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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, CRIAÇÃO E INOVAÇÃO


COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO A PESQUISA, CRIAÇÃO E INOVAÇÃO

Relatório Final
PIBIC, PIBIC-AF, PIBITI e PIBIC-MS
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ESTUDANTE IC
(Digitar nome completo, sem abreviações).

Tamires Sales de Quadros

Título do Plano de Trabalho do Estudante


(Digitar o título completo, sem abreviações, exatamente igual ao título do plano de trabalho aprovado).

Catalogação e transcrição de documentos históricos: Cartas do século XVIII

ORIENTADOR (A)
(Digitar nome completo, sem abreviações).

Eliana Correia Brandão Gonçalves

Título do Projeto do Orientador (A)


(Digitar o título completo, sem abreviações, exatamente igual ao título do projeto do orientador(a)).

Guerras, revoltas e contextos de violência em documentos de arquivo histórico-


culturais: edição e estudo linguístico

Salvador,Bahia
agosto /2018

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, CRIAÇÃO E INOVAÇÃO
COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO A PESQUISA, CRIAÇÃO E INOVAÇÃO

RESUMO (250 a 500 palavras)


Este relatório tem por objetivo expor os resultados do plano de trabalho cuja proposta é a
catalogação e transcrição de documentos históricos, especialmente da tipologia documental
Carta, que tratam da história social e cultural da Capitania da Bahia. As Cartas são
provenientes do antigo Conselho Histórico Ultramarino e estão disponibilizadas na base de
dados digitais da Biblioteca Nacional Digital do Brasil, por meio do Projeto Resgate (2009).
Previamente à catalogação e à transcrição dos documentos, utilizou-se como metodologia, a
leitura, fichamento e discussão de textos relativos à área da Filologia, História, Paleografia e
Diplomática para a construção do aporte teórico necessário ao andamento da pesquisa:
Gonçalves (2017), Bellotto (2007), Karnal e Tasch (2011), Tavares (2009), Nunes (2013), Le
Goff (1996), entre outros. Essa etapa foi importante para a compreensão das principais
abordagens desenvolvidas durante este período de pesquisa. Após esta etapa, deu-se início à
seleção e inventário das Cartas, que fazem referência a guerras, revoltas e contextos de
violência. O inventário da série documental Carta do referido acervo foi realizado
observando o critério tipológico, cronológico, tópico, o assunto do texto, a quantificação dos
documentos e número de fólios, o número de série e o registro, além de informações sobre
quem a emitiu e os referidos destinatários, que foram disponibilizados em um quadro
quantitativo geral e outro temático com a finalidade de realizar a descrição e transcrição dos
manuscritos. Foram localizadas 3.678 Cartas do período referente ao século XVIII, das quais
252 correspondem à temática. Assim, foram realizadas as descrições e transcrições de 52
Cartas, compostas de vários fólios, buscando viabilizar a compreensão dessa documentação,
a partir de um processo de transcrição que preserva características gráficas e linguísticas da
época do texto. Deste modo, apresentam-se reflexões obtidas sobre a relevância da tipologia
documental Carta, como representação da memória de um tempo, um lugar e um povo, a
partir da perspectiva filológica, demonstrando como o labor filológico pode fazer vir a lume
as narrativas pretéritas de um passado histórico cuja documentação ainda não foi totalmente
desvendada.

Palavras-chave: Filologia. Documentos históricos. Cartas.

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INTRODUÇÃO
O presente relatório apresenta os resultados da pesquisa com catalogação e transcrição de
documentos históricos. A pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Letras da
Universidade Federal da Bahia - UFBA, com o auxílio de bolsa CNPQ-UFBA e está
vinculada ao grupo de pesquisa Studia Philologica e ao projeto de pesquisa “Guerras,
revoltas e contextos de violência em documentos de arquivos histórico-culturais: edição e
estudo linguístico”, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Eliana Correia Brandão Gonçalves.
O referido projeto tem por objetivo a elaboração de produções editoriais e o
desenvolvimento de estudos semântico-lexicais e terminológicos de documentos
históricos sobre a Bahia, que façam referência à história das guerras, revoltas e violência
na Bahia do século XVIII ao XX. Tais documentos se encontram disponibilizados em
acervos de instituições arquivísticas, nacionais e estrangeiras, como os documentos da
Capitania da Bahia constantes no Arquivo Histórico Ultramarino. Além destes, busca-se
os documentos constantes nos fundos arquivísticos de instituições como a Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro e o Arquivo Público do Estado da Bahia.
A proposta do plano de trabalho foi construída a partir do mapeamento, em forma
de inventário documental, como também leitura, descrição e transcrição de Cartas
históricas datadas do século XVIII, advindas do antigo Conselho Histórico Ultramarino,
que foram catalogadas pelo Projeto Resgate (2009) e que estão disponibilizadas na base
de dados digitais da Biblioteca Nacional Digital do Brasil da Fundação Biblioteca
Nacional.
A elaboração de um inventário documental relaciona-se com a necessidade de
visualizar melhor o material histórico de que se dispõe, facilitando o acesso às
informações para melhor observar suas características, não só as que se referem à
tipologia documental e seus aspectos paleográficos e diplomáticos, mas também o que diz
respeito ao conteúdo destes documentos, cujo principal assunto é o cotidiano da Bahia
colonial, sob diferentes aspectos, como primeira sede administrativa do Brasil.
Segue-se a isto, o intuito de ler, descrever e transcrever os documentos
relacionados à temática em estudo para indagar a origem dos sujeitos, dos grupos que
resistiram a esta realidade e como resistiram e confrontaram as instâncias de poder e
conduziram ou lideraram os embates corporais e discursivos (GONÇALVES, 2017, p.

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193). Por meio de Cartas, muitos destes sujeitos relataram seus modos de vida, os
embates de seu povo, as dificuldades enfrentadas, as situações de conflito em que se
achavam, à maneira como as enfrentavam. Deste modo, trata-se de uma documentação
que registra parte deste passado histórico e se faz um rico instrumento para análise,
interpretação e restituição destes aspectos da vivência de um povo.
Estas questões encontram-se presentes nos mais variados documentos que trazem
as narrativas pretéritas deste passado histórico. São arquivos que merecem e necessitam
ser preservados por trazerem informações escritas a respeito do povo que o construiu, sua
memória, sua cultura. Representam, portanto, fonte inestimável para o pesquisador,
especialmente para o filólogo, interessado no texto como objeto de estudo e no resgate da
materialidade, na restituição de sua genuinidade através de procedimentos técnicos que
viabilizem a sua publicação, explorando os mais variados aspectos: linguístico, literário,
crítico-textual, sociohistórico etc. (CAMBRAIA, 2005, p. 1 - 18).

MATERIAIS E MÉTODOS
Os documentos que compõem o corpus selecionado para a pesquisa estão
disponibilizados na base de dados digitais da divisão de manuscritos da Biblioteca Nacional
e no acervo do Arquivo Público do Estado da Bahia. Estes documentos pertencem ao
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), localizado em Lisboa, Portugal e, mais
especificamente do Conselho Ultramarino (CU) e tratam das relações político-
administrativas existentes entre as várias instâncias provenientes de Lisboa e a colônia
brasileira.
Tais documentos foram selecionados pelo Projeto Resgate de documentação histórica
Barão do Rio Branco. Foram consultados dois catálogos produzidos pelo projeto referentes
aos documentos manuscritos avulsos da Capitania da Bahia (1604 – 1828; 1701-1827), que
reúnem parte da documentação transmitida desse território para a metrópole portuguesa, e
vice-versa. Entretanto, a organização desta documentação foi feita com base na datação e
para realizar uma seleção por tipologias documentais, foi necessário realizar uma nova
seleção e, por sua vez, um inventário com base em outros critérios.
Durante os meses de agosto de 2017 a janeiro de 2018, se desenvolveu a primeira

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etapa da pesquisa voltada para a leitura, fichamento e discussão de textos relativos à área de
Filologia, História, Paleografia e Diplomática, entre os quais Gonçalves (2017), Cambraia
(2005), Saéz & Castillo (1999), Karnal e Tasch (2011), Tavares (2009), Nunes (2013), Le
Goff (1996), entre outros, com o objetivo de desenvolver o aporte teórico necessário ao
andamento da pesquisa. Esta etapa foi importante para a compreensão dos principais temas
desenvolvidos durante este período de pesquisa, pois essas leituras refletem sobre a
importância da história política e social da Bahia colonial, por meio de documentos escritos
de diversas tipologias documentais, constantes nos fundos documentais de instituições
arquivísticas nacionais e internacionais e também apresentam aspectos linguísticos que
permitem o desenvolvimento de reflexões e debates a respeito de atividades filológicas, por
meio do resgate dos textos representados pela tipologia documental Carta.
Desse modo, depois de ler, fichar e discutir os textos teóricos com o grupo de
pesquisa, de agosto de 2017 a janeiro de 2018, deu-se início à seleção e inventário das
Cartas, que fazem referência a guerras, revoltas e contextos de violência. Em seguida, entre
os meses de outubro de 2017 a junho de 2018, foram realizadas as descrições e transcrições
paleográficas de Cartas do século XVIII, que registram contextos do recorte temático da
pesquisa.
Dessa maneira, a partir das leituras, deu-se início ao mapeamento, à seleção e à
análise da espécie documental Carta, com o objetivo de compor um inventário detalhado,
considerando o critério tipológico, cronológico, tópico, além do assunto do texto, a
quantificação dos documentos, o número de fólios, o número de série, o registro e
informações sobre quem emitiu a Carta e os referidos destinatários. Estas informações foram
disponibilizadas em um quadro quantitativo geral e outro temático, com a finalidade de
realizar a descrição e transcrição dos manuscritos.
Este quadro temático foi organizado a partir de chaves de busca. Posteriormente,
identificou-se a correlação com a temática através dos resumos dos documentos e algumas
vezes verificando a própria documentação. Para a realização das transcrições utilizaram-se
critérios baseados nas normas técnicas para transcrição e edição de documentos manuscritos
da Comissão de estabelecimento de normas para transcrição de documentos manuscritos para
a História do Português do Brasil, adaptados conforme as características dos documentos.
São considerados o contexto histórico-social em que os manuscritos estão inseridos e outros

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aspectos fundamentais junto à composição de leituras paleográficas, tais como a descrição


física e as características estruturais dos documentos.

RESULTADOS
Nos primeiros meses dedicados à pesquisa, realizaram-se leituras, fichamentos e
discussões de textos relacionados à Filologia, Paleografia, Diplomática, História Militar,
entre outros temas associados à temática abordada. Fez-se também a seleção de Cartas
referentes ao século XVIII, totalizando 3.678 Cartas datadas do século XVIII, localizadas
nos dois catálogos do Projeto Resgate (2009): 3282 Cartas correspondentes ao volume I e
396 Cartas referentes ao volume II, conforme pode ser visualizado no quadro abaixo:

QUADRO 1 - QUANTIFICAÇÃO DA TIPOLOGIA DOCUMENTAL CARTA CATÁLOGOS -


PROJETO RESGATE
DIVISÃO TOTAL
CRONOLÓGICA QUANTIFICAÇÃO DAS
CATÁLOGO DAS CARTAS CARTAS
POR PERÍODO POR
SÉCULO ANO VOLUME
VOLUME I SÉCULO 1701 a 3282 Cartas 3282 Cartas
1604 - 17531 XVIII 1766

VOLUME II SÉCULO 1766 a 396 Cartas 396 Cartas


1604 - 18282 XVIII 1800

TOTAL GERAL DAS CARTAS 3678 Cartas

A princípio, iniciou-se o processo de seleção usando a palavra-chave “Carta” na pasta


do Projeto Resgate - Bahia Avulsos (1604-1828), que consta no acervo do dossiê referente
ao projeto, no site da Biblioteca Nacional. Posteriormente, julgou-se mais célere a seleção
das Cartas de acordo com o catálogo, pois se verificou que, usando a palavra-chave,
selecionavam-se não só os exemplos da tipologia documental Carta, mas qualquer outro
documento que contivesse esse termo inserido no seu verbete-resumo.
Das Cartas inventariadas, foram encontradas 252 que correspondem a temática de

1
Apesar do volume I do catálogo do Projeto Resgate (2009) apontar a seleção de documentos até o ano 1753,
encontraram-se exemplos de Cartas até o ano 1766 neste mesmo volume.
2
O volume II do catálogo oferece a lista dos documentos a partir do ano 1766, dando continuidade ao volume I.
Não se inicia a partir de 1604, como indicam as informações presentes na capa do catálogo.

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guerras, revoltas e contextos de violência, sendo descritas e transcritas 52 Cartas. Abaixo


segue um exemplo de uma das transcrições realizadas: uma Carta do governador-geral do
Brasil, o conde de Vimieiro, D. Sancho de Faro e Sousa, ao rei D. João V, sobre os escravos
velhos ou incapacitados que eram desprezados pelos seus senhores.
A Carta é escrita em apenas 1 fólio recto, composto por 23 linhas, datada de 10 de
setembro de 1719 e possui três carimbos: um carimbo do Arquivo Histórico Ultramarino
após a linha 1, outro carimbo da Biblioteca Nacional na altura da linha 2 e um terceiro
carimbo da Biblioteca Nacional na altura da linha 15. Apresenta letra cursiva de tamanho
médio, levemente inclinada para a direita, com algumas ligaduras entre as palavras. Não é
possível verificar os aspectos materiais do documento, por se tratar de uma cópia
digitalizada, mas verifica-se na mancha escrita, um desgaste na margem direita, que impede
a visualização de algumas palavras.
Utilizou-se para a transcrição do documento uma adaptação das normas sugeridas
pela Comissão de estabelecimento de normas para transcrição de documentos manuscritos
para a História do Português do Brasil, por ocasião do II Seminário para a História do
Português Brasileiro, em Campos do Jordão, em 1998 (CAMBRAIA, C. N.; CUNHA, A. G.
da; MEGALE, H., 1999, p. 23-26).
1 A transcrição será conservadora.
2 As abreviaturas, alfabéticas ou não, serão desenvolvidas, marcando-se, em itálico, as letras
omitidas na abreviatura, obedecendo aos seguintes critérios:
a) respeitar, sempre que possível, a grafia do manuscrito, ainda que manifeste
idiossincrasias ortográficas do escriba;
3 Não será estabelecida fronteira de palavras que venham escritas juntas, nem se
introduzirá hífen ou apóstrofo onde não houver. Exemplos: "mequeixou"; "deJustiça";
"Retirandose"; "daGente";
4 A pontuação original será rigorosamente mantida.
5 A acentuação original será rigorosamente mantida, não se permitindo qualquer
alteração. Exemplos: “Joaõ”, “advertencia”, “contem”;
6 Será respeitado o emprego de maiúsculas e minúsculas como se apresentam no original.
7 Inserções do escriba ou do copista na entrelinha ou nas margens superior, laterais ou
inferior entram na edição entre os sinais < >, na localização indicada;

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8 Intervenções de terceiros no documento original, devem aparecer no final do documento


informando-se a localização;
9 Intervenções do editor hão de ser raríssimas;
10 Letra ou palavra não legível justificam intervenção do editor na forma do item anterior,
com a indicação entre colchetes: [ilegível].
11 A divisão das linhas do documento original será preservada na edição. A mudança de
fólio receberá a marcação com o respectivo número na seqüência de duas barras verticais: ||
1v. || 2r. || 2v. || 3r. ||.
12 Na edição, as linhas serão numeradas de cinco em cinco a partir da quinta. Essa
numeração será encontrada à margem direita da mancha, à esquerda do leitor. Será feita de
maneira contínua por documento.
13 As assinaturas simples ou as rubricas serão sublinhadas. Os sinais públicos serão
indicados entre colchetes. Exemplos: assinatura simples: Pedro de Vasconcelos; sinal
público: [PedrodeVasconcelos].
14 Trecho não legível por deterioração receberá a indicação [corroídas ± quantidade de
linhas]. Se for o caso de trecho riscado ou inteiramente anulado por borrão, mancha de tinta
ou rasura, será registrada a informação pertinente entre colchetes e sublinhada.
15 As palavras transcritas por conjectura serão marcadas por chaves.
16 Supressões feitas pelo escriba ou pelo copista no original serão tachadas.
17 Serão apresentadas no aparato crítico, ao lado esquerdo da mancha escrita e à direita do
leitor, apenas as abreviaturas.

Figura 1 – Fac-símile da Carta do [governador-geral do Brasil, conde de Vimieiro, D. Sancho de Faro e Sousa]
ao rei [D. João V] sobre os escravos velhos ou incapacitados que são desprezados pelos seus senhores.

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Fonte: Fundo AHU-Baía, cx. 10, doc. 69 AHU_ACL_CU_005, Cx. 12, D. 1047

TRANSCRIÇÃO DA CARTA

f. || 1r ||
3
Senhor.
Constamepor pessoas zellosas, tementes
aDEOS, eque nesta Cidade vivem com an
mo mais pio, e catholico, que algun’s dos mo
5 radores destaCapitania quecostumaó ter es
cravos, ouparaServiço das suas fazendas, ou
das suas Cazas, sealguns’, ou pellos annos, ou
pellos achaques se incapacitaó para terlhes
preStimo, os deitaó de sy, eos dizem parao n[ilegível]
10 gandosse esua suStentaçaò, com animo tam
maLevolo, eferino, queescandalliza aos
deCoraçaò mais piedozo, eassim tem sucedi[ilegível]
jâ acharemSe algun’s negros mortos pella
Rua, eaodezemparo: e’como VossaMagestade hé
15 hum Rey de animo taó pio, etaò Christaò, dou [ilegível]
estaconta aVossaMagestade, asuas Lastimado na mes=
maReprezentaçaò, paraque VossaMagestade seja ser=

3
Inserção realizada por outro scriptor antes da primeira linha:
“Baía
10 Setº 1719”

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vido pRover de Remedio neste damno, taó per=


neciozo etaõ alheyo daLey Catholica.
20 A RealPessoa devossamagestade guarde Nosso
Senór como seus Vassallos havemos mis[ilegível]
hya, eSetembro 10 de1719.
[OCondedoVimieyro]

Também foram apresentadas três comunicações orais, com produção de artigos em


eventos científicos realizados na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Estadual
do Ceará. A primeira apresentação ocorreu em setembro de 2017, no Encontro de Estudos
Multidisciplinares em Cultura – XIII ENECULT, com o título “Breves reflexões sobre a
importância dos registros documentais históricos para o resgate da memória”; a segunda
apresentação foi realizada em novembro de 2017, no I Seminário Nacional de Paleografia,
com o título “Comentários paleográficos de documentos históricos: Carta do século XVIII”;
e a terceira apresentação, realizada em maio de 2018, no II Colóquio Nacional de Língua,
Documentos e História, com o título “A violência contra a mulher a partir de edição
semidiplomática de Carta do século XVIII”.

DISCUSSÃO
Este plano de trabalho se insere no campo de estudos da Filologia, pois se utiliza do
texto escrito para analisar, interpretar e restituir aspectos culturais, históricos e linguísticos
destes materiais, buscando resgatar a memória, a história e a cultura de um povo, as origens
e a genealogia dos textos, por meio da história da transmissão textual destes textos.
Portanto, o interesse da pesquisa está voltado para a investigação de documentos relativos à
Bahia do século XVIII, que registram situações de guerra, revolta e violência preponderante
na trajetória histórica do povo baiano, a fim de que “a memória possa emergir dos textos
editados e dos usos linguísticos, mas também das imagens dos lugares, dos sujeitos e das
comunidades, que compõem o universo fragmentado da história da Bahia” (GONÇALVES,
2017, p. 193). A sua importância surge justamente do intuito de restituir essa memória,
restituir a voz dos antepassados que não puderam traçar as próprias narrativas e que hoje,
podem ser retratados por meio da investigação científica.
O estudo do texto escrito, sua produção material, a transmissão no decorrer do tempo
e sua edição são finalidades dos estudos filológicos. Para Santos (2014):

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a Filologia não tem somente a preocupação de


descrever fatos históricos de uma língua, mas também se preocupa em analisar
aspectos da sociedade, já que seu objeto de estudo, o texto, não pode ser
“dissecado”, extraindo-se dele pormenores de usos da língua, sem considerar o
escrevente e a alma de seu povo no momento histórico recortado. (SANTOS, 2014,
p. 11).

Gonçalves (2017) compartilha deste pensamento, entendendo que é possível identificar


nos textos os rastros da história dos sujeitos e das línguas, favorecendo sua compreensão
como objeto cultural. Dos textos são extraídos os registros de práticas linguísticas, que
podem ser avaliadas criteriosamente e interpretadas como marcas de uma cultura. Assim, a
prática editorial é recurso primordial para trabalhar com esta documentação, visto que é
“uma ação de distinguir, mediar e articular” (GONÇALVES, 2017, p. 200) as relações entre
texto e materialidade, a sua diversidade histórica, linguística, literária e cultural, enfim, suas
identidades. Ou seja, explorando, de modo exaustivo e conjunto os mais variados aspectos
do texto (CAMBRAIA, 2005, p. 18).
Deste modo, de forma ampla ou restrita, a Filologia tem o compromisso com o
estudo do texto, por meio de edições criteriosas, que incluem a perspectiva da língua,
oferecendo-nos maiores ferramentas para compreender a sociedade; e mais, o que dissemos
e tentamos dizer através da língua. Portanto, para qualquer julgamento da trajetória humana,
é necessário recorrer ao texto, a documentos, que guardam o registro dos acontecimentos e
que, muitas vezes são valorizados como prova histórica (LE GOFF, 1996). O documento,
seja de interesse do filólogo, arquivista ou historiador, é imprescindível para a compreensão
das memórias coletivas. A elucidação de um texto só pode se desenvolver ao analisar os
contextos discursivos e ideológicos que o circundam, as instâncias de representação que o
rodeiam e as múltiplas significações que as sociedades atribuem a cada ato da dinâmica
social.
Por este motivo, Cambraia (2005, p. 19) sinaliza que uma das contribuições mais
importantes da Crítica textual é a recuperação do patrimônio cultural escrito de uma cultura,
a transmissão e preservação desse patrimônio e o impacto que esta tarefa tem sobre todos os
que se utilizam do texto como objeto de estudo, especialmente estudos linguísticos e
literários. Gonçalves (2017) enfatiza o papel importante da Filologia na reconstrução da
memória do Brasil e considera:
[...] os pesquisadores da língua, considerando os diversos planos
linguísticos, vão depender do que os textos o dizem, para desenvolver

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o seu trabalho e para fazer afirmações sobre soluções linguísticas, que


seus produtores escolheram e pelas que deixaram de escolher (GONÇALVES,
2017, p. 203).

Nesta pesquisa, os textos sobre a Capitania da Bahia nos dizem dos primeiros indícios
da ocupação dos portugueses, dos poderes e privilégios transmitidos aos mais abastados, que
dominavam léguas e mais léguas de terras, as quais deveriam povoar e explorar (NUNES,
2013, p. 59). São documentos que relatam informações sobre o passado da história da Bahia
e referem-se às terras pertencentes a diferentes capitanias dessa época: 1. Baía de Todos os
Santos; 2. Ilheus; 3. Porto Seguro; 4. Ilha de Itaparica; e 5. Paraguaçu ou Recôncavo
(TAVARES, 2001, p. 92).
Há registros de conflitos em muitas destas terras como a violência dos colonos para
com os indígenas, tentativas de escravização e rapto em suas roças. Desde o início, na
Capitania da Baía de Todos os Santos e na região do Paraguaçú, houve embates com povos
indígenas locais (tupinambás). Na Capitania dos Ilhéus também aconteceram inúmeras
tentativas de subjugação dos povos indígenas, tendo o Governador Mem de Sá como
precursor dos ataques (NUNES, 2013, p. 66). Mais tarde, os negros foram retirados das
terras africanas e trazidos forçosamente ao Brasil para serem explorados como escravos,
permanecendo assim durante séculos, como parte do desenvolvimento histórico do país. Em
contrapartida, os povos subjugados também reagiam, resistindo aos ataques a que estavam
submetidos, muitas vezes recorrendo a meios de violência.
A violência é, portanto, tema frequente em diversos documentos da Capitania da
Bahia. Salvador era um espaço estratégico para sediar processos e manifestações gerais da
colonização portuguesa no Brasil; um núcleo da estrutura de redes de poder e mecanismos de
controle econômico e populacional. Com tal sobrecarga de funções em um mesmo polo
administrativo, são frequentes também os relatos sobre a fraqueza do sistema colonial
português e sua administração pública, as fortificações e defesa do território, que
culminavam em insatisfação popular e medidas violentas. Além disso, são mencionados os
roubos e pilhagens realizadas pelos piratas e estrangeiros, que atracavam com facilidade nos
portos e a destacada presença da Igreja Católica na Bahia Colonial, sempre ativa no que diz
respeito à educação e formação espiritual e moral do povo baiano, contribuindo também para
a manutenção de contextos de violência. Posteriormente, os territórios correspondentes a
estas Capitanias foram palcos de lutas por independência e movimentos revolucionários.

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Gonçalves (2017, p. 208), ao pesquisar as significações atribuídas à unidade lexical


“violência” nos dicionários da época, encontra uma das acepções como “cerceamento da
justiça e do direito; coação, opressão, tirania” e refletindo sobre isto depreende que a
violência deste período, especialmente na Bahia, está muito relacionada à:

intimidação e força contra grupos oprimidos, por meio de atos violentos, que
provocam sofrimento, medo e opressão, evidenciados na leitura dos contextos em
que se tem unidades lexicais representadas por advérbios como “violentamente” e
verbos como “maltratar”, que expressam às punições sofridas pelos sujeitos
colonizados (GONÇALVES, 2017, p. 209).

A partir destas leituras, nota-se que o documento se faz testemunha, que orienta o
pesquisador, que auxilia a reconstituir o passado, a estabelecer relações e tirar conclusões,
promovendo “diálogos entre a subjetividade atual e a subjetividade pretérita” (KARNAL;
TATSCH, 2004, p. 24). Portanto, para encontrar elementos tão diversos presentes num único
texto e poder estabelecer inferências históricas, a Filologia se utiliza de ferramentas e
métodos da Paleografia e da Diplomática para retratar aspectos textuais e discursivos. A
partir da análise paleográfica e diplomática dos documentos, podemos reafirmar o seu valor
histórico. Partindo deste pressuposto, o pesquisador pode e deve relacionar o texto com
outros conhecimentos e outros fatos históricos, que assumam papel decisivo na apreensão e
compreensão dos acontecimentos.
Assim, essas Cartas do século XVIII pressupõem um diálogo com o tempo presente.
Neste diálogo, o entendimento sobre o passado se transforma, fazendo com que o documento
histórico seja uma construção permanente e permitindo leituras diversas sobre um mesmo
material. Le Goff (1996) considera que um documento pode vir a ser monumento, ou seja,
uma herança do passado. Sob esta perspectiva, o fato histórico se transforma conforme o
olhar que lhe direcionamos.
As Cartas emitidas no século XVIII poderiam ser correspondências provenientes do
alto escalão ou de outra natureza (comercial, industrial, social). Quando dirigidas ao Rei, o
conteúdo versava sobre questões que lhe deveriam ser expostas, sem que tivessem caráter
peditório. Há espécies de Cartas que funcionam como documento diplomático, como as
Cartas de Lei, as Cartas Patentes, Cartas de Perdão, Cartas de Sesmaria, Cartas Régias,
entre outras, que retratam e comprovam procedimentos jurídicos ou administrativos e/ou
interferem em regulamentos e estatutos.

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Entretanto, algumas Cartas não cumprem essa função, apenas demonstram as


relações informais existentes entre autoridades públicas, que se atualizam a respeito dos
acontecimentos, sem apresentar decisões formais e oficiais. Estas relações podem partir de
uma escala hierárquica mais inferior para outra mais elevada ou vice-versa ou tramitar, em
um mesmo âmbito, entre particulares. Tais características correspondem a seguinte
definição de Carta: “documento não-diplomático, mas de desenho mais ou menos
padronizado, informativo, ascendente, descendente, horizontal, conforme o caso”
(BELLOTTO, 2012, p. 51). A maioria das Cartas transcritas na pesquisa, até o momento,
podem ser classificadas de acordo com este parâmetro.
Sanchis (2000, p. 14) afirma que as Cartas abarcam âmbitos mais amplos que a
classificação de gênero literário, podendo figurar como informação diplomática e
convertendo-se em fonte de informação política, mas também apresentando diferentes
graus, podendo surgir como cartas políticas, às vezes públicas, outras vezes privadas, que
contribuem para esclarecer aspectos importantes das decisões dos governantes.
Por conta da variedade de finalidades que motivam a escrita de uma Carta,
manifestando intenções políticas ou literárias, dentro de um ambiente familiar ou de
amizade, surgem os diversos tipos de espécies documentais referentes à tipologia
documental Carta. A espécie documental refere-se à estrutura formal do documento,
enquanto a tipologia documental corresponde a intenção, a finalidade que motivou a sua
escrita.
No que se refere a esta intencionalidade, percebe-se que “nem todas as partes
diplomáticas surgem em todas as espécies. [...] isso depende da natureza jurídica do
instrumento [...] determinada pelo objetivo visado” (BELLOTTO, 2012, p. 41). Ou seja,
uma espécie documental, ainda que siga uma estrutura rígida, pode não ser um documento
prototipicamente diplomático. Esta categorização pode variar conforme o caso, como pode
ocorrer com a tipologia documental Carta, que apresenta finalidades diversas.
Fachin (2006) aponta, com base na classificação proposta por Heloísa Bellotto
(2008), no glossário de espécies documentais referente ao Catálogo de documentos
manuscritos avulsos da Capitania de São Paulo, publicado pela mesma equipe do Projeto
Resgate (2009), que embora as Cartas que analisa não sejam classificadas como
documentos diplomáticos, podem ter uma estrutura mais ou menos determinada.

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Munhoz (2015) também considera que a espécie documental Carta, que figura mais
entre parentes e amigos na esfera do privado é do tipo não diplomática. Mas afirma que:
Embora os documentos não-diplomáticos não sejam condicionados
a uma estrutura fixa de redação obrigatória, em oposição ao “texto
livre”, permitem uma leitura diplomática por contarem com
regularidades estruturais, tais como a saudação e o fecho, além de
sua gênese derivar da motivação da evidente necessidade de
comunicação dos governos ultramarinos e sua sede na Europa
(MUNHOZ, 2015, p. 509).

Pensando nestas possibilidades, torna-se factível submeter esta espécie de Carta,


como a que se apresenta no corpus, a uma análise diplomática, pois seu conteúdo apresenta
características pertinentes a este tipo de análise e esta disciplina pode auxiliar a Filologia a
promover a crítica destes textos. Assim, buscou-se dispor de diversos campos do
conhecimento científico para uma melhor interpretação dos documentos, pois, como afirma
Munhoz (2015): “enquanto a Paleografia auxilia a ler todo tipo de documentos, a
Diplomática ensina a interpretá-los a partir de seus caracteres intrínsecos” (MUNHOZ,
2015, p. 495). Através da interrelação destes saberes, consegue-se aliar um passado que
interage a todo o momento com o presente, transmitindo conhecimento e construindo
singularidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (máximo 15)


BELLOTO, Heloísa Liberalli. Como fazer análise diplomática e análise tipológica de
documento de arquivo. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial, 2002. (Projeto
Como Fazer, v. 8).
CAMBRAIA, C. N.; CUNHA, A. G. da; MEGALE, H. (1999) Normas para a transcrição de
documentos manuscritos para a história do português do Brasil. In: A carta de Pero Vaz de
Caminha. São Paulo: Série Diachronica, 1, Humanitas, 1999. p. 23-26.
FACHIN, Phablo Roberto Marchis. Estudo paleográfico e Edição Semidiplomática de
manuscritos do Conselho Ultramarino (1705 – 1719). 2006. 122f. Tese (Doutorado)
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. São Paulo.
2006.
GONÇALVES, Eliana Brandão Correia. Léxico e História: Lutas e Contextos de Violência em
Documentos da Capitania da Bahia. Revista da ABRALIN, v.16, n.2, p. 191-218,
Jan./Fev./Mar./Abril de 2017.
KARNAL, Leandro; TATSCH, Flavia Galli. Documento e história: a memória evanescente.
In: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de. (Orgs.) O historiador e suas
fontes. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2011. p. 9 - 27.
LE GOFF, Jacques. Documento. In: História e memória. Tradução Bernardo Leitão e Irene
Ferreira. 4 ed. Campinas: São Paulo: EDUNICAMP, 1996. p. 462 - 473.
MUNHOZ, Renata Ferreira. Filologia e discurso na correspondência oficial do Morgado

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de Mateus: edição de documentos administrativos e estudo das marcas de


avaliatividade. 2015. 938f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2015.
NUNES, Antonietta d’Aguiar. Sistema de Capitanias. In:_______. Conhecendo a história
da Bahia da pré-história a 1815. Salvador: Quarteto, 2013, p. 59 – 74.
SANCHIS, Antonio Mestre. La Carta, fuente de conocimiento histórico. Revista de História
Moderna. València: Universitat de València. n. 18, 2000, p. 13 – 26.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 10. ed. São Paulo: UNESP; Salvador:
EDUFBA, 2001, p. 92 – 100.

ATIVIDADES REALIZADAS NO PERÍODO


Atividades que subsidiaram o desenvolvimento das etapas da pesquisa:
• Agosto de 2017 a janeiro de 2018 - leitura, fichamento e discussão do material
bibliográfico sobre o tema da pesquisa;
• Agosto de 2017 a julho de 2018- Participação nas reuniões de orientação e de estudo
com a orientadora e com o grupo de pesquisa;
• Setembro de 2017 a maio de 2018 - Produção de trabalhos acadêmicos em eventos
científicos;
• Setembro de 2017 a dezembro de 2017: Seleção e catalogação de Cartas - século
XVIII - que fazem referência a guerras, revoltas e contextos de violência;
• Outubro de 2017 a junho de 2018: Realização de leitura, descrição e transcrição
conservadora de Cartas datadas do século XVIII, que registram contextos do recorte
temático da pesquisa;
• Julho de 2018: Organização e revisão do catálogo com os resultados da pesquisa;
• Janeiro e julho de 2018- Preparação de relatório parcial e final de pesquisa;
Além disso, durante o semestre de 2017.1, cursei a disciplina Paleografia e
Diplomática, ofertada pelo Instituto de Letras da UFBA.

PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES CIENTÍFICAS E PUBLICAÇÕES


• Participação nos seguintes minicursos - maio a julho de 2017:
1.“O texto na Filologia: entre paradigmas e teorias editoriais”. Salvador, ILUFBA, maio
de 2017;
2. “Crítica Filológica: em homenagem ao escritor Lima Barreto”. Salvador, ILUFBA,

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julho de 2017.
• Divulgação da pesquisa:
QUADROS, Tamires Sales de; GONÇALVES, Eliana Correia Brandão. Breves reflexões
sobre a importância dos registros documentais históricos para o resgate da memória. In: XIII
Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – ENECULT. Salvador. UFBA. 2017
(Apresentação/Comunicação/Publicação).
QUADROS, Tamires Sales de; JESUS, Pollyanna Macêdo de; GONÇALVES, Eliana
Correia Brandão. Comentários paleográficos de documentos históricos: Carta do século
XVIII. In: I Seminário Nacional de Paleografia. Salvador. UFBA. 2017
(Apresentação/Comunicação/Publicação).
QUADROS, Tamires Sales de; GONÇALVES, Eliana Correia Brandão. A Violência contra
a mulher a partir de edição semidiplomática de carta do Século XVIII. In: II Colóquio
Nacional de Língua, Documentos e História. Fortaleza. UECE. 2018
(Apresentação/Comunicação/Publicação).

DIFICULDADES ENCONTRADAS / CAUSAS E PROCEDIMENTOS PARA SUPERÁ-LAS


A primeira dificuldade encontrada no início da pesquisa decorreu da maneira como a
documentação é disposta nos Catálogos de Documentos Manuscritos Avulsos da Bahia, pois
os manuscritos estão dispostos, conforme a ordem cronológica, mas não apresentam uma
divisão específica por tipologia, fato que justifica a pesquisa aqui desenvolvida por tipologia
documental. Assim, no registro de uma mesma caixa é possível encontrar cartas, consultas,
avisos, requerimentos, entre outros. O próprio inventário que está sendo realizado busca
contornar essa dificuldade, através da seleção específica da tipologia documental Carta.
A organização destes documentos na plataforma digital, muitas vezes apresentou
incoerências das informações contidas nos verbetes com relação aos documentos de arquivo,
o que dificultou e muito a composição dos catálogos, no que se refere à quantificação do
número de fólios e anexos de cada documento. Foi preciso averiguar sempre, com calma e
precisão, essa quantificação.
Foi difícil também compreender a necessidade das etapas metodológicas da pesquisa.
A princípio, não entendi ao certo o propósito de cada uma delas, cometendo, muitas vezes,
equívocos, em decorrência da incompreensão. À medida em que fui realizando as leituras e

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construindo reflexões, através da produção de artigos e participação em eventos da área, as


interpretações acerca do andamento da pesquisa foram se tornando mais evidentes.
Inicialmente, também senti dificuldade em realizar as transcrições, pois alguns
documentos apresentam rasuras que dificultam a leitura e compreensão do texto escrito, além
das anotações encontradas nas margens de um mesmo fólio, com outro tipo de letra e escrita,
denotando a intervenção de outro scriptor. Em muitos casos, essas anotações apresentam
alguma restrição à leitura, mas costuma se tratar de conteúdo importante para o
entendimento do documento como um todo.
Esses obstáculos são decorrentes também da pouca experiência com a leitura dos
documentos, por conta dos diversos tipos caligráficos que figuram nos textos. No entanto,
aos poucos tenho superado esses primeiros obstáculos e desafios, relendo os documentos
manuscritos mais de uma vez, para me adaptar com a escrita do texto e, por indicação da
orientadora, consultando outras edições de documentos manuscritos com esse mesmo perfil.

Salvador, 08 de agosto de 2018.

Tamires Sales de Quadros Eliana Correia Brandão Gonçalves


Estudante Orientador (a)

Secretaria do Programa
Rua Basílio da Gama, 06. Canela.
Salvador – BA. 40.110-040.
Tel.: 71 3283-7968 / 3283-7970
E-mail: pibic@ufba.br

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