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•Nietzsche nasceu em 1844, ano em que se desenvolvia e se


expandia a primeira fase da Revolução Industrial (1780-1860). A
partir de 1860, o aço suplantou o ferro, a eletricidade e o petróleo
superaram o vapor e a Alemanha, país de origem desse grande
filósofo, tornou-se uma das principais áreas de
concentração.
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Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels inscreveram os seus


nomes como os mais influentes revolucionários da História
Contemporânea ao publicarem O Manifesto Comunista.
Foi nesse mesmo ano que eclodiu uma crise do capitalismo na
Europa Centro-Ocidental devido às inúmeras revoluções liberais
que ocorriam a todo tempo.
Após o Congresso de Viena, existiam 38 Estados independentes
que formavam a Confederação Germânica. A política
internacional era coordenada por uma Dieta que se reunia em
Frankfurt, sob a presidência da Áustria que,
juntamente, com a Prússia, era o estado mais importante.

E foi na Prússia que surgiu um governante chamado Guilherme I


que ao fazer uma reforma radical em suas forças armadas,
convocou como ministro um hábil político chamado Bismark.
E foi devido a esse ato que a Prússia consegui vencer
três guerras e unificou a Alemanha em 1870.

(Guerra franco-prussiana)

Logo, ocorreu a Guerra Civil Francesa, e queimaram-se


os arquivos do museu do Louvre, localizado em Paris,
Nietzsche ficou inconsolado, pois considerou um crime
contra a cultura.
No séc. XIX, houve uma grande expansão colonial européia, em
busca de mercados e de matérias-primas, bem como pontos
estratégicos nas colônias. Esse movimento ficou conhecido como
Imperialismo.

A Alemanha, devido aos problemas de sua unificação


política, apareceu tardiamente como colonialista, na
África. Os alemães conquistaram Togo, Camarões, o
Sudoeste Africano Alemão e a África Oriental Alemã.
De 1871 até a morte de Nietzsche que ocorreu em 1900, a Europa
viveu um período de relativa paz, conhecido como Bela Época.
Os progressos científicos e tecnológicos, as reformas sociais, a
elevação do padrão de vida, os progressos democráticos, o
incremento da instrução de massa e o expansionismo europeu no
mundo denotavam o apogeu da Europa liberal e capitalista.
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Batizado como Friedrich Wilhelm em homenagem ao rei da


Prússia, Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu a 15 de outubro de
1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig.
Karl Ludwig, seu pai, pessoa culta e delicada, e seus dois avós
eram pastores protestantes; o próprio Nietzsche pensou em seguir
a mesma carreira.

Entretanto, Nietzsche perde a fé durante sua


adolescência, e os seus estudos de filologia afastam-no
da tentação teológica.
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Em 1849, seu pai (aos 36 anos) e seu irmão faleceram.

Foi criado em companhia da sua mãe, das tias e da avó. Ele era
uma criança feliz, aluno modelo, dócil e leal, chamavam-no de
“pequeno pastor”.

Em 1858, Nietzsche obteve uma bolsa de estudos na então


famosa escola de Pforta. Neste período, Nietzsche começou a
afastar-se do cristianismo.

Era um excelente aluno em grego e brilhante em


estudos bíblicos, alemão e latim, seus autores
favoritos, entre os clássicos, foram Platão e Ésquilo.
Partiu em seguida para Bonn, onde se dedicou aos estudos de
teologia e filosofia.

Influenciado por Ritschl - seu professor -, desistiu desses estudos


e passou a residir em Leipzig, dedicando-se à filologia.

Ritschl considerava a filologia não apenas história das formas


literárias, mas estudos das instituições e do pensamento.

Nietzsche seguiu-lhe as pegadas e realizou investigações originais


sobre Diógenes Laércio, Hesíodo e Homero. A partir desses
trabalhos foi nomeado, em 1869, professor de filologia em
Basiléia, onde permaneceu por dez anos.
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A filosofia somente passou a interessá-lo a partir da leitura de O


Mundo como Vontade e Representação
Schopenhauer (1788-1860).

Nietzsche foi atraído pelo ateísmo de Schopenhauer, assim como


pela posição essencial que a experiência estética ocupa em sua
filosofia, sobretudo pelo significado metafísico que atribui à
música.
Em 1867, Nietzsche foi chamado para prestar o serviço militar,
mas um acidente em exercício de montaria livrou-o dessa
obrigação. Voltou então aos estudos na cidade de Leipzig.

Nessa época teve início sua amizade com Richard Wagner.


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Nietzsche encantou-se com a música de Wagner e com seu drama


musical, principalmente com Tristão e Isolda e com Os Mestres
Cantores.

Na Universidade de Basiléia, passou a tratar das relações entre a


música e a tragédia grega, esboçando seu livro
O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música.

Em 1870, a Alemanha entrou em guerra com a França; nessa


ocasião, Nietzsche serviu o exército como enfermeiro, mas por
pouco tempo, pois logo adoeceu, contraindo difteria e disenteria.
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Essas doença parece ter sido a origem das dores de cabeça e de


estômago que acompanharam o filósofo durante toda a vida.
Nietzsche restabeleceu-se lentamente e voltou a Basiléia a fim de
prosseguir seus cursos.

Em 1871, publicou O Nascimento da Tragédia, Nessa obra,


considera Sócrates (470 ou 469 a.C.-399 a.C.) um “sedutor”, por
ter feito triunfar junto à juventude ateniense o mundo abstrato do
pensamento.
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A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua


perfeição pela reconciliação da “embriaguez e da forma”, de
Dioniso e Apolo, começou a declinar quando, aos poucos, foi
invadida pelo racionalismo, sob a influência “decadente” de
Sócrates.

Assim, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre o apolíneo e o


dionisíaco: Apolo é o deus da clareza, da harmonia e da ordem;
Dioniso, o deus da exuberância, da desordem e da música.

Para ele a Grécia socrática, a do Logos e da lógica, a da cidade-


Estado, assinalou o fim da Grécia antiga e de sua força criadora.
Este seu livro foi mal acolhido pela crítica, o que o impeliu a
refletir sobre a incompatibilidade entre o “pensador privado” e o
“professor público”.

Com crises constantes de cefaleia, problemas de visão e


dificuldade para se expressar, foi obrigado a interromper a sua
carreira universitária por um ano, mas não deixou de escrever.

Terminada a licença da universidade para que tratasse da saúde,


contudo - quando tentou retornar às atividades acadêmicas -
enfrentou sérios problemas em suas cordas vocais que tornaram a
sua fala quase inaudível.
Em 1879, pediu demissão do cargo. Nessa ocasião, iniciou sua
grande crítica dos valores, escrevendo Humano, Demasiado
Humano; seus amigos não o compreenderam.
Rompeu as relações de amizade que o ligavam a Wagner

Na obra, o homem, dizia Nietzsche, é o criador dos valores, mas


esquece sua própria criação e vê neles algo de “transcendente”, de
“eterno” e “verdadeiro”, quando os valores não são mais do que
algo “humano, demasiado humano”.
Logo depois da publicação de sua obra, muito abatido com a
rejeição por parte de Lou Andréas Salomé, jovem finlandesa com
quem pretendia se casar, o filósofo voltou a morar com a mãe e a
irmã, sempre demonstrando solidão e sofrimento.

Em 1880, Nietzsche publicou O Andarilho e sua Sombra: um ano


depois apareceu Aurora, com a qual se empenhou “numa luta
contra a moral da auto renúncia”.

Em 1882, veio à luz A Gaia Ciência, depois Assim falou


Zaratustra (1884), Para Além de Bem e Mal (1886), O Caso
Wagner, Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche contra Wagner (1888).
Ecce Homo, Ditirambos Dionisíacos, O Anticristo e Vontade de
Potência só apareceram depois de sua morte.
Depois de 1888, Nietzsche passou a escrever cartas estranhas.
Escrevia cartas ora assinando “Dioniso”, ora “o Crucificado” e
acabou sendo internado em Basiléia, onde foi diagnosticada uma
“paralisia progressiva”.

A moléstia progrediu lentamente até a apatia e a agonia. Nietzsche


veio a falecer em Weimar, a 25 de agosto de 1900.
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Crítico aos valores ocidentais, da tradição cristã e platônica.


Desde seus primeiros textos, as ideias do filósofo grego Platão
eram condenadas como decadentes.
Ao mesmo tempo, o filósofo repudiava o cristianismo e o
classificava como 'platonismo para o povo’.
A sua proposta era o resgate de um super-homem criador, que
ficasse além do bem e do mal. Esse foi Nietzsche.
Considerado um dos autores mais controversos na história filosofia
moderna, devido principalmente aos paradoxos e desconstruções
dos conceitos de realidade ou verdade .

Tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando a


conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir.
Entretanto, seu sucesso sobreveio quando um professor
dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra” e, por
conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888.

Os Temas abordados comumente nas suas obras eram: A cultura


ocidental e suas religiões e, consequentemente, a moral judaico-
cristã.
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Considera o Cristianismo e o Budismo como “as duas


religiões da decadência”, embora ele afirme haver uma
grande diferença nessas duas concepções.

• O budismo para Nietzsche “É cem vezes mais realista que


o cristianismo” (O anticristo). Ressalta-se que Nietzsche se
auto-intitula ateu:

“Para mim o ateísmo não é nem uma conseqüência, nem


mesmo um fato novo: existe comigo por instinto” (Ecce
Homo, pt.II, af.1)
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• Nietzsche quis ser o grande “desmascarador” de todos os


preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa
olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores
universalmente aceitos que nortearam o rumo dos
acontecimentos históricos.
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Considera a moral tradicional, principalmente a esboçada


por Kant, a religião e a política como máscaras que não são nada
mais que fundamentos a esconder uma realidade inquietante e
ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar.

A moral, seja ela kantiana ou hegeliana, e até


a catharsis aristotélica são caminhos mais fáceis de serem
trilhados para se subtrair à plena visão autêntica da vida.

Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), o conceito de


catarse, retratado em sua obra “Arte Poética”,
representava a purificação das almas.
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Golpeou violentamente essa moral que impede a revolta dos


indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a
classe superior, afinal essa moral cria a ilusão de que mandar é
por si mesmo uma forma de obediência.

Procurou arrancar e rasgar as mais idolatradas máscaras, afinal as


máscaras se tornam inevitáveis pela própria vida, que é explosão
de forças desordenadas e violentas, e, por isso, é sempre incerteza
e perigo.
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A vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência. Vontade


essa que não conhece pausas, e, por isso, está sempre criando
novas máscaras para se esconder do apelo constante da vida; pois,
para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida
humana.

As máscaras, contudo, segundo ele, tornam a vida mais


suportável, ao mesmo tempo em que a deformam.
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Aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é fundamental


arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é.

Suas verdadeiras “virtudes” são: o orgulho, a alegria, a saúde, o


amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade
inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de
poder.
Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses
poucos que a vida é feita.
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Contrário a qualquer tipo de igualitarismo e principalmente ao


disfarçado legalismo kantiano, que atenta o bom senso através de
uma lei inflexível, ou seja, o imperativo categórico:
“Proceda em todas as suas ações de modo que a norma de seu
proceder possa tornar-se uma lei universal”.

O mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência.


Nele as coisas “dançam nos pés do acaso” e somente a arte pode
transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo
aquilo que há de problemático e terrível na vida.
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À semelhança de Platão, Nietzsche queria que o governo da


humanidade fosse confiado aos filósofos, mas não a filósofos
como Platão ou Kant, que ele considerava simples
“operários da filosofia”.
A proclamação de uma nova moral contrapõe-se radicalmente ao
pensamento utópico de uma nova humanidade, livre pelo
imperativo categórico, como acreditava Kant.
Para Nietzsche a liberdade não é mais que a aceitação consciente
de um destino necessitante.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Destino
• Para Kant, a razão faz o homem compreender-se a si mesmo e o
dispõe para a libertação. Mas, segundo Nietzsche, trata-se de
uma libertação escravizada pela razão, que só faz apertar-lhe os
grilhões, enclaustrando a vida humana digna e livre.

• Em Nietzsche encontra-se uma filosofia anti-teórica, sistemática,


à procura de um novo filosofar de caráter libertário. Portanto, toda
a teleologia de Kant de nada serve a Nietzsche: a idéia do sujeito
racional, condicionado e limitado é rejeitada violentamente em
favor de uma visão filosófica muito mais complexa do homem e
da moral.
• O mundo para Nietzsche não é ordem e racionalidade, mas
desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era,
portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo definido,
ao acaso. A única e verdadeira realidade sem máscaras, para
Nietzsche, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência
do instante.

• Para ele os ideais modernos como democracia, socialismo,


igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões
da decadência do “tipo homem”. Por estas razões, é por vezes
apontado como um precursor da pós-modernidade.
• Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos
mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões.
Algumas delas:

• “Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio?


– Vitória!”.
• “Há homens que já nascem póstumos.”
• “A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência:
o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete
tudo, mas não cumpre nada.”
• “Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida
mas no “além” – no nada -, tira-se da vida o seu centro de
gravidade.”
• “A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade.”
• Na sua obra vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner,
Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à
metafísica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo,
anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, à
concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à
democracia.

• Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos


citações, muitas vezes com ressalvas a Schopenhauer, Spinoza,
Dostoiévski, Shakespeare, Dante, Goethe, Darwin, Leibniz,
Pascal, Edgar Allan Poe, Lord Byron, Musset,
Leopardi, Kleist, Gogol e Voltaire.
• O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje
de difícil e contraditória compreensão. Assim, há os que, ainda
hoje, associam suas idéias ao niilismo.

• Todavia, Nietzsche, contrário ou não, não deixando escapar de


suas críticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu
grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de
renúncia da existência e da vontade. É esta a concepção
fundamental de sua obra Zaratustra, “a eterna, suprema afirmação
e confirmação da vida”.
• Em 1872, Nietzsche publica 'O nascimento da tragédia',
que provocou reação dos defensores da filologia pura. Além
de recorrer à oposição entre apolíneo e dionisíaco para
explicar a origem da tragédia, Nietzsche pretendia denunciar
a morte da tragédia pelo socratismo estético e propor seu
renascimento na cultura daquele período.

• Acusado de subordinar a filologia à música e à filosofia, e


de não ser, portanto, um cientista, Nietzsche recebeu apoio
de fontes variadas. Esse livro contém os documentos do
debate que se seguiu - os textos de Wilamowitz, Rohde e
Wagner.
Nesta obra, Nietzsche discute arte,
moral, o conceito da verdade, entre
outros temas. O filósofo, também
conhecido por seu texto nada árido,
apresenta aqui ampla diversidade de
estilos literários como versos
humorísticos, aforismos, parábolas,
poemas em prosa e pequenos ensaios.
• É um livro, iniciado em 1885 pelo
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que
influenciou significativamente o mundo
moderno.

• O livro foi escrito originalmente como


três volumes separados em um período
de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu
escrever outros três volumes, mas apenas
conseguiu terminar um. Após a morte de
Nietzsche, ele foi impresso em um único
volume.
• O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se
auto-denominou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na
antiga Pérsia.

• Para explorar muitas das idéias de Nietzsche, o livro usa uma


forma poética e fictícia, freqüentemente satirizando o Novo
testamento.

• O centro de Zaratustra é a noção de que os seres humanos são


uma forma transicional entre macacos e o que Nietzsche chamou
de Übermensch, literalmente “além-homem”, normalmente
traduzido como “super-homem”.
• O nome é um dos muitos trocadilhos no livro e se refere mais
claramente à imagem do Sol vindo além do horizonte ao
amanhecer como a simples noção de vitória.

• Amplamente baseado em episódios, as histórias em Zaratustra


podem ser lidas em qualquer ordem. Zaratustra contém a famosa
frase “Deus está morto”, embora esta também tenha aparecido
anteriormente no livro Die fröhliche Wissenschaft (A Gaia Ciência)
de Nietszche.

• Os dois volumes finais não terminados do livro foram planejados


para retratar o trabalho missionário de Zaratustra e sua eventual
morte.
• Escrita em 1888 e publicada em 1895, é uma das mais ácidas
críticas de Nietzsche ao cristianismo. Vide a frase mais famosa: “O
evangelho morreu na cruz”. O título original, Der Antichrist, pode
significar tanto O Anticristo quanto O Anti-cristão. Ele não se
baseou na figura bíblica do Anticristo.

• Nietzsche não focou sua crítica em Jesus, mas no cristianismo.


Ele faz diversas menções bíblicas e históricas evidenciando a
deturpação provocada por Paulo de Tarso e, mais tarde, pelo
catolicismo. Não obstante, critica também Lutero, sobre o qual
afirma ter perdido a grande oportunidade de evitar a decadência
alemã.
•Sobre o budismo, ele afirma ser a religião do nada, na figura de
Buda, o que se abdicou de tudo o que era humano. Contudo, ele
predica que o budismo é ruim, mas salienta que o cristianismo é
um mal ainda pior, pois tenta elevar os chandala (termo hinduísta
para designar a pária, casta inferior).
•É notável, entretanto a comparação que faz entre os livros
sagrados cristãos e o Código de Manu, de origem brâmane.
Considerando, a segunda, demasiado superior e que: “esta sim
pode ser considerada uma filosofia” (sic.).

Ele afirma em seu prólogo:


“Este livro é para os espíritos livres, pois só estes o
compreenderão”.
• Ecce Homo é uma das obras mais controvertidas de Nietzsche,
publicada em meio ao agravamento de sua doença e transtorno
mental.

• A intenção de Nietzsche ao deixar esta última obra, pelas suas


próprias palavras, era de não ser confundido ou mal compreendido.
Tinha receio de ser “santificado” ou idolatrado e, por isso mesmo,
deixou claro que não era nem santo.

• Neste livro cita bastante grandes autores. Explica o momento da


vida no qual publicou cada uma de suas obras, dando, inclusive,
em alguns casos, uma sinopse dos escritos.
“Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado
é profanado, e o homem é, finalmente, compelido a
enfrentar de modo sensato suas condição reais de vida e
suas relações com seus semelhantes.”

Niilismo
Quando os valores superiores perdem a importância
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O que é niilismo?
Segundo o dicionário Houaiss, o termo niilismo é datado
de 1877.
Pode significar:
1. redução ao nada; aniquilamento; não-existência;

2. ponto de vista que considera que as crenças e os


valores tradicionais são infundados e que não há qualquer
sentido ou utilidade na existência;

3. total e absoluto espírito destrutivo, em relação ao


mundo circundante e ao próprio eu.
Em filosofia:

• Para o filósofo escocês William Hamilton(1788-1856), doutrina


que nega a existência de qualquer substância, ou realidade
permanente, na constituição do universo .

• Ideologia de um grupo revolucionário russo da segunda metade


do século XIX, militante em prol da destruição das instituições
políticas e sociais, para abrir caminho a uma nova sociedade, e
favorável ao emprego de medidas extremas, inclusive terrorismo e
assassínios : pode está ligado a ação anarquista, terrorista ou
revolucionária.
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Para Nietzsche

• No nietzschianismo, negação, declínio ou recusa, em


curso na história humana e especialmente na
modernidade ocidental, de crenças e convicções - com
seus respectivos valores morais, estéticos ou políticos -
que ofereçam um sentido consistente e positivo para a
experiência imediata da vida.
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Niilismo Ativo
• Em filosofia: no nietzschianismo, niilismo vital e necessário por ser
capaz de destruir os valores tradicionais da civilização ocidental, abrindo
caminho para a transmutação da moral hegemônica e o surgimento de um
novo homem.

Obs.: por oposição a niilismo passivo

Niilismo Passivo
• Em filosofia: no nietzschianismo, sentimento niilista característico da
decadência moderna, e consistente na ausência de desejo pela vida, o que
implica a inexistência de convicções, crenças fundamentais e valorações
éticas.

Obs.: por oposição ao a niilismo ativo


•O Eterno Retorno é um conceito não acabado em vida pelo
próprio Nietzche, trabalhado em vários de seus textos (No “Assim
falou Zaratustra”; aforismo 341 do “A gaia ciência”; aforismo 56
do “Além do bem e do mal”.

•Um dos aspectos do Eterno Retorno diz respeito aos ciclos


repetitivos da vida: “estamos sempre presos a um número limitado
de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no
presente, e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras,
epidemias, etc.”
•O que é indispensável notar é que esta teoria, que parece insensata
e totalmente inverossímil a muitos, não é uma forma de percepção
do tempo: o Eterno Retorno não é um ciclo temporal que se repete
indefinidamente ao longo da eternidade.

•O Mundo não é feito de pólos opostos e inconciliáveis, mas de


faces complementares de uma mesma — múltipla, mas única —
realidade. Logo, bem e mal, angústia e prazer, são instâncias
complementares da realidade – instâncias que se alternam
eternamente.
•Como a realidade não tem objetivo, ou finalidade (pois se tivesse
já a teria alcançado), a alternância nunca finda. Ou seja,
considerando-se o tempo infinito e as combinações de forças em
conflito que formam cada instante finitas, em algum momento
futuro tudo se repetirá infinitas vezes. Assim, vemos sempre os
mesmos fatos retornarem indefinidamente.
De Nietzsche, o Existencialismo foi buscar o niilismo da ética sem
hierarquia de valores – e por isso, uma ética absurda – e a negação
de toda e qualquer metafísica deísta romântica.
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“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como

haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até

agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas

lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que

solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade

deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses,

para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer

que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história

superior a toda a história até hoje!” - Nietzsche "Assim falava Zaratustra", 1883
•Quando volta à civilização, Zaratustra tem um diálogo com
um velho, e logo em seguida se interroga: "será possível que
este homem santo não saiba que deus morreu?"
*(Nietzsche já havia feito essa afirmação na Gaia ciência, e
desenvolve com Zaratustra).

•A frase não é nem uma exaltação nem uma lamentação, mas


uma constatação a partir da qual Nietzsche traçará o seu
projeto filosófico de superar Deus e as dicotomias assentes
em preconceitos metafísicos que julgam o nosso mundo - na
opinião do filósofo - a partir de um outro mundo superior e
além deste.
•A morte de Deus metaforiza o fato de os homens não mais
serem capazes de crer numa ordenação cósmica
transcendente, o que os levaria a uma rejeição dos valores
absolutos e à descrença em quaisquer valores. Isso conduziria
ao niilismo, que Nietzsche considerava um sintoma de
decadência associada ao fato de ainda mantermos uma
'sombra', um trono vazio, um lugar reservado ao princípio
transcendente agora destruído, que não podemos voltar a
ocupar.

•Assumir a morte de Deus seria livrar-se dos pesados ídolos


do passado e assumir sua liberdade, tornando-nos eles
mesmos deuses.
"Deus está morto“
é um conceito complexo e polêmico, que tem sido
interpretado de maneiras diversas ao longo da história da
filosofia. Na verdade, Nietzsche não estava colocando a morte
literal de Deus como um fato, mas sim propondo uma crítica
implacável à metafísica clássica, na qual a ideia de Deus está
centralizada.
Para Nietzsche, a ideia de Deus sempre foi uma construção
humana, uma projeção das necessidades e desejos dos
homens em relação ao mundo. O argumento principal de
Nietzsche é que a filosofia metafísica, que venerava a figura
de Deus como um ser absoluto e transcendente, obscureceu a
compreensão do mundo humano e da vida na Terra. Para ele,
o mundo deve ser visto em sua essência, sem a intervenção de
dogmas religiosos. Porém, ao dizer que Deus nunca nasceu, o
interlocutor está abrindo um novo caminho filosófico, aquele
que questiona a própria ideia de Deus e a necessidade de sua
existência.
.

Não foi necessário Nietzsche para descobrir que a figura de Deus é


uma construção cultural e religiosa, que evoluiu ao longo da
história humana. Essa é uma constatação evidente, que pode ser
facilmente verificada através da análise das diversas religiões
existentes no mundo. O ponto fundamental da filosofia, ao
questionar a existência de Deus, é o de estabelecer uma relação
direta e íntima entre o homem e o mundo, sem a intervenção de
seres sobrenaturais ou transcendentes.
É preciso compreender que a ideia de Deus, embora tenha
desempenhado um papel importante na história da humanidade,
não pode substituir a pluralidade da vida e a multiplicidade das
possibilidades humanas. Em resumo, para Nietzsche, Deus não está
morto no sentido de ter algum tipo de existência objetiva.
Deus está "morto" como um centro unificador de visão de mundo,
e a ideia de negação de sua existência não supre o vazio deixado
por sua "morte". Portanto, a filosofia deve ser capaz de lidar com
essa questão de forma crítica e aprofundada.
.

Em resumo, tanto a afirmação de que Deus nunca nasceu


quanto a declaração de que Deus está morto nos convidam a
uma reflexão profunda sobre as nossas crenças, valores e
ideias sobre a existência. São convites para a filosofia, que nos
permite questionar as verdades estabelecidas e buscar novas
formas de compreender o mundo e a nós mesmos. Ao explorar
essas questões, podemos nos tornar pessoas mais críticas,
empáticas e conscientes, capazes de construir uma sociedade
mais justa e fraterna. E, com isso, podemos nos tornar agentes
de mudança, capazes de transformar o mundo em que
vivemos em um lugar mais humano, solidário e amoroso. Em
suma, a afirmação de que Deus nunca nasceu e a
declaração de que Deus está morto nos convidam a uma
jornada filosófica emocionante, cheia de descobertas e
aprendizados, que pode nos levar a uma vida mais plena, livre
e significativa. Vamos em frente, com coragem e
determinação, sempre em busca do melhor que podemos ser!
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•Para substituir a divindade morta, Nietzsche sugere o além-


homem (Super-homem): o bom senso da Terra. O que há de
nobre do homem é ser ele um fim, e não um meio. O super-
homem é a ponte, é ele o raio. O homem é algo que será
superado. Ele é o resultado da vontade de potência exercida,
um paradigma da virilidade e virtuosismo. Se coloca além do
bem e do mal, e fez seus valores em pedaços.

•Nietzsche, com o Ubermensch, explica os passos através dos


quais o Homem pode tornar um 'Além-Homem': Através da
transvaloração de todos os valores do indivíduo; da sede de
poder (vontade de potência), em reavaliar ideais velhos ou em
criar novos, e, de um processo contínuo de superação.
• Em epistemologia, perspectivismo é a visão filosófica que toda
percepção e pensamento tem lugar a partir de uma perspectiva que
é alterável.

•O conceito foi criado por Leibniz. O desenvolvedor e mais


proeminente defensor da idéia é Nietzsche. Ele influenciou idéias
similares em filósofos como José Ortega y Gasset.
• O perspectivismo diferencia-se do objetivismo e do relativismo,
apesar de semelhanças pontuais com um e outro.

•Tal como o objetivismo, ou realismo, o perspectivismo defende


que há uma única realidade. Tal como o relativismo, o
perspectivismo conceitua que diferentes indivíduos percebem a
realidade de forma distinta.

•Mas, ao contrário do relativismo, o perspectivismo não diz que há


tantas realidades quantas percepções da mesma.
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•Em Nietzsche, o seu mais importante conceito permeia as mais


altas e baixas esferas da existência, estando como
conceito cosmogônico e mesmo histórico ou psicológico.

•A vontade de poder não é somente a essência, mas uma


necessidade. A argumentação que se segue encontra-se em sua
forma original em “Eterno retorno” (textos de 1881).
•Primeira proposição: o total da força que existe no universo é
determinada, não infinita. Deduz-se que o número de situações,
combinações dessa força é mensurável, ou seja também
determinada e finita.

•Segunda proposição: o tempo é infinito, e antes deste momento


houve uma infinidade de tempo.
•Estas preposições e suas conclusões partem de um raciocínio
simples até seu mais alto grau de complexidade, só atingido em
Nietzsche.

•Ao não admitir a existência de Deus, do criador, admite-se que


a matéria, a energia da qual é constituída o universo não pode ter
sido criada.

•Logo ela tem de existir originalmente e sempre, ou então há que se


retornar à teoria da criação do nada. Se ela existe não-criada ela
tem de ter estado aqui desde sempre. Já que ela existe desde
sempre, se houvesse tendência ou estado a ser atingido, a
eternidade é certamente tempo o bastante para que a tivesse
atingido.
•Vontade de Poder não está desta forma relacionada a nenhum tipo
de força física, dinâmica ou outra, mas é a lei originária que regem
estas forças secundárias na economia deste sistema chamado
universo, ou mundo.

• Vontade de poder, portanto, é esta lei originária, sem exceção nem


transgressão que em si anima e é a própria essência de toda a
realidade. É a essência e a própria “luta das forças” que formam a
economia universal.
• “Amo os valentes; mas não basta ser
espadachim – deve-se saber, também,
contra quem sacar a espada!” –
Zaratustra
• Nietzsche, com sua admiração pelas
personalidades fortes, determinadas a
tudo, alinhou-se a Maquiavel. Ambos
manifestaram sua preferência pelos
homens titânicos que povoaram a época
renascentistas.
• Logo, uma das conclusões que Nietzsche chegou é de que em
nome da preservação e do deleite da arte superior, perene,
magnífica, qualquer sentimento ético ou humanitário passava a ser
desprezível, senão mesquinho.
•O darwinismo, difundido largamente após a publicação em 1859
da “Origem das Espécies”, ensinou que a Natureza é amoral. A
sobrevivência dos seres existentes não é determinada por critério
éticos, nem pelas regras do Bem e do Mal, mas sim pelo
desenvolvimento da capacidade de sobrevivência e de adaptação.

•Aos fracos cabe um destino inglório: a morte ou a submissão! – “o


fraco não tem direito à vida”. Nietzsche de certa forma, ainda que
com desavenças, elaborou a metafísica do darwinismo, fazendo da
sua filosofia uma espiritualização da teoria da seleção das espécies
e da vitória do mais capaz.
• Nietzsche impressionou-se com a literatura de Dostoiévski, o
criador do personagem niilista radical. Dessa forma, ao contrário
de Dostoievski, não lamentou o surgimento desse novo “animal-
político”, o niilista que vaga pelo mundo como um lobo solitário a
serviço de algo que ele mesmo elegeu como razão de ser da sua
existência.
• Exalta-o como um exemplo do super-homem que não se detém
perante qualquer prurido moral na concretização dos seus
objetivos, sejam eles quais forem. Ele, esse personagem fantástico,
assume na totalidade as implacáveis conseqüências de um mundo
sem Deus, tirando disso as devidas conclusões morais.

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