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Abstract: The Brazilian Stamp Catalog is a reference work that organizes and contextualizes the
philatelic production with ownership, legitimacy and credibility in the national and international
scenarios. The research analyzes, historically contextualized, quantitative data and the qualitative
characteristics of the development of the catalog. A bibliographic methodology was used conidering
the the scientific literature on areas like Librarianship, Information Science, Memory, Collecting, and
Philately. Also analyzed in detail 30 editions of the Brazilian Stamps Catalog published between 1975
and 2018. As first considerations, considering the time scope analyzed, the catalog suffered
significant editorial transformations, continuous improvement of thematic categories, and it
continued to insert new philatelic documents, finally, data referenced to the production of
commemorative postage stamps issued between 1900 and 1943 were studied. The provisional
results and the ongoing research provokes an interesting opportunity to debate about philatelic
documentation and its practice of collecting in the field of Information Science.
1 INTRODUÇÃO
O Catálogo de Selos do Brasil (CSB), produzido pela editora Rolf Harald Meyer (RHM),
é a obra de referência que representa a produção filatélica com propriedade, legitimidade e
credibilidade no cenário nacional. Publicada anualmente elenca todos os documentos
filatélicos produzidos pelos Correios do Brasil desde a emissão da primeira trinca dos Olhos-
de-Boi, em 1843. O CSB há mais de 70 anos reúne dados e informações tanto sob uma
perspectiva econômica quanto descritiva em relação à dimensão da organização cronológica
das emissões, da sua representação do conhecimento, mas, também informações históricas,
sociais e culturais por meio de toda a documentação representada no catálogo.
Com o intuito de compreender a lógica organizacional adotada ao longo das
publicações anuais do Catálogo de Selos do Brasil e, consequentemente, da ampliação de
seu alcance para além do objetivo mercadológico, a pesquisa em andamento considera o
CSB uma obra de referência e, por sua vez, tem como objetivo analisar aspectos
quantitativos e qualitativos do desenvolvimento do Catálogo de Selos do Brasil a partir das
edições publicadas após a compra da obra pela Editora RHM, em 1975.
O estudo do CSB considera parte da memória postal brasileira. Isso representa um
olhar atento ao resgate na forma de documento às pessoas, os fatos, eventos, processos e o
tempo. De forma geral, funciona como um elo entre o humano, sua história e o
conhecimento político, econômico e social, pois é salutar que toda e qualquer ferramenta
disponível seja utilizada para contribuir, cada qual à sua forma, para o desenvolvimento de
modelos de divulgação da memória social (SALCEDO 2008, 2010). Isso implica num estudo
crítico da documentação postal nacional com um atento olhar sobre aspectos culturais,
sociais, históricos. Esse conjunto de informações pretéritas é digno de ser escrutinado,
desvelado e compartilhado, justamente o que é desenvolvido e ilustrado neste texto.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O Catálogo de Selos do Brasil (MEYER, 2016), antes de ser uma fonte de informação
produzida para o público em geral, tem como foco um potencial usuário específico: o
colecionador de documentos filatélicos, conhecido como filatelista, o comerciante e as casas
de leilão, pesquisadores e estudantes de diversas e distintas áreas de conhecimento. Além
disso, esse catálogo é utilizado como obra de referência interinstitucional, no sentido que
denotam Campello e Campos (1988). As atualizações inseridas no CSB servem como obra de
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referência, como guia, para as atualizações anuais dos quatro catálogos filatélicos mundiais
produzidos por empresas mundialmente reconhecidas no campo filatélico, a saber: Scott
(norte-americano), Yvert (francês), Michael (alemão) e Stanley (britânico).
As obras dessa natureza "[...] além de facilitarem as buscas dos usuários, contribuem
para formar imagens da produção bibliográfica em determinada área do conhecimento, num
período de tempo, num certo local e/ou distribuição num conjunto de bibliotecas"
(BUFREM , 1993, p. 5). As fontes de informação a partir das categorias supracitadas e de um
ponto de vista amplo é sugerido por Gomes e Dumont (2015, p. 135): “[...] as fontes de
informação são veículos potenciais que podem possuir uma determinada informação para
um determinado sujeito para satisfazer uma determinada necessidade”, ou seja, para esses
autores uma fonte de informação reduz incertezas e cria as condições de possibilidades da
emergência de novos saberes.
O estudo de caráter descritivo e analítico do corpus oferece um panorama da
produção editorial e bibliográfica de locais, instituições, personalidades, grupos de pessoas e
assuntos, bem como permite desvelar nuances, características e peculiaridades do
repertório cultural produzido no campo da Filatelia brasileira (FONSECA, 1964). Como obra
de referência, o catálogo organiza, cataloga, classifica e indica valores comerciais das fontes
primárias produzidas pelos Correios: selo postal, bloco comemorativo, editais, inteiros
postais, folhinhas filatélicas etc. Nele está catalogada a documentação filatélica brasileira
desde seu surgimento em 1843 até os dias atuais.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa em andamento quanto ao seu objetivo é do tipo exploratória, já que
pretende uma maior aproximação e familiarização com o objeto de pesquisa que está sendo
investigado. Com relação aos procedimentos e concordando com Gil (2009, p. 41) ela é
bibliográfica e documental. Foi feito o levantamento bibliográfico com enfoque em artigos
científicos, livros especializados das áreas de Ciência da Informação e da Filatelia, por meio
da Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e
da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da CAPES, assim como por consulta ao acervo
particular de um bibliófilo filatelista residente na cidade do Recife. A partir da consulta ao
acervo desse colecionador foi identificada e analisada a estrutura e formatação de 30
edições do CSB, de 1975 até 2017. Fez-se o detalhamento de características editoriais e dos
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Essa ruptura pode indicar que o cenário político e econômico brasileiro da época
repercutiram na filatelia nacional. Conforme indicam Brito e Mendes (2004), a década de
1990 foi denominada por parte da literatura econômica como "década perdida". Alguns
economistas afirmam que os motivos desse comportamento podem ser explicados como
consequências inevitáveis da irresponsabilidade governamental de períodos anteriores e de
decisões tomadas no âmbito da definição da política econômica interna. Por sua vez, em
1994 (49° ed.), assume a empresa RHM o filho de Rolf Harald Meyer, Peter Meyer, um dos
maiores especialistas em olhos-de-boi e documentos postais do período imperial brasileiro.
Nesse ano, o catálogo é publicado em 4 volumes: Cartas Pré-Filatélicas a partir de 1798 e os
selos e Inteiros Postais do Império até 1890 (v. 1); os selos de 1890 até 1967 (v. 2); os selos
de 1967 até 1993 (v. 3); e os Inteiros Postais do Império e República (v. 4).
Feito o levantamento inicial de dados quantitativos e qualitativos referentes à análise
estrutural das edições são elencadas no Quadro 1 as mudanças ocorridas no sistema de
organização do CSB:
Quadro 1: Reestruturação das edições
ANO MODIFICAÇOES OCORRIDAS NO CATÁLOGO
1975 A RHM adquire o “Catálogo de Selos do Brasil”.
1976 São feitos novos estudos sobre os selos do tipo Olhos-de-Boi: papéis, filigrana de sutura e sobrecartas.
Inclusão de Variedades Zeppelin.
1977 Inclusão de carimbos sobre os selos Olhos-de-Boi: catalogação e classificação geográfica.
1978 Inclusão dos selos de Depósito e Comemorativos, além dos aéreos sem denteação.
1979 Inclusão dos selos com a efígie de D. Pedro II produzidos pela American Bank Note: tipos, papéis, selos com legendas, bissetos e
trissetos.
Inclusão dos selos da República sem denteação.
1980 Tabela Império: inclusão das variedades em pares e quadras.
Vultos Célebres (1954/64) – classificação especializada baseada no estudo do autor, de 1970.
1981 Classificação e inclusão das Cadernetas de selos.
1982 Estudo especializado de D. Pedro II, padrão Casa da Moeda do Brasil.
1983 Inclusão da terceira coluna de cotações.
1984 Artigo comemorativo dos 140 anos dos selos do tipo Inclinado.
1985 Suplemento profissional com a cotação dos selos em ORTN´s.
1986 Os selos do Império são reproduzidos nas suas cores originais pela primeira vez.
Definições de franquias e tabela de ocorrência dos envelopes do Brasil Império.
Cotações dos envelopes do Império (franquias isoladas e múltiplas).
Classificação especializada dos “inclinados”.
1987 Revisão e ampliação da tabela de ocorrência das sobrecartas, envelopes etc.
Inteiros Postais do Império: classificação especializada e inédita, com a reprodução a cores.
Ampliação da terceira coluna de cotações até 1953.
1988 Lançamento de uma lista complementar de atualização dos preços chamada “Aggiornamento 87/88”.
Conquista do prêmio máximo concedido a um catálogo comercial em exposições filatélicas mundiais (Prenfil 88, em Buenos
Aires, Argentina).
1989 Divisão em dois volumes.
Os selos regulares modernos e do Mal de Hansen em cores, mostrando inclusive a reação destes selos sob lâmpada ultra-violeta.
1990 As cotações são apresentadas em unidades filatélicas (UF).
1993 Divisão em quatro volumes, com a nova e moderna diagramação.
Volume I – classificação inédita das cartas pré-filatélicas do Brasil.
Volume I – classificação ampliada dos Selos de Guerra.
1994 Volume III- classificação dos selos modernos com regulares, blocos, autômatos, Hansen e cadernetas em cores.
Volume IV - classifica os Inteiros Postais do Brasil de 1867 a 1993.
1995 Volume II- classificação dos selos regulares com nova apresentação em cores.
Apresentação das filigranas em tamanho natural ao lado e cada emissão.
Intercalação dos selos aéreos comemorativos no capítulo de selos comemorativos.
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Feita essa análise detalhada das edições no quadro anterior, o corpus demandou
uma análise dos dados referentes à produção dos selos postais do tipo comemorativo
emitidos desde 1900 até 1943, como ilustrado no Gráfico 1:
20
20 19
18 16 16
16 15
14 14
14 12
12 11
10 8 8
8 7
6 QUANTIDADE
6 4
4 3 3 3
2 2 2
2 1 1 1 1 1 1 1
0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
00
07
09
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
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BRITO, E. G. de; MENDES, A. Os impasses da política econômica brasileira nos anos 90.
Revista de Economia e Relações Internacionais. v.2, n.4, jan. 2004. Disponível em:
<https://bit.ly/2zmPCbH>. Acesso em: 12 jul. 2018.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
______. A ciência nos selos postais comemorativos brasileiros: 1900-2000. Recife: EDUFPE,
2010.