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APOSTILA DE GMCC

APOSTILA DE GMCC
Circuitos magnéticos; transformadores monofásicos

Prof. Dr. Edval Delbone

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APOSTILA DE GMCC

1. Introdução Teórica
Materiais Magnéticos
Os primeiros fenômenos magnéticos observados foram aqueles associados aos chamados “imãs
naturais” (magnetos) que eram fragmentos grosseiros de ferro encontrados perto da antiga cidade de
Magnésia (daí o termo “magneto”). Esses imãs tinham a propriedade de atrair ferro desmagnetizado,
sendo que esta propriedade era mais acentuada em certas regiões desse material denominada, depois,
de pólos. Descobriu-se então que, quando uma barra de ferro era colocada perto de um imã natural
ela adquiria e retinha essa propriedade do imã natural e que, quando suspensa livremente em torno
de um eixo vertical, ela alinhava com a direção norte-sul.
Conta uma lenda grega que o pastor Magnes se surpreendeu ao ver como a bola de ferro de seu bastão
era atraída por uma pedra misteriosa, o âmbar (em grego, elektron).
No final do século XVIII Charles-Augustin de Coulomb e Henry Cavendish haviam determinado as leis
empíricas que regiam o comportamento das substâncias eletricamente carregadas e o dos ímãs, que
indicava uma possível relação entre eles
Primeira metade do século XIX um grupo de pesquisadores conseguiu unificar os dois campos de
estudo ( ELETRICO E MAGNETICO).
Em 1820 se obteve prova experimental dessa relação, quando o dinamarquês Hans Christian Oersted,
ao aproximar uma bússola de um fio de arame que unia os dois pólos de uma pilha elétrica, descobriu
que a agulha imantada da bússola deixava de apontar para o norte, orientando-se para uma direção
perpendicular ao arame.
Pouco depois, André-Marie Ampère demonstrou que duas correntes elétricas exerciam mútua influência
quando circulavam através de fios próximos um do outro
No decorrer do século XIX, as experiências de Örsted e Ampère demonstraram a influência que as
correntes elétricas exercem sobre os materiais imantados, enquanto Faraday e Joseph Henry
determinaram a natureza das correntes elétricas induzidas por campos magnéticos variáveis no espaço.
Faraday introduziu a noção de campo, que teve logo grande aceitação e constituiu um marco no
desenvolvimento da física moderna. Concebeu o espaço como cheio de linhas de
força — correntes invisíveis de energia que governavam o movimento dos corpos e eram criadas pela
própria presença dos objetos. Assim, uma carga elétrica móvel produz perturbações eletromagnéticas

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a seu redor, de modo que qualquer outra carga próxima detecta sua presença por meio das linhas do
campo. Esse conceito foi desenvolvido matematicamente pelo britânico James Clerk Maxwell, e a força
de seus argumentos acabou com a da idéia de forças que agiam sob controle remoto, vigente em sua
época.
Os múltiplos trabalhos teóricos sobre o eletromagnetismo culminaram em 1897, quando Sir Joseph
John Thomson descobriu o elétron, cuja existência foi deduzida do desvio dos raios catódicos na
presença de um campo elétrico. A natureza do eletromagnetismo foi confirmada ao se determinar a
origem das forças magnéticas no movimento orbital dos elétrons ao redor dos núcleos dos átomos.
O conceito de ondas eletromagnéticas, apresentado por Maxwell em 1864 e confirmado
experimentalmente por Heinrich Hertz em 1886, é utilizado para demonstrar a natureza
eletromagnética da luz.
Quando uma carga elétrica se desloca no espaço, a ela se associam um campo elétrico e outro
magnético, interdependentes e com linhas de força perpendiculares entre si. O resultado desse
conjunto é uma onda eletromagnética que emerge da partícula e, em condições ideais – isto é, sem a
intervenção de qualquer fator de perturbação – se move a uma velocidade de 299.793km/s, em forma
de radiação luminosa. A energia transportada pela onda é proporcional à intensidade dos campos
elétrico e magnético da partícula emissora e fixa as diferentes freqüências do espectro eletromagnético
Surgiram, então, os instrumentos de navegação.
Desde então os materiais magnéticos vêm sendo utilizados em grande volume aproveitando-se a
característica desses materiais. Equipamentos como: transformadores, motores, geradores, auto-
falantes, eletroímãs, etc., contém ferro, ou ligas de ferro, em suas estruturas, com o duplo propósito
de aumentar a fluxo magnético e restringi-lo a uma região desejada.
A produção de campo magnético
A capacidade de uma fonte magnética de magnetizar um meio qualquer é expressa pelo vetor de
campo magnético H. Pode-se, então, dizer que campo H é função da corrente total do circuito e é o
que estabelece a densidade de fluxo B. No vácuo B = µoH. H é definido como vetor intensidade de
campo magnético, e B, vetor densidade de fluxo magnético. Quando circula uma corrente em uma
bobina sem núcleo temos uma densidade de fluxo magnético de Bo = µoH. Ao inserir um material
ferromagnético no interior dessa bobina, um novo valor de densidade de fluxo magnético é estabelecido
e é determinado por

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B = µoH + µoM, onde M é o vetor intensidade de campo magnético causado pela orientação dos
domínios magnéticos do material que, por causa do efeito que provoca, é geralmente denominado
vetor de magnetização e sua unidade é A/m, sendo que o fenômeno de orientação dos domínios é
ilustrado a seguir

Domínios magnéticos de uma material podem ser vistos como regiões microscópicas nas quais os seus
átomos estão polarizados em uma dada direção, formando assim pequenos imãs. Se o material não
estiver submetido a um campo externo H, a distribuição da magnetização desses domínios no material
é aleatória, resultando em uma densidade de fluxo magnético muito baixa, próxima de zero. As
separações entre esses domínios são conhecidas por paredes dos domínios, como na figura acima por
linhas tracejadas.
Quando é fácil formar e mover paredes de domínios magnéticos do material pela aplicação de uma
campo

Hoje em dia, pesquisas são feitas para se desenvolver outros tipos de materiais que tenham essa
propriedade ainda mais acentuada e que possam ser manipulados de maneira a permitir novas
configurações e formatos de núcleos reduzindo-se assim as perdas desses núcleos, bem como seus
tamanhos.
Os materiais magnéticos podem ser classificados em ferromagnéticos (permeabilidade magnética
relativa muito alta), diamagnéticos (permeabilidade magnética relativa aproximadamente menor que
um) e paramagnéticos (permeabilidade magnética relativa aproximadamente maior que um). Duas
das razões fundamentais para o aproveitamento das propriedades magnéticas dos materiais
ferromagnéticos é a elevada permeabilidade e baixas perdas, que permite a realização de circuitos
magnéticos de baixa relutância nos quais se pode estabelecer um fluxo apreciável à custa de uma força
magneto motriz – FMM relativamente baixa.
Em relação aos materiais ferromagnéticos, o ferro silício é o mais utilizado nas mais diversas aplicações
que envolvam núcleos em circuitos magnéticos.
O ferro silício é composto de ferro com dopagem de silício, que promove o aumento da resistividade
do material, reduzindo as perdas de correntes de Foucault no núcleo.

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As máquinas elétricas são constituídas por circuitos elétricos e magnéticos acoplados entre si. É
necessário prover de um circuito magnéticos com baixa relutância para proporcionar um caminho para
o fluxo magnético, assim como um circuito elétrico, estabelece um caminho para a corrente elétrica.
Nas máquinas elétricas, os condutores percorridos por correntes interagem com os campos
magnéticos, resultando na conversão eletromecânica de energia.

A lei que determina a relação entre corrente e o campo magnético é a lei de Ampere
É imensa a variedade de dispositivos e equipamentos eletromagnéticos que operam no dia a dia. É
pequeno os números de fenômenos físicos em que estão fundamentados esses dispositivos e
equipamentos. Verifica-se que uns poucos princípios físicos norteiam a operação dos referidos.
Todo equipamento obedece a três princípios básicos e imutáveis:
• Princípio da Conservação da Energia
• Princípio dos trabalhos Virtuais
• Princípio da Reversibilidade
A energia não é criada, e sim convertida através dos geradores nas usinas ou transferida de um local
para outro através de transformadores elétricos. Nessas conversões há perdas, que define o
rendimento, η = Psaída / Pentrada

A Eletricidade possui três componentes fundamentais que pelas suas características e suas
propriedades podem simular trabalho e armazenar energia, seja no campo elétrico, seja no campo
magnético, exemplo: resistor, capacitor e indutor.

Resistor Elétrico: Ao circular uma corrente elétrica pelo resistor, dissipa uma potencia e transforma
em forma de calor, exemplo chuveiro elétrico.

Simbolo R, unidade (Ohm)

Capacitores Elétricos: É um elemento que tem a função de armazenar energia na forma de campo
elétrico

Simbolo: C, unidade F(Faraday)

Indutor: É um elemento que tem a função de armazenar energia na forma de campo magnético

Simbolo: L, unidade H(Henry)

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Define-se INDUTÂNCIA como a habilidade de uma estrutura física em armazenar energia na forma
de um campo magnético de "intensidade de campo magnético” H ou de “densidade de campo
magnético” B.

Denomina-se “fluxo concatenado” λ, o fluxo enlaçado por um enrolamento de material condutor


elétrico, com N espiras.

Como exemplo, um núcleo de material ferromagnético apresentado na figura 2.1, de forma toroidal,
com N espiras distribuídas uniformemente ao logo do núcleo. Ao circular pelo enrolamento de N
espiras, uma corrente elétrica I, estabele-se nesse enrolamento uma “força magnetomotriz” Fmm, a
qual tem por expressão:

Fmm(t) = N.i(t)

FIGURA 1 – Indutor Toroidal com enrolamento uniformemente distribuído

A força magnetomotriz, que pode ser entendida como uma diferença de potencial magético
estabelecida no enrolamento de N espiras, é responsável pelo fluxo magnético ɸ(t) = Fmm(t) / RT

Em que RT é a relutância magnética total oferecida ao fluxo magnético pelo núcleo do indutor. O
fluxo magnético total concatenado pelo enrolamento de N espiras tem a expressão:

λ(t) = N.ɸ(t)

A indutância própria dessa estrutura magnética é definida por:

L = λ(t) / i(t)

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A energia magnética está sendo armazenada a partir de um fluxo magnético gerado pela corrente
elétrica que circula pelo enrolamento do indutor, e é chamado de INDUTÂNCIA PRÓPRIA DO
INDUTOR, unidade HENRY.

A indutância de uma estrutura magnética depende dos elementos construtivos da estrutura e não do
valor da corrente que cirucula pela bobina, logo:

L = N2 / R T

A relutância magnética depende do material utilizado na concepção do núcleo magnético. Para um


núcleo magnético de material homogêneo, equivale:

  

;

Em que μmaterial é a permeabilidade magnética do material de que é feito o núcleo, lFe é o


comprimento médio do percurso magnético e SFe, a seção reta do referido núcleo, trabalhando com
as equações, resulta:


 

  ;

Que mostra a indutância própria do indutor ;e uma função de elementos construtivos da estrutura
magnética desenvolvida.

A intensidade de campo magnética, representada por H, a relação estabelecida entre a foça


eletromotriz estabelecida no enrolamento e o comprimento médio do caminho percorrido pelo fluxo
gerado por essa força eletromotriz.

��
�� 

,

Sendo que N.i(t) é a força magnétomotriz imposta pela corrente ao circular pelas N espiras do
indutor.

Podemos afirmar que: Fmm = N.i(t) = ɸ(t).RT = H.lFe


E que a Densidade de campo magnético é:
���
B(t) =  , e consequentemente:

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��
  
��
Que relaciona a densidade de campo magnético a intensidade de campo magnético.

A figura abaixo mostra o comportamento de B = B(H) para material empregado na construção


de núcleos magnéticos de pequenos transformadores elétricos.

FIGURA 2 – Curva B = B(H) – Núcleo Magnético de vários materiais

Todas as equações apresentadas nesse capítulo, foi considerado que os núcleos são de material
homogêneo. Por exemplo, se o núcleo possuir um entreferro de ar , como mostrado na figura 1.9

A intensidade e a densidade de campo magnético devem ser analisados por trechos, considerando
as características do meio magnético e as dimensões de cada trecho analisado.

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Figura 3 – Núcleo Magnético com entreferro – Retiado – Figura extraída do livro Máquinas Elétricas
Fittzgerald
A permeabilidade magnética do Vácuo
μo = 4.π . 10-7 H/m

Permeabilidade magnética relativa de um material magnético é a relação entre a permeabilidade


absoluta do material e a permeabilidade magnética absoluta do espaço livre, como:

μr = μ/μo
Segue a permeabilidade relativa de alguns materiais

Prata 0,99999981 Diamagnético


Alumínio 1,00000065 Paramgnético

Ferro Fundido 60,00 Ferromagnético


Aço Silicio 3000,00 Ferromagnético
Superliga 100000,00 Ferromagnético

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Exercicios resolvidos 1

Um núcleo toroidal de seção reta circular, possui raio interno de 10 cm e raio externo de 20 cm. O
núcleo possui uma bobina de 500 espiras e circula uma corrente continua de 0,5 A. Determine a
densidade de campo magnético. O núcleoé feito de madeira e sua permeabilidade relativa é de 1,00.

O comprimento médio para o fluxo magnético será dado por:

lFe = 2.π . Rmédio

Rmédio = (RE + Ri) / 2; Rmédio = (20 + 10) / 2 = 15 cm

lFe = 2.π . 15; lFe = 94,25 cm

SFe = (π . d2) / 4; d = RE - Ri, d = 20 – 10, d = 10 cm

SFe = (π . 102) / 4 ; SFe = 78,54 cm2



  

;

μR = μmaterial / μo ; 1 = μmaterial / 4.π . 10-7


μmaterial = 12,57.10-7 H/m

   ; RT = 95,5.106 Ae/wb


É a relutância oferecida ao fluxo magnético pelo núvelo toroidal construído em madeira e


uniformemente enrolado com 500 espiras de condutor de cobre

Determinação da força magnetomotriz gerada:

Fmm = N.IDC; Fmm = 500.0,5; Fmm = 250 Ae

Representa a força magnetomotriz aplicada ao toróide pelo enrolamento de 500 espiras por onde
circula corrente contínua de 0,5 A.

ɸ = Fmm / RT, ɸ = 250 / 95,5.106, ɸ = 26,17.10-7 Wb

Fluxo magnético que demanda o toróide de madeira. Para que o fluxo magnético fique confinado ao
núcleo, o enrolamento deve ser distribuido uniformemente ao longo de todo o toróide, não devendo
ser concentrado em uma ou outra região do núcleo.

B = ɸ / SFe; B = 0,000002617 / 0,007854

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