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22/10/2021 17:28 Derivadas - parte 1

4.2 Introdução

Para atender as necessidades matemáticas, basicamente mecânicas dos cientistas dos séculos XVI e XVII, o cálculo diferencial
lidou com o problema de calcular taxas de variações. Ele permitiu que as pessoas definissem os coeficientes angulares de curvas,
calculassem a velocidade e a aceleração de corpos em movimento e determinassem os ângulos que seus canhões deveriam estar
para serem disparados, buscando maior alcance, além de se prever quando os planetas estariam mais próximos ou distantes de si.

No século XVII, Leibniz algebriza o Cálculo Infinitesimal, introduzindo os conceitos de variável, constante e parâmetro, bem como a
notação de dx e dy para designar os infinitésimos em x e em y. Desta notação surge o nome do ramo da Matemática conhecido hoje
como “Cálculo Diferencial” que tem como objetivo de medir os incrementos ou variações de grandezas.

A partir daí, com a introdução do conceito de derivada, com Leibniz e Newton, o Cálculo Diferencial torna-se um instrumento
importantíssimo e cada vez mais indispensável pela sua aplicabilidade nos mais diversos campos da Ciência.

Uma das razões de sua versatilidade é o fato de que a derivada se aplica ao estudo das taxas de variação em geral, e
não só do movimento. Por exemplo, um químico pode utilizá-la para prever o resultado de diversas reações químicas;
ao biólogo ela é útil na pesquisa da taxa de crescimento de bactérias numa cultura; o eletricista emprega-a para
descrever a variação da corrente num circuito elétrico; os economistas aplicam-na a problemas de lucros e perdas
(THOMAS, 2005).

Após observar o grande número de aplicações que a derivada possui, vamos construir por meio de exemplos o conceito
de derivadas. Em seguida com o auxilio das definições estudaremos as técnicas de derivação que serão utilizadas na
resolução de problemas nas diferentes áreas do conhecimento que envolvam taxas de variações e otimização.

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4.3 Ideia Intuitiva

Antes de estudarmos a derivada de uma função, precisamos rever alguns conceitos e definições já vistos e revistos na unidade pré-
cálculo.

Uma função pode ser crescente, decrescente ou constante para todo domínio ou em partes do domínio. Vejamos por meio de
exemplos, algumas destas funções:

1) Função Constante. Uma função constante não tem variação, ou seja, a variação é nula. Se tomarmos diferentes pontos do gráfico
da função o valor funcional não se altera. Matematicamente, podemos representar como f (x ) = k , em que x e k são números
reais.

Exemplo 1: Considere a seguinte função: f(x) = 2

Figura 4.1 Gráfico de uma função constante

Podemos observar que nos pontos P1 (1, 2) P2 (2, 2) P3 (3, 2) e P4 (4, 2) , embora houvesse variação da variável independente, o
valor funcional não se alterou para os diferentes pontos e assim será para todos os pontos do domínio desta função.

As funções lineares são crescentes ou decrescentes e sua variação é constante.

Exemplo 2: Todo final de semana o restaurante Oba – Oba promove um rodízio de pizza, com um total de 18 sabores (doces e
salgadas). O valor do rodízio por pessoa é de R$ 14,90. Um estudante da UTFPR resolveu participar do rodízio. Este estudante
poderá consumir apenas 0,2kg e pagará R$14,90, como poderá consumir 0,5kg e também pagará R$14,90, ou seja, o estudante
poderá consumir qualquer quantidade de pizza que o mesmo pagará R$ 14,90.

Desta, maneira, a quantidade de pizza que pode ser consumida é variada, porém o preço é único.

Esta situação poderá ser representada graficamente, como na Figura 4.2.

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Figura 4.2 : Gráfico do valor pago no rodízio (R$) em função da quantidade de pizza(kg) consumida.

Pelo gráfico podemos observar que temos uma função constante, em que a variável dependente se mantém constante,
independentemente da quantidade de pizza consumida.

A variável dependente é o preço a ser pago, e a variável


independente é a quantidade de pizza consumida. Matematicamente
podemos representar como f (q) = 14, 90 .

2) Função do 10 Grau. A variável dependente varia proporcionalmente a variação da variável independente, e esta
proporcionalidade é constante. Matematicamente podemos representar como f (x ) =ax +b , com a, b ∈ R .

Exemplo 3: Suponhamos que o deslocamento de um determinado objeto pudesse ser representado pela função S(t)=2t+1 onde t
representa o tempo em segundos e S(t) representa a distância em metros.

Figura 4.3: Gráfico deslocamento x tempo

Qual a velocidade desse objeto?

Da Física, sabemos que a velocidade e a variação da distância na unidade de tempo, ou ainda, é a razão entre a variação da
sf −si
distância pela variação do tempo. Logo podemos escrever que: v ou ainda, v
Δs
= =
tf −ti Δt

Onde

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sf - distância final;

si - distância inicial;

tf - tempo final;

ti - tempo inicial;

v – a velocidade esperada.

Podemos observar três pontos na Figura 4.3, quais sejam: (0,1); (1,3); (2,5).

Fazendo uma interpretação simples, podemos ver que no início da contagem do tempo o objeto se encontra a um metro do
observador que está localizado em (0,0). Passado um segundo o objeto se encontra a três metros do observador e, passados
exatamente dois segundos o objeto encontra-se a cinco metros do observador.

Para determinar a velocidade desse objeto em movimento podemos tomar quaisquer dois pontos da reta, tais que ti ≤ tf e
obteremos a velocidade.

Exemplificando: Tomando os pontos Pi (0,1) e Pf (1,3) , temos

3−1
v=
2−0
logo v =2
m

Agora, tomando os pontos P1 (0, 1) e Pf (2, 5) , temos:

5−1
logo v
m
v = = 2
2−0 s

E finalmente, tomando os pontos Pi (1, 3) e Pf (2, 5) , temos:

5−3
v =
2−1
logo V = 2
m

Podemos observar nestes cálculos que a velocidade é constante. Desta forma a taxa de variação da distância em função do tempo
é constante. Isso acontece em todas as funções do 1o grau.

http://www.calculo.iq.unesp.br/sitenovo/Calculo1/funcao-graficos-reta.html

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4.4 Reta Tangente

Você sabe o que é reta tangente?

Antes de sabermos o significado, vamos intuitivamente observar os gráficos da Figura 4.4

Figura 4.4 Reta tangente à função no ponto P.

Analisando os gráficos da Figura 4.4 com relação a reta tangente no ponto P, podemos observar que:

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Na Figura 4(a) temos o gráfico de uma função do 2o grau (uma parábola) e a reta tangente t que tangencia esse gráfico no ponto
P

Na Figura 4(b) temos o gráfico da função de 1o grau (uma reta), e uma reta tangente t no ponto P , essa reta também é tangente
em todos os demais pontos do gráfico da função.
Na Figura 4 (c) temos o gráfico de uma função polinomial, e uma reta tangente t no ponto P , essa mesma reta intercepta o
gráfico em outro ponto, porém nesse ponto a reta não é tangente.
Na Figura 4(d) temos o gráfico de uma função trigonométrica e uma reta tangente t no ponto P . Porém essa reta é tangente em
outros pontos da curva.
Na Figura 4(e) temos o gráfico de uma função polinomial e uma reta tangente t no ponto P , essa mesma reta intercepta o gráfico
em outro ponto, porém nesse ponto a reta não é tangente.

Portanto, na visão geométrica uma reta é tangente, quando o gráfico da função e a reta tangente tem um único ponto em comum,
sem que a reta intercepta o gráfico da função, naquele ponto.

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4.5 Taxa de Variação

Podemos considerar dois tipos de taxas de variação: taxa de variação média e taxa de variação instantânea. Na disciplina de física
e matemática do ensino médio, alguns conteúdos fazem uma abordagem sobre taxas de variações médias.

Vamos ver agora um exemplo relacionando as taxas de variação e a precisão de cada uma.

Suponha que um estudante more na cidade A e tenha que se deslocar para a universidade que está localizada na cidade B, a
distância entre as duas cidades é de 70km e a velocidade permitida neste trajeto é de 80km/h. Ele faz esse trajeto diariamente de
ônibus. Mas em um determinando dia, ele se atrasou e perdeu o ônibus. Neste dia, o mesmo precisava ir para a universidade pois
tinha prova. E agora como ir para a universidade? Então o estudante pediu o carro para seu pai. O pai cedeu o carro mediante a
uma condição, que o filho ligasse quando chegasse a universidade. Ao chegar o filho ligou. O pai então verificou que o tempo de
viagem foi de 1 hora.

Sobre estas condições podemos concluir que o filho realizou este percurso com qual velocidade? O filho percorreu o trajeto dentro
da velocidade permitida?

Vamos fazer o cálculo da velocidade média:

sf −si
vm =
tf −ti

70−0 km
vm = = 70
1−0 h

Pelo cálculo de velocidade média, podemos concluir que o estudante percorreu todo o trajeto com uma velocidade dentro da
permitida?

Embora, o estudante percorreu todo o trajeto com a velocidade média permitida, não é possível garantir que este deslocamento foi
feito sempre com a velocidade de 70km/h, pois provavelmente houve momentos em que ele teve que fazer ultrapassagens com
velocidade superior a 70km/h, ou ainda, trafegar com velocidade inferior a 70km/h, e ainda pode ter excedido a velocidade em
alguns trechos por imprudência. Desta forma, o pai pode concluir que o filho andou sempre com a velocidade de 70km/h? Com este
tipo de cálculo não é possível fazer uma avaliação precisa do comportamento do estudante durante o trajeto. Com isso, é
necessário um cálculo mais preciso para fazer este diagnóstico. Por exemplo, poderíamos fazer o cálculo dividindo o trecho em
pequenos “trechinhos” e calcular a velocidade média em cada “trechinho”. Quanto menor os trechos, chegamos mais próximo da
velocidade em cada ponto do trajeto. Se os “trechinhos” forem muito pequenos, temos a velocidade instantânea em cada ponto do
trajeto. Um equipamento que faz este tipo de cálculo é o tacógrafo, que monitora o tempo (de uso do veículo), a distância percorrida
e a velocidade que desenvolveu em cada instante do trajeto percorrido.

Como vimos, o cálculo da velocidade média em várias situações não fornece dados com precisão. Nesses casos, necessitamos de
um cálculo mais preciso que é a taxa de variação instantânea.

A partir de agora vamos começar a estudar a taxa de variação instantânea e suas aplicações.

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4.6 Coeficiente Angular

O coeficiente angular de uma função do 1o grau representa a taxa de variação dessa função.

No exemplo 3, a velocidade é a variação da distância percorrida por unidade de tempo. Esta variação da distância é o coeficiente
angular da reta que descreve a distância percorrida em função do tempo.

Portanto, para determinar a variação (coeficiente angular) de funções do 1o grau, é muito simples. Veja:

Dados os pontos P1 (x1 , y1 ) e P2 (x2 , y2 ) , então:

y2 −y1
m =
x2− x1
tal que x1 < x2

Vamos agora generalizar a variação da função do 1o grau.

Considerando uma função do 1o grau, y = f (x ) qualquer, temos:

Figura 4. 5 Gráfico variação da função do 1o grau: coeficiente angular

O coeficiente angular da reta y = f (x ) será:

△y y2 −y1
m =
△x
⇒ m =
x2 −x1
tal que x1 < x2

Observando a Figura 4. 5, temos y2 = f (x + △x ) , y1 = f (x ) e x2 = x + △x ,x 1 = x substituindo na equação anterior:

f (x +△x )−f (x ) f (x +△x )−f (x ) f (x +△x )−f (x )


m = ⇒ m = ⇒
(x +△x )−x x +△x −x △x

Logo, m =
f (x +△x )−f (x )
(1)
△x

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4.7 Variação da Função Não - Linear

As funções não - lineares também tem variação só que esta não é constante, ou seja, varia de ponto a ponto. A variação dessas
funções num ponto qualquer da curva é igual à variação da reta tangente no ponto desejado da curva.

Portanto, para determinar a variação da função num determinado ponto da curva é suficiente determinar o coeficiente angular da
reta tangente à curva naquele referido ponto. Este coeficiente angular determina a variação instantânea da função naquele ponto.

Considerando uma função y = f (x ) não - linear qualquer, temos:

Figura 4. 6 Gráfico de uma reta tangente a uma curva não – linear

A variação da função no ponto P (x , f (x )) é igual ao coeficiente angular da reta tangente à curva em P.

Como vimos anteriormente, para determinar o coeficiente angular de uma reta, necessitamos de dois pontos da reta.

Mas para a reta tangente temos apenas um ponto da reta conhecido que é o ponto P (ponto de tangência).

A partir da Figura 4.6, traçamos, além da reta tangente, uma reta secante que intercepta a curva nos pontos P e Q, que está
representado na Figura 4.7.

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Figura 4.7 Gráfico de uma reta tangente e da reta secante a uma curva não – linear

Pelo gráfico da Figura 4.7, podemos observar duas retas: a reta tangente t e a reta secante s. Note que os pontos P e Q pertencem
a reta secante.

Como já vimos anteriormente, por dois pontos da reta podemos determinar o coeficiente angular. O coeficiente angular da reta
secante é:

△y yQ −yP f (x +△x )−f (x )


ms = = =
△x xQ −xP (x +△x )−x

Logo, ms =
f (x +△x )−f (x )
(2)
△x

Podemos observar que a inclinação das retas secante e tangente são diferentes. Logo o coeficiente angular das duas retas é
diferente, ou seja, ms ≠ mt .

Agora observe o gráfico no vídeo abaixo.

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Gráfico de uma reta tangente e de várias retas secantes a função não linear

Podemos observar à medida que △x for se tornando pequeno, a reta secante tem sua inclinação cada vez mais semelhante à
inclinação da reta tangente e, consequentemente, o coeficiente angular da reta secante cada vez mais semelhante ao da reta
tangente.

Podemos reduzir △x infinitas vezes e traçar sucessivas retas tangentes. Quando tomarmos △x infinitamente pequeno, △x → 0 ,
as retas, secante e tangente tendem a ser coincidentes, (tem mesma inclinação), logo, o coeficiente angular da reta secante tende a
ser igual ao coeficiente angular da reta tangente. Veja:

f (x +△x )−f (x )
Da equação (2) temos, ms =
△x

E quando △x → 0 , mt ≠ ms , então podemos concluir que:

f (xp +△x )−f (xp )


mt = lim△x →0
△x
, quando este limite existir.

Como a variação da função em P (x0 , y0 ) ,é igual à variação da reta tangente, no mesmo ponto P, então representa a taxa de
variação instantânea da função no ponto P.

Assim sendo, podemos determinar a variação instantânea de qualquer função em qualquer ponto da curva se, para aquele
determinado ponto da curva o limite existir.

De uma maneira mais generalizada o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de uma função num ponto qualquer da curva é:

mt = lim△x →0
f (xp +△x )−f (xp )
quando este limite existir (3)
△x

http://ecalculo.if.usp.br/derivadas/popups/interp_geom.htm

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Exemplo 4: Encontrar o coeficiente angular da reta tangente à curva f (x ) = x


2
− 4x + 5 no ponto:

a) P (x0 , y0 ) b) P (1, 2) c) Cuja abscissa é 3.

Figura 4.8 Representação gráfica da função f (x ) = x


2
− 4x + 5 e a reta tangente passando pelo ponto (1,2)

Solução:

f (xp +△x )−f (xp )


Sabendo que mt = lim△x →0 , para qualquer ponto da curva.
△x

a) No ponto P (x0 , y0 ) , temos:

f (x0 +△x )−f (x0 )


mt = lim△x →0
△x

Sabendo que f (x ) = x
2
− 4x + 5

No ponto P temos

2
f (x 0 ) = x − 4x 0 + 5
0

2
f (x 0 + △x ) = (x 0 + △x ) − 4(x 0 + △x ) + 5

Logo,
2 2
(x0 +△x ) −4(x0 +△x )+5−(x −4x0 +5)
0
mt = lim△x →0
△x

2 2 2
x +2x0 △x +△x −4x0 −4△x +5−x +4x0 −5
0 0
mt = lim△x →0
△x

2
2x0 △x +△x −4△x
mt = lim△x →0
△x

△x (2x0 +△x −4)


mt = lim△x →0
△x

Calculando o limite, temos:

mt = 2x0 − 4

b) No ponto P(1,2)

Como o cálculo anterior serve para qualquer ponto P(x,y) da curva, para a abscissa x=1, temos:
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mt = 2.1 − 4

mt = −2

Encontramos que o coeficiente angular da reta tangente à curva no ponto P(1,2) é -2. Logo, a taxa de variação instantânea da
função no ponto P(1,2) também é -2.

Isso significa que no ponto P(1,2) a curva tende a decrescer duas unidades por uma variação crescente de unidade de
deslocamento da abscissa. Podemos observar no gráfico da função que a reta tangente realmente decresce duas unidades para
cada unidade de deslocamento da abscissa.

c) No ponto de abscissa 3, temos:

Usando a expressão geral calculado em (a),

mt = 2x0 − 4

Logo,

mt = 2.3 − 4

mt = 2

Encontramos que no ponto de abscissa 2 a função tem uma taxa de variação instantânea igual a 2, ou seja, neste instante a função
tende a aumentar duas unidades por uma unidade de deslocamento da abscissa.

Resposta: a) f ′
(1) = 0 b) f ′
(2) = 2 c) f ′
(−5) = −12 d) f ′
(−3) = −8

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4.8 Equação da Reta Tangente

Se a função \begin{array}{l}f(x)\\\end{array} é contínua em x_0, então a reta tangente à curva y=f(x) em P=(x_0,f(x_0)) é:

i) A reta que passa por P tendo inclinação

m(x_0)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{f(x_0+\triangle x)-f(x_0)}{\triangle x}, se este limite existe.

Neste caso temos a equação:

y-f(x_0)=m(x-x_0) (4)

ii) A reta x=x_0 se \lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{f(x_0+\triangle x)-f(x_0)}{\triangle x} for infinito.

Para determinar a equação da reta tangente num determinado ponto da curva é suficiente que conheçamos o ponto de tangência e
o coeficiente angular da reta tangente em P(x_0,y_0).

O coeficiente m é chamado coeficiente angular, ou declividade de uma reta não perpendicular ao eixo das abscissas, em que m é
um valor real, obtido no cálculo da tangente trigonométrica do ângulo θ, pois, m=tg\theta com 0^\circ\leq\theta\leq180^\circ. Na
trigonometria, define-se tangente de um ângulo θ, o quociente entre o cateto oposto a θ e o cateto adjacente a θ, ou seja: \tan
gente=\frac{cateto\;oposto}{cateto\;adjacente}. Desta forma, temos que, para m>0 temos que a função f(x)=mx+b é crescente. Para
m<0 temos que f(x) é decrescente e para m=0\;\;f(x) é constante e caso (não é função). Por outro lado, temos que
x_0 e y_0, representam o ponto (x_0,\;y_0) onde a reta passa. Assim, conhecendo o coeficiente angular e um ponto onde a reta
passa obtemos a equação da reta.

Exemplo 5: Determinar a equação da reta tangente ao gráfico da função f(x)=x^3-4x no ponto cuja abscissa é 3.

Solução:

No ponto de tangência a abscissa é 3

A ordenada nesse ponto é f(3)=3_3-4.3. Logo f(3)=15

O ponto de tangência é P(3,15).

Agora precisamos encontrar o coeficiente angular da reta tangente:

m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}}\frac{f(x+\triangle x)-f(x)}{\triangle x}

Sabemos que f(x)=x^3-4x e f(x+\triangle x)=(x+\triangle x)^3-4(x+\triangle x)

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\begin{array}{l}m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{\lbrack(x+\triangle x)^3-4(x+\triangle x)\rbrack-(x^3-4x)}{\triangle


x}}\\m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{x^3+3x^2\triangle x+3x\triangle x^2+\triangle x^3-4x-4\triangle x-x^3+4x}
{\triangle x}}\end{array}

Calculando o limite, temos:

m_t=3x^2-4

No ponto de abscissa 3 temos:

m_t=3.3^2-4

Logo

m_t=23

Para determinar a equação da reta tangente é necessário substituir o ponto da reta e o coeficiente angular da reta tangente na
fórmula da equação geral da reta. Fazendo isso, temos:

y-15=23(x-3)

Logo a equação da reta tangente à curva no ponto P(3,15) é

y=23x-54

Figura 4.9 Representação da função f(x)=x^3-4x com a reta tangente.

Exemplo 6: Encontre a equação da reta tangente a curva f(x)=e^x, no ponto cuja abscissa é 0.

Solução:

O ponto da curva f(x)=e^x, cuja abscissa é 0, assim temos que f(0)=1 logo o ponto tem como coordenadas P(0,\;f(0))=(0,\;1).

Vamos encontrar o coeficiente angular da curva f(x)=e^x no ponto P(0,1).

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\begin{array}{l}m(x_0)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{f(x_0+\triangle x)-f(x_0)}{\triangle


x}\\m(x_0)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{e^{(x_0+\triangle x)}-e^x_0}{\triangle
x}\\m(x_0)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{e^x_0(e^{\triangle x}-1)}{\triangle
x}\end{array}

Trocando \triangle x por h temos:

m(x_0)=\lim_{h\rightarrow0}\frac{e^x_0(e^h-1)}h

pelos limites fundamentais temos:

\begin{array}{l}m(x_0)=e^x_0\lim_{h\rightarrow0}\frac{e^x(e^h-
1)}h\\m(x_0)=e^x_0.1=e^x_0\end{array}

Como m(x_0)=e^x_0\Rightarrow m(0)=e^0=1

http://localhost/mod/book/view.php?
id=165&chapterid=450

Usando (4) escrevemos a equação da reta tangente à curva f(x)=e^x em P(0,1):

\begin{array}{l}y-f(x)=m.(x-x_0)\\y-1=1(x-0)\Rightarrow y=x+1\end{array}

Graficamente temos:

Figura 4.10 Representação da função f(x)=e^x com a reta tangente

Exemplo 7 (Adaptado Stewart): Encontre uma equação da reta tangente à hipérbole y=\frac3x no ponto P(3,1).

Solução:

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Como y=f(x) então podemos escrever f\left(x\right)=\frac3x. Assim, a inclinação da reta tangente em P(3,1) pode ser calculada
utilizando a equação m=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{f\left(x+\triangle x\right)-f\left(x\right)}{\triangle x}. Assim, temos que
m=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{{\displaystyle\frac3{\left(x+\triangle x\right)}}-\displaystyle\frac3x}{\triangle x}
Como é dado o valor da abscissa x=3, podemos substituir o valor do x. Temos:
m=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{{\displaystyle\frac3{\left(3+\triangle x\right)}}-\displaystyle\frac33}{\triangle x}=\lim_{\triangle
x\rightarrow0}\frac{{\displaystyle\frac3{\left(3+\triangle x\right)}}-1}{\triangle x}= Encontrando o m.m.c, obtemos:

\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{{\displaystyle\frac3{\left(x+\triangle x\right)}}-\left(3+\triangle x\right)}{\triangle x}=\lim_{\triangle


x\rightarrow0}\frac{\displaystyle\frac{3-\left(3+\triangle x\right)}{\left(3+\triangle x\right)}}{\triangle x}=\lim_{\triangle
x\rightarrow0}\frac{\displaystyle\frac{3-3-\triangle x}{\left(3+\triangle x\right)}}{\triangle x}=\lim_{\triangle
x\rightarrow0}\frac{\displaystyle\frac{-\triangle x}{\left(3+\triangle x\right)}}{\triangle x}=

Fazendo a divisão de fração \lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{-\triangle x}{\left(3+\triangle x\right)}.\frac1{\triangle x}=\lim_{\triangle


x\rightarrow0}\frac{-1}{\left(3+\triangle x\right)}=
Aplicando o limite: \lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{-1}{\left(3+0\right)}=\frac{-1}3.
Portanto, uma equação da reta tangente no ponto P(3,1) é:
Usando a equação da reta tangente: y-y_0=m.\left(x-x_0\right)\Rightarrow y-1=-\frac13\left(x-3\right)\Rightarrow x+3y-6=0 ou
podemos escrever como y=\frac{6-x}3.

No Figura 4.12 temos o gráfico da hipérbole e a reta tangente passando pelo ponto P(3,1).

Figura 4.11 Representação da função f\left(x\right)=\frac3x com a reta tangente

Resposta: Equação da reta tangente: y=-x-\frac14

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4.9 Reta Normal

Sabendo que retas ortogonais têm seus coeficientes angulares opostos e inversos, podemos ainda determinar a reta ortogonal à
reta tangente no ponto de tangência com a curva determinada pela função. A reta ortogonal à reta tangente no ponto P da curva é a
normal da curva em P.

Como \(m_t\) é o coeficiente angular da reta tangente em P, então o coeficiente angular da reta normal (\(m_n\)) no ponto P é:

\(m_n=-\frac1{m_t}\) (5)

Considerando um ponto \(P(x_0,\;y_0)\) qualquer da curva e o \(m_n\) correspondente a este ponto, a reta normal à curva em P é:

\(y-y_0=m_n(x-x_0)\)

Exemplo 8: Dada a função \(f(x)=\frac3{x-2}\) , determinar a equação da reta normal à curva em P(5,1).

Inicialmente calculamos o valor de \(m_t\) (coeficiente angular da reta tangente, equação (3))

\(\begin{array}{l}m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}}\frac{{\displaystyle\frac3{x+\triangle x-2}}-\displaystyle\frac3{x-2}}


{\triangle x}\\m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}}\frac{\displaystyle\frac{(3x-6)-(3x+3\triangle x-6)}{(x+\triangle x-2)(x-2)}}
{\triangle x}\\m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}}\frac{\displaystyle\frac{3x-6-3x-3\triangle x+6)}{(x+\triangle x-2)(x-2)}}
{\triangle x}\\m_t=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}}\frac{-3\triangle x}{\triangle x(x+\triangle x-2)(x-2)}\end{array}\)

Calculando o limite, temos:

\(m_t=\frac{-3}{(x-2)^2}\)

No ponto P(5,1) será

\(\begin{array}{l}m_t=\frac{-3}{\left(5-2\right)^3}\\m_t=\frac{-3}9=-\frac13\end{array}\)

Assim, temos que \(m_t=-\frac13\), ou seja, o coeficiente angular da Reta tangente.


Para encontrarmos o coeficiente angular da reta normal basta utilizarmos a equação \(m_n=-\frac1{m_t}\)

Assim, temos:

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\(\begin{array}{l}m_n=-\frac1{-\displaystyle\frac13}\\m_n=3\end{array}\)

Substituindo na equação da reta, \(y-y_0=m(x-x_0)\) temos:

\(y-1=3(x-5)\)

Logo a equação da reta normal é

\(y=3x-14\)

Graficamente temos:

Figura 4.12 Representação da função \(f\left(x\right)=\frac3{x-2}\) com a reta tangente e a reta normal

Resposta: Equação da reta normal \(y=x-\frac54\)

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4.10 Derivadas

A derivada de uma função num ponto qualquer \(P(x_0,y_0)\) é a variação instantânea da função no ponto \(P\). Esta variação da
curva em \(P\) é igual à variação da reta tangente em \(P\). Logo, a derivada da função que representa a taxa de variação instantânea
de uma função num ponto qualquer \(P(x_0,y_0)\) é igual ao coeficiente angular da reta tangente no mesmo ponto \(P\).

Portanto, se a derivada puder ser representada por \(f'(x)\), temos: \(f'(x)=m_t\)

Este limite nos dá a inclinação da reta tangente à curva \(y=f(x)\) no ponto \((x_{1,}f(x_1))\). Portanto, geometricamente, a derivada da
função \(y=f(x)\) no ponto \(x_1\) representa a inclinação da curva neste ponto.

Dizemos que uma função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos de seu domínio.

Podemos representar a derivada de uma função por diferentes notações:

i) \(f'(x)\) ( lê-se f linha de x no ponto );

ii) \(y'\) (lê-se y linha);

iii) \(\frac{dy}{dx}\) (derivada de y em relação a x);

iv) \(\frac{df\left(x\right)}{dx}=D_xf\left(x\right))\) (lê-se derivada de f(x) em relação a x);

http://ecalculo.if.usp.br/

Exemplo 9: Dada uma função \(f(x)=x^2-2x+1\), calcular:

a) A derivada da função, usando a definição.

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b) A derivada da função no ponto P(2,1).

Solução

\(\begin{array}{l}\lim_{x\rightarrow0}\frac{f\left(x+\triangle x\right)-f\left(x\right)}{\triangle x}\\f'\left(x\right)=\lim_{\triangle


x\rightarrow0}\frac{\left(\left(x+\triangle x\right)^2-2\left(x+\triangle x\right)+1\right)-\left(x^2-2x+1\right)}{\triangle
x}\\f'\left(x\right)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{2x\triangle x+\triangle x^2-2}{\triangle x}\end{array}\)

Calculando o limite, temos:

\(f'(x)=2x-2\)

b) A derivada (taxa de variação instantânea) em P(2,1) é:

\(\begin{array}{l}f'(2)=2.2-2\\f'(2)=2\end{array}\)

Exemplo 10: Dada \(f(x)=\sqrt x\), encontre \(f'(9)\) usando a definição:

Solução:

Pela definição da derivada num ponto temos que:

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\(f'(x_1)=\lim_{x_{2\rightarrow}x_1}\frac{f(x_2)-f(x_1)}{x_2-x_1}\), então:

\(f(x_2)=\sqrt x\) e \(f(x_1)=f(9)=\sqrt9=3\) aplicando a definição temos:

\(f'(9)=\lim_{x\rightarrow9}\frac{(\sqrt x)-(3)}{x-9}\) multiplicando pelo conjugado temos:

\(f'(9)=\lim_{x\rightarrow9}\frac{(\sqrt x-3)}{(x-9)}.\frac{(\sqrt x+3)}{(\sqrt x+3)}\Rightarrow\lim_{x\rightarrow9}\frac{x-9}{(x-9).(\sqrt


x+3)}\Rightarrow\)Fazendo a simplificação \((x-9)\) temos:

\(\lim_{x\rightarrow9}\frac1{\sqrt x+3}\Rightarrow\) Substituindo o valor do limite: \


(\lim_{x\rightarrow9}\frac1{\sqrt9+3}=\frac1{3+3}=\frac16\)

Exemplo 11: Dada a função \(f(x)=\frac{x-4}x\), determinar:

a) A derivada da função usando a definição 1

b) A derivada da função no ponto de abscissa 5

c) O coeficiente angular da reta tangente no ponto \(P(5,\frac15)\)

d) O coeficiente angular da reta normal à curva no ponto de abscissa 5.

e) As retas tangente e normal à curva no ponto \(P(5,\frac15)\)

Solução:

a) \(f(x)=\frac{x-4}x\) e \(f(x+\triangle x)=\frac{x+\triangle x-4}{x+\triangle x}\)

\(\begin{array}{l}f'(x)=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{{\displaystyle\frac{x+\triangle x-4}{x+\triangle x}}-


\displaystyle\frac{x-4}x}{\triangle x}}\\f'(x)=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{\displaystyle\frac{(x^2+x\triangle x-4x)-(x^2-
4x+x\triangle x-4\triangle x)}{x(x+\triangle x)}}{\triangle x}}\\f'(x)=\underset{}{\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{4\triangle x}{\triangle
x.x(x+\triangle x)}}\end{array}\)

Calculando o limite temos:

\(f'(x)=\frac4{x^2}\)

b) A derivada no ponto x=5 é

\(\begin{array}{l}f'(5)=\frac4{5^2}\\f'(5)=\frac4{25}\end{array}\)

c) O coeficiente angular da reta tangente no ponto \(P(5,\frac15)\) é igual a derivada da função no mesmo ponto. Portanto,

\(m_t=\frac4{25}\)

d) O coeficiente da reta normal tem a seguinte relação com o coeficiente angular da reta tangente:

\(m_n=-\frac1{m_t}\)

Portanto,

\(\begin{array}{l}m_n=-\frac1{\displaystyle\frac4{25}}\\m_n=-\frac{25}4\end{array}\)

e) Reta tangente

Temos \(P(5,\frac15)\) e \(m_t=\frac4{25}\) calculado anteriormente. Substituindo na equação geral da reta, temos:

\(y-\frac15=\frac4{25}(x-5)\)

Resolvendo temos:

\(4x-25y-15=0\) equação da reta tangente

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Reta normal

Temos \(P(5,\frac15)\) e \(m_t=\frac4{25}\) calculado anteriormente. Substituindo na equação geral da reta, temos:

\(y-\frac15=-\frac{25}4(x-5)\)

Resolvendo temos:

\(125x+20y-629=0\) equação da reta normal.

Exemplo 12. Dada \(f(x)=\sqrt[3]x\), encontre a derivada \(f'(x)\).

Solução:

Pela definição temos que:

\(f'(x)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{f(x+\triangle x)-f(x)}{\triangle x}\)

Temos a função \(f\left(x\right)=\sqrt[3]x\), para encontrarmos a derivada é necessário reescrevermos a função em forma de
potência, ou seja, \(f(x)=x^\frac13\), Assim podemos aplicar a definição de derivada:

\(f'(x)=\lim_{\triangle x\rightarrow0}\frac{(x+\triangle x)^{\displaystyle\frac13}-(x)^{\displaystyle\frac13}}{\triangle x}\)

Para resolvermos este limite, vamos fazer a troca de variáveis:

\((x+\triangle x)^\frac13=t\), então elevando ambos os membros a 3 obtemos:

\((x+\triangle x)^1=t^3\) então substituindo na definição temos:

\(f'(x)=\lim_{t\rightarrow a}\frac{t-a}{t^3-a^3}\Rightarrow\) fazendo a fatoração do denominador,

\(f'(x)=\lim_{t\rightarrow a}\frac{t-a}{(t-a)(t^2+at+a^2)}\Rightarrow\) fazendo a simplificação de \((t-a)\) temos:

\(f'(x)=\lim_{t\rightarrow a}\frac1{(t^2+at+a^2)}\Rightarrow\) aplicando o limite

\(f'(x)=\lim_{t\rightarrow a}\frac1{(t^2+at+a^2)}=\frac1{(a^2+aa+a^2)}=\frac1{3a^2}\)

como \(a=x^\frac13\) substituindo \(a\) temos:

\(f'(x)=\frac1{3x^{\displaystyle\frac23}}\)

Note que: Neste exemplo a função \(f(x)=x^\frac13\) é contínua em 0, porém em \(f'(x)=\frac1{3x^2}\) não é definida em 0.

Resposta: \(a)\;f'\left(x\right)=-2x\;\;\;b)\;f'\left(x\right)=-\frac2{x^3}\;\;\;c)\;f'\left(x\right)=-\frac1{2x^2}\)

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4.11 Continuidade de Funções Deriváveis

Segundo a resolução do exercício 12, podemos observar que \(f(x)\) é contínua em \(x_1\), o que não implica na existência de \
(f'(x_1)\). A recíproca é verdadeira. Veja o Teorema.

Prova. Seja \(f(x)\) uma função derivável em \(x_1\). Vamos provar que \(f(x)\) é contínua em \(x_1\), ou seja, para que a função seja
contínua ela deve satisfazer algumas condições:

(i) \(f(x_1)\) existe;

(ii) \(\lim_{x\rightarrow x_1}f(x)\) existe;

(iii) \(\lim_{x\rightarrow x_1}f(x)=f(x_1)\)

Por hipótese, \(f(x)\) é derivável em \(x_1\). Logo \(f'(x_1)\) existe, usando a definição:

\(f'(x_1)=\lim_{x\rightarrow x_1}\frac{f(x)-f(x_1)}{x-x_1}\)

Desta forma, temos que \(f(x_1)\) deve existir para que o limite tenha significado.

Além disso, temos que:

\(\lim_{x\rightarrow x_1}\;\left[f(x)-f(x_1)\right]=\lim_{x\rightarrow x_1}\left[(x-x_1).\frac{f(x)-f(x_1)}{x-x_1}\right]=\lim_{x\rightarrow x_1}


(x-x_1).\lim_{x\rightarrow x_1}\frac{f(x)-f(x)}{x-x_1}=0.f'(x_1)\)

Logo, \(\lim_{x\rightarrow x_1}\;\left[f(x)-f(x_1)\right]=0\)

E ainda,

\(\lim_{x\rightarrow x_1}\left[f\left(x\right)-f\left(x_1\right)+f\left(x_1\right)\right]=\lim_{x\rightarrow x_1}\left[f\left(x\right)-


f\left(x_1\right)\right]+\lim_{x\rightarrow x_1}f\left(x_1\right)=0+f\left(x_1\right)=f\left(x_1\right)\)

Uma função terá uma derivada em um ponto \(x_0\) se os coeficientes angulares das retas secantes que passam por \
(P\left(x_0,f\left(x_0\right)\right)\) e um ponto \(Q\) próximo no gráfico tenderem a um limite à medida que \(Q\) se aproxima de \(P\).
Quando as secantes não têm uma posição limite ou se tornam verticais à medida que \(Q\) tende a \(P\), a derivada não existe.
Logo, a diferenciabilidade (derivabilidade) tem a ver com uma “suavidade”do gráfico de \(f\).
Um função pode não apresentar derivada em determinado ponto por vários motivos, incluindo a existência de pontos em que o
gráfico apresenta:
 Um “bico” , “quina”ou uma “dobra”, então o gráfico \(f\) não terá tangente neste ponto e \(f\) não será diferenciável, além disso, as
derivadas laterais são diferentes;

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 Uma cúspide, em que o coeficiente angular de \(PQ\) tende a \(\infty\) de um lado e a \(-\infty\) do outro;
 Reta Tangente vertical, quando \(x=a\), isto é, \(f\) é contínua em \(a\) e \(\lim_{x\rightarrow a}\left|f'\left(x\right)\right|=\infty\), ou
também pode tender a \(-\infty\). Isso significa que a reta tangente fica cada vez mais íngrime quando \(x\rightarrow a\)
 Em qualquer descontinuidade, por exemplo uma descontinuidade de salto, \(f\) deixa de ser diferenciável, ou seja, se \(f\) não for
contínua em um determinando ponto \(x=a\), então \(f\)não é diferenciável em \(x=a\).

Outro caso em que a derivada pode deixar de existir ocorre quando o coeficiente angular da função oscila rapidamente próximo a
um determinado ponto \(P\), como em \(f\left(x\right)=\sin\left(\frac1x\right)\) próximo da origem, onde é descontínua.

Exemplo 13. Verifique se \(f(x)=\left|x+1\right|\) é derivável em \(x=-1\).

Solução:

A função f pode ser descrita por duas equações equivalentes:

\(f(x)=\left|x+1\right|=\left\{\begin{array}{l}x+1\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;se\;x+1\geq0,\;ou\;seja,\;se\;x\geq-1\\-
(x+1)\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;\;se\;x+1<0,\;ou\;seja,\;se\;x<-1\end{array}\right.\)

Para ser derivável em \(x=x_0\), uma função f tem que ser contínua em \(x=x_0\) e as derivadas à direita \((f'^+(x_0))\) e à esquerda \
((f'^-(x_0))\) de \(x_0\) devem ser iguais, isto é \((f'+(x_0))=(f'^-(x_0))\).

A função \(f(x)\) é contínua em \(x=x_0\)

\(\lim_{x\rightarrow x_0}f(x)=f(x_0)\)

a) Cálculo do valor da função em \(x=-1\)

\(f(x)=\left|x+1\right|\Rightarrow f(-1)=\left|-1+1\right|=0\)

b) Verificando se o limite existe:

\(\begin{array}{l}\lim_{x\rightarrow-1^+}f(x)=\lim_{x\rightarrow-1^+}x+1=\lim_{x\rightarrow-1^+}x+\lim_{x\rightarrow-
1^+}1=-1+1=0\\\lim_{x\rightarrow-1^-}\;f(x)=\lim_{x\rightarrow-1^-}-(x+1)=\lim_{x\rightarrow-1^-}-x+\lim_{x\rightarrow-1^-}-1=1-
1=0\\\lim_{x\rightarrow-1^+}\;f(x)=\lim_{x\rightarrow-1^+}f(x)=0\;\;\;\;\;\;\;\;\;.^..\;\lim_{x\rightarrow-1^+}f(x)=0\end{array}\)

c) \(\lim_{x\rightarrow-1}\;f(x)=f(-1)\) a função é contínua em \(x=-1\)

Se a função \(f(x)\) é contínua em \(x=x_0\), \(f\left(x\right)\) será derivável em \(x=x_0\) se:

\(\begin{array}{l}f'_+(x_0)=f'_-(x_0)\\f'_+(x_0)=\lim_{x\rightarrow x_0}\frac{f(x)-f(x_0)}{x-x_0}=\lim_{x\rightarrow-1^+}\frac{(x+1)-0}{x-
(-1)}=\lim_{x\rightarrow-1^+}\frac{(x+1)}{x+1}=\lim_{x\rightarrow-1^+}1=1\\f'_-(x_0)=\lim_{x\rightarrow x_0}\frac{f(x)-f(x_0)}{x-
x_0}=\lim_{x\rightarrow-1^+}\frac{-(x+1)-0}{x-(-1)}=\lim_{x\rightarrow-1^+}\frac{-(x+1)}{x+1}=\lim_{x\rightarrow-
1^+}-1=-1\end{array}\)

Como \(f'^+(x_0)\neq f'^-(x_0)\), a função não é derivável em \(x=-1\), apesar de ser contínua em \(x=-1\).

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Figura 4.13 Representação gráfica da função \(f(x)=\left|x+1\right|\)

Quando as derivadas laterais (direita e esquerda) existem e são diferentes em um ponto \(x=x_0\), dizemos que este é um ponto
anguloso do gráfico da função, ou seja, f não é derivável em \(x=x_0\), o gráfico de f apresenta um “bico” em \((x_0,f(x_0))\). Além
disso, o gráfico \(f(x)=\left|x+1\right|\) não admite reta tangente em \((-1,f(-1))\).

Exemplo 14. Seja dada a função \(f\left(x\right)=\left\{\begin{array}{lc}x^2&se\;x\leq0\\x&se\;x>0\end{array}\right.\). Verifique se esta


função é diferenciável no ponto \(P(0,0)\).

Solução:

Para verificarmos se a função \(f\) é diferenciável no ponto \(P(0,0)\), vamos calcular as derivadas laterais destas funções utilizando
a definição de derivada.

\(\begin{array}{l}f_+'\left(x_0\right)=\lim_{x\rightarrow x_0}\frac{f\left(x\right)-f\left(x_0\right)}{x-x_0}=\lim_{x\rightarrow0^+}\frac{x-0}{x-
0}=\lim_{x\rightarrow0^+}\frac xx=1\\f_-'\left(x_0\right)=\lim_{x\rightarrow x_0}\frac{f\left(x\right)-f\left(x_0\right)}{x-
x_0}=\lim_{x\rightarrow0^-}\frac{x^2-0}{x-0}=\lim_{x\rightarrow0^-}x=\frac{x^2}{x^2}=\lim_{x\rightarrow0^-}x=0\end{array}\)

Notem que as derivadas laterais são diferentes, assim podemos afirmar que esta função não é diferenciável no ponto \(P(0,0)\).
Podemos representar graficamente como:

Figura 4.14 Representação gráfica da função

Note que no ponto \(P(0,0)\) o gráfico apresenta uma quina, ou uma dobra assim, também podemos verificar que a função não é
diferenciável.
Pelo Teorema temos que se uma função é diferenciável então ela é contínua neste caso não podemos afirmar nada se esta função é
contínua ou descontínua. Mas podemos fazer o teste de continuidade, e verificar se esta função é contínua ou não no ponto \
(P(0,0)\).

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Pelo teste da continuidade temos que:


(i) \(f(0)=0\)
(ii) \(\begin{array}{l}\lim_{x\rightarrow0^-}x^2=0\\\lim_{x\rightarrow0^+}x=0\end{array}\) Como os limites laterais são iguais temos que:
\(\lim_{x\rightarrow0}f\left(x\right)=0\)
(iii) \(\lim_{x\rightarrow0}f\left(x\right)=f\left(0\right)=0\)

Então podemos afirmar que a função \(f\left(x\right)=\left\{\begin{array}{lc}x^2&se\;x\leq0\\x&se\;x>0\end{array}\right.\) é contínua em


\(P(0,0)\). Mas não é diferenciálvel em \(P(0,0)\).

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