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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS JAGUARÃO

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

TCC I - PROJETO

Discente: Virgínia Martins Sabino


Docente: Renata Dal Sasso

Jaguarão - RS
2023
Virgínia Martins Sabino1

TCC I - Projeto

Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na


Universidade Federal do Pampa como requisito básico para a
conclusão do Curso de Licenciatura em História.

Orientador: Prof. Dr. Edison Bisso Cruxen2

Jaguarão/RS
2023

1
Discente do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa/Campus
Jaguarão
2
Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal do Pampa/Campus Jaguarão
2
SUMÁRIO
1. OBJETO...................................................................................................................4
2. JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 6
3. OBJETIVOS............................................................................................................. 9
3.1 GERAL.............................................................................................................. 9
3.2 ESPECÍFICOS.................................................................................................. 9
4. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................9
5. METODOLOGIA.....................................................................................................11
6. CRONOGRAMA.....................................................................................................12
REFERÊNCIAS..........................................................................................................13

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1. OBJETO
Para a construção do Projeto e, consequentemente, formular minha
monografia, pretendo trabalhar com algumas temáticas, como o cinema de horror, a
construção de um imaginário popular acerca do Diabo e como essas duas
ferramentas foram, e continuam sendo, fatores importantes e, muita das vezes,
decisivo para a manutenção de uma sociedade patriarcal, onde o objetivo principal
tem sido a dominação e manipulação de corpos ditos subversivos, como é o caso da
população LGBTQIA+.
O projeto tem como objetivo analisar o filme O Bebê de Rosemary (1968),
dirigido por Roman Polanski. Embora o objeto de pesquisa seja um produto
audiovisual, é preciso dizer que a obra é uma adaptação de um livro homônimo,
escrito por Ira Levin e publicado no ano de 1967. Para isso, vou me basear em
algumas fontes críticas que abordam o filme sob diferentes perspectivas. Com essa
delimitação, haverá levantamento sobre alguns pontos como: a relação do cinema
com a sociedade contemporânea, tendo em vista que o cinema é um produto do
final do século XIX, embora seu aperfeiçoamento tenha sido no início do século XX,
com a produção de longas-metragens como o Le Voyage Dans La Lune, de 1902,
produzido por Georges Méliès, um dos pioneiros da sétima arte; relação entre os
termos horror e terror, além de relacionar o horror cinematográfico com os
problemas que permeiam as sociedades, o qual, segundo Larocca,
o gênero [horror] não apenas conta sobre a sociedade que o produziu e
recebeu, seus medos e desconfortos, mas também se conecta a questões
religiosas e filosóficas muito antigas, além de problemas de gênero e
sexualidade, surgindo como um artefato cultural relevante para a análise
histórica e para o campo da história das mulheres.(2021, p.224)

Aqui podendo estender para além da história das mulheres, abarcando os


problemas atribuídos aos demais corpos subversivos, como no caso da população
LGBTQIA+.
O filme conta a história de Rosemary, uma jovem esposa que se muda com
seu marido, Guy, para um apartamento em Nova York, onde é cercada por vizinhos
estranhos e sinistros. Após um pesadelo em que é estuprada por uma criatura
demoníaca, passa a desconfiar que seu marido e seus vizinhos fazem parte de uma
seita satânica, a qual quer usar seu filho para fins malignos.

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Segundo Filipe Monteiro (2014), o filme pode ser interpretado como uma
alegoria da opressão patriarcal sobre as mulheres e os corpos LGBTQIA+, que são
vistos como ameaças à ordem social e religiosa dominante. Rosemary é uma mulher
submissa e ingênua, que não tem voz nem autonomia sobre sua própria vida e seu
próprio corpo. Ela é manipulada e traída por seu marido, que se alia à seita em troca
de sucesso profissional. Ela é isolada e vigiada por seus vizinhos, que controlam sua
alimentação, sua saúde e sua gravidez. Rosemary é violentada e engravidada por
uma entidade maligna, que representa o medo do desconhecido e do diferente, e é,
então, obrigada a gerar e a aceitar um filho que não é seu, que é o fruto de uma
união profana e antinatural.
O crítico Caio de Aquino (2020) nos diz que o filme também retrata a
demonização desses corpos, os quais são constantemente associados ao mal, ao
pecado e à perversão. No longa, a seita satânica é composta por pessoas de
diferentes idades e gêneros, que praticam rituais obscenos e blasfemos. Eles são
contrastados com os personagens "normais" e "respeitáveis", que seguem os
padrões heteronormativos e cristãos da sociedade. O filho de Rosemary é o símbolo
máximo dessa demonização, pois ele é o anticristo, o inimigo de Deus e da
humanidade. Ele é o resultado de uma violação da natureza e da moral, de uma
mistura entre o humano e o não-humano, entre o masculino e o feminino, entre o
sagrado e o profano.
Segundo Ira Levin (1997), autor do livro que originou o filme, O Bebê de
Rosemary é um clássico do terror que cria uma atmosfera de suspense ao longo de
toda a narrativa. Os personagens são bem criados e a protagonista feminina é
marcante, algo bem diferente para a época em que foi escrito. O livro também
denuncia como o sistema patriarcal se utiliza do discurso religioso para legitimar sua
dominação e sua violência, criando uma dicotomia entre o bem e o mal, entre o
normal e o anormal, entre o natural e o sobrenatural.
O filme mostra como o patriarcado usa a violência simbólica e física para
silenciar e submeter os corpos dominados, negando-lhes o direito à autonomia, à
dignidade e à felicidade, além de serem usados como objetos de consumo e de
sacrifício para a manutenção do status quo.
A construção do imaginário na sociedade sobre o Diabo, está diretamente
relacionada ao poder, como Le Goff (2002) nos aponta que “Satã sempre esteve
envolvido na questão do poder”, e segue dizendo que o “avesso do corpo eclesial,
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ele também é a imagem do mau poder. Na época feudal, com facilidade Lúcifer é
descrito como o vassalo cuja felonia o faz querer igualar seu senhor, em lugar de
permanecer submisso a ele.”
Para concluir, a proposta aqui é trazer a reflexão sobre como esses espaços
de poderes se mantêm e quais são as estratégias para que haja êxito nessas
disputas. Aqui está um breve texto sobre como se desenvolverá a pesquisa,
apontando alguns dos passos que serão dados para que haja a conclusão e
finalização da monografia. Ainda há arestas a serem aparadas e, conforme for o
processo de leitura e escrita, poderão surgir novos desdobramentos, embora o
objetivo principal permaneça.

2. JUSTIFICATIVA
Não há como escrever sobre minha justificativa sem antes escrever sobre
quem sou, enquanto transexual. É preciso partir deste ponto inicial, pois foi a partir
das minhas próprias experiências vividas que minha personalidade, apreços e
aspirações moldaram-se. Acredito que essas questões a serem pesquisadas,
justificadas e concluídas, são assuntos intrínsecos à mim, já que, em minha
monografia, irei abordar questões de gênero, dominação, demonização e
subjugação de corpos.
Antes mesmo de conseguir definir meu tema, eu já o vivenciava sem mesmo
perceber, principalmente em minha pré-adolescência e adolescência, propriamente
dita. Ao dizer isso, trago pontos que me fizeram entender que, durante esses anos
todos, a questão de gênero e opressão sempre estiveram presentes em meu
dia-a-dia, embora eu só tenha notado, com certa clareza e definição, já em minha
fase adulta, pois é a partir das experiências vividas que conseguimos expandir
nossas visões e percepções acerca de nós mesmos (SARTRE, 1970).
Cresci em um ambiente cristão, onde os olhos julgadores estavam cuidando
de cada passo dado, desde antes mesmo de balbuciar as primeiras palavras. Mãe
nova convertida ao protestantismo, pai em certo conflito com meus avós - os quais
sempre foram controladores - e irmãos mais velhos. Ambiente perfeito para gerar
certos comportamentos, ou melhor, inibir certos comportamentos.
Sempre soube que não era exatamente como meus irmãos ou primos, pois já
sabia que havia algo diferente em mim e, rodeada desse ambiente citado

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anteriormente, já conseguia detectar gatilhos e motivadores de conflitos, indo de um
simples caminhar à escolha do que assistir e/ou ouvir.
Dentro deste cenário, nasci com um enredo já determinado: corpo dito
masculino, e, junto disso, todo o pacote que envolve este fator pré-determinante.
Dominada desde o nascimento. Manipulada desde os primeiros desejos. Subjugada
desde as primeiras brincadeiras. Demonizada desde a primeira infância. Assim
foram os caminhos trilhados desde a gênese da construção de minha persona. “Não
ande assim!”; “Isso é pecado!”; “Papai do céu não gosta que fale assim!”; “Senta
direito!”; “Fala grosso!”; “Ela é sua namoradinha!”... Frases das quais cresci
escutando, sem ao menos ter atingido a puberdade, as quais me feriam diariamente,
mesmo que em silêncio.
Faço um exercício, talvez na tentativa de diminuir o peso, de buscar entender
o posicionamento de meus pais - apenas o deles - em relação à esses
apontamentos, pois, apesar de contribuírem para com um sistema dominante e
patriarcal, também foram vítimas desse cistema3, “compreendendo que não somos
naturalmente generificados, mas que há um processo de produção de nós, de
nossos gêneros, de nossos corpos.” (NASCIMENTO, 2021, p.19).
Ao crescer, fui me apaixonando cada vez mais pela sétima arte, da qual fui
influenciada diretamente pelo meu pai, que, sempre que podia, estava sentado em
frente à TV vendo algum filme que alguma emissora transmitia ou que ele mesmo
havia alugado. Lembro de que foi com meu pai e meu irmão minha primeira
experiência no cinema, ao assistir Zoando Na TV (1999), protagonizado por uma das
principais apresentadoras infantis da época, Angélica. Me encantei com tudo que
envolveu essa experiência, desde a chegada à bilheteria, aos corredores com
carpetes vermelhos, até o momento em que acenderam-se as luzes da sala. Ali eu
percebi que o cinema seria minha válvula de escape dessa realidade da qual eu fui
(sou?) reprimida, onde eu poderia me imaginar em diversas realidades diferentes da
qual eu vivia.
Com o passar dos anos, fui me aventurando em diversos gêneros do cinema
e, quando cheguei aos filmes de horror/terror, me encantei ainda mais com essa
arte. Chucky, Freddy, Jason, Michael Myers, entre tantas personagens marcantes do
gênero, era ali que eu iria querer passar seus mais de 90 minutos, minutos esses
dos quais valiam das demais horas na realidade. Ao me aventurar no gênero, me
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Uma alusão às palavras CIS (cisgênero) e SISTEMA
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deparei com um em específico, o qual hoje tornou-se meu objeto de pesquisa para
esse projeto: Rosemary’s Baby (1968), dirigido por Roman Polanski.
Nesse primeiro contato com a obra, não consegui perceber sua dimensão, foi
quando decidi, anos depois, revisitá-lo que, com alguns anos de experiências
fílmicas, de fato, sua dimensão foi notada e entendida. Obviamente, curiosa que
sou, busquei outras fontes para que a compreensão de sua magnitude conseguisse
ir tomando forma em minha mente, o que contribuiu para que, cada vez mais, esse
filme adquirisse uma importância para a minha compreensão da realidade. Aqui
vemos como algo que me trazia conforto e escape da realidade a qual vivenciava
(cinema de horror/terror), pôde me abrir os olhos para que, assim, houvesse a
possibilidade de compreender o meio em que vivemos (sociedade
patriarcal-normativa).
A ideia de demônios, Diabo, Anticristo, pecado e inferno sempre me
assombraram, me trazendo medo e angústia ao imaginar que essas figuras me
aguardavam, literalmente, devido aos meus pensamentos e comportamentos - os
quais, como já citado, houve a tentativa de reprimi-los por muitos anos -, tendo em
vista que eu fugia dos padrões sócio-cristãos.
Talvez um dos fatores responsáveis pelo interesse ao gênero horror/terror foi
justamente esse: ver esses meus medos sendo representados nas telas onde,
muitas das vezes, eram combatidos e derrotados, medos esses perpetuados pelo
meio sócio-cristão do qual eu estava inserida, sabendo que, dentro dessa realidade,
por muitos anos “o Diabo e seus agentes foram utilizados pela Igreja como
instrumentos de manutenção de uma Pedagogia do Medo que auxiliava a garantir
sua hegemonia ideológica” (CRUXEN, 2019, p.32).
Por fim, é com esse emaranhado de questões internas e externas, das quais
são correlatas, que buscarei expurgar de minha mente ao realizar essa pesquisa, a
qual, assim espero, possa contribuir, em algum grau, para com o desenvolvimento
social, tanto para o de quem convive comigo como para quem tiver acesso à essa
leitura.

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3. OBJETIVOS
3.1 GERAL
Com essa monografia, o objetivo geral é buscar fazer uma análise
sócio-cultural em torno de como nossos corpos LGBTQIA+ foram, e seguem sendo,
demonizados, manipulados e inferiorizados pelo sistema dominante, sistema esse
heteronormativo e patriarcal. Análise essa que será realizada através da
interseccionalidade de temas como cinema, horror, Diabo, gênero e sociedade. Aqui,
o intuito é de proporcionar um debate acerca de como nossas experiências são
relevantes para que possamos buscar uma sociedade onde a rebeldia, resistência e
contravenção proporcione liberdade para aqueles corpos (e mentes) que tanto são
perseguidos e, muita das vezes, silenciados.

3.2 ESPECÍFICOS
a) Conceitualizar a construção do imaginário na sociedade acerca do Diabo e
seus desdobramentos;
b) Correlacionar a importância do cinema e gênero de horror/terror para uma
leitura social, principalmente com o surgimento da Nova História, na década
de 1970, termo cunhado pela terceira geração da Escola dos Annales;
c) Apresentar o ideal do imaginário cristão acerca de Anticristo, tendo esse fator
como norteador da constante busca pela manipulação, marginalização e
perseguição das minorias sociais;
d) Questionar o modelo padrão de poder social, sendo este cisgênero,
heteronormativo e patriarcal.

4. REFERENCIAL TEÓRICO
Para a elaboração e desenvolvimento deste projeto, que acarretará em uma
futura monografia, utilizarei de alguns conceitos-chaves para que a estrutura de
pesquisa mantenha uma abordagem coesa e objetiva, afim de que, aos interessados
pela leitura, possam, de fato, fazer uso de maneira teórica e/ou prática. Ou seja, aqui
será um laboratório de pesquisa, onde a união desses conceitos-chaves possam
desencadear futuros debates e questionamentos, tanto em ambientes acadêmicos
como, também, em ambientes escolares.

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Entre alguns dos conceitos que abordarei em minha monografia está o de
Anticristo, o qual, segundo Hilário Franco Júnior, “[...]era sempre o Outro.” (p.46,
1999). É partindo sempre do cenário cristão em que, quem não está dentro, sendo o
Outro, no caso, sempre será lido enquanto antítese de Cristo, ou seja, Anticristo. E é
com essa narrativa trazida pelo longa-metragem Rosemary’s Baby (1968), que
traçarei um paralelo entre o bebê, propriamente dito, e corpos LGBTQIA+, os quais,
dentro da trajetória historiográfica da sociedade ocidental, sempre sofreram pela
marginalização e perseguição.
Outros conceitos abordados, serão os de Cinema e História, tendo o autor
francês Marc Ferro enquanto expoente para esse debate, já que ele, segundo
Morettin (2003), foi responsável por fazer com que “a partir dos anos 70, o cinema,
elevado à categoria de ‘novo objeto’, é definitivamente incorporado ao fazer histórico
dentro dos domínios da chamada História Nova.” (p. 12, 2003). Embora hoje
tenhamos outros autores e autoras que trabalham com esse conceito, o utilizarei
para que se possa abrir o debate e, assim, trazer esses outros pesquisadores e
pesquisadores para dentro do texto.
Trarei, também, o conceito de Diabo, onde, para este, estarei utilizando dois
autores principais, sendo eles Carlos Roberto F. Nogueira, o qual nos diz que foi
através do Cristianismo, “[...]como religião dominante na coletividade ocidental, [que]
reuniu, sistematizou e determinou a figura, as atitudes e a esfera da ação de nossa
personagem: o Diabo” (2002, p.13) e Jacques Le Goff, este aponta que “o Diabo, e
em particular Satã, potência parcialmente autônoma e que concentra o conjunto das
casualidades maléficas, é uma das criações mais interessantes e criativas do
cristianismo.” (2002, p.319). Ambos autores contribuirão para que esse conceito de
Diabo possa ser incorporado ao texto, com o objetivo de expor como essa
construção foi articulada e bem utilizada para a perseguição e destruição dos corpos
rebeldes, ou seja, dos quais não se submetem ao status quo de poder que a Igreja
possuía e ainda possui.
Para abordar a questão de Gênero, trarei para o debate a filósofa Judith
Butler, a qual nos afirma que o gênero é performático, sendo uma variável dentro do
espaço em que se apresenta, ou como em suas próprias palavras: “como fenômeno
inconstante e contextual, o gênero não denota um ser substantivo, mas um ponto
relativo de convergência entre conjuntos específicos de relações, cultural e
historicamente convergentes.” (2018). Ao trazer Butler para o debate, busco
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contextualizar a formação do status quo patriarcal, o qual, dentro do contexto e
realidade inserido, denota espaço de poder, poder esse dominador e controlador.
Por fim, invoco novamente o autor Jacques Le Goff mas aqui será para
abordar o conceito de Nova História, a qual possibilitou um pensamento mais
questionador do nosso ofício, enquanto futura historiadora. Trago esse conceito para
expor sua importância para o desenvolvimento deste projeto, pois se hoje estamos
revisitando autores, questionando e buscando construir novas narrativas, onde o
protagonismo desses espaços estão em constante alternância, foi através da Nova
História. Em uma de suas obras, Le Goff aponta que “sempre coube à história
desempenhar um grande papel social, no mais amplo sentido; e em nossa época,
em que papel é mais do que nunca necessário, a história nova, se lhes forem
proporcionado os meios de pesquisa, de ensino (em todos os níveis escolares) e de
difusão que necessita, está em condições de desempenhá-lo.” (1990, p.51).
Aqui apresentei alguns dos principais conceitos que pretendo utilizar,
lembrando que, a partir desses conceitos e autores, poderão haver outros
desdobramentos, a fim de conseguir contemplar com objetividade minha proposta a
ser trabalhada.

5. METODOLOGIA
Dito tudo isso, é momento de pensar sobre de que maneira essa monografia
será realizada. Tendo como ponto de partida, será realizada análises acerca do
longa-metragem Rosemary’s Baby (1968), mantendo um olhar mais afinado em
relação ao enredo, contexto, diálogos, cenas e demais atributos que um filme possa
proporcionar. Dentro dessas análises, serão coletadas informações essenciais para
a narrativa, informações estas podendo ser ditas ou não através da tela, tendo a
subjetividade como ferramenta para a análise, pois o cinema é composto por
diversas camadas e sendo, entre elas, uma ferramenta que
destroi a imagem do duplo de cada instituição, cada indivíduo se
tenha constituído diante da sociedade. A câmera revela o
funcionamento real daquela, diz mais sobre cada um do que queria
mostrar. Ela descobre o segredo, ela ilude os feiticeiros, tira as
máscaras, mostra o inverso de uma sociedade, seus “lapsus”.
(FERRO, 1976, p.202)

Após a análise fílmica, serão realizadas as leituras para uma melhor


compreensão dos pontos levantados durante os apontamentos, tendo entre eles a

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função de traçar um paralelo entre a experiência vivida pela protagonista, ao ser
manipulada por aqueles que as cercavam, onde havia um objetivo para além de
suas próprias vontades e decisões, lembrando que o enredo do filme nos mostra
que Rosemary não possui autoridade nenhuma sobre seu próprio corpo, já que toda
essa experiência deu-se pelo simples fato de que Guy, seu esposo, sabe que,
socialmente, detém esse poder sobre ela, de maneira explícita ou não, ou seja, o
corpo de Rosemary é de domínio de Guy, que decide o quê, quando e como fazer o
que deseja.

Com o desenvolvimento das leituras e anotações realizadas, será o momento


de dar início à escrita do Trabalho de Conclusão do Curso, onde os
conceitos-chaves citados anteriormente serão melhores abordados, buscando trazer
reflexões a respeito de como as figuras de poder incessantemente articulam para
que todo aquele que desvia de suas ordens, seja punido de alguma maneira,
punição essa que aqui será trabalhada será a de perseguição, manipulação,
demonização e, quando há êxito, o apagamento desses grupos, sejam eles
mulheres ou qualquer outro corpo não pertencente ao sistema patriarcal.
Não serão realizadas pesquisas relacionadas como o longa-metragem afetou
diretamente o público, pois a proposta aqui não será esta, e sim em como esse filme
reflete uma realidade vivida por diversos grupos.

6. CRONOGRAMA

Atividades Ago Set Out Nov Dez

Pesquisa bibliográfica x x

Coleta de Dados (se for o caso) x x

Apresentação e discussão dos dados x

Elaboração do trabalho x x x x

Entrega do trabalho x

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REFERÊNCIAS
AQUINO, Caio de. O Bebê de Rosemary: Por que é um clássico? - Explicação |
Crítica do filme. 2020. Disponível em <https://youtu.be/zbHoxPenUow> . Acesso
em 16 abr 2023.
BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade.
Rio de Janeiro, 2018.
CRUXEN, Edison; Representações imagéticas do Diabo: uma milenar trajetória
entre o poder do medo e a diversão. in OLIVEIRA, Marcelo França de; CHICO,
Márcia Tavares; OGAWA, Milena Rosa Araújo (Orgs). Imagens, Trajetórias e Poder:
pesquisa, escrita e ensino de História. Porto Alegre, 2021, p.12-34.
FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade? in LE GOFF, Jacques;
NORA, Pierre (Orgs.). História: novos objetos. Rio de Janeiro, 1976, p.202-203.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. O ano 1000. São Paulo, 1990.
LAROCCA, Gabriela Müller. Do Malleus Maleficarum ao cinema de horror: a
tradição do mal feminino e da mulher-bruxa em filmes da década de 1960.
Curitiba, 2021.
LE GOFF, Jacques. A História nova. São Paulo, 1990.
________. Diabo. in SCHMITT, Jean-Claude (coord.). Dicionário temático do
Ocidente Medieval. 2002, p.437-454.
MORETTIN, Eduardo Victorio. O cinema como fonte histórica nas obras de Marc
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NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo. São Paulo, 2021.
NOGUEIRA, Carlos Roberto F. O Diabo no imaginário cristão. Bauru, São Paulo,
2002.
SARTRE, Jean-Paul. Existencialismo é um Humanismo. Les Éditions Nagel,
Paris, 1970.

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