>> PRIMEIRAMENTE, UMA CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE ESSE TEXTO:

EM 1980, TURNER ORGANIZOU UM SIMPÓSIO SOBRE A ANTROPOLOGIA

DA EXPERIÊNCIA. DESSE SIMPÓSIO, RESULTOU O LIVRO
“ANTHROPOLOGY OF EXPERIENCIE (1986), PUBLICADO TRÊS ANOS
APÓS A SUA MORTE.

>> NESSE TEXTO, TURNER ARTICULA UM DIÁLOGO COM O

FILÓSOFO/SOCIÓLOGO/PEDAGOGO WILHELM DILTHEY E COM O
FILÓSOFO/PEDAGOGO JOHN DEWEY, SEMPRE COM O SÍMBOLO, O
RITUAL, O DRAMA E A LIMINARIDADE COMO PONTO FUTURO.

>> O NOME DO TEXTO JÁ DENOTA O FIO CONDUTOR: A EXPERIÊNCIA.

LOGO NO INICIO, ELE DESTACA QUE A ANTROPOLOGIA É A DISCIPLINA
MAIS ENRAIZADA NA EXPERIÊNCIA SOCIAL E SUBJETIVA.

>> ORA, E NÃO É ISSO QUE CAPTAMOS DESDE O INICIO DA NOSSA

DISCUSSÃO SOBRE A ANTROPOLOGIA, LÁ COM GEERTZ E A FORMA DE
APREENSÃO DA TRAMA DE SIGNIFICADOS? AO OBSERVAR A AÇÃO DE
INDIVÍDUOS E GRUPOS, A EXPERIÊNCIA HUMANA DE “SER NO MUNDO”,
BUSCAMOS O SIGNIFICADO IMPREGNADO NESSES ATOS.

LER CITAÇÃO 01 (PG 177)

>> ESSA BALANÇA ENTRE PASSADO E PRESENTE É ESPECIALMENTE

DRAMÁTICA – VEJAM COMO ESSA PALAVRA PERMEIA TODA A OBRA DE
TURNER – E ELE FALA COMO O PENDER PARA CADA LADO DA
BALANÇA TEM SUAS CONSEQUENCIAS. ACABA SENDO AQUELA VELHA
DISCUSSÃO ENTRE TRADIÇÃO E MODERNIDADE, E COMO NOS
FILIAMOS A CADA UMA DESSAS “FACÇÕES”, POR ASSIM DIZER.

LER CITAÇÃO 3 (PÁGINA 177)

>> PARA EFETIVAMENTE COMEÇAR A DISCUSSÃO, ELE PARTE PARA

DISCUSSÃO COM A VISÃO DE DEWEY. SEGUNDO TURNER, DEWEY
APONTA QUE AS OBRAS DE ARTE FUNCIONAM “CELEBRAÇÕES DA
EXPERIÊNCIA COTIDIANA”, NUM CONTRAPONTO À IDEIA CAPITALISTA
DA SEPARAÇÃO DA ARTE DO RESTO DA VIDA HUMANA.

LER CITAÇÃO 01 (PG 178)

>> GUARDEM ESSA QUESTÃO SOBRE “ESTÉTICA”, QUE SERÁ

IMPORTANTE POSTERIORMENTE.

>> AVANÇANDO, E TRAÇANDO UMA LIGAÇÃO COM DILTHEY, ELE

RELEMBRA QUE ESTE DIFERE “EXPERIÊNCIA” E “UMA EXPERIÊNCIA”.

>> A EXPERIÊNCIA PURA E SIMPLES É A “PASSIVA RESIGNAÇÃO E

ACEITAÇÃO DOS EVENTOS”. É O REPETITIVO, O COTIDIANO, O QUE SE
COLOCA NO FLUXO SOCIAL.

EXEMPLO: NA MINHA VIDA RELIGIOSA, PASSAMOS POR UMA SÉRIE DE

PROCESSOS RITUAIS QUE SÃO COMUNS

>> JÁ “A EXPERIÊNCIA”... AH... É O QUE NOS MARCA A FERRO E FOGO.

VOCÊS LEMBRAM DO ÚLTIMO BEIJO QUE DERAM? E DO PRIMEIRO?
QUEM LEMBRA DA AULA DA SEGUNDA TERÇA FEIRA DE ABRIL? QUEM
LEMBRA QUANDO ENTROU NA UFCG PELA PRIMEIRA VEZ?

>> ESSA “UMA EXPERIENCIA” OU “A EXPERIÊNCIA” DESTACA-SE NO

NOSSO FLUXO TEMPORAL. ELA NÃO TEM UM INICIO OU FIM
DEMARCADO (E FALO DA EXPERIENCIA, E NÃO DA AÇÃO EM SI): ELA
TEM UMA INICIAÇÃO E UMA CONSUMAÇÃO (COMO DIRIA DEWEY)

>> PARA DILTHEY, ESSAS EXPERIENCIAS DESTACADAS DO FLUXO, DA

ROTINA, DO COTIDIANO, POSSUEM SUAS FASES DISTINGUIVEIS. E É
IMPORTANTE DESCACAR QUE ELA NÃO SE RESTRINGE AO
PENSAMENTO: ELA NOS TOMA DE CORPO E ALMA.
>> SABE O ARREPIO NA ESPINHA DO PRIMEIRO ENCONTRO? O MEDO
DA PROVA DO ENEM (MEU TEMPO ERA O VESTIBULAR MESMO...
KKKKK), O ERIÇAR DE PELOS DO PRIMEIRO GRITO DE GUERRA NA
MANIFESTAÇÃO? PARA DILTHEY, ESSE É O PRIMEIRO SINAL – DOR OU
PRAZER, ATENTEM-SE NA DICOTOMIA – DA EXPERIENCIA.

>> PRECISAMOS PROCESSAR AQUILO, ENTÃO EVOCAMOS TODA A

CARGA DE CONHECIMENTO QUE TEMOS, DE EXPERIENCIAS PASSADAS
– NOSSAS E DOS NOSSOS MAIS VELHOS, DO QUE SENTIMOS E
OUVIMOS FALAR ANTERIORMENTE – QUE SURGIRÃO PARA
REORGANIZAR AQUILO QUE CAPTAMOS NO MUNDO DOS SENTIDOS. É
UMA FORMA DE CONTEXTUALIZAR UMA SITUAÇÃO APARENTEMENTE
NOVA.

>> SÓ ASSIM PROCESSAMOS E OBTEMOS AQUILO QUE NOS É MAIS

SAGRADO: O SIGNIFICADO. LEMBRA ALGUMA COISA A VOCÊS? E SE EU
COLOCAR EM TERMOS “GRUNEWALDIANOS”?

>> ENTÃO A GENTE VÊ TRÊS ELEMENTOS AQUI: 1) DOR E PRAZER

COMO MARCADORES DE UMA EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA (A
GRADAÇÃO DELES VAI DIZER SE É OU NÃO SIGNIFICATIVA); 2)
RECORRO A UMA BIBLIOTECA SIMBÓLICA – MINHA E DOS MEUS, REAL
OU MÍTICA - PARA ESTABELECER UM PROCESSO COMPARATIVO
ENTRE A EXPERIENCIA PASSADA E A ATUAL; 3) CONSTRUÇÃO DO
SIGNIFICADO DAQUELE ACONTECIMENTO.

>> E QUANDO FALO EM SIGNIFICADO, COMO ALERTA DILTHEY, NÃO

FALO DE UM PROCESSO VALORATIVO. O VALOR DA AÇÃO É
ESTABELECIDO DURANTE O ATO, MAS NEM SEMPRE ELE VAI ESTAR NO
SIGNIFICADO. E ISSO, SEGUNDO TURNER, É UMA VITÓRIA DO
COGNITIVO, JÁ QUE DURANTE A EXPERIENCIA MARCANTE, SOMOS
INUNDADOS PELA EMOÇÃO E PELO DESEJO (E, CONSEQUENTEMENTE,
PELA VALORAÇÃO).
>> AQUI ELE CITA A DIFERENÇA ENTRE AS SOCIEDADES PRÉ-
INDUSTRIAIS E AS MODERNAS. SE ANTES, ANDÁVAMOS NOS OMBROS
DA TRADIÇÃO, QUE VIRAVA NOSSA PERCEPÇÃO A DETERMINADOS
SIGNIFICADOS, HOJE ESTAMOS SOZINHOS, E SOMOS ESTIMULADOS A
PROCURAR ESSA SIGNIFICAÇÃO EM NÓS MESMOS, E NÃO
“TERCEIRIZAR”.

>> AQUI, TURNER COMEÇA A CONECTAR ESSES ELEMENTOS COM A

IDEIA DE DRAMA SOCIAL. PRIMEIRAMENTE ELE PUXA DILTHEY DE
NOVO À CONVERSA:

LER CITAÇÃO 01 (PG 180)

>> DEWEY ESTABELECE UMA CONEXÃO INTRINSICA ENTRE A

EXPERIENCIA E A FORMA ESTÉTICA. ELE DIZ QUE TODOS OS SERES
TEM SUA VIDA ENRIQUECIDA PELOS PROCESSOS DE DISPARIDADE E
RESISTENCIA POR QUAL PASSARAM. MAS NÓS HUMANOS
MANIFESTAMOS ISSO. EM RESUMO: TODOS OS SERES VIVOS PASSAM
POR CORRES E PERRENGUES, MAS SÓ O SER HUMANO FOFOCA
SOBRE ISSO.

LER CITAÇÃO CANETA (P. 181)

>> ENTÃO VEM A LIGAÇÃO COM O DRAMA SOCIAL, QUE, PARA TURNER,
CONSTRÓI-SE A PARTIR DE UMA ESTÉTICA “DRAMÁTICA”. E ENTÃO ELE
CONSTROI O PARALELO ENTRE O DRAMA E A EXPERIENCIA, DIZENDO
QUE SE ELA SE COMPLETA (CHEGA A CONSUMAÇÃO), O SIGNIFICADO
EMERGE ENQUANTO RESULTADO “ESTÉTICO” (RESTAURAÇÃO, CISÃO,
VOLTA A NORMALIDADE, ETC).

>> PARA TURNER, ESSA AÇÃO REPARADORA ELA NASCE DESSA

BUSCA DE ENTENDIMENTO, DESSA FRICÇÃO ENTRE NORMA E
NOVIDADE, ENTRE ESTRUTURA E AÇÃO. PENSEM NAQUELA
ESTRUTURA DA EXPERIENCIA QUE FALAMOS AINDA AGORA. ELA É
ESSE BALANÇO ENTRE A TRADIÇÃO E O “INTENSO AGORA”. E É NO
RESULTADO DISSO
QUE TEMOS A REPARAÇÃO, SEJA O REAGRUPAMENTO, SEJA A
SEPARAÇÃO. E ISSO DEPENDE DOS FATORES QUE ESTÃO LÁ,
EXERCENDO PRESSÃO PARA A CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO: LEI,
CRENÇA, ETC.

LER CITAÇÃO GRANDE CANETA ENTRE PG 182 E 183

>> NOSSOS DRAMAS MODERNOS, ARTISTICOS, TAMBÉM EVOCAM ISSO.

E, COMO FALAMOS NO TEXTO PASSADO, ELESTEM ESSA FUNÇÃO.
PENSEM COMIGO: SE TIVESSEMOS QUE REFLETIR SOBRE A GUERRA
EXCLUSIVAMENTE A PARTIR DO CONFLITO ARMADO, ESTARIAMOS
AQUI?

>> É POR ESSE DIRECIONAMENTO FORTE AO SIGNIFICADO QUE O

COMPONENTE ESTÉTICO SE FAZ TÃO FORTE. EU PRECISO COMUNICAR
UM SIGNIFICADO AO MUNDO, ENTÃO VOU CARREGAR NAS TINTAS
PARA QUE A MENSAGEM CHEGUE.

>> E É JUSTAMENTE AQUI QUE TURNER MOSTRA QUE OS RITUAIS

REPARADORES QUE ESTAMOS ACOSTUMADOS A PENSAR NO DRAMA
SOCIAL, SE FAZEM PRESENTES NOS GÊNEROS SIMBÓLICOS DA
MODERNIDADE: TEATRO, CINEMA, QUADRINHOS, LITERATURA, ETC.

>> PARA TURNER, A FASE LIMINAR DOS RITOS DE CRISE PERMITEM UM

ESPAÇO, UM LÍMEN, UM PALCO, PARA QUE A ESTRUTURA DA
EXPERIENCIA SE FORME A PARTIR DAS IDEIAS AMBIGUAS, SIMBOLOS
SAGRADOS, MONSTRUOSOS, ETC. É AQUI QUE SE COMEÇA A EREGIR
UM SIGNIFICADO QUE VAI EMERGIR NA ESTÉTICA RITUAL.