtos agroindustriais possui características que podem se tornar
custosas. Dessa forma, foram desenvolvidos outros mecanismo de comercialização que
atendam a este tipo de produto. Este é um ramo da economia agroindustrial chamado de
economia contratual.
Exemplo:

Um laticínio que produz um tipo de leite


específico (teor de gordura, adição de suplementos,
qualidade, sanidade, embalagem) exige um contrato
de longo prazo porque tanto o comprador do leite
(laticínio) quanto o vendedor (produtor de leite)
realizam investimentos elevados e específicos
significativos para realizar esta transação.

O vendedor precisa construir estábulos,


bezerreiro, silos, e demais instalações específicas
para a produção da matéria prima (leite) atendendo
a rigorosos critérios de higiene. O comprador
investe em instalações, propaganda, espaço no
varejo, máquinas e infraestrutura de distribuição.

Assim, ambos tem muito a perder com a interrupção da transação, já que isto
implica em perda de parte do investimento realizado. Para evitar que uma das parte abandone

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a transação em favor de um novo parceiro comercial, é aconselhável que ambos estabeleçam


um contrato de longo prazo com cláusulas penalizando a interrupção da transação.
Esses contratos podem diferir entre si, dependendo do objetivo que atendam. De
forma geral os contratos de longo prazo buscam assegurar: regularidade de suprimentos,
qualidade do insumo ou ambos. Um contrato de longo prazo pode oferecer garantias de que o
fornecimento (ou aquisição) de mercadorias se dará dentro de normas especificadas
previamente.

Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e


peça que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Os grupos devem realizar uma pesquisa na sua região sobre como
ocorre o comércio no atacado e no varejo dos produtos alimentícios da
sua cidade:
b. Após a pesquisa devem realizar uma análise crítica como objetivo para
melhorar o comércio de produtos da cidade:

Material de Apoio

 Atacado e varejo:
https://www.youtube.com/watch?v=3BzzkwDcY3c
 Atacado:
https://www.youtube.com/watch?v=tj85QoL6pV8

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6. Projeto Agroindustrial

6.1. Processo de Concepção Do Projeto

Agroindustrializar significa beneficiar os produtos agropecuários e/ou


transformar a matéria-prima agropecuária gerando novos produtos, de origem animal ou
vegetal. O ato de beneficiar também aborda a simples seleção de frutas ou o resfriamento de
leite, o artesanato, etc., enfim tudo que é produzido pelos agricultores para receber uma maior
agregação de valor. Industrializar os produtos agropecuários não é uma novidade.
Historicamente os agricultores têm desenvolvido algum tipo de processamento com o objetivo
de preservar os alimentos, principalmente para o consumo da família ou para a venda em
feiras de forma informal. A venda informal com os produtos produzidos em cozinhas, porões
ou embaixo de uma árvore não deixa de ser uma experiência de comercialização para os
agricultores, embora seja ilegal este tipo de produção, a maioria das agroindústrias
infelizmente começa desta forma. A concepção de um projeto agroindustrial deve ser
compreendida como um processo composto por várias etapas.

Estas etapas são:

Procedimentos preliminares;

Definições das cadeias produtivas;

Reuniões com o grupo de trabalho;

Sistematização da primeira versão do Projeto Agroindustrial;

Apresentação da primeira versão do projeto aos colaboradores e correção de


possíveis falhas.

6.1.1. - Estudo de mercado


Antes mesmo de se começar a implantar uma agroindústria de nível territorial, é
necessário que se faça um amplo estudo de mercado. Primeiro, há a necessidade de definir
qual será a área de abrangência da agroindústria familiar a ser implantada. Esta decisão
servirá para se fazer os estudos e as considerações necessárias uma vez definidos os limites de
abrangência. Pesquisa de mercado significa procurar saber quanto está disponível e quanto é o
consumo do mercado do produtor que irá se produzir. Procurar-se-á saber a aceitação de um
novo produto ou uma nova marca; qual a facilidade deste produto num mercado onde exista a

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falta de produto ou em um mercado


saturado. É importantíssimo saber quais são os
atuais fornecedores do produto para aquele
mercado, bem como sua procedência. Há
uma tendência crescente entre os
consumidores de valorizar os produtos da
própria região, por considerarem que
evitarão a saída de dinheiro para outras
regiões, além de contarem com uma melhor
qualidade, já que o produto não precisou
percorrer grandes distâncias.

Há a possibilidade do consumidor conhecer melhor quem está produzindo e de


que maneira isto acontece. Outro passo é saber a que preço que os fornecedores repassam o
produto para os revendedores (supermercados, mercearias, restaurantes, sorveterias etc.).
Estes dados deverão ser comparados com os custos de produção do projeto para se ter uma
idéia se o novo produto será ou não competitivo em termos de preços. É necessário também
levar em conta o tipo de embalagem a ser adotada para o produto. Este detalhe pode ser o
sucesso ou o fracasso de um empreendimento. Portanto, a embalagem deve ser algo que não
gere custos muitos elevados, oferecendo segurança na conservação e manutenção de sua
qualidade. Ela deve passar ao consumidor a sensação de segurança. Deve-se também realizar
uma pesquisa junto aos revendedores para saber se estão dispostos a aceitar o novo produto
nas suas prateleiras. Após, é necessário realizar uma pesquisa direta ao consumidor,
averiguando sua reação diante no novo produto.

6.1.2. Tamanho da agroindústria

A dimensão de uma agroindústria


deve estar relacionada com a sua capacidade de
coleta da matéria-prima e o potencial do
mercado:

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6.1.3. Localização da Agroindústria

Para se definir a localização, é necessário um exame detalhado dos principais


fatores que a agroindústria exige, bem antes de sua implantação. São muito importantes e
estratégicos que condições satisfatórias de infra-estrutura disponibilize energia elétrica,
preferencialmente, e de água, em quantidade e qualidade.

A agroindústria familiar deve ser localizada em pontos distantes de fontes


produtores de mau cheiro de qualquer natureza (pocilga, aviário, lixões, fossas, etc.),
conforme exigências sanitárias legais. O terreno deverá ter um tamanho de acordo com a
agroindústria e prevendo uma certa área livre para futuras expansões que possam ser
efetuadas. Deve ter espaço para a circulação interna de veículos, facilitando a chegada de
matéria-prima e a saída de produtos acabados. É importante que o local seja servido por boas
estradas para facilitar o escoamento da produção.

O local não pode ter limitações quanto à disponibilidade e ao acesso à matéria-


prima principal. Isto representa economia no transporte. É importante que a agroindústria seja
localizada o mais próximo dos agricultores familiares, para que eles possam acompanhar o
dia-a-dia da unidade e terem melhores condições para gerenciá-la.

6.1.4. Matéria-prima
A produção da matéria prima utilizada pela agroindústria territorial é produzida
pelos agricultores familiares associados, caracterizando o processo de agregação de valor dos
produtos. Eventualmente é adquirida, em pequena quantidade de terceiros que são em geral,
agricultores próximos. O uso de matéria-prima de primeira qualidade é fundamental para a
obtenção de alimentos de qualidade diferenciada e para facilitar o planejamento da produção.
A agroindústria deve dispor de matéria-prima em quantidade exata para cada
momento específico, com qualidade adequada e baixo custo. Isto porque a oferta dos produtos
também segue um cronograma de qualidade e quantidade exatas e em intervalos pré-
estabelecidos pelo mercado. Se dependesse da compra da matéria-prima de terceiros em todos
os meses, a agroindústria necessitaria de grande volume de receita disponível em seu fluxo de
caixa. Ter a própria matéria-prima, além de custar menos, diminui a necessidade de grande
parte de capital de giro, representando aumento da renda dos agricultores e autonomia às
agroindústrias. Durante o processo de elaboração do projeto este item é o início de tudo, a
maioria dos empreendimentos fecha as portas muitas vezes por falta de matéria-prima, além

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de problemas de gestão da produção; intempéries climáticos (estiagem ou chuva demais) que


ocasionam problemas na lavoura e no transporte; preços praticados no mercado (neste caso a
produção é vendida para terceiros desonrando o compromisso de fornecimento para a
agroindústria, devido na maioria das vezes, a falta de capital de giro para pagamento dos
associados/cooperados), enquanto que atravessadores pagam a vista pela produção e ainda
tem condições de busca-la. Estes pontos devem ser bastante discutidos nas reuniões.
 PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL

 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

6.2. Processo de Elaboração do Projeto

O Projeto Territorial para Agroindústria se diferencia dos demais projetos


“convencionais” cuja finalidade é apenas buscar financiamento. O projeto deve ser entendido
como um instrumento para implantação e a gestão do empreendimento. A elaboração do
projeto da agroindústria visa, também, a formação e envolve um conjunto de ações. Deve ser
compreendido como um processo, composto de vários momentos. O principal deles é a
reflexão e discussão da proposta entre os agricultores. Requer ações mais complexas pois nele
será estudado e planejado os três setores da cadeia produtiva: a produção da matéria prima, a
agroindústria e a comercialização.

A elaboração de projeto não se resume a escrever um relatório, ou fazer os


cálculos de viabilidade econômica. A etapa principal de elaboração é a reflexão com os
colaboradores. Para isso, é fundamental a participação de todos em cada momento do
processo de elaboração, pois é a partir da visão e das necessidades dos agricultores familiares
é que deve iniciar o projeto. Para que esse processo tenha como princípio geral a
formação/capacitação, deve-se prever espaços de discussão entre os técnicos e os agricultores
familiares associados e/ou cooperados.

O resultado deste momento de reflexão deverá ser, posteriormente, sistematizado


em uma espécie de relatório, que é chamado de Projeto Piloto, dentro de uma metodologia
participativa e capacitadora, com um pouco mais de tempo para que todos os agricultores
familiares possam acompanhar, compreender, discutir, sugerir e decidir. Mesmo que uma
sugestão possa parecer frágil, a sua incorporação no debate pode ser importantíssima para o

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processo de formação, pois, partindo da sugestão dos agricultores familiares, ao longo do


debate vai moldando as propostas até chegar a um projeto adequado.

6.2.1. - Componentes de um projeto


Um Projeto Territorial Agroindustrial tem vários componentes que devem ser
complementados em cada Território.

6.2.1.1. Estudo da viabilidade econômica

Um bom projeto Agroindustrial Territorial nos moldes agora exigidos pela


SDT/MDA deve descrever o processo produtivo e analisar detalhadamente a viabilidade
econômica e financeira da agroindústria familiar. Esta análise deve contemplar os três setores
da cadeia produtiva anteriormente citados. Não se trata apenas de saber os resultados
econômicos de uma indústria tradicional. O objetivo central é estudar uma alternativa de
desenvolvimento sustentável da agricultura familiar nos Territórios.

6.2.1.2. Elementos para a projeção teórica da viabilidade

Esta etapa é um passo importantíssimo da elaboração de um projeto agroindustrial


territorial deve ser feito com o auxílio de tabelas e/ou planilhas eletrônicas (formato
MSExcel), tendo como finalidade demonstrar aos agricultores familiares e ao agente
financeiro, que o projeto é viável economicamente em toda a cadeia produtiva.

O estudo da viabilidade do projeto possibilitará que os sócios da empresa


construam coletivamente alternativas de desenvolvimento em bases sustentáveis, não ficando
presos somente à análise econômica e técnica, mas levando em consideração os aspectos
social, cultural e ambiental do grupo e da região. O detalhamento e a análise dos três setores
da cadeia produtiva com o auxílio de planilhas e tabelas proporcionará que os agricultores
familiares se apropriem de todos os passos necessário para se conhecer a viabilidade
econômica e financeira da agroindústria familiar, possibilitando que contribuam com outros
elementos, não resumindo o exercício apenas ao retorno econômico do projeto.

6.2.1.3. Viabilidade da Produção da Matéria-prima

Na produção da matéria-prima, faz-se uma evolução para 2 anos, que é o prazo


máximo para saldar a dívida supostamente contraída. Recomenda-se fazer o cálculo na
seqüência:

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(i) Quantidade produzida anual e mensalmente;

(j) Levantar os custos de produção primária por unidade do produto (Kg, litros,
etc...)

6.2.1.4. Levantamento da Produção

Na agroindustrialização dos produtos, são considerados todos os itens que afetam


no custo de produção (matéria-prima, insumos, mão de obra, impostos, investimentos e
depreciação);

(i) Cálculo de volume de produção da agroindústria (mensal e anual);

(ii) Levantar os custos de produção da agroindústria (por unidade do


produto);

(iii) Levantar o custos da manutenção da agroindústria (mensal);

6.2.1.5. Projeção de Receita Futura

Faz-se o cálculo da receita com venda do produto agroindustrializado, levando-se


em consideração o preço de oportunidade (por unidade). Também são considerados todos os
custos que afetam no custo de comercialização (transporte, taxas...).

6.2.1.6. Fluxo de Caixa Para termos o fluxo de caixa bruto (FCB)

diminuir da receita da agroindústria as despesas a mesma terá. Para o fluxo de


caixa líquido (FCL) é só diminuir os custos com imposto de renda, investimentos e encargos
financeiros se existirem.

6.2.1.7. Coeficientes Técnicos da Viabilidade

Com os dados dos itens anteriores em mãos, comparando-se os custos e a receita


com relação aos preços do referido produto no mercado pode-se observar qual será a taxa
interna de retorno (TIR) e o tempo que levará para que os agricultores familiares paguem o
empréstimo (pay back) oriundo de recursos dos próprios associados ou de uma linha de
crédito bancária.

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6.2.1.8. Mão de obra

Com relação a mão-de-obra é necessário deixar bem claro nas primeiras reuniões
que os envolvidos irão trabalhar na agroindústria com carteira assinada e receber os
benefícios estabelecidos pelas leis trabalhistas (colocar em custos fixos na planilha de
viabilidade).

6.2.2. Infra-estrutura

6.2.2.1. Construção da agroindústria

 Infra-estrutura básica

A implantação de uma agroindústria requer uma oferta de infra-estrutura


mínima, pois deve-se considerar no projeto todas as ações que serão
desenvolvidas e os seus devidos custos, objetivando o bom funcionamento
da unidade industrial. A água é a primeira questão a ser considerada.
Devemos levar em consideração a quantidade e qualidade da água a ser
usada na unidade e o tipo de tratamento, de acordo com o resultado da
análise de laboratório. Outro ponto importante é a energia necessária,
especialmente a elétrica. Deve ser estudada as estradas existentes, tanto
para o recolhimento da matéria-prima, como para o escoamento da
produção. Os meios de comunicação rápidos e eficientes (telefone, fax,
internet) são necessários para que a unidade possa se relacionar com o
meio externo, principalmente com o mercado e os fornecedores. Outros
aspectos devem ser considerados no projeto, de acordo com cada caso.
Informações locais/regionais podem representar subsídios importantes
como, por exemplo, a situação geográfica e a disponibilidade de infra-
estrutura em geral na região. Deve-se considerar fatores como o mercado,
a infra-estrutura pública e privada de apoio à produção primária, ao
processamento e à distribuição. Essas informações regionais são
importantes para desenhar a estratégia de implantação do projeto,
considerando que a correta localização, poderá reduzir os custos
operacionais, principalmente o de transporte da matéria-prima e dos
produtos. Deve-se buscar a resultante do cruzamento das informações
regionais e infra-estrutura, com o estudo de mercado, com a primeira idéia

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 53


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de projeto e todas as informações citadas acima. Este elementos


consolidam o conjunto: Interesse dos agricultores familiares; Vocação
técnica de cada região; Oportunidade de empreender.

 Localização da agroindústria

O local onde será construída a agroindústria dependerá da presença de


vários fatores. É importante que ela seja construída em um local central
em relação a produção da matéria-prima e aos associados. Isto contribui
para diminuir o custo de transporte da matéria-prima, além de facilitar a
participação dos agricultores familiares no trabalho e na gestão da
agroindústria. O local escolhido deve contemplar as exigências da
legislação ambiental e sanitária, respeitando a distância mínima de fontes
de água, de rios, de lagos, além de estar distante de pocilgas, estábulos,
poeira e outras fontes de maus cheiros, suficiente para evitar a
contaminação dos alimentos. O tamanho do terreno deve ser suficiente
para proporcionar a construção do sistema de tratamento adequado para
resíduos e esgoto. Facilitar o acesso e a circulação de veículos para a
chegada da matéria-prima e saída dos produtos, além de possibilitar uma
possível ampliação futura do empreendimento. Estes dois aspectos já
citados são facilitados ao se construir a agroindústria no centro do terreno.
Outro cuidado importante é evitar o sol direto nos alimentos e a incidência
de ventos forte, recomenda-se que a cumeeira da agroindústria fique na
posição Leste - Oeste. O local deve considerar o acesso com boas estradas
para transportar os produtos para o mercado, a disponibilidade de água de
boa qualidade e em quantidade suficiente, fonte de energia, principalmente
a elétrica e facilidade de comunicação (telefone, etc). Embora não existam
regras definidas para a distribuição da agroindústria no terreno, as demais
benfeitorias (sede, galpões, etc) devem estar dispostas no sentido de
garantir aspectos relacionados à segurança, movimentação e supervisão de
pessoal, direção dos ventos, posição do sol e inclinação do terreno.

 Instalações (construções)

Para construir a agroindústria é importante seguir uma planta bem


elaborada para evitar erros na disposição das salas, portas e janelas e nas

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instalações elétrica, hidráulica e sanitária. Contudo, deve-se evitar


construções muito complexas, ou seja, com muitas paredes e muitos
cantos. O recomendável é em forma de sala que poderá ser ampliada no
caso de futuras expansões. A construção e os equipamentos devem ser
planejados conjuntamente, para que um seja adequado ao outro. Sem
planejamento é possível acontecer dificuldades para a colocação dos
equipamentos e para definir a seqüência do trabalho e dos equipamentos
(fluxo operacional). Baseado na planta das instalações far-se-á o
levantamento de todos os materiais de construção necessários. Antes de
comprá-los, porém, deve-se verificar a possibilidade de aproveitamento de
todos os disponíveis na propriedade, diminuindo, assim, o custo da obra.
As instalações devem ser adaptadas à realidade dos agricultores familiares
e de suas organizações. Os perfis agroindustriais (modelos de plantas)
podem ser redimensionados quanto ao seu tamanho e mantendo as
exigências e normas sanitárias. As instalações devem apresentar, de acordo
com as normas sanitárias, características que possibilite a limpeza e a
higiene, tais como: Ø ser construído em material impermeável na parte
interna; Ø forros e paredes com acabamento liso e de fácil higienização; Ø
pisos impermeáveis, antiderrapantes e com pequena inclinação facilitando
o escoamento de águas residuais e facilitando a limpeza; Ø ambiente
interno de trabalho deve ser fechado com vedação contra insetos, roedores
e outros animais, apresentando boa ventilação e claridade Ø área limpa da
agroindústria familiar deve ser separada da área suja e do banheiro; Ø
altura adequada do pé direito, permitindo a ventilação, a claridade e a
colocação dos equipamentos; Ø os cantos entre pisos e paredes devem ser
arredondados, evitando acúmulo de sujeiras e facilitando a limpeza; Ø um
sistema de escoamento de esgotos, de águas e de resíduos em geral,
interligado a um adequado sistema de tratamento ou reaproveitamento, de
acordo com as normas ambientais.

 Equipamentos

A escolha dos equipamentos, principalmente seu tamanho, deve considerar


alguns fatores importantes como, por exemplo, a quantidade de produção
prevista para o primeiro, o segundo e o terceiro ano. Com base nestas

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informações deve-se buscar os equipamentos adequados, de forma que


seja aproveitada, ao máximo, a capacidade de produção dos equipamentos.
Deve-se evitar que os equipamentos fiquem parado pois aumentará o custo
de produção. Outro aspecto importante é procurar equipamentos que sejam
mais adequados para o tipo e a qualidade dos produtos que se deseja. Um
equipamento “moderno”, neste caso, é aquele que responde exatamente na
qualidade e quantidade desejada de produção e de baixo preço. Sempre é
recomendável observar o bem estar das pessoas que irão trabalhar na
unidade. Os equipamentos devem proporcionar conforto e diminuir os
riscos de acidentes aos trabalhadores. Os equipamentos, móveis,
vasilhames e outros utensílios devem ter acabamento de materiais
resistentes e impermeáveis, que permitam perfeita lavagem e desinfecção.
É preciso fazer um bom planejamento sobre a colocação dos
equipamentos. A sua ordem vai indicar a seqüência do trabalho, ou
fluxograma operacional. Os equipamentos necessários para cada uma
destas tarefas, portanto, devem ser colocados nessa mesma seqüência,
evitando a volta ou o cruzamento do produto com a matéria-prima. Ou
seja, a matéria-prima entra de um lado e não retorna mais, seguindo para
frente até sair o produto no final do fluxo. Um bom fluxograma
operacional facilita os trabalhos de produção, de higienização e de
controle da qualidade.

 Tratamento dos Efluentes

Este item também deve ser bastante estudado, pois em muitos casos os
Projetos de Tratamento de Efluentes ficam onerosos sendo um novo
projeto solicitado visando a complementação financeira, demonstrando
que o projeto inicial não deu a devida atenção aos resíduos agroindustriais.
Para a elaboração do Projeto de Tratamento de Efluentes, deve-se fazer o
levantamento dos resíduos gerados e as oportunidades de aproveitamento
destes. Abaixo estão algumas sugestões de aproveitamento e tratamento de
resíduos agroindustriais.

 Resíduos das Agroindústrias de Processamento de Frutas e Vegetais

Os resíduos sólidos (talos, cascas, bagaços, folhas e sementes) não podem

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 56


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ser deixados ao ar livre, pois permitem a presença de insetos e roedores e


implicam em perigo à saúde pública.

Assim, os resíduos devem ser transformados em:

Compostagem.

Combustível para fornalha (cana-de-açúcar).

 Ração animal.

Uso na lavoura (vinhoto ou vinhaça).

Próprio consumo humano, como geléias, compotas, preparação de bolos,


xaropes, aromatizantes, etc.

 Resíduos Agroindustriais de Processamento de Origem Animal

Neste caso temos resíduos líquidos e sólidos, com alta demanda


bioquímica de oxigênio o que ocasiona mortalidade de peixes e
microrganismos aquáticos, além de favorecerem o desenvolvimento de
microrganismos causadores de infecções, se forem lançados direto em
córregos, lagoas e rios, dessa forma, devem ser tratados antes de serem
lançados no ambiente.

Os resíduos líquidos são oriundos basicamente do próprio processamento,


da limpeza dos equipamentos da agroindústria e das suas instalações
sanitárias. Também são em grande volume. Variam em qualidade
(composição, temperatura, propriedades físicas, químicas e biológicas) e
quantidade. Variam de uma agroindústria para outra por, isso deve ser feito
por um profissional e os custos colocados nas planilhas de viabilidade.

 Laticínios Soro de leite:

Para cada Kg de queijo produzido obtém-se 10L de soro, que pode ser
usado para produção de Ricota, na incorporação em bebidas lácteas e na
alimentação de animais (suínos,caprinos e ovinos), jamais deve ser
lançado para o sistema de tratamento de efluentes.

 Abatedouro e Fábrica de Embutidos Sangue e vísceras vermelhas:

O sangue pode ser utilizado para fabricação de farinhas de origem animal

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para alimentação de ruminantes, suínos, aves e peixes. Atualmente tem


tido bastante procura pelas empresas produtoras de rações para cães e
gatos. Também pode ser aproveitado na alimentação humana, como na
fabricação de chouriço. Vísceras brancas: Podem ser utilizadas na
alimentação animal na fabricação de farinhas incorporadas à ração de
ruminantes, suínos, aves e peixes. São também utilizadas na confecção de
embutidos e também na culinária (buchada).

6.2.2.2. Produção

6.2.2.2.1. Higiene das instalações e dos equipamentos

A grande preocupação que deve estar presente na unidade de produção de


alimentos é a higiene e limpeza. Aliada à qualidade da matéria-prima, a higiene e a limpeza
do ambiente de trabalho, dos equipamentos e das pessoas é determinante para a qualidade dos
alimentos. Aqui higiene deve ser definida pelos padrões que são aceitos e compreendidos por
todos os envolvidos, quais sejam, os agricultores familiares, os consumidores e os órgãos de
inspeção sanitária. Manter limpo o ambiente de trabalho, os equipamentos etc, não é uma
tarefa fácil. Existem muitos microorganismos que só podem ser vistos com a ajuda de
aparelhos. Alguns desses microorganismos podem contaminar e estragar os alimentos e fazer
mal a saúde das pessoas.

Além disso, quanto maior a quantidade e a frequência de produção, maior a


possibilidade de ocorrência desses microrganismos contaminantes, portanto, mais cuidados
são necessários. Por isso, não basta remover a sujeira que podemos ver. Mais do que isso é
importante eliminar qualquer tipo de resíduos e agentes que possam representar risco de
contaminação ou que possam estragar os alimentos. A partir disso, deve-se estabelecer um
plano de limpeza, de acordo com cada tipo de agroindústria familiar, contemplando vários
aspectos como as instalações, os equipamentos e o tipo de resíduos. Esse plano de limpeza
deve determinar, também, os tipos e a freqüência de uso dos produtos de limpeza e de quanto
em quanto tempo deve ser feita. Como regra geral, as instalações e os equipamentos devem
ser mantidos em condições de higiene antes, durante e após a elaboração dos alimentos. Os
pisos e paredes e todos os utensílios e equipamentos usados devem ser lavados diariamente.
Deve-se manter o estabelecimento livre de moscas, mosquitos, camundongos, ratos, gatos,
cães etc. O uso de venenos deve ser feito com cuidados especiais e seguir orientação técnica

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do serviço de inspeção sanitária, pois nem todos os tipos podem ser usados numa
agroindústria familiar.

Deve-se tomar o cuidado de marcar os recipientes e utensílios destinados aos


alimentos, separadamente daqueles destinados aos produtos não comestíveis. Deve-se evitar o
reaproveitamento de recipientes usados com produtos não comestíveis. Câmara fria e/ou
congelador devem ser lavados sempre que necessário ou pelo menos uma vez por ano. A
legislação sanitária, de um modo geral, determina vários aspectos que devem ser observados,
por exemplo: na agroindústria familiar é proibido fumar, residir, fazer refeições e receber
visitas de pessoas sem o devido uniforme, nem depositar roupas, objetos e materiais estranhos
à sua finalidade. 7

6.2.2.2.2. Higiene das pessoas

Quem trabalha na agroindústria familiar deve fazer exames médicos sempre que
necessário ou pelo menos a cada seis meses. Toda a pessoa que apresentar qualquer tipo de
infecção e/ou contaminação devem ser afastada do trabalho até sua completa recuperação.
Conforme indica a legislação sanitária, durante o trabalho as pessoas deverão usar uniformes,
gorros, luvas e calçados próprios e limpos. Antes e durante o trabalho as pessoas devem estar
limpas e evitar sair da agroindústria familiar e ter contato com objetos, animais etc e retornar
à unidade ou entrar em contato com os alimentos.

 Fluxos do processamento

Na construção da agroindústria familiar deve-se ter o cuidado de evitar o


cruzamento entre a matéria-prima e o produto final, pois os requerimentos
sanitários de entrada (recepção: lavagem e seleção) por meio de óculo
(janela com portinhola) e o embarque de produto final são diferentes.

 Análises laboratoriais

Recomenda-se a análise periódica da água, segundo exigências sanitárias,


mantendo os registros das análises em arquivo. Os produtos processados
devem ser enviados para análises rotineiras e regulamentares aos
laboratórios credenciados pelo órgão sanitário competente. De cada lote de
produtos uma amostra deverá ser armazenada para exames laboratoriais
em caso de problemas sanitários detectados pela vigilância sanitária ou
pelo consumidor. Ø

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6.2.2.3. A Comercialização dos Produtos

6.2.2.3.1. Diferenciação dos produtos

Embora todos os agricultores afirmarem que seus produtos têm "qualidade",


dificilmente se pode identificar quais são e onde estão. Esta diferenciação deve estar presente
no sabor, forma, cor, textura, embalagem, componentes para a conservação, etc.

Contudo, o processo de agroindustrialização deve assegurar a homogeneidade aos


produtos, sem variações entre unidades e também entre lotes, principalmente no sabor e na
apresentação. Deve-se evitar produtos com pouco diferencial em relação ao mercado
convencional. Há a necessidade de um rígido controle sobre a produção dos associados e o
acompanhamento técnico para se garantir a regularidade e homogeneidade da produção, pois
interrupções no fornecimento da matéria-prima e o pouco conhecimento técnico dos
processos de beneficiamento (principalmente laticínios) torna a produção pouco homogênea.
Não deve-se esquecer que a escala de operação exigida pelo mercado é elevada e a
concorrência das grandes empresas concorrentes também.

 Promoção dos produtos

A embalagem e a rotulação dos produtos representam um dos poucos


espaços viáveis de diferenciação dos produtos das agroindústrias rurais em
termos de produção; contudo, esta área é muito pouco explorada, sendo
que grupos dispõem de pouca competência e conhecimento acumulado na
área de comunicação com o público. Há inúmeros dificuldades que
separam os agricultores familiares dos consumidores finais que precisam
ser levados em consideração para que se consiga alcançar o sucesso de
vendas. Existe uma distância na linguagem usada na comunicação dos
agricultores com os consumidores que precisa ser ultrapassada.

Precisa-se construir um canal de comunicação comum entre agricultores


familiares e consumidores. Para tal, há a necessidade da mediação
profissional neste processo de comunicação, com a intervenção de
profissionais qualificados para trabalhar a comunicação dos grupos, desde
que estejam habituados com o tipo de produto das agroindústrias
familiares. A grande dificuldade dos grupos é centrar sua atividade no
consumidor, tendo como horizonte predominante de sua atuação o âmbito

Agroindústria – Projeto e Administração Agroindustrial 60


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interno dos grupos. Daí a necessidade de se trabalhar nas


organizações/agroindústrias familiares marcas com o objetivo de melhorar
a comunicação com o mercado.

A rotulagem dos produtos e a elaboração de novas embalagem se


constituem no meio eficaz de promoção pois agregam diferenciais em
relação aos concorrentes, principalmente quando são desenvolvidas
atividades de degustação e promoção em pontos de venda.

 Canais de Comercialização

O mercado convencional é altamente competitivo e excludente, pois está


monopolizado pelas grande redes de atacadistas e supermercadistas.
Geralmente, as feiras livres são espaços alternativos, mas não se
constituem em um canal suficiente para escoamento da produção. Há a
necessidade da construção de canais próprios alternativos como
cooperativas de consumidores, cestas entregues à domicílio, lojas de
produtos ecológicos, e o estudo de mercados segmentados.

Há a necessidade de se ter bom conhecimento e capacidade gerencial para


construção de rede de distribuição, principalmente para diminuir os custos
da atividade. As agências e/ou redes de distribuição dos produtos podem
ser outra alternativa, mas requerendo considerável competência gerencial,
treinamento e motivação de equipes de vendas e foco em resultados
financeiros, itens distantes da experiência e das práticas dos grupos que se
visitou.

 Agências de Comercialização

A cooperação representa um diferencial importante na viabilização


econômica da agroindústria familiar, pois possibilita, proporcionalmente,
um menor investimento com melhor utilização do capital, obtendo um
menor custo de produção. Além da organização entre os agricultores
familiares para implantar uma agroindústria territorial, pode ocorrer,
também, entre organizações dos agricultores familiares, formando uma
espécie de rede solidária. Isto significa que cada organização que possui
agroindústria se articula, ou se associa, com outras, para que juntas possam
resolver problemas, os quais, individualmente, seriam de difícil solução.

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Com isso, as organizações, ao invés de concorrerem entre si, formam uma


espécie de bloco, em torno de uma organização central (agência).

O principal objetivo desta organização, que representa mais uma forma de


organização dos vendedores, é prestar um conjunto de serviços na área da
agroindústria familiar. Ou seja:

Ø aumento da quantidade de produtos para vender em conjunto;

Ø compra conjunta de embalagens, materiais de construção,


equipamentos e insumos;

Ø controle de qualidade;

Ø comunicação educativa com os consumidores, propaganda, marketing;


Ø negociações com órgãos governamentais quanto ao crédito, assistência
técnica, capacitação, estradas, telefonia, energia elétrica etc;

Ø mediação/articulação para obter os registros das agroindústrias


familiares;

Ø transporte dos produtos em conjunto;

Ø o apoio técnico (com técnicos contratados ou de órgãos públicos) para a


produção da matéria-prima e sua agroindustrialização,

Ø procura e abertura de novos mercados;

Ø outros apoios necessários.

Esse tipo de organização representa uma forma de aumentar o seu poder de


intervenção e permanência no mercado. Através da agência, as agroindústrias territoriais
conseguem oferecer uma gama de produtos diferentes, em escala compatível e negocia-la em
uma condição mais favorável junto aos mercados local, regional e em médias e grandes redes
de mercado. A agência pode representar uma forma de mediação com órgãos governamentais
em relação às políticas e serviços públicos. É um instrumento, também, para a redução dos
custos de transportes dos produtos, para controlar a qualidade dos alimentos e para o
planejamento e a gestão dos empreendimentos.

A agência pode ocorrer em diversos esferas, ou seja, local/municipal, regional,


estadual, ou ambas etc. A decisão depende das necessidades dos agricultores e suas
agroindústrias . O tipo de organização (associação, cooperativa, sociedade comercial, grupo

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informal) também pode variar muito, pois depende das funções que serão desenvolvidas em
conjunto (na agência).

6.2.2.4. Relacionamento com o Consumidor

Com o objetivo de influenciar na decisão de consumo dos alimentos deve-se


estabelecer uma comunicação ou um diálogo com os consumidores pois grande parte da
população decide qual alimento consumir, pelo menor preço ou por influência das
propagandas nos grandes meios de comunicação.

Para que o consumidor mude a maneira como ele escolhe seus alimentos é
necessário que se leve até eles as informações sobre a verdadeira qualidade que os alimentos
das agroindústrias territoriais possuem. Para isto é necessário uma estratégia de comunicação
que eduque os consumidores. Educar e reeducar os consumidores significa criar novos hábitos
de consumo, e isto só ocorrerá na medida em que os mesmos souberem da qualidade real
presente nos alimentos oriundos da agroindústria territorial.

Para isso, devemos informar o potencial de geração de oportunidade de trabalho


no meio rural, a qualidade nutricional dos alimentos, o respeito ao meio ambiente, a ausência
ou a menor incidência de conservantes e agrotóxicos, além de todos os cuidados na higiene
durante a produção. O consumo de alimentos mais naturais, artesanais e mais acessíveis aos
consumidores ajudará a criação coletiva de uma estratégia de segurança alimentar. Sem
dúvida esta construção coletiva ajudará a ampliar o espaço das agroindústrias territoriais no
mercado.

Há várias maneiras de comunicar-se e educar com os consumidores, dentre


muitas:

Ø contato direto dos agricultores familiares com os consumidores;

Ø usar uma sinalização ou uma mensagem nas embalagens dos produtos;

Ø distribuição de panfletos nos pontos de vendas, nas ruas etc;

Ø promover os produtos nos mercados e outros pontos de vendas.

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6.2.2.5. Aspectos legais do projeto

Na seqüência é apresentada alguma informação que serve de base para a


discussão dos aspectos legais que envolvem a agroindustrialização da produção agrícola
familiar.

6.2.2.5.1. Legalização ambiental

Ver a Resolução Nº 385 do CONAMA de 27 de dezembro de 2007. Esta


resolução estabelece procedimentos a serem adotados para o licenciamento ambiental de
agroindústrias de pequeno porte.

6.2.2.5.2. Legalização tributária fiscal

De forma resumida pode-se dizer que a legalização tributária -fiscal será


necessária em 2 momentos: Para legalizar do ponto de vista sanitário.

Em geral exige-se que o estabelecimento possua um Cadastro Nacional de Pessoa


Jurídica - CNPJ. Para viabilizar a comercialização formal dos produtos originários da
agroindustrialização.

Na seqüência são apresentadas rapidamente algumas alternativas que podem ser


utilizadas pelos agroindustrias familiares e suas organizações.

6.2.2.5.3. Cooperativa

A Cooperativa trata-se da alternativa mais viável, pois possibilita a formalização


do empreendimento nos órgãos sanitários e permite a comercialização dos produtos com nota
da Cooperativa. Como limitação apresenta o fato de ter a exigência de ter no mínimo 20
sócios, limitando assim sua utilização para grupos menores.

6.2.2.5.4. Empresa e micro-empresa

A microempresa permite que a agroindústria seja registrada do ponto de vista


sanitário e tributário fiscal, no entanto apresenta algumas limitações, pois descaracterizam o
agricultor da condição de agricultor familiar, enquadrando-o como empresário. Nesta
condição o agricultor perde a condição de segurado especial do INSS.

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Atividades de Aprendizagem

1. Para melhor aprendizado dos seus estudantes, divida a sala em grupos e


peça que os mesmos realizem as seguintes atividades:
a. Os grupos de estudantes devem realizar as etapas de seu projeto
agroindustrial, de acordo com as necessidades do produto:
b. Para finalizar a disciplina cada grupo deve apresentar o seu projeto
agroindustrial, em forma de slides ou maquete:

Material de Apoio

 Projeto agroindustrial de Laticínios:


https://www.youtube.com/watch?v=FGQBBxSGpDA
 Agroindústria familiar:
https://www.youtube.com/watch?v=ZOHjy5VWWgk

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REFERÊNCIAS

BALLOU, Ronald. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.

CAMAROTTO, Marcio Roberto. Gestão de Atacado e Varejo. Curitiba: Iesd Brasil S.A,

2009.

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2009.

CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. São Paulo, McGraw-Hill do

Brasil, 2000.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Vendas: Uma abordagem introdutória. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Vendas: Uma abordagem introdutória. Rio

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KWASNICKA, E. L. Introdução à administração. São Paulo, Atlas, 2000.

LONGENECKER, J. G. Introdução à administração: uma abordagem comportamental.

São Paulo, Atlas, 1999.

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2009.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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