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DOI: 10.54751/revistafoco.v16n8-005
Recebido em: 03 de Julho de 2023
Aceito em: 01 de Agosto de 2023
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na interação
social e na comunicação, além da presença de interesses e atividades restritas e
repetitivas. É descrito como predominante no sexo masculino, entretanto, mulheres
podem apresentar manifestações diferentes, o que pode contribuir para um
subdiagnóstico. Mulheres com TEA, expressam comportamentos únicos para cada
critério diagnóstico do transtorno, delimitando um fenótipo autista feminino, muitas
vezes não reconhecido pelos instrumentos de investigação. Os atuais instrumentos
utilizados para a avaliação do TEA são: Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-
CHAT-R/T), Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R), Autism Diagnostic
Observation Schedule, Second Edition (ADOS-2), Autism Spectrum Screening
Questionnaire (ASSQ) e Autism Behavior Checklist (ABC). Esses instrumentos foram
desenvolvidos com base nos fenótipos inicialmente descritos por Kanner e Asperger,
que observaram uma amostra predominantemente masculina. A possibilidade de um
viés de gênero nesses instrumentos diagnósticos pode levar ao subdiagnóstico e à sub-
representação das mulheres no espectro autista.
1
Graduanda em Medicina. Centro Universitário de Brasília (UNICEUB). SEPN 707/907, Asa Norte, Brasília – DF,
CEP: 70790-075. E-mail: andressa.moreira@sempreceub.com
2
Graduanda em Medicina. Centro Universitário de Brasília (UNICEUB). SEPN 707/907, Asa Norte, Brasília - DF,
CEP: 70790-075. E-mail: beatriz.kaminski@sempreceub.com
3
Graduado em Medicina. Centro Universitário de Brasília (UNICEUB). SEPN 707/907, Asa Norte, Brasília – DF,
CEP: 70790-075. E-mail: hachiyasaud@gmail.com
ABSTRACT
Autism Spectrum Disorder (ASD) is characterized by difficulties in social interaction and
communication, as well as the presence of restricted and repetitive interests and
activities. It has been described as predominantly affecting males; however, women may
exhibit different manifestations, which can contribute to underdiagnosis. Women with
ASD express unique behaviors for each diagnostic criterion of the disorder, delineating
a female autistic phenotype often unrecognized by assessment instruments. The current
instruments used for ASD assessment include the Modified Checklist for Autism in
Toddlers (M-CHAT-R/T), Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R), Autism
Diagnostic Observation Schedule, Second Edition (ADOS-2), Autism Spectrum
Screening Questionnaire (ASSQ), and Autism Behavior Checklist (ABC). These
instruments were developed based on the phenotypes initially described by Kanner and
Asperger, who observed a predominantly male sample. This gender bias in diagnostic
instruments can lead to underdiagnosis and underrepresentation of women on the
autism spectrum.
RESUMEN
El Trastorno del Espectro Autista (TEA) se caracteriza por dificultades en la interacción
social y la comunicación, además de la presencia de intereses y actividades restringidas
y repetitivas. Se describe como predominante en el sexo masculino, sin embargo, las
mujeres pueden presentar manifestaciones diferentes, lo que puede contribuir a un
subdiagnóstico. Las mujeres con TEA expresan comportamientos únicos para cada
criterio diagnóstico del trastorno, delineando un fenotipo autista femenino, a menudo no
reconocido por los instrumentos de investigación. Los instrumentos actuales utilizados
para la evaluación del TEA son: Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT-
R/T), Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R), Autism Diagnostic Observation
Schedule, Second Edition (ADOS-2), Autism Spectrum Screening Questionnaire
(ASSQ) y Autism Behavior Checklist (ABC). Estos instrumentos fueron desarrollados en
base a los fenotipos inicialmente descritos por Kanner y Asperger, quienes observaron
una muestra predominantemente masculina. Este sesgo de género en los instrumentos
de diagnóstico puede llevar a un subdiagnóstico y subrepresentación de las mujeres en
el espectro autista.
Palabras clave: Trastorno del Espectro Autista; fenotipo autista femenino; instrumentos
de diagnóstico para el tea; M-CHAT-R/T; ADI-R; ADOS-2; ASSQ; ABC.
1. Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um conjunto de transtornos
complexos e diversos que têm suas raízes no desenvolvimento neurológico.
Esses transtornos são caracterizados por dificuldades na interação social e na
comunicação, além da presença de interesses e atividades restritas e repetitivas.
O TEA é considerado um espectro porque engloba uma ampla variedade de
sintomas e níveis de gravidade (DSM-V, 2014). O autismo tem sido descrito
2. Discussão
Indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA) manifestam
dificuldades duradouras na comunicação social recíproca e na interação social,
com padrões atípicos de abordagem e desafios para estabelecer conversas
comuns, expressar emoções e demonstrar afeto. O último Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) define como critérios para
diagnóstico do TEA: déficits persistentes na comunicação e interação social, bem
como padrões restritos e repetitivos de comportamento ou interesses e adesão
inflexível. Esses sintomas devem estar presentes desde as fases iniciais do
desenvolvimento e causar prejuízo significativo no funcionamento social. É
importante destacar que o diagnóstico do TEA não deve ser determinado com
base nos especificadores de gravidade, uma vez que a abordagem deve ser
individualizada (DSM-V, 2014).
Atualmente dispõe-se de instrumentos de avaliação que auxiliam e
sugerem o diagnóstico de TEA, sendo os mais relevantes o M-CHAT-RT, ADI-
R, ADOS-2, ASSQ e ABC.
O M-CHAT-R/T consiste em um questionário para crianças de 16 a 30
meses em dois estágios para maior sensibilidade. Atualmente, é o instrumento
mais utilizado internacionalmente, devido ao seu baixo custo e acessibilidade
para triagem infantil. O instrumento apresenta uma estrutura de
acompanhamento que oferece perguntas mais específicas a respeito de itens
indicando risco para autismo. Quando uma criança apresenta resultados
positivos para o questionário em dois estágios, ela apresenta alto risco para TEA
(ROBINS, 2014).
O ADI-R é um instrumento em formato de entrevista direcionada aos pais
3. Conclusão
O reconhecimento de um possível cenário de subdiagnóstico de meninas
com TEA é fundamental, pois contribui para a restrição dos seus direitos de
acessibilidade e assistência à saúde.
Vale destacar que o diagnóstico de TEA é extremamente relevante para
o estabelecimento adaptativo do indivíduo, pois a negligência de seu
reconhecimento e consequente não intervenção pode gerar sérias
consequências, como problemas no desenvolvimento de relacionamentos entre
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