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Apostila de Língua Portuguesa – 1º ano – Ensino Médio – 2019 – 1º trimestre – Professoras Juliana, Simone e Telma 3

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MÓDULO 2: ELEMENTOS DA NARRATIVA


A narração pode ser oral ou escrita, verbal ou não-verbal situações, encaminhando a história até o conflito principal: o
(histórias em quadrinhos, por exemplo). Ela é formada por um clímax.
conjunto de mudanças de estado/situação que definem o que c) Clímax: É o momento da decisão mais importante do enredo,
chamamos de componente narrativo do texto, ou seja, narrativa é quando o conflito principal se resolve, de forma que o protagonista
uma mudança de estado pela ação de algum personagem, é a encontra ou não o que busca, consegue ou não resolver o conflito
transformação de uma situação. Mesmo que essa personagem não auge do enredo.
apareça no texto, ela está implícita. d) Conclusão ou Desfecho: É o fechamento da história, que consiste
As mudanças da narrativa podem indicar que alguém em um apanhado geral sobre como a situação, as personagens e o
recebeu ou perdeu algo, sendo o texto narrativo composto por espaço ficaram após a resolução do principal conflito da história.
várias mudanças, coordenadas. As mudanças de situação podem
II – Personagens
ser:
a) Quanto à variedade:
a – a personagem passa a ter um QUERER ou um DEVER.
1 – Típica – age conforme qualquer outra pessoa agiria nas
b – ela adquire um SABER ou PODER.
situações em que se envolve.
c – a mudança PRINCIPAL da narrativa.
2 – Individual – destaca-se por seu modo de agir e pensar,
d – algo muda e pode-se atribuir prêmios ou castigos às
diferenciando-se da massa.
personagens.
3 – Caricatural – Possui traços exagerados, a fim de causar impacto
NARRATIVIDADE – pode ocorrer em outros tipos de texto.
ou humor.
NARRATIVA – transformação das situações.
NARRAÇÃO – tipo de narrativa. b) Quanto à função
1 – Principais
CARACTERÍSTICAS DA NARRAÇÃO
*PROTAGONISTA – é aquela que guia a narrativa, que possui o
a – É um conjunto de transformações de situação.
desejo, o dever ou o poder que iniciou a complicação.
b – É um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
*ANTAGONISTA – é aquela que tenta impedir ou impede o
concretos.
protagonista de atingir seus objetivos. A personagem antagonista
c – As mudanças relatadas são organizadas de maneira tal que,
pode também ser representada por forças da natureza ou forças
entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e
sobrenaturais; nesse caso, falamos em FORÇAS ANTAGÔNICAS.
posterioridade, mesmo que a sequência linear da temporalidade
2 – Secundárias
apareça alterada.
d – Já que o ato de narrar acontece, por definição, no presente, ele c) Quanto à Evolução
é posterior à história contada que, por conseguinte, é anterior a ele, 1 – Evolutiva – Muda no decorrer da narrativa,
de forma que o pretérito é o tempo por excelência da narração. independentemente do motivo.
Quando se usa o presente, dá-se a entender que os fatos ocorrem 2 – Estática – Permanece da mesma forma durante a narrativa, não
no mesmo momento em que são narrados e quando se usa o mudando seus hábitos, nem sua maneira de pensar.
futuro, temos a chamada narrativa profética, dois casos especiais.
d) Método de apresentação das personagens
ELEMENTOS DO TEXTO NARRATIVO 1 – Direto – o narrador descreve a personagens física e
• O QUE ACONTECEU (fato, acontecimento, situação) psicologicamente.
• COM QUEM (personagem) 2 – Indireto – pode-se entender a personagens de acordo com suas
• ONDE (espaço) ações, sem descrições diretas.
• QUANDO (tempo)
• COMO (modo) III – Tempo
• QUEM ESTÁ CONTANDO (narrador) a) Da Narrativa
a) Quando ocorreram os fatos?
ESTRUTURA E ANÁLISE DO TEXTO NARRATIVO b) Quanto tempo duraram?
c) O tempo é predominantemente CRONOLÓGICO (marcado pela
I - Enredo
sequência de acontecimentos marcadamente temporais) ou
Enredo é a sequência de acontecimentos da história, a
PSICOLÓGICO (marcado pela sequência de reflexões, devaneios e
rede de situações que as personagens vivem, a trama das ações que
dispersões das personagens)?
elas fazem ou que elas sofrem. O enredo é dividido em quatro
partes: b) Da Narração
a) Apresentação/exposição: É a parte do texto em que são a) Qual a ordem dos fatos?
apresentados alguns personagens e expostas algumas
circunstâncias da história, como o momento e o lugar em que a IV – Espaço
ação se desenvolverá. Cria-se um cenário e uma marcação de a) Físico – Quais os ambientes em que se passa o enredo?
tempo para os personagens iniciarem suas ações. Durante a b) Social – Quais os grupos sociais (no sentido amplo) envolvidos?
apresentação tudo ainda se encontra no lugar, de forma que, a V – Foco Narrativo
partir do momento em que algo importante muda (por meio do a) Interno – narrador em 1ª pessoa
ELEMENTO MODIFICADOR), dá-se início a complicação. 1 - Narrador-personagem
b) Complicação: O protagonista inicia sua busca, seja essa devido b) Externo – narrador em 3ª pessoa
algum poder, obrigação ou desejo adquirido. É nessa parte do 1 – Narrador onisciente - sabe a respeito de todos os fatos e
enredo em que se desenvolvem a maioria dos conflitos e das sobre os pensamentos e intenções de todas as personagens;
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2 – Narrador limitado – sabe a respeito de todos os fatos e sobre “Um segundo depois, muito suave ainda, o pensamento
os pensamentos e intenções de pouquíssimas personagens; ficou levemente mais intenso, quase tentador...” (Clarice
3 – Narrador restrito – sabe somente a respeito dos fatos. Lispector)

EXEMPLO TIPOS DE NARRATIVA

Observe como se aplicam no texto de Manuel Bandeira Real Conta os fatos reais sem recriá-los, limitando-se a
mostrá-los como realmente aconteceram.
esses elementos:
Exemplos: reportagens, relatórios, atas de reuniões,
Tragédia brasileira
etc.
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Cria ou recria fatos. Sobre fatos reais, por exemplo
Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis, Fictícia a história da Segunda Guerra Mundial, podem ser
dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição criados milhares de textos fictícios (basta lembrar
de miséria. de filmes como Os doze condenados, Os canhões de
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado Navarone, A ponte do rio Kwai, A lista de Schindler,
no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto Uma luz na escuridão, Um canto de esperança e
ela queria. outros.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou Quando a narrativa mostra um fato possível, no qual se
logo um namorado. pode crer, ela é verossímil; quando os fatos mostrados estão
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, totalmente fora das possibilidades reais, ela é inverossímil.
uma facada. Não fez nada disso: mudou-se de casa.
Alguns gêneros textuais derivados da tipologia narrativa:
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava um namorado, Misael A - Narrativa ficcional
mudava de casa. Romance - Caracteriza-se pela coexistência de várias células
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua dramáticas ou conflitos, sendo que o autor elege apenas alguns em
General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua torno dos quais constrói o texto. É um texto mais longo, com um
Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no mínimo de dois personagens, um dos quais o protagonista. O livro A
Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, história de Tom Jones, de Henry Fieldind, de 1749, é considerado a
Inválidos... obra inaugural nesse gênero.
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de
sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi Novela - É um texto também longo, com várias células dramáticas
encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. que têm praticamente vida própria (como se fossem contos), os
(Manuel Bandeira) chamados “capítulos”, e se entrelaçam no final, adquirindo uma
unidade. Diferentemente do romance, na novela todas as células
 O quê? Romance conturbado pela traição feminina. dramáticas são privilegiadas; cada capítulo termina com um
 Quem? Misael e Maria Elvira. “gancho” para o próximo, de modo a manter a dependência entre
 Como? Envolvimento inconsequente de um homem de 63 eles.
anos com uma prostituta.
Conto - Narrativa curta com uma só unidade dramática, uma só
 Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros
história, uma só ação. Os personagens do conto – geralmente
lugares.
poucos – já aparecem “prontos”, em plena ação. Por ser uma
 Quando? Duração do relacionamento: três anos.
narrativa curta, o conto pode não fazer toda a genealogia do
 Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira que tem como
personagem (e, se por acaso o fizer, será de maneira rápida e
consequência um crime passional.
concisa).
Quanto à estrutura narrativa convencional, acompanhe a
Fábula - Narrativa curta, quase sempre protagonizada por animais
sequência de ações que compõem o enredo:
personificados cujo comportamento deixa transparecer uma alusão
 Exposição: a união de Misael, 63 anos, funcionário aos seres humanos. A fábula normalmente encerra uma mensagem
público, a Maria Elvira, prostituta. moral.
 Complicação: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael Lenda - Narrativa na qual um fato histórico se amplifica e se
a buscar novas moradias para o casal. transforma sob o efeito da imaginação popular.
 Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas
pelo comportamento desregrado de Maria Elvira, Parábola - Narrativa curta, sempre de fundo moral e ético, mas
acarretam o descontrole emocional de Misael. protagonizada por seres humanos (o que a distingue da fábula). A
 Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com Bíblia é repleta de parábolas, um gênero que Jesus Cristo utilizava
seis tiros. muito em suas pregações para ensinar seus discípulos e pessoas que
gostavam de ouvi-lo.
Foco
Foco narrativo ou ponto de vista do narrador Anedota - Narrativa mais curta que a crônica, bem breve,
 Narrador-personagem ou participante: foco narrativo em normalmente centrada em fatos do cotidiano, com a finalidade de
1ª pessoa. fazer rir, de alegrar, de entreter.
“Coloquei-me acima de minha classe, creio que me elevei B - Narrativa não-ficcional
bastante...” (Graciliano Ramos) Biografia - É a narrativa da vida de alguém. Pode ser escrita pelo
 Narrador observador: foco narrativo em 3ª pessoa. próprio autor (autobiografia) ou por outra pessoa.
“O Campos, segundo o costume, acabava de descer do
almoço...” (Aluísio Azevedo) Relato - Texto narrativo curto, essencialmente informativo, cuja
 Narrador onisciente: foco narrativo em 3ª pessoa. (O finalidade é narrar experiências vividas, episódios marcantes da vida
narrador parece saber de tudo o que se passa na de quem o escreve. É publicado em revistas, livros e sites. Seu tema
narrativa, inclusive dos mais secretos pensamentos dos são assuntos pessoais, lembranças, memórias. Geralmente
personagens). apresenta tempo e espaços bem definidos, predominantemente no
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passado. É escrito em 1ª pessoa, pois o narrador é o protagonista, História - É a narrativa da “vida” de um país e/ou povo.
apresenta trechos descritivos. A linguagem é pessoal, subjetiva e
Crônica - É um gênero textual em que se apresentam fatos do
direta, geralmente de acordo com a norma-padrão.
cotidiano com uma linguagem geralmente informal, levando o leitor
Reportagem - Texto narrativo também essencialmente informativo, a refletir. São textos curtos, predominantemente narrativos. Pode-
sem limite de tamanho. Em princípio deve limitar-se a narrar os se distinguir crônica jornalística da crônica literária. Na primeira, o
acontecimentos, sem juízo de valor. Seu objetivo não é ser objetivo é informar ou comentar determinados fatos da atualidade,
verossímil ou não; é retratar literalmente a realidade, com o intuito do dia-a-dia da sociedade (economia, gastronomia, política,
único de informar os fatos. cotidiano, entre outros). A crônica literária tem amplitude maior,
linguagem mais apurada e pessoal. Segundo o jornalista Carlos
Notícia - No âmbito da imprensa, quer dizer a narrativa de um
Heitor Cony, com crônicas diárias publicadas na Folha de São Paulo,
acontecimento ou de um assunto, geralmente breve, não traçando
não existe fórmula para a boa crônica e sim uma maneira especial
argumentos sobre o fato. Veiculadas na TV, sites, jornais e revistas,
de narrar um fato. Cony procura sempre levar o leitor à reflexão,
respondem a algumas questões como: qual é o acontecimento,
com uma dose de lirismo.
onde ocorreu, quando, como e o porquê.

EXERCÍCIOS
I - Analise a narrativa presente em “Faroeste Caboclo” (Legião fato que altera a rotina do protagonista e faz com que ele tenha
Urbana): o objetivo principal a ser concretizado, em torno do qual todo o
enredo se desenvolve)?
1 – Qual é o TEMPO da NARRAÇÃO?
9 – Qual a missão/o dever/ o objetivo/ o desafio/ a vontade que
2 – Quanto TEMPO aproximadamente dura a NARRAÇÃO?
o protagonista passa a buscar a partir do elemento modificador?
3 – O tempo é PREDOMINANTEMENTE CRONOLÓGICO ou
10 – Qual o clímax do enredo (momento em que o conflito
PSICOLÓGICO?
principal se resolve positiva ou negativamente)?
4 – Descreva o espaço.
11 – Resuma o desfecho (apanhado geral de como a situação
5 – Qual o ambiente (social)?
ficou após a resolução do conflito principal – clímax).
6 – Quem é o protagonista?
12 – Há antagonista ou forças antagônicas na história?
7 – Resuma a introdução/apresentação (parte inicial da história
Especifique-o (as).
em que conhecemos o tempo, espaço, protagonista e sua
13 – Classifique o protagonista quanto à evolução e à variedade.
rotina).
14 – Qual o foco narrativo? Classifique o narrador.
8 – Qual o elemento modificador, que altera a rotina do
protagonista e faz com que a história comece de fato (primeiro
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II – Agora faça a análise da notícia a seguir. Preencha o quadro com as informações solicitadas, identificando os elementos constitutivos da
narrativa. Você sabe que é preciso ler com atenção não é?

Entalada após cair de telhado, bêbada é resgatada por bombeiros nas Filipinas
Por iG São Paulo | 23/04/2018 14:51

Depois de uma tarde de curtição, mulher decidiu subir no telhado, e ficou presa em espaço entre sua casa e a da vizinha durante seis horas

“Bons copos de cerveja não te fazem invencível”. Isso foi o que alegou uma equipe de bombeiros após um resgate um tanto quanto
inusitado nas Filipinas. De acordo com o jornal Metro , na última semana, os socorristas foram acionados para retirar uma mulher que estava
bêbada e presa em um vão do lado de sua residência.
Testemunhas relataram que, depois de uma tarde de curtição com os amigos, a mulher – que não teve a identidade divulgada –
decidiu subir no telhado da casa, sem nenhum motivo aparente. Segundo eles, ao subir nas telhas, a bêbada escorregou e caiu no pequeno
espaço entre sua casa e a da vizinha, onde permaneceu entalada por seis horas.
A vizinhança explicou que, depois de horas ouvindo os gritos da mulher, que não conseguia se levantar para sair do local, todos
decidiram chamar reforços, que também tiveram muito trabalho com a inquilina embriagada.
“Ela estava muito embriagada e, de início, rejeitou receber ajuda da nossa equipe, mesmo gritando que precisava de auxílio por não
conseguir se reerguer para sair do vão. No total, foram seis horas de resgate. Conseguimos tirá-la do buraco depois de destruirmos uma parte
da parede. Nós a levamos para o hospital, e ela está bem, sofreu apenas alguns arranhões”, alegou um porta-voz da Bureau of Fire Protection .
Fonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/mundo-insolito/2018-04-23/bebada-presa-vao-resgate.html
(Acesso em 11/05/2018)

PERGUNTAS ELEMENTOS RESPOSTAS (DADOS)


Quem? Personagens
O quê? Fato
Quando? Data
Onde? Local
Como? Modo
Por quê? Motivo

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