Você está na página 1de 54

A investigação faz uma análise das cidades

planeadas e construídas sob princípios arquitetónicos


no Brasil ao longo do século XX, em uma trajetória
iniciada no século XVI que remonta a ocupação
colonial. São planos centrados nos processos de
ocupação e expansionismo económico que formaram
uma base herdada dos portugueses em um repertório
a qual as futuras gerações de profissionais da
arquitetura e urbanismo no Brasil iriam trabalhar. É
um estudo historiográfico organizado através do
contributo das grandes linhas de pensamento
arquitetónico dessas práticas urbanísticas se
estendendo ao longo do século XX, sendo Brasília a
apoteose dessa trajetória.

No Brasil, as novas cidades foram semeadas como árvores, possuem elas data de nascimento e foram planeadas para
expandirem-se ao longo de todo o País, com planos urbanísticos, com métricas, organização, lógicas de uso social do espaço
e seus reflexos sobre o ambiente construído. :
O marco temporal se apoia no século XX em uma
montagem discursiva que se insere a partir da ótica do
urbanismo em um contexto histórico entre o ideário
moderno europeu que se entrelaça com as raízes da
cultura brasileira.
A direita, cronologia de algumas cidades novas, marcos
de ocupação do território nacional.
- Construção de um panorama ordenado do processo
histórico da fundação de cidades novas no Brasil do
século XX.
- Construir esse panorama, exige que se faça uma
seleção de fatos que terão uma atenção especial,
por serem considerados os mais importantes,
enquanto outros serão deixados em um segundo
plano, por serem considerados de menor
relevância.

- Contrapor uma ideia muito difundida no país, de


que Brasília (a mais importantes das cidades
planejadas brasileiras) foi um fato inédito e isolado
não só na história do país, mas na própria história
ocidental, como se Brasília tivesse sido de fato algo
“inventado” por seu projetista, numa espécie de
inspiração divina ou de lance genial. Esta ideia tão
difundida no país é fruto da ignorância histórica;
descontruir esse fato, usando como argumento
dessa luta os próprios fatos históricos, é um dos
objetivos mais importantes de qualquer tese sobre
temas da história.

- deixa-se claro que o que ocorreu no século passado


faz parte de um longo processo histórico e tem raízes
profundas na construção da cultura e da identidade
nacional.
Fonte das imagens: Prefeitura de Palmas e Gov. do Pará
•Compreender conceitos e interpretar os planos de cidades
planejadas construídas no Brasil no século passado;

•Identificar as práticas e escolas internacionais que


contribuíram para a formação do pensamento urbanístico e
arquitetónico brasileiro;

•Analisar alguns exemplares de cidades que foram construídas


através de projetos pré-definidos e que se somaram ao
repertório de Brasília;

•Analisar as influências do projeto urbanístico da


cidade de Brasília na construção de novas cidades
planejadas brasileiras após 1960.
A partir da interpretação de Brasília, levantamos a hipótese que ela foi o apogeu desse longo processo e que
continuou como a principal referência para todas as cidades planejadas que vieram nos decênios seguintes. As cidades pós-
Brasília sempre tiveram a nova capital como referência, mesmo quando tentaram corrigir os erros do plano de Brasília. Após 1960,
nada é mais importante do que a referência de Brasília. Aceite a premissa de que Brasília segue sendo a grande referência para
tudo o que vem sendo feito em arquitetura e urbanismo no país desde a sua inauguração há quase 60 anos, e somando-se a essa
premissa a hipótese de que Brasília segue sendo a realização mais elevada do urbanismo brasileiro, decorre daí uma outra
hipótese importante para esta tese: a de que os decênios pós-Brasília são um período de declínio da cultura urbanística do país.

Durante os séculos XVI, XVII e sobretudo no século XVIII, a intensa atividade urbanizadora dos países
europeus, tanto nas metrópoles como nas colônias, favoreceu o amadurecimento teórico e prático dos esquemas sempre mais
elaborados das cidades novas.
Trata-se de um estudo de
análise de caráter
historiográfico baseado no Pesquisa bibliográfica e
documental, Visita in loco e
levantamento e na interpretação
entrevistas espontâneas.
de informações coletadas em
fontes primárias e secundárias. Relatos sobre a construção das
cidades, captação de dados do
Memoriais descritivos de Memoriais descritivos de empresas ponto de vista histórico, social e
empresas e órgãos públicos envolvidas na construção das cultural
envolvidos na construção das cidades.
cidades, arquivos de entidades
públicas e privadas, relatos
orais, fotografias, tabelas, Pesquisa de
imagens antigas, relatórios de arquivos de
obras e levantamentos entidades
estatísticos sobre fluxos públicas. Utilização do sistema do
migratórios. IBGE para operar as
análises geográficas e
Para a elaboração de dados econômicos e
mapas e das grandes elaboração de mapas e
tendências demográficas do fluxos migratórios.
país, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
foi uma fonte de valor
inestimável.
A ideia de cidade-capital como um monumento simbólico que marca
uma época, um pensamento ou um ideal de apelo econômico e
progressista, sempre permeou a história do urbanismo. Segundo
Delson (1997): “os portugueses através de um repertório acumulado
planejaram e construíram cidades novas com o objetivo de
supervisionar e civilizar extensas áreas no interior do território
brasileiro e lançaram mão de uma certa padronização na construção
de vilas”.
Fonte da imagem:https://www.alamy.com/friuli-italy-palmanova-ancient-map-1600-
image181794434.html, acesso em outubro de 2022.

O modelo de cidade ideal do século XVII serviu como base nas aplicações das regras geométricas de regularidade e
simetria. A influência italiana era notada tanto nas construções quanto nas representações dos desenhos. Os conceitos
aplicados estavam sempre relacionados com as cidades ideais renascentistas . Cópias manuscritas ou impressas de
tratadistas como Alberti (Vitruvio) , Giogio Martini, Sérlio, Sagredo entre outros, formaram uma base ideológica e fizeram
das Américas um vasto campo de experimentos na área de planeamento de cidades novas .
Tratadistas e visionários tiveram um papel de destaque, na elaboração de
planos que resultou na construção de uma base de conhecimento
influenciando profissionais de diversas áreas na produção de espaços
urbanos que foram implantados em diferentes momentos históricos (Rossa,
2002). Esse processo dependeu de um quadro de engenheiros e da
formação de um repertório rico e diversificado no modo de desenhar
cidades. Portanto, a expansão portuguesa se alicerça na associação da
cidade à fortificação.
Desenhos de Aula de fortificação, Fonte: (Valla 2015)

Engenheiros Militares portugueses difundiram as aulas de fortificações, arquitetura e urbanismo em diversas cidades da
colônia brasileira e “Foram instituídas aulas similares na Bahia (1696), no Rio (1698), no Maranhão (1699), no Recife (1701) e
outra aula foi criada, em 1758, em Belém por Francisco Xavier de Mendonça Furtado reafirmando o papel tutelar do Estado
nesse processo” (figuras: 6 e 7) (Araújo R. M., 1998).
Foram introduzidos ensinamentos reguladores de arquitetura e
urbanismo marcados por princípios renascentistas e barrocos, como
edifícios com fachadas similares, traçado ortogonal para as vias
urbanas, definição das dimensões e formas dos lotes (Reis Filho, 2000).

Foram criados cargos técnicos que se chamavam "Mestre de Obras”


que passaram por uma formação acadêmica em escolas militares e
obtinham o título de “Engenheiros Militares” (antes Mestre de Obras) em
conhecimentos lecionados por Luís Serrão Pimentel (Valla, 2015).

os engenheiros militares eram


considerados como os “funcionários
do urbanismo” português e principais
responsáveis pelo modo de “fazer Aulas de Luís Serrão Pimentel, Fonte : (Valla,2015).
cidades”, sendo o desenho urbano
como instrumento de poder.
Livro: A Engenharia Militar Portuguesa Na
Figura: Oficial do Corpo Real de Construção Do Brasil Autor: Aurélio De Lyra
Engenheiros Tavares
Fonte:
https://culturaldata.wordpress.com/2010/03/03
/uniformes-militares-portugueses-
4/digitalizar0011/ Acesso em outubro de 2022.
Junto a alguns fortes surgiram pequenos núcleos urbanos- sistema de defesa;
ao “ruador” cabia executar as ordens do engenheiro (Bueno, 2009). As
características dos traçados barrocos dominavam; ruas retilíneas, praças bem
delineadas e uniformidade de elementos arquitetônicos adaptados às
condições locais (Delson, 1997). Nessa organização, se formou um conjunto Figura: Belém – 1773 de Gaspar João Geraldo de Gronsfeld:
Fonte: Mapoteca do Itamarati (Ministério das Relações
de fortes, fortificações, cidades e vilas, o pequeno comércio, a pequena Exteriores), Rio de Janeiro -Cartografia e iconografia relativa ao
Pará
atividade urbana e a praça (uma ou, frequentemente duas, quadrada ou
retangular de atividades diversas) que forma a matriz geradora da estrutura
física da cidade e do urbanismo. Ao lado, planta de Belém e de Vila de São
José de Macapá (programa de urbanização e europeização do Marquês de
Pombal, de planeamento e fundação de um grande número de vilas no Brasil
(Delson,1997).
Planta da Villa de S.José de Macapá, 1761
]:Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa -reprodução.
Paralelo a atuação dos Engenheiros Militares, outra contribuição na ocupação do
território, foram os jesuítas que criaram Missões no processo de conquista e
colonização. Os jesuítas foram atores relevantes na ocupação territorial da região
amazônica. As ordens religiosas eram denominadas de missões, reduções ou doutrinas.
Ao chegarem em 1519 se transformaram em uma força colonizadora poderosa.
Fundaram a cidade de São Paulo em 1554 e nas construções de suas aldeias,
utilizaram plantas semelhantes as reducciones tal como os freis missionários o fizeram
no México e no Paraguai porém, foram muitos menores que a missões da América
Hispânica. Essas missões refletiam em menor escala a planta de malha ortogonal na
obediência a um padrão regular e universal com uma praça central (Terreiro de Jesus).

– Missão do Espírito Santo ( hoje cidade de Abrantes),


Bahia. Reprodução do original no Arquivo Histórico
Ultramarino, em Lisboa:

Planta da redução de São Miguel Arcanjo, 1756:


https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.200/6398
<< acessado em16/04/2021
Muitos dos êxitos do planejamento de vilas e povoados foram resultados da iniciativa
pessoal de colonos, proprietários, jesuítas e principalmente dos Engenheiros
Militares que contribuíram para o processo civilizacional do Brasil colonial.
A missão de cada um destes agentes e funcionários da Coroa, foi ponto
fundamental para a afirmação do Estado e essas políticas adotadas estimularam a
construção de novas cidades e uma forte migração para as regiões de fronteiras
Havia dois níveis de atuação: um simples, para as vilas nas capitanias com
organização espacial que ficava às custas dos donatários, e outro com padrões
técnicos mais elaborados, para as cidades que estavam sob o controle mais direto
da Coroa (Cidades Reais).
A partir de 1549, a Coroa enviou para o Brasil alguns engenheiros que foram
colocados ao serviço dos governos regionais, sobretudo para o atendimento técnico
com vistas à organização das cidades reais
Frentes de penetração / Fonte : (Trevisan,2009) Adaptado pelo
autor.
No século XVI várias cidades construídas já apresentavam uma estrutura nítida de regularidade.
É neste contexto que ocorreu a fundação de Salvador (1549) no nordeste brasileiro. O período que coube a Salvador sediar
a administração central da colônia portuguesa é aquele em que a economia era associada integralmente à economia
açucareira. Estado e fortificação passaram a compor os elementos que representam a essência do urbanismo colonial.

Se estruturou como cidade alta e cidade baixa,


apresentando paralelos com as cidades
portuguesas segundo uma ideia de regularidade
dentro do pensamento urbanístico renascentista.

É uma característica com base na tradição


urbana proveniente da experiência da arte de
fazer cidades.

Cidade alta e Cidade baixa, localização


privilegiada na costa marítima; escolha de sítios
elevados, adaptação às características
topográficas e importância aos edifícios
localizados (característica das cidades gregas que
subsistem na tradição urbana portuguesa);
regularidade e ordem (herança das cidades
romanas)
Todas as vilas e cidades fundadas antes de 1580 foram assentadas sobre
colinas. A política representada pela fundação da cidade de Salvador,
continuou com a construção do Rio de Janeiro e, no século XVIII, expandiu
para São Luís e Belém na região Norte. Essas cidades representaram para a
Coroa centros de controle regional e domínio das novas terras. O RJ por não
ter tido um planejamento inicial, evoluiu a partir do morro do Castelo, formando
um povoamento linear ao longo da costa e mantendo um traçado mais ou
menos ortogonal. Ainda que não tenha sido previamente planejada, o RJ
serviu como referência forte no processo de desenvolvimento urbano do Brasil.

Planta cidade de São Luís de modelo semelhante a cidade de Damão


Mapa de 1713 da
Fonte: Teixeira (2001).
cidade do Rio de
Janeiro delimitada
pelos morros do Rio de Janeiro se tornou a segunda capital do Brasil (de
Castelo e de Santo 1763 a 1960). A mudança ocorreu por decisão de D.
Antônio, à esquerda, e
pelos morros da
José I e de Sebastião José de Carvalho e Melo –
Conceição e do São Marquês de Pombal (1699-1782) . Com base nos ideais
Bento, à direita do Iluminismo. A visão de Pombal foi promover a
Fonte: Teixeira (2001).
ampliação do número de vilas no interior e pela sua
integração em um programa que procurasse aproveitar
ao máximo as potencialidades dos territórios até então
inexplorados – as “cidades pombalinas.
Figura de destaque no governo de D. José I, o Marquês de Pombal
organizou, alicerçou e consolidou inúmeras reformas no reino. Foi
instituída uma política de criação de arraiais, vilas, capitanias e fortes e
por fim, consolidar as fronteiras brasileiras. Todas essas cidades
funcionaram como tentáculos na conquista do território, cumprindo papéis
distintos na lógica da rede urbana.

1 2
Figura 1: Plano de Cuiabá (1777) ; Figura 2: Vila Boa, Goiás (1782); Figura 3: Belém de Gronsfeld
(1771); Figura 3: Vila Bela (1773) Fonte : Delson ( 1997).

4
O planejamento de cidades teve impulso com a vinda da família real para o
Brasil em 1808, período em que foram tomadas medidas para modernizar o
país. Junto com essas ações, voltou-se a discutir a conquista do interior da
colônia.

Em 1824 foi promulgada a Carta Constitucional do Brasil, projetos de


cidades novas e de mudança da capital ganharam novos rumos e foi
inserido nos debates da nova elite que passou a dirigir o País.

Na realidade, representaram uma continuidade das políticas de colonização


portuguesa para uma nação emergente que tentava se consolidar no
cenário internacional (Vidal, 2009).

Em 1816 chegou a missão artística


francesa, constituída por pintores
como Nicolas- Antoine Taunay
(1755-1830) e Jean-Baptiste Debret
(1768-1848) e o arquiteto Auguste
Henri Victor Grandjean de Montigny
(1776-1850), que formaram a Escola
Real de Ciências, de Artes e Ofícios e
a famosa Academia de Belas-Artes
Em 1824 após promulgação da Carta Constitucional, projetos de cidades
novas e de mudança da capital ganharam novos contornos com a nova elite
dirigente do País. Representaram uma continuidade das políticas de
colonização portuguesa de uma nação que tentava se consolidar no cenário
internacional. Existiam enormes espaços vazios que poderiam ser integrados
na atividade econômica nacional.
Em 1830 Dom Pedro I planejara construir um palácio imperial – Projeto fora do
Rio de Janeiro, nas alturas da Serra da Estrela e após, com a ascensão de
Dom Pedro II em 1840, o projeto foi retomado, agora com a proposta de uma
nova cidade.
Julius Friedrich Koeler, major engenheiro alemão (1804-1847). Projetou o plano
Plano de Petrópolis.
de de Petrópolis. Pioneiro nessa nova proposta de urbanismo, Petrópolis foi a
Fonte:http://ahistoriadepetropolis.blogspot.com.br/2013/11/quarte
primeira cidade brasileira em que a urbanização é associada ao paisagismo irao-vila-imperial.html%20em%2030/07/2015 <acesso em 20 de
nov. 2019>>.
como característica principal. Dividida em doze bairros, com uma praça cada, a
cidade segue o curso dos rios e corredeiras, que funcionam como seus eixos
de orientação e de estruturação. No centro se encontra o palácio imperial, as
ruas arborizadas respeitando a topografia e com adições de pequenas praças
floridas.
TERESINA - ESTADO DO PIAUÍ (1851-1852)
Ações urbanísticas tiveram segmento no império, constituindo uma base
técnica herdada e que ajudou a criar um repertório auxiliando na
implantação de novas cidades após a independência em 1822. Primeira
cidade nova do Brasil Império (1851), seguiu legislação portuguesa para
criação de vilas e cidades coloniais. Com traçado de rigidez geométrica
que remete aos planos da Lisboa pombalina de Carlos Mardel e Eugênio
dos Santos. Assim, Teresina (1851-1852) foi resultado de elementos da
legislação urbanística portuguesa para criação de vilas e cidades
coloniais brasileiras. Plano apresenta semelhanças com Vila Real de
Sto. Antônio -Portugal.

Embelezamento de cidades : Fonte : Google imagens


Plano de Eugênio dos Santos para Lisboa foi o mais inovador, abstrato e
geométrico e guiado por um espírito racionalista (síntese do saber erudito da
cultura urbanística europeia com a experiência do urbanismo português nos
territórios do ultramar
Contradizendo a lógica da interiorização, se transferindo do interior para a
costa brasileira, o plano de Sergipe contém traçados retilíneos e
perpendiculares. Mais uma vez, a forma urbana teve condicionantes
históricos e culturais em uma relação da engenharia militar ao urbanismo do
exercício formal dos engenheiros tratadistas que foi disseminado pelo
território colonial. A mudança da capital foi devido onde houvesse um porto
acessível a embarcações de maior porte. O Governador Inácio Barbosa
contratou o Engenheiro Sebastião José Basílio Pirro, que definiu a
configuração física do plano com traçados em tabuleiro de xadrez. Essa
linha de pensamento, seguiu na segunda metade do século XIX surgindo
reformadores que apresentaram propostas para a modernização das cidades
conduzidas pelo mito do progresso com o objetivo de “civilizar”.

Fonte: Google imagens


As produções urbanísticas do período colonial e imperial seguiram como referências
no período republicano pós 1889 com adição de novos repertórios. Embasado em
uma sobreposição das tradições americanas e europeias do século XIX, adaptado e
utilizado com a intenção de adequar as cidades ao novo modo de produção e que
contribuíram para o surgimento de novos profissionais com base nesse
pensamento. Nessa nova vertente, de uma decisão política, foi concebido o plano
de Belo Horizonte de Aarão Reis, que pode ser considerada como um elo entre o
século XIX e o XX, impregnado de positivismo progressista aliado a uma forte
rigidez, setorização dos espaços e uma grande área verde (visão técnica, parques,
indústria e passado). Traçado regular, setorização dos pespaços e inclusão de áreas
verdes. Primeira cidade nova da era republicana com princípios da urbanística
moderna, ideais cartesianos com dogmas positivistas progressistas e utópicos.
Proximidade com o plano de Washington , Barcelona e de La Plata na Argentina.
Período marcado pelo urbanismo higienista, de embelezamento e de
melhoramentos (edifícios públicos em locais estratégicos- contraponto ao desenho
colonial).

Planos de Belo Horizonte. Fonte: Arquivo-publico-mineiro. A


esquerda, Plano de La Plata (1882). Fonte: Google imagens
No sistema republicano (desde 1889), se institucionalizou uma
nova ordem jurídica, política e econômica que vinha se delineando em
meados do século XIX. No planejamento urbano, adotou-se a
preocupação formal, com referência as grandes intervenções feitas na
Europa desde os anos de 1860. As preocupações com as questões
sanitárias (higienismo), a mudança da estrutura colonial e a adesão ao
“moderno”, juntamente com a ascensão de uma nova classe dominante,
acarretaram intervenções nas cidades no que concerne ao
embelezamento. A nova classe no poder procurava criar novas cidades
modernas, sadias e progressistas.“Essa produção, dirigida a uma minoria
privilegiada ou as encomendas estatais atendia aos requisitos de
monumentalidade dos governos, aliado a emergente burguesia nacional.
Além disso, provia uma arquitetura com valores simbólicos capazes de
provocar os sentimentos de identificação do país com o progresso,
Filme Tempos Modernos de Charles Chaplin Fonte:
garantir seu ingresso no mundo moderno e alcançar a modernidade, Google imagens.
ainda que fosse só simbolicamente “ (Tinem, 2002, p. 17).
Auguste Glaziou (1828-1906), Eng. Civil e botânico e Paisagista Paul Villon (1841-1905), Paisagista
do Imperador.

Jean Charles Adolf Alphand (1817-1891) Alfred Hubert Donat Agache (1875-1959); (adepto das tradições Beaux Art e do Movimento City Beautiful)

Após emancipação luso-hispânico na América Latina, abriu-se um imenso mercado para os profissionais franceses. A escola francesa de
urbanismo e paisagismo através de seus representantes, tiveram grande expressão. Elaboraram programas de planejamento urbano,
arborização, parques e jardins públicos. A partir da reforma de Paris protagonizada pela Barão Haussmann, as bases do urbanismo
técnico e científico estavam lançadas e se difundiram por diversos países. Procedeu-se a uma intensa reforma urbana no Rio de Janeiro
na gestão Pereira Passos até então, o Rio não tinha experimentado, Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
(George Eugène, barón de Haussmann; Paris, 1809 Ebenezer Howard (1850-1928), Cidade Arturo Soria y Mata (1844-1920) Cidade Linear - Madri (1882),
- 1891). Reforma de Paris entre 1853 e 1870. Jardim do final do século XIX.

Ildefons Cerdà : (1815- 1876 ) ; “Ensanche” de Barcelona (1859). Tony Garnier; (1869-1948) ;Cidade Industrial (1901),

Frentes Pioneiras: No período Pré-Brasília, na primeira metade do século XX, foram se delineando diversas correntes
de pensamento urbanísticas e os planos eram elaborados com sobreposição de diferentes concepções urbanísticas .
Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
Arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) Le Corbusier (1887-1965),

Attílio Correa Lima (1901-1943)- Modernismo Lúcio Costa (1902-1998) – Ensaio das Superquadras

Os conceitos difundidos pela escola francesa do Institut d`Urbanisme de Paris e o movimento modernista dos CIAMs através de seus
representantes, se concretizaram como marcos no urbanismo brasileiro em cuja finalidade foi dotar as cidades da seguinte maneira: econômica
(circulação de bens e serviços), higiênica (saneamento de canais etc..), social ou policial (afazeres sociais e policiais) e modernização dos portos às
exigências do comércio internacional e à navegação moderna (figura: 36) Fonte das imagens: Wikipedia e Google imagens.
company town Fordlândia - 1927
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
Cidades Novas criadas por decreto:
O conhecimento trazido da Europa passou a ser divulgado nos círculos intelectuais de São Paulo do Rio de janeiro e depois propagado
e aplicado em reformas urbanas, em várias regiões do território nacional (figura: 39). Ao descrevermos essas intervenções, percebemos que
no período pré-Brasília, na primeira metade do século XX, foram se delineando diversas correntes de pensamento urbanísticas, uma iniciada
com os planos de melhoramentos de Pereira Passos no Rio, que posteriormente se ampliou para o conjunto da área urbana, e outra vertente
baseada na troca de experiências com profissionais vindos do exterior e profissionais que estudaram fora que começaram se impor no país.
Ao fazermos um exame do trabalho desenvolvido por esses grupos, constatamos que eles contribuíram para consolidar posições de uma
arquitetura de vanguarda que não demorou muito para ser aceita em nível governamental. Aplicaram modelos que serviram de parâmetros
para a reforma e a ampliação das cidades já existentes e para a construção de diversas cidades novas pelo território nacional. Alguma ações
se tornaram exemplares, como a demolição e reconstrução de partes das cidades , com vistas ao seu embelezamento, sistema viário e
saneamento. Ainda que os planos tiveram as prescrições de Le Corbusier, não deixava também de ser uma interpretação beaus-arts. Outra
alternativa seria a proposição, na tradição renascentista, de novas formas de cidades.
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
company town Fordlândia - 1927 Cidades Novas criadas por decreto:
company town Fordlândia - 1927
Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.
Cidades Novas criadas por decreto:

Enquanto nas cidades europeias acontecia a demolição dos muros defensivos para o alargamento das cidades, na América Latina, e
em especial no Brasil, era necessário estabelecer um novo padrão de ocupação e de edificações cujo objetivo era o enfrentamento dos
graves problemas sanitários e epidemias em decorrência do aumento de concentração populacional. As cidades precisavam se adaptar a
essa nova realidade e a alternativa era a remodelação das áreas centrais históricas com a demolição de estruturas densas de ruas estreitas,
criando espaços amplos e adequados às novas necessidades de transporte e circulação, dotando-as de projetos de embelezamento urbano,
espaços cívicos, monumentais, de lazer e de áreas verdes, e tudo isso embasado em princípios cientificistas e em novas tecnologias de
organização do espaço. Foi nesse contexto que surgiram os novos paradigmas urbanos modernos.
company town Fordlândia - 1927

Plano de Attílio Corrêa Lima para Goiânia -1933.


Cidades Novas criadas por decreto:
Após a Revolução de 1930 e ascensão de Getúlio Vargas, foi posto em prática uma a série de projetos de
expansão através de um plano de desenvolvimento regional e, com isso, motivou a costrução de uma leva de cidades
novas em um cenário de projeto nacional-desenvolvimentista. O governo transferiu para si (era Vargas ), o custo do
planejamento urbano, que foi utilizado como instrumento na formação ideológica, política e moral da sociedade. Desde
então, projetos que tinham como objetivo povoar o interior do Brasil ganharam força, se materializando em obras de
aberturas de fronteiras econômicas e de desenvolvimento de regiões, com a finalidade de integrar e inserir o país em um
circuito econômico internacional. Esses avanços de fronteiras tiveram início com o ciclo do café a partindo do Estado de
São Paulo, começando pelo litoral, atravessando o Vale do Paraíba e penetrando ao Oeste paulista. A partir daí,
conquistaram-se as terras do Paraná em seguida, rumando para o Centro Oeste, dando início à ocupação de fato do
território nacional. tipologias totalmente novas, se diferenciou das características da maioria das cidades do período
colonial e foram componentes importantes no processo de urbanização no Brasil. Prenúncio de Brasília.
Eugène Hénard (1849-1923);
Esquemas rádio-concêntricos
O discurso de mudança de Belo Horizonte foi o mesmo
utilizado para a construção de Goiânia com o lema “modernizar
e civilizar” baseado na temática do progresso e também
centralizado na geopolítica da “Marcha para o Oeste”. Com
ênfase nas diretrizes do urbanismo barroco através de artifícios
que possibilitou uma monumentalidade aos espaços públicos.
Aspectos modernistas foram incorporados através de grandes
vias e delimitada por um cinturão verde de parques.

O autor teve uma ligação com Ricardo Severo.


Conceitos de unidade de vizinhança do
modelo de urbanismo americano em que a ideia de
superquadras se fez presente pela primeira vez. Goiânia
trouxe a oportunidade para a concretização de soluções
inovadoras que se materializou em um marco intermediário
entre o urbanismo acadêmico e o urbanismo racionalista
que se iniciava em um prenúncio de Brasília.
Plano de Águas de São Pedro (1939) .
Plano de Maringá -1940. Macedo Vieira Cianorte – 1945 .Macedo Vieira
Macedo Vieira

Plano de Angélica – 1954. Jorge Wilhein e


Rosa Kliass Plano da cidade de Atlântida- 1939. Ubatuba de Faria Plano da cidade de Imbé – 1941. Ubatuba de Faria
Plano urbano de Capão da Canoa – 1941/42 . Plano da cidade de Oasis - 1952. Ubatuba de Faria
Ubatuba de Faria.

Plano de Vila Serra do Navio – 1950. Oswaldo


Arthur Bratke.
Plano da cidade de Torres – 1928. Ferruccio Targa .
Pinhal – 1950 . Ubatuba de Faria.
Vila Serra do Navio (1950) – Company Town de Oswaldo
Bratke

Plano da Cidade de Vera Cruz Plano proposto para


a Capital Nacional; 1955 pelos engenheiros Raul
Plano de Theodoro Figueira de Almeida para a nova capital -1929 Penna Firme, Roberto Lacombe e José de Oliveira
Reis

O plano de Vera Cruz - descrito como o "Primeiro Plano-Piloto da Cidade-Capital" se transformou em um ensaio fornecendo subsídios para
o Edital do Concurso do Plano Piloto para a Nova Capital, pois atendia a todos os anseios e que foram estabelecidos posteriormente na seleção dos
projetos para Brasília. Observa-se nesse plano de diretriz racionalista Corbusieriana conceitos técnicos que vão influenciar na concepção do Plano
Piloto de Brasília de Lúcio Costa e nas futuras cidades novas Pós-Brasília. Assim, Petrópolis foi a nova cidade e criação do Império, Belo Horizonte
ficou conhecida como a “primogênita da República” e Brasília seria chamada de “ o marco zero do terceiro milênio”, na afirmação de Bojunga
(2001).
Fruto das aspirações e necessidades das populações urbanas,
Tony Garnier sonhou uma cidade para operários, construtores de
automóveis e aviões e na organização da sua cidade, formulou uma
estrutura espacial inteiramente nova na concepção dos quarteirões
residenciais. Passados os anos, a mesma concepção espacial aflora em
Amsterdam, com longos prédios de apartamentos com 4 e 5 pavimentos.
Nos anos de 1920, define-se o bloco laminar de apartamentos com 10 a 12
pavimentos. Edifícios soltos em quarteirões e super –quadras com jardins,
gramados e arvoredos. São planos de Marcel Breuer, de Le Corbusier, de
Walter Gropius, entre outros, que vão delineando a nova estrutura urbana
Croquis de Brasília – Lúcio Costa
do século XX. A rua corredor dá lugar ao espaço aberto e a invenção da
Unidade de Vizinhança por Clarence Perry, nos anos 30, e o notável
desenvolvimento das estradas-parque complenta esse novo repertório,
capazes de nutrir a forma das cidades novas. Brasília nasce desse longo
processo.
Parque Guinle nas origens das Superquadras de Brasília formulado na década de 1920 – Lúcio Costa

Todos os projetos concorrentes da nova capital separavam atividades de habitação, circulação, trabalho e lazer, sendo notada a influência
do ideário da Cidade-Radiosa de Le Corbusier e de outras teorias que compuseram algumas cidades projetadas após os anos de 1920. A maioria
dos projetos trabalhou a definição de setores funcionais, a liberação de espaços livres, a simetria e a regularidade, além de estabelecer pricípios
e/ou padrões para o crescimento futuro. Para além das semelhanças genéricas, no entanto, havia diferenças notáveis entre os planos, que, em seu
conjunto, demonstravam a clareza e a originalidade presentes nas diretrizes acadêmicas da arquitetura brasileira. Os autores procuravam um
diálogo entre matrizes nacionais e as referências internacionais vanguardistas. Seus planos traduziam o pensamento e os anseios de uma
sociedade para uma capital nacional.
Projeto de Brasília – 1957 de Lúcio Costa.

O plano de Brasília vencedor foi apresentado ao concurso tomando o número 22, na lista fixada pela comissão julgadora. O plano é
considerado inovador de conteúdo sociológico e representa uma ruptura com relação aos planos de urbanismo propostos na primeira metade do
século XX. Segundo o próprio Costa, Brasília agregou elementos absorvidos de experiências realizadas de outras correntes urbanísticas como a
filiação intelectual francesa, os espaços verdes da Inglaterra, os terraplenos, arrimos e pavilhões chineses, dos quais Lúcio Costa teve
conhecimento (Fischer & Palazzo, 2005). A cidade foi pensada para uso de uma classe média e ser referencial de um Brasil novo e moderno. A
mudança da capital foi um momento particularmente importante da história nacional, mudando radicalmente o uso e ocupação do território e a rede
urbana. Lúcio Costa, com seu conhecimento, sua cultura e sua vivência, imprimiu um novo ideário de desenhar cidades novas.
Repercursão na imprensa sobre a inauguração de Brasília

Com o avanço dos meios de comunicação, notícias e reportagens sobre a construção de Brasília tornaram-se acessíveis a todos os
segmentos da sociedade. Publicações, periódicos, diversos tipos de revistas e até mesmo cartões postais possibilitavam a divulgação das obras da
nova capital. Nas palavras de Bruand (1981), por exemplo, Brasília foi resultado da ousadia econômica e política, que ensejou a construção de uma
leva de cidades tornadas “realidades irreversíveis” e que contribuiu para intensificar o discurso sobre a necessidade de promover o
desenvolvimento regional.
Esquema hierárquico do Urbanismo Rural, apresentando semelhanças com o diagrama que Ebenezer Howard aplicou na sua cidade

Em 31 de março de 1964 foi instituída a ditadura civil-militar, após um golpe de Estado, marcando uma profunda
transformação na política interna e externa brasileira. Na análise desses processos, do período da ditadura militar nessa nova diretriz
política e econômica, continuou o avanço de frentes econômicas culminando com a implantação de novas cidades. Na região
Amazônica, surgiram projetos de assentamentos que resgatou o significado do plano de Brasília que passou a ser revestida como
símbolo de Estado (Vidal, 2009). A implantação dessas cidades pós-Brasília, colocou novamente a capital no centro da geopolítica
brasileira. Segundo Lima (2009), previa -se criar uma rede urbana no meio rural com adaptação das técnicas urbanísticas que são
aplicadas nas cidades e promover a “doutrinação” dos novos moradores com o objetivo de garantir o controle social das novas
comunidades, com fornecimento de assistência técnica para orientar os colonos a usar a terra que então recebiam.
Esquema hierárquico do Urbanismo Rural, apresentando semelhanças com o diagrama que Ebenezer Howard aplicou na sua cidade

O Urbanismo Rural representa teorias Pós-Brasília dentro dos ideais modernistas corbusianos, ao associar a
distribuição racional da população ao percurso casa-trabalho ou casa-escola e essas cidades novas também apresentam
unidades de vizinhança, hierarquização viária (com vias principais, vias locais e vias de pedestres), separação entre
automóveis e pedestres, cul-de-sacs, setorização e zoneamento funcional. Desvinculado da rede de rios, o que era comum
quando o eixo de desenvolvimento seguia o curso dos principais rios da região, o novo conceito de desenvolvimento
regional criou na beira das estradas uma leva de cidades novas em consonância com o pensamento militar.
Plano de Matupá - Grupo Ometto e Plano da cidade de Rurópolis com repertório urbanístico racionalista/funcionalista pós-Brasília.

Muitos dos profissionais contratados para a construção de uma leva de cidades nova pós -Brasíia, vieram da
geração modernista e suas variantes, tendo incorporado grande parte dos princípios urbanísticos pré-estabelecidos,
adequando-os ao contexto nacional; às vezes, apenas alguns aspectos mais superficiais eram incorporados, com a
finalidade de garantir a associação da imagem dos espaços criados ao contexto mais geral em que essas cidades foram
construídas (Sathler, Mont-Mór, & Carvalho , 2009). Também houve casos de sobreposição de diferentes teorias em um
mesmo plano, eventualmente com uma uma teoria sobressaindo em relação às demais.
Cidade Nova de Marabá (1973)-J. Henry Cole e Associados; a Vila Permanente no município de Tucuruí
(1979) arquiteto Aroldo Mader, com inspiração nas Gardens Cities inglesas e americanas, uma Company
Town e Palmas (1988) – Grupo Quatro baseado na hierarquia viária presente nas cidades modernas
refletindo o modelo da influência de Brasília da evolução da forma urbana de construir cidades. Tal como
em Brasília, as atividades se subordinam ao sistema estrutural, as funções determinam estruturas físico-
espaciais correspondentes. Esta disposição é a mesma mencionada por Lúcio Costa no plano de Brasília.
Plano da cidade nova de Marabá apresenta semelhanças com o plano urbano dos Olivais Sul

Assim como o plano da cidade nova de Marabá, rompe com uma prática urbanista realizada na Amazônia, o plano
de Olivais Sul rompeu com a prática urbanistica praticada em Portugal. Ambos os planos tiveram inspiração nos modelos
naturalistas ( caso de Marabá), nas New Towns inglesas, nos subúrbios das metrópoles norte-americanas e princípios da
Carta de Atenas. A Procura pela identidade cultural e sua inserção no Movimento Moderno, tanto no planejamento urbano
brasileiro como no portugês, conferiu uma maior identidade arquitetônica entre os dois países.
Política pública para Cidades planeadas Arruamentos População residente
com diretrizes
desenvolvimento da
modernas para
seguindo um no núcleo é
Amazônia Legal exclusivo de
e Integração atender um padrão definido
funcionários da
regional sistema produtivo em projeto empresa
Perspectiva Área do Projeto da Cidade
de Palmas
Fonte: Grupo Quatro – Projeto da
Capital do Estado do Tocantins
Plano inicial de Brasil Novo e de Rurópolis

nos primeiros anos da década de 1970, as cidades criadas fizeram parte de um plano governamental de
integração nacional e desenvolvimento da Amazônia que incluía colonização, reforma agrária e assentamento de colonos
migrantes baseados no esquema de planejamento idealizado pelo urbanista carioca José Geraldo da Cunha Camargo e
denominado Urbanismo Rural.
Plano da cidade de Pilão Arcado – 1973 - HIDROSERVICE; Plano da cidade de Remanso de Roberto Cortizo- 1973;

Partindo da experiência de Tennessee Valley Authority – TVA, nos Estado Unidos, esse modelo serviu como
referência no âmbito nacional, seguindo essa tendência com a Comissão do Vale do São Francisco – CVSF e a
Companhia Hidroelétrica do São Francisco – Chesf.
Casa Nova 1973 – Arquiteto Roberto Cortizo; Sento Sé -1973 - HIDROSERVICE

As novas cidades inseridas no processo desenvolvimentista do Estado para a bacia hidrográfica do rio São
Francisco nas décadas de 1970 e 1980 estavam contempladas nos planos regionais da Chesf, com novas concepções
urbanísticas para as cidades relocadas.
Esta tese tem como foco as cidades planejadas construídas no Brasil durante o século XX, em uma trajetória
que se iniciou no século XVI com a ocupação colonial portuguesa. Durante os mais de três séculos do período
colonial (1500-1822), os agentes do estado português formaram a base de um repertório de arquitetura e
urbanismo sobre a qual as futuras gerações de profissionais da arquitetura e urbanismo no Brasil iriam
trabalhar.

No caso brasileiro, o território veio sofrendo alterações desde o período colonial e esse avanço foi sendo
pontuado por cidades novas cuja fundação foi motivada por fatores político-administrativos, econômicos, além
da óbvia busca do alargamento e da consolidação de fronteiras.
Formou-se, assim, uma rede de cidades novas onde se defendiam os interesses, na fase colonial, da Coroa
portuguesa e, após a independência (em 1822), do Estado brasileiro soberano.

Outra importante fonte de influências foram as reformas urbanas que serviram como experimentos para adaptar
o tecido pré-existente às novas condições produtivas e econômicas em geral.

A comprovação de que Brasília representou (e representa) o ponto mais alto da experiência acumulada ao longo
de mais de quatro séculos na construção de cidades novas no Brasil está no fato de que nenhuma cidade
construída depois dela no país deixou de, de alguma maneira, a ela se referir, seja para afirmar suas
qualidades, buscando reproduzi-las, seja para corrigir os defeitos nela apontados, tanto os reais quanto os
fictícios.

Outra das mudanças significativas dos dias de hoje em relação à época em que Brasília foi construída é o
envelhecimento da população. Também aqui as virtudes do plano de Brasília serão mais uma vez confirmadas,
uma vez que a abundância de áreas verdes e a altura razoável dos edifícios (seis pavimentos) são dois
atributos que tendem a beneficiar a constituição de uma paisagem urbana favorável à qualidade de vida de
pessoas idosas.

Você também pode gostar