Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO


PROFESSORA: RAQUEL GUILHERME
ALUNA: DANIELLE PEREIRA O PAIVA

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E CREDENCIAIS EDUCACIONAIS: PERSPECTIVAS


CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS. – RAQUEL GUILHERME DE LIMA,
LEONARDO RODRIGUES

O objetivo do artigo produzido por Lima e Rodrigues foi analisar o papel das
credenciais educacionais como diplomas, certificados, e títulos se relacionam com a
estratificação social, observado pelas perspectivas teóricas de Weber, que via na educação
cada vez mais racionalizada, servindo a um Estado burocratizado, uma ferramenta para
ascensão social, tendo a função de treinar indivíduos para o mercado de trabalho. Segundo
os autores, ainda que a educação continue no papel de reprodutora de desigualdades, a
busca por credenciais e validações ofertadas por ela são constantemente fonte de disputa.
As instituições educacionais modernas, de acordo com os autores, foram pensadas
para reproduzir o pensamento de uma sociedade que se construía com ideais de igualdade
e liberdade e que havia rompido com os conceitos que aprisionavam o indivíduo pela
classe social, impostos por séculos pela igreja e pela aristocracia. Esses novos ideais
abraçados pela sociedade moderna e mais tarde a expansão do sistema educacional não
foram o suficiente para aumentar a mobilidade social e diminuir as desigualdades.
Para entender como uma determinada sociedade está estruturada, é necessário
analisar se os recursos que essa sociedade produz e como eles são distribuídos dentro
dela. Segundo os autores, é necessário que se compreenda que quando se fala de
distribuição de recursos não é só a renda, mas de recursos que possibilitam proporcionar
direitos civis, políticos e sociais. Essa divisão distinta de recursos, nas mais diversas
categorias, se dará justamente pela forma que determinada sociedade estará estruturada.
Sociedades podem ter uma divisão mais igualitária nos recursos de renda e educação e
ser desigual na divisão de direitos políticos e civis, e vice-versa. Assim é possível analisar
a estrutura da sociedade observando como os mais diversos recursos são compartilhados
entre a classe média e a trabalhadora, ou entre negros e brancos, um desses recursos é a
educação.
O que os autores identificaram é que as sociedades urbanas e industrializadas
demandam cada vez mais credenciais educacionais, profissionais cada vez mais
especializados, exigindo-se do indivíduo certificados, diplomas, credenciais que são
valoradas por seu grau educacional e especificidades, e até por qual estabelecimento
foram emitidas, tornando o acesso a elas um campo de disputa. A obtenção dessas
credenciais não são apenas atravessadas por barreiras de classe, como também de raça e
gênero, ou seja, os marcadores sociais impactam relevantemente na trajetória do
indivíduo que busca obter essas credenciais educacionais, não bastando apenas ter acesso
à educação, é preciso que esse indivíduo tenha a possibilidade de acessar outros recursos
que viabilizem de fato, quando interseccionados, o seu acesso e progresso.
Não obstante, o ideário liberal das instituições educacionais julgaram ser possível
uma igualdade educacional e uma homogeneização de aprendizado, supondo que a
expansão educacional desse conta realmente de produzir uma “democratização do saber”,
mas se esqueceram que a sociedade marca diferentemente os indivíduos, fatores que
ainda atravessam a educação e que não são levados em conta, mas que impossibilitam
um sistema educacional mais equânime.
Consequentemente, tanto a expansão do sistema educacional, como o acesso aos
seus mais variados graus de ensino não promoveram a sonhada igualdade social. Os
marcadores sociais como raça, classe e gênero, e a interlocução entre eles, tem um grande
impacto no progresso educacional e assim, na obtenção de credenciais, fazendo com que
ela não seja só uma ferramenta burocrática de hierarquização e prestígio, mas também,
de exclusão. Nos levando a perceber que o credencialismo é um estruturador da
estratificação social, formando grupos cada vez mais fechados, desenvolvendo estratégias
para que não ocorra uma inflação de diplomas e assim o acesso a credenciais continue
como mantenedor de desigualdades.

Você também pode gostar