Você está na página 1de 10

APLICAÇÃO DE CABOS ELÉTRICOS EM AMBIENTES DE ELEVADA

TEMPERATURA

Juliano Gonçalves
Daniel Bento

RESUMO

Os cabos elétricos isolados de média tensão são compostos de várias camadas.


A isolação e a blindagem são as partes que apresentam maior efeito de
degradação do estado de conservação com o tempo de uso e a elevação da
temperatura durante a operação contribuiu para a aceleração deste processo. O
artigo apresenta um conjunto de medidas adotadas em tempo de projeto para
evitar que, durante a operação, a temperatura ultrapasse limites aceitáveis.
Quando estas condições não são respeitadas, e o cabo ultrapassa sua
temperatura limite de operação, há deterioração acelerada, o que é evidenciado
no artigo por meio da apresentação de um diagnóstico realizado em cabo nessas
condições. O resultado desta avaliação torna-se uma retroalimentação para o
projeto e dimensionamento, tendo em vista que é possível avaliar se as
premissas adotadas em projeto apresentaram resultado efetivo.

1 - CARACTERÍSTICAS DOS CABOS ELÉTRICOS DE MÉDIA TENSÃO

Os cabos elétricos de baixa tensão, amplamente conhecidos, são constituídos


apenas do condutor de energia recoberto por camada de isolação. Entretanto,
os cabos isolados de média tensão apresentam construção bem mais complexa.
Eles são constituídos de várias camadas, sendo cada uma delas com funções
específicas.

Na figura I são apresentadas as diversas camadas de um cabo típico de média


tensão, onde é possível observar a existência do condutor ao centro, ao redor a
primeira camada semicondutora, em seguida a isolação, depois a segunda
camada semicondutora, posteriormente a blindagem e na parte externa uma
cobertura.

O condutor possui a finalidade de conduzir a corrente elétrica que se deseja


conectar com o cabo. O material utilizado pode ser cobre ou alumínio, podendo
apresentar maior ou menor grau de encordoamento, o que resultará em um cabo
mais rígido ou flexível.
Figura I: Características construtivas de um cabo isolado de média tensão

As camadas semicondutoras uniformizam o campo eletromagnético formado


pela indução provocada pelo elevado nível de tensão presente no condutor. Essa
uniformização é necessária, pois o condutor é formado por diversos fios
montados de forma helicoidal e, desta forma, a indução é originada em cada um
destes fios, fazendo com que haja uma indução não uniforme, o que pode
aumentar a exigência da isolação em pontos específicos do cabo [1].

A isolação restringe a indução provocada pela tensão presente no condutor,


fazendo com que ela não ultrapasse os limites radiais do cabo. Atualmente, os
novos cabos basicamente podem ser encontrados com dois tipos de isolação,
sendo eles EPR ou XLPE.

Por sua vez, a blindagem conduz para terra a corrente gerada por eventual falha
da isolação. Este papel é muito importante para a segurança operacional, pois
evita que, em uma falha da isolação, a indução ultrapasse os limites do cabo, o
que poderia causar graves acidentes.

A cobertura externa protege mecanicamente o cabo, o que é um recurso muito


importante, principalmente durante sua instalação, tendo em vista que o mesmo
precisa ser tracionado e comumente é friccionado em caixas de passagens,
canaletas e dutos.

Neste tipo de cabo os elementos mais susceptíveis a falha são a isolação e a


blindagem. A isolação está sujeita a não conseguir mais restringir a indução no
interior do cabo, causando um curto-circuito, haja vista que a blindagem metálica
deve estar aterrada.

Por sua vez a blindagem pode falhar pelo fato de ser composta de finos fios ou
fita de cobre. Em função de problemas de instalação ou até mesmo devido a
fortes exigências durante a operação, como por exemplo em situações de curto
circuito, a blindagem pode se romper parcial ou totalmente.
Para assegurar a qualidade dos cabos, há uma cadeia de testes e avaliações
realizadas. Primeiro é avaliada a qualidade dos materiais utilizados na produção,
o modelo do cabo também é analisado para assegurar se o projeto é adequado,
cada lote de cabo produzido tem uma amostra retirada para testes e por fim,
após instalação são realizados testes em campo. [2]

2 - EFEITO DA TEMPERATURA NA OPERAÇÃO DOS CABOS

Os cabos elétricos são projetados, testados e dimensionados para operar em


uma instalação mediante determinadas condições de operação, como carga
elétrica, quantidade de circuitos, temperatura ambiente, dentre outros
parâmetros.

Em situações em que estes parâmetros não seguem as referências normativas,


torna-se necessário aplicar fatores de correção no dimensionamento, para
realizar ajustes no projeto.

Quando o local de instalação dos cabos apresenta temperatura elevada, que é


o ponto principal deste trabalho, torna-se necessário realizar ajustes no
dimensionamento do condutor, tendo em vista que este será um fator de
elevação de sua temperatura, somado a própria carga elétrica que circula pelo
mesmo.

Em um regime estacionário de condução (corrente/carga constante), a


temperatura do cabo se altera quando existe variação de temperatura externa,
ou seja, a temperatura do cabo depende da sua capacidade de trocar calor com
o meio externo.

O material da isolação dos cabos apresenta reduzida capacidade de


transferência e dissipação de calor, fazendo com que seja muito importante em
um projeto a atenção para que todos os parâmetros necessários sejam
considerados. [3]

A norma brasileira que trata do dimensionamento de cabos elétricos de média


tensão é a NBR-14039. Nesta norma, os valores nominais da capacidade de
condução de corrente são apresentados para a temperatura ambiente de 30 oC.
[4]

Para realizar o dimensionamento de forma a considerar as condições reais, a


norma estabelece fatores de correção para cada tipo de situação particular
diferente do padrão, com o objetivo de que o cabo suporte a corrente elétrica
existente no circuito.

Um dos fatores de correção refere-se a própria temperatura ambiente para


circuitos que não estão instalados de forma subterrânea. Neste caso, a norma
estabelece fatores de correção que devem ser aplicados sobre a capacidade de
condução de corrente.

No caso de cabos elétricos instalados de forma subterrânea, o fator de correção


de temperatura se aplica, porém neste caso o ponto de partida não deve ser 30
oC para corrigir, mas sim 20 oC. Nestes casos ainda deve ser considerada
correção por meio da resistividade térmica do solo

Para as situações em que existe mais do que um circuito instalado em local


próximo, deve ser considerado adicionalmente um fator de correção para o
agrupamento de circuitos, tendo em vista a transmissão de calor mútua entre
cada cabo provocada pelo seu aquecimento interno.

Esta transmissão de calor está diretamente ligada a distância existente entre


cada cabo e a NBR-14039 estabelece fatores de correção para afastamentos
pré-estabelecidos.

Se os cabos estiverem instalados em sistema de bandeja ou qualquer outra


estrutura que os acomode de forma que possa haver um circuito sobre o outro,
também há transmissão de calor entre os cabos acima e abaixo, sendo que para
essa condição há afastamentos verticais estabelecidos para determinar o efeito
térmico entre eles.

Todos estes fatores são utilizados para determinar a corrente elétrica suportável
pelo condutor. Contudo, o resultado geralmente se refere a um valor fixo de
corrente elétrica.

Entretanto, a corrente elétrica varia e nestes casos, em geral, os modelos e os


próprios critérios estabelecidos pela NBR-14039 não preveem a possibilidade de
existir uma carga elétrica variável.

A reunião das variáveis temperatura externa diferente do padrão, corrente


elétrica variável no cabo e agrupamento de circuitos com afastamento específico
entre eles, não é possível ser simulado por meio dos cálculos previstos na NBR-
14039. Por esse motivo é preciso realizar a formulação de modelo matemático
que apenas é possível de ser realizado por meio de software especializado.

Todos esses critérios e parâmetros são considerados para evitar que a


temperatura do cabo durante sua operação ultrapasse o limite estabelecido pelo
fabricante, que geralmente é de 90 oC ou 105 oC.

3 - DIAGNÓSTICO EM CABOS QUE OPERAM EM ELEVADA


TEMPERATURAS

Todo o controle de temperatura citado no capítulo anterior é um cuidado para


evitar o aquecimento acima dos limites estabelecidos, pois, caso ocorra, haverá
um processo de envelhecimento acelerado dos elementos que compõem a
estrutura do cabo.

Este trabalho exemplifica a avaliação de um circuito elétrico composto de cabos


instalados em local de elevada temperatura ambiente. Por questões de
confidencialidade, não será identificada a empresa e a instalação considerada
nesse diagnóstico.
Será apresentado a seguir o resultado de uma avaliação realizada em cabos
elétricos de um circuito de 34,5 kV, composto de cabos de cobre com isolação
em EPR.

O trecho final deste circuito está localizado em uma região de elevada


temperatura ambiente e por esse motivo havia a necessidade de avaliar o estado
de conservação dos cabos, quando em operação nestas condições.

Esta avaliação, após um período de operação, configura-se um diagnóstico, que


é realizado com base em normas internacionais. Este diagnóstico permite
identificar qual o grau de degradação do material isolante e, mediante esta
análise, comparar se o mesmo está compatível com o tempo de operação.

A avaliação realizada consiste em diagnosticar a isolação e a blindagem do cabo.


Para analisar a isolação é utilizada a medição da tangente delta e no caso da
blindagem é realizada a reflectometria.

3.1 - DIAGNÓSTICO DA BLINDAGEM

No caso da blindagem, é realizada a relfectometria no domínio do tempo, que


consiste de um processo de transmissão de pulsos de curta duração no cabo
que está sendo testado.

O tempo decorrido do pulso transmitido percorrendo todo o cabo e as reflexões


produzidas por divergências da sua estrutura homogênea são exibidos no visor
do refletômetro. Esta estrutura homogênea é o conjunto da indutância,
capacitância, condutância e resistência presentes, que pode ser traduzida como
a impedância característica do cabo.

A figura II apresenta o resultado da reflectometria realizada em um dos cabos,


objeto do diagnóstico, em que o seu trecho final opera em local com elevada
temperatura ambiente.

Todas as medições foram realizadas de acordo com as recomendações


estabelecidas na norma IEEE 1617. [5]
Figura II: Reflectometria realizada em cabo operando em local de elevada
temperatura.

O sinal negativo a esquerda indica o ponto de início do cabo. O sinal positivo a


direita indica a extremidade final do cabo. As diversas linhas do gráfico resultam
da sequência de medições realizadas, para que exista uma amostragem de
medições que permita identificar o comportamento médio.
Nos últimos 100 metros foi evidenciada uma região de aumento constante da
resistência blindagem, evidenciada por uma inclinação acentuada, pouco antes
do pulso positivo representativo da extremidade final do cabo.
É justamente nesta região, identificada pela letra “A” no gráfico, em que o cabo
está instalado em um local em que a temperatura ambiente é elevada. A
elevação da temperatura nesta região ocasiona um aumento de resistência
devido a deterioração nos diversos condutores que compõem a blindagem.
3.2 - DIAGNÓSTICO DA ISOLAÇÃO
A medida de tangente delta é utilizada em testes diagnósticos que permitem
analisar a degradação da isolação do cabo a níveis de tensão de operação e
acima. Entretanto, a frequência utilizada não é a de operação, mas sim uma
frequência muito baixa (~0,1 Hz) denominada VLF (Very Low Frequency).

Realizar a medida em VLF é muito vantajoso porque nestas condições a tensão


aplicada não excede a frequência de relaxação da polarização do isolante. Isto
torna a medida VLF não destrutiva, devido ao fato que as moléculas do isolante
conseguem manter as trocas de orientação dos seus vetores dipolares.
Adicionalmente, nessas condições, a probabilidade de ocorrer a polarização
irreversível do isolante é muito baixa.

Seguindo as recomendações da norma IEEE 400.2, este ensaio consiste em


medir as correntes elétricas resistivas e capacitivas identificadas mediante a
aplicação de tensão. Quanto maior a quantidade de corrente resistiva
identificada em relação a capacitiva, maior será o grau de deterioração da
isolação. [6]

A avaliação da isolação apresenta uma análise comparativa entre medições


realizadas em dois momentos distintos, com um intervalo de 6 meses entre os
mesmos, conforme ilustra a figura III.
Na primeira medição foi realizada a avaliação de tangente delta até 1,5 vezes a
tensão nominal do cabo, sendo que os valores identificados se encontravam
dentro dos limites aceitáveis estipulados pela norma IEEE 400.2.
Decorridos 6 meses foi realizada uma nova avaliação, sendo que as medições
realizadas até o mesmo limite de 1,5 vezes a tensão nominal apresentavam
valores superiores de tangente delta.
Além dos valores serem superiores, observando os resultados das medições
entre 0,75 e 1,5 vezes a tensão nominal, nota-se uma tangente delta constante
de crescimento. Tal indicativo motivou a realização do teste com valores
superiores de tensão, chegando até 2 vezes a tensão nominal.
Nestas condições os valores medidos apresentaram um crescimento muito
significativo, apontando a existência de problemas na isolação, o que deve ser
objeto de análise, correlacionando com a questão da elevada temperatura
presente no local de instalação do cabo.

Figura III: Medição de tangente delta em dois momentos distintos do mesmo


cabo.

4 - TRATAMENTO DE CONDIÇÕES ESPECIAIS DE OPERAÇÃO DOS CABOS

Tendo em vista os indicativos no diagnóstico do cabo avaliado de elevado grau


de deterioração tanto da isolação como da blindagem, somado a incerteza da
condição de operação do cabo no trecho em que o mesmo está instalado em
local de elevada temperatura, foi realizada uma avaliação teórica simulada das
condições de operação.

Para realizar essa simulação foi necessário apoio de software especialista capaz
de simular as condições atípicas do local de instalação. As particularidades,
diferente do que estabelece a NBR-14039, para os fatores de correção padrão,
consistem em:

- Carga elétrica variável;

- Temperatura externa diferente dos patamares da norma que variam em


intervalos de 5 oC;

- Afastamento entre os cabos em valores diferentes dos estabelecido pela NBR;


- Fator de agrupamento diferente dos parâmetros de 3, 6 e 9 circuitos
estabelecidos pela norma para cabos enterrados.

A aplicação simultânea destes parâmetros, projetadas para as condições


existentes no local, indicam uma temperatura nominal máxima de operação do
cabo de 126 oC.

De acordo com as características do fabricante, este cabo é especificado para


operar em temperatura nominal de até 105 oC, portanto ficou evidenciado que a
temperatura de operação efetivamente está superior ao seu limite, ocasionando
a deterioração no cabo identificada no diagnóstico.

De acordo com a NBR-7286, os cabos podem operar com a isolação em


temperatura de até 130 oC por no máximo 500 h durante toda a sua vida.
Considerando que os cabos já ultrapassaram este tempo de operação nestas
condições, é possível que a sua vida estimada já seja menor do que a
originalmente prevista. [7]

Encontra-se na literatura a temperatura suportável de até 140 oC para a


operação do cabo em condições de regime de emergência, contudo, essa não é
uma boa prática de ser considera, tendo em vista que a operação estará no limite
possível de sua utilização. [8]

Para eliminar essa condição crítica de operação é necessário buscar uma opção
para reduzir a temperatura do cabo. Para este caso em específico foram
realizadas simulações para mudar o encaminhamento dos cabos de forma a
evitar a passagem dos mesmos pelo ambiente existente de elevada temperatura.

As simulações computacionais indicaram a temperatura ambiente máxima por


onde os cabos poderiam circular. Com base nessa referência foi planejado um
novo traçado que atendesse essas condições.

Contudo, não são todas as situações em que é possível se aplicar este método,
portanto como alternativas possíveis de serem aplicadas podem ser
consideradas também

- Aumento na quantidade de condutores por fase para reduzir a corrente por


condutor;

- Aumento do afastamento entre cabos, reduzindo a transmissão de calor entre


eles;

- Mudança do modo de instalação, para uma condição que permita melhor troca
de calor com o meio externo.

- Em caso de rede enterrada, pode ser utilizado um composto para preencher a


vala que apresente menor resistividade térmica;

5 - CONCLUSÕES
Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível evidenciar a relevância da
análise das condições de operação dos cabos elétricos isolados de média
tensão, em especial no que se refere a sua temperatura de operação,
considerando todos os fatores que influenciam neste parâmetro.
Tendo em vista que o conjunto de situações existentes em campo diverge dos
parâmetros de correção tradicionalmente estabelecidos pelas normas nacionais
de projeto, foi utilizado um software especialista para estimar a temperatura de
operação do cabo avaliado, tendo como conclusão que o mesmo opera acima
de seu limite estabelecido.
Em condições de ultrapassagem dos limites estabelecidos pelo fabricante foi
possível evidenciar a deterioração ocasionada na isolação e na blindagem do
cabo por meio do diagnóstico realizado.
O caso real avaliado teve como recomendação a mudança do seu trajeto para
uma região com menor temperatura ambiente, contudo outras medidas podem
ser adotadas em condições similares, conforme explicitado no trabalho.
Independente da solução adotada, o ponto importante destacado no trabalho
refere-se a relevância do controle da temperatura de operação dos cabos
elétricos. Para obter esse controle é fundamental que o projeto da instalação
considere todos os fatores que o envolvem a questão da temperatura, não se
limitando aos fatores padronizados de correção estabelecidos em normas.

6 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

[1] TEIXEIRA, Mario Daniel Rocha Junior. Cabos de Energia. Artliber Editora
LTDA. 2004

[2] PRYSMIAN. Cable Testing Excerpt From Prysmian’s Wire and Cable
Engineering Guide. Carolina do Sul, 2007.

[3] THUE, William A. Electrical Power Cable Engineering. 2a edição. Carolina do


Norte, 2005.

[4] ABNT – Associação Brasileira de normas Técnicas. NBR-14039: Instalações


elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro, 2005.

[5] IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers - 1617: IEEE Guide
for Detection, Mitigation, and Control of Concentric Neutral Corrosion in Medium-
Voltage Underground Cables. Nova York, 2007.
[6] IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers - 400.2: IEEE Guide
for Field Testing of Shielded Power Cable Systems Using Very Low Frequency
(VLF) (less than 1 Hz). Nova York, 2013.
[7] ABNT – Associação Brasileira de normas Técnicas. NBR-7286: Cabos de
potência com isolação extrudada de borracha etilenopropileno (EPR, HEPR ou
EPR 105) para tensões de 1 kV a 35 kV — Requisitos de desempenho. Rio de
Janeiro, 2016.
[8] ORTON, Harry; HAMPTON, Nigel; HARTLEIN, Rick; LENNARTSSON,
Hakan; RAMACHANDRAN, Ram. Long-life XLPE insulated power cable. Jicable,
2007.

Você também pode gostar