Você está na página 1de 22

CARTAS QUINHENTISTAS DE BRASIL E PORTUGAL: ESTUDOS PARA A

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Phablo Roberto Marchis Fachin

No contexto dos estudos sobre a história da língua portuguesa, ainda hoje o tratamento
das fontes continua a ser um desafio para todo pesquisador. Trata-se de investigações cuja
base documental perpassa por questões linguísticas e literárias. Por serem reveladoras de
práticas de convívio, de condutas e de manifestações de diversas naturezas, perpetuadas por
meio da memória escrita, dependem de contextualização histórica, social, política e material,
para se alcançar a inter-relação entre a linguagem e a sociedade. O surgimento das
Humanidades Digitais tem contribuindo significativamente para o enfrentamento de questões
relacionadas ao uso adequado e mais eficiente de documentos, manuscritos e impressos; o
aumento de trabalhos interdisciplinares também têm sido fundamental para resultados mais
consistentes. Embora sejam muitas as adversidades enfrentadas, são muitos os pesquisadores
e grupos de pesquisa engajados em ampliar o conhecimento a respeito de documentação
antiga, produzida em diversas partes do mundo, representativa de um patrimônio cultural
imensurável.
Um desses desafios diz respeito à análise filológica e paleográfica de manuscritos
produzidos a partir do século XVI, em Portugal e no Brasil, principalmente. Diante de um
contexto em que a diversidade de hábitos gráficos resulta em pluralismos e grafismos
pessoais, a ausência de manuais de Paleografia que descrevam em detalhes a escrita do
período em questão e, de alguma forma, sirvam como parâmetro para estudos afins, dificulta a
seleção de alguns documentos para a composição de corpora. Nem sempre as datações tópica
e cronológica, assim como a assinatura encontradas nos manuscritos representam
concretamente a sua realidade documental; noutros casos, tais informações nem constam do
papel, tendo de ser deduzidas por métodos comparativos. Trata-se de um tipo de dúvida que
tende a acompanhar o pesquisador ao longo de seu trabalho, inviabilizando, em algumas
situações, a sustentação das hipóteses levantadas.
Atualmente, diferentes grupos de pesquisa têm se debruçado sobre esse tipo de
dificuldade, seja por meio da edição de manuscritos, seja por estudos paleográficos mais
verticalizados. Tal dinâmica tem proporcionado importantes resultados cujo alcance pode ser
observado por meio de eventos nacionais e internacionais sob a responsabilidade de
pesquisadores brasileiros e portugueses. Um deles, já em sua segunda edição, é o Seminário
Nacional de Paleografia, organizado por docentes da Universidade Federal da Bahia. De
caráter interdisciplinar, coloca em diálogo diversas áreas com a Paleografia como forma de
compreensão do passado, oportunizando o estreitamento das relações entre profissionais de
diferentes áreas – filólogos, arquivistas, historiadores, restauradores, professores de
disciplinas de Paleografia nas universidades do país ou nos núcleos, oficinas e laboratórios
paleográficos1.
À importância filológica e paleográfica de se conhecer a história dos textos e de sua
escrita tem sido acrescentada a relevância de um olhar sobre a materialidade documental, suas
particularidades gráficas, ao longo de uma construção histórica e memorialística, para assim
ampliar também as possibilidades de se compreender o seu contexto de produção e suas
implicações socioculturais. Destaca-se, nesse sentido, a realização em 2019 da I Escola
Internacional de Altos Estudos, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem
(PPGEL) da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão (UFG/RC), atual UFCAT.
Tendo como ponto de partida o papel da memória no contexto acadêmico e social e a
articulação de diferentes linhas de pesquisa, esteve centrada em três eixos temáticos fulcrais
para as ciências humanas, assim como para as ciências de modo geral: linguagem, cultura e
subjetividade2.
Este capítulo se situa nesse contexto interdisciplinar e tem como objetivo promover
reflexão a respeito da leitura, edição de manuscritos e caracterização de diferentes tipos de
escrita utilizados a partir do século XVI. Compõe projeto mais amplo, intitulado Produção e
circulação de manuscritos no período colonial brasileiro: contribuições para a história da
língua portuguesa, desenvolvido no âmbito do grupo de pesquisa ETeP - Edição de Textos em
Português, do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa - FFLCH-USP.
Para isso, apresenta-se o resultado do cotejo da edição de cartas quinhentistas
produzidas em diferentes situações e lugares, mas que guardam semelhanças entre si, tendo
em vista forma, módulo, traçado e peso dos caracteres gráficos empregados. Os documentos
foram escritos entre 1540 e 1548, sua escolha se deveu à semelhança entre as escritas e à
importância de seus autores intelectuais para a história política do Brasil e de Portugal. O

1
https://www.even3.com.br/snp2019/.
2
https://www.catalao.ufg.br/e/24502-1-escola-internacional-de-altos-estudos-em-linguagem-cultura-e-identidade.
primeiro deles é o ouvidor de alcobaça Diogo Rodrigues Vale. Os outros dois atribuídos a
pessoas do mesmo grupo familiar, irmãos, cuja fama se estende aos continentes europeu e
americano, Pêro de Góis e Luís de Góis, respectivamente, o primeiro capitão-mor da costa
brasileira e um jesuíta, senhor de engenho.
Situados em contextos semelhantes de escrita e de habilidade gráfica, o confronto
entre os manuscritos e o estado de língua documentado no corpus proporciona ampliar o
conhecimento a respeito dos textos, de seus autores e de fenômenos balizadores para a
periodização da língua portuguesa, em específico, a respeito das terminações nasais no século
XVI, fenômeno escolhido como recorte analítico deste trabalho.

1. As cartas quinhentistas

Os documentos que compõem este texto estão localizados no Arquivo Nacional da


Torre do Tombo e na Biblioteca Pública de Évora, em Portugal. Como já mencionado, trata-se
de manuscritos com um tipo de escrita muito peculiar, com características coincidentes,
inclusive na sua disposição no suporte. Tal fato poderia levar à suspeita de um único punho
responsável materialmente pela sua produção ou de um tipo de escrita representativo dos
contextos em questão, embora supostamente produzidos em continentes diferentes. A
conjectura pode ainda despertar outros questionamentos, principalmente em relação ao estado
de língua documentado, à autoria e à forma de transmissão. Como nem sempre a datação,
assim como a assinatura do documento e os dados gráficos presentes correspondem realmente
ao seu contexto de produção, pretende-se com isso também contribuir para estudos que
tenham como base manuscritos afins. São estes os documentos:
1) Carta atribuída ao ouvidor de Alcobaça, o Dr. Diogo Rodrigues Vale, em que dá
parte a D. João III do levantamento dos padres daquele mosteiro, da forma arbitrária com que
tinham elegido prior à sua facção, sem autoridade régia, datada de 28 de julho de 1540, de
Alcobaça. No Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em 2 fólios, encontra-se como
documento simples, com cota atual de Corpo cronológico 1161/1699, Parte I, mç 67, n. 134,
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=3776103.
2) carta atribuída a Pero de Góis, dirigida a Martim Ferreira, seu sócio, em que relata
que estivera no Espírito Santo e de lá levara para S. Tomé um mestre de açúcar, datada de
agosto de 1545, da Vila da Rainha. Na Biblioteca Pública de Évora, em 4 fólios, encontra-se
em uma miscelânea, com cota atual Cod. CXVI / 2-13, n. 23.

3
No Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa encontra-se outra carta atribuída ao mesmo autor:
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=3779473. A letra do corpo do texto e a da assinatura já apresentam
diferenças. Provavelmente estamos diante de duas autorias, material de algum oficial de escrita, como secretário,
e intelectual, por parte do próprio Góis, marcada por assinar.
3) carta atribuída a Luís de Góis, em que representa ao rei a precisão que a Vila de
Santos, costa do Brasil e mais capitanias tinham de socorro pelo perigo e receio que havia dos
franceses, datada de 12 de maio de 1548, da Vila de Santos. No Arquivo Nacional da Torre do
Tombo, em 2 fólios, encontra-se com cota atual como Corpo Cronológico 1161/1699, Parte I,
mç. 80, n.º 110, Mod. I, Gav. 4, https://digitarq.arquivos.pt/details?id=3777794.
2. A escrita no século XVI

Há bastante tempo a escrita deixou de ser pensada apenas como um sistema de signos
gráficos e passou a ser considerada como fonte histórica. Assim, estudando a sua função, uso
e difusão em cada momento histórico, é possível alcançar um conhecimento essencial do
passado (CASTILLO e SÁEZ, 1999, p. 26). A valorização da escrita e de seu aspecto
revelador, não só do conteúdo documental, mas também do seu autor, dos agentes envolvidos
e da sociedade em que foi produzida, traz implicações que, para serem compreendidas,
exigem do pesquisador a utilização de diferentes critérios, que considerem a materialidade
documental, do suporte, do instrumento, da tinta, da própria escrita. Aquilo que está visível à
primeira vista, e superficialmente, é apenas uma pequena parcela do universo ao qual o
documento confere acesso.
Decorre disso a importância de se conhecer a produção gráfica de diferentes contextos
de produção ao longo da história, para que possa ser levantado um número considerável de
dados que permitam sistematizar suas características e promover uma classificação. Não se
trata de tarefa simples, pois os diferentes tipos de escrita se inter-relacionam e, na maioria das
vezes, mesclam características entre si, registrando-se de maneira mista, podendo ser
consideradas de uma forma quanto à formação e de outra maneira em relação ao modo de
execução.
Do ponto de vista gráfico, de acordo com Acioli (1994 p. 191), “no que diz respeito à
escrita o século XVI é o mais eclético possível. Tanto se encontram documentos com lindas
formas gráficas, uniformes e elegantes, como autênticas processadas, degenerescência
máxima da Cortesã”. Esse período é marcado pela presença da escrita gótica, de suas
variações, e da humanística, em determinados contextos e espécies documentais, “período
final da vigência do cânone gótico e na transição para o uso da escrita humanística4”
(PAULO, 2017, p. 120).

No século XV, e com prolongamento até ao século XVI, a escrita vigente era
a “gótica”, nas versões caligráfica utilizada essencialmente nos códices e
cursiva para os textos diplomáticos. No entanto, tal como aconteceu em
Castela, “os escrivães da corte começaram, paulatinamente, a diminuir a
agudeza das hastes, a aliviar a compressão horizontal da escrita, a

4
“Na realidade, a escrita gótica constituiu um dos últimos vestígios de medievalidade na sociedade portuguesa,
mantendo-se em uso ainda durante o século XVI, embora sob uma pluralidade de estilos e modalidades, até à
chegada dos padrões humanísticos, base da escrita atual” (PAULO, 2017, p. 120).
acentuar-lhe a inclinação, a arredondar o traçado de letras e sinais”, dando
origem a uma nova letra para a qual Eduardo Borges Nunes propõe o
apelativo de letra manuelina, afirmando ter sido ela um produto típico dos
meios escreventes da Corte portuguesa do final do século XV e primeira
metade do século XVI. Em simultâneo, num processo natural de
contaminação, começam a surgir “elementos de um sistema gráfico
diferente, neste caso do humanístico” podendo afirmar-se que “o processo de
introdução da escrita humanística na prática escriturária dos escrivães régios
teve início na década iniciada em 1520, prolongando-se pela década
seguinte” (COELHO, 2018, p. 99).

Paulo (2018), ao abordar paleograficamente a escrita do Livro 1º de fianças de


escravos, do Arquivo Municipal de Lisboa, composto por documentos de 1549 a 1556,
encontra exemplos de variações de tipos caligráficos que vão do gótico ao humanístico5:

Letra A maiúscula inicial personalizada por diferentes escrivães (PAULO, 2017 p. 89).

Administrativamente, os anos de 1540 a 1548, momento de produção das cartas em


questão, enquadram-se em uma fase da colonização portuguesa em que a “preocupação
central da Metrópole foi a de estabelecer paulatinamente uma ocupação regular do litoral,
dividindo com os particulares, através das capitanias hereditárias, a colonização e defesa da
terra” (SALGADO, 1985 p. 20). Para dar conta da administração das capitanias criaram-se os
cargos de capitão-mor (donatário) e ouvidor. O primeiro, provido pelo rei, tinha entre suas
atribuições o poder de penalizar qualquer pessoa, demarcar e se apossar de terras descobertas
e oferecer sesmarias; o segundo, nomeado pelo capitão-mor, era responsável por questões de
justiça. “Cada um desses funcionários dispunha de uma série de oficiais menores, que os
auxiliavam no exercício de suas funções, tais como escrivães (para escrever os autos dos
processos), tabeliães (para garantir a validade dos documentos) e meirinhos (para fazer
diligências e prender os suspeitos)” (SALGADO, 1985 p. 76).

5
Não é objetivo do trabalho traçar detalhadamente a história da escrita ao longo do XVI, apenas fazer referência
de modo geral ao contexto de produção das cartas e aos tipos caligráficos que predominaram. No decorrer do
período, da gótica ainda surgiram a cortesã e a processada, com particularidades de acordo com o local e a
finalidade da escrita.
3. Estrutura e escrita das cartas

A produção documental do corpus se insere nesse contexto cultural e administrativo,


em meio a um conjunto de práticas de manuscritura, nem sempre regular, com interconexões
“entre usos, particularidades gráficas e diferentes “escolas de alfabetização". Como
normalmente são escassas as informações a respeito da vida dos escribas, principalmente em
relação ao seu aprendizado de leitura e escrita, por meio do levantamento das características
gráficas das cartas e do cotejo entre elas, buscamos a sua contextualização de acordo com o
nível de habilidade de cada escriba, aproximando-os a um patamar parecido quanto à
experiência com o ato de produzir cartas. As semelhanças encontradas permite supor que,
além do modelo caligráfico em questão, poderiam também compartilhar outros aspectos
sociais e culturais. Dessa forma, alcançam-se a ampliação de dados sobre a produção
documental do século XVI, o conhecimento paleográfico a respeito das práticas de escrita ao
longo da história da língua portuguesa e a análise linguística de indivíduos, de certa forma,
equiparados.
Bellotto (2002, p. 51), ao analisar documentos mais usuais na administração pública
e/ou na área notarial, produzidos entre os séculos XVI e XIX, situa a carta como “documento
não-diplomático, mas de desenho mais ou menos padronizado, informativo, ascendente,
descendente, horizontal (...) Correspondência do alto escalão da administração pública em
comunicações sociais decorrentes de cargo e função públicos”. As três cartas do corpus são
ascendentes, com direcionamento registrado por meio do vocativo Senhor, de forma
abreviada e na sequência de uma marca em forma de cruz.

1540 1545 1548

Estruturalmente também compartilham características semelhantes, embora com


diferença na matéria tratada. Todas são iniciadas com a justificativa da produção do
documento, ou seja, as razões pelas quais cada uma das autoridades foi levada a produzir as
cartas, incluindo como finalidade captar a benevolência do destinatário: 1) 1540, por meio da
manifestação de preocupação e lamentação de ter de escrevê-la, porém, preterivelmente, na
obrigação de levá-la a cabo; 2) 1545, por se manter sempre comunicativo dos assuntos, não
poderia deixar de dar notícia de mais um ocorrido; 3) por ser ação inerente ao autor como
demonstração de fé e lealdade, preferindo ser punido como ignorante a se calar e encobrir o
que se passa.

1540 1545 1548

Houtros Prazeres Ja que per outras cartas Ja os dias passados por meu filho pero de
quisera eu screuer a minhas lhe dou cõta do que guois e escreui a uosa Alteza. alguãs
Vossa Alteza Em estes qua pasa E do que de llaa cousas que comprião ao seruiço de deus
tempos E nã vem . / o mais breue que E seu ./ E nesta asy ho farey ./ por que
despaãchos tã grãdes E poso . por Jorge martins que antes quero ser Reprẽdido de ygnorante
perdohe deus aquem laa vai se achar a tudo E de Escreuẽdo a tam alto E poderosso
he causa tudo hir de mĩ abisado . / prinçipe ./ que maguoar a fee E lealdade
pera o laa abisar do que qua que lhe deuo ./ Emcobrĩdo E calãdo
pasa . /

Diante da obrigação em que os autores se colocam para a escrita das cartas, cada um
deles constrói uma narrativa em que o contexto se divide entre um “eu”, muitas vezes
confundido com o próprio destinatário, uma vez que as ações envolvidas são realizadas
unicamente em função dele, e os outros, normalmente pessoas desprovidas de condutas
apropriadas aos problemas descritos. Dessa forma, a exposição, marcadamente de cunho
pessoal, denotada pelo uso constante do pronome em primeira pessoa, é desenvolvida
estrategicamente até a sua conclusão, por meio da apresentação de comportamento leal e
resoluto, contrário ao prejuízo causado pelos outros. No caso das cartas escritas no Brasil,
esse aspecto é reforçado pelos perigos que a coroa poderia sofrer com a colônia recentemente
explorada.

1540 1545 1548

Eu emtã ueria se hera bem mãdalos fora Esto nõ he menha culpa que que de mĩ diguo que des
do mosteiro E darlhe pera isso fauor Eu ho auisei bem do caso E ho dia que vosa alteza
quãdo uio que Eu portiaua no Caso nõ sey per que se nõ lembra me mãdou que a ella
desistio de asinar ho mãdado que me ||4v.|| do que lhe Escreuo viese cõ martĩ afonso de
fazia Neste momẽto me vierã os pois tudo E seu proueito E soussa; alem de gastar ho
guardias dezer que ho prior nouo sabia serviço E oulhe de quẽ se milhor de minha vida.
do mosteiro cõ houtros frades fui ao llaa fia E de quẽ lhe Jsto ate gora nã fiz se nã
doutor Diogo gth dise que ho leixasse compra porque qua vem gastar. ate mais nã ter E
hir E que lhe deuia mãdar das bestas tudo furtado E nõ perqua o ate mais não poder. E o
que lhe parecia ser Cousa de Vossa seu E pague lho a quẽ no que me fica pera guastar.
Senhoria E que sabia que hiam a Vossa Emtrega ./ E oulhe os he a minha vida e a de
Corte E que Ja la herã outros que feitores que mãda porque minha a molher E meus
porque nã hiriam Estes toda uia mãdo niso Jaz o pomto ./ eu farei filhos. das quaes a deus
tras Elles hũũa espia ate que hos metta Jmda outra pequena sobre E a uosa Alteza. farei
Em camara de Vossa Alteza Ese outro Este homẽ que qua mãdou E sacrifiçio. he Em mẽtes
Caminho tomarẽ passo hũũa precatoria as cousas que faleçẽ nos durar
que mos prẽdam homẽs tam atreuidos
tudo farã.

As cartas são encerradas por meio de saudações, com invocatória de Deus, pedido de
prosperidade, muitos anos de vida, ou por meio de ato simbólico de “beijar as mãos” do
destinatário. Fórmulas comumente empregadas em cartas ascendentes, não só do século XVI,
mas presentes também em documentos de outra natureza, durante todo o período colonial.
Acompanham esse recurso a indicação das datações, tópica e cronológica, e a assinatura do
documento.

1540 1545 1548

Deus Vossa Reall pera beiJo as maos de Rogaremos a deus pola vida E
Estado cõ saude guarde E uosa merçe mil Estado de uosa Alteza. o qual elle mesmo deus
prospere Em muitos dias vezes. desta sua acresçẽte por muitos ||2v.|| Años. desta villa de
De Vida Da Alcobaça oge vyda da Rainha aJa santos capitania de sam viçente. de que he
28 Dj De Julho 1540 ho e baj dagosto de capitão E guovernador. martĩ afonso de soussa.
ouvidor ho doutor Diogo 1545 [ilegível] pero oJe 12 dias do mes de mayo. de 1548 años ./ /
rodriguez Valle de goes as Reaes mãos de vosa Alteza beiJo./ pera El
Rey nosso senhor lluis de guois

A semelhança estrutural das cartas também é observada em sua escrita, desde a sua
disposição no papel, com distanciamento entre o vocativo e o resto do texto, margens e forma
de encerramento do documento. Destaca-se o uso do mesmo recurso de capitular a letra
inicial do primeiro parágrafo (maiúscula capitulada), como uma espécie de ornamento. De
traçado aparentemente rápido, verificado pela inclinação à direita e pela cursividade, embora
de forma não-contínua, a letras possuem regramento regular, com espaçamento na pautação
bem distribuído. Do ponto de vista gráfico, forma, tamanho e traçado das letras se mantêm ao
longo dos textos de forma semelhante. Abaixo seguem alguns exemplos do cotejo realizado
com base no levantamento do alfabeto das cartas.
A
1540

1545

1548

E
1540

1545

1548

H
1540

1545

1548

P
1540

1545
1548

R
1540

1545

1548

S
1540

1545

1548

De modo geral, é possível afirmar que os três escribas compartilham modelos


caligráficos muito parecidos, situando-os em um mesmo patamar de habilidade gráfica. A
proximidade maior é observada entre as cartas dos Góis, provavelmente pelo grau de
parentesco entre eles. As escritas apresentam poucas variações, os casos que se destacam
referem-se às letras maiúsculas, a exemplo de <E> e <R>. Verificam-se também grafismos
pessoais, marcas de individualidade de cada escriba, as quais não chegam a romper com a
regularidade, mas contribuem para particularizá-los, como é o caso do <h>. Implicações da
manuscritura, com o manusear da pena, as circunstâncias do contexto de produção, entre
outros fatores, podem influenciar as peculiaridades dos punhos, o que explica aspectos
distintos no registro de certas letras.
Diante de contextos semelhantes de escrita e de habilidade gráfica, o confronto entre
os manuscritos e o estado de língua documentado no corpus torna a pesquisa ainda mais
interessante, contribuindo para a ampliação do conhecimento não só a respeito dos textos, de
seus autores, mas também de fenômenos linguísticos. No punho de quem tinha experiência
com a escrita, as oscilações são pistas importantes das transformações pelas quais a língua
estava passando. Para este trabalho, o recorte de análise escolhido é o das terminações nasais
-am, -om e -ão.

4. A língua portuguesa no século XVI

O século XVI, na história da língua portuguesa, marca o término de um estágio


conhecido como português médio (XIV-XVI) e o início do português clássico (XVI-XVIII).

Aceitemos a data da impressão da Grammatica de Fernão de Oliveira (1536)


como fronteira simbólica entre o português médio e o clássico: conhecidas as
profundas transformações linguísticas que o português sofre na primeira
metade do século XV e entendendo o período clássico como uma nova fase,
é previsível que o final do português médio configure outra franja de
separação que aponte para a progressiva estabilização da língua. Este
período não foi, ainda, objecto de uma análise linguística sistemática.
Trata-se, no entanto, de um período particularmente significativo da história
do português, já que corresponde à fase inicial da expansão da língua,
estando nele mergulhadas as raízes do português do Brasil. (CARDEIRA,
2013, p. 543)

A fase de expansão da língua a que Cardeira se refere, e na qual estariam mergulhadas


as raízes do português do Brasil, abrange o contexto da produção das cartas que compõem o
corpus deste estudo. Ainda sem se caracterizar como português brasileiro, trata-se de
relevantes testemunhos do estado de língua do português no Brasil, servindo como material
importante para o conhecimento a respeito do nível de cultura gráfica de homens e mulheres
que circularam pela américa portuguesa e acabaram por contribuir com a transplantação de
dialetos de Portugal para os novos territórios coloniais, período no qual, segundo Castro
(2006, p. 75), “a língua mais radicalmente se transfigura. Enquanto se reestrutura e consolida
dentro de portas, a língua portuguesa começa a expandir-se para fora da Europa, pelo que, a
partir de então, é preciso distinguir entre português europeu e português extra-europeu”.
Mattos e Silva estende ao século XVI aspectos que considera ainda do período
arcaico, observando que os limites estabelecidos podem ser imprecisos e divergentes,
inclusive em relação ao português médio: “As características lingüísticas que tipificam o
período arcaico do português se apresentam consistentemente na documentação remanescente
dos séculos XIII e XIV e até a segunda metade do século XVI algumas delas permanecem e
outras desaparecem” (MATTOS E SILVA, 2001 p. 25).

Português Médio Português Clássico

Resolução dos hiatos: crase, ditongação, inserção Simplificação do sistema de sibilantes


de consoante ou semivogal

Unificação das terminações nasais: -ãw Consoantes labiais b/v

Particípio passado -udo Mudanças no vocalismo

Síncope de -d ditongação Alteração na forma de colocação de clíticos

Terminação paraxítona em vel Desafricamento da africada palatal surda

Desaparecimento da série átona dos possessivos Palatização das fricativas /s/ e /z/

O contraponto entre as propostas de periodização da língua portuguesa reforça a


necessidade de ampliação do volume de dados analisados, de forma contextualizada, e do
conjunto de documentos estudados, para que seja possível o confronto necessário entre as
características atribuídas aos períodos até então preconizados, uma vez que “a datação das
fronteiras temporais entre fases da história do português oscila, também a sua designação é
objecto de propostas diversas. As divergências terminológicas devem-se às diferentes
perspectivas em que assentam as várias propostas” (CARDEIRA, 2010, p. 78).
Embora as divergências relacionadas à periodização decorram, em grande parte, de
fatores externos à língua, escolhidos simbolicamente como balizadores temporais, fatores
internos também apresentam pontos, senão discordantes, ainda necessários de maior
verificação, a exemplo de questões quanto à convergência das terminações nasais -am e -om
em -ão e variantes. Trata-se de fenômeno bastante discutido e sobre o qual Castro (2006, p.
161) observa que

Um dos novos ditongos mais interessantes foi aquele que resultou de hiatos
como mã-o (< MANU). Ele viria a ter um papel decisivo em outra das
transformações deste período: a unificação, precisamente em -ão, de diversas
terminações nasais de substantivos singulares e de verbos, que provinham de
uma grande quantidade de sufixos e de verbos desinenciais latinos e que,
devido a um processo de condensação que decorrera durante o português
antigo, se achavam reduzidas a apenas duas: -ã e -õ. É assim que palavras
como leõ e cã (cão) acabam a rimar com mão, apesar da flutuação gráfica
que durante algum tempo ostentaram. É de finais do séc. XV que Williams
(1938:§157) data a uniformização completa no ditongo [-ɐ̯o] (...)

Para Cardeira (uma das pesquisadoras que mais se debruçou sobre documentos de
diferentes naturezas em busca de se conhecer o conjunto de mudanças do português médio e o
processo de elaboração que acabou culminando num patamar de estabilização de novos traços
linguísticos), ao analisar ocorrências retiradas do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende,
afirma que “em 1516 a oscilação é ainda a regra mas trata-se de uma oscilação que é
meramente gráfica. Dela podemos inferir que foi precisamente durante a segunda metade do
século XV que a tendência se inverteu, passando a grafia não etimológica a ser a mais
frequente” (CARDEIRA, 2013, p. 548).

5. As terminações nasais –am, -om e -ão nas cartas

Considerando a uniformização das terminações nasais como mudança que vai se


concretizando foneticamente ao longo do século XV, com a consequente variação gráfica nos
séculos consecutivos, importa saber como esse processo é atestado na escrita em diferentes
punhos e contextos. Monte e Fachin (2016) verificaram que em determinadas espécies
documentais a inversão identificada por Cardeira tem seu registro gráfico bem mais tardio, até
com um século de diferença. Ao estudarem documentos notariais portugueses, os autores
chegaram à seguinte conclusão:

A pesquisa com esse gênero de documento revela que ainda na primeira


metade do século XVI verificava-se uma alta frequência de correspondência
etimológica na grafia das terminações nasais: 70,3%. Não se observa, assim,
um patamar de estabilização nesse conjunto de textos que caracterizaria a
transição para o português clássico, mas sim uma alta taxa de grafias
conservadoras que demonstram um longo processo de transformação no
registro das terminações nasais do português. (MONTE e FACHIN, 2016, p.
72).

Nas cartas quinhentistas analisadas, há diferenças nos registros das terminações,


principalmente quanto aos verbos, ocorrências predominantes no corpus. Por se tratar de
documentos produzidos na primeira metade do século XVI, por escribas que provavelmente
tiveram seu aprendizado de leitura e escrita pelo menos vinte anos antes, o estado de língua
testemunhado poderia se caracterizar por oscilações gráficas na representação em questão,
com predomínio de formas não etimológicas ou, então, já com um patamar de estabilização,
com o processo de transformação concretizado também no contexto da escrita. Abaixo
seguem informações sobre a representação gráfica das sequências nasalizadas da 3ª pessoa do
plural, em números absolutos.

1540 1545 1548


-am -om -ão -am -om -ão -am -om -ão
Presente 8 0 0 3 0 5 5 0 8
Pret. Perfeito 11 0 0 0 2 0 0 2 3
Pret. Imperfeito 2 0 0 1 0 3 0 0 2
Futuro 2 0 0 0 0 3 0 0 1

Na carta do ouvidor de Alcobaça, de 1540, o escriba generaliza o registro da


terminação nasal por meio das formas -am e -ã, independente do tempo verbal. Com apenas
um documento não é possível concluir se estamos diante de um contexto meramente gráfico
ou de algum valor fônico, mas, tendo em vista a datação do manuscrito e o fato de que a
convergência já teria se concretizado, provavelmente o escriba não diferenciava na escrita o
que se passava na oralidade e também já se distanciava do uso etimológico. Para Carvalho
(2013, p. 569), esse tipo de predominância, já a partir do século XIV, “poderá indiciar que o
processo começou com a substituição de -õ final átono por -ã (...) O facto de se tratar, na sua
origem, de um fenómeno fonético não significou, contudo, que o processo de difusão do
ditongo –ão (...) não estivesse a iniciar-se”.
As cartas de 1545 e de 1548 apresentam as três formas de registro. No primeiro
documento, utilizadas com oscilação de acordo com o tempo verbal, com destaque para a
flexão no presente, com três ocorrências com -am, cinco de -ão, e no pretérito imperfeito,
com uma ocorrência com -am e três de -ão. Chama a atenção o uso de -om no pretérito
perfeito, remetendo ao étimo. No segundo, há maior ocorrência da terminação -ão e oscilação
no presente entre -am e -ão e no pretérito perfeito entre -om e -ão. Nesses manuscritos,
embora o registro não seja categórico, a predominante utilização de formas não etimológicas,
nas três formas, indica a tendência de inversão no registro das terminações, já observada em
periodizações do português de -am, -om a –ão, provavelmente sem diferenciação fonética, a
exemplo da flutuação gráfica não etimológica entre sam (4) e são (1) no texto de 1548.
Seguem os quadros das ocorrências de formas verbais no corpus.

1540
Presente Pret. Perf. Pret. Imperf. Futuro do Pres.
prẽdam 1 atreuerã 1 mostrarã 1 hiam 1 farã 1
Sã 4 callarã 1 quebrarã 1 herã 1 terã 1
Sam 2 descobrirã 1 respõderã 1
diserã 1 teuerã 1
Elegerã 1 vierã 1
respõderã 1

1545
Presente Pret. Perf. Pret. Imperf. Futuro do Pres.
sam 1 chegaõ 1 ficarõ 1 abiã 1 faraõ 1
Estã 1 Emtraõ 1 vierõ 1 dauaõ 1 iraõ 1
Rosam 1 tinhaõ 1 desesauaõ 1 seraõ 1
chamaõ 1 vaõ 1 tinhaõ 1

1548
Presente Pret. Perf. Pret. Imperf. Futuro do Pres.
estão 1 Roubão 1 aJudarõ 1 comprião 1 quereraõ 1
atreuão 1 vão 1 perderõ 1 pasauão 1
Estão 1 são 1 Entrarão 1 Erão 1
hão 1 sam 4 tirarão
leuão 1 ficam 1

A análise de palavras gramaticais, como não e tão, também explicita a distinção entre
os estados de língua do corpus, reforçando a diferença de registro dos punhos quanto ao
fenômeno estudado. Em 1540, o uso já não possui correspondência etimológica no caso do
advérbio de negação, generalizando-se por meio da forma nam, com quinze ocorrências, em
oposição a tam, que aparece 6 vezes exclusivamente. Em 1545, com o advérbio de negação,
há um equilíbrio com a forma do étimo nom, dez casos, e a oscilação entre nam, sete, e não,
três. Com o de intensidade, apenas aparece tam, duas vezes. Em 1548, o registro não
etimológico é quase categórico com o advérbio de negação, com apenas duas ocorrências de
nom, uma de nam e treze de não. Esse escriba, assim como no registro do verbo “ser” na 3ª
pessoa do plural, também apresenta oscilação com as três formas. Com tam, o uso ainda varia
entre a forma etimológica, seis vezes, e tão, duas. Nos estudos de Cardeira (2009, p. 548)
sobre o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, “o advérbio de negação surge ainda com a
grafia tradicional e etimológica nom (432 ocorrências) e já com a moderna grafia não (23
ocorrências) mas a grafia claramente predominante é nam (2770 ocorrências). Ou seja, a
grafia etimológica representa apenas 13.3% do total”.

Advérbios
1540 1545 1548 1540 1545 1548
nom 0 10 2 tam 6 2 6
nam 15 7 1 tão 0 0 2
não 0 3 13

No caso dos nomes, a predominância de formas não etimológicas também se mantém,


inclusive com a palavra chão, termo resultante da queda de <n> intervocálico, por meio das
ocorrências chãm e chãã, nas cartas de 1540 e 1545, respectivamente. Nesse contexto, no
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, “a terminação -om aparece residualmente (apenas
contemplaçom e revelaçom, em rima (79213) alternando com -ão e com -am. Note-se que a
grafia -am pode ocorrer em formas cuja terminação etimológica é -ANU, como sam (<
SANU) e que -ão surge para todas as etimologias (pão < PANE, sermão < SERMONE)”
(CARDEIRA, 2009, p. 548).

Nomes
1540 1545 1548
escriuã (-ANE) 1 chãã (-ANU) 1 capitão (-ANU) 1
turbaçã (-ONE) 1 armaçaõ (-ONE) 1 nauegação (-ONE 1
chãm (-ANU) 1 maõ (-ANU) 1 naueguação (-ONE) 1
mão (-ANU) 2 mẽçaõ (-ONE) 1 ocasião (-ONE) 1
Razaõ (-ONE) 1
Rezaõ (-ONE) 2
Considerações finais

O conhecimento a respeito da história de uma língua e de seu povo abrange também o


conhecimento dos textos, por meio dos quais se preserva uma memória histórica e cultural das
sociedades, principalmente quando são escassas as informações sobre seus autores e domínios
linguísticos. Neste trabalho, procurou-se, por meio do estudo de cartas quinhentistas,
contribuir com pesquisas no campo da Filologia, da História e da Linguística Histórica e
produzir fontes fidedignas e resultados científicos que ampliassem o conhecimento em
questão. Para isso, realizaram-se a edição da documentação, a sistematização de sua escrita e
a análise de dados relacionados ao registro das terminações nasais -am, -om e -ão.
A metodologia de trabalho contou com a preocupação em respeitar o documento como
patrimônio histórico e de inter-relacionar as cartas e suas implicações linguísticas, situando
seus autores num patamar semelhante de escrita e habilidade gráfica. Por se tratar de
manuscritos que foram produzidos em diferentes contextos e lugares, a busca por parâmetros
que permitissem o confronto da manuscritura e dos dados linguísticos levantados foi
fundamental para a realização do estudo.
O resultado dialoga com estudos importantes sobre o português quinhentista e com
periodizações já consagradas. Do ponto de vista das práticas de escrita em Portugal e no
Brasil, os resultados permitem acompanhar o registro gráfico de fenômenos balizadores da
nossa língua que ainda precisam de maior acompanhamento com base em diferentes textos
produzidos ao longo da história. Como foi possível verificar, mesmo já demonstrando
tendência para o registro não etimológico das terminações nasais, os três escribas
apresentam-se em estágios diferentes, demonstrando como os efeitos de uma mudança
fonética, já concretizada, se comportava no campo da escrita, ainda sem um patamar de
estabilização, como observado em outros tipos de documentos. Isso confirma que ainda há
muito que se fazer no contexto das pesquisas históricas e filológicas.
Referências

ACIOLI, Vera Lúcia Costa. A escrita no Brasil colônia: um guia para leitura de documentos
manuscritos. Recife: UFPe/Massangana, 1994.

BELLOTTO, Heloísa Liberali. Como fazer análise diplomática e análise tipológica de


documento de arquivo. São Paulo: Associação de Arquivistas de São Paulo; Arquivo do
Estado, 2002.

CARDEIRA, Esperança. Do Português Médio ao Clássico: o Cancioneiro Geral de Garcia de


Resende. In: HERRERO, Actas del XXVI Congreso Internacional de Linguística y de
Filologia Románicas, Valencia Emili Casanova; RIGUAL, Cesareo Calvo (Eds.). Vol. I. De
Gruyter, 2013. p. 543-554.

CARDEIRA, Esperança. Português Médio: uma fase de transição ou uma transição de


fase?. Diacrítica, Ciências da Linguagem, 23, 2010, p. 75-96.

CARDEIRA, Esperança. Revisitando a periodização do português: o português médio.


Domínios de Linguagem, ano 3, no 2, p. 103-115, 2009.

CARVALHO, Maria José. Contributo para o estudo da evolução das terminações nasais
portuguesas (sécs. XIII-XVI). Actes del 26é Congrès de Linguistica i Filologia Romàniques
Valência, 2013, p. 567-577.

CASTILHO GOMES, Antonio e SÁEZ SÁNCHEZ, Carlos. Paleografía e Historia de la


Cultura Escrita. Del signo a lo escrito. In: RIESCO, Ángel (ed.). Introducción a la
Paleografía y la Diplomática general. Madrid: Síntesis, 1999, p. 21-31.

CASTRO, Ivo. Introdução à História do Português. Lisboa: Ed. Colibri, 2006.

COELHO, Maria Teresa Pereira. A escrita “manuelina” nas provisões régias


quinhentistas. Cadernos do Arquivo Municipal, Lisboa , v. 2, n. 10, p. 97-109, dez. 2018.

MATTOS e SILVA, Rosa Virginia. Reconfiguracoes socioculturais e linguisticas no Portugal


de quinhentos em comparacao com o periodo arcaico. Alfa: Revista de Lingüística, vol. 45,
2001, p. 33-47. Gale Academic OneFile, Accessed 12 Aug. 2020.

MONTE, Vanessa Martins do e FACHIN, Phablo Roberto Marchis. Saibham quantos este
estormento de contrato virem: análise das terminações nasais em contratos dos séculos XV e
XVI. LaborHistórico, 2(1), 2016, p. 56-73.

PAULO, Jorge Ferreira. Da escrita gótica à humanística na documentação da Câmara de


Lisboa: Em torno da escrivaninha municipal quinhentista. Cadernos do Arquivo Municipal,
Lisboa , v. 2, n. 8, p. 119-158, dez. 2017.

SALGADO, Graça (Coord.). Fiscais e meirinhos - a administração no Brasil colonial. Rio de


Janeiro, Nova Fronteira/Pró-Memória/ Instituto Nacional do Livro, 1985.

Você também pode gostar