Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

AYLIN ARCEGA

GABRIELA SANTOS KREFFTA

GABRIELA ZOTTI

MARIA EDUARDA PANZA MAIA

NATHALIA MENEZES

RESUMO E OPINIÃO DO ARTIGO “A LEI DE LAPLACE E OS ALVÁOLOS”

CURITIBA, 2017
O artigo “A lei de Laplace e os alvéolos: uma ideia erronea da anatomia
e a aplicação errada da física” traz como proposta principal de que a maioria
dos desenhos e figuras dos alvéolos de livros são representados
incorretamente, pois na realidade não são análogos a cachos de uvas como é
comumente imaginado e mostrado.

A lei de Laplace, originada da física, relaciona a variação de pressão na


superfície que separa dois fluidos de diferentes naturezas com as forças de
ligação molecular. Essa lei deve ser aplicada a esferas, e na fisiologia
respiratória somente a pequenas e curvas áreas no fluido onde as paredes dos
alvéolos se conectam. No entanto, os alvéolos têm forma prismática e
poligonal, ou seja, suas paredes são planas, o que leva a uma aplicação
incorreta do princípio de Laplace. Além disso, em regiões de colapso das vias
aéreas pode ser empregada tal lei, mas nos alvéolos não há uma região de
colapso propriamente dito em que há diferença de pressão, pois há um tecido
conectivo perfurado entre eles. Por isso, novamente a lei não deveria ser
aplicada.

A explicação da mecânica de respiração é comprometida pela má


representação do pulmão e dos alvéolos. Normalmente são comparados a
estrutura de um balão ou vários, o que não é correto, porém, tem-se grande
dificuldade de ilustrá-los e relacioná-los com algo já familiar. O pulmão é
didaticamente baseado na pressão positiva para inflação, contudo, ele é inflado
por uma pressão negativa aplicada na superfície do órgão. Já os alvéolos, são
apresentados como balões independentes, o que também é incorreto.

A estrutura dos alvéolos poderia ser melhor relacionada com uma


espuma do que com balões individuais, já que eles possuem paredes
associadas. Na realidade, o parênquima pulmonar é mais complexo do que
essa analogia com espuma, porém, ainda é válida na compreensão da divisão
do volume com uma área mínima das paredes. Essa comparação entre balões
e estrutura do pulmão, provavelmente ocorre devido a uma técnica antiga de
preenchimento do órgão, na qual era injetada o “metal de Wood’s” derretido, e
após resfriado, o tecido era desmanchado para moldar e revelar a estrutura do
pulmão. No entanto, a liga metálica não era capaz de preencher totalmente as
porções mais distais do tecido, assemelhando-o a um cacho de uvas, o que
compromete o entendimento da conformação.

A expansão do pulmão acontece quando há aumento da parede


torácica, impulsionando a superfície pulmonar através de uma conexão fluida.
A força para tal é transmitida através de todo o tecido e faz com que ele
expanda de volume. Além disso, existe uma resistência na qual leva a uma
menor extensão da expansão causada pelas características elásticas da
pleura, das vias aéreas, do tecido conectivo entre matriz e alvéolo. Há ainda
resistência causada pela tensão superficial da fina camada fluida que alinha as
vias aéreas e alvéolos, e isso leva a uma aplicação incorreta da Lei de Laplace.

A lei de Laplace afirma que a pressão dentro de um recipiente inflado


elástico com uma superfície curvada, é inversamente proporcional ao raio,
desde que se admita uma pequena mudança na tensão superficial.

Para discussão da mecânica de ventilação, existe uma figura


normalmente utilizada, Y-tube, na qual são representadas duas bolhas de
tamanhos desiguais, sendo uma maior e outra colapsada. A primeira tem como
intervenção a ação do surfactante, que é um líquido capaz de diminuir a tensão
superficial e a força necessária para a expansão do pulmão e facilitar as trocas
gasosas. O surfactante age para que a alteração de tensão seja neutralizada
em qualquer volume e adequada para aplicação correta da lei de Laplace. Sem
a intervenção, o alvéolo colapsa e infla o alvéolo adjacente. Porém o colapso
do alvéolo não ocorre de maneira tão simples visto que para isto deve-se
ultrapassar a tensão da matriz em todas as direções, também conhecida como
tração radial ou interdependente. É devido à tensão dos tecidos adjacentes que
ocorre a prevenção de colapso dos alvéolos de tamanhos diferentes, e não
simplesmente pela ação do surfactante.

Em alguns livros é mencionado que a parte curvada da parede do


alvéolo é gerada pelo acúmulo de fluído em lugares em que ocorre a
intersecção, entretanto sabe-se que os alvéolos devem estar secos para
funcionarem, e a existência de fluídos necessários para criar a curvatura na
parede seria capaz de criar edemas. Além disso, a tensão superficial tenderia a
realizar uma maior sacada de fluído a fim de preencher o alvéolo e evitaria seu
colapso.

As paredes dos alvéolos possuem poros interalveolares que servem


para manter o equilíbrio das pressões e ventilar o alvéolo que possui as vias
aéreas bloqueadas, portanto a Lei de Laplace é irrelevante para inflação ou
resistência de um alvéolo, visto que as pressões estão igualadas em ambos os
lados da superfície.

As paredes musculares das vias aéreas possuem uma geometria


complicada devido à existência de dobras longitudinais, porém elas permitem
que as vias alterem sua circunferência com pouca resistência. Quando o
diâmetro diminui a ponto do fluído formar uma superfície continua sobre as
dobras, a tensão superficial muda a relação do diâmetro com pressão
causando o fechamento das vias aéreas que só reabrem com a presença de
pressão substancial. A existência de excesso de fluído no pulmão também
aumenta a chance de fechamento dessas vias.

A conclusão feita é que as mecânicas alveolares não estão totalmente


relacionadas com a Lei de Laplace, visto que o modelo Y-tube de inflação
alveolar e o modelo alveolar anatômico do conjunto de uvas são representados
de forma incorreta, e que uma das regulações das propriedades mecânicas do
pulmão se deve à abertura e fechamento das vias aéreas.

A partir da leitura do artigo, pode-se concluir que os desenhos dos


alvéolos e pulmões em livros que abordam tal assunto estão representados
incorretamente, e por isso a Lei de Laplace é aplicada de forma errônea para
tais estruturas já que essa lei só poderia ser aplicada em superfícies curvadas.
Como os alvéolos são prismáticos ou poligonais, ou seja, têm paredes planas,
a lei não deveria ser aplicada nesse exemplo. Além disso, a lei relaciona a
variação de pressão entre superfícies, e as paredes entre os alvéolos têm
pequenos “furos” pelos quais a pressão é igualada. Portanto, acreditamos que
a lei seja aplicada de maneira equívoca, porém é usada ainda já que conduz
uma boa explicação (mesmo sendo incorreta) para o mecanismo respiratório, e
ainda porque as imagens de pulmões e alvéolos fornecidas em materiais como
livros e artigos estão estruturadas de forma errada, porém satisfatórias e
simples para explicações mais didáticas.

Você também pode gostar