Você está na página 1de 24

AO LEITOR

APOSTILAS UMBANDA NATURAL MAIS UMA VEZ TRAZENDO INFORMAÇÕES


COERENTES PARA VOCÊ.

DE FORMA SIMPLES E PRÁTICA, FAZEMOS SEU INTENDIMENTO SER MUITO MAIS


PRECISO E COMPLEXO.

EM NOSSO MATERIAL FOCAMOS SEMPRE A INFORMAÇÃO DE MODO QUE


INCENTIVE O ESTUDO E APERFEIÇOAMENTO DE CONHECIMENTO DENTRO DA
RELIGIÃO, PROCURAMOS UTILIZAR UMA LINGUAGEM ''‘informal’'', OU SEJA, UMA
LINGUAGEM FORA DA GRAMÁTICA LINGUÍSTICA CULTA.

MAS NÃO PARA DESMORALIZAR OS DIALETOS, E SIM, FAZER QUE O INTENDIMENTO


SEJA SATISFATÓRIO.

NÃO ADIANTA CRIAR UM DOCUMENTO TOTALMENTE DOTADO DE PALAVRAS


FORMAIS E ATÉ MESMO UTILIZAR OS VERDADEIROS DIALETOS, POIS, MUITAS
PESSOAS NÃO TERIAM NOÇÃO DO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO ALI.

DENTRO DESTE CONCEITO QUE DESENVOLVEMOS ENTÃO NOSSO MATERIAL,


SIMPLES, MAS PRECISO.

AO DECORRER DA LEITURA, VOCÊ OBSERVARÁ TODOS OS REGISTROS SOBRE O


ASSUNTO REFERIDO E TER A CERTEZA DE COMO FAZER E PROCEDER COM O
MESMO.

É IMPORTANTE LEMBRAR SEMPRE QUE, NINGUÉM FAZ NADA IGUAL A NINGUÉM E


LOGO, PODE ACONTECER DE ALGUMAS INFORMAÇÕES SEREM ADVERSAS DE
OUTRAS QUE VOCÊ JÁ POSSUI.

PORÉM SEMPRE DEVE SER VISADO QUE CONHECIMENTO NUNCA É DEMAIS, E TUDO
O QUE APRENDEMOS NA VIDA HÁ ELA DEVE SER AGREGADO.

NOSSO MATERIAL É PRODUZIDO A PARTIR DE DEPOIMENTOS DE PESSOAS ANTIGAS


DA RELIGIÃO, NÃO COM O INTUITO DE BANALIZAR A MESMA, MAS SIM, DE
PROPAGAR O CONHECIMENTO PARA EVITAR QUE ELA SE PERDA E QUE SEJA
PRATICADA DE FORMA ERRADA.

SUGIRO QUE PARA TORNAR SUA ASSIMILAÇÃO MAIS PRECISA AGREGUE O


CONTEÚDO DE UMA APOSTILA COM O DE OUTRA, POIS EXISTEM INFORMAÇÕES
QUE ESTÃO DIVIDIDAS EM OUTROSEXEMPLARES.

BOA LEITURA!
FUNDAMENTOS DO POTE DE ABO
Em todo o Candomblé de N’gola “Angola” o banho de abo é popular e cheios de
segredos e rodeado de histórias e experiências. O que nos motiva a escrever
sobre ele, pois tudo que é popular acaba criando muitos mitos e inverdades sobre
o mesmo.
O abo ficou tão famoso que acaba ganhando espaço até dentro de culturas e ritos
semelhantes, como na Umbanda e algumas casas de culto de Ketú e Djedje, esse
agregamento do banho de abo pode ser entendido por diversas formas:
- O sacerdote já foi ou é de Angola.
- As pessoas vão até os templos e procuram pelo abo, o que estimula a adoção.
- Por falta de conhecimento, se adota o mais obvio e popular
- Se todos falam e usam, então deve ser bom, vou fazer!
Novamente não vamos julgar se é certo ou errado agregar um fundamento de
nação em outras religiões, mas você poderá nesse material obter informações
valiosas que irão desmistificar por si só, e fazer esse julgamento. Mas o popular é
que:

Candomblé de Ketú utiliza Omieró.


Candomblé de Angola utiliza Abo
Candomblé de Djédjé utiliza Omam
Umbanda utiliza Amaci
Nem toda maceração de folhas com água é a mesma coisa, e tem o mesmo efeito,
cada cultura tem seus rituais e suas combinações de folhas para atingir seus
objetivos. Vamos juntos desvendar os segredos do Ni risanga abo, e entendermos
o que significado e função dentro do Candomblé tradicional de N’gola, culto aos
J’kisis africanos.

PERMITA SE, CULTUE COM ALEGRIA


KUTANGA ABO
HISTÓRIA DO ABO
Em uma tribo em Luanda, localizada em Angola, África. Houve um tempo de
muita prosperidade e abundancia. Sem guerras e sem mortes, a fome tinha
perdido seus devotos e agora a fartura estava no auge.
Tudo isso graças ao culto aos J’kisis “Plural de N’kisi” que sempre fora o foco
das tribos de Luanda. Cada tribo com seus N’kisi e todos louvavam a N’Zamby
“o grande Deus criador” por todas as bênçãos lançadas sobre sua nação.
Não demorou para essa prosperidade chamar a atenção de seus vizinhos, que no
passado travavam guerras contra as tribos de Luanda e agora viviam em paz. Mas
o desejo de saquear e roubar Luanda era grande, pois nenhum trato de paz pode
segurar um povo faminto que vivi as margens da fartura que era Luanda.
O povo então, envaidecidos com sua nova condição social, não mais caçavam e
nem treinavam a arte da guerra, tornando se um povo gordo e fraco, inteligentes
nas negociações e ardilosos para conseguir vantagens sobre outros povos,
desviando seu caráter para os maus caminhos corrompidos pelo dinheiro.
E nada disso agradou, nem aos anciões que lembravam do tempo da fome e nem
aos J’kisis. Que não demoraram para agir e mostrar para os Luando que estavam
indo para a direção errada na evolução de seu povo.
Não demorando e o povo de Kongo do reino de Ndongo invadiram Luando e
dominaram seu povo. “Invasão que perdurou até 1600 depois de cristo”
O povo rogava a seus J’kisis, mas nenhum atendia com ferocidade como
antigamente, não havia sinceridade e comoção nos seus pedidos. Todos J’kisis
permitiram a invasão e até já planejavam uma miscigenação do povo Luando
com os Kongo. Reis e rainhas de ambas as nações casavam se, para forma
alianças, mas o poder sempre ficava na mão dos Ndongo.
O povo Luando, sempre vivendo a margem da sociedade que predominava, com
seus deuses e ritos, comidas e festas. As tribos tinham se fundido, mas a cultura
basicamente tinha desaparecido. Povo Luando eram massacrados e vendidos
como escravos para outras nações. E vendo tudo isso acontecendo, muitos
anciões se uniram e se afastaram das maiores tribos, indo para as florestas e
desertos, procurar pelos seus J’kisis, que em outras épocas, vinham até eles para
lutarem junto suas batalhas.
Muitos jovens acompanharam os seus avôs e avós para essa busca, mas já
estavam todos corrompidos com a falta de crença e a vaidade moderna.
Aluviá, N’kisi poderoso da comunicação, ainda acreditava no potencial desse
povo e não quis desistir do mesmo. Ele conseguiu convence os demais J’kisis
que testassem os seus descendentes e dessem outra chance a eles.
Aluviá, ficou responsável por observar e passar os testes a esse povo. Quando o
mesmo se aproxima do maior aglomerado de anciões e jovens. Ele percebe que
todos estavam fazendo jejum a três dias, e rezavam constantemente. Mas os
jovens, saiam de madrugada para caçar e se alimentar, quebrando assim o trato
de jejum. Aluviá ficou irado com o desrespeito e lançou uma maldição no grupo
rebelde, e começou a chover apenas sobre eles, enquanto se alimentavam. O
desespero foi gigantesco quando eles perceberam que, de acordo com que a
chuva caia, os mesmos estavam derretendo como cera ao fogo. Seus gritos
chamaram a atenção de todos, que dormiam longe dali. E correndo, chegaram a
tempo de ver o ultimo jovem se
transforma em uma poça de lama
gosmenta.
Desespero, medo e agonia
surgiram no coração de quem
assistia, mas suas bocas só
perguntavam, porque? E quem?
Aluaiá não demorou e lançou
sobre os anciões e demais jovens que não estavam no grupo rebelde, diversas
Olobassa “Cebolas”. E logo os anciões lembraram desse método de comunicação
com as divindades.
O dia clareou, e todos sentaram se em círculo, e começaram a jogar as cebolas, e
Aluviá estipulou que, cumprissem três tarefas e a cada uma cumprida, a outra
seria revelada.
A primeira, todos os jovens e apenas os jovens, deveriam recolher materiais na
floresta e leito do rio, e construísse uma choupana, com madeira, folhas e palha.
Sem experiência com construções, ou exploração dessas regiões, os jovens
demoraram muito para conseguir. Os anciões, mesmo sabendo não podiam
ajudam e nem palpitar sobre nada. Alguns jovens se machucaram levemente e
gravemente. E outros até morreram por ataque de animais. Mas no fim foi
construído de acordo como Aluviá pediu.

Então dentro da choupana, todos se reuniram e jogaram a Olobassa. E Aluviá


manifestou se, sua voz ecoava dentro da estrutura como um trovão, e todos se
amedrontaram. E a voz dizia:
_ Jovens, sua força não é nada, se não houver a sabedoria dos antigos, ouvem a
voz dos anciões, eles detêm a experiência o conhecimento. Mas agora que
descobriram a força que vocês têm, os anciões iram transmitir a sabedoria para
vocês vencerem o dominador. Os jovens dormiram do lado de fora, e os anciões
ficaram dentro, preparando conhecimentos e magias para iniciar os jovens a
seus N’kisi.
Jovens, pela manhã, deverão usar da argila formada pelo corpo de seus
semelhantes, para criarem três potes de barros, e entrega-los aos anciões.
Assim aconteceu, os Jovens confeccionaram três potes
grandes, usando da argila da maldição de Aluviá sobre os
rebeldes. E posicionam na lateral da choupana.
Enquanto isso, os anciões colhiam, animais, favas, folhas,
raízes e tudo que deveria ser usada nas preparações.
Assim, se completava a segunda tarefa.
Os anciões se reúnem dentro da choupana e descobrem a
última tarefa, e se surpreendem. Até questionam se isso
seria realmente útil para atual situação de todos ali, mas
no final, concordaram e transmitiram aos jovens.
A terceira tarefa e as revelações do futuro para com os jovens de Luando.
Os Anciões prepararão três misturas magicas, e depositaram nos potes. Todos os
jovens e anciões esperaram sete dias, em jejum total. Após isso, uma Olobassa
será lançada e um jovem por dia será escolhido. Esse escolhera um pote e tomara
de seu liquido e se banhara de suas águas. Entrara na choupana e seus anciões
revelaram seu destino na sociedade e o mesmo deverá parti em busca desse
destino. Cada pote detém um poder diferente e cada um terá sua participação, os
J’kisis não entregaram mais a vitória em nossas mãos, agora devemos desperta
nossas capacidades e conquistar por nossa força e esforços próprios.
Então assim aconteceu. Passando sete dias, sol após sol, todos aguardaram.
Iniciando então a função. Dia após dia um jovem se era escolhido, cumpria o
ritual e entrava. Seu destino era revelado e o segredo de seu pote também.
-Alguns seguiam o destino de se tornarem guerreiros e lutar contra os
dominadores, formando uma resistência e até liderando guerras.
- Alguns seguiam o destino de se tornarem sacerdotes, e não deixaram o segredo
do culto morrer, mesmo que eram vendidos como escravo.
- Outros viraram cidadãos e lutavam dentro da sociedade de forma política, para
que a cultura e o povo conseguissem a liberdade desejada.
- Outros ganharam destinos curtos, seguidos de morte.
Mas todos receberam o conhecimento de seus potes e deveriam replica lo, para
sempre se banhar com as águas e beber do mesmo quando necessário.
Os jovens se sentiram renovados e com uma capacidade enorme de vencer, pois
passaram um dia inteiro recebendo ensinamentos e revelações dos anciões. E
confiante no seu destino, saiam pela porta dos fundos e iam à procura da vitória.
Os J’kisis não mais lutavam pelo seu povo, mas também não os abandonou,
vendo que a vaidade e a arrogância tinha sido vencidas, e os jovens tinham a
capacidade de desbravar esse novo mundo. Sabe se que Luanda foi dominada por
muitos séculos pelo Kongo e depois colonizada, mas tudo isso fazia parte do
aprendizado e formação daquele povo.
E essa luta dos jovens escolhidos por Aluviá, guerreiam e lutam por sua vitória,
geração após geração. E muitos dos seus descendentes estão no Brasil, pois a
maior parte dos escravos vieram da Angola. Talvez por esse motivo o
Candomblé de Angola foi o mais rápido a se forma, e o mais completo em
ensinamento resgatados, pois no fundo da alma dos Angolanos, existia esse
destino, já marcado por Aluviá e o abo.
O abo, um dos conhecimentos mais valiosos da Angola, entregue a seus iniciados
e praticado por todos que queiram um novo destino em sua vida.
LINGUÍSTICA & SIGNIFICADO
Antes de falarmos de fundamentos, vamos compreender um pouco de cultura
linguista que é muito importante para esse culto.
A língua usada na ritualística de Angola em geral é o Kinbundo.
NI RISANGA ABO = Tradução livre, Pote de abo
NI = “De ou da” ligando dois substantivos (ou equivalentes), diretamente ou com
auxílio de verbos de ligação, adquire os sentidos.
RISANGA = “Substantivo Masculino, significado - Nojo” Quando há o prefixo
“Ni” ficando “Ni Risanga” – Ganha o significa; pote ou vasilha pra água.
ABO = Pretérito II de kubokola = Entrar, liga-se aos prefixos de
concordância - Muene u’abo kuele = ele entrou
Etu tu abo kuele = nós entramos
Então a tradução mais correta seria:
“Com nojo, entramos”
Remetendo a história, que os jovens deviam beber e se banhar para poder entrar e
receber da sabedoria dos anciões.
O que depois se popularizou como:
“A parti do pote, entramos”
Pois, diversos tabus foram criados, recriminando que falace que o abo fedia ou
tinha nojo dele. E como toda ritualista de iniciação começa com o abo, não
poderia alimentar essa vaidade diante da necessidade de utilizar seus poderes.
Então não esqueça essa base, na Angola a palavra tem muito poder, usamos para
despertar todo o poder que vem da natureza e dos J’kisis.
Vamos apresentar os segredos dos três potes de abo e como eles devem ser
utilizados, cabe a você compreender e praticar se assim desejar. Mas é certo que
todos eles são utilizados nos terreiros de Angola, a diferença é que cada origem
vem de um jovem do passado, hora eles se encontravam e dividiam esses
segredos outrora não. Por isso que muitas das vezes algumas raízes de Angola
fazem de um jeito e outros, se a base estiver certa então existe a eficácia do abo.
Se for mero achismo, então já duvido de seu uso.
NI RISANGA ABO
- OS POTES DE ABO -
Compreendemos na história que os potes que guardam o Hamba “Encantamento”
do abo “Permissão para entrar ou iniciar um ritual” são três.
Cada um deles guarda uma porção de Hamba, e potencializa um destino na
pessoa, cada pessoa tem seu pote escolhido antes da iniciação ao N’kisi, e após
isso, não pode mais tomar de outro pote.
Quando a pessoa não irá se iniciar, mas deve tomar banho de abo, a mesma
prepara um macerado de ervas com água fresca e mistura um pouco de abo
escolhido pelo sacerdote. Mistura tudo e tome o banho, assim ela não criará
vínculo com nenhum dos potes.
ABO MANHINGA = “Permissão de Sangue” – Esse é o destino guerreiro,
ligado aos J’kisis de guerra, e conduz o Muzenza para a vitória e conquista a
parti da luta.
ABO MATUBIA = “Permissão de fogo” – Esse é o destino diplomático, ligado
aos J’kisis do fogo e da sociedade em geral. Conduz o Muzenza a uma luta
política e diplomática dentro da sociedade que habita.
ABO MENHA = “Permissão da água” – Esse é destino sacerdotal, ligado aos
J’kisis da água e do céu. Garante espiritualidade avançada e desperta de dons e
sabedoria dentro do culto, tornando o Muzenza um possível sacerdote ou pessoa
de autoridade dentro da religião.
Todos os três poderes carregam um destino diferente para seu Muzenza ou
pessoa que deseja tomar dessa força, cabe o sacerdote orientar corretamente, pois
cada um é distinto do outro.
Todos os três são usados para banhos depois de Sakulupemba “Ebó”, se assim
for orientado. Mas nem tudo se resume em banho de abo, temos uma coletânea
de apostilas que ensinam os banhos de Angola:
SAMPULA IA'ULEMBE NDUNBE - Banhos para Não iniciados
SAMPULA IA'ULEMBE MUNZENZA- Banhos para iniciados
SAMPULA IA'ULEMBE LUANU - Banhos de encantamento para iniciação
SAMPULA IA'ULEMBE KIJINGU - Banhos para pessoas de cargo
SAMPULA IA'ULEMBE SAKULUPEMBA - Banhos após limpezas
SAMPULA IA'ULEMBE ASUEKI - Banhos para diversos fins
O ABO É BOM, MAS DEVE SER USADO COM SABEDORIA E NÃO
COM PREGUIÇA DE PREPARAR UM BANHO FRESCO.
ABO MANHINGA
PERMISSÃO DE SANGUE – Esse é o destino de guerreiro, ligado aos J’kisis
de guerra, e conduz o Muzenza para a vitória e conquista a parti da luta.
Representa os J’kisis: Aluviá/ N’kosi / N’kondi / Kaviungo / N’Sumbu / N’gunzu
/ Kabila/ Mutajinji / Tawamim/ Mutalambô/ Gongobila / Mutakalambô/
N’Katende / Hongolo/ Kitembu / N’zingalobondu /
Toma se desse abo, todos que irão se iniciar para esses J’kisis ou já são iniciados,
para que a força dos mesmos sempre esteja presente em seu corpo.

Virilidade, dinamismo, força, coragem, estratégia e pensamentos rápidos são


algumas das vantagens que esses iniciados têm e são despertados e melhorados a
parti do uso continuo do Abo Manhinga.
Seu pote fica perto de Aluviá, mas toda vez que há sacrifícios para alguma dessas
divindades, deve colocar um pouco do abo em uma cabaça, deixar próximo do
assentamento do N’kisi e deixar um pouco do Manhinga “sangue”, cair sobre ele,
após um dia do sacrifício, essa porção de abo deve ser devolvido ao pote, assim o
Hamba nunca enfraquecerá.
O pote deve ser de argila, e a boca deve ser larga, para facilitar o manejo do abo,
O pote deve ser molhado com gim, vodka ou cachaça, após secar deve untar
tanto dentro quanto fora com cera de abelha, basta derrete-la a fogo baixo e
passar em todo pote.
Coloque no fundo do pote uma pedra, pega na encruzilhada e sacrifique uma
galinha de angola dentro, o sangue deve cair um pouco em Aluviá. Remova as
patas, cabeça, ponta de asa e o gogo do animal. Faça um buraco onde o pote
ficará e enterre essas partes.
Posicione o pote no local fixo dele, sobre as partes enterrados, com contato direto
com chão de terra. Retire as plumas do animal, e enfeite toda a extensão do pote,
sem deixar as penas cair dentro do mesmo. A galinha deve ser frita no dendê e
dividida entre as divindades de guerra, citadas acima.
PREPARANDO O ABO MANHINGA
Após o pote ser consagrado e estalado corretamente, podemos preparar o abo que
iniciará seu Hamba. Para isso, precisaremos das Jinsaba dia J’kisis “Folhas dos
N’kisi”
BAVU KISASA = PALMATÓRIA DO MATO
TUBIA = CANSANÇÃO
NZINGAPÉ = FOLHA DO DENDEZEIRO
DULULU = FEDEGOSO MACHO
ULUKAJI = TAMARINDO
MUKAJU = CAJUEIRO
MUMANGA = MANGUEIRA
BAÍKI = MAMONA (ROXA)
XIKUKUNIRA = JAQUEIRA
MUXERU = FRUTA-PÃO
MUEKI RIZANGA = CANA DO BREJO
NDUKU NGULU = BREDO DE PORCO
NGUMBA = CORANA
MABAIÁ = BALIEIRA
Ó SINKÔSI = ESPADA DE SÃO JORGE (VERDE)
PÓKÓ NKOSI = NATIVO VERDE (PEREGUN)
NGOZU = SÃO GONÇALINHO
BUTANU = CINCO CHAGAS
N’JILA = ERVA DE PASSARINHO
BAMBI = CORDÃO DE FRADE
M’BONGÔ = ALECRIM
BAIKI MUNDELE = MAMONA BRANCA
ULUKAJI = TAMARINDO
N’GAIM = BERDOEJA
MUMUNIÊ = UMBAÚBA (BEM POUCO)
Macere todas as folhas com água de poço e água de chuva, coe e separe o liquido
do bagaço. O Liquido deve ser jogado dentro do pote de abo. O Bagaço deve ser
fervido com cachaça ou vodka e água normal. Juntamente com raiz de dandá da
costa, fava de olho de pavão, olho de exu e garra de Exú, fava de bejelecum, noz
moscadas e cravo. Coloque um pedaço generoso de raiz de limoeiro.
Deixe ferver por um dia e uma noite, sempre acrescentando mais água, para isso
faça em um fogão a lenha com o fogo baixo. Após esse período, coe.
Jogue o bagaço de tudo próximo ao pote, para entrar em decomposição.
O liquido adquirido deve ir para o pote.
Coloque cera de abelha até tampar a boca do pote, aguarde durante sete dias até
poder usar o abo, nesse período, deve rezar as divindades de guerra e rezar o
N’gorozi para o abo.
ABO MATUBIA
O primeiro pote pronto, podemos iniciar a preparação do segundo.
PERMISSÃO DE FOGO – Esse é o destino diplomático, ligado aos J’kisis do
fogo e da sociedade em geral. Conduz o Muzenza a uma luta política e
diplomática dentro da sociedade que habita. Os J’kisis são: Bombo N’jila /
N’zazi/ N’sumbu/ Kaiango / Matamba / Luango / N’zumba / M’bambuluzena

Toma se desse abo, todos que irão se iniciar para esses J’kisis ou já são iniciados,
para que a força dos mesmos sempre esteja presente em seu corpo.
O Hamba desse abo, conduz a pessoa para o poder diplomático, despertando e
ampliando a diplomacia, raciocínio rápido, estilo, cultura, imaginação e
criatividade além da persuasão e dinamismo para resolução de problemas, etc...
Esse pote fica perto de Bombo N’jila ou de N’zazi, mas toda vez que há
sacrifícios para alguma das divindades do fogo, deve colocar um pouco do abo
em uma cabaça, deixar próximo do assentamento do N’kisi e deixar um pouco do
Manhinga “sangue”, cair sobre ele, após um dia do sacrifício, essa porção de abo
deve ser devolvido ao pote, assim o Hamba nunca enfraquecerá.
O pote deve ser de argila, e a boca deve ser larga, para facilitar o manejo do abo,
O pote deve ser molhado com gim, vodka ou cachaça, após secar deve untar
tanto dentro quanto fora com banha de carneiro, não precisa derreter, esfregue
com a mão até fixar uma boa camada.
Coloque no fundo do pote uma pedra de carvão mineral e utilize de alguma
cachaça ou “aguardente” para atear fogo dentro do pote. Assim que a banha
começar a derreter um pouco, sacrifique um galo de espora dentro, o sangue deve
cair um pouco em Bombo N’jila ou de N’zazi. Remova as patas, cabeça, ponta de
asa e o gogo do animal. Faça um buraco onde o pote ficará e enterre essas partes.
Posicione o pote no local fixo dele, sobre as partes enterrados, com contato direto
com chão de terra. Retire as plumas do animal, e enfeite toda a extensão do pote,
sem deixar as penas cair dentro do mesmo. O galo deve ser frita em banho de
carneiro e dividida entre as divindades de fogo, citadas acima.
PREPARANDO O ABO MATUBIA
Após o pote ser consagrado e estalado corretamente, podemos preparar o abo que
iniciará seu Hamba. Para isso, precisaremos das Jinsaba dia J’kisis “Folhas dos
N’kisi”
BAVU KISASA = PALMATÓRIA DO MATO
TUBIA = CANSANÇÃO
NZINGAPÉ = FOLHA DO DENDEZEIRO
DULULU = FEDEGOSO MACHO
ULUKAJI = TAMARINDO
MUKAJU = CAJUEIRO
MUMANGA = MANGUEIRA
XIKUKUNIRA = JAQUEIRA
MUXERU = FRUTA-PÃO
KIMGOMBÔ = FOLHA DO QUIABO
DISU DIEMBÊ = OLHO DE POMBO
KIRIMA = CAJAZEIRA
TOLO = ARUEIRA
OXI = PINHÃO DE PRAIA
TUBIAXÓ = COCO DE MAROTO
LUNDO = COITÉ
BUTANU = SETE CHAGAS
NGAIM = BERDOEJA
DULULU-ATU = FEDEGOSO FÊMEA
ULUKAJI = TAMARINDO
MBONGÔ = ALECRIM
MUEU-KIANKULU = BALAIO DE VELHA
LUZENZESU-KIANKULU = CANELA DE VELHO
NKASI-MASIKA = DAMA DA NOITE
KISANGA = LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA
NDAKA IA NJENDE = LÍNGUA DE VACA
KANDA IA NJENDE = PATA DE VACA
ITEI = ARNICA
KITANDU = SAMAMBAIA DO MATO
KIBUBILO = PATARAZI
RITANGA = FOLHA DA ABÓBORA
MAKASÁ = CATINGA DE MULATA
MAKANHA = NEGRA MINA
JIMBONGO = FORTUNA
ILÚMBUA = MANJERONA
KINGOMBÔ = FOLHA DO QUIABO
Macere todas as folhas com água de nascente e cachoeira, coe e separe o liquido
do bagaço. O Liquido deve ser jogado dentro do pote de abo.
O Bagaço deve ser fervido com cachaça ou vodka e água normal. Juntamente
com raiz Lundo “Coité”, vinte e uma favas de alibé e seis favas de jatobá além de
cravo e canela “uma mão cheia”. Coloque um ramo de alecrim, e a cada vez que
adicionar mais água, deve colocar um novo ramo de alecrim, repita isso até
finalizar o cozimento.
Deixe ferver por um dia e uma noite, sempre acrescentando mais água, para isso
faça em um fogão a lenha com o fogo baixo. Após esse período, coe.
O liquido adquirido do cozimento, deve ser adicionado ao pote ainda quente.
Adicione Gim ou Vodka até tampar a boca do pote, aguarde durante sete dias até
poder usar o abo, nesse período, deve rezar as divindades do fogo e rezar o
N’gorozi para o abo.
O bagaço deve voltar ao fogo em uma panela seca, até se transformar em um pó.
Peneire esse pó para ficar bem fino, e coloque dentro de uma cabaça. Essa cabaça
deve ser amarrada no pote do abo Matubia, do lado de fora, e nunca deve ser
mexida ou alterada.
DETALHES IMPORTANTE
Todo o processo ensinado aqui tem uma função básica, tanto na questão magica
do abo, quanto na manutenção de sua força.
- O Cozimento das ervas e favas funciona para remover todas as substancias,
químicas e magicas dos elementos e assim adicionado ao pote. Potencializando
todo o Sampula “banho” que já foi adicionado da maceração das folhas. Esse
processo inibi o apodrecimento precoce do abo.
- Quando untamos o pote com cera de abelha ou outros elementos, estamos
garantindo que a argila não absorva no primeiro impacto todos os nutrientes do
liquido depositado nela, por isso molhamos primeiro para umedecer e depois
untamos. Esse processo não permitira que o primeiro abo preparado que é o mais
importante, seja drenado para as paredes do vaso. E isso também irá fazer seu
vaso durar por muitos anos e não apodrecerá e contaminara seu abo.
- E para finalizar, sempre adicionamos alguns materiais, seja Gim, cera ou banha
na boca do pote, esse processo justamente é para vedar o contado do abo com o
oxigênio, além de prevenir contra apodrecimento precoce ele ajudara a fermentar
naturalmente. Criando um ácido não prejudicial ao ser humano mais letal para
bactérias e outros vermes. Ou seja, o abo se torna ant. Bactericida naturalmente.

Não se engana com essas explicações, os antigos não tinham termos científicos
para os fenômenos, mas eles sabiam para que servia e como fazer.
ABO MENHA
O segundo pote pronto, podemos iniciar a preparação do terceiro.
PERMISSÃO DA ÁGUA – Esse é o destino sacerdotal, ligado aos J’kisis da
água e do céu. Que conduz o Muzenza para seus cargos espirituais e despertar de
energias, dons e conhecimentos sobrenaturais.
Os J’kisis são: Pambu N’jila / M’Pamzu/ Kisimbi/ N’dandaN’Lunda/ Mikaia/
Kaitumba / N’zumbarandá/ N’vunji/ Lembá/ Lembá Dilê / Kukeêto/
Lembarenganga / Lembafuranga.

Toma se desse abo, todos que irão se iniciar para esses J’kisis ou já são iniciados,
para que a força dos mesmos sempre esteja presente em seu corpo.
O Hamba desse abo, conduz a pessoa para o poder espiritual, despertando e
ampliando dons espirituais, controle de energias naturais e sobrenaturais e quem
sabe psíquicos, despertam sabedoria para o sacerdócio ou cargos de autoridade
dentro da casa de Culto, além de ajudar na inteligência e memoria, etc...
Esse pote fica perto de Pambu N’jila ou de N’dandaN’Lunda, mas toda vez que
há sacrifícios para alguma das divindades da água ou do céu, deve colocar um
pouco do abo em uma cabaça, deixar próximo do assentamento do N’kisi e
deixar um pouco do Manhinga “sangue”, cair sobre ele, após um dia do
sacrifício, essa porção de abo deve ser devolvido ao pote, assim o Hamba nunca
enfraquecerá. “Céu é composto de Oxigênio e Nitrogênio, elementos que formam a água”
O pote deve ser de argila, e a boca deve ser larga, para facilitar o manejo do abo,
O pote deve ser molhado com água de rio, após secar deve untar tanto dentro
quanto fora com manteiga de Karité “acha em loja de medicina natural”, não precisa
derreter, esfregue com a mão até fixar uma boa camada.
Coloque no fundo do pote uma pedra de rio, coloque água de rio até cobrir
metade da pedra. Sacrifique dentro, uma Gansa branca “ou pata”, o sangue deve
cair um pouco em Pambu N’jila ou em N’dandaN’Lunda. Remova as patas,
cabeça, ponta de asa e o gogo do animal. Faça um buraco onde o pote ficará e
enterre essas partes. Posicione o pote no local fixo dele, com contato direto com
chão de terra. Retire as plumas do animal, e enfeite toda a extensão do pote, sem
deixar as penas cair dentro do mesmo. A gansa deve ser frita em banho de Karité
e dividida entre as divindades da Água e Ar, citadas acima.
PREPARANDO O ABO MENHA
Após o pote ser consagrado e estalado corretamente, podemos preparar o abo que
iniciará seu Hamba. Para isso, precisaremos das Jinsaba dia J’kisis “Folhas dos
N’kisi”
BUDANDÁ = SAMAMBAIA DE JARDIM
INSIÊ = ALFAVACA DE COBRA
MAKO DANDÁ = PALMA DO LAGO
RIDUMBA = ALFAVACA CHEIROSA
KITARI = MARCELA DO CAMPO
RISUMBA AVULU = COLÔNIA
KUXIMA = FOLHA DA COSTA (SAIÃO – MACAÇA – ORIRI)
KIXIRIXIMBA = ERVA DE SANTA MARIA
UNKABU-MUTANGI = BRIO DE ESTUDANTE
KINSANGA = LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA
MUXI-MINDÉLE = LARANJEIRA
IANGU DIEMBE = ERVA POMBINHA (QUEBRA PEDRA)
ANGÔ = SÃO JOÃO
MAJENDE = HORTELÃ
UANDANDA IA FUTA = VÉU DE MIMO
KAMUKETE = CAVALINHA
MAMA PUENA = MÃE BOA
JINSEBU KIAKALUNGA = MUSGO MARINHO
TULULU = TAPETE (BOLDO DO CHILE)
TAMBUKA = MANJERICÃO BRANCO
RIALU = FOLHA DA FORTUNA
MESU UA NZAMBI = OLHOS DE DEUS
AUÓTE OU MUJINHA = FOLHA DE ALGODÃO (ALGODOEIRO)
Macere todas as folhas com água de rio, nascente, cachoeira e chuva, coe e
separe o liquido do bagaço. O Liquido deve ser jogado dentro do pote de abo. O
bagaço deve ser fervido com 500 ml de Leite de cabra e água normal, juntamente
com raiz de Risumba avulu “Colônia”, favas de “Oxum”, Favas de “Oyá”, fava
de “Opelé” e três efun inteiros, noz moscadas e anis estrelado. Coloque um
pedaço generoso de raiz de KITULA = “LÍRIO CHEIROSO”.
Deixe ferver por um dia e uma noite, sempre acrescentando mais água, para isso
faça em um fogão a lenha com o fogo baixo. Após esse período, coe.
O bagaço deve ser escorrido e voltar ao fogo em uma panela seca, até se
transformar em um pó. Peneire esse pó para ficar bem fino, e coloque dentro de
uma cabaça. Essa cabaça deve ser selada e colocada no fundo do pote do abo
Menha. O liquido adquirido deve ir para o pote.
Jogue mel de abelha, até completar a boca do pote, aguarde durante sete dias até
poder usar o abo, nesse período, deve rezar as divindades da água e Ar o rezas o
N’gorozi para o abo.
MUKANGE UÁ MUKUÁ
- A MÁSCARA DO GUARDIÃO-
Cada pote de abo tem seu guardião, uma divindade que o guarda e projete, para
que as pessoas respeitem, zelem pelo abo e não utilizem de forma errada.
Esses guardiões foram escolhidos, quando perceberam que muitos inimigos
começaram a descobrir o poder do abo, e sorrateiramente colocava dentro dele
venenos ou matérias que poderiam afetar seu efeito sobre a pessoa que usa,
causando até Kizila N’kisi “Afastamento da divindade”.
Abo Manhinga = “Permissão de Sangue” – Guardião N’kisi Aluviá
Abo matubia = “Permissão de fogo” – Guardião N’kisi Bombo N’jila
Abo menha = “Permissão da água” – Guardião N’kisi Pambu N’jila
Por isso os potes ficam próximo aos assentamentos dessas divindades, que no
comum são assentadas diretamente no chão em um ambiente aberto. Mas mesmo
nessas condições devemos confeccionar e consagrar o Mukange uá Mukuá que
são as máscaras que detém o poder dessas divindades para proteger o pote.

Mukange uá Bantú ou Mukange Hamba São Máscaras confeccionadas e


consagradas para os J’kisis se apresentarem para a sociedade, muito comum no
Candomblé de Angola raiz, pois sãos as praticas originais desse povo. Quando
as máscaras não estão sendo usadas, estão sobre os assentamentos ou
penduradas no templo. Acreditamos que a divindade nos observa por elas e
podem até acontecer fenômenos sobrenaturais com as mesmas. No futuro
escreveremos mais sobre isso.
As Mukange são preparadas após o preparo do Abo. E Deve ser um momento de
festa, se você tem Muzenza dessas divindades guardiões, nessa ocasião as
mesmas devem usar as Mukange uá abo “Máscaras do abo”. E quando as
mesmas forem embora, deve ser montada a Máscara no pote de abo.
Caso não tiver, deve montar logo, e cantar para as divindades diante deles.
Vários J’kisis se manifestarão. Deverá dar um pouco do abo para eles beberem.
Isso mostrará que a divindade está aprovando o uso desse abo.
MUKANGE MUKUIA UÉ NI J’JISIS
“AS MÁSCARAS GUARDAM O PODER MAGICO DA DIVINDADE”
SAKALELA NI MUKANGE
- CONSAGRAÇÃO DA MÁSCARA-
Abra uma cabaça que tenha as dimensões para forma uma máscara, limpe
removendo as sementes e tudo mais, lave a banda que irá usar no abo
correspondente, deixe a mesma absorver bem e secar na sombra.
Faça Buracos para os olhos, pequenos furos para a respiração na região do nariz e
uma abertura para a boca, o que pode ser também furos ou uma fenda. Faça
também, furos laterais para que possamos colocar um fio, e
amarra-la.
Use de tintas naturais para pintar as cabaças e decorar
conforme desenhar. Nesse momento sua criatividade é livre.
TINTAS NATURAIS:
Urucum – Vermelho sangue
Anil “Waji” – Azul
Efun – Branco
Carvão vegetal – Preto
Beterraba – Roxo
Importante que não utilize tintas industriais e sim naturais.
Após pintar, você vai utilizar das penas retiradas das
pontas das asas e da calda dos animais sacrificados no
abo, para enfeitar o topo das máscaras, como cabelo.
Leve a máscara até o pote de abo e remova a tampa,
coloque a máscara sobre o pote conforme a parte
pintada fique para baixo.
Sacrifique o mesmo animal que sacrificou no inicio do
abo, deixando o sangue cair sobre a masca e suas
perfurações escorrerá para dentro do pote. O sangue
também deve ser derramado sobre o assentamento corresponde a cada pote.
Remova as plumas e coloque no verso da máscara, onde se encaixaria a face.
Deixe a máscara comendo até o outro dia, e só então amarre a mesma na barriga
do pote ou sobre ele como se flutuasse ou até mesmo pendurada na parede.
Os Animais devem ser limpos e fritos como anteriormente e dividido pelas
divindades que respondem naquele abo.
As demais partes devem ser entregues no assentamento do guardião, como asas,
gogo, cabeça etc.
Em todo o ritual, deve se cantar para o N’kisi guardião daquele pote de abo e ele
respondera por tudo que acontecerá com o ele.
REGRAS E MANUTENÇÃO
Entendem o seguinte, eu sei que geralmente em uma casa sempre há um pote de
abo para todos. Mas entendam que isso não é tão correto, pois muito se mistura
naquele pote no decorrer de tempo. Você pode estar “Kizilando” um N’kisi por
está colocando elementos de outro N’kisi. Por isso deve haver essa separação,
cada elemento natural para seus Muzenza naturais.
- Ao chegar no N’zo “Barracão” o Muzenza “iniciado” deve se conduzir ao
banho, geralmente a primeira pessoa que chega no n’zo, já deixa um balde de abo
pronto no banheiro, mas como cada um tem o seu definido por N’kisi de
iniciação. Então todos devem passar pelo pote de abo correto e pegar uma cuia
pequena. No banheiro, prepara o recipiente e misture o abo com água limpa, lava
se, então joga o abo. É muito comum entrar em transe, então sempre chame uma
pessoa para estar do outro lado da porta para retirar o transe. “desvirar o santo”
- Quando o Muzenza está de preceito, seja iniciação ou obrigação. Quem joga o
banho sobre ele é um Tata ou Mameto J’kisi, ou até uma pessoa de Cargo.
- Para os N’dumbe “não iniciados ou abian”, deve se preparar um banho de
ervas frescas e misturar com uma quantidade mínima do abo de Menha, para
desperta a espiritualidade lentamente nessa pessoa que frequenta o n’zo mas
ainda não se iniciou e seu N’kisi não é bem definido.
- Não é correto dar banho de abo em qualquer pessoa e nem manda las beberem
dele por motivos de drogas ou álcool, se bebeu ou usou drogas, nem deveria estar
no n’zo para início de conversar. Mas muitas pessoas não iniciadas, após um
Sakulupemba “ebó”, são levadas para tomar um banho de abo, geralmente bem
forte. Isso é errado sim, pois cada Sakulupemba tem uma função e nem sempre é
de desperta o Hamba N’kisi “magia da divindade”, dentro da pessoa. Então é
necessário preparar um banho especifico para depois de um Sakulupemba,
aprenda mais sobre, na apostila SAMPULA IA'ULEMBE SAKULUPEMBA -
Banhos após limpezas.
- Para pegar um pouco de abo no pote, basta se abaixar e bater paò, diga:
Ni Aiélo, andále Asukuile. Makuiu N’zamby, Aueto!
“Com licença, preciso me banhar. Que Deus abençoe, Obrigado”
Assim poderá abrir o pote e remover a quantidade necessária para uso, sem
desperdiçar, sempre tenha em mente que o abo é sagrado e seu desperdício é o
mesmo que lançar alimentos próprios para o consumo no lixo.
- Quem quiser por vontade própria, pode sim beber do abo, mas deve ser puro, e
não passar de meia xicara de chá. E sugiro que beba rápido.
Para manter seu abo vivo e cheio de poder, deve manter a manutenção correta do
mesmo, para isso deve:
- Toda vez que um sacrifício for feito, deve deixar próximo a divindade uma cuia
com pouco do abo do mesmo, e no momento do sacrifício, permita que um pouco
do sangue caia nesse abo. Após um dia, devolva o abo para o pote. Repita
sempre, para cada N’kisi o seu abo correspondente.
- Toda vez que houver iniciação de Muzenza, é preparado banhos frescos para o
encantamento de seu N’kisi, após o preparo do banho não coe, leve diante do
pote de abo, faça o jogo da Olobassa e pergunte ao guardião do mesmo se esse
banho deve ser jogado no abo. Se a resposta for sim, então metade do banho e
das ervas devem ir para dentro do abo. Se a resposta for não, então não precisa
acrescentar nada. Coloque dois gomos da Olobassa no guardião e as outras duas
próximas ao pote. Apenas dessa forma você vai adicionar mais ervas e banhos
ao pode. Sempre perguntando, para que você não acabe misturando ervas sem
saber ou tirando o Hamba do pote.
- Quando seu pote estiver com quantidade baixa de liquido, deve lançar Olobassa
e novamente e perguntar, se deve completar o pote com água ou Jauá “Banhos de
erva fresca”. Se for água, então complete com água limpa e de uma leve mexida
com a mão. Se for com Jauá, então prepare um macerado de folhas das mesmas
folhas que foi usada no primeiro abo, então jogue o liquido no pote e de uma leve
mexida. Os bagaços das folhas só devem ser colocados no pote se for permitido
na Olobassa, se não permitir, então devolva a terra.
- Só quem pode adicionar alguma coisa ao pote, é o sacerdote (a) ou uma pessoa
que ele autorizou a fazer. Pote de abo é coisas seria, e dá muito trabalho pra fazer
para depois vim um é estragar tudo.
Perceba que dessa forma, o abo não fica um glomerado de folhas e favas
apodrecendo cheio de bichos, dessa forma seu abo terá sim cheiro forte e terá
muita força, mas não terá bichos e larvas isso não é Hamba e nem Axé. E muito
menos terá cheiro de podre, nada podre tem boa energia, pense nisso!
OUTROS USOS PARA O ABO
O abo transmite a energia dos J’kisis, então tudo que for relacionado a eles, pode
se usar o abo, seja adicionando eles a banhos frescos, ou diluindo em comidas ou
água para lavar ambientes sagrados.
- Pode usar para lavar salas e salões sagrados, basta diluir em água.
- Se o Muzenza está adoentado e não pode tomar banho, prepare uma sopa e
deixe esfriar, misture uma colher rasa de abo e misture na sopa já no prato. Então
o mesmo comera da força dos J’kisis.
- Mulheres gravidas, iniciadas ou não, podem tomar banho de abo, para isso dilua
em água, leite de cabra ou vaca e uma cuia de abo adequado.
- Crianças de zero a onze anos só tomam banho de Abo Menha, diluído em água.
Se a criança for iniciada então ela toma o abo corresponde a sua iniciação.
- Pode lavar objetos e assentamentos dos J’kisis usando seu abo correspondente.
- N’kisis que são assentados na argila, podem ser modelados a base de abo.
- Sacerdotes e pessoas de cargo também necessitam do abo, se não quiser tomar o
banho pode beber um pouco. Mas é necessário que utilizo também.
- Antes de quaisquer festas, cerimonias e sacrifícios, todos os participantes
devem toma banho de abo, um banho por dia de função basta.
- Fios de conta e carregos podem ser lavados no abo corresponder.
- Quando houver brigas na rua do barracão ou até mesmo entre os membros,
pegue uma cuia de cada abo, misture e adicione dendê e mel. Jogue na porta e
sobre N’kosi pedindo paz e tranquilidade no n’zo.

De forma nenhuma, uma pessoa pode banhar se dos três abo ao mesmo tempo.
NI RISANGA N’KATENDE UÁ M’PAMZU
- POTE DE KATENDÊ & MIPAMZU -
N’KATENDE é a divindade das folhas e suas liturgias. Este N’kisi está ligado
com folhas, que só se encontra dentro das matas mais escuras, onde a luz do sol
não consegue entrar. É um grande curandeiro, pode fazer que uma folha traga
vida ou morte. Devido a isto, devemos cultuar de uma maneira segura e com
conhecimento. Muito ligado a Mutakalombo, pois atuam sobre o mesmo
território.
M’PAMZU é a divindade feminina que atua da mesma forma de N’Katende, a
única diferença é que está n’kisi encontra se sempre nas matas mais abertas, sua
ligação se da com as ervas frias e doces, ou seja, folhas leves que são usadas em
banhos de apaziguamento e limpeza. Detêm o poder da magia sobre as folhas,
mas para isso deverá ser cultuada junto a N’Katende.
Muitas casas e sacerdote atribuem o Abo a essas
divindades, por serem as divindades que liberam a
força das folhas. Mas vimos que o abo é resultado de
todos os J’ksis e N’katende e M’pamzu estão
relacionados a potes de abos diferentes
N’Katende é forte e sempre está auxiliando N’kosi e
Mutakalombo, divindade de duplo caráter, então
nitidamente está no Abo Manhinga – Sangue &
Guerra, Vida & Morte.
M’Pamzu é matriarca, curandeira e zeladora da
saúde e desenvolvimento das crianças. Hora mãe
hora avó. Logo está relacionada ao Abo Menha –
Água que cura, água da vida.
Mas devido essas faltas de informações, todos atribuíram um único pote de abo,
para suprir uma casa de culto com varias divindades de energias diferentes que
recebiam uma energia de uma única divindade, que na maior parte da vez é
N’katende. Existe sim um pote de barro que fica atrás do assentamento dessas
divindades, nesses potes são depositados, bagaços e restos de banhos e favas.
Mas esses potes não são usados como banho, é apenas uma força da própria
divindade. Se o banho é negativo então é no pote de N’katende, se é positivo
então é no pote de M’pamzu. É uma satisfação do uso da erva, invés de jogar
fora, depositamos ali, para que a divindade saiba que respeitamos seu poder e seu
sagrado. Esse sim é um pote que vai cheirar forte e ter bichos e larvas, pois há o
livre processo de decomposição, por isso deixamos esses potes metades
enterrados e a outra sem. Não confundam isso com o abo sagrado cheio do poder.
CONCLUSÃO
Sei que muitas lendas e tabus são criados entorno de algo que deve ser simples,
assim também aconteceu com o abo, que é de uso exclusivo do povo de Angola e
seu Candomblé Maravilhoso.
Fiz questão de trazer o máximo de informações que pude, pois, um material
desse nível não é fácil de elaborar de forma coerente e transmitido para um povo
tão tradicionalista que não conhecem a tradição que defendem.
Espero que tenham gostado, pois eu gostei, fiquei imaginado você e suas caretas
feitas ao ler esse material, deve ter ficado surpreso né? Bom meu amigo, essa foi
a intenção, agora com o conhecimento a mãos, lapide isso e pratique e põem a
prova. Tenho certeza que não irá se arrepender e N’Zamby o abençoara com
muito Hamba.
A Nação de Angola é a mais antiga e a mais diferente de todas as outras, muitos
segredos estão enterrados nas covas dos sacerdotes antigos, mas muita coisa
ainda se fala e pratica por aí, descubra essa angola tribal cheia de magia e
encantos e verá que a cultura Yorubá dos Orixás não é a única que tem
fundamentos.
Em caso de dúvidas, desbrave se na pesquisa e na busca do conhecimento e
resgate desse culto. Será um prazer saber que motivei isso em você, infelizmente
o numero de Terreiros e pessoas de culto a N’kisi diminui a cada dia, devido a
migração para cultos mais favoráveis, não vamos deixar isso acontecer, vamos
nos fortalecer e mostrar que a Angola é poderosa.
GOSTOU? ADQUIRA TAMBÉM
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE Ndunbe - Banhos para Não iniciados
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE Munzenza- Banhos para iniciados
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE Luanu - Banhos de encantamento para iniciação
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE Kijingu - Banhos para pessoas de cargo
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE SAKULUPEMBA - Banhos após limpezas
APOSTILA SAMPULA IA'ULEMBE ASUEKI - Banhos para diversos fins
APOSTILA KUZAMBULA O’LOBASA – O ORÁCULO DA CEBOLA

APOSTILA 8 MAGIA AFRICANA PARA GANHAR DINHEIRO E COBRAR DEVEDORES


APOSTILA AMULETOS SECRETOS 16 TIPOS PARA TODOS OS FINS
APOSTILAS 390 CANTIGAS DE KETU + TRADUÇÃO
APOSTILA ORO KETÚ (MATANÇA)
APOSTILA FEITURA DA NAÇÃO KETÚ COMPLETA
APOSTILA BALAIOS DE TODOS OS Orixás E EGUM
APOSTILA EBÓS DOS 16 ODÚS NEGATIVO+POSITIVO
APOSTILA ORIKÍ Orixás (INVOCAÇÃO)
APOSTILA BALAIOS DE OXUM E LOGUM EDÉ PARA O AMOR
APOSTILA JOGO DE OBÍ – (COM FOTOS)
APOSTILA JOGO DE BÚZIOS – (COM ÁUDIO)
APOSTILA JOGO DE BÚZIOS II - MONTAGEM DO JOGO COMPLETO
APOSTILA SABÃO AFRICANO PARA TODOS OS FINS
APOSTILA ASSENTAMENTO ODÚ OBARÁ ODU DA PROSPERIDADE
APOSTILA ASSENTAMENTO ODÚ OXÊ ODU DA RIQUEZA
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá EXÚ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OGUN E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OXÓSSI E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OSSAIM
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OXUMARÉ
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá NANÃ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OMOLU E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá XANGÔ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OXUM E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OYA E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá LOGUM EDÉ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OBÁ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá EWÁ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá IEMANJÁ E QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO Orixá OXALUFÃ E OXAGUIÃ QUALIDADES
APOSTILA ASSENTAMENTO DE EXÚ INÃ
APOSTILA ASSENTAMENTO EXÚ ONÃ
APOSTILA ASSENTAMENTO DE AJÉ SALUNGÁ
APOSTILA ASSENTAMENTO DE EGUM
APOSTILA ASSENTAMENTO DE IYAMI OSORONGA

A VENDA DE NOSSO MATERIAL É O QUE PERMITI NOSSO


TRABALHO CONTINUAR, A VENDA OU COPIA DESSE MATERIAL SEM
AUTORIZAÇÃO DA UMBANDA NATURAL LTDA É CRIME.
LEMBRE SE DE SER HONESTO!

UMBANDA NATURAL ARTIGOS RELIGIOSO


UNDBAIMORES@GMAIL.COM

Você também pode gostar