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Globalização e meio ambiente

Apesar de o termo “globalização” estar, de uma maneira geral, associado às mudanças ocorridas no cenário
mundial entre o final do século XX e o início do século XXI, é possível afirmar que se refere a um fenômeno cíclico,
com picos “globalizadores” ao longo da história. Talvez a primeira grande onda da globalização tenha ocorrido
durante o período das grandes navegações, que possibilitaram ligações comerciais entre continentes distantes.

A globalização como a conhecemos hoje tem suas raízes na época imediatamente posterior ao fim da segunda
guerra mundial. Os maciços investimentos empreendidos por algumas nações, direcionados à manutenção da
máquina de guerra, fincaram as bases do aparato tecnológico que possibilitou a expansão dos mercados, criando
a chamada economia-mundo.

Os EUA emergiram da segunda grande guerra como potência econômica. Beneficiados pela concentração da
tecnologia e pela capacidade econômica de financiar a reconstrução dos países arrasados pelo conflito, passaram
a exercer forte domínio sobre boa parte do mundo, não alcançando a hegemonia global graças à bipolarização
decorrente da divisão do poder mundial com a União Soviética. Surgida após a primeira guerra mundial em
decorrência da revolução que depôs a monarquia czarista, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS
lutou ao lado dos aliados na segunda guerra, pois havia sido invadida pelas tropas nazistas. Com a derrota do
Eixo, coalizão composta, entre outros, pela Alemanha, Itália e Japão, a URSS, que à época já era uma potência
industrial, garantiu influência sobre todo o leste europeu. Essa bipolarização deu origem à Guerra Fria, que
duraria até 1991.

Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, as condições para a rápida expansão capitalista no mundo estavam
criadas. A partir de então o poder das corporações passou a ficar cada vez mais evidente em detrimento do poder
dos estados nacionais. A adoção por muitos países de modelos econômicos liberais, sob a influência da doutrina
implantada por Margaret Thatcher no Reino Unido, aliada ao avanço tecnológico nas comunicações e nos
transportes, permitiu o surgimento da “aldeia global”. Estabeleceu-se a divisão internacional do trabalho, por
meio da qual as corporações pulverizam etapas da produção de bens em diversos países, garantindo o maior
lucro possível. Enquanto no passado a produção industrial se dava na metrópole, que obtinha a matéria prima a
partir das colônias, no novo modelo a produção passou a ser feita nos países menos desenvolvidos para garantir
menor custo de produção, devido principalmente à mão-de-obra mais barata. A prática muitas vezes leva à
exploração desumana dos trabalhadores de países periféricos e garante a disseminação global dos produtos a
preços competitivos.

As consequências ambientais da globalização e da implantação da nova ordem mundial do pós-guerra são


catastróficas. A crise ambiental que ameaça o futuro do planeta tem sua origem justamente na expansão
capitalista promovida pela globalização. Para a economia globalizada continuar crescendo são necessários cada
vez mais consumidores, ainda que não consumam sequer o mínimo necessário a uma vida digna. O aumento do
consumo por aqueles que já dispõem do necessário para viver é uma necessidade constante, que é estimulada
por campanhas publicitárias, mensagens subliminares e por um sistema que valoriza as pessoas pelo seu poder de
compra e não pela essência de cada ser.Planejamento familiar, soluções coletivas para aquisição de bens e
serviços (incluindo o transporte coletivo), formas alternativas de produção, estímulo à produção familiar de
alimentos, entre outros, contrariam a lógica do mercado global e por isso não são fomentados pelos governos e
instituições públicas capturados pelas corporações. Para que essa máquina continue girando é preciso que se
disseminem padrões de comportamento altamente consumistas.

Nessa esteira seguem estratégias altamente sofisticadas, como a chamada obsolescência programada, observada
com facilidade, por exemplo, no mercado de telefones celulares. Apesar de haver tecnologia disponível para
produtos mais sofisticados, os modelos são lançados “a conta-gotas” para estimular o maior consumo. A indústria
da moda é outra vertente da estratégia consumista, ditando padrões voláteis que impõem aos seus seguidores a
necessidade de comprar novas roupas a cada estação.
As necessárias ações mitigadoras de problemas sociais, como o combate à fome, por exemplo, ou mesmo
algumas louváveis ações de inclusão social, muitas vezes ajudam a movimentar o sistema, na medida em que
trazem mais consumidores ao mercado. No entanto, medidas que possam distribuir renda mais efetivamente,
como tributação progressiva ou uma regulação mais rígida do mercado não são adotadas. Discussões sobre
controle populacional são consideradas tabus, sob o pretexto de que o desenvolvimento proporcionado pelo
avanço da economia de mercado promove naturalmente o planejamento das famílias.

No mundo dominado pelos interesses corporativos a demanda por matéria prima e energia é crescente. Isso
resulta em exploração insustentável dos recursos naturais, geração de resíduos em progressão geométrica,
poluição e contaminação ambientais crescentes, avanço progressivo sobre áreas naturais, escassez de água,
destruição de habitats com consequente redução na biodiversidade, incremento na emissão de gases de efeito
estufa, etc..Paradoxalmente, a ganância desmesurada da globalização capitalista poderá ser seu algoz. As
recentes crises que abalaram a economia estadunidense com reflexos que estão sendo sentidos até agora no
restante do mundo, especialmente na Europa, demonstram isso. A facilidade que a tecnologia propiciou na área
da comunicação, causa e ao mesmo tempo consequência da globalização, promove a gestação de movimentos
contrários ao capitalismo selvagem, turbinados pelas redes sociais.

A análise do fenômeno da globalização com alguma profundidade joga por terra as teses conspiratórias contra as
ONGs ambientalistas, que atribuem a elas interesses contrários ao desenvolvimento das nações emergentes. A
degradação ambiental ocorrida nesses países tem concentrado riqueza nas mãos das corporações transnacionais
que compram nossas commodities para produzir bens industrializados de valor muito maior. A estadunidense
Cargill é um exemplo didático. Assim como em qualquer atividade humana, a luta pela conservação ambiental
não pode prescindir dos conhecimentos históricos, econômicos e geopolíticos, sob pena de que se cometam erros
cruciais de avaliação que acabam levando ao fracasso.

ATIVIDADE

1. Escreva um texto de 10 linhas sobre os impactos da globalização sobre o meio ambiente. Apresente ideias
contra ou a favor, ou seja, opine, apresente ideias e possíveis soluções.

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