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No dia 3 de junho de 1835, Pierre Rivière assassinou a sangue frio com uso de

uma foice, sua mãe, sua irmã e seu irmão. Sua mãe, Victoire Brion, grávida de
aproximadamente 6 meses, teve como causa da morte artérias carótidas cortadas, segundo
o legista a morte foi instantânea; seu irmão Jules Rivère, tinha apenas 7 anos de idades
quando teve seu cérebro e cerebelo destruídos, as artérias que percorriam seu corpo
também foram inteiramente destruídas pelos golpes brutais do irmão mais velho; já
Victoire Rivière, jovem de 18 anos, foi detectado sinais de resistências, e também isso foi
relatado futuramente por vizinhos que a viram tentando fugir do irmão, ela teve
ferimentos mortais, como duas grande e profundas incisões no pescoço, a 1° sendo
responsável por cortar a artéria carótida e a 2° fez com que a vertebra cervical fosse
inteiramente separada. A arma usada no crime como já disse antes, foi um objeto pontudo
e cortante, conhecido popularmente como foice.
Logo após os crimes Pierre saiu da residência, e seguiu por uma estrada em direção ao
burgo de Anuay, onde encontrou-se com alguns vizinhos, e acabou dizendo algumas
coisas estranhas e suspeitas. Esses vizinhos foram as primeiras testemunhas do caso. M.R
presenciou Pierre matando a irmã e em seguida fugindo, ela diz que nesse momento a
Victoire R. tentava fugir, mas já era tarde demais para tentar impedi-lo, o mesmo disparou
vários golpes com uma foice em sua cabeça. J.P encontrou com O assassino na estrada
enquanto ele fugia, logo após o crime, o mesmo pediu para ele que cuidasse para que nada
acontecesse com a sua mãe. V.A relata que em conversa com Pierre momentos depois do
ocorrido, ele a disse que acabará de livra seu pai de toda sua infelicidade, e que não se
importava com o que poderia acontecer com ele próprio. Essas testemunhas foram
primordiais para o caso, pois foram os primeiros a terem contato com a cena do crime, e
com Pierre, após o acontecimento, e com isso Pierre foi colocado como principal suspeito
do crime.
No dia 10 de junho de 1835, foi oficialmente emitido o mandando de prisão em
nome de Pierre Rivière, e comunicado para todas as regiões próximas de Anuay. Em 02
de julho de 1835 Pierre foi finalmente encontrado na estrada de Langannerie e detido pelo
brigadeiro de Gendarmaria, onde foi feito os primeiros interrogatórios. No primeiro
momento, quando foi questionado, sobre o por que havia cometido tamanha atrocidade,
ele respondia que Deus havia mandado, pois ela havia pecado, e os irmãos a apoiavam,
ele acreditava também que o pai era perseguido por ela. Pierre disse que 15 dias antes do
ocorrido, já sabia que tudo ia acontecer, pois havia visto Deus no campo em que ele
trabalhava, e foi onde recebeu tal ordem. Só que no mesmo interrogatório, ele já começou
a se contradizer, dizendo que fez isso para tirar seu pai de apuros, pois o mesmo era muito
infiel, e a culpada disso era sua mãe, até mesmo na declaração escrita por ele, que falarei
mais a frente, ele traz muito sobre essa infelicidade do pai, e como o pai relatava isso
deixando bem evidente que tinha uma vida triste por causa de Victoire B. Nesse mesmo
interrogatório Pierre foi questionado sobre nunca ter sido próximo da mãe, e muitos
dizerem que ele sempre a “odiou”, e então ele respondeu que pelas coisas que ela fazia
não tinha como ele gostar dela, mas que nunca teve más intenções com ela, até por que
os mandamentos que ele seguia não deixavam ele fazer nenhum mal a ela.
Logo após esse primeiro interrogatório de Pierre, vieram os depoimentos das
testemunhas, que falaram muito sobre a personalidade dele, de sua família e a relação

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entre eles. M.H via Pierre como uma pessoa de ideias exaltadas, obstinado, já o Sr. Rivière
(pai) para ele era uma pessoa doce, enquanto a mãe era sempre o motivo das brigas, a
culpada e encrenqueira. J-L.S por outro lado, considerava o menino como um gênio, com
aptidão para ciência, memória prodigiosa e uma extravagância na imaginação. L.B relata
que o acusado era teimoso e apresentava atitudes estranhas. M.C disse que o acusado
falava com o diabo e dizia vê-lo, e ainda o viu ameaçando matar um cavalo. G.R suspeita
dele ter matado o pássaro do irmão, esse fato foi negado por Pierre no interrogatório, mas
o mesmo disse que sentia prazer em matar animais. M.N presenciou o irmão de Pierre
amarrado em frente a lareira acesa, quase com as pernas em chamas, havia sido ele o autor
da “brincadeira”. Essas foram apenas algumas das testemunhas, que consideravam Pierre
louco, com comportamentos estranhos. Logo após veio o segundo interrogatório, onde
Pierre assumiu que gostava de assustar crianças, e também algumas crueldades que já
havia feito. Após esses acontecimentos, o mesmo foi condenado.
Falando um pouco sobre Pierre, colocado na época como assassino cruel da mãe,
irmã e irmão. Ele foi considerado por muitos como obstinado, teimoso, calado, sempre
sozinho, tinha uma dureza no caráter, gostava de ameaçar animais e crianças e se sentia
bem com isso, sentia prazer nesses atos, foi muito relatado a falta de afeto que o mesmo
tinha com os pais e principalmente pela mãe, a quem sentia ódio e repulsa. Pelo que foi
dito ele era uma pessoa que gostava da solidão, fugia de casa a noite para ficar sozinho
com seus livros, saiu da total irreligião, para um fanatismo religioso. Pierre era sempre os
extremos.
Antes de ser condenado, Pierre escreveu um memorial, contando toda sua história,
da qual irei falar um pouco aqui, fazendo uso do que o próprio escreveu. Segundo ele o
casamento dos pais não foi certo desde o começo, foi arranjado para o pai não ter que ir
para guerra, já desde o princípio Victoire não queria ir morar com Sr. Rivière, então eles
ficaram morando em casas separadas, e sempre q ele ia a visitar, ela mostrava uma grande
frieza e descontentamento com a presença dele, eles até tentaram morar juntos algumas
vezes, com os filhos e outros fatores, mas nunca deu certo, ela sempre fazendo dividas, e
ele pagando, mesmo que pra isso tenha que fazer dividas também. Ela sempre ficava
muito doente na gravidez, necessitava de muito cuidado, e não aceitava cuidados de
qualquer um, ele sempre se esforçava ao máximo, por um longo tempo cuidava dos filhos,
Pierre mesmo morou com ele toda a vida. Com a morte da mãe de Victoire, seu pai já
havia falecido, então acharam que seria uma boa ideia ela ir morar com seu marido, e
alugar as terras, no inicio ela concordou com a ideia, até que foi realizado o contrato de
alugue, onde ela mudou de ideia e apresentou grande resistência e se mudar do sitio, Sr.
Rivière teve de cancelar o contrato, e ficar devendo mais do que ele já devia juntando
com as contas que ela fazia. E com isso Pierre relatava que pai era muito infeliz, estava
sempre deprimido, sempre se dizendo azarado. Sua irmã Victoire e seu irmão Jule, sempre
acompanhavam a mãe para onde ela ia, eles eram fieis a mãe, e sempre moravam junto
com ela. Um dos filhos do casal veio a falecer muito jovem de problemas neurológico, e
Victoire culpou muito seu marido por isso, que ficou ainda mais arrasado, pois Pierre
dizia que ele tinha um carinho muito grande por esse filho, pois era ele quem sempre
ajudava o pai no campo e era o mais sociável. Então o marido resolveu pedir separação,
depois de tantas acusações de roubo, e de calunias, porém até o triste fim dessa história,

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ele não conseguiu essa separação. Pierre usou como principal motivo para seus
assassinatos essa visível infelicidade do pai, ele compara a situação com guerras, e até
mesmo questões religiosas, onde Jesus morreu por todos, por que ele não poderia fazer o
mesmo pelo pai? Ainda mais o pai sendo quem mais se importa com ele, então em seu
manuscrito ele deixa claro que esse foi o motivo de assassinar a mãe, e a irmã que estava
sempre ao lado de sua mãe; já seu irmão mais novo, foi vitima pois o pai amava demais
o garoto, e com isso não ficaria triste quando Pierre fosse condenado a morte, pois ele iria
considerar ele uma pessoa ruim. Nesse manuscrito ele também relatou todos os seus
planos pré e pós crime, contou como ele tentou várias vezes antes de realmente cometer
os assassinatos. Seus planos para depois do ocorrido, de inicio era ser entregar direto, só
que ele mudou de ideia e resolveu se esconder por um tempo, e quando fosse encontrado,
iria dizer que foi a mando de Deus, ele não viu Deus, mas achou que seria um bom plano.
E esse foi o plano que ele executou, só que não manteve a história por muito tempo.
Após o grande manuscrito de Pierre, o livro traz os pareceres dos médicos em
relação a Pierre. O primeiro, Dr. Bouchard traz que ele não pode ser considerado um
alienado, diz que ele tem uma saúde excelente, nada nele poderia transtornar as funções
do cérebro. Já Dr. Vastel apresenta a possibilidade de Pierre se um alienado mental,
trazendo como argumentos a hereditariedade, pois aparentemente já havia outros
exemplos de problemas mentais na família, até mesmo sua mãe, ele traz também sobre
como suas atitudes sempre foram consideradas de um louco, imbecil, desde os 4 anos de
idade, por toda população que o conhecia. O que mais confirma a teoria dele, foi o fato
desse ter assassinado o irmão mais novo, apenas para o pai não sentir remorso por ele ser
condenado a morte, e considerar ele um monstro. Rivière falou com calma sobre tudo que
fez logo depois do ocorrido. O médico sugere que seja tomada uma medida
administrativa, para que mesmo que ele não seja considerado culpado, pelos motivos
citados acima, ele ainda seja isolado da sociedade, por ser considerado um individuo
perigoso. Isso pode ser considerado uma medida de segurança.
No julgamento Dr. Vastel, junto com o advogado de defesa tentou defender esse
argumento de que Pierre não poderia ser considerado culpado, por ser alienado mental,
muitas pessoas da cidade concordaram com esse argumento. Porém nesse primeiro o
momento o juiz aceitou mais os outros argumentos, e Pierre foi condenado a morte. Acho
importante citar, que dessa forma, ele seria morto em público. Porém depois de muita
negociação, a pena foi trocada por prisão perpetua sem exposição, já levando em
consideração suas condições mentais. Alguns anos após a prisão, Pierre atentou contra a
própria vida, foi relatado que já a algum tempo ele vinha apresentado traços de loucura e
até mesmo acreditava já estar morto.
No caso de Pierre, foi tentado de todas as formas conseguir como pena uma
medida de segurança, que consistia em afastar ele da sociedade, em um hospital
psiquiátrico judiciário, ou o que era possível ali na época, levando em consideração suas
condições mentais, e seu nível de periculosidade. Esses fatores até foram considerados
pelo juiz, mas mesmo assim ele foi condenado a prisão perpetua, apenas ajudou com o
fato da exposição.

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Pierre claramente tinha transtornos mentais, e eu não considero que ele estava em
um intervalo lucido, até porque depois de cometer o crime ele se desesperou por um
momento, quando realmente caiu a ficha da gravida do que ele havia feito.

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