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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SAÚDE E TECNOLOGIA


CURSO DE PEDAGOGIA

MARCEL SILVA GUMARÃES

O RPG como técnica de ensino na influência dos educandos para uma melhor
relação social

Imperatriz
2011
MARCEL SILVA GUIMARÃES

O RPG como técnica de ensino na influência dos educandos para uma melhor
relação social

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da


Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do
grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Carvalho de


Almada

Imperatriz
2011
MARCEL SILVA GUIMARÃES

O RPG como técnica de ensino na influência dos educandos para uma melhor
relação social

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da


Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do
grau de Licenciatura Plena em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Carvalho de


Almada

Aprovada:_____/_____/______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________
Francisco de Assis Carvalho de Almada (Orientador)
Doutor em Educação
Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________________
Jónata Ferreira de Moura
Especialista em Educação Infantil
Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________________
Ricardo Seidel Guimarães
Especialista em Docência do Ensino Superior
Universidade Estadual do Maranhão
Dedico a Deus. E a todos os
jogadores de RPG.
AGRADECIMENTOS

A muitos a quem agradecer por este trabalho. Primeiro a quem sempre


esteve ao meu lado e me apoiou na escolha de um tema tão diferente para uma
monografia, minha querida namorada Vanessa Macêdo Reis.
Ao próprio jogo de RPG que me possibilitou enxergar nele um grande
leque de conhecimentos que poderiam ser usado na educação.
A minha mãe Francisca Rodrigues Silva, que me deu a oportunidade de
estar aqui e me conduzindo ao caminho certo que possibilita a grandes realizações.
Ao meu orientador professor Almada que proporcionou que este trabalho
pudesse ser realizado, por acreditar que era algo possível de se fazer, pela
paciência que teve. Dedicação e apoio que demonstrou para que os desafios fossem
enfrentados e que um desejo se realizasse.
"VOCÊ ENCONTRA A AVENTURA OU A
AVENTURA ENCONTRA VOCÊ”

(J. R. R. Tolkien)

"Eu sei que ele merecia morrer, jovem


Frodo. Mas há muitos que mereciam
viver e morreram.

Você tem o poder de trazê-los de


volta à vida? Então, não se julgue
tão imponente a ponto de sentenciar
alguém a morte.

(...) Pois muitas coisas


acontecem e não fomos nós que
escolhemos, mas sim algo maior.

(...) A nós, cabe apenas saber


o que fazer com o tempo que nos é
dado. Gandalf, o cinzento - O
Senhor dos Anéis”
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo recolher informações que possibilitem mostrar como
o RPG como técnica de ensino pode influencias na relação social dos educando. E
para que este objetivo seja alcançado, pois se trata de um tema não muito
conhecido, fundamentamos teoricamente este trabalhando buscando mostrar
através das abordagens de Andrade (2006) os conceitos e possibilidades do RPG,
detalhando o que é esse jogo e como podemos jogá-lo. Mostrando também um
pouco do histórico do RPG desde seu surgimento, através de jogos de estratégia e
sua ambientação inicial baseado no mundo de fantasia de J.R.R. Tolkien autor do
livro O Senhor dos Anéis, até as suas novas ambientações baseadas no mundo
atual e futurístico. E ainda vendo o seu surgimento e desenvolvimento desse jogo no
Brasil com realização de grandes eventos que insere o RPG dentro da educação. E
será norteado através de alguns autores como Rocha (2006), Pereira (2003) e
Marcatto (1999) os limites e possibilidades do RPG como técnica de ensino,
verificando o que o RPG possui que o faz poder ser utilizado como algo que será
benéfico à educação, primeiro conceituando o que é o jogo e mostrando
características que se destacam na educação atual. E com algumas contribuições
de Vygotsky (1984) apontando o ato de brincar e interagir, características que o
RPG possui, no melhor desenvolvimento cognitivo das crianças levando estas
experiências adquiridas na infância melhorando assim sua relação humana e seu
convívio na sociedade. Ainda apontaremos como o RPG se insere na educação,
como ele será usado metodologicamente, e dentro de quais matérias ele tem a
possibilidade de ser inserido melhorando assim a educação e aprendizagem dos
educando, tanto na resolução de problemas como no incentivo a leitura e
aperfeiçoamento do raciocínio. E como esse RPG pode melhorar a relação social
das pessoas, Vasques (2008) ira mostrar um pouco dessa contribuição do RPG na
melhoria do relacionamento social, através da interação entre os participantes do
jogo. E a utilização do RPG como técnica de ensino pode melhorar as relações
sociais através de suas características como o incentivo a leitura, a fantasia, o
raciocínio, entre outros fatores que no mundo de hoje precisamos aprender para
melhor se inserir na sociedade.

Palavras-chave: RPG, Educação, Técnica de ensino, Relação social.


ABSTRACT

This study aims to collect information that allows to show how the RPG as a teaching
technique in social relations can influence the learner. And that this goal is achieved,
because it is a subject not well known, theoretical work seeking to demonstrate this
through the approaches de Andrade (2006) concepts and possibilities of the RPG,
detailing what this game is and how we can play it. Also showing a bit of RPG history
since its inception, through games of strategy and its setting based on the original
fantasy world of author JRR Tolkien's book Lord of the Rings, until their new stage
settings based on current and futuristic world. And seeing its emergence and
development of this game in Brazil with major events that inserts the RPG within
education. It will be guided by some authors as Rocha (2006), Pereira (2003) and
Marcatto (1999) the limits and possibilities of the RPG as a teaching technique,
verifying that the RPG has is that it can be used as something that will be beneficial
education, which is first conceptualized the game and showing characteristics that
stand out in education today. And with some contributions of Vygotsky (1984)
pointing to the act of playing and interacting features that RPG has, at best cognitive
development of children taking these childhood experiences thus improving their
relationship and their interaction in human society. Although implicated as the RPG is
part of the education, it will be used as methodologically, and in what subjects he is
able to be inserted thereby improving education and student learning, both in
problem solving as in encouraging reading and improving the reasoning. And how
this RPG can improve social relationships of people, Vasques (2008) will show a bit
of RPG's contribution in improving the social relationships through interaction among
the participants of the game. And the use of RPG as a teaching technique can
improve the social relations through its features such as the incentive to read,
fantasy, thinking, among other factors that in today's world we must learn to better fit
into society.

Keywords: RPG, Education, Technical teaching, Social relation


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09

2 O ROLEPLAYING GAME COMO MÉTODO DE ENSINO..................................... 13

2.1 RPG: conceitos e definições ............................................................................... 13


2.2 Histórico do RPG ............................................................................................... 16
2.3 Limites e possibilidades como técnica de ensino ......................................... 18
2.4 RPG e o relacionamento humano .................................................................... 21

3 RPG E SUAS CONTRIBUIÇÕES COMO MÉTODO DE ENSINO ......................... 26

3.1 RPG e a formação do ser social ....................................................................... 30


3.2 O reflexo do RPG como técnica de ensino no meio social ........................... 31

4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

ANEXOS ................................................................................................................... 40
9

1 INTRODUÇÃO

Em uma sociedade aonde enfrentamos muitas barreiras, principalmente na


educação escolar que, por questões socioeconômicas, torna difícil conciliar o que é
ministrado em sala de aula na vivencia social do educando, os métodos e os
recursos de ensino tornam elementos fundamentais para motivar a aprendizagem.
Acreditamos que o Role Playing Game (RPG) como técnica de ensino pode
influenciar os educando no gosto pelos estudos a partir de uma relação social e com
isso melhor a participação e interesse do aluno.
O RPG não é apenas um jogo em que os jogadores assumem papéis de
personagens. Vão mais além: criam narrativas colaborativas, estabelecem objetivos
e regras de ação que podem se estender à atividade de aprendizagem de forma
clara, objetiva e prazerosa. No RPG, da mesma forma que na educação, a escolha
dos jogadores (alunos) determina a direção que o jogo (aprendizagem) irá tomar. A
diferença básica, é que na educação nem sempre os alunos são convidados a
definir os objetivos que devem alcançar e os métodos que irão percorrer para o
alcance desses objetivos.
Todos nós sabemos que a adolescência é uma fase complexa para muitos
jovens. Geralmente, nessa fase da vida não querem saber de compromissos, nem
de coisas sérias. Para muitos jovens, a preocupação maior é ficar com os amigos e
se divertir. Muitas vezes a diversão está vinculada a algum tipo de jogo. Assim
sendo, entendemos que a atividade do jogo, onde o próprio aluno ajude a
estabelecer as regras, pode contribuir para que ele se motive para a aprendizagem.
A preferência desse tema teve por motivação algo pessoal, pois quando
comecei a jogar RPG tinha dezesseis anos e observava meu irmão e um grupo de
amigos jogando e eu ficava só olhando, no começo não entendia muito bem, pois só
tinha um papel com algumas anotações dos personagens, um livro de regras que na
capa tinha um dragão e guerreiros medievais pintados e vários dados de muitas
faces diferentes, depois de um tempo observando acabei começando a jogar. E
esse jogo diferente ficou interessante, porque percebi que a história de acordo que
jogávamos ia mudando dependendo das ações de cada personagem e que cada um
tinha que pensar no que iria fazer, pois suas ações resultavam em consequências,
que hora eram boas e outras não tanto. Que tínhamos que resolver situações nem
10

sempre agradáveis dentro do jogo e que o trabalho em equipe era muitas vezes a
melhor solução.
Depois que comecei a estudar Pedagogia na Universidade Federal do
Maranhão no campus de Imperatriz comecei a ver que muitos conhecimentos que
aprendi na universidade encaixavam dentro desse jogo. Principalmente no que se
refere a aprendizagem. O RPG me estimulou a fazer leituras para conhecer melhor o
meu personagem e para resolver melhor as situações de jogo e que com a interação
que havia em jogo os jogadores se sentiam mais a vontade uns com os outros,
mesmo quando encontravam pessoas diferentes que não conheciam, mas que
também jogavam RPG, o comportamento era algo de pessoas com certos
conhecimentos, não só do jogo, porém de pessoas mais amadurecidas. Então
resolvi juntar algo que estimula o aprendizado, no aspecto da leitura, interação,
raciocínio, fantasia, soluções de problemas e que ao mesmo tempo é algo divertido,
pois você é quem faz as suas ações e ao mesmo tempo você aprendi resolvendo
problemas, e que alguns desses enfrentamos no nosso cotidiano. Estimulando uma
relação com o outro melhor ou em um simples calculo que é colocado de uma forma
divertida. É uma oportunidade de mostrar que o RPG não é algo ruim, mas que pode
colaborar para o crescimento da nossa educação e dos cidadãos que estamos
educando para inserir na sociedade.
Esta pesquisa torna-se oportuna porque muito se tem falado sobre o RPG e,
quase sempre, de forma negativa. Principalmente por parte da imprensa. No âmbito
acadêmico já podemos vislumbrar alguns trabalhos que tratam do assunto e
relacionados com a educação. Nesse sentido, destacamos os trabalhos de Schmidt
(2008) que faz alguns apontamentos teóricos como meio de reflexão para
educadores e pesquisadores sobre o RPG aplicado à educação. Silva (2009) estuda
a utilização do jogo de papéis (RPG) como tecnologia educacional em apoio ao
processo de aprendizagem no Ensino Médio. De certo modo essa nossa pesquisa
filia-se a estes trabalhos por sua relação com a educação, especialmente a
incorporação dos jogos.
Vendo que os jogos na educação não são uma novidade sendo comumente
usados pelos profissionais da área. E usá-los como uma técnica de ensino não é
algo simples, pois constitui tempo para serem elaborados para que tenham algum
significado durante o uso em sala de aula. Pesquisas mostram que o RPG, como
técnica de ensino, vem sendo muito utilizado tentando mostrar que favorece varias
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áreas do saber, como a criatividade, o estimulo a leitura e a elaboração de textos, o


trabalho em equipe, a cooperação, entre outros fatores (SCHMIDT, 2008 E SILVA,
2009). E estes na sociedade poderão dar-lhes um melhor amparo e facilidade para
se relacionar, entre outros benefícios.
Não é possível abrir mão de algo que incita tanto os alunos por não saber
como usá-lo. E por isso a escolha de tal tema. Pois é preciso procurar novas
técnicas dentro das metodologias para que o aluno possa melhor se desenvolver,
porque muitos se acostumam com aquela aula tradicional, onde o professor fala e o
aluno escuta e fica por isso. No RPG você pode ser o objeto de estudo, construindo
junto com os colegas de sala e o professor aquilo que lhe é repassado, sendo parte
da história, ou resolvendo cálculos, desenhando mapas, calculando formulas, e isso
tudo de uma maneira descontraída, mas não deixando de ser educacional. Ressaltar
a relevância que tal jogo pode fazer pelos que o jogam e se colocado no ensino ele
poderá estimular muitas áreas como já foi citado. E se algo assim é beneficente ao
aluno, então não se pode deixá-lo de lado. E saber viver em sociedade é algo
indispensável e se um jogo pode melhorar esta relação social não podemos deixá-lo
de fora da educação.
Assim, este trabalho foi realizado a partir dos seguintes questionamentos: o
que é o RPG e como ele pode funcionar como técnica de ensino? Como o RPG,
como técnica de ensino e aprendizagem, poderá influenciar os educando a melhor
relacionar-se na sociedade? Esses questionamentos se justificam porque este jogo
já foi visto por muitos como algo ruim, que incita os que jogam a cometerem
atrocidades estimula a violência e ao individualismo. Não entraremos no mérito
dessa discussão, até porque elas serão respondidas na própria exposição do
trabalho, nosso objetivo é mostrar que o RPG colocado de forma educacional pode
fazer pelos educando o que talvez não conseguissem sozinhos.
A partir desse objetivo o trabalho foi desenvolvida através de uma pesquisa
bibliográfica. Para tanto, fizemos um levantamento do histórico do tema, procurando,
sempre, os dados mais atualizados. O objetivo desse era encontrar respostas às
questões formuladas e às contradições sobre o tema. Definimos a abordagem de
pesquisa como dialética que, como método de análise da realidade, busca as leis
principais que determinam a forma organizativa dos homens, durante a história da
humanidade. Estuda a realidade em uma perspectiva histórica, compreendendo-a
como produto da relação do homem com a natureza (MINAYO, 2000). Nesse
12

processo, tomamos como base para nossas afirmações a dedução e o processo de


análise e síntese.
Espero, portanto tentar mostrar os benefícios que o RPG traz na relação
social e o porquê de utilizá-lo como uma técnica de ensino.
13

2 O ROLEPLAYING GAME COMO MÉTODO DE ENSINO

Para podermos saber como o RPG pode servir na educação e no


relacionamento social, primeiro é preciso saber o que é RPG, que procuraremos
fazer neste capitulo. O objetivo é situar o leitor sobre o assunto, pois se trata de um
tema ainda desconhecido pela maioria dos educadores. Para tanto, tratamos dos
seus conceitos e definições. E as formas como cada um cria os personagens e
cenários. Em seguida tratamos do seu histórico. Na sequência tratamos dos seus
limites e possibilidades como método de ensino. Finalizando o capitulo mostrando
suas possibilidades como relação humana.

2.1 RPG: Conceitos e definições

Temos que conhecer primeiro algo para falarmos dele, não da para querer
expor um tema sem saber o que ele significa e o RPG como algo novo dentro da
educação deve ser bem explicado. Assim podemos definir o RPG que em sua
tradução seria jogo de interpretação. Segundo o jornalista Andrade (2006, p. 03),
RPG “[...] é um jogo onde o jogador interpreta um personagem criado por ele. Este
personagem, porém, deverá ser criado dentro de um determinado cenário,
conhecido como ambientação”. Esta ambientação pode ser cidades dos tempos
atuais, cenários medievais, estilo filmes como Senhor dos anéis, ou cenários
futurísticos. Enfim, são muitas as possibilidades. Cada jogador cria sua personagem
para a ambientação escolhida. Esta personagem será criada de acordo com um
sistema de regras e obedecendo a lógica do mundo para o qual ela está sendo
criada. O sistema de regras serve para organizar a ação dos personagens durante o
jogo, determinando os limites do que eles podem ou não podem fazer. O sistema de
regras tem como finalidade fazer uma simulação da realidade dentro do jogo, mas,
numa realidade fictícia, influenciando a ação dos personagens nas ações mais
complexas.
E onde encontramos essas regras? As regras podem ser encontradas em
livros de RPG, que contém basicamente, a descrição mais ou menos detalhada de
uma ambientação e um sistema de regras. Não existe somente um sistema, cada
jogo de RPG costuma ter o seu. As possibilidades de jogos de RPG se multiplicam
14

ainda mais, pois cada ambientação pode ser desenvolvida por diferentes sistemas
de regras. Ou seja, cada combinação ambientação-sistema dá origem a um jogo
diferente.
Só que no RPG nem todos são personagens jogadores, um deles é diferente.
E este jogador é conhecido como mestre do jogo. Ele é quem comandara o jogo, ele
fará a ambientação, o roteiro da história, os personagens secundários, o juiz do jogo.
Sobre ele recai a maior responsabilidade do jogo ser um sucesso e todos passar
momentos agradáveis juntos. De acordo com Andrade (2006, p. 04) “para quem não
conhece RPG, a função do mestre de jogo é a mais difícil de entender, mas é
fundamental que seja compreendida”. O mestre é o único que precisa ler o livro
inteiro, conhecer cada detalhe da ambientação e todo o sistema de regras.
Os outros integrantes precisaram apenas de uma noção geral da
ambientação para criarem um bom personagem e saber algumas das regras, pois a
maior parte se aprende durante o jogo.
A história, no RPG, é sempre uma criação coletiva tomando forma durante a
sessão de jogo. E a mesma história quando jogada outras vezes com jogadores
diferentes, terá um novo final, tal é o dinamismo que o jogo adquire a cada situação.
O mestre não se limita apenas a narrar à história e descrever os cenários, ele
também é responsável pela interpretação de todos os personagens da trama que
não forem controlados pelos jogadores, normalmente os vilões, os coadjuvantes, e
eventuais criaturas, animais ou outros seres. Os personagens controlados pelo
mestre são chamados de non player character (NPC). O mestre não joga contra nem
a favor dos jogadores. Ele esta ali para proporcionar uma boa história e diversão.
Suas decisões devem levar em conta o que é melhor para o desenvolvimento da
história e para a diversão dos participantes, incluindo ele próprio. Muitas vezes,
ajudar um jogador pode desagradá-lo, pois o desafio e a superação de limites é o
que costuma dar graça ao jogo. Nesse aspecto, o jogo adquire um caráter educativo
dos mais significativos, porque o jogador (aluno) se torna responsável por seu êxito
pessoal, não esperando que o mestre faça por ele o que ele próprio pode fazer.
Estes limites e desafios não são necessariamente físicos, como invadir um castelo
ou vencer um combate, mas também de essência dramática, como deixar de
conseguir a tão sonhada vingança para salvar a vida de um companheiro ou a
própria dificuldade em interpretar o seu personagem.
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O RPG é jogado, geralmente, em volta de uma mesa, ou mesmo no chão.


Não utiliza tabuleiro e nenhum tipo de peça. Em sua maioria, o único elemento
necessário além do livro e da ficha do personagem, uma folha de papel que contém
todas as informações sobre o personagem, são os dados. Há alguns acessórios
opcionais, como miniaturas, mapas, mas de forma alguma é essencial para se ter
uma boa sessão de jogo. É um jogo de interpretação, mas os jogadores não
representam, não como é feito no teatro, com toda uma encenação. Às vezes,
acontece de alguém se levantar e começar a agir e se movimentar como se fosse o
personagem, acontecendo apenas em alguns momentos para melhor ilustrar uma
cena. A representação é totalmente verbal. Alguns jogadores interpretam de modo
descritivo dizendo o que o seu personagem vai fazer e como vai agir. E qual seria o
objetivo desse jogo? Andrade (2006, p.05) vem nos mostrar que:

O objetivo do jogo não é ganhar, mas completar uma história. Nem sempre
o obstáculo apresentado pelo mestre é superado, ou o objetivo apresentado
por ele é alcançado, mas o personagem continua lá, ele está vivo. É como
na vida, ela continua, ele poderá tentar de novo ou partir para outra
aventura.

Segundo o autor citado, talvez seja este o único objetivo do jogo, além de divertir,
como qualquer jogo o personagem deve continuar vivo. Mas fazer isso sempre no
limite, assumindo riscos e vivendo situações intensas. Os personagens podem
morrer. Quando isso acontece, o jogador deve criar outro diferente. Não é tão
simples como parece, o fato de morrer e fazer outro. Na realidade, não é tão simples
assim. Temos que levar em consideração que o jogador cria um forte vínculo afetivo
com o personagem, às vezes mais intenso do que ocorre entre um ator e seu
personagem. O personagem de um ator normalmente lhe é imposto, com o tempo é
que eles vão ganhando intimidade, mas sabem que mais adiante terão que se
separar. Já o personagem do jogador de RPG em sua criação ele já coloca um
pouco de si, são suas aspirações e fantasias que lhe dão vida, e com o tempo este
laço só tende a ficar mais estreito. Portanto, quando um personagem morre, há
comoção e muitas vezes lágrimas por parte dos jogadores. Não só do dono do
personagem, mas também de seus companheiros de jogo (ANDRADE, 2006).
Outra característica dos RPG‟s é que raramente os jogadores respeitam
fielmente as regras. Trata-se de um jogo de ficção, que nasce da fantasia do autor e
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dos personagens. Ora, o sucesso de um jogo nasce da capacidade desta criação


representar a fantasia dos jogadores, assim como uma criação artística. Porém, é
quase impossível que esta fantasia represente absolutamente as fantasias dos seus
jogadores. Aqui temos outra ligação com a educação formal, que é a fantasia.
Sabemos que a fantasia é o que move a criatividade, elemento fundamental. Desta
forma, como se trata de um jogo que estimula a criatividade e a imaginação, os
jogadores, mais cedo ou mais tarde, acabam modificando um pouco aquela fantasia
pronta e adequando-a as fantasias do grupo. O mesmo ocorre com o sistema de
regras. Sempre há uma situação de "realidade" que os jogadores julgam não estar
bem representada pelas regras e a modificam.

2.2 Histórico do RPG

O surgimento do RPG está ligado aos denominados war games (jogos de


simulações de batalhas). Além disso, a publicação da obra de John Ronald Reuel
Tolkien1 em 1966 trouxe a possibilidade da criação da estrutura de ambientação do
jogo. Tolkien é considerado por muitos estudiosos como o criador do mundo de
fantasia mais completo de que se tem notícia. Neste cenário, Gary Gygax
desenvolveu um sistema de regras que funciona num cenário de fantasia com traços
dos jogos de guerra. Esse sistema foi chamado Chainmail e deu base para a criação
de Dungeons & Dragons, publicado oficialmente em 1974. Este foi o primeiro livro de
RPG, embora estivesse escrito em sua capa “Rules for Fantastic Medieval
Wargames campaigns playable with paper and pencil and miniature figures”, o que
podemos traduzir como “Regras para campanhas de jogos de guerra de fantasia
medieval jogáveis com papel, lápis e miniaturas”. A complexidade das regras sugeriu
que cada grupo de jogadores criasse suas próprias versões, incentivando as trocas
de informação que culminaram na rápida disseminação do jogo.
Nas décadas seguintes surgiram outros sistemas diferentes. Quanto à
construção das regras e quanto à ambientação, ora distanciando-se da obra de
1
John Ronald Reuel Tolkien foi professor de lingüística e de língua inglesa, especialista em inglês antigo e
medieval. Professor da Universidade de Oxford publicou uma série de livros cujas histórias se passavam na
Terra-Média, repleta de criaturas fantásticas. Seu primeiro livro foi “O Hobbit”, publicado em 1937, mas o mais
famoso foi a série em três livros “O Senhor dos Anéis”, lançada em 1954, que foi adaptada recentemente para o
cinema.
17

Tolkien, ora readaptando-a. Merece destaque as obras Traveller2 e GURPS3, ambas


do autor Steve Jackson. A primeira publicação em 1977 é, segundo Darlingoton
(apud ROCHA, 2006), um marco na história do RPG, pois trazia a possibilidade de
criar não só os personagens, mas planetas inteiros. Já a Generic Universal Role
Playing System, ou seja, Sistema Genérico Universal de RPG, GURPS, foi publicado
em 1986, trouxe a alternativa de criar qualquer aventura em qualquer cenário. Essa
inovação concretizou o sucesso do jogo dentro e fora dos Estados Unidos da
América.
No Brasil, inicialmente, apenas as pessoas que mantinham contato com os
norte-americanos tinham acesso a esse tipo de jogo. Na década de 80, no entanto, o
RPG foi oficialmente trazido, através da Devir Livraria que importava os materiais,
localizada na cidade de São Paulo-SP. O primeiro RPG escrito por brasileiros foi o
Tagmar, ainda com o cenário inspirado nos norte-americanos em 1991. No ano
seguinte, publicou o Desafio dos Bandeirantes, que mistura Fantasia Medieval com
elementos históricos brasileiros. Nesse mesmo ano é organizado o I Encontro
Internacional de RPG em São Paulo que dá espaço para divulgação de novas
produções sobre o assunto.
A partir desse marco, vários outros eventos foram organizados, como a
Convenção anual de RPG e jogos de estratégia na Universidade de São Paulo
(USPCON) e a Convenção semestral de RPG e jogos de estratégia do Rio de
Janeiro (RPGRIO). Depois do lançamento de diversas publicações paradidáticas e
das crescentes discussões nos eventos paulistanos, começou a ser organizado, em
2002 o I Simpósio de RPG e Educação, que teve suas edições posteriores em 2003,
2004 e 2006.

2
O estilo moderno da ficção científica do Traveller o personagem era baseado principalmente nas suas perícias
e isso definia suas capacidades e permitia que uma gama gigantescas de profissões e carreiras fossem geradas,
para tanto bastava combinar perícias para gerar, engenheiros espaciais, técnico em crio-engenharia, engenheiro
espacial, mecânico de naves, contrabandista, comerciante, soldado, corporado, espião, revolucionário etc. Mas
além de um sistema de combate de naves divertido (mas complexo) e uma variedade bem controlada de raça,
Traveller inovou com um cenário que envolvia um universo em expansão com colonizadores humanos
interagindo com outras raças, guerras épicas entre impérios, ataques de piratas espaciais e epidemias digitais
capazes d destruir mundos e poderes psionicos!
3
GURPS, sigla que significa Generic Universal Role Playing System (Sistema Genérico e Universal para Jogos
de Interpretação), é um sistema de RPG genérico, criado pela Steve Jackson Games em 1986, famoso pela sua
flexibilidade, abrangência, versatilidade, dinamismo e detalhismo.
18

Assim, podemos constatar que inicialmente o RPG foi criado para fins
comerciais, mas ganhou, pouco a pouco, adeptos que expandiram suas
potencialidades. Hoje é tema de discussão em diversas áreas acadêmicas em
especial na educação.

2.3 Limites e possibilidades como técnica de ensino

Para que o RPG seja apresentado como uma opção no ensino, se faz
necessária a elaboração do conceito de jogo e de seu segmento educativo. A
palavra jogo é, geralmente, atrelada ao lúdico, dada sua origem na palavra ludus,
que servia tanto para designar atividades livres quanto atividades dirigidas, ou
escolares. De acordo com Brougere (1998), o termo também está relacionado à
técnica, lembrando os exercícios das antigas concepções de escola. Indo mais além
no sentido da palavra, o verbo correspondente (ludere) pode ter significado de
exercer, o que Rocha (2006) caracteriza como “fazer uma simulação de uma
atividade real e objetiva”.
Segundo Duflo (1999, p. 12), durante muito tempo “[...] o jogo era posto ao
lado do divertimento e assimilado por isso as coisas que não tem verdadeiramente
importância e as quais não devemos dar muita atenção”. Aristóteles acreditava que
“[...] as atividades serias valem mais e emanam da melhor parte da alma do que as
atividades lúdicas” (Idem, Ibidem, p. 13). Para Sneyders (1996, p.36): “Educar é ir
em direção à alegria. As técnicas lúdicas fazem com que a criança aprenda com
prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica
está distante da concepção ingênua de passa tempo, brincadeira vulgar, diversão
superficial”. Buscando essa parte lúdica através dos jogos no ensino e vendo o lado
sério do jogo no seu estímulo para a aprendizagem algo que pode ao mesmo tempo
ser considerado divertido e ao mesmo tempo educativo. De acordo com Rodrigues
(2004, p. 56) “[...] o RPG ensina valores por meio das regras do jogo”. Essas regras
são definidas pelos autores de RPG como um “sistema de simulação da realidade”
sendo que estas, “[...] no RPG favorecem e pressupõem a cooperação entre os
participantes, não a competição, diferentemente da maioria dos jogos” (PEREIRA,
2003, p. 29). Ainda no pensamento de Pereira (2003) é a própria interatividade que
pede a definição de regras claras no RPG para criação de personagem, combates,
19

magias, etc., para dar um mínimo de „ordem a bagunça‟, visto que não ha um roteiro
pré-definido para a história aonde existe somente uma interação entre o mestre
(professor) e os personagens (alunos), que imaginam a situação de jogo descrita
pelo mestre que diz aos personagens o que eles vivem no momento enquanto eles
descrevem a melhor solução para vencer os desafios propostos, com criatividade e
também um pouco de sorte, pois no jogo algumas decisões são tomadas através da
jogada de dados que nem sempre cai no número esperado para decidir determinada
situação, como escalar uma montanha íngreme sem ter habilidades suficientes para
tal feito.
Vendo que a cada momento aparece uma nova maneira de ensinar os alunos
a melhor adquirir o conhecimento Andrade (2006) vem falar das mudanças que a
escola vem sofrendo, pois nos encontramos na era de informações, e as escolas
tradicionais não observam que se requerem significativas revisões no sistema
educacional. O mesmo autor ainda completa:

O acesso às informações cada vez mais fácil e imediato talvez seja o


responsável por certo colapso da educação. Os jovens, e cada vez mais as
crianças, têm acesso ao mundo de forma mais real e objetiva através dos
meios de comunicação do que pelos métodos tradicionais de educação
(ANDRADE, 2006 p. 13).

E em uma escola tradicional o aluno é um elemento passivo, um mero


receptor dos pacotes de informações preparados pelo sistema educacional, onde há
poucas oportunidades para a simulação de eventos naturais ou imaginários, tanto
para aumentar a compreensão de conceitos complexos quanto para estimular a
imaginação. Todavia, hoje a realidade é bem diferente como nos relata, por
exemplo, o artigo intitulado, “Melhores que os Pais” de Simonetti (1998, p. 16) da
Revista Veja, onde os professores foram os primeiros a acusar a nova onda.
Não sendo de hoje que essa onda procura novos instrumentos para auxiliar
na aprendizagem escolar. Muitas dessas tentativas estão voltadas ao universo
lúdico ou da fantasia. O RPG se caracteriza, sem dúvida como forte instrumento
pedagógico. Ao mesmo tempo ele fornece um espaço para o aluno manifestar suas
fantasias, sendo uma fonte infindável de informações (MARCATTO, 1996). Ainda,
segundo o autor:
20

O RPG pedagógico é uma ferramenta para a criação de simulações


práticas, vivenciais em sala de aula, incentivando a criatividade, a
participação, a leitura e a pesquisa. O RPG é adaptável a qualquer matéria
ou conteúdos didáticos, para crianças, adolescentes ou adultos
(MARCATTO, 1996, p. 49).

Esclarecendo a aplicação da fantasia, Hartmann (1939, p. 39) vem explicar


que “[...] embora a fantasia implique sempre um desvio inicial de uma situação real,
pode também ser uma preparação para a realidade e acarretar um melhor domínio
da mesma”. Ora, o RPG tem um potencial informativo de primeira grandeza. Através
de uma ambientação histórica, é possível passar inúmeros conceitos de
determinada cultura, ou mesmo conceitos geográficos e científicos. Através de uma
ambientação de ficção científica, é possível transmitir conceitos de física, química e
biologia, por exemplo (ANDRADE, 2006). É muito mais rico que estudar
tradicionalmente fatos históricos da escravidão no Brasil, tal como “Zumbi e o
Quilombo dos Palmares”, é poder “estar na pele” dos personagens que fizeram a
história. Ao invés de estudar teoricamente, numa aula de Física, as fórmulas da
queda livre e do movimento curvilíneo, os alunos poderão compreendê-las melhor,
em uma batalha simulada entre países sob o comando dos vários grupos de colegas
de classe. Se a matéria é Química, o aluno poderá pesquisar, por exemplo, as várias
técnicas de fracionamento de misturas para abrir portas com “fechaduras químicas”,
assim poder sair de um labirinto criado por um misterioso alquimista e enigmas e
charadas matemáticas irão trazer mais animação e entusiasmo se fizerem parte de
uma aventura num mundo dominado por poderosos computadores (MARCATTO,
1996).
O autor ainda vem colocar outros exemplos de possibilidades de aprendizado
através do RPG.

Com o RPG podemos criar simulações que exigiriam muitos recursos, ou


até, seriam impossíveis, na realidade. Por exemplo, se o assunto for um
vulcão em erupção, poderemos pedir aos alunos que reúnam o material que
puderem sobre vulcões, tais como: relatos, fotos, informações sobre
temperaturas, denominações técnicas de várias fases e componentes de
uma erupção, histórico de consequência. É importante informar aos alunos
que tudo isso será usado numa viagem de fantasia ao interior de um vulcão
(MARCATTO, 1996 p.53).

Andrade (2006, p.14) vem completar o que o RPG pode trazer para o meio
escolar, indagando que:
21

O RPG pode trazer para a escola a interatividade, a participação no ensino.


Da mesma forma que, no jogo, o jogador vai interferindo e mudando a
história que vai sendo contado, na escola ele pode aprender ao mesmo
tempo em que vai utilizando o que está sendo aprendido. O RPG estimula
um raciocínio globalizante, muito importante para os dias de hoje. Ele não
se contenta apenas com o que é procurado sempre ter em mente o que
pode ser. Ele deixa para trás o raciocínio linear da maioria dos jogos para
assimilar um raciocínio totalitarista, que tenta agrupar ao mesmo tempo o
cenário onde se encontra; os acontecimentos passados; as pessoas a sua
volta, suas ações e intenções; os possíveis desdobramentos de cada um
desses elementos; e as conseqüências das suas ações e das de seus
companheiros.

Por fim, Brougere (1998) considera que uma das características que tornam o
jogo uma atividade educativa válida é o fato deste ser como um lugar de
experimentação do uso da linguagem, do papel do contexto: experimentar a
comunicação, sua introdução, o outro como interlocutor, o poder da linguagem para
fazer existir a imaginação e a ficção. Buscando explorar o melhor desenvolvimento
dos educando, através de jogos, sem que tirem o foco, é um desafio que os
educadores devem buscar cada vez mais, pois com eles a qualidade da
aprendizagem poderá ser aumentada sem perder o foco na educação.

2.4 RPG e o relacionamento humano

Aprender em sala de aula sem que haja interação entre os alunos é algo que
na educação se torna difícil, pois o relacionamento humano desenvolve
características que sozinhos não seriam possíveis, e inserir jogos na educação para
incentivar essa melhor relação é algo que se faz agradável e divertido. Vygotsky4
(1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento
infantil. É brincando, jogando, que a criança desenvolve seu estado cognitivo, visual,
auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o
mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.
A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o
internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky
(1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da criança à medida que

4
A grafia do nome de Vygotsky é encontrada sob várias formas: Vigotsky, Vygotsky, Vigotski, Vigotskii,
Vygotski. No presente estudo, usaremos a grafia VYGOTSKY, mas nas citações e referências manteremos a
original das obras usadas.
22

sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em


andamento.
Andrade (2006, p. 20) afirma que o RPG é um jogo que melhora o
relacionamento humano dizendo que:

O RPG é um jogo que estimula a ação em conjunto, a colaboração entre os


jogadores, ao invés da competição. Tanto é que o único jogo autorizado
pela NASA para fazer parte da sonda tripulada a Marte é o RPG. Até o
clássico e respeitável xadrez foi rejeitado, pois já provocou problemas em
outras missões tripuladas, como forte antagonismo e comportamento
obsessivo. Estamos num mundo cada vez mais opressivo, onde tudo é mais
fácil, mas as exigências são maiores. Há uma contradição social, pois o
meio estimula o individualismo enquanto a melhor maneira de viver nele é a
cooperação. O RPG funciona, então, como ferramenta para preparar o
jovem a interagir na sociedade, tanto profissional quanto socialmente.
Algumas empresas já utilizam o RPG para treinamento de pessoal, uma vez
que a premissa básica do jogo é a simulação da realidade. Além disso,
através do jogo, é possível resgatar valores morais e éticos que andam um
pouco esquecidos.

Nesse sentido o RPG se destaca por ter a fantasia como seu principal
instrumento. O jogador tem a oportunidade de viver diferentes personagens, viverem
em diferentes mundos, em diferentes realidades. E é isso que faz dele um jogo com
possibilidades incomuns. Segundo Freud (1911, p.48): “A fantasia é fundamental
para o desenvolvimento do pensamento, para o relacionamento do homem com a
realidade”. O RPG permite ao jogador exercitar sua fantasia e torná-la aceitável em
seu meio, o que confere ao jogo o papel de elemento socializante. No momento em
que o jogador começa a vivenciar seu personagem na história e sentir-se aceito,
suas inibições são despidas, e isto favorecerá, certamente, sua socialização.
Segundo Vygotsky (1984) o desenvolvimento do indivíduo é resultado do
processo sócio-histórico, dando ênfase ao papel da linguagem e do brinquedo na
aprendizagem e tendo como foco principal aquisição de conhecimentos pela
interação do sujeito com meio. Vygotsky (1984, p. 97) ainda coloca que:

A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal”


que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver
independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento
potencial, determinado através da resolução de um problema sob a
orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais
capaz.
23

Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas
em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas.
Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências
passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real de acordo
com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais
para a atividade criadora do homem. É tanto que Vygotsky (1984) como para Piaget
(1975), embora esses autores partam de posicionamentos teóricos diferentes, uma
vez que Vygotsky é histórico cultural e Piaget é epistemogénetico, nesse caso eles
não diferem, comentam que o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e, nesse
trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que ao brincar a criança desenvolve a
capacidade para determinado tipo de conhecimento, uma vez adquirida essa
capacidade dificilmente ela a perderá. É com a formação de conceitos que se dá a
verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a
formação de conceitos. Negrine (1994, p.19) sustenta que:

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam


que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança
e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência,
a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a
afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica,
moral, intelectual e motriz da criança.

Nesse aspecto, a capacidade de integração do RPG começa na própria


estrutura do jogo. É jogado em grupo, sendo que não é voltado para a competição,
mas sim para a cooperação entre seus participantes (ANDRADE, 2006).
Algumas instituições consideram o jogo como atividade fundamental para a
socialização e outras como ferramenta de ensino-aprendizagem. Na primeira visão,
e permitida à livre associação das crianças, o livre jogar, pois isto privilegiaria a “[...]
autonomia, socialização e sociabilidade, à medida que resultam de múltiplos
contatos livremente escolhidos” (BROUGERE, 1998, p. 183). A segunda visão
requer a direção do professor, sempre com objetivos didáticos claros e precisos. A
crítica ao jogo livre revela uma tentativa de distanciamento das creches, em
oposição ao direcionamento dado ao jogo nas escolas.
O RPG é um jogo que transcorre apoiado no diálogo e troca de idéias,
tornando-se um importante elemento de comunicação. Jogá-lo favorece,
naturalmente, ao jogador desenvolver suas capacidades de comunicação, bem
24

como expressão de pensamentos. O jogador do RPG acaba sendo impulsionado


para novas experiências, novas relações, da mesma forma que navega por novos
mundos. Desta forma Brougere reforça as idéias sobre jogo:

Para se jogar, é necessário que haja comunicação, porque o jogo supõe a


capacidade de considerar uma ação diferentemente porque o parceiro
potencial lhe terá dado um valor de comunicação particular: e o que permite
distinguir a briga „de verdade‟ daquela que não passa de jogo. Para fazê-lo,
e necessário haver acordo e compreensão de certos sinais (BROUGERE,
1998, p. 190).

O autor descarta o ato de jogar como uma atividade biológica, definindo-o


como decorrente de uma aprendizagem social, não sendo, portanto, inata. Gee
(2003), fala que a criatividade e raciocínio lógico para solução de problemas que o
jogo demanda tornam a aventura repleta de atividades cognitivas. O ato de exercitar
a imaginação, a fantasia possibilita instrumentos na interação com a realidade
favorecendo a socialização pela experimentação. De acordo com Andrade (2006),
devemos lembrar que:

A fantasia funciona como uma regressão tática da mente, visando uma


melhor adaptação posterior à realidade. E de fato, apesar de o jogador se
desligar da realidade, enquanto se deixa levar pela fantasia das sessões de
jogo, este exercício constante da imaginação lhe proporciona instrumentos
poderosos na interação com a realidade.

Os grupos de RPG acabam sendo construídos em torno de suas afinidades.


Geralmente, um grupo de RPG costuma ouvir o mesmo tipo de música, filme, ou ter
um conjunto de referências mais ou menos similares. Também existem outros tipos
de integração tal como: forma de encarar ou trabalhar com a fantasia e após
experimentar na fantasia, diversas realidades, várias maneiras de ser, inúmeras
situações e experiências, o jogador está munido de um rico repertório de ações,
pensamentos, reações e emoções. A realidade para ele não se apresentará como
algo linear, de certo ou errado, mas como um universo de múltiplas possibilidades
do que é ou não possível. E diante dessas possibilidades os integrantes dos grupos
podem ver que o mundo não é limitado, que há muitas formas de se resolver um
determinado problema ou situação, que os conceitos que aprenderam podem ser
ampliados, não os distorcendo, mas trazendo novos conhecimentos.
25

Segundo Andrade (2006), devemos levar em consideração as limitações do


RPG. Dentre elas se destaca como uma das principais o fato de algum participante
não gostar de jogar. Um jogador descontente é logo identificado, e perturba o
desenvolvimento da história. Você pode, por exemplo, não gostar muito de futebol,
mas pode se dizer torcedor de um determinado time, no intuito de se considerar
mais sociável ou também participar de um determinado jogo de cartas para
acompanhar seus amigos, porém não jogará RPG por muito tempo. Quem não está
disposto a expor suas fantasias certamente não conseguirá participar do processo
de interação com outros jogadores num jogo de RPG. Nesse sentido, o RPG
assemelha-se a educação escolar. O aluno que não gosta de estudar ou não estar
motivado pode aprender muitas coisas. Porém, não chegará a excelência. Ao
contrário, o que gosta e é motivado tem possibilidades ilimitadas.
Não existe uma fórmula padrão para jogar RPG, sendo suficiente o interesse
de jogar. A diversão não está em vencer ou derrotar outros jogadores, mas em
utilizar a inteligência e a imaginação para, em cooperação com os demais
participantes, buscar alternativas que permitam encontrar as melhores respostas
para as situações propostas pela aventura. É um exercício de diálogo, de decisão
em grupo, de consenso (MARCATTO, 1996). Aqui também aparece uma relação
profunda com a aprendizagem. Se o indivíduo estuda apenas com o intuito de
passar em provas e exames, sua energia estará dimensionada para outra finalidade
oposta a aprendizagem. Seu foco é a aprendizagem. Portanto, ela acabará por não
acontecer.
Dentro de uma sociedade que se mostra cada vez mais complexa devido, por
exemplo, ao desenvolvimento tecnológico, não seria exagero supor que o jogador de
RPG está, a princípio, mais apto para agir nesta sociedade (ANDRADE, 2006). Pois
estes jogadores estão sempre atrás de novos conhecimentos e possibilidades,
desenvolvendo enquanto jogam novas características e aumentando aquelas a qual
já possuem como a leitura, o raciocínio, a interação entre outras a qual já foram
citadas anteriormente.
26

3 RPG E SUAS CONTRIBUIÇÕES COMO TÉCNICA DE ENSINO

A presença do lúdico na educação poderá oportuniza o educador a


compreender o significado e a importância das atividades lúdicas na educação,
procurando provocá-lo, para que insiram brincadeiras e jogos em seus projetos
educativos, aplicando assim novas metodologias de ensino, tendo intencionalidade,
objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à
aprendizagem do educando. E as técnicas lúdicas podem fazer com que a criança
aprenda com prazer, alegria e entretenimento, lembrando que a educação lúdica
está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar e diversão
superficial.
Entre essas novas concepções de aprender de uma forma diferente temos o
RPG onde, Pereira (2003, p. 22) considera que o RPG tem quatro características
que o distinguem de outros jogos e da narrativa tradicional e que o configurariam
como método. Estas são: “socialização; interatividade; narrativa e comunicação
hipermidiática.”
Quanto à socialização, o autor citado considera que o RPG é um importante
elemento de comunicação, pois o ato de jogar leva, naturalmente, a uma maior
facilidade de se comunicar, expressar um pensamento. Acreditamos que o RPG
pode facilitar a expressão de pensamento, não necessariamente atingindo toda a
eficiência possível. Almeida (1995, p. 11) vem completar que:

A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como


uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine
na elaboração constante do pensamento individual em permutações
constantes com o pensamento coletivo.

Em relação à interatividade, Pereira (2003) considera o RPG como uma


atividade realmente interativa, diferentemente de videogames que seriam, por
exemplo, atividades reativas. Esta interatividade vem da tensão criada no jogo pelos
participantes, gerando situações imprevistas.
Falando sobre o aspecto narrativo, o autor pondera o fato de o RPG ser uma
narrativa diferente da tradicional, pela contribuição de todos os participantes. Desta
forma, os autores de RPG's são “facilitadores” para a criação propriamente dita dos
27

jogadores. Ou seja, os jogadores são os autores de suas próprias historias,


estabelecendo relações lógicas e utilizando o livro de RPG da melhor forma possível
para o grupo. Nesta criação, ocorre uma “diluição de fronteiras entre autor e
receptor” (Idem, Ibidem, p. 26).
O autor considera, por fim, o RPG como uma “forma de comunicação
hipermidiática”, pois este oferece aos jogadores “[...] estruturas que podem ser
recombinadas diferentemente por cada usuário” (Idem, Ibidem, p. 26-27). Aponta,
ainda, que o RPG “[...] se sustenta em varias formas de linguagens que atuam
simultaneamente: escrita, imagética, oral, corporal, táctil, etc.” (Idem, Ibidem, p. 55).
Ao analisar o aspecto lúdico do RPG, o autor considera o RPG como um jogo
diferente, visto que visa à cooperação ao invés da competição, pois as personagens
dos jogadores e as do Mestre podem competir, enquanto os participantes cooperam
na criação de uma narrativa. Sendo assim, o RPG ao ser utilizado para fins
educativos deve ser tratado de forma diferente de um RPG comercial. Porém, a
pessoa que vai utilizá-lo em sala de aula deve conhecer bem o RPG.
O autor considera não haver uma prática universal para a utilização do RPG
em sala de aula, o que impossibilitaria a elaboração de uma metodologia padrão
para a aplicação do RPG para fins educacionais. Para Rocha (2006, p.80):

[...] a atenção, principalmente aos detalhes, é requerida constantemente


durante a prática do jogo, independente do sistema ou cenário utilizado, a
própria dinâmica do jogo exige atenção dos participantes, pois a perda de
algum detalhe pode vir a prejudicar todo o grupo, o que nos leva a pensar
que sua prática pode contribuir também para o desenvolvimento da
concentração.

Seguindo ainda o pensamento de Rocha (2006, p. 81), em relação ao


raciocínio:

O RPG oferece oportunidades muito grandes para desenvolvê-lo, pois a


todo o momento os jogadores são obrigados a decidir entre várias formas
de ação: qual o melhor caminho, qual a melhor forma de segui-lo. Devem
elaborar e executar planos, portanto podemos dizer que as possibilidades
são limitadas apenas pela capacidade de criar e imaginar de cada um
associada às regras do sistema de jogo adotadas pelos jogadores. Esse
equilíbrio entre as regras e a liberdade que a prática do RPG coloca em
movimento durante uma sessão de jogo cria um ambiente bastante fértil
para o desenvolvimento do raciocínio em cada um dos jogadores,
principalmente no que diz respeito à capacidade de raciocinar sob pressão
e improvisar.
28

Rocha fala que em um jogo de RPG, os jogadores são obrigados a tomar


decisões que podem mudar completamente seu rumo. Desta forma, o jogador
experimenta a tomada de decisões, inclusive sentindo os resultados de suas
escolhas, num ambiente controlado e seguro de jogo, onde o jogador está cercado
de amigos que estão buscando um mesmo objetivo e, caso façam escolhas erradas,
estas não trazem conseqüências para a vida real, seus resultados repercutem
apenas no jogo. Esse ambiente seguro e amigável, proporcionado pelo jogo,
certamente contribui para a melhora da autoconfiança.

O RPG é uma atividade que exige imaginação e a criação como requisitos


básicos de qualquer jogador, exige de seus praticantes um exercício
constante de criação e recriação, seja atuando como mestre, que precisa
criar a aventura, os npcs, o relacionamento entre eles, comportamento, dar
voz a vários personagens, tornando-os vivos, precisa adaptar ou em alguns
casos criar um mundo interessante, onde a aventura se passará, povoando
esse mundo com lendas, governos, hierarquia, moda, costumes, leis,
animais, plantas, povos, cidades, países, ou seja, pela parte do jogador que
precisa criar um personagem rico em detalhes (ROCHA, 2006, p. 93).

Cada jogador vai querer tirar o máximo proveito da situação para poder
triunfar no jogo. Sempre queremos ser o melhor personagem, o mais forte, o mais
inteligente, o que se dá melhor, pois é da natureza humana agir assim. O RPG
trabalha dentro de um cenário. Imaginem que viveremos uma aventura na Idade
Média: vocês são guerreiros medievais. Como é possível alguém tirar proveito das
situações, ou se colocar bem diante dos dilemas e dos problemas que aparecerão
se não souber absolutamente nada sobre a Idade Média? Assim, o jogador é
incentivado a buscar informações ou a processá-las com a intenção de usá-las em
proveito próprio. Ele será incentivado, com o decorrer dos jogos e das aventuras, a
visitar biblioteca, pesquisar sobre a Idade Média, como eram os cavaleiros, que tipo
de armadura, espada e cavalo usavam, onde moravam, em quais castelos, etc. Por
quê? Porque no jogo ele poderá dizer ao Mestre: O meu personagem é um barão,
portanto, por ser nobre, ele manda nos outros que são plebeus, ou então, Não, o
meu cavaleiro não tem essa espadinha mixuruca que você quer me dar, não. Ele
tem uma espada de duas mãos, uma montante, uma espada de cavalaria que
provoca muito mais dano, uma espada muito melhor que essa. Como? Porque ele
foi incentivado a procurar essas informações.
29

Rocha (2006, p. 102) fala das contribuições como metodologia de ensino do


RPG falando que de fato apresenta inúmeras possibilidades de construção de
conhecimento, tanto que existe até mesmo um Simpósio de RPG & Educação que
se encontra em sua terceira edição. Algumas escolas estão transportando o jogo
para dentro de seus muros, dentro de suas salas de aula, porém, nesses exemplos,
observamos que o RPG pode ser educativo, mesmo quando praticado sem
influência e/ou controle de um professor. O RPG pode ser útil para trabalhar os mais
variados conteúdos.
Rosana Rios (2004) ao proferir uma palestra no I Simpósio de RPG &
Educação, realizado no Encontro Internacional de RPG em São Paulo, aborda a
questão da leitura e da escrita entre os jogadores de RPG e atribui a quantidade de
leituras e textos produzidos pelos jogadores ao caráter de brincadeira, de diversão
que o jogo proporciona. Rosana Rios ainda coloca que:

Por que essa garotada consegue digerir um livro dessa grossura quando se
trata de RPG, mas chiam quando se pede para que leiam um paradidático,
se o livro tiver mais de cem páginas? Eu penso que essa questão se impõe,
e que devemos perceber que, para eles, RPG não é lição de casa: é lúdico,
é brincadeira. Apesar disso, um adolescente que joga, planeja e “mestra”
uma aventura vai ter de ler uma meia dúzia de outros livros, pesquisarem,
fazer todo um planejamento por escrito daquela aventura, desenvolver
personagens; lidar com os personagens dos jogadores, os PCs, criarem os
NPCs, os non-player characters. Por conta própria, esse pessoal está se
ligando ao mundo da leitura e da escrita, sem que tenhamos de fazer força.
Acho que esse é um dado digno de nota; vale a pena o professor, o
educador ou o pai vir aqui ao Encontro Internacional de RPG, só para
perceber isso. (RIOS, 2004, p. 223).

Como uma inovação metodológica o RPG como mostrado possibilita o


desenvolvimento de vários aspectos na vida do educando e nos fornece uma forma
de aprender brincando, de encontrar soluções no ensino para coisas que seriam
“chatas” de se ensinar. Bastando os educadores estarem dispostos a buscar
conhecimento para não deixar o dia a dia do aluno algo rotineiro, dando uma
perspectiva de ensino mais agradável.
30

3.1 RPG e a formação do ser social

Muitas crianças e adolescentes tem dificuldades em se relacionar


socialmente, causando assim uma formação do ser social menos desenvolvida.
Martins (2000, p. 10) aponta para a “dificuldade de expressão verbal e da fragilizada
habilidade de trabalhar em grupo” apresentado por crianças e adolescentes com
quem travou contato durante um ano. Ao conhecer o RPG, o autor se interessou por
ele pelo fato de que: os participantes – na sua maioria com idades entre 12 e 19
anos – interagirem verbalmente e cooperarem entre si revelara-se uma ocorrência
facilitadora da espontaneidade, assim como o estimulo a pesquisa, que se tornara
um elemento prioritário tendo em vista como o jogo deve ser estruturado. Vasques
(2008, p. 112) diz que:

O RPG não e a única ferramenta didática que tornaria o processo educativo


mais ativo. O uso do RPG na educação pode auxiliar na busca por
autonomia intelectual e na aquisição de capital cultural por parte da
comunidade escolar para que a dicotomia apresentada seja transposta.

Martins (2000, p. 69) sonha com uma escola que se torne: Um espaço que
incentive a criatividade, a autonomia e a possibilidade de aprender a aprender,
desafiando desta forma uma visão segmentada da sociedade e do mundo, negando
a fragmentação do conhecimento. Dessa forma Rocha (2006, p. 88) diz:

O RPG oferece a seus jogadores, seja através da própria forma de praticar


ou nos eventos e amizades construídas em torno dele, a oportunidade de
interações sociais muito ricas, com outros personagens – dentro do jogo,
ou, fora dele, com pessoas de diversas idades, níveis sociais e econômicos.

O RPG amplia o repertório de quem joga e de quem “mestra”, pela


necessidade de pesquisa inerente a um jogo que se propõe a criar ficção. Amplia a
socialização pela convivência em grupo e desenvolve a capacidade de interpretação
e busca de soluções – pelo menos fictícias – por parte dos participantes.
(RODRIGUES, 2004, p. 154).
Rocha (2006, p. 89) novamente vem dizer o que chama a atenção para o
RPG em relação à sociabilidade é que o jogo permite que grupos muito
31

heterogêneos de jogadores sejam formados, possibilitando uma grande troca de


experiências.

Além das amizades e do convívio social que o RPG proporciona aos


jogadores, durante as observações das atividades dos grupos de jogo
verificou-se que, de fato, a dinâmica do jogo, a forma como o jogo acontece
pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades ligadas à
capacidade de interação social. (ROCHA, 2006, p. 91).

E por fim o autor citado diz que os jogadores de RPG, na medida em que se
tornam mais experientes, tendem a valorizar muito mais a interação social de seus
personagens na resolução dos problemas, desprendendo-se das fichas, utilizando
muito menos seus poderes e força e muito mais suas capacidades sociais. Essa
evolução pode servir de subsídio para comprovar que, de fato, a prática do RPG
contribui para a sociabilidade.

3.2 O reflexo do RPG como técnica de ensino no meio social

O jogo é algo que está presente na vida da criança, adolescente e até


mesmos dos adultos. Segundo Benjamin (1984), é por meio do jogo que fazemos a
criança desde cedo aprender as regras de convivência do ser humano. Os jogos e
as brincadeiras são muito importantes para o desenvolvimento infantil, já que fazem
parte do seu cotidiano desde o início de suas vidas.
O jogo ainda nas palavras do autor possibilita incutir nas crianças o senso de
responsabilidade e, principalmente, de seus limites. E é nesse contexto que se
percebe que o jogo está presente na maneira como agimos na sociedade.
Seguindo o pensamento Orso (1999, p. 7) comenta que “a criança precisa ser
alguém que joga para que, mais tarde, saiba ser alguém que age, convivendo
sadiamente com as regras do jogo da vida. Saber ganhar e perder deveria
acompanhar a todos sempre”. Pois a vida é feita de regras e viver socialmente
depende muito delas. E é nessa perspectiva que temos que sempre procurar
técnicas inovadoras para um melhor desenvolver social do educando. E o RPG pode
ser uma dessas técnicas, pois como já citado anteriormente podemos ver que o
RPG apresenta em seu modo de jogar algumas características que podem
desenvolver a compreensão de regras, cooperação, imaginação, prazer na leitura,
32

interação, raciocínio e socialização de uma forma prazerosa que é brincando. E o


Referencial Curricular para Educação infantil (1998, p. 23) vem colocar que:

[...] educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras


e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal,
de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural.

Nesse contexto o pesquisador da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Luiz


Ricon em uma matéria para a revista Nova Escola de agosto de 2008 afirma:

O RPG desenvolve nos alunos características como a criatividade,


socialização, capacidade de argumentação e liderança, já que é preciso
tomar decisões para seguir o rumo da história. Sem contar que a atividade
torna a aula mais agradável (RICON 2008).

E isso é reforçado na fala de Abt (1974) quando afirma que os jogos são de
grande valor educacional, pois oferecem muitos benefícios para a aprendizagem.
Infelizmente, as vantagens do jogo para o aprendizado é pouco compreendido. Além
da motivação, o jogo influência positivamente a criança, dando subsídios para sua
formação como indivíduo, bem como a auxilia a enfrentar obstáculos e conviver
melhor em sociedade. E é isso que acreditam Dallabona (2004, p. 107), quando
afirmam que:

O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais


real. Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode se
expressar, analisar, criticar e transformar a realidade. Se bem aplicada e
compreendida, a educação lúdica poderá contribuir para a melhoria do
ensino, quer na qualificação ou formação crítica do educando, quer para
redefinir valores e para melhorar o relacionamento das pessoas na
sociedade.

E o legal do RPG é que cada um vai ter o momento da sua ação, e eles vão
ter que aprender. Leva um tempinho, é preciso segurar essa ansiedade um pouco,
porque cada criança vai ter o momento da ação, e um vai ter que aprender a escutar
a ação do outro, e aí não vira uma bagunça tão grande assim (VALENTE, 1993, p.
46). E é por esse entre outras características já apresentadas que, o RPG como
técnica de ensino, serve para melhor relacionar-se socialmente, porque a própria
33

atividade de jogar RPG desenvolve a socialização. Os jogadores conversam entre si


e com o mestre, trocando idéias e expondo as ações de seus personagens. Juntos,
eles criam uma história. Eles também aprendem que seus atos trazem
conseqüências, pois a história muda de acordo com as ações dos personagens.
E esse aprendizado organizado na concepção de Vigotski (2001, p.101)
resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de
desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer.
Ainda seguindo o seu pensamento ele afirma que assim a aprendizagem tem
a função de impulsionar e organizar os “vários processos internos de
desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage
com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação com seus companheiros”
(VIGOTSKI, 2001, p 117).
O jogo não só possibilita o desenvolvimento de processos mentais, por parte
da criança, como também serve como instrumento para conhecer o mundo físico (e
seus usos sociais) e, finalmente, entender os diferentes modos de comportamento
humano (os papéis que desempenham como se relacionam e os hábitos culturais...).
Para que as brincadeiras tenham lugar garantido no cotidiano das instituições
educativas é fundamental a atuação do educador. (REGO citado por TELES, 1999,
p.16). Elkonin assinala que devemos distinguir no jogo o tema e o conteúdo,
assegura que:

Os temas dos jogos são extremamente variados e refletem as condições


concretas da vida da criança. O conteúdo do jogo revela a penetração mais
ou menos profunda da criança na atividade dos adultos. Portanto, a base do
jogo é social e nasce das condições de vida da criança em sociedade
(ELKONIN, 1998).

Lara (2004) afirma que os jogos, ultimamente, vêm ganhando espaço dentro
das escolas, numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula.
Acrescenta que a pretensão da maioria dos professores com a sua utilização é a de
tornar as aulas mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem
torne-se algo mais fascinante; além disso, as atividades lúdicas podem ser
consideradas como uma estratégia que estimula o raciocínio, levando o aluno a
enfrentar situações conflitantes relacionadas com o seu cotidiano preparando-o para
o meio social. E Resende (1999, p. 42-43), reforça isso quando diz que:
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[...] não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja centrada nos
homens de “talentos”, nem nos gênios, já rotulados. O mundo está cheio de
talentos fracassados e de gênios incompreendidos, abandonados à própria
sorte. Precisamos de uma escola que forme homens, que possam usar seu
conhecimento para o enriquecimento pessoal, atendendo os anseios de
uma sociedade em busca de igualdade de oportunidade para todos.

Por isso mostrar que o RPG como uma técnica que venha a contribuir não só
com a educação das crianças e adolescente dentro da escola, mas que ira refletir no
comportamento desse educando na sociedade em geral, pois com as capacidades
de socialização mais desenvolvidas o seu relacionamento social ficara mais
adequado, do que aqueles que não aprendem a viverem em grupos.
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CONCLUSÃO

A preocupação hoje com os futuros cidadãos que estamos inserindo na


sociedade é um fato que é debatido no meio educacional, pois a escola e os
educadores são um dos grandes responsáveis na formação desse nosso futuro. E
para que esta formação seja cada vez mais benéfica para a escola e para a
sociedade é preciso buscar sempre novas formas de melhorias e é nesse ponto que
esta pesquisa foi baseada, introduzindo o jogo RPG em sala de aula para que
aprimoremos as habilidades dos nossos educando para melhor conviver
socialmente. Buscamos mostrar um pouco o que é esse jogo e de onde ele se
originou seguindo os pensamentos de Andrade (2006), que expos as características
do RPG, assim podemos observar que esse jogo possui vários atributos
diferenciados dos jogos que conhecemos, ele faz com que os personagens
interajam e busquem soluções a situações adversas. Sendo que para isso os
jogadores precisam ter um conhecimento mais ampliado buscando assim por meio
de leituras, filmes e outros meios que ampliem esse conhecimento para melhor
interpretar o seu personagem e passar pelos desafios proposto pelo mestre do jogo.
Exploramos também um pouco da história desse jogo como ele surgiu e no
que ele se tornou, que no inicio era baseado apenas em um jogo de estratégia e que
com o passar do tempo foi se aprimorando usando vários cenários de um mundo de
fantasias medievais ao um mundo tecnológico futurístico. E como esse jogo aos
poucos foi se inserindo no meio educacional, com grandes eventos que vem
ocorrendo nos últimos anos.
E através desse conhecimento obtido do jogo RPG vimos como foi colocado
por Pereira (2003) e Marcatto (1999) que com as características que ele possui é
mais um jogo que pode e deveria ser inserido com mais freqüência no meio
educacional pelos educadores, que o RPG possui sim características que o fazem
um jogo a contribuir para a evolução do saber dos nossos alunos, desenvolvendo e
aprimorando habilidades àqueles que o joga: como a interação, o raciocínio, a
concepção de regras, a fantasia, a prática de leituras, fatores esses que tiram aquela
concepção de escola tradicional e a colocam em uma nova onda de como melhor se
ensinar. Porque os jogos na educação já são uma realidade em nosso país, mesmo
que comumente não sejam utilizados, mas buscar novas formas para ensinar e
qualificar os educando é primordial para uma melhor educação. E se esse jogo não
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for só benéfico no ensino, mas também na melhoria do relacionamento humano,


então não é algo a se deixar de lado. Como foi presenciado na abordagem de
Vygotsky (1984) colocando o jogo como algo importante no desenvolvimento das
crianças, que esse ato inocente de brincar contribui muito na formação do
pensamento infantil, que essa interação que é proporcionada pelo RPG acrescenta
na aquisição de conhecimento através da socialização entre as pessoas, que a
forma de jogar em grupo do RPG contribui na evolução do conhecimento sendo feito
gradualmente, de acordo que se vai jogando e vivenciando fatores do jogo que
ocorrem na vida do nosso cotidiano.
E retomando a proposta do RPG como técnica de ensino e suas contribuições
para o relacionamento humano vemos mais contribuições de Pereira (2003) e Rocha
(2006) que colocaram como esse jogo realmente contribui para o ensino, pois geram
interação, socialização, narrativa e amplas formas de resolver um mesmo problema.
Características essas que de diversas formas são utilizadas em sala de aula, pois a
busca de conhecimento e soluções para determinadas situações vem destas
características visto que quem melhor se socializa mais facilidade possui em se
comunicar adquirindo assim mais conhecimento e podendo o repassar com mais
facilidade. E a interação é algo a qual todos necessitamos, e essa narrativa colocada
pelo autor faz com que nos distanciássemos do método tradicional de ensino, pois
com essa narrativa todos podemos nos expressar, tanto o professor como os alunos,
cada um dando o seu ponto de vista para melhor resolver as situações, e o fato de
podermos através do RPG termos a possibilidade de resolver uma mesma situação
de maneiras diversificadas amplia a capacidade de cada um em procurar diferentes
soluções. Visando assim uma cooperação entre os participantes sem nenhuma
competição, pois no final aqueles que mantiveram a atenção durante o jogo, o que
ressalta que para se jogar RPG é preciso ter atenção no jogo para não perder os
detalhes, aprimorando assim o raciocino de cada jogador (aluno) e a imaginação
também, pois a forma de se fantasiar a resolução de um problema melhor
caracterizara o jogo, assim todos ganham o mais importante que é o conhecimento
adquirido com a experiência de jogo.
E por fim observando sobre os ensinamentos de Vigotski (2001) que um
trabalho que seja organizado e que possa ser adequado ao ensino vai resultar ao
aluno um desenvolvimento mental e também físico, pois ele poderá entender como o
mundo funciona e como as coisas ao seu redor possam fazer um maior sentido,
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fazendo que esse ser desenvolvido mentalmente possa melhor se adaptar ao meio
em que convive entendendo melhor o comportamento humano. E assim o RPG
mesmo não sendo uma técnica muito fácil a se utilizar em sala de aula, pois deve se
conhecer ele melhor, e não tendo uma metodologia especifica a ser utilizada,
podemos observar que com suas características e com os benefícios que pode
trazer a educação, esse jogo não passe por uma brincadeira qualquer, mas na
diversão que ele proporciona para o aprendizado e para o convívio social.
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REFERÊNCIAS

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Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
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LARA, Isabel Cristina Machado de. Jogando com a Matemática de 5ª a 8ª série.


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VYGOTSKY, L. S.A formação social da mente. São Paulo: Martins


Fontes, 1984.

_______ Melhores que os pais. Revista Veja, 16 dez. 1998.


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ANEXOS

Anexo A

Livros base para se jogar D&D (Dungeons &Dragons) o RPG mais jogado no mundo. Livro do Mestre
onde demonstra as regras ao qual o mestre deve seguir para desenvolver a história. Livro do Jogador
informa as regras para a criação dos personagens. Livro dos Monstros, contem os NPCs
(Personagens não jogadores) manipulados pelo mestre que servem como antagonistas da história.
Forgoteen Realms livro que contem o mundo onde a história ira acontecer.

Fonte: Livraria Devir.


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Anexo B

Ficha de personagem aonde os jogadores iram colocar as características dos seus personagens.
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Anexo C

Revista Dragão Brasil primeira revista nacional sobre RPG, serve de suplemento aos vários sistemas
do jogo RPG, nela contem histórias, novos personagens, explicações para dúvidas sobre o jogo,
matérias sobre o RPG e suas varias facetas e entretenimento para a descontração e alegria de quem
gosta do jogo.

Fonte: Editora Trama


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Anexo D

Dados de RPG existem dados de 4, 6, 8, 10, 12, e 20 faces

Anexo E

Miniaturas de RPG, exemplos de monstros (NPCs) e personagens do jogo.


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Anexo F

Grupo de RPG no meio de uma partida


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Anexo G

Role Playing Game e a Pedagogia da Imaginação no Brasil foi a tese de doutorado que serviu como
marco para o olhar docente sobre o RPG no país.
Fonte: Editor Beltrano Brasil
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Anexo H

NASA estimula seus astronautas a jogarem RPG para não ficarem entediados no espaço.

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