Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
d e M e l o e C a s t r o
A N T O L O G I A E F Ê M E R A
[poemas 1 9 5 0 - 2 0 0 0 ]
jQv,
© 2000 by, Ernesto M. de Melo e Castro
C a pa e d ia g r a m a ç ã o
Karin M atuhy
C a pa
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SIND ICA TO N ACIO N AL D O S ED ITO RES D E LIVROS, RJ
C35a
ISBN 85-7384-074-9
00-1494. C D D 869.1
C D U 869.0-1
d** I t y jn p l o m il 1 '^ / .........................
I J i i f a r i n n i l t ' ..........................................................
N ã o é ti J lo r .........................................................
P ro je c ç ã o r e a l.................................................
A interpretação da n atureza ..........................
R e fu ta ç ã o p ac ífica da b e l e z a ...................
C a ix a da e s p e r a n ç a ......................................
Sangue incenáeia p a la v r a s ..............
O c a is ...................................................
Q u atro paredes são meu c a n to ......
O s d a d o s ............................................
P r o m e t e u ..........................................
C o n j u g a ç ã o ......................................
Palavras são da lu z e da esperança
E n tr e o s o m e o s u l .....................................
N as arestas d a s e r r a ......................................
C a m in h o p ara o m a r ...................
O m a r é s u l ......................................
S u l ........................................................
C ic lo d e a m o r c í r c u l o ................................
C asa-casas ........................................................
Q u e d a l i v r e .....................................................
M u d o m u d a n d o ............................................
P ara a d e s tru iç ã o da d o r .............................
de Versus-in-versus — 1 9 6 8 ............................................................................................. 85
Q u an do se d i z ................................................................................................................ 00
Cadeira cadeira .............................................................................................................. 00
L ivra-te de t i ................................................................................................................... 87
0 E n v o lv im e n to da M a té ria ................................................................................ 87
F ra g m e n to d o lir is m o ............................................................................................... 80
B lo c o b ra n c o — 3 ........................................................................................................80
R e d u n d â n c ia a b e r t a .................................................................................................. 89
3 v ersões a le a tó ria s ..................................................................................................... 90
1 te x to e 6 p o s t e x t o s .................................................................................................91
S em issérie .......................................................................................................................93
C o m b in a tó ria E x iste n cial ( in é d ito ) ................................................................. 95
A F o n te / A F r e n t e ....................................................................................................97
d e Á le a e v a zio - 1 9 7 1 .................................................................................................... 98
T e t r a k ty s ......................................................................................................................... 98
S éries ...............................................................................................................................101
U m pouco como um oco ............................................................................................. 102
S érie n u l a .......................................................................................................................102
M o d o d e a g i r .............................................................................................................. 103
R e la ç õ e s p e rig o s a s ..................................................................................................... 103
A v e rd a d e p r á t i c a ...................................................................................................... 104
D i á l o g o ...........................................................................................................................105
T u d o p o d e ser d ito n u m p o e m a ........................................................................ 105
S ilê n c io s ......................................................................................................................... 10/
F é n ix ............................................................................................................................... 10?
D e s c o n tin u id a d e ........................................................................................................10?
não me digas ja m a is que o vento sopra .................................................................. 108
I d e n tid a d e s ....................................................................................................................100
I n - s a io ............................................ .................................................................................112
C a n t o a n t o ..................................................................................................................... 1M
A n a ló g ic o .......................................................................................................................115
C o m p a c t o ..................................................................................................................... 115
4 p ro p o stas iguais d iferen tes ................................................................................ 115
É clo g a 3 ......................................................................................................................... 118
D o v a ria n te v a r ia d o .................................................................................................. 110
a obra se objectiva
em pele e seu volum e
com o qu em sente quente
do frio o frio lum e
3. um linguajar no interior
de m im encubro tão d i-
ferente o soluço tão
um a disciplina que
4. “ E ” (LEIA-SE I)
cópula
(ac)tiva
solitária
ligação
livre
copulação
elo
entre
ele
e
ela
po
pul
a(c)ção
5. o objecto é em si m esm o
em sua form a avulta
com o a resposta boa
faz esquecer a pergunta
é descoberta toda
em si própria a vida
que o poeta penetra
sabe devora vira
7. S O N E S S O N E T IC U M
23. M A U S O L É U
MAU SO L EU
AU SO LEUM
U SO L EUM A
M A R S U PIA L
SOLEU MAU
O LE UMA US
L EU M A U SO
S O L ID O SAL
SOLE DO NO
EU MAU SOL
MAR SO L ID O
SAL M ORREU
MAR SO B MAR
M A U SO LÉU
26. S O N E T O S O M A 14 X
14 3 4 2
2 3 3 0 6
4 16 12
3 2 2 16
5 0 0 18
2 12 5 4
14 0 18
3 2 4 14
3 12 3 5
5 4 12 2
3 0 4 2 5
4 3 3 13
5 12 15
8 9 3 5 3
m anhã m elhor és tu
sobressalto de vento
sorrindo à no ite a m eio
42. N E G Ó C IO
45. S
0
B
R
E
V
1
V
E
N
T
í
G
NEO
se abre e realiza
mas fica sem pre porta
objecto corpo ventre
48. Q U A D R A D O
quadrado cubo
quadrado cubo
quadrado cubo
quadrado cubo
cavalo asa
cavalo casa
cavalo olho
cavalo m alho
cavá-lo alho
cavalo m eio
cavalo dado
cavá-lo cheio
pré-esforçado
pré-esforçado
54. C ÍR C U L O
55. T R IÂ N G U L O
seco tal um
ronco eco oco
alvo com um la-
do lido longo
fechado por um
poro para pedra
liberto mas tão
livre logo louco
e tiro o touro
trago o triân-
gulo de gula
e sinto sede á-
gua e terra
que m e engula
U m h o m em
que se vê
cantando
no m eio do sonho.
U m h om em
que se sonha
no m eio do que canta.
U m ho m em
que canta
e vê.
versos m versos
veros in versos
versus in versus
virus inversos
versus in versos
ver sós in versos
ver sós in veros
eros in torsos
verão in verno
veros in versus
versão in tersus
versos inteiros
vários in nervos
veros sin verso
versusin versus
♦
observem os tinteiro lápis cadeira
objectos própria m antém qualquer
seja encontre posição coloque
apresentam -se sólidos água
expande volum e desejarmos
quando m em ória dilui atestar
m ergulho adorm ecidos eléctrica porém
cenas nunca recuperam lados
p enetrem relações m esm o no dia
descer velozes contornos depende
o tacto subtrai-se agora pão
com um continuava fora linguagem
pedra caneta lá cortar objectos
escrita mesa observem os a mão
♦
um a chama não cham a a m esm a chama
há um a outra cham a que se chama
em cada cham a que chama pela chama
que a cham a no cham ar se incendeia
♦
quando se diz de um hom em
é alarme é arame
tanto se vê na onda
é volum e é velame
com o se cava lum e
é botão é botânica
quando se diz de pó
é pó população
é am ostra colhida
de significação
quando se olha a terra
onde cai o arame
o alarme frequência
a enorm e semântica
e o disperso vendo
no sol que cai ileso
é azul é verm elho
ilha de u m igual peso
ao lum e prego aceso
de cinza o m ar m etal
v erm elho de que teço
rosa não tem com eço
♦
cadeira cadeira mesa mesa janela
janela 1 porta mesa mesa rádio
porta janela 2 cadeira copo
alto janela 1 mesa 2 mala
♦
livra-te de ti que peso m orto
são tão cheias as coisas só de coisas
livra-te das coisas elo ouro
tão vazio de ti com o não julgas,
vazio de navio e de pavio
aceso ir ao fundo só contigo
mais repleto de peito que desvio
o navegar que negas e que digo.
as coisas são o m edo mais as coisas
as subtis ligações lim o liame
e os dedos estes calos os enredos,
vai esm agar-te o m u n d o dos com etas
dos que com em as coisas mais abjectas
o livrar-te de ti o odiar-te.
0 Envolvimento da Matéria
m atéria m ater artéria
m atéria terra aérea
m atéria m ote m ortéria
m atéria areia matriz
série sinal cicatriz
onde lágrima
lá rima
com ama
sobra
um g de
gosto
gana
tem
um ri
de riso
am argo
onde
am ar
é gosto
gasto
e o
am or é só
a lágrima
derram a
Bloco Branco - 3
de que que de
de que de de de que
de de que que que que de de
de que de que de de que que
que de de que
que deque de dede que que
que dequede dequ equ e de de de
de quê de quem
de que dá dá deque que
de queque de qu equeque de dou
dou dou dou d o de do dou de que
dedo que doido que
de que de que da dado dou
de que d outo de que dourar
durar dura deque dentro deque de
de que te dar que dar
queda de que de que que
dar
Redundância Aberta
3 Versões Aleatórias
1. rural
a navegação é pobre
par a par a vinha
vento volta asa
e sei de frade
que estudou nos
m ilhos os atalhos
2. clínico-filosófica
o coração é nobre
pára no pulso a linha
tem po que solta casa
e dei à m orte
o que estacou
nestes m ilhões de olhos
sonegação é obra
para im posto m arinho
renda rota rasa
a lei da fraude
foi estudada nos
m ínim os detalhes
sua garantia
program ação do até
controle
escudo
nostalgia
1 Texto e 6 Postextos
texto — am or tecendo am or
am ortecendo a m orte
am ar-te sendo am or
am ar-te sendo a m orte
postextos
1.
(interfe- am ar tecendo am ar
rência do am artecendo a m arte
“a” sobre am ar-te sendo amar
o “o ”) am ar te sendo a m arte
3.
(interfe- em er tecendo em er
rência to - em ertecende e m erte
tal do “ e” em er-te sende em er
com um a em er te sende e m erte
variação)
e m erte sende e m erte
em er-te sende em er-te
em ertecende inerte
em er tecende em er
4.
(desvoca- m r t c nd m r
lização) m rt c nd m rt
m r t s nd m r
m r t s nd m rt
m rt s nd m rt
m r t s nd m r t
m r t c nd m rt
m r t c nd am or
5.
(descon- a o e e o ao
sonanti- a o ee o a o e
zação) a a e e o ao
a a e e o a o
a o e e o a o e
a a e e o aa e
a o e e o a m orte
a o e e o ao
6.
(varia- h o m em tirando o m ar
çòes ím an tocando harpa
aleatórias) am anhecendo torpe
am ante sendo am ar
o m uro canto m ar
h u m o r tocando a m orte
o m ar tecendo o mar
o m orto canto m uro
am ar tocando a m orte
Semissérie
A B A V ID A M A T A -M E
C D O A M O R IM O L A -M E
E F A N O IT E O F U S C A -M E
G H A R A Z Ã O D E SO L A -M E
o am or m ata-m e a vida
o am or m ata-m e o am or
o am or m ata-m e a noite
o am or m ata-m e a razão
o am or im ola-m e a vida
o am or im ola-m e o am or
o am or im ola-m e a noite
o am or im ola-m e a razão
o am or ofusca-m e a vida
o am or ofusca-m e o am or
o am or ofusca-m e a noite
o am or ofusca-m e a razão
A Fonte / A Frente
Tetrak tys
1
acaso m e construo no plural unidade
um e só u m p or um o ego sol
igual a u m o eu alado ergo
u m com o um o u co m o vário azul
um e mais um , mais másculo o mastro
um m enos um m enos m atéria solo
em todos os fragm entos u m fragm ento
em todos os totais u m duplo pólo
que nos lim ites coisas bebo m el
eu que n u m acto gesto m e diverso
e no sexo que entro eu único m e abro
com o flor e fulgor u m cravo jacto
que nos fragm entos éguas o u tro m e dissolvo
e m e perco nos dados único absorvo
2
noite dia braços direito esquerdo
a lei quase sim étrica da m ão
dois são os olhos lados m edo
claro escuro u m dois o sim o não
o que dói o que dá desequilíbrio
u m que renasce igual um qu e destrói
ou em cim a ou em baixo as m etades do ébrio
os espelhos os gêm eos os amantes
o eu o o utro o instável presente
a curva o recto o depois e o antes
dois são agora aqui neste m o m en to
um que é u m com o se encontra ausente
dois que é dois e se conta p o r dentro
3
tal vez era um a vez inês talvez
em três talvez talvez talvez
um a vez que o u m se inclina para o três
tal com o o três se decom p õ e em três
e o u m se parte em três talvez
m ultiplicados todos cada vez
p o r seu talvez dividido por três
ou talvez a raiz de três talvez
ou talvez a raiz de três inês
ou a raiz talvez é só talvez
p o r todo o u m dividido em talvez
n o ar que vês em tudo o que não vês
da som a arbitrária do invés
do te m o r do terro r ou do am o r talvez
4
quarto quadrado o cubo a espera
as paredes quatro as portas quatro
as janelas fechadas quatro terra
estrutura do círculo o cubo da esfera
quatro im perfeito quadro quebro
o triângulo aberto o quatro encerra
quatro quadrante quadratura quarto
a parede do fundo o m uro o berro
sobre o plano invisível do quadrado
quatro os olhos no quarto descoberto
a mesa a casa a liberdade o erro
quatro p o r quatro a m elodia para
a força a forca a faca a festa
quatro ventos os quatro apocalipses
5
o grito o grito o berro o urro o grito
im potência de um o berro o grito
im potência de cinco o grito o berro
cinco sinais de vida o berro o urro
a m ão o grito a sim etria o dez
a prim eira recusa o grito o grito
cinco interrogações irrespondidas
o u rro o berro o grito o uivo o grito
cinco gritos de nada cinco acasos
cinco oceanos no espaço finito
o berro o u rro o berro o grito o uivo
o erro o oiro o quebro o rito o vivo
cinco dedos sem m ão cinco palavras
o uivo o u rro o grito o berro o digo
6
ígneo fogo de d entro do fogo
íris ovo de d en tro do ovo
seis o nov o n o ventre do novo
mais u m ano no vento do ano
fogo dentro do novo no mais
ovo ventre do ano do ígneo
novo vento no fogo da íris
ano dentro do ovo do seis
seis do sexo no eixo do ar
íris rosa do centro da luz
ígneo fogo do ventre do vácuo
ano espaço do dobro do cubo
centro ventre no dentro do vento
seis no seis no eixo do sexo
7
sete pintar de pintar sete
sete cavalos a correr leste
sete visões do luar sexto
sete mares para m orrer este
sete cabos a virar oeste
sete olhos para ver ver-te
sete aves a voar a peste
sete luas a arder deste
vezes sete sete vezes gesto
vezes on tem vezes hoje certo
vezes sete vezes vezes sete
vezes ver sete seteiras sete
setenta setas sete sete sete
etecetera etecetera etecetera
8
o gosto angústia não sem gosto
o desgaste do gosto desgostar
oito gotas de gozo gota a gota
na garganta contida no gostar
o olfacto o silêncio e um suor
nem oito sons em surdo ressoar
apenas o desgosto na garganta
apenas a angústia de gostar
a esgotar o gosto a dor do gosto
o húm ido calor o co n to rn o do ar
o escuro cair do tacto n o tocar
oito corpos de zeros sobrepostos
m odelados de nadas circulares
oito olhos finitos para dar
9
não. este espaço não sei já revelar
que perm anece estranho sob os pés
e que sobre a cabeça se distende
o nde a m em ória até se não consente
não a m em ória nova da m em ória
mas a que p o r si se m ultiplica e pisa
a raiz nova nove da m em ória invés
do que p o r si só se interioriza
o u a m nem ónica água contínua
n ove vezes lem brada e esquecida
porqu e em todos os passos cada vez
a d or do inventar se faz cum prida
não de novo nove vezes nem de mais:
não falo não oculto sou sinais
0
neste buraco vivo uivo
o vazio de uivar o vazio
onde todo o vazio se esvazia
e o uivo fica vivo
neste buraco uivo surdo
sem u m som que seja para ouvir
desde um cavo sentido
desde um alto ruído
de m uros a ruir
neste buraco rôo ronco
um uivo rouco
de roer as raízes
ovo oco do todo
nud o nó
Séries
♦
um p ou co com o um oco
um dente com o um ente
colosso com o u m osso
u m com o com o u m coco
um p ou co com o u m louco
um osso com o u m osso
u m ente com o u m rente
coloco com o u m oco
Série Nula
nada m e diz esta paisagem terra
p orq ue de terra sou eu feito água
p orq ue de água sou eu feito árvore
po rq u e de árvore sou eu feito terra
po rq u e de terra sou eu feito gás
p o rq u e de gás sou eu feito nuvem
p orque de nuvem sou eu feito sol
p orq ue de luz sou eu feito dia
p orq ue de dia sou eu feito som bra
p orq ue de som bra sou eu feito gesto
p o rq u e de gesto sou eu feito instante
p orq ue de instante sou eu feito am or
p orq ue de am or sou eu feito nada
p orq ue de nada sou eu feito espaço
p o rq u e de espaço sou eu feito m edo
p o rq u e de m edo sou feito m entira
p orq ue m entira sou feito de tudo
p orq ue de tudo sou eu feito nunca
p orq ue de nunca sou eu feito mesa
porqu e de mesa sou eu feito barco
porqu e de barco sou eu feito verm e
p o rq u e de verm e sou eu feito deus
p orq ue de deus sou eu feito de adeus
porqu e de adeus sou eu feito ho m em
p o rq u e de h o m em sou feito fragm ento
p orq ue fragm ento sou eu feito aqui
Modo de Agir
textualm ente teço esta teia de traços
m ensualm ente m eço esta m eia de maços
virtualm ente venço esta veia de vasos
o utonalm ente oiço esta onda de ossos
untualm ente u n to esta u m a de usos
actualm ente ando esta água de asas
p ontualm ente peso este peso de passos
bestialm ente bebo esta broa de beiços
factualm ente faço esta festa de factos
naturalm ente nasço esta norm a de nacos
literalm ente ligo este leito de laços
casualm ente caso esta coisa de cacos
intualm ente incho esta íngua de ínvios
ritualm ente rim o esta rim a de risos
quantualm ente queim o este quantum de quase
jesualm ente ja n to esta ju n ta de jazz
xessualm ente ergo este elo de eros
sensualm ente sou este senso de soros
gestualm ente gero esta gama de gozos
zenualm ente zuno esta zona de zenes
dem oalm ente dou esta data de dados
heteralm ente h erdo esta horda de horas
Relações Perigosas
Pai M ãe Filha Filho
A vô Avó T io-avô A vó A vó
T ia T io T ia-avó Sobrinho
P rim o P rim a Irm ã C un hada Pai
M ãe Esposa N e to N eta Filho
Avô Irm ão Prim a segunda N o ra
C oncunhado C oprim os Enteados
Afilhado S o brin ho -n eto Irm ão
S obrinho Filho M arido Esposa N eta
Trisavô G êm eos Bisneto Afilho
Padrinho T rin eto B itio-avô Padrasto
Sogro C otia Pai
C o -irm ão T ripai Bifilho A m arido
T etran eto C om padrasto C o m u lh er
Trifilho Apai P rim o C oncunhado
T ritia-avó C obisneto T rin o ra A parente
B iprim a Trim adrasta T etratia
T etrafilho C opai T etram ulher
F ilhoneto Filha P enta-m ãe
A Verdade Pratica
em presença
acaso A é B de A (ou de B, ou de C , etc.)
na ausência
exemplos:
tudo - nada
bem - mal
alto - baixo
belo - feio
preto —branco
etc. etc.
exemplos:
h o m em —deus
arma —braço
casa —fogo
am or —vento
eu — tu
tu - ele
etc. etc.
4) C ê aleatório
EXEMPLOS
acaso tu és tu em presença de ti
acaso tu és tu na ausência de ti
acaso tu és ele na presença de ti
acaso tu és ele na ausência de ti
acaso ele é tu na presença de ti
acaso ele é tu na ausência de ti
acaso ele é ele na presença de ti
acaso ele é ele na ausência de ti
acaso tu és tu na presença dele
acaso tu és tu na ausência dele
etc.
Silêncios
esta em oção seja total ou não
voz desdobrada desde o peito o u não
para além já de si sinal ou não
ou para já palavras únicas ou não
ou não palavras já só de som ou não
ou este grito no lim ite do som
ou a voz poliedro ou não ou não
e o lim ite do som do sem sentido ou não
e o tem po to ntura ou um a água ou não
o u não a mesma onda ou já quebrada a mão
ou o não desta m ão no traço gesto ou não
e o ouvir o olhar este gostar ou não
o u o partir ficando para voltar ou não
o u o m eio do m eio ou já silêncio ou não
Fénix
procuro a pena mas a pena é pato
que n u m bico de tinta se tortura
e esfera que roda na tontura
de um a letra difícil e que m ato
Descontinuidade
se todas estas árvores são árvores
aquelas árvores são árvores tam bém
mas eu não sei se as árvores são só árvores
ou se as árvores são pedras tam bém
Identidades
tonus
poesia m u d o u de ------- .. . .
r tonalidade
expressão . , „
Passou d a ----------------do eu do Poeta
sentim ento
auto-em oção
identidade: a Palavra e a sua
texto
constrói subjectiva
conceptual do q u e ----:----- — e — ---- :----
r destroí objectiva
operatório
através de um u s o ----------- —
material
radical
indiferentes / diferentes.
A diferença é o texto n
ovo que
P
i
m ediato m eio o u a linguagem
um „ re
—:— — taria a poesia ------- corre
p lu n per
a . lico
um transito m eta .— o u em
fonco
ultra
m áquina log o ---------passada
tres
electra , .
Q u an do a — :--------tom ca ou
letra
transistorizado
historizado
Cantoanto
Compacto
o que disse não o que vi não
digo o que disse vi o que vi
não digo o que não vi o que
disse não digo vi não vi
I. retratos
canto ^ diferente
pranto da frente
conto ^ da fonte
p om o = diferente
com o de fom e
povo = do nom e
as coisas diferentes
são diferentes p orqu e são coisas.
se fossem gente
seria de ou tro m odo.
p orque as pessoas diferentes
são diferentes
p orqu e são pessoas.
se fossem coisas
seria de o u tro m odo.
tal com o as coisas
se fossem todas iguais
não deixariam de ser coisas,
as pessoas deixariam de ser pessoas
se fossem coisas
em bora todas diferentes.
m esm o se as pessoas
fossem todas iguais
as pessoas não deixariam
de ser pessoas
ainda que coisas diferentes
não sejam pessoas diferentes.
as pessoas de facto diferentes
são tanto pessoas
com o as coisas de facto iguais
talvez sejam diferentes
e as pessoas iguais
são de facto iguais
po rque são pessoas.
as pessoas não são coisas
tal com o as coisas
talvez não sejam pessoas.
só o igual e o diferente
é que não são nada
n em igual
n em diferente.
apenas um simples desvio
casual
do olhar.
IV. dialécticas
Écloga - 3
O h! imensas jornadas
calmas pradarias
vales profundam ente
que luzes estão n o fundo
do falar do escrever do ler
Q u e faculta ou a quem
se nos pro p õ e um a
única via desdobrada
para o nos esquecer
A gora aqui é nada
não nascida mas
logo fragm entada
esta vontade longe
de dizer
Do Variante Variado
♦ E m etáfora. T odos sabemos que a raiz é m etáfora.
N ão há raiz alguma n em d entro nem fora da galáxia.
Só p o rq u e u m tronco se penetra em solo ou porque
duas coisas se conectam logo a raiz ressalta. O u
m etáfora lega a sua im agem . Q u e se as coisas p ro -
vêm de outras coisas não é a m ão que resulta do
braço n em com o o filho se prolonga pai. A raiz assegura
mas não mais. Está já fora da m eta do
ouvido da táctica do tacto do
âm bito da vista. Som. Luz. Pele. C o rp o ao corpo
mais
As palavras só dizem
quando ditas.
O poem a foi mesa luz cadeira
ou o m uro de terra
foi sintaxe.
U m a válvula estreita
subtrai a substância.
D a lágrima ao texto
do contexto ao objecto
contradição de leis
analogia contra analogia.