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Resistência anti-helmíntica devido à utilização inadequada

de antiparasitários em equídeos – Estudo Revisional

As formas de criação dos equídeos favorecem a grande incidência de infecções parasitárias, já


nas primeiras semanas de vida. A fauna parasitária é vasta e compreende várias famílias/gêneros
distintos, dentre eles: os pequenos e grandes estrôngilos e ainda, Parascaris equorum, Oxyuris
equi, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei, Gasterophilus spp, Habronema spp,
Dictyocaulus arnfield, Anoplocephala spp (TAYLOR et al., 2010). Para o controle das
infecções causadas pelos parasitas utilizam-se fármacos denominados antiparasitários
(MOLENTO, 2005). Existe uma grande variedade de endoparasitas que acometem várias
espécies de animais, dentre elas os equideos. Os parasitas podem apresentar dois tipos de ciclos
biológicos, alguns necessitam de hospedeiros intermediários para completar seu
desenvolvimento, ou seja, apresentam ciclo evolutivo indireto e outros não necessitam de
hospedeiros para completar o desenvolvimento, apresentandociclo evolutivo direto
(SEQUEIRA & AMARANTE, 2002). Atualmente, existem inúmeras formulações anti-
helmínticas, com diferentes vias de administração, tornando-as de fácil aplicação. No entanto,
seu uso excessivo acarreta a uma grande porcentagem de resistência em populações de
ciatostomídeos. Recentemente, na Holanda e Canadá foram reportados casos de diminuição da
susceptibilidade do Parascaris equorum para lactonas macrolíticas. Na Suécia, a resistência de
benzimidazóis em ciatostomíneos é de 96%, o mesmo ocorre na Europa e América com o
pirantel, cuja resistência tem sido relatada em muitos países. Apesar disto, não há relatos de
resistência a ivermectina em cavalos parasitados por estrôngilos desde o inicio de seu uso
(LIND e CHRISTENSSON, 2009). Existe uma grande variedade de produtos químicos que são
usados no controle de parasitos, que muitas vezes administrados sem critérios epidemiológicos,
com dosagens incorretas e falhas no manejo, induzem o aparecimento de resistência destes
parasitos aos princípios ativos (RANGEL et al., 2005). Este trabalho tem como objetivo
apresentar uma revisão de literatura sobre a resistência helmíntica desenvolvida pelo uso
indevido das principais formulações comerciais administradas nos equídeos.

O controle de parasitos é complexo e envolve diversos fatores como avaliação financeira do


proprietário, infraestrutura das instalações, histórico da propriedade, resistências às drogas,
localização geográfica e clima, manejo adotado com alimentação, quantidade de cavalos,
sistema de criação, peso e idade de cada animal, período gestacional das éguas, etc. A realização
de um exame parasitológico de fezes (O.P.G.) indicará se a base utilizada esta sendo eficiente e
se há um nível alto de infestação, facilitando na elaboração ou mesmo alteração de um
calendário profilático (OLIVEIRA, 2010). A indústria farmacêutica disponibiliza atualmente no
mercado diversas formulações para o uso das ivermectinas, sendo mais comuns a via oral na
forma de suspensão, gel e comprimido. As formulações para aplicação injetável e para uso
tópico foram desenvolvidas recentemente e conhecidas como “pour on”, sendo um método de
administração prática, com baixo poder residual, menor desperdício e estresse para o animal
(LIND e CHRISTENSSON, 2009). Em relação à utilização dos medicamentos, a frequência de
sua utilização pode ser de forma supressiva: tratamentos a cada 4-8 semanas, estratégica:
tratamentos regulados pelas condições climáticas da região e o possível aumento do número de
parasitas no animal, ou curativa: tratamentos quando o animal apresenta alta contagem de ovos
nas fezes ou sinais clínicos. Sabe-se também, que a alternância entre os diferentes princípios
ativos é frequente, ocorrendo várias vezes ao ano. Esta situação é complementada pela falta de
monitoramento da eficácia dos produtos utilizados, o que dificulta uma melhor avaliação do
Médico Veterinário no sucesso ou não do programa antiparasitário em execução (SANGSTER,
2003). É importante que seja feita a mudança de base a cada 3-4 aplicações, pois, o uso
indiscriminado de anti-helmínticos, além de muitas vezes ser insatisfatório para o controle das
verminoses, tem ainda o inconveniente de propiciar condições para o surgimento de populações
de nematódeos resistentes às drogas (SEQUEIRA & AMARANTE, 2002). O diagnóstico é
positivo para “resistência” quando uma determinada droga que apresentava redução da carga
parasitária acima de 95% decresce a nível inferior a este valor contra o mesmo organismo
depois de determinado período (RANGEL et al., 2005). O aparecimento da resistência
parasitária é praticamente inevitável e esta característica é transferida para as próximas
gerações. No entanto, a sua manifestação é condicionada à presença de indivíduos que
apresentem o gene que confere para a resistência. A eficácia das drogas diminui
consideravelmente devido a este caráter seletivo, favorecendo a permanência de organismos
resistentes e a eliminação de indivíduos susceptíveis. A população resistente não é alterada com
o tratamento antiparasitário, ocorrendo então, uma mudança da característica genética da
população. O intervalo para que este fenômeno se inicie, dependerá da espécie do parasita, da
pressão de seleção exercida pela droga e da frequência do tratamento nos equídeos (ALMEIDA
et al., 2004).

Concluindo, o controle endoparasitário em equídeos é um desafio, porém o surgimento da


resistência aos anti-helmínticos pode ser evitado através da conscientização sobre o manejo
antiparasitário adequado. Evitar o uso indiscriminado dos antiparasitários possibilita retardar a
seleção de populações resistentes, mantendo assim a eficiência dos medicamentos por um maior
período de tempo.
Resumo

O artigo em questão aborda a resistência anti-helmíntica resultante da utilização inadequada de


antiparasitários em equídeos. A criação desses animais favorece a ocorrência de infecções
parasitárias desde as primeiras semanas de vida, envolvendo uma variedade de parasitas. Para
controlar essas infecções, são utilizados antiparasitários, porém, o uso excessivo e inadequado
desses medicamentos tem levado ao desenvolvimento de resistência em populações de parasitas.
Estudos têm relatado casos de resistência em diferentes regiões do mundo, destacando a
importância de um manejo antiparasitário adequado para preservar a eficácia dos tratamentos.

O controle de parasitos em equídeos é uma tarefa complexa que envolve diversos fatores, como
condições financeiras dos proprietários, infraestrutura das instalações, histórico da propriedade
e resistências às drogas. Além disso, a frequência e o tipo de tratamento utilizado também são
relevantes. A falta de monitoramento da eficácia dos produtos e a falta de alternância entre os
princípios ativos contribuem para a seleção de populações resistentes de parasitas. Portanto, é
fundamental adotar uma abordagem criteriosa, com base em exames parasitológicos,
calendários profiláticos adequados e mudanças regulares na base de antiparasitários utilizados.

Em conclusão, o estudo destaca a importância de um manejo antiparasitário adequado para


prevenir o surgimento e a disseminação da resistência anti-helmíntica em equídeos. A
conscientização dos profissionais e proprietários sobre a utilização adequada dos
antiparasitários, incluindo a realização de exames parasitológicos e a adoção de estratégias de
tratamento adequadas, é essencial para preservar a eficácia dos medicamentos por um período
prolongado. Além disso, a alternância entre os princípios ativos e a mudança regular de base são
medidas importantes para evitar o desenvolvimento de populações resistentes de parasitas. Ao
adotar essas práticas, será possível garantir a saúde e o bem-estar dos equídeos, minimizando os
impactos negativos da resistência anti-helmíntica.

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