Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O etnocentrismo tem raiz na etnia e traz consigo a pseudo ideia de que a nossa cultura, por
exemplo, é superior a outras culturas e, mais do que isso, apresenta, de certo modo, que nós podemos
julgar o outro a partir de nós mesmo, isso porque temos práticas, crenças e costumes diferentes;
acredita que esta diferença étnica é o que faz um grupo social, uma determinada comunidade, um país,
ou o que seja, ser superior, importante e, até mesmo, o mais correto dentre inúmeras outras
comunidades, fazendo, então, com que o estranhamento do grupo A para o grupo B seja a real e não
relativizado.
E o etnocentrismo acontece porque as pessoas não buscam conhecer outras culturas, a não ser
aprofundar-se mais da sua, e isso, quando buscam, assim que conhecem o mínimo de outra, causa
estranhamento e repúdio – muitas das vezes repúdio, porque o estranhamento, por si, gera inúmeros
conflitos entre o grupo que estranha, o grupo A, e o grupo que está sendo estranhado, por ventura, o
grupo B –, o que, enfatizando, gera amarras, armadilhas, estereótipos deturpados e preconceito sem
fundamentações legítimas no respeito e na inclusão de um povo para com o outro.
As armadilhas do etnocentrismo sempre estiveram enraizadas na sociedade, principalmente na
época do nazimo e do fascismo, em que só, e somente só, a raça ariana era a perfeita dentre todas as
outras etnias/raças. Claramente, isso gerou inúmeros conflitos, como o holocastro, a perseguição aos
judeus – inclusive, pautado inteiramente no Diário de Anne Frank –, mas não só isso: no Brasil ainda
aconteceu a aculturação dos povos indígenas, que foi quandos os ocidentais chegaram às terras
brasileiras e implantaram a sua cultura, as suas crenças e os seus costumes nos nativos, mostrando, à
força, a ideia de que a sua cultura era superior, porque a dos indígenas era estranha – após este triste
processo da história do Brasil, os ocidentais ainda propagaram a ideia de que os indígenas eram
não-civilizados, enfatizando as consequências do etnocentrismo.
Já o relativismo, por outro lado, traz a percepção de que todas as culturas são válidas dentro
de seus costumes e devem ser respeitadas e relativas, porque a compreensão de variação de cultura
deve ser unânime do grupo A para o grupo B. Assim, também, acontece o combate ao etnocentrismo;
mais do que isso: o olhar, o se colocar na cultura do outro para estranhar a sua própria cultura, é o
fator determinante da diferenciação, portanto, entre essas duas ideias contrárias que são o
etnocentrismo e o relativismo cultural.
O relativismo cultural, por outra lógica, apresenta que é possível conhecer outras culturas,
práticas e costumes ao se colocar numa determinada cultura e estranhá-la com o mínimo de
interferência possível da sua.
Portanto, o relativismo é o oposto ao etnocentrismo, porque eles se relacionam nessa linha de
oposição enquanto ideias contrárias. Portanto, um se preocupa unicamente em superiorizar uma
determinada cultura – etnocentrismo – e o outro, porventura, quer relativa-la, em legitimidade do seu
espaço e do seu povo, relativa-la ao lugar em que ela está inserida – relativismo.
O livro "Ritos Corporais Entre os Naciremas", do autor Pedro Rocha de Souza, é uma grande
e belíssima crítica ao etnocentrismo, porque ao mesmo tempo em que o autor apresenta as atividades
cotidianas dos americanos, ele faz alusão a cultura dos indígenas, mostrando que quando as nossas
atividades são relativizadas e exercidas por outros povos, de outras culturas, nós exercemos o
etnocentrismo. O livro ainda respeita as duas culturas e as apresenta, com base no entendimento do
leitor, como válidas, independentemente de suas diferenças.