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SUMÁRIO

CURSO – AGRICULTOR ORGÂNICO E PRÁTICA EM


COMPOSTAGEM RURAL

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................05
AGRICULTURA ....................................................................................................................06
Sistemas Agrícolas ...................................................................................................................06
TIPOS DE AGRICULTURA .................................................................................................07
AGRICULTURA MODERNA ..............................................................................................08
O que é Agricultura Moderna? .................................................................................................10
Agricultura Digital ...................................................................................................................11
Novidades que Revolucionaram a Produção Agrícola .............................................................12
Vantagens e Desvantagens .......................................................................................................14
Desafios da Agricultura Digital ................................................................................................14
USO DE AGROTOXICO NA AGRICULTURA .................................................................15
Histórico dos Agrotóxicos ........................................................................................................15
Tipos de Agrotóxicos ...............................................................................................................16
Classificação dos Agrotóxicos .................................................................................................16
Vantagens e Desvantagens .......................................................................................................17
Agrotóxicos e Meio Ambiente .................................................................................................18
Agrotóxicos e Apicultura .........................................................................................................18
Efeitos Sobre o Comportamento das Abelhas ..........................................................................19
Pulverização Aérea ...................................................................................................................20
Agrotóxicos no Brasil ..............................................................................................................20
Agrotóxicos nos Alimentos ......................................................................................................22
Doenças Causadas por Agrotóxicos .........................................................................................23
AGRICULTURA FAMILIAR ...............................................................................................24
Conceito ...................................................................................................................................24
Histórico ..................................................................................................................................24
Características ..........................................................................................................................26
Base legal .................................................................................................................................27

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O PNAE e a Agricultura Familiar ............................................................................................28
Importância da Agricultura Familiar ........................................................................................29
AGRICULTURA ORGÂNICA .............................................................................................29
O Solo ......................................................................................................................................29
Composição do Solo ................................................................................................................30
Importância do Solo .................................................................................................................30
Poluição do Solo ......................................................................................................................31
Características da Agricultura Orgânica ...................................................................................31
Vantagens da Agricultura Orgânica ..........................................................................................32
Desvantagens da Agricultura Orgânica ....................................................................................32
Agricultura Orgânica no Brasil ................................................................................................33
Alimentos Orgânicos ................................................................................................................33
Importância dos Alimentos Orgânicos .....................................................................................34
CERTIFICAR PARA AGREGAR VALOR .........................................................................35
Como ter uma produção Orgânica ...........................................................................................37
Registros e Certificações ..........................................................................................................37
Novos Produtos e Técnicas para Agregar Valores ...................................................................38
PRÁTICA DE COMPOSTAGEM ........................................................................................38
Compostagem – o que é? .........................................................................................................38
Por que fazer a Compostagem? ................................................................................................40
Condições necessárias para Realização da Compostagem ......................................................41
Material adequado para o processo de Compostagem .............................................................41
Vantagens do Uso da Compostagem ........................................................................................42
Como fazer a Compostagem ....................................................................................................42
Dicas Importantes ....................................................................................................................43
Qual o Tempo da Compostagem ..............................................................................................43
Fatores que Influenciam no Processo .......................................................................................44
Onde Aplicar o Composto ........................................................................................................45
Macro e Micronutrientes do Solo .............................................................................................46
INTEGRANDO COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM ..................................48
Compostagem ...........................................................................................................................48
Vermicompostagem ..................................................................................................................49

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Espécies de Minhocas ..............................................................................................................49
Substratos para Vermicompostagem ........................................................................................49
Tipos de Canteiros ....................................................................................................................51
Canteiro para Coleta de Bio-fertilizante ..................................................................................52
Manejo Durante a Vermicompostagem ....................................................................................52
Separação das Minhocas e do Vermicomposto ........................................................................53
Reciclagem das Minhocas ........................................................................................................54
REFERÊNCIAS......................................................................................................................56
LINKS DE ACESSO ...............................................................................................................57

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CURSO – AGRICULTOR ORGÂNICO E PRÁTICA EM
COMPOSTAGEM RURAL

INTRODUÇÃO

A agricultura orgânica, também chamada de biológica, é um tipo de agricultura


alternativa que tem por finalidade a oferta de produtos saudáveis, priorizando a qualidade do
alimento. É realizada por meio de técnicas específicas que contrapõem a utilização de
agrotóxicos e fertilizantes em todas as fases do processo.
A terminologia teve origem na década de 20, enfatizando a importância de produzir
alimentos sadios que possibilitassem benefícios à saúde. Com isso, apresentava como questão
fundamental a não utilização de agrotóxicos. Essas condições despertaram na população a
conscientização para o consumo de alimentos mais saudáveis, relacionados a agroecologia.
A agroecologia discute a integração entre princípios agronômicos, ecológicos e
socioeconômicos sobre sistemas agrícolas, diminuindo a dependência externa no que diz
respeito aos produtos químicos e energia, o que resulta em produção sustentável. Neste contexto
está inserida a agricultura orgânica, que evita o uso de fertilizantes e agrotóxicos, utilizando
recursos da própria unidade para manter a produção, tendo como exemplos a rotação de cultura,
o uso de esterco de animais e uso dos resíduos da lavoura (Altieri,
2004).
Além da busca por alimentos saudáveis e seu consumo, pode-se também citar como
causa do aumento da produção orgânica a dificuldade de permanência dos trabalhadores no
ambiente rural em virtude da competitividade de mercado e da rentabilidade baixa do cultivo
convencional (Campanhola e Valarini, 2001), fazendo com que o produtor encontre na
agricultura orgânica uma alternativa para sua continuidade no meio rural. As políticas de
incentivo ao consumo de produtos orgânicos têm estimulado a permanência dos agricultores
familiares. Uma dessas políticas é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que
incentiva a compra de produtos dos agricultores locais com certificado orgânico ou
agroecológico (Brasil, 2015).
Conforme apontam Alencar et al. (2013), a utilização de agrotóxicos no Brasil ainda é
elevada, e sua aplicação muitas vezes é realizada de forma incorreta, não respeitando o período
de carência do produto, gerando um residual ainda maior de agrotóxicos nos alimentos e no
meio ambiente.

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AGRICULTURA

A agricultura é uma atividade econômica pautada no sistema de cultivo e de produção


de vegetais, voltada para o consumo humano. Essa atividade é muito antiga, marcada no
momento que o homem, de vida nômade, decide fixar-se num local e cultivar a terra. A palavra
"agricultura" vem do latim, composta pelos termos “agru” que significa “terra cultivada ou
cultivável” e “colere" (cultura), que corresponde a "cultivo".

Desde a colonização a agricultura foi a principal atividade econômica para a produção


de alimentos no país. Até os dias atuais, o Brasil é um dos líderes no ranking de produção de
alimentos através da agricultura, sendo um dos maiores produtores do mundo.

Os produtos mais produzidos no Brasil são: cana de açúcar, soja, café, laranja, cacau,
milho, arroz, trigo e algodão. É inegável que a atividade agrícola gera alguns problemas
ambientais desde as queimadas para a preparação do terreno, o que acarreta na diminuição de
espécies vegetais e animais,
desequilibrando o ecossistema. Além disso,
problemas como a contaminação do solo,
destruição da biodiversidade, das florestas e
erosão do solo, são alguns dos impactos
ambientais causados por esse tipo de
atividade.
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/07/01/veja-perspectivas-para-os-principais-produtos-agricolas-na-safra-201920.ghtml

Sistemas Agrícolas

Sistemas agrícolas são classificações utilizadas para a produção agrícola e pecuária. Há


dois sistemas, o intensivo e o extensivo. Para definir se o sistema agrícola é intensivo ou
extensivo são considerados os pontos da produção em qualquer tamanho de propriedade. O
sistema é revelado por resultados como a produtividade por hectare e o investimento na
produção.

Sistema Intensivo – No modelo da agricultura brasileira, o sistema intensivo é o mais


praticado. Por ele, são aplicadas técnicas modernas de previsão que englobam o preparo do
solo, a forma de cultivo e a colheita. A produtividade não está somente no rendimento obtido
direto do solo, mas do seu redimensionamento para resultar na maior produção possível por
metro quadrado (a chamada produtividade média por hectare). A alta produtividade, grandes
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extensões de terra (latifúndios), utilização de técnicas modernas e mecanização também são
características desse sistema.

No período de colheita, as perdas são equacionadas para que atinjam o mínimo. O


mesmo vale para o armazenamento. Esse sistema é criticado porque agride o meio ambiente
por conta de fatos como: desmatamento para implantação de monoculturas ou pasto, uso de
agrotóxicos, erosão e empobrecimento do solo após sucessivos plantios.

Sistema Extensivo – O sistema extensivo é o que menos agride o meio ambiente. É o


sistema tradicional em que são utilizadas técnicas simples que garantem a recuperação do solo
e a produção em baixa escala. Em geral, o sistema extensivo é usado pelo modelo denominado
agricultura familiar e pela agricultura orgânica. No primeiro, a produção é destinada à
subsistência e somente o excedente é vendido. Há o uso de agrotóxicos, mas em baixa escala.
Já o modelo de agricultura orgânica dispensa o uso de agrotóxicos, privilegia alimentos
saudáveis e permite a exploração racional do solo. Também são características desse sistema a
baixa produtividade e as propriedades com pequenas extensões de terra (minifúndios).

TIPOS DE AGRICULTURA

1. Agricultura de Subsistência – Também chamada de “agricultura tradicional”,


a agricultura de subsistência é marcada por uma economia agrícola fechada, de
autoconsumo. O cultivo é baseado na policultura e realizado a partir de técnicas
simples em pequenas propriedades e sem auxílio de máquinas ou de processo de
adubagem. Dessa maneira, os
pequenos produtores ficam
encarregados de cuidar,
cultivar e colher os
alimentos.
https://www.todamateria.com.br/agricultura-de-
subsistencia/

2. Agricultura Comercial – Chamada de "agricultura moderna" ou de mercado,


nesse tipo de atividade pratica-se a monocultura (cultivo de um tipo de
alimento). Está voltada essencialmente, para a comercialização dos produtos
cultivados, sendo produzida em larga escala, executada em grandes propriedades

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com a utilização de substâncias, como adubos, fertilizantes químicos,
agrotóxicos e inseticidas. Além de utilizar técnicas modernas de cultivo,
manipulação genética de sementes e máquinas, utilizam mão-de-obra
especializada, como engenheiros, agrônomos e técnicos agrícolas.
3. Agricultura Orgânica (Biológica) – Surgida no século XX, a agricultura
orgânica, chamada de “cultivo verde”, visa, principalmente, o equilíbrio
ambiental e o desenvolvimento social dos produtores. Está intimamente
relacionada ao desenvolvimento sustentável. Dessa forma, os alimentos
orgânicos são cultivados por meio de um controle biológico de pragas. Técnicas
de baixo impacto ambiental são
utilizadas nesse sistema, como a
rotação de culturas, uso de adubo
verde (biológico) e compostagem de
matéria orgânica. Designaremos um
capítulo exclusivo a esse tipo de
agricultura. https://www.revistarural.com.br/2019/04/15/insumos-para-agricultura-organica/

4. Permacultura – Designa o
processo agrícola integrado ao meio ambiente que envolve a produção de plantas
semi permanentes e permanentes, considerando, sobretudo, os aspectos
energéticos e paisagísticos.

AGRICULTURA MODERNA

A trajetória da agricultura mundial teve grandes avanços com a Revolução Industrial,


no Século XIX, mas deu um salto mesmo no início do Século XX, quando surgiram os primeiros
tratores, permitindo ao produtor mecanizar vários manejos no campo. Além do uso de veículos
para transportar os alimentos produzidos até o mercado consumidor.

A agricultura intensiva ou agricultura convencional ou ainda agricultura moderna é uma


ramificação do Agronegócio. Esse termo foi definido em 1957, por Davis e Goldberg, dois
pesquisadores e professores americanos, onde reconheceram que não era mais adequado
analisar a economia nos padrões clássicos, com setores disjuntos que fabricavam insumos,
processavam os produtos e os comercializavam. Diante disso, o agronegócio foi, então,

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definido como o conjunto de empresas que produzem insumos agrícolas, as propriedades rurais,
as empresas de processamento e toda a distribuição.

O tempo passou e surgiram os defensivos, produtos desenvolvidos para apoiar no


controle de pragas, daninhas e doenças. Outro impulso para a produtividade do campo foram
os conhecimentos de fertilidade do solo e de técnicas para torná-lo mais produtivo. Nascia a
Agricultura 2.0.

Entre os anos de 1980 e 1990, o nível tecnológico no campo subiu mais um degrau, com
a chegada do GPS, permitindo detectar e manejar variações dentro de um mesmo espaço
produtivo (a chamada agricultura de precisão), e do conceito de sustentabilidade. Importantes
características da Agricultura 3.0.

Após este longo processo de evolução das tecnologias no campo, o Século XXI marcou
a chegada de um novo período na história da produção agrícola mundial, conhecida como
Agricultura 4.0. Também chamada de agricultura digital, essa fase da agricultura tem início por
volta de 2010 e possui alto uso de tecnologia e inovação, possibilitando ao produtor
tomar decisões mais assertivas na gestão da lavoura a partir de dados gerados no dia a dia da
fazenda.

No cenário atual, o que mostra a evolução do mercado agrícola é a crescente


implantação de sistemas agroindustriais pois permitiu-se a integração de capitais agrícolas,
comercial, industrial e financeiro. Com tudo isso, a agricultura tradicional foi transformada.
Profissionais especializados nas diversas atividades do setor agroindustrial começaram a surgir.
A preocupação dos empresários com a gestão administrativa e econômicas aumentaram e as
perspectivas de lucro se desenvolveram em decorrência do controle e formação do preço dos
produtos.

Hoje, o termo agricultura perde forças em referência às atividades de plantio, colheita e


produção de animais. O conceito de agronegócio tem como objetivo dar amplitude ao termo
agricultura, para antes da porteira e pós-porteira em todas as suas relações jurídicas
representativas de desdobramentos econômicos. E disso tudo que nasce a expressão
“agricultura moderna”.

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O que é Agricultura Moderna?

Diferentemente do modelo tradicional, a agricultura moderna utiliza diferentes


tecnologias para aumentar a produtividade e melhorar a gestão da propriedade. Para isso, esse
tipo de agricultura recorre a vários recursos, tais como GPS e automatização do maquinário,
softwares de gestão, defensivos agrícolas, biotecnologia, entre outros recursos. Em função
dessas características, esse modelo agrícola é mais complexo e estruturado do que a
agricultura tradicional. Como consequência, exige investimentos e mão de obra especializada.
Mas não é só isso. Um estudo publicado na revista científica Research for Rural
Development listou as características que podem descrever a agricultura moderna. A seguir,
algumas delas:

• Utiliza máquinas e equipamentos agrícolas, assim como tecnologia e estrutura


modernas;

• Introduz diferentes inovações;

• Tem lavouras com elevada produtividade;

• Busca aprimorar continuamente suas práticas para elevar a produção, aumentando a


disponibilidade de alimentos para a sociedade e a rentabilidade da fazenda;

• Utiliza práticas agrícolas e manejos avançados, muitas vezes desenvolvidos por


órgãos de pesquisa;

• Em sua grande maioria, é constituída por profissionais que estão sempre em busca
de aprendizado e desenvolvimento de habilidades, participando de eventos e se
mantendo antenados às inovações;

• Atende diferentes nichos e mercados;

• É responsável por uma produção de alta qualidade e elevado valor agregado;

• Agricultores são rápidos para agir e estão dispostos a investir em novos manejos,
ferramentas tecnológicas e insumos;

• Gera muitos empregos localmente e ativa uma cadeia de fornecedores;


• Tem visão de longo prazo.

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Agricultura Digital
https://blog.conectaragro.com.br/5-dicas-p-implementar-agricultura-digital/

Introduzida mais ou menos em 2010/2011, a


agricultura Digital chegou ao Brasil,
oficialmente, em 2017 por meio de
plataformas de integração de dados e dos
avanços nos estudos na área da agricultura
moderna. Essa agricultura, também
conhecida como Agricultura 4.0, é um
conjunto de tecnologias digitais que de forma integrada e avançadas apoiam agricultores a
tomarem decisões assertivas e baseadas em dados. São desenvolvidas através de softwares que
otimizam o desempenho da cadeia produtiva em todas as fases do cultivo, do plantio até a
colheita.

De acordo com o Ministério da Agricultura, a agricultura digital ou 4.0, contribui para


as inovações e integrações de dados do agronegócio para ajudar os produtores rurais através de
tecnologias de análise de dados, sensoriamento remoto, inteligência artificial, machine learning,
big data, entre outras, que aumentam a produtividade.

A agricultura de precisão considera a aplicação de insumos nas áreas que apresentam


maior potencial produtivo. Um exemplo: podemos utilizar dados georreferenciados para o uso
da agricultura de precisão. Esses dados são obtidos com ferramentas de agricultura digital,
como mapas, imagens de satélite, fotografias, sensores, câmeras e demais hardwares e softwares
que contribuem para o acompanhamento da lavoura. Portanto, tudo aquilo que agrega mais
precisão e otimiza recursos para convergir em maior produtividade e sustentabilidade com o
uso da tecnologia, pode ser classificado como agricultura de precisão. Assim, todas as
ferramentas digitais que produzem dados para ajudar na tomada de decisão entram no universo
da agricultura digital.

A sistematização das safras através da agricultura digital foi o marco da agricultura


moderna. Quando a demanda mundial por alimentos começou a crescer, as famílias que sempre
representaram a base da agricultura deram início a busca por maquinários e tecnologias para o
campo que pudessem facilitar o manejo e intensificar a sua produção na lavoura. Os sistemas
de produção começaram a surgir e a agricultura intensiva, ou seja, aquela que exige mais

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insumos, ganhou o seu espaço, exigindo um apoio da ciência para impulsionar as tecnologias
na lavoura e no desenvolvimento de ferramentas que pudessem contribuir para os produtores
rurais em suas etapas produtivas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) alertou,


nos últimos anos, que, em 2050, o mundo terá mais de 9 bilhões de habitantes e que, para
atender à demanda dessa população por alimentos, será necessário produzir até 70% a mais de
grãos, frutas, verduras e cereais, a fim de nutrir todos os países. Nesse contexto, a agricultura
digital no Brasil, passa a ter um papel importante, já que o país é um dos maiores produtores
mundiais de grãos e de carnes.

Para se ter uma ideia, de acordo com o levantamento do IBGE – Instituto Brasileira de
Geografia e Estatística divulgado em julho de 2021, o País retomou o posto de maior produtor
de soja do planeta e colheu um recorde de mais 247 milhões de toneladas do grão na safra do
ano passado.

Novidades que Revolucionaram a Produção Agrícola

Nos últimos 5 anos, a Agricultura 4.0 melhorou a eficiência produtiva; melhorou a


lucratividade do produtor e melhorou a eficiência ambiental. Ela veio não só para melhorar o
olhar agronômico, mas também para proporcionar aos produtores e seus consultores um
trabalho mais assertivo, muito mais responsável tecnicamente e muito mais responsável
ambientalmente. Ela melhorou o que a agricultura de precisão já vinha fazendo, que é entender
a variabilidade do solo e, a partir disso, evoluir e compreender o cenário da planta dentro do
sistema produtivo.

Inegavelmente a agricultura digital é uma quebra de paradigma, ela nos proporciona


fazer uma pesquisa reversa e se concentra na planta. Por exemplo, se a planta responde bem e
é produtiva, o que ela está recebendo para isso, ou, ao contrário, se seu desenvolvimento vai
mal, o que ela está recebendo para isso.

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A Agricultura Digital é revolucionária e não tem volta. É imprescindível confiar na
pesquisa. Na área médica, por exemplo, isso é feito muito bem, nenhum diagnóstico é dado sem

tecnologia. Portanto, por que não usar essa premissa na agricultura?


https://www.agroplanning.com.br/2020/09/17/pesquisa-aponta-crescimento-do-mercado-de-agricultura-de-precisao-em-828-para-os-proximos-5-anos/

A Agricultura de Precisão não conseguiu integrar as informações colhidas nas operações


agrícolas. O marco histórico dentro da tecnificação da agricultura brasileira foi em 2017
quando foi lançada a agricultura digital no País. Embora isso não tenha sido ainda registrado
em publicações. Até então, havia muita especulação, mas não tinha concretamente como
integrar as camadas de dados. O produtor precisava de uma ferramenta que entregasse
resultado a ele. Havia um desejo de que a plataforma entregasse realmente aquilo que ela
estava prometendo, mas ela tem feito mais do que isso, ela está evoluindo muito.
Infelizmente, a média nacional está por volta de 50 a 52 sacos de soja, mas, olhando as áreas
que usam a tecnologia na agricultura 4.0, elas conseguiram ter um salto produtivo de 10 a 15
sacos de soja por hectare. É disso que o Brasil precisa.

O grande produtor sabe da importância e adota a agricultura digital. Agora é necessário


levar as plataformas ao menor e ao médio produtor. A agricultura digital 4.0 não é só para as
grandes áreas e grandes volumes de produção como muitos ainda pensam, muito pelo contrário,
há inúmeras soluções de mercado, como mapas e imagens de satélite, aplicativos de
monitoramento, serviços de plataformas como da Sensix, IBRA, Farmbox, Taranis, entre
outras, que atendem o produtor que tem entre um e mil hectares.
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O grande gargalo produtivo não está na grande propriedade, mas, sim, na média e na
pequena. A Agricultura Digital proporcionará a integração do pequeno e médio produtor à
tecnologia.

Vantagens e Desvantagens

As vantagens da agricultura digital refletem no desempenho do campo através da


otimização de processos, redução de custos e no aumento da produtividade na lavoura. Por
outro lado, a agricultura digital tem desvantagens como o custo da implantação de sistemas,
adequação de máquinas agrícolas, e a falta de produtores qualificados para a operação.

Com o crescimento da população, é natural que tudo se atualize conforme o tempo vai
passando. Novos hábitos alimentares e o aumento da demanda por alimentos faz com que o
agronegócio impulsionado pelo agro digital, aprimorem os seus processos através dos
benefícios que as tecnologias 4.0 oferece para a agricultura, reduzindo custos, otimizando
métodos e aumentando a eficiência da qualidade na produção do campo com o apoio da
inteligência computacional das plataformas digitais.

Desafios da Agricultura Digital

Alguns desafios do Agro 4.0 são previstos para o produtor, que precisa se adequar às
ferramentas da agricultura digital que necessitam de conexão com internet para coletar e
processar dados e apoiar na tomada de decisão do dia a dia na lavoura. Nesse cenário, é
importante lembrar que devido às particularidades e desafios de um país tropical quanto ao
clima, incidência de pragas e doenças, a percepção de assertividade no manejo e aumento da
produtividade por área fez com que a percepção de que o manejo poderia ser mais eficiente
evoluísse.

No início deste século, entidades de pesquisa e a iniciativa privada, junto aos produtores
rurais brasileiros, investiram no desenvolvimento de ferramentas que tinham o
georreferenciamento como base operacional. O principal objetivo foi o de produzir mais por
hectare. A Agricultura de Precisão chegou, então, aos campos, oferecendo ferramentas de
automação que customizariam a produção em cada área agricultável, otimizando a utilização
de insumos. As particularidades de cada ponto da lavoura passaram a ser consideradas, e não
mais a lavoura como um todo. Surgiu ali, também, a aplicação por taxa variável.
Conforme mencionado acima, de acordo com as projeções das Organizações das Nações
Unidas (ONU), até 2050 a população mundial deve alcançar quase 10 bilhões de pessoas. Por
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isso, haverá o aumento da demanda por alimentos e o crescimento da pressão sobre os recursos
naturais. Para completar, ainda existe uma grande preocupação com as variações climáticas,
incêndios, seca ou excesso de chuva, entre outros problemas ambientais.

Diante disso, todo o setor agrícola terá que se preparar e se adaptar a esse novo mundo.
E as mudanças devem começar agora. No caso da agricultura moderna, estratégias de
sustentabilidade ligadas ao agronegócio já são uma realidade. Contudo, ainda precisam ser
adotadas por mais agricultores.

No que diz respeito à desafios, até mesmo a agricultura tradicional terá que se adaptar.
Tipos de cultivo baseados em manejos mais sustentáveis, incluindo técnicas e conceitos
de agroecologia, agricultura orgânica e biodinâmica, por exemplo, devem ser expandidos.

Além disso, será necessária uma ampla campanha educativa por todo o país. Dessa
forma, será mais fácil instruir, conscientizar e ajudar o produtor a fazer essa transição e
desenvolver uma produção mais sustentável. Lembrando que não importa o tipo de agricultura
adotada ou o tamanho da sua propriedade, todos terão que se adaptar a esse mundo mais
sustentável.

USO DE AGROTÓXICO NA AGRICULTURA

Não há como falar de agricultura convencional, tradicional e orgânica, sem tratar de


tema tão relevante para a agricultura como a questão dos agrotóxicos.

Os agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas ou agroquímicos, são substâncias


químicas sintéticas utilizadas para matar pragas, insetos, bactérias, fungos e outras plantas.

O uso desses produtos na agricultura se torna muito importante visto que impedem
danos nas plantações. Porém, é importante destacar que eles são tóxicos e venenosos.

História dos Agrotóxicos

Os agrotóxicos foram desenvolvidos em meados do século XIX pelo químico austríaco


Othmar Zeidler (1850-1911). No entanto, suas propriedades pesticidas foram descobertas
somente no século XX, em 1939. Na Segunda Guerra Mundial, eles foram empregados para
evitar a proliferação de doenças causadas por insetos, sobretudo a malária, pois ela afetava
grande parte da população de soldados. Mais tarde, essas substâncias passaram a ser utilizadas

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na agricultura visto o resultado que causavam em pragas, insetos e plantas chamadas de
“daninhas”.

Tipos de Agrotóxicos

Os principais tipos de agrotóxicos utilizados são:

• Inseticidas: usados para controlar os insetos e pragas das plantações. Exemplos:


fosfato de alumínio e arsenato de cálcio.

• Herbicidas: utilizados para matar as plantas que são consideradas danosas para as
plantações. Exemplos: arsenito de sódio e cloreto de sódio.

• Fumigantes: usadas para controlar as bactérias do solo que podem afetar as plantações.
Exemplos: brometo de metila e cloropicrina.

• Fungicidas: usados para controlar os fungos que crescem em locais de plantio.


Exemplos: acetato de fenilmercúrio e ciclo-hexamida.

• Acaricidas: usados para controlar os ácaros. Exemplos: Dicofol e Tetradifon.

• Nematicidas: utilizados para controlar nematoides. Exemplos: Diclofention e


Fensulfotion.

• Formicidas: usados no combate às formigas. Exemplos: Citromax e Maldrex.

Classificação dos Agrotóxicos

A classificação mais comum dos agrotóxicos é em relação aos efeitos causados na saúde,
distribuídos entre números de I a IV, sendo I altamente tóxico e IV pouco tóxico.

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https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/

Esse enquadramento é realizado com testes em laboratórios, com dosagens dos


agrotóxicos expostas a animais para que seja estabelecida qual dosagem é letal.

Outra forma de classificá-los é em relação à periculosidade ambiental, distinguidos em


classes também de I a IV, sendo I altamente perigoso ao meio ambiente e IV como pouco
perigoso. Para chegar a essa classificação são analisadas as composições dos agrotóxicos,
propriedades físico-químicas e interação com o ambiente.

Vantagens e Desvantagens

A principal vantagem do uso desses produtos é o controle de doenças e pragas. Dessa


forma, o resultado apresentado é a colaboração com o aumento da produtividade dos produtos
cultivados.

Outra vantagem é em relação ao preço dos produtos cultivados com agrotóxicos, que se
apresentam menor no mercado. Os alimentos cultivados sem agrotóxicos são classificados
como orgânicos.

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Em relação às desvantagens, os agrotóxicos causam o desequilíbrio ambiental e ainda,
o desenvolvimento de diversas doenças.

Agrotóxicos e Meio Ambiente

O uso dos agrotóxicos polui diretamente o solo, as águas e ainda, pode causar estragos
irreversíveis para o meio ambiente. Isso implica no desequilíbrio dos ecossistemas, seja da
fauna ou da flora. Abaixo, esquema do movimento dos agrotóxicos em ecossistemas.

https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/

Agrotóxico e Apicultura

A polinização é um dos principais mecanismos de manutenção da biodiversidade. É o


primeiro passo no processo reprodutivo das plantas superiores, essencial para quase todos os
sistemas produtivos terrestres. A maioria dos ecossistemas, incluindo os agroecossistemas,
depende da diversidade de polinizadores para manter a biodiversidade global (FAO, 2010;
KEVAN, 1999). As abelhas são os principais agentes polinizadores responsáveis por polinizar
mais de 70% das angiospermas e cerca de um terço das culturas agrícolas. São os mais
importantes polinizadores para a agricultura, que fornecem alimento para mais de 176 países.

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Do total de agrotóxicos consumidos no Brasil, cerca de 30% são inseticidas e, desses,
aproximadamente 40% são considerados tóxicos para as abelhas (FREITAS; PINHEIRO, 2010;
INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS, 2010).

A preocupação com a crescente demanda por substâncias químicas nas culturas


agrícolas, fez com que várias organizações ao redor do mundo se mobilizassem e procurassem
criar metodologias padronizadas para o estudo dos efeitos dessas substâncias sobre as abelhas.

Efeitos Sobre o Comportamento das Abelhas

Em suas doses letais, a maioria dos inseticidas exerce seus efeitos tóxicos nos insetos
através de alterações na fisiologia do sistema nervoso, levando à morte por hiperexcitação ou
paralisação das atividades. Os agrotóxicos, além do efeito de toxicidade que leva à morte, em
baixas concentrações causam efeitos subletais, originando alterações cognitivas que
desencadearão prejuízos na manutenção da colônia. Redução da movimentação e da
mobilidade, diminuição da capacidade de comunicação e de aprendizagem, dificuldades de
retorno à colônia, dificuldades no comportamento de forrageamento e na polinização foram
observados em abelhas tratadas com doses subletais de inseticidas (BORTOLLI et al., 2003;
DECOURTYE et al., 2005)

É de extrema importância identificar o alcance dos agrotóxicos no ambiente e entender


o impacto que os mesmos têm sobre a diversidade dos polinizadores e, consequentemente, sobre
o processo de polinização. O uso indiscriminado e irracional de agrotóxicos está submetendo
os polinizadores a situações de estresse severo, que pode gerar prejuízos econômicos, fato
evidenciado pela constante queda da densidade de abelhas nos arredores dos campos agrícolas
em várias partes do mundo.

O uso indiscriminado de inseticidas neonicotinóides já foi admitido como uma das


causas prováveis da Desordem do Colapso das Colônias (CCD), fenômeno pelo qual as abelhas
não retornam para os enxames. Porém, novos estudos apontam que herbicidas e fungicidas
também podem contribuir para o desaparecimento das abelhas porque esses agrotóxicos podem
provocar desordem no comportamento regular e, consequentemente, a morte delas.

Mesmo em baixos níveis de concentração, os agrotóxicos podem resultar em efeitos


letais, sendo crescente o registro de morte de enxames após pulverização aérea em áreas de
monocultivos de soja, cana-de-açúcar, laranja, algodão, dentre outros.

19
É importante o criador de abelhas fazer observações e ficar atento aos seguintes
comportamentos do enxame que podem representar intoxicação por agrotóxicos: abelhas
mortas no entorno das caixas; redução no número de postura; diminuição da atividade de
forrageamento; defensividade em excesso, incapacidade de substituição da rainha; mortandade
e má formação das larvas.

Pulverização Aérea

A pulverização aérea pode representar a forma mais nociva dos agrotóxicos ao meio
ambiente e à saúde humana, principalmente quando estes não são aplicados conforme preveem
as normas de utilização do produto, causando a deriva de suas gotas que são transportadas pelo
vento para longas distâncias, inclusive atingindo áreas habitadas. A deriva dos agrotóxicos por
pulverização aérea ocorre em função da
temperatura, da velocidade do vento, da
umidade do ar e da altura do voo. Portanto,
altas temperaturas, ventos fortes e baixa
umidade do ar estão diretamente relacionados à
deriva de agrotóxicos. Nesse sentido,
recomenda-se que os horários de aplicação
sejam no início da manhã ou no final da tarde.
https://www.al.ce.gov.br/index.php/ultimas-noticias/item/60230-04-01-2016-bd01

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece que os


rótulos devam informar quais são as condições climáticas ideais para pulverização aérea de
cada produto individualmente. Entretanto, de modo geral, as empresas de aviação agrícola
determinam que as aplicações devam obedecer aos seguintes parâmetros: temperatura máxima:
30°C; umidade relativa mínima: 50% e velocidade do vento máxima: 10 km/h.

Agrotóxicos no Brasil

No Brasil, o registro de agrotóxicos é regulado pelo Ministério da Agricultura e pela


Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Infelizmente, O uso dos agrotóxicos no país
apresenta um crescimento expressivo nos últimos anos.

Dados do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e conexões com a União


Europeia de 2017, trazem informações aterrorizantes quanto ao uso de agrotóxicos em nosso
país. Na distribuição por Região, foram contabilizados o uso de: 334.628 toneladas no Centro-
20
Oeste, 244.911 no Sul, 188.512 no Sudeste, 101.460 no Nordeste e 28.271 no Norte,
totalizando quase 900 mil toneladas de agrotóxicos e fazendo com que o Brasil se torne o maior
consumidor do planeta, superando o então líder mundial, os Estados Unidos.

Dos produtos cultivados e que apresentam alta concentração de agrotóxicos, destacam-


se legumes, verduras e frutas como: pimentão, uva, pepino, morango, alface, cenoura, etc.

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que o Brasil é o maior
consumidor desses produtos no mundo, desde 2008.

Embora seja um negócio gigantesco e lucrativo, atualmente existem outras


possibilidades, como adubos e agrotóxicos de origem orgânica. Isso explica o crescimento do
mercado de “produtos orgânicos”, pois eles não utilizam agrotóxicos, mas sim, inseticidas de
origem orgânica.

A lei responsável pelo uso dos agrotóxicos no Brasil é a Lei Federal nº 7.802 que foi
proposta em 1989. Segundo ela:

“Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou


biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento dos produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos
seres vivos considerados nocivos.”

https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/

21
Agrotóxicos nos Alimentos

Uma vez sendo produtos utilizados diretamente nos sistemas agrícolas, os agrotóxicos
permanecem nos alimentos, mesmo depois de lavados. Portanto, nós ingerimos grande parte
dessas substâncias. Observe que o consumo contínuo desses produtos acarreta distúrbios e
diversas doenças.

https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/

O país ainda tem um grande problema com a falta de fiscalização, seja pela quantidade
permitida ou ainda, pela venda ilegal desses produtos. Os resíduos de agrotóxicos em alimentos
é uma preocupação relacionada com o uso de agrotóxicos. A qualidade dos alimentos é avaliada
e monitorada pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA).

A principal função do PARA é assegurar que a quantidade de agrotóxicos utilizada nos


alimentos esteja de acordo com o Limite Máximo de Resíduo (LMR) permitido.

22
https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/

Doenças Causadas por Agrotóxicos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são registradas 20 mil mortes por ano
devido o consumo de agrotóxicos.

A intoxicação por agrotóxicos pode gerar diversas doenças, das quais se destacam:

• Câncer e paralisia;

• Problemas neurológicos e cognitivos;

• Dificuldades respiratórias;

• Irritações na pele e alergias;

• Aborto e má formação do feto.

Vale lembrar que os trabalhadores rurais sofrem demasiado com os agrotóxicos. Isso
porque eles manuseiam esses produtos e, na maior parte das vezes, sem proteção adequada.

23
AGRICULTURA FAMILIAR

Para realizar um curso de produção de frutas e hortaliças é imprescindível falar da


Agricultura Familiar – suas conquistas, seus desafios, peculiaridades e potencialidades.
Vivemos numa região onde não existe o agronegócio e praticamente toda a produção de
alimentos é realizada por famílias ou pequenos empreendimentos de produção.

Conceito

A Agricultura Familiar é um tipo de agricultura que está voltada para a sobrevivência


de um grupo e que envolve o trabalho de pequenos produtores e seus familiares em lavouras.

Essa cultura conhecida em algumas regiões como de subsistência, é muito comum em


locais pequenos e mesmo entre familiares que plantam diversos alimentos para o consumo
próprio. Vale ressaltar que além da agricultura em si, essa atividade também envolve a criação
de animais (bois, vacas, porcos, galinhas, etc.)

É um tipo de agricultura desenvolvida em pequenas propriedades rurais e recebe o nome


de Agricultura Familiar, porque é realizada por grupos de famílias (pequenos agricultores e
alguns empregados). A colheita dos produtos serve de alimentos para eles e ainda, para o
consumo de parte da população.

Importante ressaltar que a agricultura familiar é de grande relevância para garantir a


segurança alimentar e nutricional da população brasileira, uma vez que é responsável por 70%
dos alimentos consumidos no país. Destaca-se ainda o importante papel desempenhado pela AF
na luta global contra a fome que atinge “mais de 800 milhões de pessoas no mundo, que não
têm acesso à alimentação saudável e nutricional”, como reconhece a própria ONU.

Histórico

A Organização das Nações Unidas,


através da FAO – Organização para
Alimentação e Agricultura (FAO), divulgou
uma nova pesquisa sobre o crescimento da
agricultura familiar na produção de alimentos
no mundo. Segundo os dados, pequenas
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/06/29/para-acabar-com-fome-

fazendas familiares produzem cerca de 35% e-poluir-menos-agricultura-deve-aumentar-produtividade-em-28percent-na-proxima-


decada.ghtml

dos alimentos do mundo.

24
No entanto, existem diferenças entre países e regiões. Enquanto na China esses
produtores fornecem 80% dos alimentos, em países como Brasil e Nigéria essa marca não chega
a 10%.

A nova pesquisa traz estimativas sobre o tamanho das fazendas: cerca de 70% de todas
as propriedades rurais têm menos de um hectare (10 mil m2) e operam em apenas 7% de todas
as terras agrícolas. Outros 14% de propriedades que controlam 4% das terras, possuem entre
um e dois hectares, e outros 10% de todas as fazendas, com 6% da terra, têm entre dois e cinco
hectares. Enquanto isso, apenas 1% das fazendas do mundo possuem mais de 50 hectares,
operando mais de 70% das terras agrícolas do mundo. E quase 40% das terras agrícolas são
encontradas em fazendas com mais de 1000 hectares.

No Brasil, a agricultura familiar está presente em quase 85% das propriedades rurais do
país. Cerca de metade desse percentual está concentrado na região nordestina. O Nordeste é
responsável por cerca de 1/3 da produção total. No entanto, as dificuldades enfrentadas por
esses pequenos agricultores e a expansão do agronegócio tem levado a inúmeros problemas de
ordem social e econômica. A mecanização, por exemplo, é um fator determinante e que tem
levado ao êxodo rural de diversas famílias. Ela tem diminuído consideravelmente as taxas de
emprego no campo.

https://www.todamateria.com.br/agricultura-familiar/

Sem muitas perspectivas, infraestrutura e imensa desigualdade social, as famílias se


veem obrigadas a abandonar o campo em busca de melhores condições nas cidades. Isso gera
também um “inchaço” nos grandes centros e consequentemente, a marginalização de muitas
25
pessoas. Além da mecanização, o agronegócio apresenta um modelo de produção baseado
sobretudo, no lucro. Assim, o uso de agrotóxicos e a monocultura em grandes propriedades têm
sido agravantes para os problemas das famílias que residem no campo. Entretanto, a resistência
das muitas famílias ainda tem sido essencial para diminuir o impacto ambiental causado pelos
sistemas modernos.

Características

A principal característica da agricultura familiar está associada à policultura, ou seja, o


plantio de diversos tipos de produtos. Isso explica o fato de em todos os biomas do país, se
encontrar produtos que são comercializados
pela agricultura familiar. Destacam-se as
frutas, legumes, verduras e animais, sendo
que os principais são o milho, café,
mandioca, feijão, arroz, trigo, leite, carne
suína, bovina e de aves, além da fruticultura
e horticultura.
https://www.fenata.com.br/site/index.php/noticias-gerais/596-agricultura-
familiar-do-brasil-e-8-maior-produtora-de-alimentos-do-mundo
Outra característica marcante é o fato de que ela é realizada por pequenos produtores
que consomem o que é produzido e o excedente é vendido na localidade, em comércios da
região ou em cooperativas do ramo agropecuário ou de consumo.

Abaixo outras características desse formato de agricultura:

• Produção baixa e limitada;

• Finalidade principal é suprir as necessidades alimentares de um grupo;

• Uso de métodos simples, tradicionais e sem muita tecnologia tais como: trator,
arado, enxada, máquina plantadeira manual, etc.;

• Preferência pela policultura (cultivo de produtos distintos);

• Produtos sem agrotóxicos (mais saudáveis);

• Principais produtos cultivados: grãos, frutas, hortaliças.

Visto priorizar práticas tradicionais de cultivo e de baixo impacto ambiental, a


agricultura familiar tem sido grande aliada da sustentabilidade e da responsabilidade

26
socioambiental. De tal modo, ela adota práticas de cultivo mais sustentáveis com a produção de
alimentos orgânicos. No entanto, o avanço da mecanização tem sido um agravante para o meio
ambiente, as populações e ainda, a fauna e flora do local. O uso de agrotóxicos e o
desmatamento para o cultivo de produtos (como a soja, por exemplo) tem causado grande
impacto ambiental em diversos ecossistemas.

Poluição, empobrecimento do solo e desertificação tem sido gerado pelo sistema atual
do agronegócio. Gradualmente, ele tem dominado o cenário de agricultura no país e
desestabilizado e afetado diretamente o ambiente. Portanto, programas e projetos do Governo
Federal têm sido primordiais para atuar na resistência das famílias, colaborando com a
qualidade de vida dessas pessoas, e sobretudo dos produtos cultivados em menor escala.
Destacam-se o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar),
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa Garantia Safra.

Base legal

Em 2006, a Lei n.º 11 326 foi considerada um avanço na definição de políticas públicas
para o setor. Ela define as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura
Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Dentre outras coisas, estabelece conceitos,
princípios e diretrizes para a criação de uma política nacional consistente e eficiente ligada a
agricultura familiar e aos empreendimentos familiares rurais. Vejamos um trecho da referida
Lei:

Art. 4: A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares


Rurais observará, dentre outros, os seguintes princípios:
I - descentralização;
II - sustentabilidade ambiental, social e econômica;
III - equidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gênero, geração
e etnia;
IV - participação dos agricultores familiares na formulação e implementação da
política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.
Outra decisão governamental importantíssima para a valorização da Agricultura
Familiar no Brasil, foi a utilização do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para
potencializar a produção e comercialização oriundos desse setor produtivo. Este programa tem
como objetivo:

Garantir a alimentação escolar dos milhares de alunos da rede


pública do país; estimular o crescimento biopsicossocial, a
aprendizagem, o rendimento escolar e a formação dos hábitos
alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação
alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as

27
suas necessidades nutricionais durante o período letivo. Art. 4º da
Lei11.947, de 16 de junho de 2009.

O PNAE e a Agricultura Familiar

Ressaltar inicialmente que o governo federal repassa, a estados, municípios e escolas


federais, valores financeiros de caráter suplementar efetuados em 10 parcelas mensais (de
fevereiro a novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de matriculados
em cada rede de ensino. O PNAE é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por
meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público.

Atualmente, o valor repassado pela União a estados e municípios por dia letivo para
cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino:

• Creches: R$ 1,07
• Pré-escola: R$ 0,53
• Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64
• Ensino fundamental e médio: R$ 0,36
• Educação de jovens e adultos: R$ 0,32
• Ensino integral: R$ 1,07
• Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 2,00
• Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no
contraturno: R$ 0,53

O repasse é feito diretamente aos estados e municípios, com base no Censo Escolar
realizado no ano anterior ao do atendimento. O Programa é acompanhado e fiscalizado
diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), pelo
FNDE, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e
pelo Ministério Público.

A referida Lei, determina que no mínimo 30% do valor repassado a estados, municípios
e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), deve ser utilizado para a compra de
gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou
de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades
28
tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas. A aquisição dos produtos da Agricultura
Familiar poderá ser realizada por meio da Chamada Pública, dispensando-se, nesse caso, o
procedimento licitatório.

Vale destacar que a aquisição da agricultura familiar para a alimentação escolar está
regulamentada pela Resolução CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013, atualizada pela
Resolução CD/FNDE nº 04, de 2 de abril de 2015, que dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do PNAE. Com base na
Resolução supracitada, a Coordenação Geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar –
CGPAE/FNDE elaborou o Manual de Aquisição de Produtos da Agricultura Familiar para a
Alimentação Escolar.

Importância da Agricultura Familiar

A agricultura Familiar no Brasil é uma atividade muito importante para o sustento de


diversas famílias que vivem na cidade e na zona rural. Dados apontam que cerca de 70% dos
alimentos consumidos no Brasil são fruto da agricultura familiar. Vale frisar que, nesse
processo, técnicas de cultivo e extrativismo que englobam práticas tradicionais e conhecimento
popular estão presentes. Além disso, as famílias vivem da venda de produtos que plantam.
Portanto, a agricultura é uma importante fonte de renda familiar, a qual surge do trabalho em
equipe realizado no campo. A AF colabora para a geração de renda e emprego no campo e ainda,
melhora o nível de sustentabilidade das atividades no setor agrícola. Sendo assim, a qualidade
dos produtos é superior aos outros convencionais.

AGRICULTURA ORGÂNICA
O Solo
Para quem pretende ser um agricultor orgânico, deverá ter como premissa compreender
a importância do solo para a vida humana em todos os aspectos possíveis.

O solo corresponde a camada superficial da crosta terrestre, sendo muito importante


para o desenvolvimento da vida na terra, visto que dele retiramos os alimentos necessários para
nossa sobrevivência.

Utilizamos o solo não somente para a produção da alimentação, mas também como
matéria prima para diversas construções. Além disso, o solo possui importantes funções, desde
o armazenamento e escoamento e infiltração da água na superfície, sendo um componente

29
fundamental para o desenvolvimento de diversos ecossistemas. Por esse motivo, o manejo
adequado e a preservação do solo tornam-se tarefas essenciais, já que é um recurso natural não
renovável, ou seja, é limitado, e a exploração desenfreada pode acarretar muitos problemas
futuros.

Muita gente não sabe, as escolas não valorizam, mas a Lei Federal 7867, de 13 de
novembro de 1989, implementou no Brasil o “Dia Nacional da Conservação Solo” que é
comemorado todo dia 15 de abril. A data alerta para a importância desse recurso tão importante
para o desenvolvimento da vida na Terra, assim como a água, o ar, a fauna e a flora.

Composição do Solo

O solo é um complexo composto de minerais e matéria orgânica oriundo de um lento


processo decorrente da degradação de rochas e da decomposição de diversos animais e plantas.

Existem diversos tipos de solo, resultantes da ação de elementos como a água, o clima e o
relevo. Ele está classificado em:

• Solo Arenoso;
• Solo Argiloso;
• Solo Orgânico.

Importância do Solo

Na Vida Humana – o solo participa quase que inteiramente, pois dele retiramos os
alimentos necessários para nossa sobrevivência. Além disso, utilizamos esse recurso na
construção civil, ou seja, na construção de casas, edifícios, dentre outros.

Para os Animais – tanto quanto para os seres humanos, o solo é um recurso muito
importante de desenvolvimento, pois é dele que eles retiram os alimentos para sobreviverem.

Para a Agricultura – o solo é fundamental na composição do ecossistema terrestre, pois


é dele que as plantas retiram todos os nutrientes necessários para se desenvolverem. O tipo de
solo é muito importante para as plantações e o desenvolvimento da agricultura. Nesse sentido,
não são todos os solos que auxiliam na reprodução de plantas. Isso porque há solos pobres de
nutrientes, os quais impedem o desenvolvimento da flora.

Para melhorar os problemas ambientais causados no solo, a produção sustentável de


alimentos através da agricultura biológica ou orgânica tem sido uma boa alternativa.

30
Os alimentos orgânicos são produzidos pela ausência de produtos químicos
(agrotóxicos, inseticidas, adubos químicos). Já vimos anteriormente que o sistema de
agricultura mais utilizado (o convencional) afeta não somente o solo, empobrecendo-o, mas
também podem gerar diversas doenças nos seres humanos.

Poluição do Solo

A poluição do solo pode ocorrer de diversas maneiras, sendo que a ação humana tem
sido um importante fator de degradação.

As queimadas, o desmatamento, o desenvolvimento de pastos (para animais) ou


plantações e a contaminação dos recursos hídricos (água) geram diversos problemas
ambientais, como a erosão, que afeta diretamente o solo, desequilibrando os ecossistemas.

Algumas medidas importantes devem ser tomadas. Exemplo:

• Diminuição de queimadas e do uso de agrotóxicos na agricultura;


• Reflorestamento de determinadas zonas;
• Não jogar lixo e produtos químicos (geralmente causado pelas indústrias) em locais
inapropriados;
• Fazer a separação dos resíduos segundo a coleta seletiva.

Características da Agricultura Orgânica

A agricultura orgânica diversifica os produtos cultivados com o intuito de garantir o


equilíbrio ambiental, sobretudo do solo. Além disso, utiliza técnicas de baixo impacto ambiental
com foco na sustentabilidade e na conservação dos recursos naturais, enquanto a agricultura
mecanizada possui o foco na alta produção e utiliza produtos tóxicos nas plantações para
acelerar o processo de cultivo.

Em resumo, as principais características da agricultura orgânica são:

• Viabiliza a conservação e fertilidade do solo, garantindo o equilíbrio ambiental;


• Minimiza o impacto sobre o meio ambiente;
• Otimiza o uso dos recursos naturais, garantindo a sustentabilidade ecológica;
• Agrega valor aos Alimentos Orgânicos;
• Elimina o uso de Agrotóxicos.

31
Vantagens da Agricultura Orgânica

As principais vantagens da agricultura orgânica são:

• Preservação dos recursos naturais;

• Minimiza o impacto sobre o meio e garante a sustentabilidade ecológica;

• Produção de alimentos saudáveis e de maior qualidade;

• Sustentabilidade e baixo impacto ambiental;

• Manutenção da biodiversidade;

• Uso de adubos naturais (compostagem, minhocultura, etc.);

• Rotatividade de culturas (policultura);

• Solo saudável e rico em nutrientes;

• Utilização de energias renováveis.

Desvantagens da Agricultura Orgânica

As principais desvantagens da agricultura orgânica são:

• Mais dispendiosa e demorada;

• Menor produção, se comparada a agricultura tradicional;

• Impacto ambiental com o uso pesticidas e agrotóxicos de origem orgânica;

• Produtos mais caros que os convencionais.

https://www.todamateria.com.br/agricultura-organica/

32
Agricultura Orgânica no Brasil

Na década de 70 surgiram os primeiros movimentos de agricultura alternativa que se


posicionaram contrários ao projeto de modernização da agricultura tradicional fomentada pelas
políticas públicas do governo. Esse movimento ficou conhecido como Revolução Verde e
visavam proporcionar profundas mudanças no processo tradicional de trabalho agrícola, bem
como no impacto sobre o meio ambiente e à saúde humana.

No Brasil, um grande motivador e usuário da agricultura orgânica são as famílias e


grupos organizados praticantes da agricultura familiar. Como falado anteriormente, esse
formato de agricultura é a base da economia de muitas comunidades no interior do Brasil,
especialmente na Região Nordeste. Por apresentar metodologia de plantio e colheita similar,
esse sistema de produção familiar se interligou intimamente à agricultura orgânica.

O desenvolvimento da agricultura orgânica no modelo familiar representa a base da


economia de 90% dos municípios brasileiros, sendo responsável pela renda de 40% da
população economicamente ativa do país.

No Brasil, as atividades pertinentes ao desenvolvimento da agricultura orgânica foram


aprovadas pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. No entanto, sua regulamentação
ocorreu em 27 de dezembro de 2007 com a publicação do Decreto Nº 6.323.

Alimentos Orgânicos

Os Alimentos Orgânicos são aqueles alimentos cultivados de maneira sustentável


mediante a agricultura biológica (ou orgânica). Esse sistema não utiliza agrotóxicos, adubos
químicos, aditivos sintéticos,
antibióticos, hormônios, nem
técnicas de engenharia
alimentar. Para registrar, as
técnicas de engenharia são
desenvolvidas nos alimentos
geneticamente modificados,
os conhecidos alimentos
transgênicos.

https://www.portaldoagronegocio.com.br/ecologia/organico/noticias/consumo-de-alimentos-organicos-cresce-mais-de-50-no-brasil

33
Em outras palavras e deixando bem claro, os alimentos orgânicos são aqueles que estão
isentos de produtos químicos, ou seja, de insumos artificiais. Isto porque, a agricultura
orgânica trabalha de modo sustentável, ou seja, respeitando as leis da natureza e prioriza
técnicas ecológicas mais justas tanto para o ser-humano, quanto para o meio ambiente.

Na agricultura orgânica, diversos métodos naturais são usados para enriquecer o solo
(adubação verde e orgânica), bem como combater as pragas e doenças nas plantações. De modo
que não são utilizados produtos químicos (agrotóxicos) ou fertilizantes sintéticos, preservando
assim, o solo e os lençóis freáticos. Esse tipo de agricultura reduz o impacto do aquecimento
global no mundo, uma vez que os sistemas orgânicos retêm uma quantidade maior de carbono
no solo.

Importância dos Alimentos Orgânicos

A saúde do ser humano é a grande questão sobre a importância do consumo dos


alimentos orgânicos, essenciais para o desenvolvimento saudável do corpo. Eles são cultivados
da maneira mais natural, deixando o alimento mais rico em nutrientes.

Atualmente, o consumo de alimentos orgânicos tem aumentado consideravelmente. Isso


porque a sociedade contemporânea tem buscado substituir uma alimentação carente de
nutrientes ao buscar nos alimentos mais saúde, qualidade de vida e bem-estar. Estudos já
comprovaram que uma alimentação balanceada e rica em nutrientes traz muitos benefícios ao
corpo, aliada à prática regular de exercícios físicos. Nesse contexto, fica claro que não basta
incluir frutas, legumes e verduras no cardápio. Muitos alimentos desse gênero não estão fora da
lista de produtos perigosos para a alimentação humana, em função do uso exagerado de
agrotóxicos, os quais geram diversos problemas futuros de saúde.

Os alimentos vegetais e animais oferecidos nos supermercados também podem


apresentar substâncias nocivas ao ser humano. Nessa lista, estão também incluídos os alimentos
industrializados (repletos de corantes, estabilizantes, conservantes. No caso dos vegetais, o
crescimento das plantações é intensificado pelo uso dos agrotóxicos (para espantar as diversas
pragas das imensas plantações). Nos animais, o uso de hormônios e antibióticos aceleram o
processo de crescimento, beneficiando o lucro das empresas que produzem esse tipo de
alimento.

34
Infelizmente, questão recai sobre a saúde do ser humano, que fica à mercê das empresas
preocupadas principalmente com o lucro e não com a qualidade dos alimentos comercializados.
O veneno pulverizado nas plantas, ou os hormônios ingeridos pelos animais, permanecem
retidos nos alimentos que serão processados pelo nosso corpo.

Os alimentos orgânicos além de respeitarem o meio ambiente protegendo o planeta e as futuras


gerações, colaboram com uma alimentação mais saudável. Oferecem produtos mais saborosos,
ricos em nutrientes (maior teor de vitaminas e minerais) e livres de produtos químicos.

Eles são produzidos em menor escala (em relação aos alimentos convencionais) e
demoram mais tempo para crescerem. As técnicas de cultivo ou criação de animais encarecem
muito os custos de produção. Por isso, poderia ser considerada uma desvantagem para quem
consome os alimentos orgânicos, o preço mais elevado dos produtos oferecidos. Todavia, esta
desvantagem é apenas aparente, pois os benefícios à saúde e ao meio ambiente faz toda a
compensação.

Para quem tem espaço em casa, uma boa alternativa é fazer uma horta e cultivar seus
próprios alimentos, livre de agrotóxicos e outras substâncias nocivas ao corpo.

Atualmente existem diversos tipos de alimentos orgânicos oferecidos pelo mercado:


frutas, verduras, legumes, carne, leite, ovos, cereais, dentre outros. O aumento do número de
feiras orgânicas no Brasil e no mundo tem demonstrado a importância da alimentação na vida
do ser humano.

Atenção: Segundo a legislação, os alimentos orgânicos devem apresentam selo de


certificação.

CERTIFICACAR PARA AGREGAR VALOR

Os produtos orgânicos certificados são geralmente mais caros do que os convencionais,


por várias razões, tais como: o fornecimento destes alimentos é limitado em relação à demanda
por eles; os custos de produção tendem a serem maiores, porque eles exigem mais trabalho por
unidade de produção; o manuseio pós-colheita de quantidades relativamente pequenas desses
alimentos têm um custo mais elevado especialmente durante o processamento e transporte; e, a
cadeia de comercialização e distribuição de produtos orgânicos é um tanto ineficiente e os
custos são mais elevados, porque são relativamente distribuídos pequenos volumes. Portanto,
com o aumento da demanda por alimentos orgânicos, as inovações tecnológicas e economias

35
de escala devem reduzir os custos de produção, transformação, distribuição e comercialização
de produtos orgânicos, tornando-os mais acessíveis.

Os produtos orgânicos vêm ganhando grande popularidade por duas razões principais.
Em primeiro lugar, o consumidor percebe como alimentos saudáveis os livres de pesticidas e
fertilizantes. Em segundo lugar, eles contribuem para a preservação do meio ambiente.

Os princípios agroecológicos da produção de alimentos orgânicos contemplam o uso


saudável e responsável do solo, do ar, da água e dos demais recursos naturais, evitando a
contaminação e desperdícios desses elementos e contribuindo para o desenvolvimento
sustentável (NEVES, 2012).

Outro motivo que demonstra valer a pena o agricultor apostar na produção de orgânicos,
é que os consumidores estão cada vez mais interessados em sustentabilidade e em alimentos
mais saudáveis. E estão dispostos a pagar mais por esses diferenciais. Ou seja, os consumidores
que optam por consumir os orgânicos, não levam em consideração o preço mais alto em relação
aos produtos convencionais, haja vista que acreditam ser um investimento na saúde, pois ao
consumirem os produtos orgânicos estarão contribuindo para a saúde pessoal e para a melhoria
do planeta (NEVES, 2012).

Mais ainda, o Brasil está se consolidando como um grande produtor e exportador de


alimentos orgânicos, com mais de 25 mil propriedades certificadas, 75% delas pertencentes a
agricultores familiares, o que demonstra ser um mercado em franca expansão e motivador para
quem deseja iniciar.

É destaque interessante o fato de que apoio à produção orgânica está presente em


diversas ações do governo brasileiro e governos estaduais, que oferecem desde linhas de
financiamento especiais para o setor, como financiamento e incentiva a projetos de transição de
lavouras tradicionais para a produção orgânica.

Como Ter uma Produção Orgânica

Uma produção é considerada orgânica quando não utiliza fertilizantes sintéticos,


agrotóxicos, reguladores de crescimento, aditivos sintéticos, organismos geneticamente
modificados ou radiações ionizantes em nenhuma das fases do processo produtivo.

O manejo na agricultura orgânica valoriza o uso eficiente dos recursos naturais não
renováveis, bem como o aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos

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biológicos alinhados à biodiversidade, ao meio ambiente, ao desenvolvimento econômico e à
qualidade de vida humana. Esta prática agrícola preocupa-se com a saúde dos seres humanos,
dos animais, das plantas e do solo, tendo como modelo de produção a adoção de técnicas
integradoras pouco agressivas ao meio ambiente e a aposta na diversidade de culturas.

Registros e Certificações

O registro formal dos produtos para a comercialização além das fronteiras do município,
estado ou país, é fundamental diante das exigências legais e da clientela. Além do registro
básico, a obtenção de selos e certificações de qualidade, denominação de origem e de alimento
orgânico garantem acesso a determinados nichos de mercado dispostos a pagar mais pela
garantia de qualidade e procedência.

Os procedimentos de certificação, apesar de importantes e benéficos aos consumidores,


por vezes, dificultavam a comercialização dos produtos orgânicos pelos pequenos produtores.
Para minimizar o problema, o governo brasileiro autorizou três mecanismos distintos para
certificação de orgânicos. Dois exigem a aplicação de um selo padronizado nacionalmente, mas
há um terceiro mecanismo de controle que não exige a aplicação dele, viabilizando a venda
direta do agricultor familiar para o consumidor final, desde que ele esteja vinculado a uma
Organização de Controle Social (OCS).

A Organização de Controle Social pode ser formada por um grupo, associação,


cooperativa ou consórcio, com ou sem personalidade jurídica, de agricultores familiares
organizados e cadastrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Independentemente do mecanismo de certificação, todos os produtos deverão ser
cadastrados junto ao Mapa.

Outro avanço na legislação brasileira que beneficia o setor de agricultura orgânica é a


norma que facilita o registro de insumos para alimentos orgânicos, também chamados de
produtos fitossanitários. A nova norma foi publicada em 25 de maio de 2012 no Diário Oficial
da União (instrução Normativa Conjunta no 1), assinada por Ministério da Agricultura,
ANVISA e IBAMA.

Nesse sentido, trona-se fundamental expor que em alguns territórios de Identidade da


Bahia já é possível obter a certificação de produtos oriundos da agricultura familiar, através de
Selos de Inspeção Municipal ou de Inspeção Territorial.

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Novos Produtos e Técnicas para Agregar Valor

O desenvolvimento de novos produtos, embalagens diferenciadas e a confecção de


material para divulgação impressa e digital são também uma boa estratégia de diferenciação.

Bom lembrar que uma tendência mundial são os negócios verdes, ou seja, os empreendimentos
sustentáveis que tenham atividades de produção e distribuição baseadas em um
desenvolvimento socioambiental que promova melhorias nas comunidades e a sustentabilidade
das presentes e futuras gerações.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que o número de agricultores com


certificação orgânica triplicou nos últimos dez anos. Além disso, observou-se o crescimento do
Comércio Justo e Solidário nos EUA e na Europa. Isso demonstra que a tendência é a
valorização da produção e do consumo sustentável.

PRÁTICA DE COMPOSTAGEM

Compostagem – O que é?

A compostagem é um processo natural de decomposição da matéria orgânica de origem


animal ou vegetal. Na propriedade rural, a compostagem pode ser um processo de grande
importância econômica, pois resíduos como esterco dos animais, palhas, folhas de árvores e
outros resíduos orgânicos são reciclados, transformando-se em fertilizantes ou húmus.

O processo de compostagem
https://souresiduozero.com.br/2020/05/serie-compostagem-o-que-e-compostagem-institucional/
envolve transformações muito
complexas de natureza biológica e
química, promovidas por uma grande
variedade de microrganismos como
fungos e bactérias que vivem no solo.
Esses organismos obtêm, a partir da
degradação da matéria orgânica, o
carbono e os demais nutrientes
minerais, necessários para a sua
sobrevivência. Além desses compostos químicos, os microrganismos também necessitam de

38
condições ideais de temperatura, umidade, disponibilidade de CO 2 e O2, que são desenvolvidas
naturalmente durante o processo. Os microrganismos provenientes do solo e dos restos vegetais
e animais, presentes durante a compostagem, liberam substâncias e compostos com
propriedades que melhoram o rendimento das culturas agrícolas, pelo fornecimento de
nutrientes às plantas e, ao mesmo tempo, promovem a melhoria das condições químicas, físicas
e biológicas do solo.

O resultado final da compostagem é o composto orgânico, que pode


ser aplicado no solo para melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente.

A técnica da compostagem é desenvolvida com a finalidade de acelerar com qualidade


a estabilização da matéria orgânica. Como resultados da compostagem, são gerados dois
importantes componentes para o solo: sais minerais, como nutrientes para as raízes das plantas
e húmus, como condicionador e melhorador das propriedades físicas, físico-químicas e
biológicas do solo. O composto possui nutrientes minerais, tais como nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Todos esses minerais são assimilados em maior
quantidade pelas raízes, além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são absorvidos
em quantidades menores e, por isso, são denominados de micronutrientes.

Em geral, os fertilizantes
orgânicos são constituídos por
uma diversidade de nutrientes,
pois se originam também de uma
grande variedade de resíduos
animais e vegetais. Outra grande
https://summitagro.estadao.com.br/noticias-do-campo/fertilizantes-organicos-sao-alternativa-para-a-crise/
vantagem dos compostos de
origem orgânica é a de que seus nutrientes, ao contrário do que ocorre com os adubos sintéticos,
são liberados lentamente para o solo. Essa é uma característica interessante, pois as plantas
absorvem os nutrientes de que precisam, de acordo com as suas necessidades, ao longo de um
tempo maior. Assim, as plantas não são bem nutridas quando recebem adubos sintéticos, pois
estes são muito solúveis Seus nutrientes, em grande parte, são solubilizados rapidamente e
arrastados pelas águas da irrigação e, principalmente, das chuvas. Portanto, nesse caso, as
plantas têm pouco tempo para absorver os nutrientes dos adubos sintéticos.

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Por que fazer a Compostagem

O aumento populacional tem feito com que a demanda por alimentos seja cada vez
maior; portanto, o homem tem procurado aumentar a produção de alimentos. A criação de
animais (gado e aves) para a produção de leite, ovos e carnes e todos os seus derivados tem
aumentado muito no Brasil. No entanto, essas atividades agropecuárias geram grande
quantidade de restos culturais, resíduos agroindustriais e dejetos de animais, os quais se não
forem reciclados, provocam sérios problemas de poluição ambiental.

A Região Sul do Brasil caracteriza-se pela criação intensiva de frangos e outras aves de
corte. Durante o período de crescimento e engorda, as aves são mantidas em galpões, cujo
assoalho é coberto por uma camada espessa de serragem, chamada “cama de aviário”, que serve
de suporte para até seis lotes de frangos. Portanto, a cama permanece no galpão por
aproximadamente 300 dias e transforma-se, no final desse período, em um material rico em
nutrientes, principalmente nitrogênio, além de outros provenientes das excretas e dos restos de
ração.

Comumente esse material, quando retirado dos galpões, é levado ao campo e aí


permanece armazenado. Como nem sempre isso ocorre de maneira adequada, o material fica
sujeito às intempéries, o que pode ocasionar a perda de material, provocada pela solubilização
e lixiviação dos nutrientes solúveis. Além do manejo inadequado da “cama de aviário”, observa-
se o contínuo aumento da produção desse resíduo, o que pode provocar impacto ambiental,
desde que a velocidade de sua geração seja bem maior que sua velocidade de degradação.

https://www.cpt.com.br/cursos-medicina-veterinaria/artigos/compostagem-de-cama-de-aviario-aprenda-a-fazer

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Outro aspecto relevante desse tipo de esterco é o fato da sua aplicação diretamente sobre
o solo, sem prévia compostagem. Essa condição favorece o desenvolvimento de populações de
microrganismos, algumas vezes indesejáveis, que irão consumir os nutrientes disponíveis na
matéria orgânica, diminuindo as reservas nutritivas para as plantas, além de representar
contaminação para as águas, através do carreamento de partículas minerais e orgânicas de solo
com altas concentrações de nutrientes.

Esse fato contraria os principais objetivos da compostagem que são: 1) reduzir a


quantidade de resíduos produzidos nas produções agrícolas; 2) consequentemente diminuir
a poluição ambiental. Portanto, o composto tem a vantagem de ser um fertilizante natural.

A cama de aviário não compostada é um dos principais resíduos utilizados de maneira


imprópria na agricultura. O aumento de resíduos sólidos e líquidos, proveniente da produção
de bovinos no rebanho brasileiro, constitui um problema de ordem ambiental.

Condições Necessárias para Realização da Compostagem

O local escolhido para fazer a compostagem deve: ser de fácil acesso; estar próximo de
onde está armazenado o material palhoso, que será usado em grande quantidade; estar próximo
a uma fonte de água, uma vez que o material será molhado à medida que as camadas vão sendo
colocadas e também quando o material será revolvido, o que acontecerá várias vezes durante o
processo de compostagem; estar em local com baixa declividade, até 5%, para facilitar o
preparo e o manejo da pilha de composto, mas que permita drenagem da água da chuva.

Atenção: Locais de baixada, suscetíveis a encharcamentos, devem ser evitados. O composto


pode ser feito em campo aberto, em chão batido, sendo desnecessário piso cimentado.

Material adequado para o processo de compostagem

Todos os restos de lavouras e capineiras, estercos de animais, aparas de grama, folhas,


galhos, resíduos de agroindústrias, como: restos de abatedouros, cama de aviário, tortas e
farinha de ossos podem ser usados. Quase todo material de origem animal ou vegetal pode
entrar na produção do composto.

Importante: Os materiais que não devem ser usados para fazer compostagem são os seguintes:
madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas, vidro, metal, óleo, tinta, couro,
plástico.

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Vantagens do Uso da Compostagem

• Aumento da saúde do solo - a matéria orgânica compostada se liga às partículas


do solo (areia, limo e argila), ajudando na retenção da água e drenagem do solo
e melhorando sua aeração;
• Redução da erosão do solo - a matéria orgânica compostada aumenta a
capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
• Redução de doenças de plantas - o composto aumenta a população de minhocas,
insetos e microrganismos desejáveis, estabelecendo um equilíbrio entre as
populações e a planta hospedeira;
• Manutenção da temperatura e estabilização do pH do solo - O composto favorece
a atividade biológica no solo”;
• Ativação da vida do solo - o composto favorece a reprodução de microrganismos
benéficos às culturas agrícolas;
• Aproveitamento agrícola da matéria orgânica - a compostagem diminui a perda
econômica ou aumenta o lucro na propriedade rural;
• Processo ambientalmente seguro - a compostagem dos resíduos orgânicos reduz
o impacto e a poluição no ambiente;
• Degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal - na palha in natura
existem substâncias responsáveis pela inibição do crescimento vegetal, que são
degradadas durante a compostagem;
• Economia de tratamento de efluentes - o composto se solubiliza lentamente e é
absorvido pelas plantas, não sendo carregado para o lençol freático;
• Redução do odor - depois de compostados os dejetos animais não geram mais
odor.

Como Fazer a Compostagem

A montagem das pilhas deve obedecer à seguinte sequência:

1. Distribuir uma camada de palha e/ou capim no solo com 20 centímetros de altura
e 1,8 a 2,0 metros de largura ou mais, podendo o comprimento variar de acordo
com a quantidade de material a ser compostado;
2. Molhar bem antes de colocar outros materiais em cima;

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3. Misturar e umedecer os materiais a serem compostados: para cada 1m3 de
materiais (0,5 m3 de dejetos sólidos e 0,5 m3 de palhadas);
4. Formar a pilha até 1,20 m a 1,50 m de altura, com a mistura umedecida a 60%
(ao apertar a massa do composto com a mão não deve escorrer água);
5. Cobrir com palhada seca a pilha pronta, para manter a umidade e a temperatura.

Dicas Importantes

a. a forma e o tamanho da pilha de compostagem influenciam a velocidade da


compostagem, pelo efeito que têm sobre o arejamento e a dissipação do calor
da pilha;
b. o tamanho ideal da pilha pode ser variável. O volume de 1,5 m x 1,5 m x 1,5
m tem sido considerado bom para materiais diversos. Em locais muito frios,
pode ser preferível pilhas mais altas que 1,5 m.

Qual o Tempo da Compostagem

O tempo para decomposição da matéria orgânica depende de vários fatores. Quanto


maior for o controle das condições da temperatura e umidade mais rápido será o processo. Se
as necessidades nutricionais da pilha ou leira forem satisfatórias, os materiais adicionados de
pequenas dimensões, mantida a umidade adequada e a pilha revolvida todas as semanas, o
composto será estabilizado dentro de 30 a 60 dias, e curado entre 90 a 120 dias. Após este
período estará pronto para ser utilizado.

Percebe-se que o composto está pronto quando:


não ocorre perda de água; é de cor escura; está
solto e com cheiro de terra; esfrega entre as
mãos e elas não se sujam.

https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/cartilha-agricultores-compostagem.pdf

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Fatores que Influenciam no Processo

1. Umidade: No processo de decomposição da matéria orgânica, a umidade


garante a atividade microbiana. Isso porque, toda a atividade metabólica e de
reprodução dos microrganismos e dos outros organismos que atuam no processo
de compostagem dependem da água. Uma das maneiras de verificar o teor de
umidade é apertar o composto com as mãos: se o mesmo tiver uma concentração
de água adequada, poderemos sentir a umidade e a agregação do material (Figura
Material úmido (60 %) e agregado);
2. Aeração: O oxigênio é de vital importância para os microrganismos que
realizam a decomposição dos resíduos orgânicos, pois a decomposição é um
processo de oxidação biológica das moléculas ricas em carbono, com liberação
de energia. Essa energia então é consumida pelos organismos, e os nutrientes
liberados são consumidos pelas plantas;
3. Temperatura: Um dos fatores de grande relevância no processo de
transformação da matéria orgânica é a temperatura do ambiente onde se realiza
o processo. Na compostagem de resíduos orgânicos, em montes, ou em
condições controladas, o calor desenvolvido se acumula, e a temperatura pode
chegar à cerca de 80ºC. É desejável que varie de 60oC a 70oC nos primeiros 25
dias de compostagem e depois naturalmente a temperatura diminui. A
temperatura e a umidade podem ser controladas com uma barra de ferro de
construção introduzida na pilha. Esta deve ser retirada diariamente, observando-
se ao ser retirada se:
a. estiver quente e molhada, não há necessidade de molhar a pilha do
composto;
b. caso esteja seca, deve-se molhar bem a pilha, até aparecer água por baixo;
4. Relação C/N: A compostagem consiste em se criar condições e dispor, em local
adequado, as matérias-primas ricas em nutrientes orgânicos e minerais, que
contenham especialmente, relação C:N favorável. A relação carbono e nitrogênio
(C/N) deve ser em torno de 30/1; isso quer dizer que para cada parte de
nitrogênio, na forma de esterco, devem estar presentes 30 partes de carbono na
forma de palhada, para que a compostagem se realize com eficiência;

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5. Tamanho das partículas: As partículas dos materiais não devem ser muito
pequenas, para evitar a compactação durante o processo, comprometendo a
aeração. Por outro lado, resíduos como colmos inteiros retardam a decomposição
por reterem pouca umidade e apresentarem menor superfície de contato com os
microrganismos (exemplo, colmos de milho). Restos de culturas de soja e feijão,
gramas, folhas, por exemplo, podem ser compostados inteiros;
6. Sementes, patógenos e metais pesados na compostagem: A presença de
sementes de plantas invasoras, pragas, patógenos e metais pesados, que
interferem na produção agrícola, são agentes indesejáveis. Esses agentes podem
ser eliminados no início do processo de compostagem mediante cuidados
específicos a cada um deles, obtendo-se um produto final com qualidade, ou seja,
livre desses agentes indesejáveis. Com relação aos patógenos e às sementes de
plantas invasoras, estes podem ser eliminados por meio do processo completo
da compostagem.
https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/cartilha-agricultores-compostagem.pdf

Finalizando, quanto maior for a


diversidade de materiais para a elaboração do
composto, melhor será a qualidade do produto
final em termos nutricionais. Na figura ao
aldo, observa-se a presença de fungos
decompositores da matéria orgânica
(cogumelos), o que demonstra que o processo
de maturação do composto está correndo
dentro do esperado.

Onde Aplicar o Composto

Utiliza-se o composto no solo, como corretivo orgânico, principalmente em solos pobres


em matéria orgânica como os argilosos e arenosos. O fertilizante orgânico pode ser usado em
pomares, hortas, jardins, na agricultura em geral. A aplicação do composto deve ser sobre o solo
antes ou depois do plantio das sementes e mudas.

Veja na tabela abaixo os principais problemas, causas e solução na elaboração de uma


leira de compostagem:

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PROBLEMAS CAUSAS SOLUÇÃO
A temperatura Adicionar material rico
demora a aumentar alta de nitrogênio * em nitrogênio (esterco ou
leguminosas)
Revolver a leira e molhar a
Umidade baixa
com um chuveiro fino
Falta de oxigênio
Revolver a leira
(compactação)
Falta de oxigênio
Revolver a leira
(encharcamento)
Revolver a leira e
adicionar materiais secos
Odor desagradável Umidade em excesso
e porosos, como: folhas
secas, palha.
Revolver a leira e cobrir
Surtos de moscas Pouca condições de
com
sobre a pilha higiene no local
palhada
Geração de chorume Revolver a leira
Cheiro de amônia
Relação C/N imprópria Adequar relação de C/N

Macro e Micronutrientes do Solo


Os macronutrientes – são divididos em dois grupos: primários e secundários. Os
macronutrientes primários são aqueles necessários nas concentrações mais altas: nitrogênio
(N), fósforo (P) e potássio (K). De fato, esses três nutrientes primários são necessários
concentrações maiores do que o total do restante dos macronutrientes juntos.

Os macronutrientes secundários também são necessários para a manutenção da saúde


das plantas, mas em quantidades menores do que os macronutrientes primários. Cálcio (Ca),
magnésio (Mg) e enxofre (S) compreendem os macronutrientes secundários.

Os micronutrientes – também são importantes, no entanto em pequenas quantidades. São


sete essenciais para o desenvolvimento e crescimento das plantas. Mas são necessários apenas
em pequenas quantidades, em comparação com seus macros equivalentes. Os sete
micronutrientes essenciais são:

• Boro (B)

• Zinco (Zn)

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• Ferro (Fe)

• Manganês (Mn)

• Cobre (Cu)

• Molibdênio (Mo)

• Cloro (Cl)

Pelas raízes, para a maior parte dos elementos, as plantas conseguem absorver os
nutrientes e utilizá-los nos seus processos fisiológicos. No entanto, como esse estoque da
“geladeira” vai diminuindo, os agricultores utilizam adubos (fertilizantes) para repor todos os
nutrientes.

Além do sol e da água, o outro elemento fundamental para as plantas viverem bem são
os nutrientes. Geralmente estes nutrientes são absorvidos pela planta diretamente do solo.
Porém, para garantirmos plantas saudáveis e viçosas é sempre importante complementarmos
estes nutrientes através da adubação. A mesma pode ser feita através da adubação orgânica ou
com produtos compostos como os adubos Organominerais da linha FertiGarden ISLA.
Conheça na tabela abaixo os principais nutrientes e suas funções:

https://www.isla.com.br/empresa/como-cultivar--adubacao

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INTEGRANDO COMPOSTAGEM E VERMICOMPOSTAGEM

Compostagem

Os resíduos orgânicos domésticos podem ter muito valor após a compostagem, pois,
após esse processo, os restos de comida, cascas de frutas, papéis, grama, restos de folhagens,
restos de capina, pó de café, etc., podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as
plantas, sem esforço e custo, em um pequeno espaço, melhorando inclusive as condições do
ambiente.

Como exposto anteriormente, a compostagem consiste na primeira etapa para


transformar os resíduos domésticos numa forma mais estável, seguida à
vermicompostagem(veremos a seguir), que além de acelerar o processo final de estabilização
promove melhor aparência ao adubo. Esse adubo orgânico quando adicionado ao solo, melhora
as suas características físico-químicas e biológicas, levando vida ao solo e, solo com vida
produz por mais tempo e com mais qualidade. Esse adubo orgânico poderá ser utilizado para
adubar frutíferas e hortaliças contribuindo para aumentar a produção de alimentos em áreas
urbanas ou rurais, ideal para quem deseja ingressar no mercado de produção de alimentos
orgânicos.

Os resíduos orgânicos sofrem transformações metabólicas desde que fornecidas as


condições de umidade, aeração e microrganismos como bactérias, fungos, actinomicetos,
protozoários, algas, além de larvas, insetos etc., que têm na matéria orgânica in natura sua fonte
de matéria e energia. Como resultado da digestão da matéria orgânica por esses organismos,
ocorre a liberação de nutrientes como N, P, K, Ca e Mg se transformando em nutrientes
minerais. Ou seja, esses elementos, antes imobilizados na forma orgânica, tornam- se
disponíveis para as plantas num processo conhecido como mineralização.

Os microrganismos que realizam a decomposição da matéria orgânica absorvem


carbono (C) e nitrogênio (N), sendo o tempo necessário para que ocorra a decomposição e a
consequente mineralização, governado pela relação entre C e N da matéria-prima. Na Tabela 1
são apresentados exemplos da variação desses elementos em alguns resíduos domésticos. O
teor de N dos resíduos a serem decompostos deve ter teoricamente 1,7%, quando o conteúdo é
inferior a esse valor, o tempo de decomposição será maior (KIEHL, 1985).

A vermicompostagem tem a ver com a inclusão de minhocas no processo de

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compostagem. A quantidade de minhocas inoculadas pode ser em torno de um litro por metro
quadrado. Para facilitar o manejo, a inoculação das minhocas pode ser feita diretamente na pilha
da compostagem. Para assegurar-se de que os resíduos orgânicos estão numa fase em que as
minhocas terão adequada adaptabilidade e não haverá risco de fuga, sugere-se tomar uma
porção desses resíduos e acondicionar em caixas de 1 litro com 20 minhocas e deixar por uma
semana, observando seu comportamento. A adaptação das minhocas é mais rápida com a
utilização de estercos.

Vermicompostagem

A minhocultura ou vermicompostagem começou a se expandir pelo mundo na década


de 70 e, a partir das décadas de 80 e 90, passou a ser alvo de estudos pela comunidade científica.
A minhocultura tem várias aplicações e adapta-se facilmente ao campo e ao meio urbano, tendo
dupla função: produção de húmus e produção de minhocas. A comercialização de ambos os
produtos pode complementar a renda familiar e contribuir para a reciclagem de rejeitos que
poluem o ambiente. Nesse texto, serão apresentados aspectos gerais sobre as características
ecológicas das minhocas utilizadas na minhocultura, bem como relacionados ao manejo dos
resíduos orgânicos e ao preparo dos canteiros para criá-las.

Espécies de Minhocas

As espécies mais adaptadas à vermicompostagem são as Epigeicas, Eisenia foetida,


Eisenia andrei e Eudrilus eugeniae, por alimentarem-se de resíduos orgânicos semi crus, terem
alta capacidade de proliferação e crescimento muito rápido. As duas primeiras espécies são
conhecidas como vermelha-da-califórnia e noturna africana.

Em alguns casos, a vermelha-da-califórnia é preferida por adaptar-se melhor ao


cativeiro, do que a noturna africana que, na falta de alimento e umidade, rapidamente busca
outros ambientes. Em outras situações, a noturna africana é a escolhida, por atingir maior
tamanho e peso, aspecto interessante para os produtores que as comercializam.

Substratos para Vermicompostagem

O resíduo orgânico que serve como alimento para minhocas, ao passar por seu trato
digestivo, sofre transformações que favorecem a formação de matéria orgânica estabilizada, ou
seja, de adubo orgânico conhecido como "húmus de minhoca" ou "vermicomposto". Para
iniciar-se na minhocultura, seja no campo ou na cidade, é fundamental que haja resíduo

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orgânico disponível na propriedade ou o mais próximo possível dela. O esterco bovino tem sido
o mais utilizado porque é de fácil manuseio e as minhocas se adaptam muito bem a ele, mas
também podem ser utilizados estercos de cavalo e de coelho. Resíduos vegetais, como capim
elefante, restos de capina, leguminosas e folhas também podem ser aproveitados. Para quem
está na cidade, resíduos domésticos como casca de vegetais e frutas cozidas ou não,
guardanapos de papel e resíduos orgânicos que normalmente vão para a lixeira podem ser
aproveitados.

No preparo dos substratos, antes de colocar as minhocas, independentemente de serem


misturadas ou não a outros resíduos, deve-se ter cuidado com a temperatura, que já deve estar
controlada. Caso contrário, as minhocas podem morrer devido à alta temperatura e à liberação
de amônia, no caso de estercos. Os estercos, quando recolhidos frescos, devem passar por um
pré-tratamento, antes de serem oferecidos às minhocas, pois, ao iniciar o processo de
decomposição, a temperatura pode atingir 70º ou mais.

Recomenda-se que os estercos sejam amontoados em pilhas e que a temperatura seja


controlada com um termômetro. Pode ser usada uma barra de ferro, que deve ser inserida no
meio dos resíduos orgânicos. Quando não for possível segurá-la, por estar muito quente, é o
momento de realizar o reviramento da pilha. Esse procedimento deve ser repetido até que a
temperatura se estabilize em torno de 25ºC, podendo levar uns 15 a 20 dias. Após a estabilização
da temperatura, as minhocas podem ser introduzidas. Além de facilitar o preparo dos canteiros,
essa etapa é desejável porque inibe a germinação de plantas espontâneas e elimina organismos
não benéficos.
https://www.cpt.com.br/cursos-pequenascriacoes/artigos/criacao-de-minhocas-
https://gespianos.wordpress.com/2015/07/16/vermicompostagem/
para-a-producao-de-humus-em-pequenas-propriedades

A qualidade do
adubo produzido
depende da
qualidade do
resíduo orgânico
utilizado, bem como da forma como será manejado durante todo o processo de
vermicompostagem. Para o esterco bovino, que apresenta uma relação C/N em torno de 30, a
vermicompostagem pode levar de 30 a 40 dias. Para outros resíduos, com relação C/N acima
desse valor, o tempo será mais longo, especialmente, se não forem triturados. Para reduzir o

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tempo e facilitar o processo, recomenda-se, quando possível, triturá-los, por exemplo, em
picadeira para forragens, e misturá-los a outros resíduos com maior conteúdo de nitrogênio,
caso contrário, haverá risco à sobrevivência das minhocas. Uma mistura com outros resíduos
orgânicos em até 50% permite estabelecer ótimas condições biológicas e químicas para os
organismos decompositores. A adição de materiais ricos em nitrogênio, como as leguminosas,
pode trazer uma série de vantagens, desde que facilmente disponíveis. Por exemplo, a utilização
de palha de alta relação C/N, leucena e esterco, na proporção de 25% + 25% + 50%,
respectivamente, proporciona a produção de vermicomposto 30% mais rico em N e
considerável economia de esterco (SILVA, 1992).

Tipos de Canteiros

Os canteiros utilizados para criação de minhocas e produção de vermicompostos (húmus


de minhocas) podem ser os mais variados possíveis e, preferencialmente, devem se adequar aos
materiais disponíveis na propriedade. Os canteiros facilitam em termos de organização, mas,
dependendo do objetivo da vermicompostagem, podem ser dispensados. Neste caso, os
substratos podem ser colocados diretamente no solo, pois, se as condições dos substratos
estiverem adequadas às minhocas, elas não irão fugir.

Uma vez que as minhocas costumam se deslocar preferencialmente na horizontal, os


canteiros devem ter, no máximo, 40 cm de altura, sejam leiras, anéis de concreto e canteiros de
alvenaria, bambu etc., de tal forma que aproximadamente 35 cm sejam ocupados por substrato
e o restante por cobertura com palha. A cobertura com palha é importante para manter a umidade
e proteger as minhocas da incidência de luz.

O comprimento do canteiro pode variar de acordo com a disponibilidade da área.


Recomenda-se que a largura seja, no máximo, de 1 m, para facilitar o manejo do canteiro, que
deve ter drenagem, ou seja, escoamento de água suficiente para que a mesma não se acumule
no fundo. A utilização de pedras britadas tem sido eficiente para esse fim, quando o canteiro é
feito de bambu. Para cada metro cúbico de canteiro, é utilizado, pelo menos, meio litro de
minhocas, o que corresponde a cerca de 1000 minhocas. A cobertura do canteiro pode ser feita
com telhas de amianto, plástico, sapê, folha de bananeira ou outros materiais disponíveis, e tem
por fim evitar o excesso de água da chuva, que acarreta em lixiviação de alguns nutrientes do
substrato. Além disso, a ausência de oxigênio, causada pelo excesso de água, afeta a atividade
das minhocas e também promove a perda de N por volatilização.

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Canteiro para Coleta de Bio-fertilizante

Para a coleta do biofertilizante, o fundo do canteiro deverá ser de alvenaria, com uma
inclinação de 12 cm em direção ao centro do canteiro, de forma a conduzir o líquido para uma
canaleta, que dispõe de uma tela protetora. O biofertilizante é recolhido num recipiente, o qual
deve ser retirado semanalmente, ou conforme a periodicidade da irrigação dos canteiros. Pode
ser acondicionado em garrafas "pet", por exemplo, e aplicado na produção de mudas em geral,
e em canteiros de hortaliças e pomar de frutíferas.

Para a construção de um canteiro com as dimensões de 2 x 1 x 0,40 m, podem ser usados


os seguintes materiais: 10 bambus de 6 m de comprimento (6 cm de diâmetro) cada, 12 estacas
de sabiá (sansão do campo), sombrite de 50 ou 70% (material utilizado na construção de viveiro
de plantas), 2 kg de arame 16, marreta, alicate de corte e serrote. As estacas fornecem
sustentação à estrutura do minhocário e devem ser inseridas no solo com marreta, a 20 cm de
profundidade. Inicialmente, colocam-se três estacas em cada lateral, uma por dentro e duas por
fora. Em cada lateral de 2 m, colocam-se duas estacas a uma distância de, aproximadamente,
60 cm entre elas e nas laterais de 1 m, e uma estaca à meia distância dos cantos. Os bambus são
cortados com 2 m de comprimento e colocados uns sobre os outros, até atingir a altura de 40
cm. Depois, o bambu e a estaca são trançados com arame para garantir a amarração. Após a
montagem da estrutura, coloca-se o sombrite, que cobre o fundo e as laterais do canteiro e que
deve ser costurado no bambu com o próprio arame.

Manejo Durante a Vermicompostagem

A umidade é fator limitante para o processo, pois as minhocas realizam trocas gasosas
através da epiderme. Portanto, o ideal é manter o nível de 60 a 70% de umidade, suficiente para
que, ao apertar uma amostra do substrato na mão, não escorra água.

Durante a vermicompostagem, deve-se ter cuidado com os predadores das minhocas.


Os mais freqüentes são as sanguessugas e as formigas. As formigas, muitas vezes, podem ser
controladas com cal, ao redor dos canteiros, ou com óleo queimado, colocado em canaletas
estreitas, construídas ao redor dos canteiros, por exemplo. Entretanto, quando a população é
baixa, não há sérios danos. Já as sanguessugas são extremamente danosas, pois se alimentam
fixando suas ventosas no corpo das minhocas. Por terem a aparência muito similar à das
minhocas, percebe-se sua presença quando a infestação é alta, e grande quantidade de minhocas
já morreu. Nesse caso, é melhor descartar o canteiro e reiniciar a criação com nova matriz de
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minhocas. Porém, se os canteiros são cuidadosamente observados, periodicamente, e mantidos
sem excesso de umidade, é possível retirá-las, manualmente, evitando grande contaminação e,
nesse caso, pode ser possível recuperá-los.

Ao contrário da compostagem convencional, na vermicompostagem não é necessário


reviramento do substrato nos canteiros ou das leiras. As minhocas, devido a seu deslocamento,
ingerindo e defecando na superfície, promovem o reviramento do substrato. Como resultado
dessa atividade, no final do processo, há produção de material mais estável, ou seja, com
carbono na forma humificada.

O tempo necessário para que o vermicomposto fique pronto varia conforme a


composição original dos resíduos. Em geral, a vermicompostagem de esterco bovino leva, em
média, 45 dias e, quando complementado com material fibroso, pode levar até 90 dias,
conforme já detalhado anteriormente. Quando o vermicomposto está pronto, ou seja, quando o
substrato está estabilizado e em condições de uso agrícola, normalmente sua aparência é de pó
de café. Observa-se, também, que as minhocas ficam mais lentas e mais magras, sendo esse
fenômeno natural, uma vez que não dispõem mais de alimento. Uma dica é esfregar uma porção
do substrato nas mãos. Se ficar com aparência de graxa, isso indica que está estabilizado
(KIEHL, 1985).

As minhocas não são capazes de aumentar a quantidade de nutrientes, em relação ao


que já havia nos resíduos, mas são capazes de estimular a produção de substâncias hormonais,
como indicam alguns trabalhos da literatura (TOMATI et al., 1988; CANELLAS et al., 2002;
ARANCON et al., 2008). Elas tornam o húmus mais estáveis, sendo esta uma propriedade
muito importante para o aumento de infiltração e retenção de água, reduzindo o risco de erosão
e melhorando o aproveitamento dos nutrientes do solo. A aplicação de húmus é bastante
eficiente como componente de substratos para a produção de mudas, hortas, plantas
ornamentais e gramados esportivos.

Separação das Minhocas e do Vermicomposto

Depois de certo tempo, pode ocorrer limitação de espaço e de alimento para as


minhocas. Por isso, deve-se ter cuidado para que elas não fujam para outro local, à procura de
melhores condições para sua sobrevivência. Existem diferentes formas de separar as minhocas:
peneiramento, iscas, divisórias em canteiros, dentre outras.

Visando poupar mão-de-obra, sugere-se a instalação de canteiros contendo divisórias.


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Aos 40 dias, aproximadamente, a divisória deve ser suspensa e as minhocas se movem,
naturalmente, para o esterco recém colocado no outro canteiro (quando necessário). Durante
uma semana, mantém-se a divisória suspensa e, ao final desse período, deve-se observar se as
minhocas já migraram. Caso tenham migrado para o material recém colocado, abaixa-se a
divisória e retira-se o húmus. Nessas condições, não é necessário peneirar o vermicomposto
para separar as minhocas.

Para a separação das minhocas com peneiras, deve-se evitar a irrigação do


vermicomposto, pelo menos uma semana antes. O uso de peneiras tem a vantagem de promover
grande eficiência na separação, porém, é um trabalho exaustivo e, muitas vezes, dificultado por
limitação de mão-de-obra. O uso de iscas já não envolve grande esforço. Pode ser feito
utilizando-se peneiras sobre o substrato, contendo resíduo orgânico fresco, permanecendo por
cerca de uma semana ou tempo suficiente para que as minhocas migrem do vermicomposto
para o resíduo fresco.

Reciclagem das Minhocas

As minhocas recolhidas podem ser utilizadas em uma nova produção de vermicomposto


e o excedente pode ser comercializado, para a produção de farinha, como complemento
alimentar de animais, como ração, ou in natura, para isca de pesca e complementação alimentar
de galinhas. A produção de farinha implica na desidratação corporal das minhocas. Existem
vários métodos para isso, sendo a liofilização (desidratação a frio) o mais empregado. Como a
minhoca tem muita água, o rendimento é baixo, sendo necessário 7-9 kg de minhocas para
produzir 1 kg de farinha. Na farinha, são encontrados aminoácidos essenciais e vitaminas
importantes para o desenvolvimento animal e até para consumo humano. Há estudos em nível
mundial sobre esse processo e estão bem avançados, configurando um mercado em grande
expansão.

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A sequência de imagens apresenta as etapas que constituem a vermicompostagem.

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/664309/1/CIT2909.pdf (link para fotos acima)

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REFERÊNCIAS
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convencionais
na Chapada da Ibiapaba, Ceará. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.51, p.217-236,
2013. DOI: 10.1590/S0103-20032013000200001.
ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4.ed. Porto
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ARANCON, N.; CANNON, J.; EDWARDS, C. A.; BABENKO, A.; CANNON, J.; GALVIS,
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BORTOLLI, L.; MONTANARI, R.; MARCELINO, J.; MENDRZYCHI, P.; MAINI, S.;
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Oficial da União, 8 abr. 2015. Seção 1, p.21-24.
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56
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LINKS ACESSADOS
https://www.todamateria.com.br/agricultura-organica/
https://blog.climatefieldview.com.br/o-que-e-agricultura-digital-agricultura-4-0
https://blog.climatefieldview.com.br/agricultura-tradicional-moderna
https://www.agrolink.com.br/colunistas/agronegocio--agropecuaria-e-agricultura--quais-as-
principais-diferencas-_441381.html
https://www.todamateria.com.br/agricultura/
https://www.todamateria.com.br/agricultura-familiar/
https://www.todamateria.com.br/a-importancia-do-solo/
https://www.todamateria.com.br/sistemas-agricolas/
https://www.todamateria.com.br/agrotoxicos/
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/69299/1/Roberta.pdf
https://www.todamateria.com.br/alimentos-organicos/
https://www.todamateria.com.br/agenda-21/
https://www.isla.com.br/empresa/como-cultivar--adubacao
http://www.agraer.ms.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/cartilha_abelhas_digital_final.pdf
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-mercado-para-os-produtos-organicos-
esta-aquecido,5f48897d3f94e410VgnVCM1000003b74010aRCRD

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