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Relatório Parcial
EDITAL / PROGRAMA
PIBIC (x) PIBIC-AF ( ) PIBIC-MS ( ) PIBITI ( ) VOLUNTÁRIO ( )
ESTUDANTE IC
(Digitar nome completo, sem abreviações).
ORIENTADOR
(Digitar nome completo, sem abreviações).
Salvador
fevereiro de 2019
1
O volume II do catálogo oferece a lista dos documentos a partir do ano 1766, dando continuidade ao volume I.
Não se inicia a partir de 1604, como indicam as informações do catálogo.
Fonte: Fundo AHU-Baía, cx. 265, doc. 35; cx. 266, doc. 68, 69 e 70. AHU_ACL_CU_005, Cx. 276, D. 19212.
TRANSCRIÇÃO DA CARTA
||1r||
Senhor
2
Presença de carimbo do Arquivo Histórico Ultramarino
4. DISCUSSÃO SUCINTA
A Filologia ocupa-se do texto escrito para analisar, interpretar e restituir aspectos
culturais, históricos e linguísticos da trajetória de uma sociedade, buscando resgatar as
origens e a genealogia dos textos, por meio da história da transmissão textual. Concentra-se
em compreender os conteúdos produzidos historicamente no texto e suas relações, os
mecanismos linguístico-discursivos que engendram a construção do texto (BORGES;
SOUZA, 2012). O interesse desta pesquisa volta-se para a investigação de documentos
relativos à Bahia do século XIX, que registram situações de guerra, revolta e violência
preponderante na trajetória histórica do povo baiano, a fim de que “a memória possa emergir
dos textos editados e dos usos linguísticos, mas também das imagens dos lugares, dos
sujeitos e das comunidades, que compõem o universo fragmentado da história da Bahia”
(GONÇALVES, 2017, p. 193).
Assim, para este plano de trabalho foram selecionados os documentos históricos
referenciados no Catálogo dos Documentos Manuscritos avulsos da Capitania da Bahia,
pertencentes ao Projeto Resgate (2009) e no Catálogo de documentos sobre a Bahia
existentes na Biblioteca Nacional. No primeiro catálogo, a documentação corresponde, em
sua grande maioria, ao Fundo Documental do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) – o
Conselho Ultramarino, localizado em Lisboa, Portugal; e no segundo, pertence a fundos
documentais diversos. A partir desses documentos, vem sendo realizado o mapeamento, a
descrição e a transcrição de Cartas, referentes ao recorte temático e cronológico da pesquisa.
Após estas etapas, foi iniciada a elaboração de um glossário referente à temática de
guerras, revoltas e contextos de violência, que contemple a seleção de lemas como um
instrumento para auxiliar de forma mais clara a compreensão dos textos e servir de fonte de
conhecimento e estudo para outro estado de língua, como exemplo de um ato de fala
pertencente a um tempo e um lugar (BARBOSA, 2001, p. 43).
No século XIX, as Cartas oriundas destes arquivos versam, em sua grande maioria,
sobre concessões de patentes de honra, procedimentos administrativos e solicitações às
autoridades, mas também surgem conteúdos sobre revoltas, sublevações e insurreições deste
período, a condição política e as relações militares, especialmente no que diz respeito ao
processo de independência do Brasil. A respeito disto, o idealismo antilusitano, o
ressentimento de repressões anteriores e a vontade de afirmação do recém-criado
nacionalismo brasileiro, mobilizaram não só as elites (especialmente no Nordeste),
inspiradas por teorias liberalistas francesas e norte-americanas, mas também as camadas
populares, que aproveitaram o momento de insatisfação geral para também reivindicar suas
permitindo leituras diversas sobre um mesmo material. Sob esta perspectiva, o fato histórico
se transforma conforme o olhar que lhe direcionamos.
Deste modo, nos compete avaliar os testemunhos, que só podem ser interpretados por
esta postura crítica. Ou seja, a postura do pesquisador deve ser a de questionar os
documentos para rememorar o passado. Porém, para encontrar elementos tão diversos
presentes num único texto e poder estabelecer inferências históricas, a Filologia precisa
recorrer a outras disciplinas, como a Paleografia e a Diplomática. A partir da análise
paleográfica e diplomática dos documentos, podemos reafirmar o seu valor histórico.
Partindo deste pressuposto, o pesquisador pode e deve relacionar o texto com outros
conhecimentos e outros fatos históricos, que assumam papel decisivo na apreensão e
compreensão dos acontecimentos.
Assim, nota-se a importância da Paleografia para o estudo da história escrita,
particularmente a escrita à mão - como é o caso deste corpus - investigando seu processo de
produção e seus aspectos gráficos, e muito além, suas implicações sociais (SAÉZ &
CASTILLO, 1999), estabelecendo as características extrínsecas do documento, facilitando
sua leitura e transcrição e auxiliando na compreensão do sistema de escrita usual da época
(CAMBRAIA, 2005, p. 23). De outro modo, a Diplomática se ocupa da estrutura formal de
documentos emitidos em caráter oficial. Um documento diplomático produz efeito jurídico e
administrativo, contém fórmula fixa e uniforme, enquanto um documento não diplomático
costuma ser apenas informativo, não produz efeito jurídico ou contém fórmula fixa
(BELLOTTO, 2002, p. 13 - 18).
No que se refere às Cartas emitidas neste período, pode-se dizer que poderiam ser
correspondências provenientes do alto escalão ou de outra natureza (comercial, industrial,
social). Há espécies de Cartas que funcionam como documento diplomático, como as Cartas
de Lei, as Cartas Patentes, Cartas de Perdão, entre outras, que retratam e comprovam
procedimentos jurídicos ou administrativos e/ou interferem em regulamentos e estatutos.
Sanchis (2000, p. 14) afirma que as Cartas abarcam âmbitos mais amplos que a
classificação de gênero literário, podendo figurar como informação diplomática e
convertendo-se em fonte de informação política, mas também apresentando diferentes
graus, podendo surgir como cartas políticas, às vezes públicas, outras vezes privadas, que
contribuem para esclarecer aspectos importantes das decisões dos governantes.
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