Aula5 Patologiadasalvenarias 03 09 2022a504022

Patologia das Alvenarias
03.09.2022
Universidade Santa Cecília – Santos / SP
Cidade de Bam, Irã. Maior construção de adobe no mundo – 550 A.C
Universidade Santa Cecília – Santos - SP

Aula Patologia das Alvenarias
CONCEITUAÇÃO
As paredes de alvenaria têm merecido, nos últimos anos,
uma atenção crescente, ainda que insuficiente e com
resultados pouco visíveis ao nível do seu desempenho final.
No campo dos materiais há sinais evidentes do interesse por

novos produtos mas ainda não foram dados passos de
escala decisiva na produção.
As alvenarias veem, assim, uma dignidade adiada, com uma

evolução lenta pontuada por exemplos positivos de relevo,
mas também por recorrentes anomalias.
Veremos anomalias das paredes de alvenaria (ou das

fachadas onde habitualmente se integram) para ilustrar
melhorias que podem ser empreendidas.

Alvenarias estruturais
A alvenaria estrutural é um dos mais antigos

sistemas construtivos utilizados pela
humanidade. Até o inicio do século XX as
alvenarias foram executadas de forma empírica
e apresentavam grandes
Universidade espessuras
Santa Cecília – Santos / SP devidas a
falta de conhecimento das características
resistentes dos materiais, e de procedimentos
racionais de cálculo.
Algumas obras importantes como a Pirâmides de
Gisé, o Coliseu, Basílica de Santa Sofia,
chamam a atenção pelas suas dimensões.
.
SAMPAIO,M.B. Fissuras em edifícios residências em alvenaria estrutural,2010. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo


Outra edificação marcante é o edifício Monadnock no Chicago

que foi construído entre 1889 e 1891, que possui 65 metros de altura e
alvenarias com 1,80m de espessura no térreo. Se este edifício fosse
calculado hoje, empregando os mesmos materiais, as paredes resistentes
do térreo teriam apenas 30 cm de espessura.
SILVA, S.A. A evolução dos edifícios em alvenaria auto-portante, 2004. Seminário - Universidade de São Paulo

ROMAN e FILHO (2007) destacam a alvenaria estrutural como um

processo construtivo em que as paredes de alvenaria e as lajes
enrijecedoras funcionam estruturalmente em substituição aos pilares e
vigas utilizados nos processos construtivos tradicionais, sendo
dimensionado segundo métodos de cálculos racionais e de
confiabilidade determinável.
Componentes da alvenaria estrutural
A alvenaria estrutural é composta de blocos (ou unidades); argamassa;

graute e armadura. Durante a elaboração da estrutura é comum o uso
de elementos pré-fabricados tais como vergas, contravergas, coxim,
escadas, etc.
ROMAN,H.; FILHO,S. Manual de alvenaria Estrutural com Blocos Cerâmicos, 2007.

Quando se conhece os problemas ou

defeitos que uma construção pode vir a
apresentar e suas causas, a chance de se
cometer erros reduz
Universidade muito
Santa Cecília e quanto
– Santos / SP maior
a responsabilidade profissional na
construção, maior deve ser o conhecimento
sobre as manifestações patológicas.
VERÇOZA,E.J.Patologias das Edificações, 1991.1a Ed. Editora Sagra. Porto Alegre.

As principais manifestações
patológicas que podem acontecer no sistema
de construção com alvenaria estrutural, são:
Recalque de fundação, variações térmicas,

sobrecarga de carregamento, reações
químicas e retração.

E se o graute recomendado para preenchimento dos vazio das obras

de alvenaria estrutural, de repente, vira concreto de brita zero, com
bastante água?
E a retração? Conclusão; manifestação patológica generalizada na
obra toda!

Alvenarias não estruturais
A influência das alterações das fachadas, nas últimas décadas, no seu

desempenho se identificam, como principais, as seguintes:
- Introdução de novos materiais;

- Modificação das características de materiais existentes;
- Velocidade da execução Santa
Universidade das paredes,
Cecília – acompanhando
Santos / SP a velocidade
- da construção;
- Alterações tecnológicas, no que diz respeito à concepção;
- Alterações tecnológicas, no que diz respeito às técnicas de execução;
- Introdução de materiais com funções complementares;
- Introdução de acessórios/componentes complementares;
- Introdução de novos tipos de revestimento;
- Evolução/alteração de revestimentos tradicionais (características
dos materiais e técnicas de aplicação).

A fissuração (e os fenômenos de umidade e envelhecimento associados)

têm constituído, desde há muito uma preocupação, com a seguinte
sequência:
- Fissuração de paredes de alvenaria;

- Causas da fissuração de paredes e alvenaria;
- Fissuração dos revestimentos tradicionais;
- Prevenção da fissuração de origem térmica;
- Estratégias de reabilitação de paredes de alvenaria;
- Estratégias tradicionais de reabilitação de patologias não
estruturais;
- Estratégias para reabilitação de paredes de alvenaria fissuradas;
- Precauções na reabilitação de fissuras em "ponte".

Seguem algumas estratégias básicas de intervenção em

situações de anomalia não estrutural, com exemplos de
aplicação para o caso da fissuração em paredes de
alvenaria. Universidade Santa Cecília – Santos / SP
Independentemente da limitada resposta técnica que

este exemplo consegue dar, a metodologia é relevante
e merece ser estudada.

Exemplos da concretização das estratégias gerais de reabilitação de

patologias não estruturais, para fissuração de paredes de alvenaria.
ESTRATÉGIA CONDICIONANTES Exemplos de intervenção em

situações de fissuração
Consiste na reparação Criação de rebaixos nas alvenarias ou

das fissuras. nos revestimentos, sobre a fissura;
Eliminação Universidade
A eficácia dependeSanta
do Cecília – Santos / SP
das tipo de fissura e da sua
estabilização. Aplicação de tiras de papel adesivo ao
anomalias
Em alguns casos pode longo da fissura, para criação de uma
ser feita por mera "ponte";
pintura decorativa.
Colocação revestimento armado
sobre a fissura, não aderente a esta.



Demolição total ou parcial das paredes – em

Solução radical e muito situações de esmagamento nos apoios, fissuras
Substituição dos onerosa. graves trespassando tijolo à vista e argamassa.
elementos mais Demolição de encunhamentos não travados ou
afetados Frequentemente necessária com travamento sem a adequada resistência à
em e n c u n h a m e n t o s , expansão de um dos panos confinantes.
paredes de tijolo à vista e
fissuras de grande abertura. Demolição ou remoção de peitoris e outros
acessórios fissurados.
Pode não eliminar a causa.
Reconstrução das zonas demolidas e
substituição dos acessórios removidos com
técnicas e materiais mais adequados, incluindo
frequentemente armaduras nas juntas,
grampeamento, montantes de travamento e
armaduras do revestimento.



Construção de pano de parede adicional;

Solução geralmente
Ocultação das económica. Pode ser
Universidade Santa Cecília – Santos
Aplicação / SP
de revestimentos complementares
anomalias definitiva se garantir o desligados ou com significativa flexibilidade.
desempenho funcional do
elemento construtivo. Aplicação de cobre juntas, sancas ou rodapés
em fissuras estabilizadas de desenvolvimento
muito regular (horizontais ou verticais)
Confunde-se Proteção contra as diversas formas de acesso da

frequentemente com a umidade;
Proteção contra os eliminação das causas ou Colocação de isolamento térmico;
agentes com o reforço das
agressivos características funcionais. Criação de juntas no contato com elementos
É preferível como medida construtivos que transmitam cargas
preventiva. “parasitas”, etc.

Seguem considerações sobre a sempre complexa relação de

responsabilidades entre o projeto e a execução das alvenarias,
no que toca às situações de manifestações patológicas.
As próximas considerações pretendem

Universidade Santa incentivar
Cecília – Santos / SP a discussão
no projeto, que deve ter um papel decisivo mas
suficientemente discreto para que as alvenarias possam
desempenhar, não só o papel principal, quando for caso disso,
mas também as funções complementares, como peças de um
complexo sistema, onde, porventura possam não ser as mais
determinantes.

Principais aspectos do projeto e da construção responsáveis por

anomalias nas alvenarias de tijolo
PROJETO CONSTRUÇÃO
Deficiente avaliação do desempenho Deficiente compreensão do projeto,
da parede, quer na globalidade, quer no que respeita aos pormenores
na ligação à outras partes do edifício, construtivos e às características a exigir
no que respeita à penetração da água, aos materiais;
durabilidade e comportamento estrutural;
Desconhecimento
Universidade Santa Cecília – Santos / SP do funcionamento de
Insuficiente avaliação e determinação impermeabilizações, rufos e insuficiente
das propriedades a exigir ao tijolo e compreensão técnica das respectivas
à argamassa; exigências em termos de execução;
Especificações de materiais, testes Instalação incorreta (ou omissão) de

e técnicas de execução omissas ou vagas, barreiras de impermeabilização e rufos
remetendo para “procedimentos previstos em projeto;
habituais de qualidade reconhecida” e Execução incorreta (ou omissão) de juntas
para a “experiência da mão-de-obra”; de expansão-contração prevista em projeto;


Pormenorização incompleta, com utilização

excessiva de desenhos tipo, eventualmente Deficiente preenchimento de juntas
não adaptados à obra em causa, deixando verticais e horizontais;
a verdadeira pormenorização para a fase Instalação incorreta de grampos ou outros
de execução; elementos
Universidade Santa Cecília – Santos / SP de ligação;
Negligência na determinação dos

movimentos previsíveis, na definição das Acabamento desapropriado para as juntas
exigências do suporte (em particular em de assentamento e criação de juntas de
paredes de fachada) e imposição das assentamento com espessuras excessivas;
necessárias juntas de expansão-contração,
quer verticais, quer horizontais;


Negligência na determinação das Formação de ressaltos de argamassa,

exigências estruturais das paredes permitindo o contato entre panos e a
exteriores face à ação do vento e na transferência de umidade entre eles;
adoção das soluções construtivas delas
decorrentes (grampeamento, apoios
Universidade Utilização
Santa Cecília de argamassas
– Santos / SP com composição
suplementares, etc.); química inadequada, incluindo, por
exemplo, substâncias expansivas;
Negligência na previsão das deformações
estruturais e da sua influência sobre as Negligência na avaliação das condições
alvenarias, em particular nos fenómenos atmosféricas durante a execução da obra
de fissuração; (temperatura e umidade);
Desconhecimento ou má interpretação e Negligência na comunicação ao projetista

aplicação dos códigos, regulamentos e de pormenores não executáveis ou de
bibliografia técnica e científica da alterações adotadas na obra.
especialidade.
Várias anomalias das paredes de alvenaria e das fachadas

exigem a nossa atenção presente, tais como:
(i) Integrar a avaliação da qualidade das alvenarias em um sistema global
de avaliação da qualidade do edifício;
(ii) Sensibilizar os projetistas e criar ferramentas de projeto;
(iii) Investir na qualificação da mão-de-obra e na organização da produção;
Universidade
(iv) Promover e apoiar Santa Cecília
a investigação, tendo–em
Santos
conta/ SP
a realidade nacional;
(v) Melhorar a eficácia dos mecanismos de transferência tecnológica;
(vi) Reforçar, de forma integrada, os instrumentos formais de
certificação, Normalização, etc.;
(vii) Conhecer e controlar os materiais;
(viii) Melhorar a aplicação;
(ix) Projetar as alvenarias
Erros e defeitos em paredes de fachadas
Nos tópicos a seguir, faz-se uma breve abordagem de erros e defeitos,

suas consequências e forma de manifestação, com particular
preocupação com as estratégias de prevenção.
- Juntas de retração/expansão inadequadas;

- Erros na utilização de pinturas impermeáveis;
- Preparação e aplicação inadequadas de emboço/reboco tradicionais;
- Aplicação inadequada de revestimentos cerâmicos;
- Execução de peitoris com geometria e materiais inadequados;
- Fissuras, trincas e rachaduras
- Fissuração da alvenaria sobre suportes muito deformáveis;
- Erros frequentes em paredes de tijolo a vista;

Juntas de retração/expansão inadequadas
A inexistência de juntas de retração/expansão nas paredes de alvenaria

de extensão considerável conduz, frequentemente, a fenômenos de
fissuração, esmagamento localizado e destacamento de revestimentos.
Estas anomalias resultam do fato de haver movimentos naturais de

expansão ou contração, resultantes de variações de teor de umidade ou
temperatura, que estão total ouSanta
Universidade parcialmente impedidos,
Cecília – Santos / SP por ausência ou
inadequação das referidas juntas.
Estes movimentos, uma vez impedidos, vão equivaler, em termos de

efeito mecânico, a uma deformação imposta e, consequentemente, a uma
significativa tensão interna da alvenaria, com maior expressão, em geral,
na direção horizontal.
A situação é agravada se os materiais apresentarem movimentos
irreversíveis significativos (expansão nos tijolos e retração nos blocos de
concreto).

As juntas de retração/expansão devem ser dimensionadas para

acomodar, pelo menos, o movimento que resulta da multiplicação do
comprimento da parede pelo coeficiente de dilatação térmica linear da
alvenaria e pela variação máxima previsível da temperatura fictícia “ar-
sol”, isto é, tomando em consideração, não só a variação da
temperatura do Universidade
ar, mas também a variação
Santa Cecília – Santos / de
SP temperatura da
superfície, resultante da radiação solar e da cor do revestimento.
As juntas devem ser adequadamente vedadas com selantes

elastoméricos e eventuais proteções metálicas, para prevenir a entrada
de água e a sua degradação.

Efeitos do incorreto dimensionamento ou execução de juntas de retração

Erros na utilização de pinturas impermeáveis
As fachadas de alvenaria devem responder a diferentes exigências

consoante o ambiente exterior e interior que separam. Com ambientes
interiores de forte higrometria e/ou para alguns tipos de configuração da
parede, no seu conjunto.
Devemos recordar que, no Brasil, existem regiões com inverno acentuado,

onde a temperaturaUniversidade Santa Cecília – Santos / SP
tende a ser superior no interior dos edifícios e, com a
contribuição da sua ocupação e uso, também é maior a pressão de vapor de
água no ar.
Uma vez que existe um diferencial de pressão com o exterior, o vapor tem
tendência a migrar nesse sentido, mas à medida que a parede vai
arrefecendo o valor da pressão de saturação também baixa e, no ponto onde
iguala a pressão instalada, ocorrem as condensações.

Para prevenção de futura fissuração, mero receio do envelhecimento da

parede ou correção de anomalias, recorre-se, por vezes, a aplicação de
tintas de elevada elasticidade e estanqueidade à água (em geral
designadas por “membranas”) mas é imperioso garantir que sejam
permeáveis ao vapor-de-água.
Caso isso não aconteça, é muito grande a probabilidade de condensação
na face exterior da parede, sob a tinta, formando bolsas de água de
dimensão significativa.
O mesmo acontece com a água proveniente de pequenas infiltrações por

platibandas, juntas, peitoris e outros pontos singulares não estanques, uma
vez que o revestimento não permite a sua drenagem para o exterior. A sua
utilização deve motivar um cuidado redobrado na execução desses pontos
singulares.

Exemplos de bolsas de água sob tintas impermeáveis

Preparação e aplicação inadequadas de emboço/reboco
tradicionais
As argamassas tradicionais para revestimento de fachada estão bem
descritos na bibliografia técnica e têm vantagem em ser executadas em 2
ou 3 camadas, com teor decrescente de ligante para o exterior, para
melhorar a sua resistência e diminuir a fissuração.
Devem se evitar argamassas muito ricas em cimento, quantidade
excessiva de água de amassamento e areias com elevados módulos de
finura. Universidade Santa Cecília – Santos / SP
Estas precauções são essenciais para melhorar o desempenho e

durabilidade das argamassas exteriores ditas “tradicionais” sobre paredes
de alvenaria, em particular no que diz respeito à prevenção da fissuração
por retração hidráulica e à proteção da parede contra a água da chuva.
Apesar de constituir matéria suficientemente conhecida, continua a

verificar-se um elevado número de anomalias resultantes da sua incorreta
aplicação, e, com frequência, injustamente atribuídas à própria alvenaria.

tradicionais
A argamassa externa, em fachadas, constitui um revestimento de

impermeabilização e não de estanqueidade. Espera-se, assim, não que
impeça totalmente (e por si só) o acesso da água à parede, mas sim que,
em conjunto com o suporte e para condições climáticas correntes, impeça
infiltrações para o interior do edifício e permita um equilíbrio dinâmico do
teor de umidade da parede ao longo do ano, sem deterioração precoce
dos materiais, nem redução significativa do seu desempenho.
Para que isto aconteça, é fundamental que não exista fissuração

superficial, o que é conseguido com uma camada exterior pouco rica em
cimento, com alguma porosidade mas significativa elasticidade.
As camadas interiores podem e devem ser mais ricas, uma vez que,
sendo menos porosas, terão tendência a fazer migrar a umidade para as
camadas exteriores.

tradicionais
A cura das argamassas, mediante proteção contra a secagem precoce por

ação do vento ou do sol e eventual umedecimento, constitui uma peça chave
para a prevenção da fissuração por retração hidráulica, uma vez que, apesar
de não diminuir o valor final da retração, esta ocorre num período em que as
argamassas já têm resistência mecânica suficiente.
Exemplos de fissuração e destacamento de argamassas externas

Aplicação inadequadas de revestimentos cerâmicos
A utilização de revestimentos cerâmicos como material de acabamento

de paredes de fachada em alvenaria, vem na linha da nossa tradição
construtiva.
Contudo, os problemas se sucedem, tendo particular relevo o

descolamento e queda dos revestimentos,
Universidade Santa Cecília com graves
– Santos / SPconsequências
funcionais, estéticas e de segurança. Também se observam queixas
frequentes de fissuração, de infiltração e de alteração do aspecto.
É fundamental recordar que os sistemas de revestimento cerâmico de

fachadas são muito diversos, quer nas características dos materiais,
quer no modo de aplicação e funcionamento.

No que diz respeito às infiltrações, elas são devidas frequentemente à

deficiente pormenorização e execução de remates e capeamentos, mas
também à fissuração das paredes de suporte.
Lembramos que o revestimento cerâmico de fachadas não deve ser

considerado um revestimento de estanqueidade, que é fundamental para
um equilíbrio dinâmico do teor
Universidade de Cecília
Santa umidade da parede
– Santos / SP ao longo do ano
sem redução significativa do seu desempenho.
A prevenção da fissuração está sobretudo ligada à prevenção da

fissuração da parede de alvenaria ou dos seus movimentos excessivos.
Paredes demasiado esbeltas, sujeitas a variações significativas de

temperatura, mal apoiadas na laje e não grampeadas ao pano interior,
são as mais propícias para a fissuração dos revestimentos cerâmicos.

Prevenir o descolamento (quando não provocado pela fissuração) exige

cuidados especiais na preparação do suporte, na seleção do cimento-cola e no
correto planejamento das juntas de assentamento e dilatação, em particular em
panos extensos e com materiais cerâmicos de elevada porosidade ou expansão
irreversível.
É fundamental respeitar as condições de preparo e aplicação dos cimentos-cola,
nomeadamente através de um rigoroso controle do seu tempo de abertura.
Exemplos deUniversidade Santa Cecília
erros e anomalias – Santos / SP cerâmicos
em revestimentos

Execução de peitoris com geometria e materiais inadequados
As paredes de alvenaria, são pontuadas por vãos, muitos dos quais sob a
forma de janelas, mais ou menos tradicionais. Para além das outras
especificidades de tais elementos (os vãos e as janelas), as paredes têm
que responder a um novo problema: a existência de superfícies horizontais
expostas: os peitoris.
A situação tem grandes semelhanças com o que acontece junto às
coberturas (platibandas) e em zonas de alteração do alinhamento vertical
da fachada por motivos arquitetônicos.
Em todos os casos, a parede apresenta uma superfície horizontal

particularmente exposta e vulnerável à ação da água.

As soluções mais frequentes são a utilização de pedra de peitoril.
Este elemento tem como função principal evitar a infiltração pelo

topo do pano (superfície horizontal junto a uma janela), mas
também contribui para afastar a água da interface com o caixilho e
da própria fachada.
Para que tal aconteça, devem ser constituídos por materiais

resistentes à água e pouco porosos. Para um desempenho
adequado devem ser inclinados para o exterior e ser projetados em
relação ao plano da parede (terminando com pingadeira) para
afastarem eficazmente a água da face exterior da parede
subjacente.

O perfil longitudinal e o remate com as verticais também exigem estudo e

pormenorização, para evitar as escorrimentos laterais e as infiltrações pelos cantos
das janelas. Por exemplo: As normas técnicas francesas exigem que a pedra de
peitoril se prolongue, lateralmente (e de preferência com sobre elevação), sob a
parede de alvenaria que constitui a ombreira do vão(guarnições que se situam na
vertical de portas e janelas servindo de apoio às vergas).
Exemplos deUniversidade
erros e anomalias em revestimentos
Santa Cecília cerâmicos
– Santos / SP



Fissuras, Trincas e Rachaduras
As fissuras ocupam o primeiro lugar na sintomatologia das alvenarias

de vedações. A identificação das fissuras e de suas causas é de vital
importância para a definição do tratamento adequado para a
recuperação da alvenaria.
A configuração da fissura, abertura, espaçamento e, se possível, a
época de ocorrência (após anos,
Universidade Santasemanas, ou mesmo
Cecília – Santos / SP algumas horas
da execução), podem servir como elementos para diagnosticar sua
origem.
Considerando-se as diferentes propriedades mecânicas e elásticas
dos constituintes da alvenaria, e em função das solicitações atuantes,
as fissuras poderão ocorrer nas juntas de assentamento (argamassa
de assentamento vertical ou horizontal) ou seccionar os componentes
da alvenaria (blocos vazados de concreto).

A fissura, de uma forma geral, é uma manifestação

patológica importante devido a três aspectos:
O aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura;

Comprometimento do desempenho da obra em serviço
(estanqueidade à água, durabilidade, isolação acústica,
entre outros);
Constrangimento psicológico que a fissuração do edifício

exerce sobre os usuários
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for consolidations of concrete - Famington Hills: ACI, 1998.

A norma brasileira cita sobre a determinação da velocidade de

propagação de onda ultra sônica em concreto endurecido, NBR 8802,
a seguinte distinção entre fissura e trinca:
a) fissura é a ruptura ocorrida no material sob ações mecânicas

ou físico químicas com até 0,5 mm de abertura;
b) trinca é a ruptura ocorrida acima de 0,5 mm.
A aplicação destas terminologias é indicada para o concreto armado,

podendo ser utilizada também para alvenarias.
Nesta apresentação, o termo fissura é empregado sem distinção entre

fissuras, trincas ou rachaduras, mesmo que possam ser encontradas
estas terminologias.


https://www.ft.unicamp.br/sites/default/files/laboratorios/Manual_de_Utilizacao_equipamento_UsLab.pdf

Classificação das fissuras segundo a abertura
Segundo Duarte, as fissuras podem classificar-se, por

sua abertura, em:
a) finas: Universidade
fissuras Santa
comCecília
menos
– Santos de
/ SP 1,5 mm de
abertura/espessura;
b) médias: aberturas entre 1,5 mm e 10,0 mm;
c) largas: superiores a 10,0 mm.
DUARTE, R. B. Fissuras em alvenarias: causas principais, medidas preventivas e técnicas de recuperação.

As fissuras em alvenarias podem pronunciar-se de diferentes formas.

Sendo ortogonais à direção dos esforços de tração atuantes,
manifestam-se em paredes de alvenaria sob forma de fissuras de
direção predominantemente vertical, horizontal ou inclinada.
Consideram-se fissuras que podem provocar patologias aquelas que
são visíveis a olho nu, quando observadas a uma distância maior que
um metro, ou aquelas que, independentemente da sua abertura,
estejam provocando penetração de umidade para dentro das
edificações (CEOTTO et ali, 2005).
CEOTTO, L. H.; Banduk, R. C.; Nakakura, E. H. Revestimentos de Argamassas: boas Práticas em projeto, execução e avaliação.

Principais tipos de fissuras ou trincas encontradas em uma edificação
EBANATAW, Roberto. Fissuras e trincas

Trinca horizontal:
O adensamento da argamassa de assentamento dos tijolos ou blocos, falta

de amarração da parede com a viga superior, retração das lajes ou ainda
dilatação térmica de laje de cobertura (alvenaria estrutural);
encunhamento precoce da alvenaria, falta de amarração da parede com a
viga superior ou retração das lajes (fissuras próximas do teto);
recalque da base; ascensão capilar por causa da deficiência ou falta de

impermeabilização da base (fissuras horizontais próximas do piso) ou ainda
a expansão da argamassa de assentamento.

Fissuras nas paredes em direções aleatórias:
Podem ser devido à falta de aderência da pintura, retração da

argamassa de revestimento, retração da alvenaria ou falta de
aderência da argamassa à parede;
Trincas inclinadas nas paredes são sintomas de recalques de
fundações:
Fissuras inclinadas que se iniciavam nos cantos das portas e

janelas, que além de recalque podem ser ocasionadas por
ausência de vergas ou contra vergas ou por concentração de
tensões (atuação de sobrecargas).


A trinca vertical na parede é causada, geralmente pela falta de amarração

da parede com algum elemento estrutural como pilar ou outra parede que
nasce naquele ponto do outro lado da parede; quando a resistência à
tração dos componentes é igual ou inferior à da argamassa ou por retração
da alvenaria (retração da argamassa de assentamento por causa do tipo e
composição química do cimento, natureza e granulometria dos agregados,
dentre outros).
No caso de fissuras horizontais, pode-se atribuir esta patologia à expansão

da argamassa de assentamento. Em fissuras mapeadas, a retração da
argamassa por excesso de finos de agregado, cimento como único
aglomerante ou água de amassamento são também causas prováveis
(CINCOTTO et ali, 1995).
CINCOTTO, Maria A, SILVA, Maria Angélica C., CARASÉK, Helena. Argamassas de revestimentos: características, propriedades, e métodos de ensaio.



Configurações típicas de fissuras por sobrecargas
CASTRO, U. R. Importância da manutenção predial preventivas e as ferramentas para sua execução

Configurações típicas de fissuras por sobrecargas

Configurações típicas de fissuras térmicas

Configurações típicas de fissuras térmicas

Configuração típica de fissuras por retração-expansão

Configuração típica de fissuras por retração-expansão

Configurações típicas das fissuras devido deformações

Configurações típicas das fissuras devido deformações

Configurações típicas das fissuras devido recalque das fundações

Configurações típicas das fissuras devido recalque das fundações

Configurações típicas das fissura devida as reações químicas

Configurações típicas das fissura devido a detalhes construtivos

Fissuração da alvenaria sobre suportes muito deformáveis
A fissuração horizontal de paredes interiores de alvenaria, em

geral de reduzida espessura (7 ou 11 cm no osso) sem qualquer
função estrutural continua a ser um fenômeno recorrente,
sobretudo em prédios.
As fissuras têm Universidade Santa Cecília marcadamente

um desenvolvimento – Santos / SP horizontal e
desenvolvem-se junto ao pavimento (a cerca de 20 a 30 cm) ou a
meia altura da parede, sobretudo quando esta tem vãos ou
elementos de maior rigidez, como ângulos, encunhamentos, etc.
Esta fissuração é, em geral, de abertura reduzida mas apresenta

atividade continuada e persistente, com frequente reabertura das
fissuras após reparo.

As causas deste tipo de fissuração estão identificadas:
incompatibilidade entre a deformabilidade da parede e a

deformação a longo prazoSanta
Universidade dasCecília
lajes–de apoio.
Santos / SP
Este fenômeno (e causa de patologia) é geralmente referido

como “deformabilidade excessiva do suporte”, mas, na
verdade, o que se passa é uma incompatibilidade da
deformação a longo prazo, de dois elementos construtivos
ligados rigidamente.

As flechas máximas admitidas pelas regulamentações de

estruturas de concreto são corretas do ponto de vista
estrutural, mas demasiado permissivas para prevenir
fenómenos de fissuração das divisórias rígidas que
suportam, que exigem, por vezes, flechas inferiores a
1/1000. Universidade Santa Cecília – Santos / SP
A enorme diversidade de configurações geométricas das

lajes e dos seus apoios, bem como da disposição das
paredes interiores conduz a um tão grande número de
combinações de deformação que praticamente
impossibilita a previsão do modelo de fissuração para
cada caso.

As medidas gerais de prevenção passam pela limitação da flecha das lajes, em

particular da componente diferida no tempo, pelo aumento da resistência das
paredes (por ex. com a introdução criteriosa de armaduras de junta horizontais) e
com a interposição de materiais de apoio com resiliência adequada. Esta última
técnica obriga a uma cuidada avaliação do integral cumprimento de outras
exigências, de proteção contra a umidade e contra a propagação de incêndios.
Exemplos de fissuração por deformação excessiva da laje

Exemplos de fissuração por deformação excessiva da laje
Fissura causada pela rotação

Da viga em balanço. A direção
diagonal é característica do
deslocamento da massa de vigas
em balanço.

Erros frequentes em paredes com tijolos a vista
As paredes em alvenaria de tijolo a vista estão, em geral, associadas, a

construções de qualidade superior em que se pretende uma linguagem
estética particular e em que se esperam uma durabilidade elevada e
reduzidas exigências de manutenção ao longo da vida do edifício.
Tais objetivos estão ao alcance da alvenaria de tijolo a vista e são

conhecidos muitos Universidade Santa Cecília
casos de sucesso. – Santos /éSPainda significativo o
No entanto,
número de acidentes e anomalias que urge erradicar e que se traduzem em:
(i) fissuração (em geral inclinada ou horizontal);

(ii) esmagamento das juntas de dilatação;
(iii) fissuração vertical de cunhais(blocos de alvenaria no canto de uma
parede) com deslocamento transversal;
(iv) fenómenos de instabilidade (com ruína parcial de panos mal apoiados);
(v) infiltrações;
(vi) eflorescências;

As causas destes fenômenos estão associadas a erros recorrentes,

tais como, entre outros, os seguintes:
tijolos com elevada expansão irreversível, panos excessivamente

compridos e juntas de dilatação mal dimensionadas, tijolos ou
argamassas com elevado teor de sais solúveis, apoio deficiente
das paredes (apoio parcial Santa
Universidade nas lajes ou –apoio
Cecília Santossobre
/ SP o terreno com
verga de rigidez insuficiente);
paredes muito esbeltas (por exemplo em fachadas cortina, tipo pele

de vidro, sem apoio ao nível cada piso);
ausência de armaduras e reforços nos cunhais (blocos de alvenaria

no canto de uma parede); tijolo excessivamente poroso; perfil e
material inadequado para a face exterior das juntas de
assentamento.

O tratamento final das juntas é frequentemente negligenciado, o que

afeta o desempenho das paredes. Na fase final, as juntas exteriores
devem apresentar um perfil ligeiramente recuado em relação ao plano
exterior da parede e uma forma que facilite a projeção da água para o
exterior. Entre as várias técnicas conhecidas para o efeito, têm particular
destaque as seguintes:
(i) a conformação da parte exterior da junta com ferro de formato
próprio antes da fase final;
(ii) rebaixamento da junta já executada cerca de 1 a 1,5 cm e posterior
preenchimento com argamassa mais adequada, utilizando ferro
semelhante ao já referido, para criar o perfil geométrico pretendido.
A argamassa de fechamento pode ser específica para o efeito ou
apenas uma argamassa mais rica (e gorda) para garantir boa
resistência, impermeabilidade, mas também excelente
trabalhabilidade.
Exemplos de anomalias graves em paredes de tijolo a vista

Prof MSc. Marcos Storte
Universidade Santa Cecilia – Santos-SP
Disciplina - Patologia nas Construções
marcosstorte@unisanta.br

Aula5 Patologiadasalvenarias 03 09 2022a504022

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