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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CESA


CURSO DE DIREITO DO CRATO
DISCIPLINA MONOGRAFIA I
PROFESSORA DRA. IVANNA PEQUENO DOS SANTOS

CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO: UMA ANÁLISE DESSA PRÁTICA NO


BRASIL APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

BRUNA DE CASTRO ALENCAR BRAGA

CRATO – CE
2022
BRUNA DE CASTRO ALENCAR BRAGA

CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO: UMA ANÁLISE


DESSA PRÁTICA NO BRASIL PROMULGAÇÃO DA
CONSTITUIÇÃO DE 1988

Projeto de monografia apresentado ao professor da


disciplina de monografia I da Universidade Regional do
Cariri - URCA para obtenção parcial da nota.

CRATO – CE
2022
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................... 1
2. HIPÓTESES ........................................................................................ 3
3. OBJETIVOS ........................................................................................ 4
4. MARCO TEÓRICO ............................................................................. 5
5. POSSÍVEL SUMÁRIO ........................................................................ 7
6. METODOLOGIA ................................................................................. 8
7. CRONOGRAMA ................................................................................. 9
8. REFERÊNCIAS .................................................................................. 10
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1. APRESENTAÇÃO
Após o período do Regime Militar foi promulgada a Constituição de 1988,
na qual se buscou positivar uma grande leva de anseios sociais e democráticos,
de sorte que seu longo texto tratou de uma infinidade de temas, bem como trouxe
em seu bojo mecanismos com vistas a proteger a ordem constitucional que
acabara de ser inaugurada.

De mais a mais, os resquícios do antigo regime político permaneceram na


ordem vigente, a exemplo do hiperpresidencialismo, caracterizado pelo excesso
de poderes concedidos ao Executivo, o que pode ensejar o desvirtuamento do
ideal democrático.

Ao lado desse cenário, abrem-se margens para a utilização de


mecanismos, instrumentos e formas constitucionais para enfraquecer os
controles e mecanismos que visam proteger a ordem constitucional e
democrática. A essa utilização deturpada de instrumentos constitucionais dá se
o nome de constitucionalismo abusivo.

O termo constitucionalismo abusivo foi cunhado por David Landau, ao


descrever o emprego de institutos do direito constitucional e do Estado
constitucional para violar os preceitos democráticos, sobretudo, por meio de
emendas constitucionais e da substituição de constituições por novas leis
fundamentais.

Há de se esclarecer que dentro da seara do constitucionalismo abusivo


existe a subdivisão entre constitucionalismo abusivo estrutural, o qual é
caracterizado pela manifestação mais “grave” com tendências a substituir a
ordem constitucional vigente, e o constitucionalismo abusivo episódico,
externado a partir de práticas em desconformidade com as diretrizes do direito
constitucional.

No Brasil, é possível observar a manifestação do constitucionalismo


abusivo episódico, o que não deixa de ser preocupante. A ocorrência de dois
processos de impeachment no período inferior a 30 anos evidencia tal prática,
bem como testemunha a fragilidade democrática do país.
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Dessa forma, é de suma importância que a temática do constitucionalismo


abusivo seja discutida e que sejam implementadas medidas para coibir a sua
prática, uma vez que esta vai de encontro aos fundamentos da República
Federativa do Brasil almejados pela Constituição Federal de 1988. Face ao
exposto, a problemática principal da pesquisa em questão consiste em: como o
constitucionalismo abusivo tem sido implementado no Brasil? Quais os possíveis
meios para que haja uma limitação dessa prática?
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2. HIPÓTESES

 O hiperpresidencialismo, enquanto resquício do regime político anterior à


redemocratização, contribui para as práticas de constitucionalismo
abusivo, uma vez que o presidencialismo brasileiro é um dos modelos de
presidencialismo em que o Poder Executivo na pessoa do presidente
possui uma agenda legislativa destacável, cujas bases têm origem no
passado autoritário pelo qual o país e toda a América Latina passaram.
 O sistema do presidencialismo de coalizão, por sua vez, impõe
dificuldades no adequado funcionamento da democracia constitucional
tanto em situações com Presidente fraco como com Presidente forte.
 As práticas que permeiam o constitucionalismo abusivo possibilita a
deturpação da ordem constitucional com moldes aparentemente
constitucionais, essa forma sútil pela qual o constitucionalismo promove
as mudanças constitucionais dificulta a sua identificação e a reação do
povo frente a erosão do regime democrático.
 No Brasil, embora se possa vislumbrar situações características da
prática do constitucionalismo abusivo, ainda não é possível classifica-lo
como algo estrutural, contudo, é necessária a criação de mecanismos
para que a práticas esparsas não venham a sucumbir a ordem
constitucional vigente.
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3. OBJETIVO GERAL
Analisar como o constitucionalismo abusivo tem se manifestado no Brasil
contemporâneo e, propor meios para que haja uma limitação dessa prática.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Discorrer acerca dos fundamentos teóricos e das características do
constitucionalismo abusivo, bem como das suas consequências em face
do regime democrático;
 Apresentar a diferença entre constitucionalismo abusivo estrutural e
constitucionalismo abusivo episódico;
 Analisar os fatores, tais como o hiperpresidencialismo e presidencialismo
de coalizão, que influenciam na ocorrência desse fenômeno no Brasil;
 Elencar possíveis medidas passíveis de coibir a prática do
constitucionalismo abusivo no Brasil.
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4. MARCO TEÓRICO
A pesquisa em tela adotará como referencial teórico as ideias de David
Landau (LANDAU, 2013), autor que descreveu originalmente o fenômeno do
constitucionalismo abusivo.
Segundo Landau, o constitucionalismo abusivo consiste no “uso de
mecanismos de mudança constitucional para corroer a ordem democrática.”
Além disso, evidencia que tal prática seria a substituição dos golpes de estado,
vejamos:
Como os golpes militares e outras rupturas flagrantes na ordem
constitucional caíram em desuso, os atores refazem a ordem
constitucional com mudanças sutis, a fim de dificultar a sua
substituição e retirar dos tribunais a capacidade de fiscalizar
seus atos. Os regimes resultantes dessas manobras continuam
a ter eleições e não são totalmente autoritários, mas são
significativamente menos democráticos do que eram
anteriormente.

Como visto, é possível depreender que o fenômeno do constitucionalismo


abusivo não se opera como uma ruptura constitucional, contudo, esvazia as
instituições democráticas aos poucos e de forma sutil.
Ademais, o referido autor explicita que apesar da existência de
mecanismos que tentam frear as práticas de constitucionalismo abusivo, estes
não se mostram eficazes:
“o problema do constitucionalismo abusivo permanece em
grande parte não resolvido, uma vez que os mecanismos de
defesa democrática, tanto no direito constitucional comparado
quanto no direito internacional, são amplamente ineficazes
contra ele.”
Desta feita, cumpre esclarecer que a partir da sedimentação das ideias
trazidas por David Landau a respeito do constitucionalismo abusivo, buscar-se-
á demonstrar a existência desse fenômeno no Brasil, bem como elencar os
possíveis meios para coibi-lo.
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A fim de melhor apresentar o tema serão abordados os estudos de


Estefânia Maria de Queiroz Barboza, a qual dedica alguns dos seus trabalhos ao
entendimento da prática do constitucionalismo abusivo no Brasil.
Ademais, o trabalho em tela se apoiará na análise feita por Steven
Levitsky e Daniel Ziblatt acerca das atuais ameaças à democracia, manifesta na
obra “Como as democracias morrem”.
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5. POSSÍVEL SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 O CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO
2.1 Conceito e características do constitucionalismo abusivo
2.2 Constitucionalismo abusivo estrutural e constitucionalismo abusivo episódico
2.3 Consequências práticas do constitucionalismo abusivo

3 O CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO E A SUA UTILIZAÇÃO NO BRASIL


3.1 Estrutura organizacional do poder político no Brasil que possibilita a prática
do constitucionalismo abusivo
3.2 Casos concretos de constitucionalismo abusivo no Brasil
3.3 Constitucionalismo abusivo no Brasil: episódico ou estrutural?

4 PROPOSTAS PARA UMA POSSÍVEL LIMITAÇÃO DO


CONSTITUCIONALISMO ABUSIVO
4.1 Identificar a prática do constitucionalismo abusivo em meio a sutileza na qual
ela se insere
4.2 Fortalecimento dos mecanismo de accountability
4.3 Outros possíveis meios de mitigar a prática do constitucionalismo abusivo

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS
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6. METODOLOGIA
A metodologia utilizada será de caráter bibliográfico, tendo por base a
pesquisa através de documentos diversos, como livros, plataformas online,
artigos, dissertações, monografias, teses, entre outros.
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7. CRONOGRAMA
Atividades Ago Set Out Nov Dez

Escolha do tema
X

Levantamento
bibliográfico X X X X
Redação do
Capítulo 1 X
Revisão do
Capítulo 1 X
Redação do
Capítulo 2 X
Revisão do
Capítulo 2 X
Redação do
Capítulo 3 X
Revisão do
Capítulo 3 X
Redação do
Capítulo 5 -
Conclusão X
Revisão Geral
X
Entrega da
Monografia X
Apresentação
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REFERÊNCIAS

BARBOZA, Estefânia Maria Queiroz; FILHO, Ilton NobertoRobl.


Constitucionalismo abusivo: Fundamentos teóricos e análise Da sua
utilização no brasil Contemporâneo. Disponível em:
https://dfj.emnuvens.com.br/dfj/article/view/641/907. Acesso em: 10 ago 2022.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE


1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 13
ago 2022.

GARDESANI, André. Retrocesso democrático, constitucionalismo abusivo


e "vontade de constituição". Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-
abr-03/andre-gardesani-retrocesso-democratico-constitucionalismo-abusivo.
Acesso em: 16 ago 2022.

LANDAU, David, Abusive Constitutionalism (April 3, 2013). 47 UC Davis Law


Review 189 (2013); FSU College of Law, Public Law Research Paper No. 646.

MARTINS, Flávio. Constitucionalismo abusivo: realidade, perspectivas e


propostas para uma possível limitação. Disponível em:
https://revistas.ucp.pt/index.php/catolicalawreview/article/view/9105. Acesso
em: 15 ago 2022.

PEREIRA, Merval. Sintomas de hiperpresidencialismo. Disponível em:


https://www.academia.org.br/artigos/sintomas-de-hiperpresidencialismo.
Acessp em: 17 ago 2022.

MENDES, Anderson Nascimento; OLVEIRA, Maria Amaral. As faces do


constitucionalismo abusivo no Brasil. Disponível em: https://www.oab-
al.org.br/app/uploads/2021/10/AS-FACES-DO-CONSTITUCIONALISMO-
ABUSIVO-NO-BRASIL.pdf Acesso em: 13 ago 2022.

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