>> COM GEERTZ (NOS PRIMEIROS DOIS TEXTOS), A GENTE CONSEGUIU

ESTABELECER UMA OUTRA PERCEPÇÃO SOBRE O PROCESSO

INTERPRETATIVO NA ANTROPOLOGIA. ESSA PERCEPÇÃO VEM DA
NECESSIDADE DE SE PERCEBER OS DIVERSOS ELEMENTOS
CULTURAIS NÃO COMO “COISAS” ESTAGNADAS EM SEUS SENTIDOS,
MAS COMO PROCESSOS EM CONTÍNUA TRANSFORMAÇÃO, QUE
DEVEM SER PENSADOS A PARTIR DE UMA LOCALIZAÇÃO NO ESPAÇO –
TEMPO (UM CONTEXTO) E EM COMO OS MESMOS SÃO PERCEBIDOS
POR AQUELES QUE AFETAM E SÃO AFETADOS. IMAGINEM A JÁ
CONHECIDA “TEIA DE SIGNIFICADOS”, QUE SE INTERCONECTAM. EU
VOU ALÉM E PENSO NUMA REDE DE NEURÔNIOS

>> NESSA VIRADA INTERPRETATIVA DA ANTROPOLOGIA, O PAPEL DE

VICTOR TURNER É ESSENCIAL. COMO VEREMOS, ELE VAI TRAZER
ESSE ELEMENTO INTERPRETATIVO DOS PROCESSOS SOCIAIS, TAL
QUAL GEERTZ, MAS EXPLICITANDO O CARÁTER EXTREMAMENTE
DINÂMICO DOS SIMBOLOS.

>> VICTOR WHITTER TURNER (1920-1983) É UM ANTROPÓLOGO

ESCOCÊS QUE CENTROU INVESTIGAÇÕES SOBRE OS RITOS EM GERAL
E SOBRE A EFICÁCIA DOS SÍMBOLOS NOS PROCESSOS RITUAIS E
SOCIAIS. SEU GRANDE CAMPO DE PESQUISA E DE VIDA FOI ENTRE OS
NDEMBU, POVO DE ORIGEM BANTU QUE VIVE NO ENTRONCAMENTO
ENTRE CONGO, ANGOLA E ZAMBIA. SUAS PRINCIPAIS OBRAS SÃO:
“CISMA E CONTINUIDADE” (AINDA NÃO TRADUZIDA), “FLORESTA DE
SÍMBOLOS” E O “PROCESSO RITUAL” (JÁ TRADUZIDAS).

>> JÁ NO FIM DA SUA VIDA (MORREU CEDO – COM 63 ANOS EM 1983),

ELE VOLTOU SEUS ESTUDOS PARA A ANTROPOLOGIA DA
PERFORMANCE E DA EXPERIÊNCIA. AI AQUI NÓS TEMOS DOIS OUTROS
ALGUNS OUTROS LIVROS DELE: “DO RITUAL AO TEATRO” (DE ONDE SAI
ESSE TEXTO DE HOJE), “DRAMAS, CAMPOS E METÁFORAS,
“ANTROPOLOGIA DA EXPERIÊNCIA” E “ANTROPOLOGIA DA
PERFORMANCE”
>> TURNER É INFLUÊNCIA DE MUITOS DOS NOSSOS ANTROPÓLOGOS
DA “VELHA GUARDA”, QUE FORAM SEUS ALUNOS OU TIVERAM
CONTATO FORTE COM ELE: DAMATTA, YVONNE MAGGIE, MARIA LAURA
VIVEIROS DE CASTRO.

1 – MAS O QUE ELE ABORDA NESSE TEXTO?

“LIMINAL AO LIMINOIDE: EM BRINCADEIRA, FLUXO E RITUAL.UM ENSAIO

DE SIMBOLOGIA COMPARATIVA”, É UM TEXTO DE 1982 (JÁ FASE FINAL
DA OBRA DE TURNER). NÃO SÓ NESSE TEXTO, MAS NA OBRA DE ONDE
ELA SAI E NAS OBRAS SEGUINTES, TURNER VAI ANALISAR A DINÂMICA
RELACIONAL DOS SÍMBOLOS DENTRO DO PROCESSO SOCIAL. MAS
AQUI ELE JÁ EXPANDE DOS ESTUDOS DE SOCIEDADES DITAS
“TRADICIONAIS” E COMEÇA A TRAÇAR UM PARALELO ENTRE O QUE
ELE OBSERVOU NESSAS SOCIEDADE E O QUE NÓS TEMOS NAS
SOCIEDADES DITAS “MODERNAS” (PRINCIPALMENTE, MAS NÃO
RESTRINGINDO, AS SOCIEDADES PÓS – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL);

2 – SÓ VOLTANDO UM POUCO: NOS TEXTOS QUE DÃO CORPO A SUA

OBRA (CISMA – FLORESTA – O PROCESSO RITUAL -FORA OUTRAS), ELE
VAI PERCEBER QUE A ORGANIZAÇÃO SOCIAL NDEMBU ERA MUITO
INSTÁVEL PARA DESCREVÊ-LA ETNOGRAFICAMENTE COM
SEGURANÇA: AS PESSOAS TROCAVAM DE FILIAÇÕES, ALIANÇAS E
VÍNCULOS COM FAMÍLIAS, FACÇÕES E ALDEIAS COM MUITA
FREQUÊNCIA. TODAVIA, UMA COESÃO SOCIAL ESTAVA LÁ, POSTA.
DESCOBRIU QUE A CONTINUIDADE DA VIDA NDEMBU ERA GARANTIDA
POR RITUAIS QUE RESUMIAM OS VALORES COMUNS.

3 - OS RITUAIS, NA CONCEPÇÃO TURNERIANA, REFEREM-SE A

SITUAÇÕES PRODUZIDAS PARA QUE A COLETIVIDADE POSSA
DISTANCIAR-SE DE SI MESMA E VER-SE EM PERSPECTIVA, TENDO
FUNÇÃO FUNDAMENTAL PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E A
RESTAURAÇÃO DA VIDA SOCIAL. DESTE MODO, ELES SERIAM LÓCUS
PRIVILEGIADOS PARA A OBSERVAÇÃO DE DIMENSÕES PROCESSUAIS E
CONFLITIVAS DA ESTRUTURA, ENTENDIDA COMO CONJUNTO DE
POSIÇÕES E SITUAÇÕES SOCIAIS ESTÁVEIS E REGULARES. OS
SÍMBOLOS, POR SUA VEZ, SÃO DEFINIDOS COMO ARTICULADORES DE
PERCEPÇÕES E CLASSIFICAÇÕES, DOTADOS DE DIMENSÃO
SENSORIAL E IDEACIONAL, CAPAZES DE IMPELIR E ORGANIZAR A AÇÃO
E A EXPERIÊNCIA HUMANAS.

4 – NESSE TEXTO, TURNER VAI MOSTRAR ALGUNS MECANISMOS ONDE

NOVOS SÍMBOLOS TENDEM A SER GERADOS, COMO UMA FORMA DE
DAR CONTA DO DINAMISMOS DA EXPERIÊNCIA HUMANA.

5 – O INÍCIO DO TEXTO VEM COM TURNER DIFERENCIANDO

SIMBOLOGIA COMPARATIVA, SEMIÓTICA E ANTROPOLOGIA SIMBÓLICA.
AQUI ELE MEIO DE DEIXA CLARO QUE SUA IDEIA DE SIMBOLOGIA
COMPARATIVA ESTÁ QUASE QUE NUM “MEIO TERMO” ENTRE A
ABRANGÊNCIA MAIOR DA SEMIOLOGIA (TEORIA GERAL DOS SIGNOS E
SÍMBOLOS) E A ABRANGÊNCIA MAIS LOCALIZADA DA ANTROPOLOGIA
SIMBÓLICA. ELE RELEMBRA A DIVISÃO DA SEMIÓTICA E DEIXA CLARO
QUE A SUA SIMBOLOGIA COMPARATIVA POSSUI DIMENSÕES
SEMÂNTICAS.

LER CITAÇÃO MARCADA PÁGINA 26 (PG 216)

6 – MAS TURNER DEIXA CLARO QUE ELE VAI MAIS ALÉM. COMO ELE
DIZ, “A SIMBOLOGIA COMPARATIVA FAZ MAIS DO QUE MERAMENTE
INVESTIGAR GÊNEROS CULTURAIS ABSTRATOS DA ATIVIDADE SOCIAL
HUMANA.”. ELA DEVE IR ALÉM

LER CITAÇÃO MARCADA PÁGINA 27 (PG 216)

7 – TURNER CONSIDERA SÍMBOLOS COMO SISTEMAS DINÂMICOS

SOCIAIS E CULTURAIS, QUE VÃO ACUMULANDO/GANHANDO E
PERDENDO SENTIDOS AO LONGO DO TEMPO. È A IDEIA DE “SISTEMAS
SEMÂNTICOS DINÂMICOS”.
LER CITAÇÃO MARCADA PÁGINA 28

8 – AI É QUE VEM O “PULO DO GATO”: ELE DIZ QUE UMA ANÁLISE QUE
ENXERGUE OS CONJUNTO DE SÍMBOLOS NUM DADO CAMPO DE
OBSERVAÇÃO COMO ALGO “ATEMPORAL, SINCRÔNICO E FECHADO”,
VAI RESULTAR NUMA ANÁLISE ENVIESADA PARA O CAMINHO DA
OPOSIÇÃO BINÁRIA (TENDEMOS A PENSAR EM TERMOS DUAIS DE
FORMA ARBITRÁRIA).

LER CITAÇÃO MARCADA PÁGINA 28-29

9 – QUANDO ENRIJECIDOS NESSA ANÁLISE, TURNER APONTA QUE SE

PERDE DE VISTA O POTENCIAL CRIATIVO E INOVADOR DOS SÍMBOLOS.
PERDE-SE DE VISTA O SE CARÁTER RECOMBINANTE, DE
CONCORDÂNCIA, DE APARENTE OPOSIÇÃO. ELEMENTOS QUE NA
CAMINHADA DA PERFORMANCE CONSTANTE, LEVA A CRIAÇÃO DE
ALGO NOVO (COMO VEREMOS MAIS AO FIM DO TEXTO DELE).

10 – AÍ QUE O GATO PULA DE NOVO. A SIMBOLOGIA COMPARADA

AVANÇA SOBRE A ANTROPOLOGIA SIMBÓLICA DE GEERTZ AO
ANALISAR OS GÊNEROS SIMBÓLICOS PRESENTES NAS SOCIEDADES
COMPLEXAS / MODERNAS. ISSO APROXIMA A ANTROPOLOGIA DE
OUTRAS ÁREAS (TURNER ERA FILHO DE DIRETORA DE TEATRO E
CASADA COM UMA ANTROPÓLOGA E ATRIZ DE TEATRO – ELE FALA
DISSO EM UM DOS SEUS LIVROS, SOBRE ESSA PROXIMIDADE COM
OUTRAS ÁREAS).

11 – COMO ELE DÁ ESSE PULO DO GATO 2.0? A PARTIR DA OBRA DE

VAN GENNEP E SEUS “RITOS DE PASSAGEM” (OU RITOS DE CRISE DE
VIDA).

12 – ELE LEMBRA NO TEXTO DAS FASES DESSES RITOS DESCRITOS

POR VAN GENNEP: A) SEPARAÇÃO; B) TRANSIÇÃO; C) REAGREGAÇÃO;
ELE CENTRA SUA ATENÇÃO NA FASE DE TRANSIÇÃO E COMO, A
DEPENDER DE QUEM ETÁ INSERIDO NESSES RITOS, A TRANSIÇÃO É
IRREVERSÍVEL.

VAI FOLHEANDO ALGUMAS PARTES DAS PÁGINAS ENTRE 31 E 34

13 – A FASE DE TRANSIÇÃO É IMPORTANTE PARA TURNER PORQUE É

NELA QUE A “COISA PEGA FOGO”. QUANDO FALO FOGO, FALO MESMO
NA IDEIA DE QUE COISAS SÃO DESTRUÍDAS, TIRADAS, USURPADAS,
APAGADAS. NESSE TEMPO SUSPENSO, REGRAS, CONTRATOS E
DIREITOS SÃO RASGADOS OU POSTOS DENTRO DA GAVETA. É NESSE
PONTO QUE TEMOS O TERMO “LIMINARIDADE” (LER PÁGINA 31)

14 – NA LIMINARIDADE, OS SÍMBOLOS ANTIGOS E OS NOVOS AINDA

NÃO ESTÃO COMPLETAMENTE FIXOS. ELES ESTÃO SENDO
DIRECIONADOS A SUA POSIÇÃO ESTRUTURAL, MAS ENCONTRAM-SE
AINDA “SOLTOS”. E É ESSE DINAMISMO QUE FAZ COM QUE O PERÍODO
LIMINAR SEJA UM PERÍODO CRIATIVO. NO LIMITE, A GENTE RI COM OS
SÍMBOLOS E ELES RIEM COM A GENTE.

LER CITAÇÕES PÁGINA 35 (AS DUAS)

15 – NESSE JOGO COM OS SÍMBOLOS, COMO TURNER DISSE, NÓS

BRINCAMOS (CITAR OS TRECHOS DE SUTTON). BRINCAMOS DE
RECOMBINAR SÍMBOLOS, SEJA PARA CONSTRUIR ALGO NOVO, SEJA
PARA TEMER O NOVO E SE RESGUARDAR NO QUENTINHO DO STATUS
QUO.

16 – E AQUI TURNER PULA FELINAMENTE DE NOVO E VAI PENSAR

NISSO A PARTIR DE UM ELEMENTO CARACTERÍSTICO DAS
SOCIEDADES COMPLEXAS: A DIVISÃO TRABALHO/LAZER.

FIM