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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

NICHOLAS PINHEIRO MUNIZ DE CARVALHO - 475650

RESUMO DO DOCUMENTÁRIO “ESTRANHOS NO EXTERIOR: FORA DA


VARANDA( BRONISLAW MALINOWSKI)” EM SÍNTESE COM A INTRODUÇÃO
DO LIVRO “ARGONAUTAS DO PACÍFICO OCIDENTAL”
Cultura Brasileira - Paulo Sérgio Bessa Linhares

FORTALEZA
2023
Bronislaw Malinowski nasceu em 1884 na cidade de Cracóvia, na Polônia, vindo de
uma família aristocrática, seu pai sendo professor universitário. Malinowski se tornou doutor
em matemática e física, e conheceu a antropologia a partir de sua mãe, que leu para ele o livro
O ramo de ouro, do famoso antropólogo evolucionista inglês James Frazer, enquanto estava
doente.
A partir de 1910, Malinowski busca conhecer a antropologia e vai para a Inglaterra
conhecer pesquisadores a esse respeito. Lá, foi admitido na London School of Economics e a
partir daí ele conseguiu financiamento para estudar na Austrália, quando em 1914 foi
secretário no encontro Associação Britânica para o Avanço da Ciência graças às suas
contribuições acerca do conceito de família entre os aborígenes australianos, e daí obteve
grandes lições junto de outros antropólogos, pelos quais discutiam temas que o fizeram
perceber que o próximo passo que a antropologia deveria dar seria fazendo um estudo
profundo na vida real dos nativos.
Em seguida, Malinowski faz sua viagem de campo pelo Pacífico Ocidental, na costa
meridional da Nova Guiné, estudando o povo Mailu, na Ilha Tulan. Sendo um dos pioneiros a
fazer antropologia de campo. Posteriormente vai às Ilhas Trobriand, no leste da Nova Guiné,
conhecer a aldeia Omarakana.
A forma como ele conduzia sua pesquisa seguia desta maneira: falava da importância
de apresentar os resultados da pesquisa científica de forma clara tais como as outras ciências,
com uma descrição exata e detalhada dos aparelhos utilizados, o grau de aproximação, a
maneira pela qual se conduziram as observações, os arranjos experimentais. Acrescentou
também a necessidade de distinguir de um lado, os resultados da observação direta e das
declarações e interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor, baseadas em seu
próprio bom-senso e intuição psicológica
Malinowski descreveu suas dificuldades de se aproximar dos nativos por conta da
diferença linguística, se aproximava deles através do inglês pidgin, uma língua modificada e
simplificada usada como língua franca em diversas regiões do Pacífico. Os brancos que
moravam na região também não foram capazes de fornecer muita informação sobre os nativos,
fazendo ele se perguntar como conseguiria ser capaz de estudá-los em poucos meses. Para isso
compreendeu que o pesquisador deve possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer
os valores e critérios da etnografia moderna, viver entre os nativos sem depender de outros
brancos e aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro da evidência,
conhecer bem a teoria científica e estar a par de suas últimas descobertas. Alertou também
sobre não estar carregado de ideias pré-concebidas e estar disposto a mudar seu ponto de vista
ao invés de querer provar suas hipóteses constantemente.
Ele demonstra a superação da etnologia da antropologia evolucionista dos antigos
relatos feitos por viajantes e missionários, mas também demonstra como hoje os antropólogos
vêem nas outras culturas uma complexidade de vida que não pode ser nivelada com base uma
nas outras.
O objetivo da etnografia para ele era que, a partir do levantamento geral de todos os
fenômenos, e do descobrimento do esquema básico da tribo, poderia se estabelecer o contorno
firme e claro da constituição tribal e delinear as leis e os padrões de todos os fenômenos
culturais dessa sociedade. Já para sua metodologia, traçou os pontos necessários para analisar
tal sociedade, observando que na qual visitou não havia código de leis escritos ou expressos
explicitamente, e que portanto o material mais elusivo seria o próprio ser humano. Mas apesar
disso, o ser humano tanto entre os “selvagens” quanto nas nações ditas “civilizadas”
obedecem às ordens e aos códigos sem necessariamente tomarem consciência disso, elas são
resultados automáticos da ação recíproca das forças da tradição e do meio onde se vive.
Malinowski se utilizava do método indutivo, pois via que seus recursos para a
etnografia se baseavam na coleta de dados concretos sobre todos os fatos observáveis e através
deles formulava as inferências gerais.
Ele sintetizou algumas formas de fazer o registro dos nativos, como o Esqueleto: que
seria fazer um bom levantamento de dados da estrutura social; da Carne e do Sangue: que
seriam a apresentação de fatos íntimos da vida nativa, que só pode se familiarizar através de
um contato estreito com os nativos; e por último o Espírito: que são os pontos de vista,
opiniões e as palavras dos próprios nativos
Nos seus estudos, concluiu que todos os aspectos da vida social servem para atender as
necessidades básicas humanas, sendo elas a função de cada ato social, e por isso foi conhecido
posteriormente de fazer parte da linha teórica chamada funcionalismo. Malinowski não se
preocupava em analisar as sociedades de forma evolutiva, como seus antecessores, pois
achava mais importante observar como ela funcionava naquele momento.
A pergunta chave para entender qualquer aspecto da vida social era “qual o efeito disso
na sociedade”, e um exemplo disso está no seu estudo sobre a magia. Haviam rituais mágicos
na agricultura local, ao se perguntar por que eles precisavam dessas feitiçarias e rituais os
procedimentos técnicos pelos quais já eram peritos, para os nativos a magia é considerada vital
para uma boa colheita e para controlar as condições do tempo.
Suas contribuições antropológicas, em lugar dos seus antecessores, vieram do fato de
que ele permaneceu numa comunidade durante bastante tempo (quase dois anos), em contato
íntimo com os nativos, mantendo anotações em detalhes diariamente em seu caderno e
principalmente por ter aprendido seu idioma. Toda essas atividades surgidas através dele na
antropologia vieram a ser chamado de “observação participante”
Um importante estudo feito por Malinowski na região foi ao chamado kula, uma
relação de troca que era central na vida dos nativos das Ilhas Trobriand, na qual artigos
considerados raros, eram presenteados de forma ritualística. Todo o evento é preparado
durante meses, canoas são feitas exclusivamente para a ocasião e magias são feitas para afastar
desastres que possam ocorrer na jornada. O objetivo do kula é voltar com um ou mais objetos
venerados, ao viajarem para outras aldeias são tratados como convidados especiais, dando o
presente presente com relutância, devido seu grande valor, quem o recebe não expressa
gratidão visto que em outro momento também dará a eles um objeto de igual valor. É uma
oportunidade de conseguir materiais que não são encontrados nas suas ilhas e também uma
época de reativar amizades com as nações vizinhas que têm idiomas e culturas diferentes. É
um evento muito aguardado entre as comunidades, e quando uma tribo chega na ilha,
carregam o presente por todo o trajeto até entregarem ao chefe da outra comunidade. Se por
acaso alguém esconde o presente ou não entrega o que possui mais valor, há perigo de ser
envenenado por magia.
Chegou também a estudar os mitos do povo de Trobriand para explicar as coisas nos
tempos passados. Os nativos contavam que seus ancestrais viviam no subterrâneo e vieram à
superfície para povoar as ilhas através de uma caverna.
A questão do luto nos nativos era bem característica, pois para expressarem-na,
raspavam suas cabeças, cobriam seu corpo com cinzas e vestiam trajes mais escuros.
Consideravam que uma pessoa ao morrer, seu espírito vai para Tuma, uma ilha ao noroeste de
onde viviam, como se fosse um paraíso e sentem que mantém ainda contato com os parentes
mortos.
Malinowski também fez um profundo estudo sobre parentesco, casamento e sexo que
superava os antropólogos antecessores. Lá as relações sexuais ocorriam mais tranquilamente
entre pessoas solteiras e Malinowski defendia essa ideia nas sociedades ocidentais e também
escreveu alguns livros que tocavam nessa temática, que fizeram inclusive ele ter alguns de
seus livros banidos em universidades por na época considerarem uma espécie de pornografia.
Após a morte de sua esposa em 1935, foi à África visitar alguns de seus alunos e
também passou a realizar alguns estudos em algumas tribos africanas e começou a estudar
como os povos eram subjugados pelo colonialismo.
Ao final, o legado de malinowski contemplou em toda a antropologia posterior que
agora seguiam seus passos através de uma observação participante nos povos estudados

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