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19-04-2007
"Você vive outro tipo de realidade quando cresce lá fora, no meio da floresta, ao lado
dos pequenos esquilos e das grandes corujas. Todas essas coisas estão ao seu redor
como presenças, representam forças, poderes e possibilidades mágicas de vida que,
embora não sejam suas, fazem parte da vida e lhe franqueiam o caminho da vida. Então
você descobre tudo isso ecoando em você, porque você é natureza."
A lagoa-apache, Edward s. Curtis (1868-1952)
De maneira geral, entre os índios, nas mais diversas aldeias, o tratamento e a cura de
doenças é feita pelos pajés, através de práticas mágicas. Segundo a crença dos
indígenas, esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para
provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a origem de doenças aos feitiços.
Os processos de cura variam entre os grupos indígenas. Os Xamãs, por exemplo, são
uma categoria especial de médico-pajé, que podem entrar em êxtase. Nesse estado,
segundo os índios, a alma vai para longe do corpo, percorrendo lugares distantes ou
encarnando um espírito estranho.
Dentre os índios, de acordo com Alan Suassuna, que escreve no site sobre o povo
Yanomami, o Xamã é o líder espiritual, o intermediário entre os homens e os espíritos,
que, durante rituais de cura cheira um pó alucinógeno que, acreditam, "abre" a floresta
para os "Xapori", entidades que auxiliam os Xamãs nos rituais de cura.
Segundo Joseph Campbell, em seu livro "O poder do mito", "O xamã é uma pessoa,
homem ou mulher, que, no final da infância ou no início da juventude, passa por uma
experiência psicológica transfiguradora, que a leva a se voltar inteiramente para dentro
de si mesma. É uma espécie de ruptura esquizofrência.
Para que se entenda mais de medicina indígena, é preciso mergulhar um pouco em seus
mitos e rituais, uma vez que toda a sua cultura influencia sua saúde e a forma como
lidam com seus corpos. No ritual de morte, por exemplo, os índios colocam o corpo
pendurados em árvores.
Após algum tempo, quando o corpo já se decompôs, eles recolhem os ossos e cremam.
Em rituais familiares os parentes misturam um pouco das cinzas ao mingau de banana e
tomam. O restante é enterrado no mesmo lugar onde fizeram o fogo. Estes são outros
indicativos das crenças mágicas dos indígenas.
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indígena, assim como muitas outras medicinas alternativas, tem muito a ver com a
sugestão da pessoa, já que para que a pessoa adoeça ou se cure com recursos mágicos
devem cumprir-se três aspectos: que o indivíduo creia, que a pessoa que o vai curar ou
adoecer também creia, e que além disso, a sociedade em seu conjunto também creia.
O fato é que muitas das doenças com que lidam os índios em suas tribos são
contornadas por sua prática médica. E muitas outras, desconhecidas por eles, os levam à
morte. Não é de se admirar que a expectativa de vida indígena seja tão mais baixa do
que a do homem urbano, que conta com os recursos de grandes hospitais e toda a
alopatia dos grandes laboratórios.
Eficientes
Após anos de estudo e estando pronto para publicar o livro "Medicina prehispánica en
Sinaloa y en el noroeste", Rafael Valdés Aguilar afirma que a cultura indígena
sinaloense realmente é pouco conhecida.
Valdés complementa dizendo que os povos indígenas já conheciam mais de duas mil
plantas medicinais e eram capazes de realizar operações e cuidar de fraturas ósseas.
Tinham, ainda, técnicas mais avançadas de obstetrícia do que as da Europa, à época. De
acordo com o professor, pode-se dizer que a medicina indígena é uma das expressões
culturais que mais se mantém, desde essa época.
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O doutor insiste que a medicina indígena era mais adiantada do que a européia, nos idos
de 1400, ou seja, antes da chegada dos espanhóis nas Américas. Segundo Valdés, os
índios podiam mesmo curar até enfermidades graves, como a sífilis. Todavia, hoje em
dia, há recursos médicos muito melhores, assim, as práticas indígenas e a medicina
natural, segundo o autor, estão fora de moda.
Além disso, Valdés acrescenta que a medicina natural é cara, pois há uma forte indústria
de produtos naturais que determina os preços. Ele afirma ainda que, na medicina
indígena, como em todas as outras, há muitas formas de charlatanismo. Da mesma
forma, indica que os médicos científicos são preconceituosos sobre a medicina indígena,
pois a desconhecem, porque está claro, para ele, que estuda seriamente os recursos
curativos indígenas, que estes eram eficientes e, em alguns casos, seguem sendo.
Rafael cita algumas das substâncias usadas pelos índios: Cardon, com múltiplas
propriedades medicinais. Aguacate, contra a caspa. Alcanfor, eficaz contra contusões e
reumatismos. Cacao, tônico para o estômago. Calabaza, contra queimaduras e irritações
cutâneas. Capulin, para o sistema nervoso, entre outros.
Outro tratamento comum entre os Plains é a idéia de bem estar. Podendo ser definido
como um estado onde a mente, o corpo e o espírito estão em conexão e "balanceados".
Um não pode ser separado do outro. Os Oglala Sioux são os mais tradicionais de todos
os Índios Plains. Eles sempre trabalharam com as práticas e crenças de saúde desde o
passado até o presente.
Para eles as doenças indígenas são causadas pela desarmonia entre humanos e os
poderes sobrenaturais. Essas doenças devem ser tratadas pelas práticas nativas, não pela
dos "homens brancos", que servem para curar as doenças dos homens brancos, como a
diabetes e os problemas cardíacos.
Traduz-se aqui uma prática muito mais "holística" em relação à medicina do que a
tradicional e compartimentada medicina ocidental moderna.
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Ervas e Medicamentos
De acordo com a FUNAI, Fundação Nacional do Índio, muitos vegetais usados pelos
indígenas como medicamentos apresentam de fato resultados surpreendentes e, os
conhecimentos técnicos, muitas vezes complexos, dos índios brasileiros, estão presentes
tanto no combate às doenças, quanto na caça e na pesca (através da utilização de
venenos), na ecologia, na astronomia, na fabricação de sal, de objetos de borracha, de
tecidos e na guerra (uso de gases asfixiantes).
Óleo de Copaíba, utilizado por suas propriedades medicinais, no combate aos catarros
vesicais e pulmonares, desinterias, bronquites.
Casca de Açoita Cavalo, contém óleos essenciais que atuam frente as disenterias,
hemorragias, artrite, reumatismo, tumores, colesterol e Hipertensão.
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Saracura-mirá, energético, usado no tratamento de cansaço físico, sexual, insônia,
nervosismo, falta de memória.
Casca de Caroba, contém uma resina denominada "Carobona", além de seu princípio
ativo, o alcalóide "Carobina". É diaforéticas (Cascas) e anti Sifilíticas (Folhas), debela
feridas e elimina inflamações da garganta, afecções da pele, coriza, blenorragia, dores
reumáticas e musculares, cálculos da bexiga.
Além de todos os produtos acima citados, a região norte do Brasil apresenta, ainda,
outros derivados de plantas, como o Daime. De origem indígena, apresenta propriedades
calmantes, mas sabe-se também que é pertencente à "família" dos perturbadores do
sistema nervoso central, ou seja, é alucinógenas, tanto quanto a maconha ou o LSD.
Fonte:
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3708&ReturnCatID=23