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Sarah Lídice Alfenas Moreira (matutino)

Filosofia, 1º semestre - 13/07/2020

Resenha: “Intervalo: a lógica da história”, de E. Palmer Thompson

O texto de Thompson tem como assunto principal a defesa da existência de uma


“lógica histórica”. Para isso, o autor contrapõe-se a certos acadêmicos, como Althusser, os
quais veem “a disciplina central” (p. 49) à prática da história com “hilaridade”.
Pode-se dividir o capítulo em seis partes: (I) Introdução ​(p. 47-9). O filósofo começa
o texto destacando uma “suposição muito generalizada” (p. 47), difundida entre alguns
filósofos e sociólogos, de que seria difícil a história apresentar “qualquer coerência
disciplinar” (p. 48). A partir disso, argumenta existir um “discurso de demonstração” (p. 48)
próprio e ​adequado ao material do historiador, a saber: a lógica da história, que não pode ser
submetida aos critérios de uma “lógica analítica”. (II) ​Proposições ​(49-50). Nessa parte,
Thompson enumera algumas proposições em defesa do ​materialismo histórico​. Estas
contrapõem-se a Althusser e marcam alguns pressupostos utilizados por ele em todo
movimento argumentativo do texto, em defesa da lógica histórica. Inferem-se aqui, também,
sua filiação ao marxismo e algumas objeções teóricas a Popper. (III) ​Objetividade da história
real (50-3). O autor apresenta aqui a tese de que “o objeto do conhecimento histórico é a
história real” (p. 50) e a historiografia “não pode modificar, em nenhum grau, o status
ontológico do passado” (p. 51). Destaca o papel das diferentes gerações em fazer “novas
perguntas à evidência histórica” (p. 51), mas esclarece que estas evidências não podem
oferecer respostas a uma “significação” valorativa do passado, porque o “julgamento deve
estar ele mesmo sob controles históricos” (p. 50). (IV) ​Noções da teoria histórica ​(53-4).
Nessa parte, Thompson fala do desenvolvimento do conhecimento histórico, que se dá “tanto
na teoria quanto na prática” (p. 61), sendo um “diálogo” entre conceitos ou hipóteses e
evidências ou uma “dialética do conhecimento histórico” (p. 54). (V) ​Historiografia marxista
(54-6). O autor situa as ordenações interpretativas marxistas e parece fazer uma crítica a
alguns marxistas que conhecem o objeto de estudo “num golpe de vista teórico”, fazendo jus
a um “teatro de ​Althusser​” (p. 55), e não “num intercâmbio contínuo” (p. 54). Reforça sua
filiação, contudo, ao comentar que conceitos marxistas “suportam melhor o teste da lógica
histórica” (p. 55) e ao criticar o “tribunal” que adia o julgamento das acusações ao
materialismo histórico. (VI) ​Categorias históricas (p. 56-8). Endossando a crítica à
“epistemologia althusseriana” que procura “superar a disciplina história”, Thompson define
quais seriam os objetivos da história e retoma a importância das “categorias históricas” (p.
56), que são “elásticas”, “irregulares” e muito próprias à investigação histórica, sendo que
conceitos da disciplina não deveriam ser “moedas correntes num universo intelectual mais
amplo” (p. 57). (VII) ​Operações da lógica histórica ​(p. 58-62). O filósofo explica aqui, a
partir de uma analogia da história como “mau laboratório” (p. 59), o processo histórico.
Reconhece que a “lógica é falível, mas a multiplicidade dos experimentos e sua congruência
mútua limitam perigos de erro” (p. 59) e destaca os elementos particulares para o exercício
adequado da disciplina, sugerindo o reconhecimento desta lógica.

Thompson, E. Palmer. “Intervalo: a lógica histórica”. In: A miséria da teoria ou um planetário


de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro:
Zahar, 1981, p. 47-62.

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