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Universidade de Brasília – UnB

Faculdade de Ciência da Informação – FCI


Curso de Museologia
Matéria: Teoria Antropológica 1 – Turma 4
Professor: Martiniano Neto
Aluna: Amanda de Souza / 180097059
Brasília, 27 de junho de 2023
ETNOGRAFIA E TRABALHO DE CAMPO: UM BREVE ENSAIO
COMPARATIVO SOBRE OS ARGONAUTAS, OS NUER E OS AZANDE

RESUMO: O presente texto buscará pesquisar e entender o trabalho de campo e a


etnografia, conceitos essenciais dentro da disciplina antropológica, bem como os
principais autores estudados no semestre que possam servir de exemplo dentro do
recorte conceitual escolhido. Utilizando de obras de Bronislaw Malinowski e Edward
Evan Evans-Pritchard que retratam os resultados de seus estudos de campo a respeito de
determinados povos e a obra de Anthony Seeger sobre a pesquisa de campo, o desfecho
esperado para este ensaio é conseguir demonstrar, detalhar e equiparar os dados
adquiridos e estudados com a assistência da etnografia e do trabalho de campo, visando
destacar sua importância e essencialidade na área antropológica.
PALAVRAS-CHAVE: etnografia; trabalho de campo; os Argonautas; os Nuer; os
Azande; antropologia; pesquisa antropológica

INTRODUÇÃO

Sob o critério de adquirir uma visão mais aprofundada dentro do campo


antropológico, nota-se a importância da etnografia como método de pesquisa no âmbito
da Antropologia, a qual possui o fito de apreender uma maior compreensão e
conhecimento da cultura – com seus valores, tradições e costumes – e a partir disso,
tornar a experiência do pesquisador mais positiva, direta e inclusiva no contexto social
das comunidades, melhorando assim, a forma que se relaciona com os membros do
local para maiores ensinamentos. Desta maneira, no presente ensaio buscarei abordar e
desenvolver o conceito de etnografia, vinculado ao trabalho de campo e os resultados de
três pesquisas distintas: duas de Edward Evan Evans-Pritchard que estudou os Azande e
os Nuer e uma de Bronislaw Malinowski que analisou os povos das Ilhas Trobriand do
Pacífico Ocidental.
O povo das ilhas Trobriand foram descritos por Malinowski como um povo
confiante e livre, com uma maior abertura para quem chegava de fora, assim como ele,
para viver dentro da tribo. O povo é subdividido em tribos, onde cada tribo possui uma
função específica para sua sociedade geral. O território da ilha é basicamente uma
grande mata com plantações, representando aproximadamente um quarto da área total
da ilha para o cultivo agrícolo.
Edward Evan Evans-Pritchard estudou dois povos distintos, mas com certas
características sociais semelhantes, ambos os povos Nuer quanto os Azende, estão
baseados na região da África, porém em posições distintas, o que pode justificar suas
similaridades e diferenças. Os Nuer são menos estudados e não possuem um sistema
político concreto, além de serem mais fechados, não dando uma abertura fácil para os
pesquisadores. Ambos os povos são divididos em sub-grupos baseados pelo sexo
biológico, contudo, os Azande se sustentam no ideal de magia, tendo uma herança física
e astrológica da bruxaria.
Os estudos etnográficos sobre os povos mencionados acima serão destrinchados
baseando-se na vivencia pessoal de ambos, Evans-Pritchard e Bronislaw Malinowski, os
quais conviveram diretamente dentro daquelas comunidades, observando suas
linhagens, culturas, linguagens – corporais e faladas e também certas hierarquias sociais
existentes dentro daquele contexto. Fatores os quais só podem ser observados pois estes
pesquisadores adentraram os povoados para melhor entendimento de cada tribo.

DESENVOLVIMENTO

A etnografia é uma forma de pesquisa que tem por objetivo compreender e


descrever a cultura e os costumes de um grupo de pessoas ou de determinada
comunidade específica. Baseada na observação direta e na imersão em um determinado
contexto social, busca então compreender as práticas, as crenças, valores e as interações
sociais do grupo estudado. A etnografia ainda consiste em uma abordagem fundamental
no contexto da antropologia social e cultural, de forma a ser considerada uma das
principais ferramentas de pesquisa utilizada por antropólogos nos seus trabalhos de
campo.
A origem do termo “etnografia” é datada do século XIX com a evolução da
disciplina antropológica. No decorrer do semestre acadêmico estudamos dois dos
pioneiros no desenvolvimento e aplicação dessa metodologia, Franz Boas e Bronislaw
Malinowski, cujos trabalhos perpetuaram e influenciaram gerações subsequentes de
antropólogos. Franz Boas, mesmo não sendo desenvolvido no presente trabalho, é
conhecido por sua pesquisa com povos indígenas da América do Norte, onde se
destacou por seu compromisso com a pesquisa de campo rigorosa e pelo respeito à
subjetividade dos informantes. Já Malinowski é considerado o pai da etnografia
moderna, tendo revolucionado a disciplina com seu trabalho nas Ilhas Trobriand, na
Papua-Nova Guiné, onde evidenciou a importância da observação participante e do
entendimento dos contextos locais, como me aprofundarei nas páginas seguintes.
O trabalho de campo supracitado acima, junto com a etnografia, se caracteriza
como duas abordagens essenciais para a pesquisa antropológica. Apesar de estarem
intimamente relacionados, acabam por se referir a aspectos diferentes dentro da
investigação antropológica. Enquanto o trabalho de campo consiste numa abordagem
geral que envolve a imersão de um antropólogo em um ambiente social específico para
observar e interagir com as pessoas e suas práticas culturais, tendo como objetivo
principal do estudo de campo a coleta de dados em primeira mão e obter uma
compreensão profunda da cultura e do contexto social estudado, a etnografia vai
significar a metodologia específica utilizada pelos antropólogos para coletar e analisar
os dados obtidos durante o estudo de campo. Acaba por se tornar, então, um preceito
qualitativo de pesquisa que envolve a observação participante, entrevistas, a coleta de
documentos e outros materiais relevantes, assim como a análise interpretativa dos dados
coletados previamente.
Seeger (1980), discorre que o trabalho de campo é uma característica básica
dentro do contexto da antropologia moderna, mesmo que não tivesse sido assim desde
sempre. Ele cita em seu texto que correm histórias, provavelmente falsas, de que James
Frazer foi perguntado se já havia visitado algum dos povos estudados – descritos como
exóticos – em vários de seus textos e sua resposta foi desdenhosa, algo como “Deus me
livre”, evidenciando que os estudos de campo nem sempre foram um costume ou
abordagem naturalizada dentro da antropologia. Mas fato é, os resultados de outros
estudiosos do seguimento mostram que é possível adquirir dados muito mais ricos se o
analista fosse a campo do que se utilizasse correspondência. Dessa maneira, “Os
Argonautas do Pacífico Ocidental” do Malinowski é para Seeger o melhor debate a
respeito da importância do trabalho de campo a longo prazo para a antropologia.
Publicado em 1922, o livro referência de Malinowski estuda os povos indígenas
das Ilhas Trobriand, que estão localizadas na região do Pacífico Sul, próximo à Papua-
Nova Guiné. O autor passou um longo período de tempo nessas ilhas, realizando
pesquisas etnográficas detalhadas sobre a cultura, a sociedade e os sistemas de troca dos
povos trobriandeses.
De início, já é possível ver porque seu trabalho é tão referencial, pois seus
apontamentos valem um debate até os tempos modernos do século XXI. Sobre a
etnografia, ele discorre que
A meu ver, um trabalho etnográfico só terá valor cientifico
irrefutável se nos permitir distinguir claramente, de um lado, os
resultados da observação direta e das declarações e
interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor,
baseadas em seu próprio bom-senso e intuição psicológica.
(MALINOWSKI, 1922, pg. 22)
Diante dessa afirmação, acredito que o objetivo de Malinowski afirmando tal
coisa tem bastante ligação com como se inserir pessoalmente num determinado contexto
e sociedade intervém na sua interpretação ao entregar os resultados de um estudo tão
complexo. Apresentar os dados e resultados das observações sem que ele precise se
isolar – de forma pessoal – da obra parece ser a maneira mais fácil de conseguir
perceber até que ponto uma experiência própria interfere naquilo que foi observado.
Afinal, como o mesmo discorre nas linhas seguintes da página 22, o autor na etnografia
é o seu cronista e historiador ao mesmo tempo, de uma forma que suas fontes de
informação são acessíveis, mas simultaneamente enganosas e complexas porque não
estão agrupadas em documentos materiais fixos, e sim no comportamento e memória de
seres humanos.
A partir desse ponto, vamos adentrar a experiência pessoal de Malinowski; essa
vai ser essencial para entendermos seus resultados, apontamentos e observações. Mas,
apenas lendo seu trabalho, temos a ilusão de que é uma coisa fácil se inserir num
contexto completamente diferente e distante da nossa realidade enquanto ele descreve a
tensão e complicação de realizar uma tarefa tão árdua.
Imagine-se o leitor sozinho, rodeado apenas de seu
equipamento, numa praia tropical próxima a uma aldeia nativa,
vendo a lancha ou o barco que o trouxe afastar-se no mar até
desaparecer de vista. Tendo encontrado um lugar para morar no
alojamento de algum homem branco negociante ou missionário
você nada tem para fazer a não ser iniciar imediatamente seu
trabalho etnográfico. Suponhamos, além disso, que você seja
apenas um principiante, sem nenhuma experiência, sem roteiro
e sem ninguém que o possa auxiliar pois o homem branco está
temporariamente ausente ou, então, não se dispõe a per- der
tempo com você. Isso descreve exatamente minha iniciação na
pesquisa de campo, no litoral sul da Nova Guiné.
(MALINOWSKI, 1922, pg. 23)
Diante desse relato próprio de Brosnislaw, se faz necessário citar um
apontamento feito por Anthony Seeger, onde ele discorre justamente a respeito desse
fator específico.

O contato é comumente difícil para ambas as partes, e se a


Antropologia pode reivindicar qualquer validade dentro da
contingência da pesquisa de campo na qual se baseia, isso se
deve apenas à dificuldade do trabalho e à dedicação a uma
teoria e a um método por parte do pesquisador, e a muita
paciência por parte do grupo com o qual está trabalhando. Todo
pesquisador tem, sem dúvida, em virtude de sua
individualidade, uma diferente abordagem de seu objeto, e um
estilo próprio de trabalho, que são aspectos ditados muitas vezes
por circunstâncias particulares. (SEEGER, 1980, pg. 25)

Os resultados obtidos por Malinowski são extremamente ricos, no entanto. “Os


nativos das ilhas Trobriand” encabeça o capítulo com informações especiais a respeito
de sua organização social e política, aspectos físicos dos nativos, entre outras que irei
discorrer abaixo.
Os nativos das ilhas Trobriand – mais especificamente o povoado de Boyowa –
têm o costume de andarem nus e descalços na areia da ilha. As primeiras características
físicas observadas envolviam a grande pluralidade de corpos entre homens e mulheres
com uma variação de altura, perfil físico e traços faciais característicos. Quanto às suas
condutas eles aparentam serem mais confiantes e mais livres do que outros nativos
previamente estudados pelo autor, portando-se mais educadamente com desconhecidos
que chegam à ilha.
Foi possível observar a existência de uma hierarquia social dentro da tribo, onde
existe um chefe e seus plebeus, esses os quais devem estar sempre se portando em um
nível inferior ao de seu chefe e outros nativos considerados superiores por aparência e
porte, demonstrando um respeito à autoridade que lhes segue. O chefe surge da posição
de parentesco das esposas – as mulheres que possuem importância nesse povo,
atingindo assim uma posição de prestígio e poder entregue pela riqueza – no sentido
literal da palavra.
Dentre as aldeias existentes dentro das ilhas Trobriand, cada uma possui sua
hierarquia composta por chefes e sua comunidade sendo cada aldeia independente em
suas cerimonias, expedições e cultivo. Os povos das ilhas possuem descendência
matrilinear, ou seja, suas aldeias são definidas baseando-se em uma herança de linha
materna. As mulheres possuem uma posição privilegiada dentro das ilhas, com uma
influência sobre aspectos da vida comunitária, o que as deixa com um certo nível de
poder dentro do seu distrito.
A abordagem etnográfica instigada por Malinowski foi o que permitiu a
observações de todas as características especificas supracitadas – e muitas outras que
não caberiam nesse breve ensaio. A vivência entre o pesquisador e seu campo de
pesquisa por um longo período de tempo, possibilitando uma real convivência entre
nativos e um etnógrafo, permitiu análises que apenas puderam ser mencionadas e
afirmadas como realidade de uma comunidade das ilhas Trobriand, coisas as quais não
seriam possíveis de serem analisadas caso o antropólogo que visitasse essa ilha não
obtivesse uma imersão com os nativos.
O presente ensaio trocará de figura central agora, o antropólogo inglês Edward
Evan Evans-Pritchard também desenvolveu textos essenciais referentes a trabalhos de
campo que estarão em evidência nas próximas linhas. Partindo do ponto que

Por conseguinte, a primeira exigéncia para que se possa realizar


uma pesquisa de campo é um treinamento rigoroso em teoria
antropológica, que dé as condições de saber o qué e como
observar, e o que é teoricamente significativo. E essencial
percebermos que os fatos em si não têm significado. Para que o
possuam, devem ter certo grau de generalidade. E inútil partir
para o campo as cegas: É preciso saber exatamente o que se
quer saber, e isso só pode ser conseguido graças a um
treinamento sistemático em antropologia social académica.
(EVANS-PRITCHARD, 1937, pg. 243-244)

As observações a respeito do povo Nuer, identificadas por Edward Evan Evans-


Pritchard e em evidência em seu texto “Os Nuer - Uma descrição do modo de
subsistência e das instituições políticas de um povo Nilota” são anotações levemente
mais antigas pois houve um decrescimento de pesquisas e relatos após o ano de 1899 até
a escrita do texto.
A África Oriental é subdividida em duas principais culturas, a Nilo-Hamitas e os
Nilotas, o povo Nuer está inserido no grupo Nilota, o qual ainda possui características
não plenamente estabelecidas. O grupo Nilota possui diferentes povos inseridos dentro,
sendo os três principais os Nuer, os Dinka e os Shilluk - assim como povos distintos que
foram menos estudados.
Os Nuer que chamam a si mesmos de Nath (singular, ran), são
aproximadamente duzentas mil almas e vivem nos pântanos e
savanas planas que se estendem em ambos os lados do Nilo, ao
sul de sua junção com o Sobat e o Bahr el Ghazal, e em ambas
as margens desses dois tributários. (EVANS-PRITCHARD,
1940, pg. 7)

Eles são altos e de membros longos, semelhantes ao povo Dinka, ambos


surgiram de uma mesma origem, porém não se sabe o motivo da polarização dos povos.
Apesar de possuírem chefes em suas tribos, os Nuer não possuem um sistema político
concreto, mantendo apenas autoridades independentes e imparciais. Além disso,
diferente dos nativos das ilhas Trobriand, o povo Nuer baseia-se em uma descendência
patrilinear, tendo sua linhagem exclusivamente através dos homens. Eles dividem-se
entre sexos e por faixa etária, criando sub-nichos dentro de sua estrutura social.
Durante a vivência do autor na aldeia para a aprimorar seus estudos, o mesmo
obteve inúmeros obstáculos enquanto analisava o povo Nuer, indo de barreiras
linguísticas até sabotagens propositais do povo para fazê-lo desistir. Apesar dos
empecilhos de pesquisa, a resistência e insistência fez o povo ceder, permitindo o
etnógrafo de fazer o seu trabalho analítico.
Sempre pensei, e ainda penso, que um estudo sociológico
adequado dos Nuer era impossível nas circunstâncias em que a
maior parte de meu trabalho era feito. O leitor deve julgar
aquilo que realizei. Eu lhe pediria para não julgar com muito
rigor, pois, se meu relato por vezes é insuficiente e desigual, eu
argumentaria que a investigação foi realizada em circunstâncias
desfavoráveis; que a organização social nuer é simples e sua
cultura pobre; e que aquilo que descrevemos baseia-se quase
que inteiramente na observação direta e não está acrescido de
notas copiosas tomadas de informantes regulares, os quais, na
verdade, não tinha. Ao contrário da maioria dos leitores,
conheço os Nuer e devo julgar meu trabalho com maior
severidade do que eles, e posso afirmar que, se este livro revela
muitas insuficiências, estou espantado que ele tenha chegado a
surgir. Um homem deve julgar suas obras pelos obstáculos que
superou e as dificuldades que suportou, e, por tais padrões, não
fico envergonhado dos resultados. (EVANS-PRITCHARD,
1940, pg. 15)

O último povo escolhido para destacar nesse texto, é o povo Azande. Tampouco,
esses povos terão menos em comum com os outros dois supracitados. Enquanto os Nuer
e os povos das ilhas Triobrand estiveram em evidência através de suas semelhanças e
diferenças em estruturas sociais, aspectos físicos e coisas mais ordinárias, o trabalho de
Evans-Pritchard com os Azande vai por um outro caminho, se diferenciando ainda mais,
porém ainda destacando a essencialidade do trabalho de campo.
Em aspectos gerais, são um grupo étnico que vive na região da África Central,
próximo à fronteira entre Sudão do Sul e República Centro-Africana. Segundo o autor,
eles são um povo especialmente agricultor, além de criarem gado. A religião tradicional
zande é baseada em crenças na bruxaria e no oráculo, e essas crenças são muito
importantes para sua vida cotidiana e para a resolução de conflitos. Eles também têm
um sistema de parentesco de descendência uni-linear patrilinear, onde as heranças são
transmitidas de pai para filho. As mulheres são muito importantes para os sistemas
econômicos e políticos zande, e elas fazem parte de um sistema de casamento
poligínico.
“Os Azande acreditam que certas pessoas são bruxas e podem lhes fazer mal em
virtude de uma qualidade intrínseca.” (EVANS-PRITCHARD, 1937, pg, 33) É assim
que se inicia o capítulo 1 de seu trabalho publicado falando sobre bruxaria, oráculos e
magia entre os povos Azande. Em seu trabalho, o autor relata que não teve dificuldade
para descobrir o que eles pensam sobre bruxaria e como a combatem.
As informações sobre a bruxaria fluem livremente entre os Azande através de
situações recorrentes em sua vida social, e tudo o que se tem a fazer é observar e ouvir.
Não há necessidade de consultar especialistas ou interrogá-los sobre esse assunto
porque as informações fluem livremente. Isso porque todo zande é considerado uma
autoridade em bruxaria.
No entanto, como citado na página 34 “a bruxaria não é apenas um traço físico,
mas também algo herdado.” (EVANS-PRITCHARD, 1937, pg, 34). E, como
mencionado em parágrafos acima, é transmitida por descendência unilinear onde ocorre
que os filhos de um bruxo são todos bruxos, porém suas filhas não; enquanto no caso da
mãe, é o contrário: todas suas filhas são bruxas, mas seus filhos não. A lógica Azande
segue a ideia de uma força astrológica, baseando-se na intensidade de almas transpostas
pelos pais aos seus filhos, independente do sexo.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é possível observar a essencialidade do trabalho e pesquisa


de campo atrelado à etnografia, práticas do campo antropológico que já se provaram
capazes de entregar resultados riquíssimos para os estudos da área. Dentro do que foi
estudado e desenvolvido nesse ensaio e no semestre, as informações a respeito dos
povos das ilhas Trobriand, os Nuer e os Azande, extraídas por Malinowski e Evans-
Pritchard, só foram adquiridas graças a capacidade dos antropólogos de se inserirem em
contextos completamente diferentes daqueles que estão acostumados e a antropologia só
tem a ganhar com esse método.

BIBLIOGRAFIA

EVANS-PRITCHARD, Edward E. [1937] 2005. Bruxaria, Oráculos e Magia entre os


Azande. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

EVANS-PRITCHARD, Edward E.. [1940] 1993. Os Nuer. São Paulo: Perspectiva.

MALINOWSKI, Bronislaw. [1922] 1976. Argonautas do pacífico ocidental. São Paulo:


Editora Abril Cultural.

SEEGER, Anthony. Pesquisa de campo: uma criança no mundo. In: Os índios e nós:
Estudos sobre sociedades tribais brasileiras. p. 23-40. Rio de Janeiro: Campus.

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