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Oi filha, como você está?

Ainda sendo a garotinha mais esperta que eu já


conheci? Imagino que agora já esteja se tornando uma rata feita. Imagino que
tenha feito amizades na guarda, sua tia Celina deve ter te colocado em um ótimo
grupo com um professor de confiança. Mas chega de enrolação, você deve estar
querendo saber algumas informações, já que agora não estou mais presente em
sua vida.

Muitas coisas não pude te explicar por você ser muito nova na época,
então não fique chateada com sua mãe por conta disso.

Começando pelo besouro branco no meio da sala, seu pai, Frode Sky.
Nos conhecemos em uma missão, estava atrás de uma doninha, eu dava conta
sozinha, sabe que sempre fui uma rata forte, mas acabei sendo pega por uma
armadilha e sabe quem me libertou? Ele mesmo, seu pai. Ele nunca foi um rato
forte ou de extrema beleza, mas ele era inteligente, muito inteligente e isso me
encantou, queria saber mais sobre ele. E fui assim, aos poucos me apixonando.
Vivíamos em missões juntos, eventualmente descobri que ele era um lendário,
mas não me importei, já o amava. Minha mãe sim se importava acreditava que
as armas lendárias corrompiam os ratos.

Aprendendo mais sobre os lendários, na época me pareceu muito certo a


ajuda deles na guerra. Os lendários tinham poder de fogo e a guarda um grande
número de ratos combatentes e determinados. Minha mãe e sua tia quando
ficaram sabendo de tudo foram contra. Tivemos muitas brigas, dentre uma delas
lutei contra a sua tia, a gente sempre brincou de lutinha quando eramos criança,
mas dessa vez foi sério, parecia que íamos nos matar, se não fosse a mamãe pra
nos impedir. Naquele dia foi decidido que eu não seria mais a matriarca e sim a
sua tia.

Naquele momento eu vi a arrogância nos olhos da Celina e sei que nos


meus ela viu o ódio.

Com toda essa situação deserdei da guarda, não queria mais olhar no fucinho de
nenhum daqueles ratos. Entrei de cabeça no mundo dos lendários e me tornei uma,
herdei a arma dita como a mais forte, o machado.

Porém, esse não foi o meu maior presente, foi vocês Freya. Tive você em meio ao
caos, fugindo de uma batalha, muito machucada, Isabela a lendária portadora do arco e
flecha pegou um cajado em formato de coruja e apontou pro céu e eu desmaiei, quanto
acordei dei de cara com uma tartaruga gigante, pensei que eu estava morta, mas na
verdade tinha encontrado a nossa salvação. Foi aqui que você nasceu Freya e é aqui que
você pode se manter segura.

A Isabela salvou as nossas vidas e em troca eu tirei a vida dela.


Ficamos um tempo na terra das tartarugas até eu conseguir ganhar força, precisava
voltar para o seu pai, além de eu não ter o direito de viver nessa terra, só nascidos aqui
podem viver aqui. Então, voltei, mas as coisas não eram mais como antes, a guerra
contra as doninhas iria explodir, todos estavam tensos, vi com os meus olhos o que
minha mãe havia falado sobre as armas mostrarem o pior dos ratos, seu pai era um
covarde, não queria lutar, fez um acordo com aqueles que queriam escravir nossa
própria espécie, Isabela era líder de um culto, matava ratos para alimentar sua coruja de
estimação, Ravena era completamente insana e Egor era um alcoólatra assediador. Os
únicos descentes ali eram o Rato Lee e o Oliver, mas a descepção foi tão grande, que foi
a vez de deserdar dos lendários.

Confrontei todos antes, principalmente o seu pai, mas ele fugiu, se esconde, se
omitiu. E a Isabela, que achei que fossemos amigas depois de tudo, ela tinha uma filha
com idade próxima a sua, mas a cretina era uma narcisista de primeira, se achava
melhor que tudo e todos, era ela e a coruja dela e passaria por cima de quem precisasse,
inclusive de mim. Eu a matei Freya e ainda pesa em meu coração como os ratos são
aquilo que são, não são bons ou ruins, podem ser bons e ruins a depender das
circuntância, Isabela foi boa para mim e ruim para os outros, eu fui ruim para ela e boa
para os outros. Não são as armas que corrompem o rato, somos nós mesmos que nos
corrompemos.

Fui para a guerra com minha espada e armadura da guarda, antes trouxe você e a
filha da Isabela (a qual recebeu o mesmo nome da mãe) para cá através do colar que te
dei, pois queria ambas em segurança, espero que a Isabela filha consiga ter uma vida
digna aqui, eu nunca a vi receber carinho da mãe e eu nunca soube quem era o pai.

A guerra foi difícil, conseguir lutar, mas me feri muito, sofri muito, vi a morte da
minha mãe, eu entendo a dor que deve estar sentindo agora filha. Vi Celina também,
minha irmã, a nova matriarca, ela nasceu para isso, não eu. Quando a vi no meio da
guerra e ela me viu, seus olhos não eram mais de arrogância, eram de amor, de saudade,
no final estavamos juntas.

Até que um rato da guarda chamado Caladril a atacou, eu não entendi nada, tentei ir
até a Celina, mas uma doninha partiu pra cima de mim, eu conheci Caladril quando
jovem, era o rato mais devoto da guarda, alguma coisa aconteceu quando eu estava fora.
Eu consegui le livrar da doninha que me atacou, mas quando a guerra acabou, só fui
adoecendo e ficando cada vez pior e o resto você já sabe.

Sobre o machado, eu não passei adiante para nenhum aprendiz e nem muito menos
devolvi para o Egor, ele está com um amigo de infância chamado Timothy, ele é um
colecionador muito rico que mora em Cooperwod, me prometeu guardar o machado e
nunca usá-lo. Caso o queira te deixarei livre para decidir, mas te conhecendo bem um
arco te cairia melhor, sua ratinha astuta.

O arco se encontra aqui na terra das tartarugas

De legado te deixo este local aonde está agora, se quiser continuar na guarda ou ser
uma lendária, irei continuar com você sempre. Só peço que nunca esqueça dos seus
valores.
Obs: Não quis mais contato com o seu pai, se você quiser, irei entender.

Mamãe te ama,

Skadia

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