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By EUGENE F. FAMA
Em geral, a teoria dos passeios aleatórios levanta questões desafiadoras para quem tem
mais do que um interesse passageiro em compreender o comportamento dos preços
das ações. Infelizmente, no entanto, a maioria das discussões da teoria têm aparecido
em revistas acadêmicas, cujo nível abordado apresenta uma forma muito técnica, dado
que o tratamento não-matemático tornaria a teoria incompreensível. Este paper
descreve, resumidamente, e simplesmente, a teoria dos passeios aleatórios e algumas
das importantes questões levantas, relativas ao trabalho dos analistas de mercado. Para
preservar a brevidade, alguns aspectos da teoria, e suas devidas implicações, foram
omitidas. As discussões mais completas (mas também mais técnicas) da teoria dos
passeios aleatórios estão disponíveis em outros lugares; Espero que a introdução
fornecida aqui vá incentivar o leitor a examinar uns dos trabalhos mais rigorosos e
longos listados no final deste paper.
As técnicas de análises gráficas estão sempre cercadas por um certo grau de misticismo,
no entanto, e como resultado, a maioria dos profissionais do mercado tê-las encontrado
suspeitas. Assim, é provavelmente seguro dizer que a análise pura dos gráficos é
relativamente rara entre os analistas do mercado de ações. Prefiro o analista típico, que
adere a uma técnica conhecida como a análise fundamental ou o método do valor
natural.
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Provavelmente, o exemplo mais conhecido da abordagem baseada em análises gráficas, para prever os preços das
ações, é a teoria de Dow.
abordagem radicalmente diferente para a análise de mercado, baseada na teoria dos
passeios aleatórios dos preços no mercado de ações. O restante deste artigo será
dedicado a uma discussão sobre esta teoria e suas principais implicações.
Agora, em um mundo incerto, o valor natural de uma ação nunca poderá ser exatamente
determinado. Assim, há sempre espaço para a discordância entre os participantes do
mercado sobre qual é o valor natural de uma ação, e tal desacordo dará origem a
discrepâncias entre os preços reais e valores naturais. Em um mercado eficiente, no
entanto, o ato concorrencial de muitos participantes deve causar oscilações do preço
real de uma ação, orbitando aleatoriamente sobre o seu valor natural. Se as
discrepâncias entre os preços reais e os valores naturais são sistemáticas, ao invés de
aleatórias por natureza, então o conhecimento disto deve ajudar os participantes
inteligentes do mercado, para preverem melhor o caminho pelo qual os preços reais se
moverão em direção aos valores naturais. Quando os muitos traders inteligentes
tentarem aproveitar esse conhecimento, no entanto, tenderão a neutralizar tal
comportamento sistemático nas séries dos preços. Embora a incerteza relativa aos
valores naturais permaneça, os preços reais das ações vaguearão aleatoriamente sobre
seus valores naturais.
Novas informações
Claro, valores naturais podem se alterar ao longo do tempo como resultado de novas
informações. A nova informação pode envolver coisas como o sucesso de um projeto de
pesquisa e desenvolvimento atual, uma mudança na gestão, uma tarifa de imposto
sobre o produto de um determinado setor em um país estrangeiro, um aumento da
produção industrial, ou qualquer outra alteração real ou prevista em um fator, que é
suscetível em afetar as perspectivas da empresa.
É improvável que a hipótese dos passeios aleatórios forneça uma descrição exata do
comportamento dos preços no mercado de ações. Para fins práticos, no entanto, o
modelo pode ser aceitável mesmo que não caibam exatamente nos fatos. Assim,
embora as mudanças de precificações não sejam estritamente independentes, a
quantidade real de dependência das variáveis pode ser tão pequena quanto sem
importância.
O que deve ser classificado como sem importância depende, naturalmente, de uma
questão a ser apreciada. Para um trader ou investidor do mercado de ações, o critério é
óbvio: A suposição de independência do modelo de passeios aleatórios é válida,
enquanto o conhecimento do comportamento passado de uma série de mudanças na
precificação não possa ser usada para aumentar os seus ganhos esperados. Mais
especificamente, se alterações nas precificações de uma determinada ação são
independentes, não há nenhum problema no sincronismo de compras e vendas das
ações. Uma simples política de compra ou venda de uma ação será tão boa quanto
qualquer procedimento ou mecanismo mais complicado para o sincronismo de compras
e vendas de ações. Isso implica que, para fins de investimento, a suposição de
independência do modelo de passeios aleatórios é uma descrição adequada da
realidade, enquanto o real grau de dependência em uma série de precificações não é
suficiente para obter os lucros esperados de quaisquer técnicas e instrumentos mais
"sofisticados", conduta dos traders, técnicas grafistas ou maior do que os lucros
esperados sob uma ingênua política de comprar e vender ações de um portfólio.
Ao longo dos anos têm sido realizada uma série de testes empíricos da teoria dos
passeios aleatórios; na verdade, tanto que não é possível discuti-las adequadamente
aqui. Portanto, ao descrever a evidência empírica, nos limitaremos a uma breve
discussão das diferentes abordagens utilizadas e conclusões gerais que evoluíram a
partir desta teoria.
A principal preocupação da pesquisa empírica sobre o modelo de passeios aleatórios foi
para testar a hipótese de que as variações sucessivas dos preços são independentes
entre si. Seguiram-se duas abordagens diferentes. Primeiro, há a abordagem que se
baseia principalmente em ferramentas estatísticas comuns, tais como as análises de
sequências consecutivas e coeficientes de correlação seriais das mudanças de preço de
um mesmo marcador. Se os testes estatísticos tendem a apoiar a suposição de que há
independência, então podemos deduzir que não há, provavelmente, nenhum
mecanismo padrão no comportamento dos trader’s ou nas técnicas grafistas, baseadas
exclusivamente em padrões do passado histórico de mudanças de preços, capazes de
fazer com que os lucros esperados do investidor pudessem ser maiores do que eles
seriam caso o investidor recorresse a uma simples política de compra e venda de ações.
A segunda abordagem para testes de independência continua testando diretamente os
diferentes mecanismos e padrões de troca no mercado de ativos para ver se eles
fornecem, ou não, um maior retorno face ao simples ato de lucrar com a compra e a
venda indiscriminada de ações.
Não há nada na discussão acima, no entanto, sugerindo que a análise do valor natural
ou fundamental seja superior, em uso, a menos em um mercado eficiente com passeios
aleatórios dos preços. Na verdade, o analista fará melhor do que o investidor que segue
uma política simples de comprar e vender ações, enquanto ele puder identificar mais
rapidamente situações onde não negligencie mais as discrepâncias entre os preços reais
e valores naturais do que outros analistas e investidores, e se ele é capaz de prever a
ocorrência de eventos importantes e avaliar seus efeitos sobre os valores naturais.
Se há muitos analistas que são bons o bastante neste tipo de coisa, no entanto, e se eles
têm recursos substanciais à sua disposição, eles ajudam a estreitar as discrepâncias
entre os preços reais e valores naturais e contribuem para que os preços reais, em
média, possam se ajustar "instantaneamente" às alterações nos valores naturais. Ou
seja, a existência de muitos analistas sofisticados ajudam a tornar o mercado mais
eficiente, o que por sua vez implica em um mercado que adequa-se de forma mais
próxima ao modelo de passeios aleatórios. Embora os retornos para esses analistas
sofisticados possam ser bastante elevados, eles estabelecem um mercado em que a
análise fundamental é um procedimento bastante inútil para o analista médio e para o
investidor médio. Ou seja, em um mercado de passeios aleatórios eficiente, em média,
uma escolha feita por um analista medíocre por um determinado ativo irá produzir um
retorno não muito melhor do que o obtido de um ativo selecionado aleatoriamente com
o mesmo grau de risco, em geral.
Não há provavelmente muitos analistas (na verdade, não conheço nenhum) que de bom
grado admitiria que eles não são melhores que o analista "médio". Se todos os analistas
pensam que eles são melhores do que a média, no entanto, isso só significa que sua
estimativa dessa média é baixa. Felizmente, não é necessário julgar um analista
unicamente por suas reivindicações. A discussão acima fornece um ponto de referência
natural com o qual podemos avaliar seu desempenho.
Em um mercado de passeios aleatórios eficiente, em qualquer momento, o preço de
mercado de um ativo já refletirá os juízos de muitos analistas sobre a pertinência das
informações atualmente disponíveis para as perspectivas sobre este mesmo
ativo. Agora, um analista individual pode sentir que ele tem idéias melhores do que
aquelas que já estão implícitas no preço de mercado. Por exemplo, ele pode sentir que
uma discrepância entre o preço de mercado e valor natural existe para alguma ação, ou
ele pode pensar que o valor natural da ação estaria, em si, prestes a mudar por causa
de algum fragmento iminente de novas informações, que ainda não estão disponíveis a
nível geral.
Esses "insights" do analista não possuem valor real, no entanto, a menos que eles sejam
eventualmente corroborados pelo mercado, ou seja, a menos que o preço real de
mercado eventualmente se mova na direção prevista pelo analista. Em outras palavras,
se o analista pode tomar decisões significativas relativas à compra e venda de títulos
individuais, as escolhas consistentemente devem superar títulos selecionados
aleatoriamente do mesmo grau de risco geral. No entanto, é importante salientar que o
analista deve consistentemente produzir resultados melhores que a mera seleção
aleatória, uma vez que, pela natureza da incerteza, por qualquer período de tempo
determinado, ele terá uma chance de 50% de fazer melhor do que uma seleção
aleatória, mesmo se os seus poderes de análise sejam completamente
inexistentes. Além disso, não só deve o analista fazer consistentemente melhor que uma
seleção aleatória, mas ele deve superar uma seleção aleatória em um nível que seja pelo
menos suficiente para cobrir o custo dos recursos (incluindo o seu próprio tempo) gastos
no processo de condução dos seus procedimentos de seleção mais sofisticados.
O que propomos, então, é que o analista submeta seu desempenho a uma comparação
rigorosa com um procedimento de seleção aleatória. Uma maneira simples e prática de
comparar os resultados produzidos por um analista com um procedimento de seleção
aleatória é o seguinte: cada vez que o analista recomenda uma ação para a compra (ou
venda), outra ação do mesmo grau de risco geral é escolhida aleatoriamente. Uma data
futura, então, é escolhida no momento em que serão comparados os resultados
produzidos pelos dois títulos. Mesmo se o analista não for melhor que o procedimento
de seleção aleatória, em qualquer comparação determinada, ainda há chances de 50%
que ele escolha uma ação que irá superar a ação selecionada aleatoriamente. Depois
que o jogo foi jogado por um tempo, no entanto, os resultados de muitas comparações
diferentes são acumulados, e ficará claro se o analista é que se preze, ou não.
Comparação de carteiras
Em suma, a teoria dos passeios aleatórios dos preços do mercado de ações apresentam
desafios importantes para ambos; os grafistas e os defensores da análise
fundamental. Para o grafista, o desafio é simples. Se o modelo de passeios aleatórios é
uma descrição válida da realidade, o trabalho do grafista, como a de um astrólogo, será
de nenhum valor real para fins de análise do mercado de ações. A evidência empírica,
até agora, fornece forte sustentação para o modelo de passeios aleatórios. Nesta
perspectiva, a única maneira que o grafista pode reivindicar a sua posição é mostrando
que ele pode sempre usar suas técnicas para fazer previsões melhores do que o mero
acaso, sobre os preços das ações. Não é suficiente para ele citar misticamente os
padrões que apenas ele vê nos dados. Ele deve mostrar que ele pode usar
consistentemente esses padrões para fazer previsões significativas dos preços futuros.
REFERÊNCIAS:
3. COOTNER, PAUL H. (ed). The Random Character of Stock Market Prices. Cambridge:
M.I.T. Press, 1964. An excellent compilation of research on the theory of random walks
completed prior to mid-1963.
4. COOTNER, PAUL H. “Stock Prices: Random vs. Systematic Changes,” Industrial
Management III, (Spring, 1962), 24-45.
7. GODFREY, MICHAEL D., GRANCER, CLIVE W. J., and MORGENSTERN, OSKAR. “The
Random Walk Hypothesis of Stock Market Behavior,” Kyklos, XVII (January, 1964), l-30.
8. GRANGER, CLIVE W. J., and MORGENSTERN, 0. “Spectral Analysis of New York Stock
MarketPrices,” Kyklos, XVI (January, 1963), I-27.
11. “A Study of Mutual Funds.” Prepared for the Securities and Exchange Commission
by the Wharton School of Finance and Commerce. Report of the Committee on Interstate
and Foreign Commerce. Washington, DC.: Government Printing Office, 1962.