Conservação de Materiais Arqueológicos
Aula 01 - Arqueologia e Conservação: Aproximações
Possíveis
- Códigos de ética do Arqueólogo;
- Códigos de ética do Conservador- Restaurador;
É importante que se conheçam os códigos de ética de cada
profissão para que se saiba os limites de sua atuação, seus
objetivos, seus direitos e deveres.
Eixo comum
Em alguns casos, o conservador-restaurador e o
arqueólogo vão se encontrar e terão que se unir para
tomar as melhores decisões e escolher os melhores
procedimentos para manter a peça em boas condições, seja
para exposição, seja para pesquisa.
Arqueólogo > Interesse em comum < Conservador-Restaurador
“Conservador entra como um apoio. É quem o arqueólogo
busca por conselhos”
Distanciamento das Disciplinas
Muitas vezes o distanciamento entre os trabalhos do
conservador-restaurador e do arqueólogo se dá
primeiramente na formação. Cada profissão recebe um
treinamento distinto, quase que fechado para um e para
outro, focando somente no seu trabalho. Os treinamentos
são distintos e os programas de formação não contemplam
ambas as áreas, ou um ou outro. Além disso, existem
barreiras por conta do vocabulário específico, que pode
resultar no não entendimento por uma das partes e
literaturas muito específicas, focadas somente no trabalho
e não no contexto como um todo.
Responsabilidades do Conservador
A presença do conservador-restaurador dentro do universo
arqueológico deve ser constante, integrando todas as
etapas de uma escavação: antes, durante e depois.
Antes:
● Estudo do solo junto aos arqueólogos;
● Verificar o clima da área onde a escavação será
realizada;
1
 ● Tipologias dos objetos a serem encontrados naquele
sítio;
● Fazer diagnóstico prévio dos agentes de risco;
● Organizar lista dos materiais necessários para
resgate, estabilização e embalagens;
● Elaborar fichas de registro;
● Planejar materiais e organização do laboratório de
campo;
Durante:
● Desenvolver métodos de escavação, estabilização,
armazenagem e transporte das peças;
● Colaborar na interpretação dos objetos encontrados;
Depois:
● Realizar atividades diretamente nas obras, como
limpeza e consolidações;
● Garantir acondicionamento correto das peças nas
reservas técnicas;
● Garantir condições adequadas caso seja decidida a
realização de exposição das peças;
● Realização do registro de cada objeto (fotográfico e
escrito);
Como romper barreiras?
É importantíssimo que se estabeleça uma relação entre os
conservadores-restauradores e os arqueólogos para que se
possam realizar melhor as escavações, os tratamentos, as
pesquisas e as exposições. Dessa forma, é imprescindível
que as barreiras que separam essas duas profissões sejam
rompidas. Algumas formas de isso acontecer são:
● Ampliar espaços de debates entre ambas as
profissões;
● A área de conservação precisa fortalecer e ampliar
sua rede de formação;
● Os projetos devem prever uma equipe interdisciplinar
e os conservadores devem estar envolvidos;
● Legislação que ampare a interdisciplinaridade deste
trabalho.
Conservador-Restaurador e Arqueólogo
É necessário que se tenha em mente que cada profissão é
uma profissão e que não devemos nos intrometer nos
assuntos de nenhuma delas caso não tenhamos estudo na
área. Arqueologia não é como nos filmes e não deve ser
desempenhada por qualquer pessoa. Tal atitude pode
resultar em perdas irreparáveis. Assim também é com a
Conservação- Restauração, também é uma área que exige
estudo e nenhum procedimento de
conservação-restauração deve ser feito sem a supervisão
de um conservador, os danos caso isso não seja obedecido,
são igualmente irreparáveis.
Arqueologia e Conservação são dois campos do
conhecimento distintos. Se encontram, têm objetivos em
comum. Porém, Arqueólogos são Arqueólogos e
Conservadores são Conservadores.
2
Aula 02 - Do Campo ao Laboratório
Metodologia de trabalho para projetos de conservação
de materiais arqueológicos
Material + Agente >>> Processo / Risco >>> Deterioração
1. Investigação prévia do sítio
● Conhecer materiais que podem surgir ao longo da
escavação;
● Conhecer documentação de investigações anteriores;
● Identificar tipos de contextos que podem ser
encontrados;
● Profundidade em que os objetos podem ser
encontrados;
2. Prospecção do Sítio
● Informações sobre o tipo de solo e suas
características;
● Planejamentos de equipamentos e materiais;
3. Determinação das condições ambientais
● Estratigrafia do solo;
● Composição das camadas: cor, textura, quantidade
de água;
● Granulometria: porcentagem de argila;
4. Determinação dos possíveis processos de deterioração
sofridos pelos materiais
Nessa fase é preciso levar em consideração todos os
processos pelos quais o objeto passou e vai passar: Fase de
Elaboração > Fase de Uso > Fase de Abandono > Fase de
Escavação > Fase Pós-Escavação.
Na fase de abandono, o material constituinte dos objetos
entra em estado de equilíbrio com o ambiente que o
circunda. É um processo que leva um tempo e em que as
peças sofrem algum tipo de alteração, para entrar nesse
estado de equilíbrio. Portanto, é importantíssimo ter isso em
mente, já que a retirada de uma peça de seu local de
abandono inicia, imediatamente, o processo de
deterioração pós-escavação. A partir daquele momento a
peça vai estar exposta a outras condições climáticas e
ambientais e vai retornar ao seu processo de busca pelo
equilíbrio.
O Grau de de Deterioração apresentado pelo objeto vai
depender de diversos fatores, são eles;
● Material;
● Presença de oxigênio;
● Temperatura;
● pH;
● Poder oxidativo e redutivo (potencial redox).
(Verificar slides 20-34 do ppt da Aula 02 para mais
informações sobre os agentes de deterioração).
3
5. Manutenção das condições microambientais
encontradas nas escavações.
No ambiente pós-escavação, as peças serão expostas a
alguns riscos, são eles:
● Água;
● Temperatura;
● Oxigênio;
● Luz;
● Danos físicos;
● Microorganismos e contaminantes;
É importante que se tenha bastante cuidado com relação a
temperatura e umidade as quais a peça vai ser exposta
assim que retirada do solo. Além disso, deve-se trabalhar
debaixo de coberturas, para proteger a área escavada
tanto do sol, quanto das chuvas. Essas coberturas devem
permitir a ventilação e devem ser de fácil manutenção.
6. Registro dos Materiais Encontrados
Esses registros podem ser feitos desde desenhos rápidos à
mão na hora da escavação, até fotografias com câmeras
profissionais ou não. Essa documentação é muito
importante tanto para a compreensão do que aquela peça
representa no conjunto, quanto para estudos e pesquisas
da peça em si e até o registro do trabalho propriamente
dito.
7. Tratamentos in situ
O ideal é que essa etapa seja realizada por um conservador
com a presença do arqueólogo, isso porque o profissional
de conservação está mais habituado (tanto de práticas,
quanto de estudos) na realização de procedimentos de
limpeza e consolidação. Com um profissional adequado
realizando o trabalho, diminuem consideravelmente as
perdas de informações importantíssimas para os estudos
dos arqueólogos.
(Verificar slides 50-57 do ppt da Aula 02 para mais
informações sobre os tratamentos in situ)
8. Resgate
O resgate é o processo de retirada do objeto do solo. Para
que essa atividade não seja nociva para as peças é
importante verificar as seguintes variáveis:
● Estado de conservação do objeto;
● Tamanho e peso;
● Materiais e equipe disponível.
(Verificar slides 59-67 do ppt da Aula 02 para mais
informações sobre o resgate.)
9. Armazenamento
Os objetos podem ser armazenados em engradados
plásticos ou plásticos herméticos. Podem ser colocados em
bolsas plásticas ou cobertas com filmes plásticos para
mantê-los limpos.
Todas as caixas e bolsas plásticas devem ser identificadas
com informações básicas do projeto de escavação.
Para uma armazenagem adequada, considere os seguintes
pontos:
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 ● Não coloque o objeto direto no sol para evitar
condensação;
● Embalar os objetos separadamente;
● Distribua os materiais em diferentes bolsas plásticas;
● Não coloque objetos muito pesados sobre objetos
delicados, frágeis ou com partes com alta fragilidade;
● Embale cuidadosamente os objetos frágeis;
● Planeje antecipadamente as embalagens que estarão
à disposição no campo.
É de grande importância levar em consideração as
características dos objetos para uma armazenagem
correta. Essas características vão desde os seus
componentes até a forma como foram encontrados na
escavação.
● Se está seco, mantenha seco;
● Se está úmido, considere uma secagem progressiva;
● Se está molhado, uma secagem lenta é bom em casos
de materiais inorgânicos (como cerâmica, vidro e
líticos), mas para materiais orgânicos, o ideal é
mantê-los molhados.
● Em caso de objetos encontrados no contexto
subaquático, é importante que sejam mantidos em
contato com água deionizada até que possam ser
tratados por um conservador especializado no trato
de peças com essa origem.
10. Transporte
● As embalagens devem ser confeccionadas em
materiais inertes, com características proporcionais a
cada objeto (dimensões, volume, peso, estado de
conservação, etc);
● Acondicionar individualmente ou em grupos por
tipologia;
● Caixas plásticas com material acolchoado (espuma
de polietileno) - amortecer vibrações no transporte;
● Sacos de polietileno são recomendados - pode-se
fazer algumas perfurações no saco;
● Filmes plásticos podem embalar materiais resgatados
em blocos;
● Etiquetas de identificação do material dentro e fora
das embalagens.
Algumas das informações obtidas no tópico de
armazenamento podem ser utilizadas na fase de
transporte, como não colocar caixas mais pesadas sobre
caixas que possuem materiais mais leves e frágeis.
É importante ter bastante atenção quanto ao tipo de
veículo a ser utilizado nesse transporte, considerando
também questões de condições da estrada e verba
disponível para determinada escavação. De todo modo,
deve-se ter bastante cuidado com os movimentos bruscos e
trepidações porque essas forças físicas podem causar
danos às peças, causando separação de partes,
rompimentos, perda de algumas camadas.
Aula 03 - Conservação de Cerâmica
Cerâmica Arqueológica
Cerâmica arqueológica é todo material deixado pelos
homens do passado sobre ou debaixo do solo atual.
5
Também se considera cerâmica arqueológica todos os
objetos encontrados nos mares, rios e lagos, etc,
provenientes de naufrágios;
Manufatura da Cerâmica
Para transformar a argila em um objeto cerâmico existem
Classificações vários métodos que variam de acordo com a região onde
são produzidos e em que época foram feitos. Essas
● Tipologia; informações podem ajudar na datação desses objetos.
● Época; Para chegar a uma peça de cerâmica, pode se utilizar as
● Estilo geográfico; técnicas de:

Constituição
O objeto cerâmico é o resultado de uma mistura de
materiais combinados, transformados e moldados pela
ação do calor (ou não), que cria uma estrutura sólida e ao
mesmo tempo frágil que não é encontrada na natureza. Em
geral, a argila é a matéria prima principal para a fabricação
da cerâmica. Ela é um material que resulta da
decomposição de diferentes rochas.
Propriedades da Argila
1. Plasticidade;
2. Encolhimento (perda de umidade);
3. Refratividade (não deforma no calor);
4. Coloração;
5. Resistência;
(Para saber quais outros componentes existem em um
objeto cerâmico, ver slide 06 do ppt da Aula 03)
● Torno;
● Modelado;
● Modelado por placas;
● Roletado;
● Moldado;
● Paleteado/ Alisado;
(Para mais informações sobre essas técnicas, ver os slides
10-17 do ppt da Aula 03)
Queima
A queima é realizada em um forno específico para queima
de cerâmica. Pode ser feita uma queima única ou em várias
etapas. Para a queima de cerâmicas arqueológicas foram
necessários fornos que atingiam temperaturas entre 800°C
e 1400°C. Nesse processo, mais de 25% da água presente na
argila evapora e é importante que a queima seja muito bem
feita para evitar que a argila encolha no processo de
secagem ao tempo e isso cause rachaduras nas peças.

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Classificações das cerâmicas
● Adobe;
● Terracota;
● Faiança;
● Grés;
● Porcelana;
(Para saber quais as especificidades de cada tipo, ver slides
19-23 do ppt da Aula 03)
Tratamentos Decorativos
● Engobo;
● Esmaltes
(Para saber mais sobre esses processos, ver slides 24-26 do
ppt da Aula 03)
Alterações provocadas por eventos Biográficos
Essas alterações podem ocorrer devido aos agentes
intrínsecos à peça, como quais materiais foram utilizados
para sua elaboração, a técnica de manufatura empregada,
o acabamento escolhido para a superfície e o processo de
cozimento e de decoração. Com o passar do tempo, as
falhas ao longo do processo de fatura de determinada peça
podem aparecer de determinadas formas, como fissuras e
rachaduras quando a queima não bem feita ou a perda de
camadas decorativas quando os materiais empregados não
eram os melhores para a construção dessa peça.
Os agente extrínsecos são todos aqueles que parte de fora
da obra, desde o manuseio quando ainda possuía função
de uso na sociedade que o produziu, até os efeitos do
enterramento após seu abandono. A peça fica exposta às
condições ambientais do ambiente em que está inserida,
como as chuvas, os lençóis freáticos, caso esteja enterrada,
sais, caso esteja em região costeira, a própria ação dos
organismos vivos do solo e outros animais que
eventualmente possam entrar em contato com ela.
Problemas de Conservação
Um dos agentes mais nocivos às peças cerâmicas é a força
física. Esse agente pode se apresentar como um impacto,
pressão e abrasão resultando em deformações e
fragmentações.
Apesar de esses processos serem comuns durante a fase de
enterramento, muitos deles ocorrem também em campo,
após o resgate das peças. O manuseio incorreto pode
causar danos irreparáveis.
Outros resultados de forças físicas aplicadas sobre
material arqueológico cerâmico são as fissuras e
rachaduras, perda de coesão, esfoliações e desgaste da
superfície.
Outro agente bastante nocivo às peças cerâmicas são os
sais, que tanto podem vir das próprias peças, dada a sua
constituição, quanto do ambiente externo. Esses sais
podem causar uma espécie de “corrosão” na peça, fazendo
com que parte do suporte dela seja perdido.
7
Manchas e sujidades podem surgir ao longo do tempo e
também são considerados problemas na conservação
dessas peças.
Outros problemas de conservação também encontrados em
peças de cerâmica são as intervenções anteriores
realizadas por pessoas não qualificadas para tal
procedimento, como consolidação. Algumas reconstruções
podem significar mais danos do que realmente a
recuperação da unidade do objeto.
transformados em ligas metálicas1, que fazem com que os
metais se tornem mais rígidos e permitem que o metal seja
moldado.
É muito comum que nas peças arqueológicas em metal
estejam presentes mais de um metal na sua composição.
Técnicas de Manufatura e Decoração
Manufatura:
● Martelado;
● Laminado;

Procedimentos In Situ ● Trefilado;

● Embutido;
● Cera perdida;
Antes da transferência das peças do sítio arqueológico ● Recopado.
para o laboratório, alguns procedimentos podem ser feitos
in situ, são eles: Decoração:
● Repuxado;
● Limpeza; ● Cinzelado;
● Consolidação; ● Gravado;
● Remoção de sais solúveis; ● Filigrana;
● Conservação; ● Calado;
● Recortado;
(Para saber sobre esses procedimentos, ver slides 50-60 do ● Esmaltado.
ppt da Aula 03)
Em geral, as peças que possuem mais de uma parte na sua
constituição, tem essas partes unidas por meio de
Aula 04 - Conservação de Metais soldagem ou de peças de fixação.

Os metais são formados através de processos metalúrgicos 1

e para o processo de fatura de qualquer objeto eles são
As ligas metálicas são misturas formadas por dois ou mais elementos,
sendo que pelo menos um deles é um metal. Por exemplo, a liga mais
utilizada no cotidiano é o aço, que é produzido nas siderúrgicas, sendo
que o seu principal constituinte é o metal ferro (98,5%).
8
Reconhecimento dos Metais Arqueológicos
Para que se possa reconhecer os materiais arqueológicos
feitos de metal é imprescindível um conhecimento acerca
dos metais em si, das suas deteriorações e da forma como
ele interage na presença de outros metais.
É claro que essa identificação por observação nem sempre
dará respostas 100% confiáveis, é por isso que é importante
a realização de exames e estudos em laboratórios antes de
taxar que determinada peça é composta por determinado
metal.
Corrosão
Por que os metais corroem?
Os metais corroem porque buscam retornar ao seu estado
de equilíbrio com o meio circundante. Em geral esse
processo se inicia porque os componentes químicos do
metal ou da liga metálica reagem na presença do oxigênio.
Quais os tipos de corrosão?
● Uniforme;
● Galvânica;
● Alveolar ou Pitting;
● Filiforme;
● Intergranular;
●
●
Seletiva;
Biodeterioração.
Alterações durante o Enterramento
Mais informações sobre as mudanças em metais, com
apresentação de estudos de caso, ver os slides 22-29 do ppt
da Aula 04.
Conservação In Situ
Os processos in situ para os materiais em metal envolvem
as etapas do resgate, limpeza, embalagem e registro.
(Para informações mais detalhadas de cada etapa, ver os
slides 31-42 do ppt da aula 04).
Atuação do Conservador
O conservador deve estar presente nas equipes de
escavação num geral e nos casos onde metais são
encontrados, ele pode atuar em especificidades das peças,
como no caso das que são encontradas em ambiente
subaquático, atua com medidas emergenciais em peças
que se apresentam muito frágeis, com pulverulência, auxilia
na extração de grandes peças e na identificação dos metais
presentes nas peças.
Aula 05
Conservação de Couros e Tecidos
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 Aqui é onde ocorrem todos os processos desenvolvidos pelo
Tecidos ser humano, desde a transformação da matéria prima em
tecido, até o seu abandono. As fase são:

As fibras são componentes estruturais de inúmeras ● Processamento;

plantas e é utilizada para a confecção de peças ● Manufatura;
tecidas, que possuíram/possuem as mais diversas ● Distribuição;
utilidades: ● Consumo/Uso;
● Descarte.
● Uso cotidiano;
● Cerimonial; Na etapa cultural, a peça adquire pelas mãos dos artesãos
sua própria história, dessa forma é possível identificar
● Mágico-Religiosos;
através de vários atributos a origem de determinado têxtil,
● Militar.
como a forma que os fios foram torcidos, qual a origem dos
fios, a coloração da peça, o design, etc.
Dentro da categoria de artefatos utilitários, Importante destacar que quando as peças em tecido são
encontramos as bolsas, chapéus, redes, etc. No que submetidas a procedimentos de restauração, deve-se levar
tange a esfera dos objetos simbólicos encontramos em consideração, como em todos os casos, o histórico da
adornos, insígnias. As peças em tecido também tinham peça, para que se tome decisões nos procedimentos
as funções de registro contábil, narrações, os quipus. restaurativos que não apaguem parte da biografia da peça,
como retecer algumas áreas de perda e realizar
procedimentos de limpeza que apaguem marcas de uso.
Ciclo do Têxtil Em material arqueológico em tecido o procedimento para a
preservação é a aplicação de uma tela de suporte, aplicada
Etapa Biológica abaixo do tecido, que a depender do estado de
conservação da peça, ela pode ser aplicada em sua
É nessa etapa que a matéria prima é elaborada por parte totalidade ou somente na área de perda. Essa tela ajudará
da própria natureza, onde depois será recolhida pelo ser a manter a peça íntegra, estabilizando danos, e também
humano. Essa matéria prima pode ter origem animal ou ajuda na fragilidade da mesma. Quando são dados pontos,
vegetal. eles devem ser pontos de conservação e restauro.

Etapa Cultural

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Fibras Naturais
Vegetais
● Algodão;
● Junco, Totora, Agavo, Cabuya;
Animais
● Camelídeos sul-americanos: vicuña, alpaca, guanaco,
lhama;
● Ovelhas;
Manufatura
Em algumas regiões, de acordo com a função, o fio recebe
uma torção, por exemplo: existem regiões em que os tecidos
com os fios com torção em "Z" eram utilizados apenas para
ritos religiosos como funerais.
Identificação de Fibras
A identificação de fibras é importante para que a gente
possa entender que tipo de intervenções de restauro e
conservação podem ser feitas em determinado material
têxtil.
Os processos de identificação de fibras mais utilizados são
três: teste de chama, microscopia e testes químicos.
O teste de chama é bastante eficaz e se reconhece a origem
da fibra a partir da maneira como ela queima e qual o
cheiro liberado no ar durante esse processo.
(Mais informações sobre as características de queima no
slide 8 do ppt da Aula 05)
Couros
O couro é utilizado desde o período paleolítico e é obtido
através do processamento da pele animal, logo é um
material protéico (muito suscetível ao ataque biológico).
Os couros podem ser encontrados na composição de:
● Materiais de uso cotidiano, cerimonial,
mágico-religioso, militar, funerário, etc;
● Artefatos utilitários: sapatos, bolsas, adornos
decorativos, componentes de meios de transporte,
mobiliários;
● Objetos simbólicos: adornos e insígnias.
Alterações durante o enterramento
Como todo material exposto a algum tipo de ambiente, os
tecidos e os couros passam por mudanças quando
enterrados. Essas modificações podem aparecer em forma
de enfraquecimento, no caso do couro, tornando-se
quebradiço, e no caso dos tecidos, o esmaecimento das
cores.
(Para mais informações acerca das alterações durante o
enterramento, verificar o slide 12 do ppt da Aula 05)
11
Conservação In Situ
Os profissionais envolvidos no processo de resgate devem
sempre trabalhar partindo do pressuposto de que as peças
estão fragilizadas. Dessa forma, é possível evitar qualquer
dano de manuseio devido a possível fragilidade da peça.
Nenhum excesso de cuidado será nocivo caso a peça não
esteja tão frágil.
(Para mais informações, verificar o slide 15 do ppt da Aula 05
sobre o resgate de peças em tecido e couros)
Todos os procedimentos de limpeza e consolidação devem
ser feitos por um profissional capacitado, de preferência um
conservador, para evitar danos, desde problemas na
estrutura física da peça até a perda de informações. Para a
realização desses procedimentos in situ devem ser
realizados alguns testes, diminuindo as chances de
catástrofe.
(Para mais informações acerca desses tratamentos in situ,
ver os slides 18 - 23 do ppt da Aula 05)
Conservação de Ossos e Material Malacológico
Ossos
Apesar de sabermos da existência de ossos como
esqueletos como parte do acervo de alguns museus, é
interessante pensar para além do osso como estrutura de
um corpo, mas também como matéria prima para a
elaboração de outros objetos, como instrumentos musicais,
adornos e ferramentas.
Apesar do osso ser um material rígido, ele permite que seja
trabalhado para a elaboração de algumas peças com
auxílio de ferramentas. Os ossos são formados por
componentes orgânicos, como o colágeno, e inorgânicos,
como alguns minerais. As formas e tamanhos dos ossos vão
depender da espécie, do indivíduo e qual a função do osso
em determinado corpo.
Agentes de Deterioração
Como todos os materiais, os ossos possuem fragilidades
que podem se converter em deterioração mediante aos
seguintes agentes:
● Forças físicas;
● Deterioração biológica;
● Condições ambientais inadequadas (umidade, água,
temperatura e luz);
● Características do solo: pH, composição,
granulometria;
● Processamento após a morte.
(Para mais informações acerca da forma como o pH do solo
afeta nessas peças, consultar o slide 31 do ppt da Aula 05).
Muitas alterações ocorrem quando do enterramento do
corpo e a perda dos tecidos moles é uma das mais
perceptíveis. Essas alterações se dão a partir da atuação
de microorganismos, raízes, oxigênio e a pressão da região
em que o corpo foi sepultado.
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Material Malacológico
As conchas são formadas por Nácar, seguido de uma capa
de calcite e, por último, uma camada de carbonato de
cálcio cristalizado. Geralmente são encontrados em boas
condições, a menos que estejam enterrados em solo ácido.
Conservação In Situ
Informações sobre conservação in situ nos slides 33 - 44 do
ppt da Aula 05.
Aula 06
Conservação de Vidros
O Vidro arqueológico é um objeto que foi produzido para
desempenhar funções como ornamentação, recipientes,
materiais de construção, entre outros. As peças de vidro
mais antigas foram encontradas no Egito, Mesopotâmia e
Fenícia.
São materiais amorfos em sua estrutura, compostos de
sílica e óxido alcalino. A presença de outros óxidos é
identificada nas composições, pois são utilizados na função
de corantes.
Manufatura do Vidro
Existem cinco principais formas de se manufaturar o vidro:
●
●
Sopro;
Pressão;
● Núcleo de Imersão;
● Paté de Verre;
● Técnica de cera perdida.
(Mais informações a respeito dos processos de manufatura
do vidro, consultar os slides 4-6 do ppt da Aula 06)
Conservação de Madeiras e Fibras Vegetais
As madeiras são um material orgânico composto
basicamente de carbono + hidrogênio + oxigênio, podendo
conter outros elementos como a lignina. São obtidas
através de árvores das mais variadas espécies e idades. São
uma matéria prima que oferece uma certa facilidade na
manufatura, permitindo que sejam desenvolvidos uma
grande variedade de objetos, indo desde armas até móveis
e casas.
As madeiras são formadas por tubos fibrosos vertical e
horizontalmente, permitindo as trocas de líquidos e gases
com a área circundante. Essa estrutura é bastante
semelhante a um punhado de canudos juntinhos.
É importante destacar que a Madeira é um material
bastante higroscópico, ou seja, ela consegue absorver
umidade e líquidos e possui a capacidade da expansão e
dilatação que variam de acordo com o clima em que estão.
Fibras Vegetais
Podem ser obtidas através da raiz, casca e tronco.
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Agentes de deterioração Nos slides 3 e 4 do ppt da Aula 7 estão duas fichas de
documentação, de conservação in situ e de registro do
material arqueológico.
● Variação das condições ambientais, grandes
amplitudes térmicas.
● Luz e oxigênio (fungos bactérias, insetos) Identificação
● Danos físicos
● pH do solo A marcação nos objetos é importante para que se faça uma
ligação entre o próprio objeto e a documentação gerada a
partir dele. Geralmente essa marcação é feita por materiais
Conservação In Situ que não afetem a estrutura do objeto e sejam reversíveis,
contendo o número de registro da peça na instituição
Ver slides 31 - 40 da aula 06 para mais informações sobre os responsável por ela.
procedimentos de conservação de madeiras e fibras
vegetais. Para mais informações a respeito da marcação em objetos
arqueológicos, veja os slides 5 - 39 do ppt da Aula 07.

Aula 07 ● As condições ambientais do local de armazenagem

Conservação de Materiais Arqueológicos das peças devem ser controladas sempre que
possível, evitando grandes variações na temperatura
e umidade;
Documentação ● A luminosidade que incide sobre as peças também
deve ser observada;
A documentação é de suma importância para que se tenha ● Minimizar a entrada de poluentes nas áreas de
não só registro da peça em si, mas também para a guarda guarda do material;
de informações que juntas compõem a biografia da mesma. ● Vistorias periódicas e rotinas de limpeza;
As informações que devem estar nessa documentação vão ● Uso de materiais adequados para o armazenamento,
desde a origem até peças as quais ela pode estar diminuindo os danos durante o manuseio.
relacionada.
Os slides 40 - 56 do ppt da aula 07 possuem mais
informações sobre o armazenamento e também um
exemplo.

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