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Projeto de

Telejornalismo
Faculdade Canção Nova - 6º período
Prof. Esp. Mário Cypriano
Texto Jornalístico
Chavões / Clichês
Chavões / Clichês

● O lugar-comum (ou chavão ou clichê) é a frase,


imagem, construção, ideia ou combinação de
palavras que se torna desgastada pela repetição
excessiva e perde a força original.

● O público é exigente e percebe as diferenças entre o


texto redundante, repetitivo, e o texto que trata a
palavra e as frases com carinho, bem estruturado.
“Clichês e chavões são os modismos da língua.
Alguém lembra, descobre ou cria uma palavra ou
expressão para designar alguma coisa, e essa
novidade pega! Todo mundo começa a usar, se
torna uso comum. Mais do que uso comum, abuso
comum. Perde a graça e empobrece a língua.”

“O Texto na Tv - Manual de Telejornalismo”, por Vera Iris Paternostro


Frases e Locuções
● Combinações de palavras que comprometem o texto.
Sempre as mesmas, na mesma ordem.

● Se enquadram também frases feitas que se repetem à


exaustão.

● Ex.: abrir com chave de ouro, alto e bom som, agradar


gregos e troianos, acertar os ponteiros, apagar as
arestas, chover no molhado, faca de dois gumes.
Duplas
● Substantivos e adjetivos que andam sempre aos
pares, formando lugares-comuns facilmente
evitáveis.

● Ex.: agradável surpresa, água cristalina, calor


escaldante, calorosa recepção, chuvas torrenciais,
crítica construtiva, duras críticas, eminente deputado
ou senador, ente querido, escoriações
generalizadas, etc.
Imagens
● Criar imagens, apelidos ou definições que os
substituam só contribui para a disseminação de uma
série de lugares-comuns que o jornal, por
sobriedade e bom senso, tem a obrigação de evitar.

● As pessoas, cidades e coisas têm nome.

● Ex.: Cidade Maravilhosa (Rio), esporte bretão ou


esporte das multidões (futebol), tapete verde
(gramado), etc.
Ideias
● Não são apenas as palavras, frases, construções ou
duplas que se reproduzem ao infinito nos textos,
mas também as idéias ou formas de abrir as
matérias.

● Desconfie sempre de imagens "diferentes" que


surjam e tente lembrar se não passam de
recordações de outras que você já leu antes.
Ideias

● Sonho-pesadelo
Ex.: Ser o próprio patrão, outro sonho que virou pesadelo /
Sonho palmeirense do tri vira pesadelo.

● O A do ABC
Ex.: Alexandre, o S do STF.

● A novela
Ex.: Encerrada a novela da venda da TV Jaraguá. / Estréia de
Rossana vira novela.
Ideias

● Dicionário Aurélio
Ex.: Segundo o dicionário aurélio, corrupção… (início da
reportagem)

● Se estivesse vivo…
Ex.: “se estivesse vivo, fulano faria hoje 100 anos”.

● O fantasma
Ex.: Desemprego traz de volta o fantasma da recessão de 83.
Ideias
● Negócio da China
Ex.: Preços são verdadeiros negócios da China.

● Vem aí
Ex.: fulano vem aí para prefeito.

● Também é cultura
Ex.: Esporte também é cultura / Quadrinho também é cultura.

● Quente/Frio
Ex.: Corinthians esquenta o verão de Caraguatatuba /
Liquidações de inverno aquecem vendas.
Falsas Simetrias

● Buscam equiparar dois elementos, incitando


comparações e disputas.

● Omite ou distorce informações primordiais.

● Descontextualiza.
Wilson Vandernilson

?
Vandernilson
Texto Jornalístico
Algumas recomendações
Ambiguidade
● Palavras com duplo sentido podem confundir o
telespectador.

● Preferencialmente, os pronomes possessivos devem


ser evitados porque prejudicam o entendimento.

● Errado: A mãe encontrou o filho em seu quarto.


Certo: A mãe encontrou o filho no quarto dele.
Artigos
● No texto de televisão, os artigos são indispensáveis. Ao
contrário do rádio, em que o artigo é suprimido em textos
de estilo manchetados, na TV o artigo é usado como
recurso da linguagem coloquial, já que ninguém conversa
em estilo telegráfico.

● Em vez de: Jornalistas precisam estudar sempre para


aprimorar o trabalho que realizam.
Use: Os jornalistas precisam estudar sempre para
aprimorar o trabalho que realizam.
Conferência e Palestra
● Está incorporado, mas é um erro: o verbo dar usado
com os substantivos conferência ou palestra.

● As pessoas não dão uma palestra, e sim fazem


(proferem) uma palestra. Ex.: O médico Dráuzio Varella
fez uma conferência sobre o tabagismo no Brasil.

● O verbo dar é usado quando se executa algo. O


pianista veio ao Brasil e deu um belíssimo recital.
Contestar
● O verbo contestar deve ser usado em relação a
argumentos, acusações e não como fazer oposição a
alguém.

● Nesse caso, é melhor usar enfrentar.

● Errado: Os jogadores contestaram o juiz naquela decisão.


Certo: Os jogadores enfrentaram o juiz naquela decisão.
Enquanto
● Tornou-se comum usar a conjunção enquanto na
forma comparativa.

● Mas é preferível substituir por como.

● Errado: A mulher, enquanto cidadã, deve votar e


defender seus direitos.
Certo: A mulher, como cidadã, deve votar e
defender seus direitos.
Enquanto

● É conjunção temporal, usada em uma circunstância


de passagem de tempo.

● Ex.: Enquanto os homens lutam pelo poder, a


sociedade padece.
Esteja e Seja
● Há uma confusão entre as formas do presente do
subjuntivo dos verbos estar e ser.

● Muita gente usa esteje ou seje, e essas formas não


existem.

● Errado: Espero que ele esteje bem acomodado na


casa da avó. Seje bem-vindo!
Certo: Espero que ele esteja bem acomodado na
casa da avó. Seja bem-vindo!
Estrear
● Confusão também com o significado do verbo estrear.

● A forma previsto para estrear vem sendo usada, mas o


correto é: a estreia do espetáculo está prevista para tal
data.

● Errado: O Ballet está previsto para estrear na próxima


semana.
Certo: A estreia do Ballet está prevista para a próxima
semana.
Hora

● Como a linguagem é a coloquial, usamos a forma


mais comum quando nos referimos a horário ou
hora.

● Ex.: A reunião está marcada para às quatro da tarde.


(em vez de dezesseis horas) / A seleção embarca no
horário previsto: nove da noite. (em vez de vinte e
uma horas)
Identificação de Lugares
● É sempre bom lembrar do alcance da TV: povoados,
municípios e até mesmo países são desconhecidos pela
maioria das pessoas.

● Para identificar esses lugares, é comum relacioná-los com


outros mais conhecidos. As capitais dos estados ou dos
países também podem ser localizadas.

● Ex.: O atentado no Iraque foi na cidade de Najaf, que fica a


trezentos quilômetros da capital, Bagdá.
Informação
● Evitar usar “maiores informações”, porque não queremos
saber o tamanho de uma informação e sim mais detalhes
sobre ela.

● Usar sempre “mais informações” ou “outras informações”.

● Errado: O procurador-geral deu maiores informações


sobre o assunto.
Certo: O procurador-geral deu outras informações sobre
o assunto.
“Junto a”

● Essa expressão significa perto de, portanto usamos


junto a (com a preposição a ou com a preposição de)
no sentido de proximidade, perto de algo.

● Ex.: O tapete fica junto ao sofá e à mesa. O tapete


fica junto do sofá e da mesa.
“Junto a”

● Não devemos usar a expressão junto a em


substituição às preposições com ou em, um erro
encontrado em muitos textos de TV.

● Errado: O consumidor deve buscar orientação junto


ao Procon.
Certo: O consumidor deve buscar orientação no
Procon.
Lead/cabeça de matéria
● Lead ou a cabeça da matéria é o texto que vai ser
lido pelo apresentador e, como tal, é parte da
reportagem, componente da história, início da
matéria, introdução do que vem a seguir.

● Deve conquistar, seduzir e convidar o telespectador


a assistir a reportagem. Deve agarrar o
telespectador na hora. Deve servir de isca para
prender a atenção de quem está vendo TV.
Lead/cabeça de matéria
● É preciso tomar cuidado para não construir o texto da
cabeça como se fosse uma lista de temas, ou assuntos, que
serão desenvolvidos na matéria. Isso deve ser evitado, pois
não estamos escrevendo uma crônica, estamos fazendo
texto jornalístico.

● Errado: Desrespeito às leis. Falta de policiamento. Foi assim


a saída do feriadão para o paulistano.
Certo: Na saída do feriadão, o paulistano enfrentou
engarrafamento, desrespeito às leis e falta de policiamento.
Meio

● Como substantivo, significa maneira, modo, ou


método, e é sempre usado no masculino, mas é
flexionado em número.

● Ex.: Esse não é o melhor meio de resolver o


problema. / Esses meios são sempre os piores
possíveis para se educar.
Meio

● Como numeral fracionário com o significado de


metade, concorda em gênero e número com o termo
a que está ligado.

● Ex.: Compramos meio quilo de carne e meia dúzia


de laranja. / Vamos levar para ela às cinco (horas) e
meia.
Meio

● Como advérbio, o significado é de um pouco, um


tanto, muito, mais ou menos.

● E deve ser invariável.

● Ex.: A situação política do Brasil está meio confusa. /


Ela não se recupera, vive meio cansada. / As meninas
estavam meio nervosas por causa da prova final.
Números

● Eles devem ser escritos sempre por extenso porque


isso facilita a concordância e ajuda o apresentador
na leitura.

● Ex.: A água invadiu dois terços da cidade e deixou


vinte e duas mil pessoas desabrigadas.
Números

● Os números podem ser simplificados,


arredondados, aproximados, mas devem ser exatos
quando são a notícia principal.

● Ex.: O sorteio da Loteria de Natal premiou duzentas


e trinta e cinco pessoas. Cada uma vai receber cento
e vinte e três mil reais e quarenta e cinco centavos.
Números

● Vale a pena usar a comparação quando se tem


grandes números e assim dar uma ideia mais clara
do que eles representam.

● Ex.: Quem ganhar, leva dois milhões de reais: dá


para comprar um belo apartamento na beira da
praia e viver sem trabalhar por um bom tempo...
Números

● Preferencialmente, as cifras em moedas


estrangeiras devem ser transformadas na moeda
brasileira ou os valores devem ser relacionados com
a moeda brasileira.

● Ex.: A ajuda aos desabrigados no sul dos Estados


Unidos será de cem milhões de dólares, cerca de
trezentos milhões de reais.
Números

● Evite começar o lead de uma matéria com números,


eles podem não ser entendidos e a notícias perde
sua dimensão.
Palavras Estrangeiras
Devem ser evitadas, por duas razões:

● Não são conhecidas por todas as pessoas. Algumas palavras


estrangeiras se incorporaram à nossa língua e se tornaram de
uso frequente, mas, mesmo assim, podem não ser
compreendidas por todos os telespectadores. Se forem de toda
forma necessárias, é importante explicar o significado delas.

Ex.: O estudo compara vantagens e desvantagens do american


way of life, o estilo de vida americano.
Palavras Estrangeiras
● Dificuldades quanto à pronúncia. Pode acabar levando até a
erros de leitura. Se não puderem ser evitadas, é importante
descobrir como são pronunciadas no país de origem e indicar no
texto para o locutor usando até um acento para ajudar a
pronúncia.

● Ex.: Os atiradores palestinos libertaram dois jornalistas, na


Faixa de Gaza. Eles foram entregues às forças de segurança
perto da cidade de Khân Yoúnis, informou o porta-voz do
ministério do Interior, Táufik Ábu Khoússa.
Siglas

● Elas devem ser desdobradas, com exceção das mais


conhecidas, como as de partidos políticos ou
instituições governamentais, oficiais, nacionais ou
estrangeiras.

● Ex.: O IOF, Imposto sobre Operações Financeiras, e


o IPTU, Imposto Predial e Territorial Urbano, devem
ser pagos na data do vencimento.
Siglas

● As siglas estrangeiras, pouco conhecidas, podem


ser explicadas, em vez de traduzidas ao pé da letra.

● Ex.: O aeroporto de Zaragoza, na Espanha, foi


esvaziado depois de um alerta sobre um possível
atentado do ETA, o grupo separatista basco.
Siglas

● Se cada letra representa uma sílaba, podem ser


separadas por hífen, para facilitar a leitura do texto
pelo locutor, principalmente se há necessidade de
destacar a sigla.

● Ex.: O tema será discutido na assembleia da


S-B-P-C, a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência.
Tratamento / Nomes Próprios

● O que vale, quase sempre, é a naturalidade com que


as frases são recebidas pelo telespectador.

● Alguns textos de repórteres trazem essa


naturalidade, e permitem o uso de “seu José Maria
dos Santos...” ou “dona Joaquina Pereira...”. Mas a
preferência é que os nomes próprios não sejam
precedidos de senhor, senhora, doutor, dona.
Tratamento / Nomes Próprios

● Em uma entrevista, o repórter deve evitar usar tu ou


você (para autoridades ou não). Todos devem ser
tratados por senhor/senhora quando nos dirigimos
diretamente às pessoas.

● Podemos usar título, cargo ou profissão de


autoridades ou personalidades como forma de
identificação e respeito, e, até mesmo, para chamar
a atenção.
Tratamento / Nomes Próprios

● Algumas pessoas dispensam qualificação.

● Ex.: Zeca Pagodinho vendeu mais de um milhão de


cópias do novo CD, em três semanas. / O
neurologista Paulo Niemeyer Filho merece o prêmio
pelo importante trabalho que realiza.

● Importante: só os médicos são doutores, quando em


função de médicos.
Tratamento / Nomes Próprios

● Para pessoas de cerimônia existem formas especiais de


tratamento. No texto escrito em linguagem coloquial, elas
normalmente não são usadas, mas, em entrevistas, o
repórter, ao se dirigir diretamente a essas personalidades,
deve usar o tratamento próprio.

● Vossa Santidade para o papa / Vossa Alteza para príncipes e


princesas / Vossa Majestade para reis e rainhas / Vossa
Excelência para presidentes e altas autoridades / Vossa
Eminência para cardeais e bispos.
Vírgula

● As vírgulas, quando bem empregadas, ajudam a dar


clareza, precisão e elegância às frases. Em excesso,
provocam confusão e cansaço.

● Frase cheia de vírgulas está pedindo um ponto final.

● As vírgulas são necessárias para as pausas de quem


lê o texto, pois ajudam na leitura.
Vírgula

● Descuido excessivo: o uso da vírgula separando o


sujeito do verbo e o verbo do complemento. Isso
não existe. Não deve ser usado nem mesmo como
ênfase para interpretação de uma frase.

● Errado: Os participantes do Congresso, chegaram


atrasados, ao local do primeiro encontro.
Certo: Os participantes do Congresso chegaram
atrasados ao local do primeiro encontro.
Vírgula

● Prestar muita atenção quando o sujeito é composto.

● Errado: O dinheiro para as vítimas da guerra e para


outros programas humanitários, desapareceu.

Certo: O dinheiro, para as vítimas da guerra e para


outros programas humanitários, desapareceu.
Vírgula

● Quando existe um termo da oração entre o sujeito e


o verbo, como um aposto, deve ser colocado entre
vírgulas.

● Errado: Estudar na minha opinião nos faz sentir


bem.
Certo: Estudar, na minha opinião, nos faz sentir
bem.
Vírgula

● As palavras da mesma classe gramatical (uma


sequência de substantivos, ou de verbos, ou de
adjetivos) são separadas por vírgulas.

● Ex.: As pessoas chegam, olham, perguntam e vão


embora. / Quando ele nasceu era pequeno,
magrinho, triste. Agora está bonito, grande, forte.
Vírgula

● Antes das conjunções mas, porém, pois e portanto


devemos colocar vírgula, quanto existem duas
orações.

● Ex.: Ele chegou atrasado, mas trouxe uma


justificativa convincente.

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