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Partindo da visão do texto de que "os debates a respeito do destino do trabalho têm levado a

vislumbrar uma nova sociedade na qual o trabalho não tem mais lugar central, deixando de ser
a referência na qual o homem se organiza em sociedade e constrói sua identidade como
indivíduo" (p.197). Pode-se afirmar que estamos vivenciando um momento de mudança que
prevê o fim do trabalho como eixo central da estrutura social?

O trabalho passou por constantes transformações ao longo dos séculos e ainda nos dias de hoje, ele
continua sendo categoria fundamental em nossas vidas, na medida em que, além da dimensão
econômica indispensável para a satisfação de necessidades materiais, contribui para a
manutenção da ordem moral, econômica, social, jurídica, política e cultural. Além disso torna-
se um elemento fundamental na constituição da condição humana, como fator determinante
da experiência humana na integração social e realização pessoal, bem como um legitimador
das diferentes fases da vida (estudo, trabalho, aposentadoria). (P. 215/216)

Por outro lado, alguns autores americanos e europeus defendem a tese do “fim do trabalho”
(OFFE, 1989; RIFKIN, 1995; DE MASI 1999; 2000; MÉDA, 1999), uma vez que as pessoas
estariam encontrando cada vez menos empregos permanentes, trabalhando menos horas e
ocupando o tempo livre com outras atividades fora da esfera do trabalho (lazer, família,
política, religião etc.). Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que os trabalhadores
estão sendo substituídos pela inteligência artificial, no qual suas funções rotineiras são
exercidas por máquinas. Em suma, uma pesquisa da UnB aponta que 30 milhões de postos e
trabalhos podem ser substituídos por máquinas e software até 2026, isso equivale a 54% dos
empregos formais no Brasil sendo ameaçados pelas máquinas.

(referência: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/54-dos-empregos-
formais-no-brasil-estao-ameacados-por-maquinas.html)

Para o francês Méda, ao analisar diferentes momentos da história do trabalho, defende que no
século XXI o trabalho não constitui mais uma categoria central para o indivíduo. A relação
estabelecida entre trabalhadores e empregadores, baseada no trabalho assalariado, deixa de
constituir a base das relações sociais, pois os indivíduos estabelecem vínculos em outras
esferas como a participação política e social. Esse posicionamento representa uma crítica à
ideia de que o trabalho seja a base do laço social, destacando que tal função é apenas uma das
consequências, uma vez que opera muito mais na esfera individual do que na integração dos
indivíduos em torno de um projeto comum.

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