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No Brasil, as novas cidades foram semeadas como árvores, possuem elas data de nascimento e foram planeadas para
expandirem-se ao longo de todo o País, com planos urbanísticos, com métricas, organização, lógicas de uso social do espaço
e seus reflexos sobre o ambiente construído. :
O marco temporal se apoia no século XX em uma
montagem discursiva que se insere a partir da ótica do
urbanismo em um contexto histórico entre o ideário
moderno europeu que se entrelaça com as raízes da
cultura brasileira.
A direita, cronologia de algumas cidades novas, marcos
de ocupação do território nacional.
- Construção de um panorama ordenado do processo
histórico da fundação de cidades novas no Brasil do
século XX.
- Construir esse panorama, exige que se faça uma
seleção de fatos que terão uma atenção especial,
por serem considerados os mais importantes,
enquanto outros serão deixados em um segundo
plano, por serem considerados de menor
relevância.
Durante os séculos XVI, XVII e sobretudo no século XVIII, a intensa atividade urbanizadora dos países
europeus, tanto nas metrópoles como nas colônias, favoreceu o amadurecimento teórico e prático dos esquemas sempre mais
elaborados das cidades novas.
Trata-se de um estudo de
análise de caráter
historiográfico baseado no Pesquisa bibliográfica e
documental, Visita in loco e
levantamento e na interpretação
entrevistas espontâneas.
de informações coletadas em
fontes primárias e secundárias. Relatos sobre a construção das
cidades, captação de dados do
Memoriais descritivos de Memoriais descritivos de empresas ponto de vista histórico, social e
empresas e órgãos públicos envolvidas na construção das cultural
envolvidos na construção das cidades.
cidades, arquivos de entidades
públicas e privadas, relatos
orais, fotografias, tabelas, Pesquisa de
imagens antigas, relatórios de arquivos de
obras e levantamentos entidades
estatísticos sobre fluxos públicas. Utilização do sistema do
migratórios. IBGE para operar as
análises geográficas e
Para a elaboração de dados econômicos e
mapas e das grandes elaboração de mapas e
tendências demográficas do fluxos migratórios.
país, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
foi uma fonte de valor
inestimável.
A ideia de cidade-capital como um monumento simbólico que marca
uma época, um pensamento ou um ideal de apelo econômico e
progressista, sempre permeou a história do urbanismo. Segundo
Delson (1997): “os portugueses através de um repertório acumulado
planejaram e construíram cidades novas com o objetivo de
supervisionar e civilizar extensas áreas no interior do território
brasileiro e lançaram mão de uma certa padronização na construção
de vilas”.
Fonte da imagem:https://www.alamy.com/friuli-italy-palmanova-ancient-map-1600-
image181794434.html, acesso em outubro de 2022.
O modelo de cidade ideal do século XVII serviu como base nas aplicações das regras geométricas de regularidade e
simetria. A influência italiana era notada tanto nas construções quanto nas representações dos desenhos. Os conceitos
aplicados estavam sempre relacionados com as cidades ideais renascentistas . Cópias manuscritas ou impressas de
tratadistas como Alberti (Vitruvio) , Giogio Martini, Sérlio, Sagredo entre outros, formaram uma base ideológica e fizeram
das Américas um vasto campo de experimentos na área de planeamento de cidades novas .
Tratadistas e visionários tiveram um papel de destaque, na elaboração de
planos que resultou na construção de uma base de conhecimento
influenciando profissionais de diversas áreas na produção de espaços
urbanos que foram implantados em diferentes momentos históricos (Rossa,
2002). Esse processo dependeu de um quadro de engenheiros e da
formação de um repertório rico e diversificado no modo de desenhar
cidades. Portanto, a expansão portuguesa se alicerça na associação da
cidade à fortificação.
Desenhos de Aula de fortificação, Fonte: (Valla 2015)
Engenheiros Militares portugueses difundiram as aulas de fortificações, arquitetura e urbanismo em diversas cidades da
colônia brasileira e “Foram instituídas aulas similares na Bahia (1696), no Rio (1698), no Maranhão (1699), no Recife (1701) e
outra aula foi criada, em 1758, em Belém por Francisco Xavier de Mendonça Furtado reafirmando o papel tutelar do Estado
nesse processo” (figuras: 6 e 7) (Araújo R. M., 1998).
Foram introduzidos ensinamentos reguladores de arquitetura e
urbanismo marcados por princípios renascentistas e barrocos, como
edifícios com fachadas similares, traçado ortogonal para as vias
urbanas, definição das dimensões e formas dos lotes (Reis Filho, 2000).
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Figura 1: Plano de Cuiabá (1777) ; Figura 2: Vila Boa, Goiás (1782); Figura 3: Belém de Gronsfeld
(1771); Figura 3: Vila Bela (1773) Fonte : Delson ( 1997).
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O planejamento de cidades teve impulso com a vinda da família real para o
Brasil em 1808, período em que foram tomadas medidas para modernizar o
país. Junto com essas ações, voltou-se a discutir a conquista do interior da
colônia.
Jean Charles Adolf Alphand (1817-1891) Alfred Hubert Donat Agache (1875-1959); (adepto das tradições Beaux Art e do Movimento City Beautiful)
Após emancipação luso-hispânico na América Latina, abriu-se um imenso mercado para os profissionais franceses. A escola francesa de
urbanismo e paisagismo através de seus representantes, tiveram grande expressão. Elaboraram programas de planejamento urbano,
arborização, parques e jardins públicos. A partir da reforma de Paris protagonizada pela Barão Haussmann, as bases do urbanismo
técnico e científico estavam lançadas e se difundiram por diversos países. Procedeu-se a uma intensa reforma urbana no Rio de Janeiro
na gestão Pereira Passos até então, o Rio não tinha experimentado, Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
(George Eugène, barón de Haussmann; Paris, 1809 Ebenezer Howard (1850-1928), Cidade Arturo Soria y Mata (1844-1920) Cidade Linear - Madri (1882),
- 1891). Reforma de Paris entre 1853 e 1870. Jardim do final do século XIX.
Ildefons Cerdà : (1815- 1876 ) ; “Ensanche” de Barcelona (1859). Tony Garnier; (1869-1948) ;Cidade Industrial (1901),
Frentes Pioneiras: No período Pré-Brasília, na primeira metade do século XX, foram se delineando diversas correntes
de pensamento urbanísticas e os planos eram elaborados com sobreposição de diferentes concepções urbanísticas .
Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
Arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) Le Corbusier (1887-1965),
Attílio Correa Lima (1901-1943)- Modernismo Lúcio Costa (1902-1998) – Ensaio das Superquadras
Os conceitos difundidos pela escola francesa do Institut d`Urbanisme de Paris e o movimento modernista dos CIAMs através de seus
representantes, se concretizaram como marcos no urbanismo brasileiro em cuja finalidade foi dotar as cidades da seguinte maneira: econômica
(circulação de bens e serviços), higiênica (saneamento de canais etc..), social ou policial (afazeres sociais e policiais) e modernização dos portos às
exigências do comércio internacional e à navegação moderna (figura: 36) Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
company town Fordlândia - 1927
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
Cidades Novas criadas por decreto:
O conhecimento trazido da Europa passou a ser divulgado nos círculos intelectuais de São Paulo do Rio de janeiro e depois propagado
e aplicado em reformas urbanas, em várias regiões do território nacional (figura: 39). Ao descrevermos essas intervenções, percebemos que
no período pré-Brasília, na primeira metade do século XX, foram se delineando diversas correntes de pensamento urbanísticas, uma iniciada
com os planos de melhoramentos de Pereira Passos no Rio, que posteriormente se ampliou para o conjunto da área urbana, e outra vertente
baseada na troca de experiências com profissionais vindos do exterior e profissionais que estudaram fora que começaram se impor no país.
Ao fazermos um exame do trabalho desenvolvido por esses grupos, constatamos que eles contribuíram para consolidar posições de uma
arquitetura de vanguarda que não demorou muito para ser aceita em nível governamental. Aplicaram modelos que serviram de parâmetros
para a reforma e a ampliação das cidades já existentes e para a construção de diversas cidades novas pelo território nacional. Alguma ações
se tornaram exemplares, como a demolição e reconstrução de partes das cidades , com vistas ao seu embelezamento, sistema viário e
saneamento. Ainda que os planos tiveram as prescrições de Le Corbusier, não deixava também de ser uma interpretação beaus-arts. Outra
alternativa seria a proposição, na tradição renascentista, de novas formas de cidades.
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
company town Fordlândia - 1927 Cidades Novas criadas por decreto:
company town Fordlândia - 1927
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
Cidades Novas criadas por decreto:
Enquanto nas cidades europeias acontecia a demolição dos muros defensivos para o alargamento das cidades, na América Latina, e
em especial no Brasil, era necessário estabelecer um novo padrão de ocupação e de edificações cujo objetivo era o enfrentamento dos
graves problemas sanitários e epidemias em decorrência do aumento de concentração populacional. As cidades precisavam se adaptar a
essa nova realidade e a alternativa era a remodelação das áreas centrais históricas com a demolição de estruturas densas de ruas estreitas,
criando espaços amplos e adequados às novas necessidades de transporte e circulação, dotando-as de projetos de embelezamento urbano,
espaços cívicos, monumentais, de lazer e de áreas verdes, e tudo isso embasado em princípios cientificistas e em novas tecnologias de
organização do espaço. Foi nesse contexto que surgiram os novos paradigmas urbanos modernos.
company town Fordlândia - 1927
O plano de Vera Cruz - descrito como o "Primeiro Plano-Piloto da Cidade-Capital" se transformou em um ensaio fornecendo subsídios para
o Edital do Concurso do Plano Piloto para a Nova Capital, pois atendia a todos os anseios e que foram estabelecidos posteriormente na seleção dos
projetos para Brasília. Observa-se nesse plano de diretriz racionalista Corbusieriana conceitos técnicos que vão influenciar na concepção do Plano
Piloto de Brasília de Lúcio Costa e nas futuras cidades novas Pós-Brasília. Assim, Petrópolis foi a nova cidade e criação do Império, Belo Horizonte
ficou conhecida como a “primogênita da República” e Brasília seria chamada de “ o marco zero do terceiro milênio”, na afirmação de Bojunga
(2001).
Fruto das aspirações e necessidades das populações urbanas,
Tony Garnier sonhou uma cidade para operários, construtores de
automóveis e aviões e na organização da sua cidade, formulou uma
estrutura espacial inteiramente nova na concepção dos quarteirões
residenciais. Passados os anos, a mesma concepção espacial aflora em
Amsterdam, com longos prédios de apartamentos com 4 e 5 pavimentos.
Nos anos de 1920, define-se o bloco laminar de apartamentos com 10 a 12
pavimentos. Edifícios soltos em quarteirões e super –quadras com jardins,
gramados e arvoredos. São planos de Marcel Breuer, de Le Corbusier, de
Walter Gropius, entre outros, que vão delineando a nova estrutura urbana
Croquis de Brasília – Lúcio Costa
do século XX. A rua corredor dá lugar ao espaço aberto e a invenção da
Unidade de Vizinhança por Clarence Perry, nos anos 30, e o notável
desenvolvimento das estradas-parque complenta esse novo repertório,
capazes de nutrir a forma das cidades novas. Brasília nasce desse longo
processo.
Parque Guinle nas origens das Superquadras de Brasília formulado na década de 1920 – Lúcio Costa
Todos os projetos concorrentes da nova capital separavam atividades de habitação, circulação, trabalho e lazer, sendo notada a influência
do ideário da Cidade-Radiosa de Le Corbusier e de outras teorias que compuseram algumas cidades projetadas após os anos de 1920. A maioria
dos projetos trabalhou a definição de setores funcionais, a liberação de espaços livres, a simetria e a regularidade, além de estabelecer pricípios
e/ou padrões para o crescimento futuro. Para além das semelhanças genéricas, no entanto, havia diferenças notáveis entre os planos, que, em seu
conjunto, demonstravam a clareza e a originalidade presentes nas diretrizes acadêmicas da arquitetura brasileira. Os autores procuravam um
diálogo entre matrizes nacionais e as referências internacionais vanguardistas. Seus planos traduziam o pensamento e os anseios de uma
sociedade para uma capital nacional.
Projeto de Brasília – 1957 de Lúcio Costa.
O plano de Brasília vencedor foi apresentado ao concurso tomando o número 22, na lista fixada pela comissão julgadora. O plano é
considerado inovador de conteúdo sociológico e representa uma ruptura com relação aos planos de urbanismo propostos na primeira metade do
século XX. Segundo o próprio Costa, Brasília agregou elementos absorvidos de experiências realizadas de outras correntes urbanísticas como a
filiação intelectual francesa, os espaços verdes da Inglaterra, os terraplenos, arrimos e pavilhões chineses, dos quais Lúcio Costa teve
conhecimento (Fischer & Palazzo, 2005). A cidade foi pensada para uso de uma classe média e ser referencial de um Brasil novo e moderno. A
mudança da capital foi um momento particularmente importante da história nacional, mudando radicalmente o uso e ocupação do território e a rede
urbana. Lúcio Costa, com seu conhecimento, sua cultura e sua vivência, imprimiu um novo ideário de desenhar cidades novas.
Repercursão na imprensa sobre a inauguração de Brasília
Com o avanço dos meios de comunicação, notícias e reportagens sobre a construção de Brasília tornaram-se acessíveis a todos os
segmentos da sociedade. Publicações, periódicos, diversos tipos de revistas e até mesmo cartões postais possibilitavam a divulgação das obras da
nova capital. Nas palavras de Bruand (1981), por exemplo, Brasília foi resultado da ousadia econômica e política, que ensejou a construção de uma
leva de cidades tornadas “realidades irreversíveis” e que contribuiu para intensificar o discurso sobre a necessidade de promover o
desenvolvimento regional.
Esquema hierárquico do Urbanismo Rural, apresentando semelhanças com o diagrama que Ebenezer Howard aplicou na sua cidade
Em 31 de março de 1964 foi instituída a ditadura civil-militar, após um golpe de Estado, marcando uma profunda
transformação na política interna e externa brasileira. Na análise desses processos, do período da ditadura militar nessa nova diretriz
política e econômica, continuou o avanço de frentes econômicas culminando com a implantação de novas cidades. Na região
Amazônica, surgiram projetos de assentamentos que resgatou o significado do plano de Brasília que passou a ser revestida como
símbolo de Estado (Vidal, 2009). A implantação dessas cidades pós-Brasília, colocou novamente a capital no centro da geopolítica
brasileira. Segundo Lima (2009), previa -se criar uma rede urbana no meio rural com adaptação das técnicas urbanísticas que são
aplicadas nas cidades e promover a “doutrinação” dos novos moradores com o objetivo de garantir o controle social das novas
comunidades, com fornecimento de assistência técnica para orientar os colonos a usar a terra que então recebiam.
Esquema hierárquico do Urbanismo Rural, apresentando semelhanças com o diagrama que Ebenezer Howard aplicou na sua cidade
O Urbanismo Rural representa teorias Pós-Brasília dentro dos ideais modernistas corbusianos, ao associar a
distribuição racional da população ao percurso casa-trabalho ou casa-escola e essas cidades novas também apresentam
unidades de vizinhança, hierarquização viária (com vias principais, vias locais e vias de pedestres), separação entre
automóveis e pedestres, cul-de-sacs, setorização e zoneamento funcional. Desvinculado da rede de rios, o que era comum
quando o eixo de desenvolvimento seguia o curso dos principais rios da região, o novo conceito de desenvolvimento
regional criou na beira das estradas uma leva de cidades novas em consonância com o pensamento militar.
Plano de Matupá - Grupo Ometto e Plano da cidade de Rurópolis com repertório urbanístico racionalista/funcionalista pós-Brasília.
Muitos dos profissionais contratados para a construção de uma leva de cidades nova pós -Brasíia, vieram da
geração modernista e suas variantes, tendo incorporado grande parte dos princípios urbanísticos pré-estabelecidos,
adequando-os ao contexto nacional; às vezes, apenas alguns aspectos mais superficiais eram incorporados, com a
finalidade de garantir a associação da imagem dos espaços criados ao contexto mais geral em que essas cidades foram
construídas (Sathler, Mont-Mór, & Carvalho , 2009). Também houve casos de sobreposição de diferentes teorias em um
mesmo plano, eventualmente com uma uma teoria sobressaindo em relação às demais.
Cidade Nova de Marabá (1973)-J. Henry Cole e Associados; a Vila Permanente no município de Tucuruí
(1979) arquiteto Aroldo Mader, com inspiração nas Gardens Cities inglesas e americanas, uma Company
Town e Palmas (1988) – Grupo Quatro baseado na hierarquia viária presente nas cidades modernas
refletindo o modelo da influência de Brasília da evolução da forma urbana de construir cidades. Tal como
em Brasília, as atividades se subordinam ao sistema estrutural, as funções determinam estruturas físico-
espaciais correspondentes. Esta disposição é a mesma mencionada por Lúcio Costa no plano de Brasília.
Plano da cidade nova de Marabá apresenta semelhanças com o plano urbano dos Olivais Sul
Assim como o plano da cidade nova de Marabá, rompe com uma prática urbanista realizada na Amazônia, o plano
de Olivais Sul rompeu com a prática urbanistica praticada em Portugal. Ambos os planos tiveram inspiração nos modelos
naturalistas ( caso de Marabá), nas New Towns inglesas, nos subúrbios das metrópoles norte-americanas e princípios da
Carta de Atenas. A Procura pela identidade cultural e sua inserção no Movimento Moderno, tanto no planejamento urbano
brasileiro como no portugês, conferiu uma maior identidade arquitetônica entre os dois países.
Política pública para Cidades planeadas Arruamentos População residente
com diretrizes
desenvolvimento da
modernas para
seguindo um no núcleo é
Amazônia Legal exclusivo de
e Integração atender um padrão definido
funcionários da
regional sistema produtivo em projeto empresa
Perspectiva Área do Projeto da Cidade
de Palmas
Fonte: Grupo Quatro – Projeto da
Capital do Estado do Tocantins
Plano inicial de Brasil Novo e de Rurópolis
nos primeiros anos da década de 1970, as cidades criadas fizeram parte de um plano governamental de
integração nacional e desenvolvimento da Amazônia que incluía colonização, reforma agrária e assentamento de colonos
migrantes baseados no esquema de planejamento idealizado pelo urbanista carioca José Geraldo da Cunha Camargo e
denominado Urbanismo Rural.
Plano da cidade de Pilão Arcado – 1973 - HIDROSERVICE; Plano da cidade de Remanso de Roberto Cortizo- 1973;
Partindo da experiência de Tennessee Valley Authority – TVA, nos Estado Unidos, esse modelo serviu como
referência no âmbito nacional, seguindo essa tendência com a Comissão do Vale do São Francisco – CVSF e a
Companhia Hidroelétrica do São Francisco – Chesf.
Casa Nova 1973 – Arquiteto Roberto Cortizo; Sento Sé -1973 - HIDROSERVICE
As novas cidades inseridas no processo desenvolvimentista do Estado para a bacia hidrográfica do rio São
Francisco nas décadas de 1970 e 1980 estavam contempladas nos planos regionais da Chesf, com novas concepções
urbanísticas para as cidades relocadas.
Esta tese tem como foco as cidades planejadas construídas no Brasil durante o século XX, em uma trajetória
que se iniciou no século XVI com a ocupação colonial portuguesa. Durante os mais de três séculos do período
colonial (1500-1822), os agentes do estado português formaram a base de um repertório de arquitetura e
urbanismo sobre a qual as futuras gerações de profissionais da arquitetura e urbanismo no Brasil iriam
trabalhar.
No caso brasileiro, o território veio sofrendo alterações desde o período colonial e esse avanço foi sendo
pontuado por cidades novas cuja fundação foi motivada por fatores político-administrativos, econômicos, além
da óbvia busca do alargamento e da consolidação de fronteiras.
Formou-se, assim, uma rede de cidades novas onde se defendiam os interesses, na fase colonial, da Coroa
portuguesa e, após a independência (em 1822), do Estado brasileiro soberano.
Outra importante fonte de influências foram as reformas urbanas que serviram como experimentos para adaptar
o tecido pré-existente às novas condições produtivas e econômicas em geral.
A comprovação de que Brasília representou (e representa) o ponto mais alto da experiência acumulada ao longo
de mais de quatro séculos na construção de cidades novas no Brasil está no fato de que nenhuma cidade
construída depois dela no país deixou de, de alguma maneira, a ela se referir, seja para afirmar suas
qualidades, buscando reproduzi-las, seja para corrigir os defeitos nela apontados, tanto os reais quanto os
fictícios.
Outra das mudanças significativas dos dias de hoje em relação à época em que Brasília foi construída é o
envelhecimento da população. Também aqui as virtudes do plano de Brasília serão mais uma vez confirmadas,
uma vez que a abundância de áreas verdes e a altura razoável dos edifícios (seis pavimentos) são dois
atributos que tendem a beneficiar a constituição de uma paisagem urbana favorável à qualidade de vida de
pessoas idosas.