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IMMANUEL WALLERSTEIN

OSISTEMA MUNDIAL MODERNO


YOL. 1
A agricultura capitalista e as origens
da economia-mundo europeia no século XVI

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A NOVA DIVISÃO DO TRABALHO EUROPEIA
e. t450-I640

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<:oníic1cnJo G.;,h.i:o opcnm d.it:. ddxri t.

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Fo~ no sé:ul~ XVI que se constituiu uma economia-mundo europeia basea1fa no modo
de produçao cnpnahsta. O aspecto mais curioso deste período inicial é que os capitali stas não
se pavoneavam diante do mundo. A ideologia reinante não era a da li vre empresa ou mesmo
do individualismo, do cientismo, do naturalismo ou do nacionalismo. Estas ideologias não
amadureceriam como visões do mundo senão nos séculos XVIII ou XIX. Se alguma predomi-
nou foi a do estatismo. a da raison d 'érar. Por que teria o capitalismo. um fenómeno que não
conhecia fronteiras, sido apoiado pelo desenvolvimento de estados fones? Esta é uma per--
gunta que não tem uma resposta única. Mas não é um paradoxo: muito pelo contrário. A ~
característica distintiva de uma economia-mundo capitali sta é a de que as decisões económi -
cas estão orientadas primariamente para a arena da economia-mundo. enquanto as decisões
políticas estão primariamente orientadas para as estrutu ras mais pequenas que têm controlo
legal. os estados (nações-estados, cidades-estados. impérios ) dentro d.l economia-mundo.
Esta dupla orientação. esta «distinção» se assim o quiserem . do económico e do político-
é a fonte da confusão e mistificação relativas à identificação adequada de grupos. às manifes-
tações razoáveis e lógicas dos interesses de grupo. No entanto. uma vez que as decisões políti-
cas e económicas não podem ser significativamente dissociadas ou di scutidas em separado.
colocam-se-nos agudos problemas analíticos. Tratá-los-emas tentanto abordá-los de forma
consecutiva, aludindo às suas interligações e implorando ao leitor que suspenda o seu juizo-
até que possa ver o conjunto de provas em síntese. Sem dúvida que . propositadJ.mente ou não.
violaremos a nossa própria regra de consecutividade muitas vezes. mas pelo menos este é o
nosso princípio organizativo de apresentação. Se parecer que lidJ.mos com o sistema mais lato
como sendo uma expressão do capitalismo e com os sistemas mais restritos como sendo
expressões do estatismo (ou. para utilizar a terminologia agora em voga. do desenvolvimento
nacional), tal não significa que neguemos a unidade do desenvolvimento histórico concreto.
Os estados não se desenvolvem e não podem ser compreendidos senão no contexto do desen-
volvimento do sistema mundial. 1
O mesmo é verdadeiro quer em relação a classes sociais quer a agrupamentos (nacio-
nais, religiosos) étnicos. Também eles se constituíram no contexto de csudos e do sistema
mundial. simultaneamente e por vezes de formas contraditórias. São uma função _d a organi-
zação social da época. O sistema de classes moderno começou a_ton:ar_ form a no seculo XVI.
No entanto, quando foi o século XVI? Esta pergunta nao e tao simples como pode
parecer se nos lembrarmos que os séculos da história não são neccssanamcnte cronológtcos.

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Fo~ no sé:ul~ XVI que se constituiu uma economia-mundo europeia basea1fa no modo
de produçao cnpnahsta. O aspecto mais curioso deste período inicial é que os capitali stas não
se pavoneavam diante do mundo. A ideologia reinante não era a da li vre empresa ou mesmo
do individualismo, do cientismo, do naturalismo ou do nacionalismo. Estas ideologias não
amadureceriam como visões do mundo senão nos séculos XVIII ou XIX. Se alguma predomi-
nou foi a do estatismo. a da raison d 'érar. Por que teria o capitalismo. um fenómeno que não
conhecia fronteiras, sido apoiado pelo desenvolvimento de estados fones? Esta é uma per--
gunta que não tem uma resposta única. Mas não é um paradoxo: muito pelo contrário. A ~
característica distintiva de uma economia-mundo capitali sta é a de que as decisões económi -
cas estão orientadas primariamente para a arena da economia-mundo. enquanto as decisões
políticas estão primariamente orientadas para as estrutu ras mais pequenas que têm controlo
legal. os estados (nações-estados, cidades-estados. impérios ) dentro d.l economia-mundo.
Esta dupla orientação. esta «distinção» se assim o quiserem . do económico e do político-
é a fonte da confusão e mistificação relativas à identificação adequada de grupos. às manifes-
tações razoáveis e lógicas dos interesses de grupo. No entanto. uma vez que as decisões políti-
cas e económicas não podem ser significativamente dissociadas ou di scutidas em separado.
colocam-se-nos agudos problemas analíticos. Tratá-los-emas tentanto abordá-los de forma
consecutiva, aludindo às suas interligações e implorando ao leitor que suspenda o seu juizo-
até que possa ver o conjunto de provas em síntese. Sem dúvida que . propositadJ.mente ou não.
violaremos a nossa própria regra de consecutividade muitas vezes. mas pelo menos este é o
nosso princípio organizativo de apresentação. Se parecer que lidJ.mos com o sistema mais lato
como sendo uma expressão do capitalismo e com os sistemas mais restritos como sendo
expressões do estatismo (ou. para utilizar a terminologia agora em voga. do desenvolvimento
nacional), tal não significa que neguemos a unidade do desenvolvimento histórico concreto.
Os estados não se desenvolvem e não podem ser compreendidos senão no contexto do desen-
volvimento do sistema mundial. 1
O mesmo é verdadeiro quer em relação a classes sociais quer a agrupamentos (nacio-
nais, religiosos) étnicos. Também eles se constituíram no contexto de csudos e do sistema
mundial. simultaneamente e por vezes de formas contraditórias. São uma função _d a organi-
zação social da época. O sistema de classes moderno começou a_ton:ar_ form a no seculo XVI.
No entanto, quando foi o século XVI? Esta pergunta nao e tao simples como pode
parecer se nos lembrarmos que os séculos da história não são neccssanamcnte cronológtcos.

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A ui n:io fa rei mai do que acciwr a opini ão de Fcrnand Bra~del , ta~to po~ causa da sol.idez
daqerudiçiio cm que se baseia como porque parece a3us1ar-:e tao bem à forma como eu ve30 os em que o crescimento demográfico na E é
decl ínio cm imensos secrorcs exrra-curouropa "'•largamente anulado ao nfrel planetário pelo
dado disponíveis. Diz Braudd: -mundo europeia aumentou imensamcnt:Cus. .· A35 im. 0 rácio lel'Tll/lrabalho da economia·
Sou n'ptico (...) sobrt' um século XVI acerca do qual se não especifique ~e é uno.ou vário, acerca europeia para manter um crescimento eco~~:sruumd~ um factor fundament.al na capacidade I
do qual "' dá a entender que constitu i uma unidade. VeJO o «nosso» seculo d1v1d1do em dois, moderna. Mas a expansão implica . . d ico co~tmuo neste período crítico inicial da era I
como Lucien Fcbvrc e 0 meu not:lvcl profe ssor Henri Hauser fi zeram , um primeiro século
vama1s oque umrac1o terra/trabalho lhorado E!
possível a acumulação em larga escala de cap"tal bá. ' . noe · ª tomou 1
com<'\'ando por volta de 1~50 e acabando por \'Olta de 1550. um segundo começando aí e durando racionalização da produção agrícola. Uma das 'car t i~o _que era_uul1z.ado para fi nancia: a 1
Jté 1620 ou !(>.l() '"- -mundo europeia do século XVI foi uma inílação se~ ,enst1c: ma:;;: óbvias ~esta erononua·
Os pontos de início e termo \'ari am de acordo com a perspectiva nac ional a partir da u ar. a lc ~md revo!luçao d?" preços. A
relação enlre esra inílação específica e o processo de ac j
. . umu açao e capita tem sido um rr:ma
qual se anali se este ;éculo. No entanto. para a economia-mundo europeia como um rodo, con- central na moderna ht stonogra~a. Propomo-nos tentar filtrar as comple•idades deste debate ''
1
sideramo> 1450- 1640 como a unidade remporal significariva durante a qual foi criada uma por '.orrna a que, à luz dos. padroes que observamos, possamos explicar a divisão de rrabalho / ,:
economia-mundo capitalista. um a economia-mundo que era com certeza, na frase de Braudel, particular a que a economia-mundo europeia chegou no fim desta época.
... vJ.Sl.3 m:.1s fraca,.. 1 ~ '. O padrão cíclico dos preços europeus tem uma volumosa história por rrás de si. e embora
os 7rud11os dtVJrJam sobre datas e ainda mais sobre causas. há acordo snbre a realidade do 1'
E onde se siruava esra economia-mundo europeia? Também a islo é difícil responder
porque os conti nentes históricos não são necessari amenre .geográficos. A economia-mundo fenómeno. Se junlarrnos duas sínreses de preços de cereais recentemente apresenwlas "1.
europeiJ incluía no fim do século XVI não só o noroesre europeu e o Medilerrâneo crisrão obremos o seguinte quadro:
(incluindo a Ibéri a) mas também a Europa Central e a região do Bállico. Incluía também 1160- 1260 - subida rápida
algumas regiões das Américas: a Nova Espanha. as Antilhas, a Terraferma. o Peru, o Chile, o 1260- 13!0 (1330. 1380) - alta estável
Brasil - ou antes aquelas panes dessas reg iões que estavam submet idas a um controlo 13!0(1330, 1380)-1480- quebragradual lfi
administrativo eficaz por pane dos espanhóis ou dos portugueses. As ilhas atlti.nricas e talvez 1480- 1620 (1650)- alia
uns pouco< de encla\'es na costa africana podem também ser incluídos. mas não as áreas do 1620 (1650)- 1734 (1755) - recessão 1
Occ:rno Índico: também não o Ex tremo Oriente. excepro . ralvez . por algum rempo, uma parte 1734 (1755)- 1817 - subida !j
das Filipinas: também não o Império Otomano: e lambém não a Rúss ia. ou quando muilo a Se considerarmos o segmenlo mais esrreito que nos ocupa de momento. o século XVI.
Rússia fo i incl uída apenas breve e marginalmente. Não e xisrem linhas de demarcação claras que aparece nesra lista como de «alta• , é claro que houve ílutuações económicas no seu
e simp les de estabe lecer. mas penso que é extremamente frutu oso pen sar-se o mundo europeu decorrer. Pierre Chaunu derectou o ciclo que se segue. baseado no seu estudo monu= nul
do século XVI como sendo construido pela interligação de doi s sis temas anteriorrnenle mais dos regisros da Casa de Contraración de Sevilha. o entrepostocha,·e do com<'rcio uanu tlântico.
separados. o sistema mediterrânico cri stão'". centrado nas cidades da liália do Norte e na rede Utilizando medidas de volume (quer globais quer para men:adorias específicas) e de valor.
comercial íl amengo- hanseática do Norte e Noroeste europeu, e a ligação a este novo com- Chaunu refere quatro períodos:
plexo dJ região oriental do Elba. da Polónia e de algumas áreas da Europa Oriental. por um
lado, e. por outro. a das ilhas atlânticas e de panes do Novo Mundo. 1504 - 1550 - subida firme
Em poucas pa lavras . traia-se de uma expansão norável. Mesmo tendo em conra as 1550 - 1562/3 - recessão relativamente pouco importante
colónias ultramarinas formalm ente ligadas às potências europeias. Chaunu refere que, nos cinco 1562/3 - 16!0 - expansão
anos qu: medeiam entre 1535 e 1540. a Espanha conseguiu conlrolar mais de metade da 1610 - 1650 - recessão <".
populaç 30 do hemisfério ocidental, e que entre essa data e 1670-1680 a área sob controlo
europeu_aumentou de_cerca ?e três milhões de quilómcrros quadrados para cerca de sele (para
se es~1 bil 17_a r ª esse mvcl ate ao fim do século XVIII) '' '. Contudo. a expansão geográfic a não
signi icava ex pansão populacional. Chaunu fala de um «movimenlo de tesoura demográfico »

· . 1. Fem3nJBraudd, .. Qu'es(-<.·equc lc XV Je · :1. 1··•


Slichcr van lia1h diMin~uc os períodos de 145 Q. JSSO s i1.:~ .cj ;5 Aimtile.,· E.S.C. , VHI . 1, Jan.-Março 1953, 73. D. JI.
"subida lisei~.t ~ .l" .. !> uhufa accn1u:1t.fa ... Agrarú,,, J-iisio~\', ~'· ~~ !650 em lcm1os de níveis de preços dus cerc ais:
11
. : · l~cmand ~mudd, .. F.uropc:m Ex p:tn !!. ion and (."1 i1 ·1lism· 1450 .
11m1. I. 3. edição ( Nov~ _Jorqul': Columbia Univ. Pre'is. (.f).'
19 260
· · · 1650.-, rn Chapter5 ;,, ~Vt·.ftern Cfriliia ·
" l ParJ uma d1scussào da na1u n:1a i: d;i C.\ len sno da á . . . - .
Eamonur llürory nf Spain (Princcton. New Jc: ri>e •: Princc10 rca.mcd n~ rraneu cns1J. ver Jaime Vil:ens Vi v~s . A11
0
' 4. Chaun u. Sfr,lfe. VIII ( 1). p. t 48 _ J Un< v. Prcss , t 96 1). 260.

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daqerudiçiio cm que se baseia como porque parece a3us1ar-:e tao bem à forma como eu ve30 os em que o crescimento demográfico na E é
decl ínio cm imensos secrorcs exrra-curouropa "'•largamente anulado ao nfrel planetário pelo
dado disponíveis. Diz Braudd: -mundo europeia aumentou imensamcnt:Cus. .· A35 im. 0 rácio lel'Tll/lrabalho da economia·
Sou n'ptico (...) sobrt' um século XVI acerca do qual se não especifique ~e é uno.ou vário, acerca europeia para manter um crescimento eco~~:sruumd~ um factor fundament.al na capacidade I
do qual "' dá a entender que constitu i uma unidade. VeJO o «nosso» seculo d1v1d1do em dois, moderna. Mas a expansão implica . . d ico co~tmuo neste período crítico inicial da era I
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vama1s oque umrac1o terra/trabalho lhorado E!
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Os pontos de início e termo \'ari am de acordo com a perspectiva nac ional a partir da u ar. a lc ~md revo!luçao d?" preços. A
relação enlre esra inílação específica e o processo de ac j
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1
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economia-mundo capitalista. um a economia-mundo que era com certeza, na frase de Braudel, particular a que a economia-mundo europeia chegou no fim desta época.
... vJ.Sl.3 m:.1s fraca,.. 1 ~ '. O padrão cíclico dos preços europeus tem uma volumosa história por rrás de si. e embora
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E onde se siruava esra economia-mundo europeia? Também a islo é difícil responder
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europeiJ incluía no fim do século XVI não só o noroesre europeu e o Medilerrâneo crisrão obremos o seguinte quadro:
(incluindo a Ibéri a) mas também a Europa Central e a região do Bállico. Incluía também 1160- 1260 - subida rápida
algumas regiões das Américas: a Nova Espanha. as Antilhas, a Terraferma. o Peru, o Chile, o 1260- 13!0 (1330. 1380) - alta estável
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lado, e. por outro. a das ilhas atlânticas e de panes do Novo Mundo. 1504 - 1550 - subida firme
Em poucas pa lavras . traia-se de uma expansão norável. Mesmo tendo em conra as 1550 - 1562/3 - recessão relativamente pouco importante
colónias ultramarinas formalm ente ligadas às potências europeias. Chaunu refere que, nos cinco 1562/3 - 16!0 - expansão
anos qu: medeiam entre 1535 e 1540. a Espanha conseguiu conlrolar mais de metade da 1610 - 1650 - recessão <".
populaç 30 do hemisfério ocidental, e que entre essa data e 1670-1680 a área sob controlo
europeu_aumentou de_cerca ?e três milhões de quilómcrros quadrados para cerca de sele (para
se es~1 bil 17_a r ª esse mvcl ate ao fim do século XVIII) '' '. Contudo. a expansão geográfic a não
signi icava ex pansão populacional. Chaunu fala de um «movimenlo de tesoura demográfico »

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Slichcr van lia1h diMin~uc os períodos de 145 Q. JSSO s i1.:~ .cj ;5 Aimtile.,· E.S.C. , VHI . 1, Jan.-Março 1953, 73. D. JI.
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. : · l~cmand ~mudd, .. F.uropc:m Ex p:tn !!. ion and (."1 i1 ·1lism· 1450 .
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· · · 1650.-, rn Chapter5 ;,, ~Vt·.ftern Cfriliia ·
" l ParJ uma d1scussào da na1u n:1a i: d;i C.\ len sno da á . . . - .
Eamonur llürory nf Spain (Princcton. New Jc: ri>e •: Princc10 rca.mcd n~ rraneu cns1J. ver Jaime Vil:ens Vi v~s . A11
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' 4. Chaun u. Sfr,lfe. VIII ( 1). p. t 48 _ J Un< v. Prcss , t 96 1). 260.

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ã , om certeza idênticas. «0 índice de volume , . Por volta de, 1960, ªteoria d~ Hamilton tinha já sido submetida a muitos ataques. tanto
As medidas de volume e de valor n. 0 sa_o ~ reços A curva de preços típica é mais empmcos como tconcos. Apesar di sso, ele reafi rmou-a ainda mai s vigorosamente:
está ligado. de uma fom1a exagemda. ~ fl~tu~.~ª~ ~~n~ consldera que o seu ponto de inflexão
1 1
espalmada do que a do volume de comerci,o» · h· ( 1627 ) e ao de Posthumus para os Países [O aumemo da ofena de metais preciosos desde 1500) foi provavelmenle percentualmen1e muito
ma1ordo que a s ubi~a de preços. P?r isso, mais do que procurar as causas remotas da Revolução
de 1610 se adequ~ ao de Elsas pam ªAde~~~ ~eu-se em alturas diferentes nas diferentes dos Preços,(. .. ) pr~c1sam~s de explicar a incapacidade de ~ preços se manterem a par do aumento
Baixos (1637), pois. como veremos. o ec mio
do s t ~k de ~Cli!IS preciosos. A utilização crescente do ouro e da prata na baixela. omamen-
• zonas da Europa'"· - . s tem rJis recordam-nos que a economia-mundo estava ainda n~m tação ,Joa lhar1 a e outros usos não monetários à medida que se tomavam rclati\·amcntc mais baratos
Estas d1scre~an.c1a po r e no século XV as três áreas comerc1a1s europeias pela subida dos preços das mercadorias neu1ralizou algum de.se aumen1o (... ). Saldar a balança
processo de cmergenc1a. Chaunu rei ere qu • , . d.f comercial desfavorável [com o Orienle) absorveu grandes quanlidades de moeda. (...) A con-
. - · - N Europa Oriental) tinham tres mve1s de preços 1 eren-
(o Med11errJneo cnstao •.o or~s~ ea~tos a baixos A criação de uma economia-mundo pode versão de rendas em. espécie cm pagamentos monetários, uma substitui ção de salários pagos par-
tes. escalonados respect1vamen e e .· _ . d . , · [d , 1 ] c ialmente em espécie por remunerações monetárias e um declínio da troca directa contribuíram
ser medida precisamente pela «fantástica general1zaçao dos preços o m1c10 o secu o 'e a também para contrabalançar o aumemo da ofena de ouro e de praia ' " '·
'-longo prazo pelo desaparecimento das diferenças»n°'., Embora este longo prazo ultrapasse o
século XVI, a diminuição dessas diferenças é percept1vel. Se em 1500 a diferença de preços Como muitos dos seus críticos observaram. Hamilton trabalha com a teoria quantita-
entre 0 Mediterrãneo cri stão e a Europa Oriental era da ordem de 6: I ,_em l 6~_era so~ente tiva da moeda de Fisher, que afirma que PQ=MV e assume implicitamente que V e Q se mantém
de 4: 1" " e em 1750 apenas de 2: 1. Henryk Samsonowicz diz que a parttr dos m1cms do secul.o constantes (P designa os preços; Q a quantidade de bens e serviços; M a quantidade de moeda
XVI os preços e os salários prussianos se aproximaram «Cada vez mais». dos da Europa .oci- em circulação; e V é a velocidade de circulação da moeda). Eles puseram em causa esse
dental. «apesar das direcções diametralmente opostas do seu desenvolvimento económico e pressuposto e exigiram investigações empíricas.
social• •"l. Apesar de? Ou «por causa de»? Num significativo ataque a Hamilton, Ingrid Harnmarstrõm afirmou que Hamilton se
Uma importante explicação da subida dos preços no século XVI foi a de Earl J. tinha enganado na sequência, poi s fora o aumento da actividade económica que levara a um
aumento dos preços, o que por sua vez explica as actividades mineiras que deram origem ao
.r Hamilton. Propô-la inicialmente em relação aos preços andaluzes do século XVI e mai s tarde
generalizou-a para a Europa Ocidental: aumento da oferta de metais preciosos. Ao que Hamilton responde: ",. : l
1
Ao longo do período em análise ex istiu uma ligação estreita entre as importações de ouro e Obviamente que a «subida de preços» habitualmente resultante de uma • actividade económica r, 1•
praia americanos e os preços andaluzes. (... ) Iniciando-se com o período 1503-1505, houve que de uma maneira ou de outra acontece >> ( ... ) refrearia, e não aumentaria. a mineração de meta.is
urna lendência ascendente nas chegadas dos metais preciosos até 1595, enquanto de 1503 preciosos através de um aumento dos custos de produção em conjunção com paridades de
a 1597 se verificou uma subida contínua nos preços andaluzes. As maiores subidas de preços cunhagem fi xas dos metais prec iosos. Para além disso. o aumento de preços viria a diminuir.
coincidem com os maiores aumentos na importação de ouro e prata. A correlação entre impor- não a aumentar, a amoedação dos metais existentes ao embaratecê-los relativamente para usos
tações de metais preciosos e preços persiste depois de 1600 quando ambos estão em decl(- não monetários t151 •
nio11 )).
Mas porque é que as paridades de cunhagem tinham que ser fixas? Esta era uma
decisão política e dificilmente teria beneficiado aqueles que lucrariam com o fluxo dos metais
8. Chaunu. Sfrillt, VIII (2). p. 19. preciosos numa era de expansão (que incluíam a Coroa espanhola), desencorajando a sua
-e 9. • Em lermos gerais. a mudança na curva em 1600 afinnou-se para a Espanha. a Itália e o Sul de França. produção quando uma tão grande quantidad~ estava repentinamente disponível a um custo
Ela só ocorreu em 1650 nas 1erras do Nonc, particularmen1e nos Países Baixos , onde Amesterdão haveria de afinnar real tão baixo (dada a forma de trabalho). Como Hammarstrõm indica. a questão fundamen-
o seu domínio na cena mundial ... Braudel, in Chapras, J, p. 263.
"' 10. Chaunu. L'exponsion europérn11e, p. 343. tal é o que explica o uso que era dado aos metais preciosos:
~ < 11. .. No final do ~c ui a XV, as três Europas estavam num ratio [de preços) relarivo de 100, 77 e J6; pelo
fi~ do s&ul o XVI. o ra11~ era de. H_>O. ?6 e 25. O movimento para a aproximação tinha começado. mas afec1ava Porque é que a Europa Ocidental precis.ava dos metais preciosos americanos, não para serem
a
~:~:n:~~~;:i~r/~~;_1,e~1.º~~J~'.stanc1a entre a Europa med iterrânica e a Europa intennédia pennaneceu mesma arrecadados como tesouros nem para serem usados como omarnemo nos lugares sagrados (uso
a que eram consagrados na Ásia e entre os nativos americanos), mas para formar um contri-
Brau&I :~~i~ercnças em. relação a áreas mais periféricas podem contudo permanecer muito grandes. como buto adicional importante ao seu corpo de moedas em circulação - ou seja, como mci~ de
sobrcstimad~ Quan10 .maior era o auto-fechamento dessas economias arcaicas, tanto mais o ouro e a prata são
quatro ou cincoq::': ;.;~spc~dame~te surgem em .cena. ': vida na Sardenha, nota um v·eneziano em 1558, é _p3g_a~e,n!_o? n•>. ...J
ranh. I. p. 352. os d1spend1osa que na Itália, obviamente para alguém com a bolsa cheia .... La Meditér-
.. 12. HeN)•k Samsonowicz. •Salilire 1 • dan 14. Earl J. Hamilton. «lbe History of Priccs Bcfore 1750•, in Inurnariona l Con~res.s of Historical "'
da.ns la premiCre moitié du XVI• siCcle T~ ~d 7rv1ces . s les finances citadincs de la Prusse au xv• siêcle et
( Paris:Mouton, 1968), 550. •. lr nternallonal Conference of Economic History, Munique, 1965 Scit11ces, Estocolmo, 1960. Ropports : / . Méthodologit, histoire dts uniursitl s. hisroirt dts pri:c O\'Onl 1750 (Go-

-< • 13: Eart J. Hamilton. •American Treasurc and Andai . .


temburgo: Almqvist & Wiksell. 1960), 156.
~usrn('u H1story. 1, 1. Nov. 1928, 34-35. Para uma biblio rafi~s1an Prices, 1503-J~_~ . ~ournal o/ Economic and
:~: g:~:i· r~:ri~ ~~~!,:~~· •Thc ""Pricc Rcvolution" of lhe Sixittnth Ccn1ury: Some Swcdish :
\er Braudcl e Spoor>rr. in Cambridge Economic History o} Euro~~~ ~~~~;.~~~l~~c1pa1s pontos desta literatura,
Evidcnce», Sca ndinavian Economic History Rtview, V, 1. 1957, 131.

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ã , om certeza idênticas. «0 índice de volume , . Por volta de, 1960, ªteoria d~ Hamilton tinha já sido submetida a muitos ataques. tanto
As medidas de volume e de valor n. 0 sa_o ~ reços A curva de preços típica é mais empmcos como tconcos. Apesar di sso, ele reafi rmou-a ainda mai s vigorosamente:
está ligado. de uma fom1a exagemda. ~ fl~tu~.~ª~ ~~n~ consldera que o seu ponto de inflexão
1 1
espalmada do que a do volume de comerci,o» · h· ( 1627 ) e ao de Posthumus para os Países [O aumemo da ofena de metais preciosos desde 1500) foi provavelmenle percentualmen1e muito
ma1ordo que a s ubi~a de preços. P?r isso, mais do que procurar as causas remotas da Revolução
de 1610 se adequ~ ao de Elsas pam ªAde~~~ ~eu-se em alturas diferentes nas diferentes dos Preços,(. .. ) pr~c1sam~s de explicar a incapacidade de ~ preços se manterem a par do aumento
Baixos (1637), pois. como veremos. o ec mio
do s t ~k de ~Cli!IS preciosos. A utilização crescente do ouro e da prata na baixela. omamen-
• zonas da Europa'"· - . s tem rJis recordam-nos que a economia-mundo estava ainda n~m tação ,Joa lhar1 a e outros usos não monetários à medida que se tomavam rclati\·amcntc mais baratos
Estas d1scre~an.c1a po r e no século XV as três áreas comerc1a1s europeias pela subida dos preços das mercadorias neu1ralizou algum de.se aumen1o (... ). Saldar a balança
processo de cmergenc1a. Chaunu rei ere qu • , . d.f comercial desfavorável [com o Orienle) absorveu grandes quanlidades de moeda. (...) A con-
. - · - N Europa Oriental) tinham tres mve1s de preços 1 eren-
(o Med11errJneo cnstao •.o or~s~ ea~tos a baixos A criação de uma economia-mundo pode versão de rendas em. espécie cm pagamentos monetários, uma substitui ção de salários pagos par-
tes. escalonados respect1vamen e e .· _ . d . , · [d , 1 ] c ialmente em espécie por remunerações monetárias e um declínio da troca directa contribuíram
ser medida precisamente pela «fantástica general1zaçao dos preços o m1c10 o secu o 'e a também para contrabalançar o aumemo da ofena de ouro e de praia ' " '·
'-longo prazo pelo desaparecimento das diferenças»n°'., Embora este longo prazo ultrapasse o
século XVI, a diminuição dessas diferenças é percept1vel. Se em 1500 a diferença de preços Como muitos dos seus críticos observaram. Hamilton trabalha com a teoria quantita-
entre 0 Mediterrãneo cri stão e a Europa Oriental era da ordem de 6: I ,_em l 6~_era so~ente tiva da moeda de Fisher, que afirma que PQ=MV e assume implicitamente que V e Q se mantém
de 4: 1" " e em 1750 apenas de 2: 1. Henryk Samsonowicz diz que a parttr dos m1cms do secul.o constantes (P designa os preços; Q a quantidade de bens e serviços; M a quantidade de moeda
XVI os preços e os salários prussianos se aproximaram «Cada vez mais». dos da Europa .oci- em circulação; e V é a velocidade de circulação da moeda). Eles puseram em causa esse
dental. «apesar das direcções diametralmente opostas do seu desenvolvimento económico e pressuposto e exigiram investigações empíricas.
social• •"l. Apesar de? Ou «por causa de»? Num significativo ataque a Hamilton, Ingrid Harnmarstrõm afirmou que Hamilton se
Uma importante explicação da subida dos preços no século XVI foi a de Earl J. tinha enganado na sequência, poi s fora o aumento da actividade económica que levara a um
aumento dos preços, o que por sua vez explica as actividades mineiras que deram origem ao
.r Hamilton. Propô-la inicialmente em relação aos preços andaluzes do século XVI e mai s tarde
generalizou-a para a Europa Ocidental: aumento da oferta de metais preciosos. Ao que Hamilton responde: ",. : l
1
Ao longo do período em análise ex istiu uma ligação estreita entre as importações de ouro e Obviamente que a «subida de preços» habitualmente resultante de uma • actividade económica r, 1•
praia americanos e os preços andaluzes. (... ) Iniciando-se com o período 1503-1505, houve que de uma maneira ou de outra acontece >> ( ... ) refrearia, e não aumentaria. a mineração de meta.is
urna lendência ascendente nas chegadas dos metais preciosos até 1595, enquanto de 1503 preciosos através de um aumento dos custos de produção em conjunção com paridades de
a 1597 se verificou uma subida contínua nos preços andaluzes. As maiores subidas de preços cunhagem fi xas dos metais prec iosos. Para além disso. o aumento de preços viria a diminuir.
coincidem com os maiores aumentos na importação de ouro e prata. A correlação entre impor- não a aumentar, a amoedação dos metais existentes ao embaratecê-los relativamente para usos
tações de metais preciosos e preços persiste depois de 1600 quando ambos estão em decl(- não monetários t151 •
nio11 )).
Mas porque é que as paridades de cunhagem tinham que ser fixas? Esta era uma
decisão política e dificilmente teria beneficiado aqueles que lucrariam com o fluxo dos metais
8. Chaunu. Sfrillt, VIII (2). p. 19. preciosos numa era de expansão (que incluíam a Coroa espanhola), desencorajando a sua
-e 9. • Em lermos gerais. a mudança na curva em 1600 afinnou-se para a Espanha. a Itália e o Sul de França. produção quando uma tão grande quantidad~ estava repentinamente disponível a um custo
Ela só ocorreu em 1650 nas 1erras do Nonc, particularmen1e nos Países Baixos , onde Amesterdão haveria de afinnar real tão baixo (dada a forma de trabalho). Como Hammarstrõm indica. a questão fundamen-
o seu domínio na cena mundial ... Braudel, in Chapras, J, p. 263.
"' 10. Chaunu. L'exponsion europérn11e, p. 343. tal é o que explica o uso que era dado aos metais preciosos:
~ < 11. .. No final do ~c ui a XV, as três Europas estavam num ratio [de preços) relarivo de 100, 77 e J6; pelo
fi~ do s&ul o XVI. o ra11~ era de. H_>O. ?6 e 25. O movimento para a aproximação tinha começado. mas afec1ava Porque é que a Europa Ocidental precis.ava dos metais preciosos americanos, não para serem
a
~:~:n:~~~;:i~r/~~;_1,e~1.º~~J~'.stanc1a entre a Europa med iterrânica e a Europa intennédia pennaneceu mesma arrecadados como tesouros nem para serem usados como omarnemo nos lugares sagrados (uso
a que eram consagrados na Ásia e entre os nativos americanos), mas para formar um contri-
Brau&I :~~i~ercnças em. relação a áreas mais periféricas podem contudo permanecer muito grandes. como buto adicional importante ao seu corpo de moedas em circulação - ou seja, como mci~ de
sobrcstimad~ Quan10 .maior era o auto-fechamento dessas economias arcaicas, tanto mais o ouro e a prata são
quatro ou cincoq::': ;.;~spc~dame~te surgem em .cena. ': vida na Sardenha, nota um v·eneziano em 1558, é _p3g_a~e,n!_o? n•>. ...J
ranh. I. p. 352. os d1spend1osa que na Itália, obviamente para alguém com a bolsa cheia .... La Meditér-
.. 12. HeN)•k Samsonowicz. •Salilire 1 • dan 14. Earl J. Hamilton. «lbe History of Priccs Bcfore 1750•, in Inurnariona l Con~res.s of Historical "'
da.ns la premiCre moitié du XVI• siCcle T~ ~d 7rv1ces . s les finances citadincs de la Prusse au xv• siêcle et
( Paris:Mouton, 1968), 550. •. lr nternallonal Conference of Economic History, Munique, 1965 Scit11ces, Estocolmo, 1960. Ropports : / . Méthodologit, histoire dts uniursitl s. hisroirt dts pri:c O\'Onl 1750 (Go-

-< • 13: Eart J. Hamilton. •American Treasurc and Andai . .


temburgo: Almqvist & Wiksell. 1960), 156.
~usrn('u H1story. 1, 1. Nov. 1928, 34-35. Para uma biblio rafi~s1an Prices, 1503-J~_~ . ~ournal o/ Economic and
:~: g:~:i· r~:ri~ ~~~!,:~~· •Thc ""Pricc Rcvolution" of lhe Sixittnth Ccn1ury: Some Swcdish :
\er Braudcl e Spoor>rr. in Cambridge Economic History o} Euro~~~ ~~~~;.~~~l~~c1pa1s pontos desta literatura,
Evidcnce», Sca ndinavian Economic History Rtview, V, 1. 1957, 131.

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Y. s. Brcnncr argumcnia que um relance pelos dados inglcs~s confinna Hammarstrüm . que a «primitiva obsessão mcrcaniilista
É ua opini ão que as alteraçôes no nível de preços das m ercadonas resuhou «menos de um porque com os Ouxos de mct . .
aumento ou falt a de aumento do stock europeu de metais do que da maneira como este stock ª' ~ preciosas. tinha s.en1ido
fo i uiilizado» ""- Ek nota que o aume nto de preços é anterior à chegada dos tesouros ameri- ~n ~x~s de me tais prr:cio~os levéjriam r .
r c:inos •" '· Brcnncr afimia que deveríamos ter consciência de que todos os factores da equação s~s.' e.~o ~c~mo tempo tenderiam a au1~e~~um1 ~·clmcn1c a uma aft(;taç~ de
tais, dim inuindo conscquc lar os fu ndo< dispoof . homens e de recur-
de Fisher eram variáveis nessa época: . nlcmcnie o CUMo da.s guerras. ve1 ~ para. as fi~.s go·.emamcn·
. Caso em que podemos anali sar u . .
Em conc lusãn. 0 aumcnlo dos preços duramc a primeira metade do século XVI deveu-se a uma
mais efi cientemente q ais os paises que utili:aram 0 metaiJ. precio.os
nimbi naçâo cmrc uma velocidade de circulaçào e um volume de moeda em circulação acres-
ciJos com uma oferta rclativamcnlc diminuída de, e maior pressão da procura de, produtos em termos das c?p~cidades docada país, detenni . . .
acrícolas (. .. ). para alargar os limt1es do pleno emprego ri nOOa..quer ins11tucmnalmeme qutr fo.ic-.ur,.nit
À veloc idade (V) de circulação aumentou com o desenvolvimento da indústria e a e<pansão do crcsc1mento económico rcaJ12 11_ po onna ª con\'erter o anuxo dt metais predosm ~
comórcio: o nítido aumento da especulação fundiária e no mercado de capitais legalizados; e
pela transição de maiores sec tores d3 socicdad_e de auto-suficiênci.a rural ~a~~ comunidades E quant~aos limites da velocidade? W. C. Ro .
urhan izadas dependentes de mercados (monetanzados) para a sua ahmentaçao 9 '· levanta a questao de saber se os Ouxos d
• •
. bi~son. no seu debate com Mid1ad p0,tan.
e metais preciosos pod .
para a deprcssao do seculo XIV. Afirma que numa economia comem po1enc1ar uma _ex plica;ão ''
Assim, como Brenncr argumenta, fo i o aumento generali zado da actividade capitalista uvos «a V estava algo próxima da rotação física real r mecanismos de crcdtto primi- 11
1

que explica o uso dado aos metai s preciosos. isso, a expansão do século Xlll , que tinha sido estimula:: moeda por umdade de tempo • . Por
A lcoria bul ion isla da ex pansão económica presume, senão velocidades (V) e quanti- ,I
los na velocidade de circulação da moeda, estav . . pelo descntesournmentocpor aumen-
a Sujeita aos constrangimento\ inerentes:
dade de bens (Q) fi xas, pe lo menos lim ites superiores. Haverá algumas provas dislo? No que
respe ita às quant idades de bens e serviços tal não parece muito plausível. lslo porque ela
implica. como Jorge Nadai nos recorda, a hipótese de pleno emprego:
A oferta de moeda acabou por alcançaro seu limi1e superior sal
e a veloc ida~e de circulação não podia aumcnt.a r mais. N~sta ;i~=:.u=~~r::~;Oi.
. l 1

-1 e uma pressa~ descend~me sobre os preços fazia-se sentir. O ale~re optimismo e o~ ~ad:
Só então, quando o volume de bens produzidos não pode ser aumentado, é que qualquer aumen10 lucros do penodo antenor foram substituídos pelo pessimismo e pela retracção. 0 ~resoura­
das despesas (equivalente ao prod u10 da quantidade de moeda pela ve loc idade fia masa mo11e- me~to de moeda ~omcço~..como barreira contra a queda dos preços. Em resuma. a depres:~a 1
1aria en circulaciónj) se transform ará num aumento proporcional dos preços 1201• poclza auto·consol1dar-se<-- 1.

É melhor então não assumirmos que um aumento do volume de metais preciosos . Postan, na s~a resposta, argumenta que Robinson está factualmente errado sobre 0 ter- 1.
tenha conduzido di rectamente a um aumento de preços mas apenas por intennédio da sua -se atmg1do um hm1te, uma vez que o desentesouramento continuava, os mecanismos de crédito
capacidade ou i_ncapacidade de aumentar o emprego. Miskimin argumenta, por e)(emplo, era":' mais fl edv~i s do que o que Robinson sugeria e as atitudes psicológicas dos homens de
negocios const1tmam uma van ável económica insignifican le nessa época'"'· Mas basicamente
1
1•
17. Y . S. Brenne r. • Thc Inna1ion of Priccs in Si xleenth-Century England », Ec:onomic f/istory Re,·iew,
ele não põe em causa o conceito de um limile. Miskimin fá-lo. e a meu ver eficazmente: !
2.' !-érie. XI\' , 2. 196 1. 231.
É também verdade, com toda a probabilidade, que, dado o nível de descnrnlvirnenJo d3S in., ti-
H. A. Miskimin. comentando as opin iões de Brcnner. diz: ..cEu iria mesmo mais longe e insisliria em que a
distribuição da popu!Jçào e a sua relação com uma oferta fixa de 1errJ. tinha mu ito a ver com a propensão dum país tuiçõcs de crédito, existia um limite físico superior à velocidade de circulação de uma quanti· j
para rerC' r o ouro e a prata 4uc enlra\'am pe las suas fronte ir.is. \'isto que quanto maior era a pressão da popul ação dade dada de melal prec ioso. uma vez que estivesse cunhado num número finito de moedas.
,:obre as le rr:i.s que prod uLiam al imC"nlo, maior era a proporção n:l a1iva do slock monetário do país dirigida para bens Contudo. o aviltamento da moeda. através da redução do valor facial das unidades cm que os 1
agríco las produ1.idol\ in1cmamente:.. . ... Agenda for Early Modem Economic History:.., Jounial o/ Economic l/istory , me tais prec iosos circulavam, leria o cfei10 de elevar os limi tes físicos e ins1i1Ucionais sur.-:riore5
XXX l. I. ~1ar1 0 197 1. 179. impostos à ve locidade de circulação dos metais preciosos. Sob as prrssôes combinadas pro,·e·
18. Y . 5 . Brenncr. Ernnomic llm nry Rel'il'H", X IV , p. 229.
nicntes das migrações internas, da urbanização e da cspccializ.ação. teria parecido possí,·cl r: :ué
Fema.mJ Braudcl faz a mesma observação: «(Se ) as minas do Novo Mundo s:lo um factor, é (X>rque a
E~ropa possu i os meios d~ beneficiar dos (seus produtos!.,. La Médiu·rra11ét> , ll, p. 27. R. S. Lopez e H . A . Miski · prováve l que quando a depreciação elevava os limi1es tfrnicos da velocidade. a nova lit:ic.rcbdc
mm realçam no_en1an10 .que o cr~sc i me ~to económico de cerca de 1645 até à .c Rcfonna.. foi um processo de era usada, e que as muitas depreciações europeias do século X\'l act~ar:im atra"és_dessa
• l cn~a recu~rª.\" ªº'" · As:-. 1m, a subida rjp1da após 1520 é compa1ível com os argumentos de Hamilton. totThe Eco- ve loc idade para aumentar os preços mais do que proJX.lrcionalmente. relauvamente ao ni,·el da
nom1c Ot prC'\).100 of thc Renaissancc .. , Ernncm1 ir" 1-fi.Hory Rei'ic.-.·. 2 .~ ~éric, X I V . J. 1962, 4 17 .
própria depreciação '"'·
. 19. Brcnncr: Ec011omic l fo tory Reriew. pp. 238·339. Braudd e Spooner também argumentam que há um
mcrc~nto c1~1 w l~x 1dadc: .., fata aceler.1~-ã~ [d.: ':d ocidade ). cs1e aumento no custo de vida , são o aspecm mais
not;hc_I Jo RtnaM" 1mcn10. ou melhor. do scculo X Vl. quando comparJdo com tempos 31lteriores, ( ... ) mas havia
um.t di fr·n.·nça em p~opt~rçõc-.. { ... ) (Havia ) na Europa um arr.mquc de ··crescimento". (. .. ) Mas este "crescimento.. 2 1. Miskimin. Journol o/ Eco11omic lli~tot)". XXX l. p. ~ ~]Cti e in La1r Medj~val Europt•. Economic ~
22. W. C. Robinson, • Moncy, Poputauon and Economu; ant
~'~~::~: º.:~,~~~º i mc~ro paraº" } i~.1.i 1cs do _JX.K)ii\ cl .e d~ impossivel. isto ê, para a beirJ da catástrofe:... oi lcs métaux llistory Rn irw, 2.' série, XII. 1, 1959, 67. . . R .· , , stric Xlt. t, 1959. 78-79.
Swrw mndt·rn~ 1.:t~~~~:~-~d~a~~~i.!I~~~~~;: ~~ 5~~~"~.wm Jt>l X Congresso lmema:ionulc de Scir11:e Storicht , IV: 23. Ver M . M . Postan, .. No1e», El'onormc /11swry tH~iJ2. .
20. 1'adJl. llispania. XIX. p. 517.
24. Miskimin. Jourtwl o/ Economic Jlistory. XXXI. p. .

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Y. s. Brcnncr argumcnia que um relance pelos dados inglcs~s confinna Hammarstrüm . que a «primitiva obsessão mcrcaniilista
É ua opini ão que as alteraçôes no nível de preços das m ercadonas resuhou «menos de um porque com os Ouxos de mct . .
aumento ou falt a de aumento do stock europeu de metais do que da maneira como este stock ª' ~ preciosas. tinha s.en1ido
fo i uiilizado» ""- Ek nota que o aume nto de preços é anterior à chegada dos tesouros ameri- ~n ~x~s de me tais prr:cio~os levéjriam r .
r c:inos •" '· Brcnncr afimia que deveríamos ter consciência de que todos os factores da equação s~s.' e.~o ~c~mo tempo tenderiam a au1~e~~um1 ~·clmcn1c a uma aft(;taç~ de
tais, dim inuindo conscquc lar os fu ndo< dispoof . homens e de recur-
de Fisher eram variáveis nessa época: . nlcmcnie o CUMo da.s guerras. ve1 ~ para. as fi~.s go·.emamcn·
. Caso em que podemos anali sar u . .
Em conc lusãn. 0 aumcnlo dos preços duramc a primeira metade do século XVI deveu-se a uma
mais efi cientemente q ais os paises que utili:aram 0 metaiJ. precio.os
nimbi naçâo cmrc uma velocidade de circulaçào e um volume de moeda em circulação acres-
ciJos com uma oferta rclativamcnlc diminuída de, e maior pressão da procura de, produtos em termos das c?p~cidades docada país, detenni . . .
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À veloc idade (V) de circulação aumentou com o desenvolvimento da indústria e a e<pansão do crcsc1mento económico rcaJ12 11_ po onna ª con\'erter o anuxo dt metais predosm ~
comórcio: o nítido aumento da especulação fundiária e no mercado de capitais legalizados; e
pela transição de maiores sec tores d3 socicdad_e de auto-suficiênci.a rural ~a~~ comunidades E quant~aos limites da velocidade? W. C. Ro .
urhan izadas dependentes de mercados (monetanzados) para a sua ahmentaçao 9 '· levanta a questao de saber se os Ouxos d
• •
. bi~son. no seu debate com Mid1ad p0,tan.
e metais preciosos pod .
para a deprcssao do seculo XIV. Afirma que numa economia comem po1enc1ar uma _ex plica;ão ''
Assim, como Brenncr argumenta, fo i o aumento generali zado da actividade capitalista uvos «a V estava algo próxima da rotação física real r mecanismos de crcdtto primi- 11
1

que explica o uso dado aos metai s preciosos. isso, a expansão do século Xlll , que tinha sido estimula:: moeda por umdade de tempo • . Por
A lcoria bul ion isla da ex pansão económica presume, senão velocidades (V) e quanti- ,I
los na velocidade de circulação da moeda, estav . . pelo descntesournmentocpor aumen-
a Sujeita aos constrangimento\ inerentes:
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respe ita às quant idades de bens e serviços tal não parece muito plausível. lslo porque ela
implica. como Jorge Nadai nos recorda, a hipótese de pleno emprego:
A oferta de moeda acabou por alcançaro seu limi1e superior sal
e a veloc ida~e de circulação não podia aumcnt.a r mais. N~sta ;i~=:.u=~~r::~;Oi.
. l 1

-1 e uma pressa~ descend~me sobre os preços fazia-se sentir. O ale~re optimismo e o~ ~ad:
Só então, quando o volume de bens produzidos não pode ser aumentado, é que qualquer aumen10 lucros do penodo antenor foram substituídos pelo pessimismo e pela retracção. 0 ~resoura­
das despesas (equivalente ao prod u10 da quantidade de moeda pela ve loc idade fia masa mo11e- me~to de moeda ~omcço~..como barreira contra a queda dos preços. Em resuma. a depres:~a 1
1aria en circulaciónj) se transform ará num aumento proporcional dos preços 1201• poclza auto·consol1dar-se<-- 1.

É melhor então não assumirmos que um aumento do volume de metais preciosos . Postan, na s~a resposta, argumenta que Robinson está factualmente errado sobre 0 ter- 1.
tenha conduzido di rectamente a um aumento de preços mas apenas por intennédio da sua -se atmg1do um hm1te, uma vez que o desentesouramento continuava, os mecanismos de crédito
capacidade ou i_ncapacidade de aumentar o emprego. Miskimin argumenta, por e)(emplo, era":' mais fl edv~i s do que o que Robinson sugeria e as atitudes psicológicas dos homens de
negocios const1tmam uma van ável económica insignifican le nessa época'"'· Mas basicamente
1
1•
17. Y . S. Brenne r. • Thc Inna1ion of Priccs in Si xleenth-Century England », Ec:onomic f/istory Re,·iew,
ele não põe em causa o conceito de um limile. Miskimin fá-lo. e a meu ver eficazmente: !
2.' !-érie. XI\' , 2. 196 1. 231.
É também verdade, com toda a probabilidade, que, dado o nível de descnrnlvirnenJo d3S in., ti-
H. A. Miskimin. comentando as opin iões de Brcnner. diz: ..cEu iria mesmo mais longe e insisliria em que a
distribuição da popu!Jçào e a sua relação com uma oferta fixa de 1errJ. tinha mu ito a ver com a propensão dum país tuiçõcs de crédito, existia um limite físico superior à velocidade de circulação de uma quanti· j
para rerC' r o ouro e a prata 4uc enlra\'am pe las suas fronte ir.is. \'isto que quanto maior era a pressão da popul ação dade dada de melal prec ioso. uma vez que estivesse cunhado num número finito de moedas.
,:obre as le rr:i.s que prod uLiam al imC"nlo, maior era a proporção n:l a1iva do slock monetário do país dirigida para bens Contudo. o aviltamento da moeda. através da redução do valor facial das unidades cm que os 1
agríco las produ1.idol\ in1cmamente:.. . ... Agenda for Early Modem Economic History:.., Jounial o/ Economic l/istory , me tais prec iosos circulavam, leria o cfei10 de elevar os limi tes físicos e ins1i1Ucionais sur.-:riore5
XXX l. I. ~1ar1 0 197 1. 179. impostos à ve locidade de circulação dos metais preciosos. Sob as prrssôes combinadas pro,·e·
18. Y . 5 . Brenncr. Ernnomic llm nry Rel'il'H", X IV , p. 229.
nicntes das migrações internas, da urbanização e da cspccializ.ação. teria parecido possí,·cl r: :ué
Fema.mJ Braudcl faz a mesma observação: «(Se ) as minas do Novo Mundo s:lo um factor, é (X>rque a
E~ropa possu i os meios d~ beneficiar dos (seus produtos!.,. La Médiu·rra11ét> , ll, p. 27. R. S. Lopez e H . A . Miski · prováve l que quando a depreciação elevava os limi1es tfrnicos da velocidade. a nova lit:ic.rcbdc
mm realçam no_en1an10 .que o cr~sc i me ~to económico de cerca de 1645 até à .c Rcfonna.. foi um processo de era usada, e que as muitas depreciações europeias do século X\'l act~ar:im atra"és_dessa
• l cn~a recu~rª.\" ªº'" · As:-. 1m, a subida rjp1da após 1520 é compa1ível com os argumentos de Hamilton. totThe Eco- ve loc idade para aumentar os preços mais do que proJX.lrcionalmente. relauvamente ao ni,·el da
nom1c Ot prC'\).100 of thc Renaissancc .. , Ernncm1 ir" 1-fi.Hory Rei'ic.-.·. 2 .~ ~éric, X I V . J. 1962, 4 17 .
própria depreciação '"'·
. 19. Brcnncr: Ec011omic l fo tory Reriew. pp. 238·339. Braudd e Spooner também argumentam que há um
mcrc~nto c1~1 w l~x 1dadc: .., fata aceler.1~-ã~ [d.: ':d ocidade ). cs1e aumento no custo de vida , são o aspecm mais
not;hc_I Jo RtnaM" 1mcn10. ou melhor. do scculo X Vl. quando comparJdo com tempos 31lteriores, ( ... ) mas havia
um.t di fr·n.·nça em p~opt~rçõc-.. { ... ) (Havia ) na Europa um arr.mquc de ··crescimento". (. .. ) Mas este "crescimento.. 2 1. Miskimin. Journol o/ Eco11omic lli~tot)". XXX l. p. ~ ~]Cti e in La1r Medj~val Europt•. Economic ~
22. W. C. Robinson, • Moncy, Poputauon and Economu; ant
~'~~::~: º.:~,~~~º i mc~ro paraº" } i~.1.i 1cs do _JX.K)ii\ cl .e d~ impossivel. isto ê, para a beirJ da catástrofe:... oi lcs métaux llistory Rn irw, 2.' série, XII. 1, 1959, 67. . . R .· , , stric Xlt. t, 1959. 78-79.
Swrw mndt·rn~ 1.:t~~~~:~-~d~a~~~i.!I~~~~~;: ~~ 5~~~"~.wm Jt>l X Congresso lmema:ionulc de Scir11:e Storicht , IV: 23. Ver M . M . Postan, .. No1e», El'onormc /11swry tH~iJ2. .
20. 1'adJl. llispania. XIX. p. 517.
24. Miskimin. Jourtwl o/ Economic Jlistory. XXXI. p. .

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. o seu todo. com as suas fo~as de pre_ssão Cons ideremos cm primeiro lugar a oferta de bens alimentares. Dada uma expan-
. . . ao facto de que é o s1s1c'."ª n r exemplo, as que dizem respe1t~ a são económica generalizada, porque é que se verificou uma mt'fior oferta de produtos ··
,\ss1m. i·~lt~:s ti s de decisões pahucas (~ ansão. Não foram os metais prec10- ag rícolas? Dom , cm primeiro lugar, isso não aconteceu em termos absolutos '"''· É apenas
es1ru1uradas para cc d ) ":'é
crucial para explicar a e. P ·a mundo capitahsta, que foram quando consideramos os valores rc, peitantcs a países como a Ing late rra o u a E'1>anha
aviltamcn1os da moe ~ . quc"-1osos no contexto de uma econon;_• m-i•s monopolistas de cani ta- wmados isoladamente, em vez de nos referim10' à economia-m undo europeia como uma
. s metais pre · ·fi amente as 10 u • -
7
soscms1.masoC.I 1 Vcrlinden foram espcc1 JC á ..pclai n!Íaçãocontínua dos prcços: entidade. que se verifica uma diminuição da oferta rcl ati,·amcntc a uma população crescente.
. cruciais. ParJ "''. e'. e forJm as grandes respons veis Nos países em que a indústria se expandiu, tomou-se necessário reconverter uma maior
tismo. nesla fase 1mc1al. qu . vemos reservar um lugar importante para a especulação. O proporção da terra à necessidade que havia de cavalos•Y1•. Mas os homen s cominua,·am a exis-
Na explic:tçào das crises cícl icas. d~ los de reços. (( Dcsrcgu\ ava·OS» no ~ urto prazo, co~ tir; só que eram agora alimentados de forma crescente pelos cereais do Báltico '"'· Estes
.. monopólio .. nlo r~gu\ava o~ mav1~~~0). É re~ponsávcl pelo asp:cto catast;ofico de~tes movi· eram, no entanto, mais caros, dada a aparente escassez, os custos de trans porte e os lucros
c:i.cepção dr cc nos prod utos de Jux.o ( ombra de dúvidas o movimento pecuha:. Depois de ca~a
dos intermediários.
men1os. lndirect:uncnte .. afe.cta~·a s~m ~s não reg ressavam ao nível anteri o~ à cn se. O mono~~~
subida pMcialmcn1( artific ial. os p C.'Ç • .li ão e acele ração cb subida no lo ngo prazo . Pode daq ui concl uir-se que a oferta crescente de metai s preciosos era ent:io irrelevante?
contribu ía assim. cm ccrtJ medida. para a mtens1 icaç ~ Nem por sombras. De fac to, ela desempenhou imponantes funções na economia-mundo
. . ntão bom ou mau? Não estamos a por uma questão europeia em expansão. Manteve o ímpeto da expansão. protegendo este sistema ainda fraco 1
o afl uxo de me1a1s pre~=~~~~sequências do afluxo de metais preciosos s_alutarcs contra os assa ltos da natureza. Michel Morineau salienta que na Europa medieval os pre~·os
mornl abs1rae1a. Ou melhor, f . . r 1 ., Hamilton parece certamente di zer que do trigo s ubi am e baixavam como resposta directa ao resultado das colheitas. O que aconte-
para a criação da nova cconomia~mundo capHa is a . á ..
sim. Joseph Schumpe1er. comudo. pensa exactamente o contr no. ce u no século XVI não foi tanto os metais preciosos terem provocado a subida dos preços
ento da oferta de metais amoedáveis não produz. mais do ~ue os aum~ntos aut!~ino~os da
ºu:~d:idc de uai ucr outra espéc ie de dinheiro. efeitos económ icos detcnn1nado~. E.óbv1~ q ue sidadcs a taxas de ju ro rdativamcnlt: mais baixas sr m rnmpctirem com a indústria priv::uh. desencorajando o rein-
~stes depcnde~o i~rciramente do uso que é dado às novas quan t'.dades. ( ... )A pnmc.ira coisa a vcsti men10 de lucros e criando uma cla.t0\e que vivia de rendas? Pcnnitiriam por su3 \·ez cus1os mais bai,.os de capital
terem conta {acerca do séc ulo XV II é que. no que respe ita à própna Es panha. a nova nq~eza ( ... ) que indústria.\ como a conslruçào naval man1ivcssc:m stocks de madeira e de maltria.~·prim as maiores ou que a indúo;tria
SC'f"\o'iU para finJ.nciar a polit icados Habsbu rgo. ( .._.)O afluxo forneceu( ... ) uma ~1em~uva para
inglesa de cunumcs consen ·assc: a ~u a mâo-dc--obra por ler mais pe les nas cubas. c'le\·ando a.!is im a produtividade: do
trab3lho? T alvez e.).la análise possa proporcionar conhecimcn1os (ru1uosos quanto às causai dn h no económico
a depreciação da moeda. a que de outra forma tena sido neces~irio recorrer m~1t o mais cedo, e comparali\'O da Jng lalerra e dos Pafscs Ba iims e do relali\'O fracasso da Espanh3 e da França. e a r anir de"les con·
lomou·~ assim 0 instrumenc o da innação de guerra t: o ve iculo do conhecido proce sso de verta o termo ''inflação pclo<ii lucros·· duma má conccpç;io analít ica num im Lrumen10 muito mai!t Ut il (p. 183 )•.
empobrecimento e de organização social correlativa. O espec tac ~lar aumenro d os p reços que se 29. E 1er:1 mes mo hav ido num sentido relati vo? Robi nson argumenta que a !erra rcccnlcme ntc de.!. bra~· ada "'
se!!uiu foi um cio não menos fami liar naquela cadeia de aconh:c 1mentos. ( .. . ) . não é nccessari 11mcnte marginal no sentido de menos produtiva ou fénil. Ver Econamic Hisrory Re\·iew. p. 68. Postan
Todos esles elementos innuenciaram a evolução do capitalismo. mas no fim de contas m:us no replica q ue. seja qua l for a 1eoria , o focco é que os novos estabclecimcn1os 1endi:im a faze r-se cm • solos inferiores•.
Economic llistory RevieM". XII . p. 8 1.
sen1ido de a a1rasar do que no de a acelerar. pela expansão dos meios de circu lação. Os casos da
30. .. Um factor secundário que pode ter contribuído para a subida dos preços d~ cercais (no século XVI J 1
França e da ln~ Ja1erra foram difere n1es na cxacta medida em q ue os efe ilos foram mais diluídos. foi o número cada vez maior de ca ... alos (na Europa OcidcnralJ. A grande expansão do combcio e d:1 indús:lria, com
( ... )Todas as reafü.açõcs duradouras da indústria e do comé rcio ingleses podem se r explicadas as necess idades de tiansporte concomitantes. exigiam mai s reboque e força. que recaíam principalmente nos cavalos.
sem quaisque r referências à plétora de met.ais preciosos 1261 • Mais cavalos significavam uma maior procura de forragens. É óbvio que a rerra usada para plantar (Of'Tagen.s nlo
fi ca daí em diame di sponf\•el para ãli mentar os homens•. SlichC'r van BaLh.. A.11.ror;an l/isrury. p. 195. .1
Este argumento radica na firme convicção de Schumpeter de que • a influência da 3 J. Ver Josef Pctrán . ..: A propos de la fonna tion des rc!gions de la producti\·i1t sptcialiséc en Europe
infl ação - que considero 1er •ido exagerada quer no plano histórico quer no plano teórico, Ccntrale .. , in De1txiême Conférena l nrernationale J ºHistoire Ecunomique, Aix ·en·ProYence. 1962, Vol. II.
Middle Ages and Modtrn Times (Paris: Mouton, 1965 ). 219·220.
mas que não nego - fo i globalmente quase destru tiva• "' '· Mesmo sem acei tarmos a
Diz·s.c por \'ezes que os cereais do Báltico não podiam 1cr sido assim tão impunanle"i visto representarem
preferência de Schumpeter pelas consequências racionalmente controladas da inflação face só uma pequena pcrccnta~em do consumo totaJ. Há duas re<iiposlaS para is10. Para cenas ~.s da Europa. os ce.reaU
às consequências possivelmente esponláneas e por vezes imprevisíveis desta, a sua tirada do Báhico eram uma imponante fo n1e de abastecimento ... Um ou doi s por cento Ido cons umo lotai d.:t Europa] era
obriga-nos a !ornar consciência de que os efeitos globais da inflação são muito menos signi- ainda ass im cxccpciona lmen le im portante , tanlo pe la prosperidade que i~so trazi a a homens do mar como os holan·
ficam·os do que os seus efeitos diferenciais c2A1 _ deses como porq ue representava a margem de sobre"·i"ência de cidades capi1aiscomo Lisboa•. Char le~ Till y. • Food
Supply and Public Orde r in Modem Eu rope .. (mi meo. 45). Ver Piem: Jcannin . .. Lcscomp1cs du Sund commc sourcc
pour la com1 ruction d'indiccs généraux de l 'act ivit~ économique cn Europc (XVl··XVIJI • siCcles),.. , Re rl.le histnn-
que. CCXXX I, Jan .. ~far. 1964 , 62. Jeannin cita E. Scholliers como dizendo q~ . enrn~ 1562 e 1569. os cereais do
E.S C.. X.lji. ~l~~~~~nl~~~/.. ·Moovemenu des pri.x e1 dcs salaircs en Be lgiquc au XVJ• si«:.lc•. Anna/u Bállico forneciam 23 % do consumo ho landês.
A segunda re sposta é que e le era marginalmente crucial para a economia -mundo como um lodo: • O 1rifico
~: ~:.::.;: ~~~:~r. B1wntll C.w:lts. I (~ova Iorque: McGra .... · Hill. 1939). 23 1·23 2. local e internacional de ce reais eM.i ine:uricavelmentc interl igado. Se.ria errado. no caso duma me rcadoria como os
. 2S. ~I W.unin,h,urNJ/ofúonomic llút XXXI su · . . . cereais, pensar -~ ..: cm lermos dum a economia dual com dois scc lor~ murnam(.nte di s1in1os. Se ('Sle argumento~
··Ccr:.S:iJenndc, a e~tru.tura dJ. indihtme:,,.
m~'
~cvJo X\°!. podem<~ bem ind.?.gar qual 0 papel de::s · . gere linhas pos.11iive1s para se prosseguirne.sta questão:
~":,™>S de produção~ longo do dilacerado pela guerra
Terá• i...'VmubçMJ <k cap1ul ind1m nal pri\'ado )ido fac~ucta ~ 1~ 1 r~ mais abu~tc _e tal\'eZ ma.is barato.
correc10. enlâo os fornecimentos a pan ir do B.illico eram marginais cm relaç!io à procura e à ofen.l totai.s. Daqui se
segue que aheraçõe!> relati\·amente hrJ.Odas na.1, quantidades toOli.). fornec idas e/ou procurad.Js podem origi nar
mudanças rclath·amente grande"i w bre aqude o;.ector marginal em que os cereais do B ~luco se cnconrr.tv;1m•. Gla-
q go\cmos podiam sa usfaz.c r a.~ suas neces- mann, •Europcan Tradc. 1500- 17()) .... Fm11ana Economit· Jlistory o/ E11mpt. li. 6. 197 1. 44.
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. o seu todo. com as suas fo~as de pre_ssão Cons ideremos cm primeiro lugar a oferta de bens alimentares. Dada uma expan-
. . . ao facto de que é o s1s1c'."ª n r exemplo, as que dizem respe1t~ a são económica generalizada, porque é que se verificou uma mt'fior oferta de produtos ··
,\ss1m. i·~lt~:s ti s de decisões pahucas (~ ansão. Não foram os metais prec10- ag rícolas? Dom , cm primeiro lugar, isso não aconteceu em termos absolutos '"''· É apenas
es1ru1uradas para cc d ) ":'é
crucial para explicar a e. P ·a mundo capitahsta, que foram quando consideramos os valores rc, peitantcs a países como a Ing late rra o u a E'1>anha
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. s metais pre · ·fi amente as 10 u • -
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soscms1.masoC.I 1 Vcrlinden foram espcc1 JC á ..pclai n!Íaçãocontínua dos prcços: entidade. que se verifica uma diminuição da oferta rcl ati,·amcntc a uma população crescente.
. cruciais. ParJ "''. e'. e forJm as grandes respons veis Nos países em que a indústria se expandiu, tomou-se necessário reconverter uma maior
tismo. nesla fase 1mc1al. qu . vemos reservar um lugar importante para a especulação. O proporção da terra à necessidade que havia de cavalos•Y1•. Mas os homen s cominua,·am a exis-
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. . ntão bom ou mau? Não estamos a por uma questão europeia em expansão. Manteve o ímpeto da expansão. protegendo este sistema ainda fraco 1
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para a criação da nova cconomia~mundo capHa is a . á ..
sim. Joseph Schumpe1er. comudo. pensa exactamente o contr no. ce u no século XVI não foi tanto os metais preciosos terem provocado a subida dos preços
ento da oferta de metais amoedáveis não produz. mais do ~ue os aum~ntos aut!~ino~os da
ºu:~d:idc de uai ucr outra espéc ie de dinheiro. efeitos económ icos detcnn1nado~. E.óbv1~ q ue sidadcs a taxas de ju ro rdativamcnlt: mais baixas sr m rnmpctirem com a indústria priv::uh. desencorajando o rein-
~stes depcnde~o i~rciramente do uso que é dado às novas quan t'.dades. ( ... )A pnmc.ira coisa a vcsti men10 de lucros e criando uma cla.t0\e que vivia de rendas? Pcnnitiriam por su3 \·ez cus1os mais bai,.os de capital
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se!!uiu foi um cio não menos fami liar naquela cadeia de aconh:c 1mentos. ( .. . ) . não é nccessari 11mcnte marginal no sentido de menos produtiva ou fénil. Ver Econamic Hisrory Re\·iew. p. 68. Postan
Todos esles elementos innuenciaram a evolução do capitalismo. mas no fim de contas m:us no replica q ue. seja qua l for a 1eoria , o focco é que os novos estabclecimcn1os 1endi:im a faze r-se cm • solos inferiores•.
Economic llistory RevieM". XII . p. 8 1.
sen1ido de a a1rasar do que no de a acelerar. pela expansão dos meios de circu lação. Os casos da
30. .. Um factor secundário que pode ter contribuído para a subida dos preços d~ cercais (no século XVI J 1
França e da ln~ Ja1erra foram difere n1es na cxacta medida em q ue os efe ilos foram mais diluídos. foi o número cada vez maior de ca ... alos (na Europa OcidcnralJ. A grande expansão do combcio e d:1 indús:lria, com
( ... )Todas as reafü.açõcs duradouras da indústria e do comé rcio ingleses podem se r explicadas as necess idades de tiansporte concomitantes. exigiam mai s reboque e força. que recaíam principalmente nos cavalos.
sem quaisque r referências à plétora de met.ais preciosos 1261 • Mais cavalos significavam uma maior procura de forragens. É óbvio que a rerra usada para plantar (Of'Tagen.s nlo
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Este argumento radica na firme convicção de Schumpeter de que • a influência da 3 J. Ver Josef Pctrán . ..: A propos de la fonna tion des rc!gions de la producti\·i1t sptcialiséc en Europe
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Middle Ages and Modtrn Times (Paris: Mouton, 1965 ). 219·220.
mas que não nego - fo i globalmente quase destru tiva• "' '· Mesmo sem acei tarmos a
Diz·s.c por \'ezes que os cereais do Báltico não podiam 1cr sido assim tão impunanle"i visto representarem
preferência de Schumpeter pelas consequências racionalmente controladas da inflação face só uma pequena pcrccnta~em do consumo totaJ. Há duas re<iiposlaS para is10. Para cenas ~.s da Europa. os ce.reaU
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obriga-nos a !ornar consciência de que os efeitos globais da inflação são muito menos signi- ainda ass im cxccpciona lmen le im portante , tanlo pe la prosperidade que i~so trazi a a homens do mar como os holan·
ficam·os do que os seus efeitos diferenciais c2A1 _ deses como porq ue representava a margem de sobre"·i"ência de cidades capi1aiscomo Lisboa•. Char le~ Till y. • Food
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pour la com1 ruction d'indiccs généraux de l 'act ivit~ économique cn Europc (XVl··XVIJI • siCcles),.. , Re rl.le histnn-
que. CCXXX I, Jan .. ~far. 1964 , 62. Jeannin cita E. Scholliers como dizendo q~ . enrn~ 1562 e 1569. os cereais do
E.S C.. X.lji. ~l~~~~~nl~~~/.. ·Moovemenu des pri.x e1 dcs salaircs en Be lgiquc au XVJ• si«:.lc•. Anna/u Bállico forneciam 23 % do consumo ho landês.
A segunda re sposta é que e le era marginalmente crucial para a economia -mundo como um lodo: • O 1rifico
~: ~:.::.;: ~~~:~r. B1wntll C.w:lts. I (~ova Iorque: McGra .... · Hill. 1939). 23 1·23 2. local e internacional de ce reais eM.i ine:uricavelmentc interl igado. Se.ria errado. no caso duma me rcadoria como os
. 2S. ~I W.unin,h,urNJ/ofúonomic llút XXXI su · . . . cereais, pensar -~ ..: cm lermos dum a economia dual com dois scc lor~ murnam(.nte di s1in1os. Se ('Sle argumento~
··Ccr:.S:iJenndc, a e~tru.tura dJ. indihtme:,,.
m~'
~cvJo X\°!. podem<~ bem ind.?.gar qual 0 papel de::s · . gere linhas pos.11iive1s para se prosseguirne.sta questão:
~":,™>S de produção~ longo do dilacerado pela guerra
Terá• i...'VmubçMJ <k cap1ul ind1m nal pri\'ado )ido fac~ucta ~ 1~ 1 r~ mais abu~tc _e tal\'eZ ma.is barato.
correc10. enlâo os fornecimentos a pan ir do B.illico eram marginais cm relaç!io à procura e à ofen.l totai.s. Daqui se
segue que aheraçõe!> relati\·amente hrJ.Odas na.1, quantidades toOli.). fornec idas e/ou procurad.Js podem origi nar
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q go\cmos podiam sa usfaz.c r a.~ suas neces- mann, •Europcan Tradc. 1500- 17()) .... Fm11ana Economit· Jlistory o/ E11mpt. li. 6. 197 1. 44.
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. . ed mi N verdade Cario Cipolla mostra-se céptico mesmo
Lmas o tere.m ;mpedido sua bi~a ,:ai dosª preços tH>, Acredita antes que o que é verdadeira-
ª aqui a controvérsia é grande, quer sobre a sua existência quer sobre as suas.causas!"> Hamil-
sobre a ext~tenc~a de uma su. . à estrutura financeira do século XVI não é a subida ton argumentou que à med'.da que os ~reços ~ubiam: os salários e as rendas não con~eguiam
mente s1gmficat1vo n? ~ued diz resdpeJ~Uloro Argumenta que nos finais da Idade Média a taxa de a:ompanhar os ~~~ços, devido a res1stenc1~s ms111uc1on~is _em Inglaterra e na França, mas
d ços mas 0 dechnm a taxa e · . . nao em Espanha . Isto cnou ~m d1ferenc1al, uma espécie de lucro inesperado, que foi a mais ~
. os pre · , . . d m máximo de 5,5% entre 1520 e 1570, camdo de seguida
JUro era de cerca de 4- 5010 , atmgm ou . . impotlante fonte de acumulaçao de capital no século XVI:
,- bruscamente, entre 1570 e 1620, para um valor médio de 2%. Os melais preciosos tomaram
Na Inglalerra e na França, a discrepância substancial enlre preços e salários, nascida da revo-
o dinheiro mais barato 1,.'. • • • •
lução dos preços, pnvou os trabalhadores de uma grande pane dos rendimentos de que até aí
:e 0 que isto parece indicar é que 0 factor crítico foi a emergencia de um _sistema cap1- beneficiavam, e desvwu esta nqueza para os beneficiários de outros 1ipos de rendimenro. (...)As
1alista que, como Marx disse, dataria «da criação no século ~VI de u~ comemo e de um rendas, bem como os salários. perderam terreno em relação aos preços; assim, os proprietários
mercado englobando 0 mundo inteiro» OI>. A vanável chave foi a emergencia do caplla,hsmo de terras não beneficiaram das perdas do trabalho. (... )
como a fomia dominante de organização social da economia. Provavelmente, podenamos Os lucros assim recebidos, juntamente com os lucros do comércio da fndia Oriental, forneceram
dizer. a única forma, no sentido de que, uma vez estabelecida, outros «modos de _produçà?» os meios para a construção de bens de capilal, e os lucros estupendos que se podiam assim oblcr
só sobreviveram em função da forma como se ajustaram ao enquadramento poh11c~-soc1~I forneciam um incenlivo para a prossecução febril da empresa capitalista"'"·
derivado do capitalismo. É no entanto sa lutar recordar que, pelo menos nesta fase, «nao havia
A afirmação de que as rendas não acompanhavam os preços tem sido submetida
só um capitalismo, mas vários capitalismos europeus, cada qual com a sua zona e os seus
a ataques particularmente fortes, nomeadamente por Eric ~erridge no que diz respeito à
circuitos» "'"· Na realidade, é preci samente esta existência de vários capitalismos que dá
Inglaterra do século XVI"''. bem como por outros autores no tocante a outros locais e épo-
importância ao maior stock de metais preciosos, dado que a velocidade da sua circulaçã_o
era precisamente menor, inicialmente, no Noroeste da Europa do que na Europa med11erra-
nica. Como concluem Braudel e Spooner, «a cearia quantitativa da moeda tem significado 38. Pierluigi Ciocca diz mesmo, ao concluir o seu muito longo pn~ de anigos sobre a hipótese d~ . ª~ "
dos ~árias. que a questão é menos difícil de resolver do que a das causas da mnaç.1.o no século XVI. Ve~ .. L 1potes1
1. "quando relacionada com a velocidade de circulação e no contexto das disparidades da eco-
dei ''rirardo" dei salari rispetto ai prezzi in pcriodi di innazione: alcune considerazioni generali•, Banrarta, XXV, 5.
i.1· nomia europeia» 137>. 19
~~·. J~r~e
5
r Isto leva-nos à segunda parte do argumento de Hamilton. Houve não somente um Maio Nadai nega 3 verdade empfrica desia afinnação de Hamillon, argumentando que os números de .(
Hamilton têm uma ba.çc metOOológica defeituosa, JX>r ler usado dados de peso para a lngla1.erra e para a F~n~a ~
aumento dos preços mas também um retardamento na subida dos salários fwage-lag ]. Também outros de natureza diferente para a Espanha. Ele assinala que quando Phclps-Bro1;1,11 e Ho~kms 1omaram os unicos
números publicados como termo de comparação para os salários dos pedreiros, t~os avaJ~ados. do mesmo modo, a
anjJise foi fundamentalmente alterada. «A lição des1cs números é Ião cl~ quanlo ms~spena~. ao lon~o do sé~l~
32. «No séc ulo XVI, a chegada de melais preciosos "sustcn1a" a moeda. conduzindo à desvalori zação do XVI 0 poder de compra dos salários nominais recebidos pelo pedreiro em ValCn~1a (o umco salário _csp_a ?
melal em vez da da moeda. Os melais preciosos são responsáveis pelo aumento do preço-prara (prix-argtnt) mas comPutável) sofreu um declínio progressivo e deveras drástico, segundo as mesma.~ linhas que o do pedreiro mg 1es
não pelo aumento do preço real•. Michcl Morincau. "" D'Ams1crdam à Scville; de quelle rtalité l'hisroirc dcs prix
est.clle le miroir?•.Am1a/es ES.C., XXIII, 1, Jan.-Fev. 1968, 195. ou francê;;.' ~~~i~;,~~~~.p~~~~~;:~ Treasure and rlic Rise of Capiralism•, Economica, IX. 27, Nov. 1929,
Ruggicro Romano indica que a crise aparece e dcsotparecc consoante nós calcularmos o aumento de preços
em lermos de preçm--ouro e prara ou em 1cnnos de moeda de conta: .c [Os result3dos da in vestigação sobre os preços 355-356.Walter Prescou Webb acrescenta a útil disiinção concep1ual enlIC golpes de fortuna primários e serundá-1 < -
do século XVI] são cm grande parte o frulo duma transfonnílçào arbitrária cm preços metálicos de preços origi-
rios, ambos tendo ocorrido como resultado da conquista europeia das~méric~r~~~~sd::~~~ ~ :~c~n':~~ ~'.
1
níllmeme expressos cm moeda de conta: estes não são portamo preços, mas preços-prata e preços-ouro e, para
se rmos cxac1os, são eà pressões di: aspectos não de hi stória monetária mas de história "metálica". [Quanto à dis- de rodos os golpes de fortuna - consideramos. 0 o~ro eª pra}~·n~~n~ er:~osos mais ra'pidos de atingir, coisas que
cussão sobre se houve ou não uma depressão no século XVJ, as ral.ões para as interpretações opostas são devidas cm numa primeira categoria. ( ...) Os pr~utos ~nm~os dessa b lho preliminar. Os secundários envolviam
grande parte precisamente às diferemes consrruçõcs e.las curvas de preço. Preços em prata? "Crise.. do século XVI; podiam ser conseguidas com um mínimo de rnvest imenlo e po~e~lio~~;sas, demasiado grandes para~ ~sistênci.a
preços cm moeda de con1a? A "cri se" dissolvc·se ... c.Tra XVI e XVII sccolo. Una crisi economica: 1619· 1622.,. um elem~nto de espera a longo prazo, e frcquenrcmente gran . ár"os que deram ímpeto ao capuahsmo nos
1
Rivisto sroric:a italiana, LXXJV, 3. Sei. 1962. 481-482.
3
dum investidor di stante e impaciente. Foram os .golpes de fo~u~. pnm ~damenlo atravts dos stculos XVIII e
33... [Os melais preciosos americanos) criaram um patamar abaixo do qual os preços não podiam mais s&:ulos XV e XVI. e os secundários que manuveram 0 capital~~~ el~l-! 82 _
cair no decurso das longa~ fases de depressão. A sua função era in1ensificar ou atenuar as rendéncias Rerais. Esta XIXJIJ. The Great Frontiu (Boston, Massachusetts: Houghlond - ' uropcia uma fonna antiga de procura de
era rralmcnte uma função imponan1e, mas que apenas pode ser explicada e existir atraYés de outras ttndências: Fritz Redtich lembra-nos que a pilhagem resulranle a;uerr:ç~o de ca~iral no .tculo XVJ .. •De Praeda
tendências de inves limento, por exemplo. Estas são os verdadeiros espelhos (da mudançaJ. Não se pode ignorá-los golpes de fortuna, «também permaneceu º":1ª f.onte im~~~~eo.,. i:~nund Wirtrchafugeschicl1tt, Supl. n.11 39. 1956;
ou confiná-los a uma função secundária•. Cario M. Cipolla, • La pré1endue "révofurion des prix"it. Annalts ES.C., Mili"1ri: Looting and Booty, 1500-1.8 t5 •, Viert1ohrschrifruma redislribuição da riqucu jã exisrenre na Europa. MO
X. 4, Our.-Dcz. 1955. 5 t 5. 54-57. A diferença está em que a pilhagem represenrava . .J •

. . 3~ ... se se tomar pois o período 1570-1620 na sua globalidade. um pcrfodo considerado no seu todo como um acrl!scimo de recursos. . 640 ,. in E. M. Caros-Wilson, ed .• Essays m Ero· ~
mnacionário.- tanto que os historiado:es lhe r~m chamado uma ''revolução dos preços" - tem-se a.iluião óptica 41 . Ver Eric Kerridge, .cThc Movement m Re.nt, 15~~ncia i~prcssa até aqui disponível para o ~studo ~e
dum _dcc:~scimo paradoxal na_~xa d~ JUro durante a fase inflacionária». Cario M. Cipolla. «Note suita sloria dei nomic Hisrory li 208-226. Ver também Ian Blanchard. ·~ e~1 i ambígua e cm nenhum outro lado C!itá isso mais
::~~:~;;r;::,;,s~ ~=ºj :~;'.d;;:_1. e sconto dei dividendi dei Banco di S. Giorgio dei seco lo XVI•, Economia
2: mudanças nas ~n.das durante o período 1485· 1547 nãodeix:r e se .of Englo~dundWu/es, Vot. IVI onde lna p. 2~1
claramente ilustrado do que em !Joan Thirsk. ed .. A~ranan . istn~to nas n:ndas da 1c:rra ar.ivcl. enquanto que na
i~: ~:~::r:: ~z=:~,;~.~~~ ~~~ue: lnremarionat Publishcrs, 1%7).1, Cap. IV, 146. t declarado que de 1470 em diante houve um assmalá~el au~mhcmdcntrodoséculoXVl.Pararesolver.esracontra­
p. 690] t afirmado que não.houve movimento claro~ s~b1da ~iculares. mas poucos existem•. •_Populau~i'11ªº&e.
37. Braudel e Spooner, Combridg< ú onomic HiSlory o/ Europe, IV, p. 449. dição verosímil é preciso consulraresrudos de propnedad;l~:,ory RevitW, 2.' .trie, xxm. 3, Dez. 1970, .
Enclosures, and lhe Early Tudor Economy•. Eronomic
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p •
. . ed mi N verdade Cario Cipolla mostra-se céptico mesmo
Lmas o tere.m ;mpedido sua bi~a ,:ai dosª preços tH>, Acredita antes que o que é verdadeira-
ª aqui a controvérsia é grande, quer sobre a sua existência quer sobre as suas.causas!"> Hamil-
sobre a ext~tenc~a de uma su. . à estrutura financeira do século XVI não é a subida ton argumentou que à med'.da que os ~reços ~ubiam: os salários e as rendas não con~eguiam
mente s1gmficat1vo n? ~ued diz resdpeJ~Uloro Argumenta que nos finais da Idade Média a taxa de a:ompanhar os ~~~ços, devido a res1stenc1~s ms111uc1on~is _em Inglaterra e na França, mas
d ços mas 0 dechnm a taxa e · . . nao em Espanha . Isto cnou ~m d1ferenc1al, uma espécie de lucro inesperado, que foi a mais ~
. os pre · , . . d m máximo de 5,5% entre 1520 e 1570, camdo de seguida
JUro era de cerca de 4- 5010 , atmgm ou . . impotlante fonte de acumulaçao de capital no século XVI:
,- bruscamente, entre 1570 e 1620, para um valor médio de 2%. Os melais preciosos tomaram
Na Inglalerra e na França, a discrepância substancial enlre preços e salários, nascida da revo-
o dinheiro mais barato 1,.'. • • • •
lução dos preços, pnvou os trabalhadores de uma grande pane dos rendimentos de que até aí
:e 0 que isto parece indicar é que 0 factor crítico foi a emergencia de um _sistema cap1- beneficiavam, e desvwu esta nqueza para os beneficiários de outros 1ipos de rendimenro. (...)As
1alista que, como Marx disse, dataria «da criação no século ~VI de u~ comemo e de um rendas, bem como os salários. perderam terreno em relação aos preços; assim, os proprietários
mercado englobando 0 mundo inteiro» OI>. A vanável chave foi a emergencia do caplla,hsmo de terras não beneficiaram das perdas do trabalho. (... )
como a fomia dominante de organização social da economia. Provavelmente, podenamos Os lucros assim recebidos, juntamente com os lucros do comércio da fndia Oriental, forneceram
dizer. a única forma, no sentido de que, uma vez estabelecida, outros «modos de _produçà?» os meios para a construção de bens de capilal, e os lucros estupendos que se podiam assim oblcr
só sobreviveram em função da forma como se ajustaram ao enquadramento poh11c~-soc1~I forneciam um incenlivo para a prossecução febril da empresa capitalista"'"·
derivado do capitalismo. É no entanto sa lutar recordar que, pelo menos nesta fase, «nao havia
A afirmação de que as rendas não acompanhavam os preços tem sido submetida
só um capitalismo, mas vários capitalismos europeus, cada qual com a sua zona e os seus
a ataques particularmente fortes, nomeadamente por Eric ~erridge no que diz respeito à
circuitos» "'"· Na realidade, é preci samente esta existência de vários capitalismos que dá
Inglaterra do século XVI"''. bem como por outros autores no tocante a outros locais e épo-
importância ao maior stock de metais preciosos, dado que a velocidade da sua circulaçã_o
era precisamente menor, inicialmente, no Noroeste da Europa do que na Europa med11erra-
nica. Como concluem Braudel e Spooner, «a cearia quantitativa da moeda tem significado 38. Pierluigi Ciocca diz mesmo, ao concluir o seu muito longo pn~ de anigos sobre a hipótese d~ . ª~ "
dos ~árias. que a questão é menos difícil de resolver do que a das causas da mnaç.1.o no século XVI. Ve~ .. L 1potes1
1. "quando relacionada com a velocidade de circulação e no contexto das disparidades da eco-
dei ''rirardo" dei salari rispetto ai prezzi in pcriodi di innazione: alcune considerazioni generali•, Banrarta, XXV, 5.
i.1· nomia europeia» 137>. 19
~~·. J~r~e
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r Isto leva-nos à segunda parte do argumento de Hamilton. Houve não somente um Maio Nadai nega 3 verdade empfrica desia afinnação de Hamillon, argumentando que os números de .(
Hamilton têm uma ba.çc metOOológica defeituosa, JX>r ler usado dados de peso para a lngla1.erra e para a F~n~a ~
aumento dos preços mas também um retardamento na subida dos salários fwage-lag ]. Também outros de natureza diferente para a Espanha. Ele assinala que quando Phclps-Bro1;1,11 e Ho~kms 1omaram os unicos
números publicados como termo de comparação para os salários dos pedreiros, t~os avaJ~ados. do mesmo modo, a
anjJise foi fundamentalmente alterada. «A lição des1cs números é Ião cl~ quanlo ms~spena~. ao lon~o do sé~l~
32. «No séc ulo XVI, a chegada de melais preciosos "sustcn1a" a moeda. conduzindo à desvalori zação do XVI 0 poder de compra dos salários nominais recebidos pelo pedreiro em ValCn~1a (o umco salário _csp_a ?
melal em vez da da moeda. Os melais preciosos são responsáveis pelo aumento do preço-prara (prix-argtnt) mas comPutável) sofreu um declínio progressivo e deveras drástico, segundo as mesma.~ linhas que o do pedreiro mg 1es
não pelo aumento do preço real•. Michcl Morincau. "" D'Ams1crdam à Scville; de quelle rtalité l'hisroirc dcs prix
est.clle le miroir?•.Am1a/es ES.C., XXIII, 1, Jan.-Fev. 1968, 195. ou francê;;.' ~~~i~;,~~~~.p~~~~~;:~ Treasure and rlic Rise of Capiralism•, Economica, IX. 27, Nov. 1929,
Ruggicro Romano indica que a crise aparece e dcsotparecc consoante nós calcularmos o aumento de preços
em lermos de preçm--ouro e prara ou em 1cnnos de moeda de conta: .c [Os result3dos da in vestigação sobre os preços 355-356.Walter Prescou Webb acrescenta a útil disiinção concep1ual enlIC golpes de fortuna primários e serundá-1 < -
do século XVI] são cm grande parte o frulo duma transfonnílçào arbitrária cm preços metálicos de preços origi-
rios, ambos tendo ocorrido como resultado da conquista europeia das~méric~r~~~~sd::~~~ ~ :~c~n':~~ ~'.
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níllmeme expressos cm moeda de conta: estes não são portamo preços, mas preços-prata e preços-ouro e, para
se rmos cxac1os, são eà pressões di: aspectos não de hi stória monetária mas de história "metálica". [Quanto à dis- de rodos os golpes de fortuna - consideramos. 0 o~ro eª pra}~·n~~n~ er:~osos mais ra'pidos de atingir, coisas que
cussão sobre se houve ou não uma depressão no século XVJ, as ral.ões para as interpretações opostas são devidas cm numa primeira categoria. ( ...) Os pr~utos ~nm~os dessa b lho preliminar. Os secundários envolviam
grande parte precisamente às diferemes consrruçõcs e.las curvas de preço. Preços em prata? "Crise.. do século XVI; podiam ser conseguidas com um mínimo de rnvest imenlo e po~e~lio~~;sas, demasiado grandes para~ ~sistênci.a
preços cm moeda de con1a? A "cri se" dissolvc·se ... c.Tra XVI e XVII sccolo. Una crisi economica: 1619· 1622.,. um elem~nto de espera a longo prazo, e frcquenrcmente gran . ár"os que deram ímpeto ao capuahsmo nos
1
Rivisto sroric:a italiana, LXXJV, 3. Sei. 1962. 481-482.
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dum investidor di stante e impaciente. Foram os .golpes de fo~u~. pnm ~damenlo atravts dos stculos XVIII e
33... [Os melais preciosos americanos) criaram um patamar abaixo do qual os preços não podiam mais s&:ulos XV e XVI. e os secundários que manuveram 0 capital~~~ el~l-! 82 _
cair no decurso das longa~ fases de depressão. A sua função era in1ensificar ou atenuar as rendéncias Rerais. Esta XIXJIJ. The Great Frontiu (Boston, Massachusetts: Houghlond - ' uropcia uma fonna antiga de procura de
era rralmcnte uma função imponan1e, mas que apenas pode ser explicada e existir atraYés de outras ttndências: Fritz Redtich lembra-nos que a pilhagem resulranle a;uerr:ç~o de ca~iral no .tculo XVJ .. •De Praeda
tendências de inves limento, por exemplo. Estas são os verdadeiros espelhos (da mudançaJ. Não se pode ignorá-los golpes de fortuna, «também permaneceu º":1ª f.onte im~~~~eo.,. i:~nund Wirtrchafugeschicl1tt, Supl. n.11 39. 1956;
ou confiná-los a uma função secundária•. Cario M. Cipolla, • La pré1endue "révofurion des prix"it. Annalts ES.C., Mili"1ri: Looting and Booty, 1500-1.8 t5 •, Viert1ohrschrifruma redislribuição da riqucu jã exisrenre na Europa. MO
X. 4, Our.-Dcz. 1955. 5 t 5. 54-57. A diferença está em que a pilhagem represenrava . .J •

. . 3~ ... se se tomar pois o período 1570-1620 na sua globalidade. um pcrfodo considerado no seu todo como um acrl!scimo de recursos. . 640 ,. in E. M. Caros-Wilson, ed .• Essays m Ero· ~
mnacionário.- tanto que os historiado:es lhe r~m chamado uma ''revolução dos preços" - tem-se a.iluião óptica 41 . Ver Eric Kerridge, .cThc Movement m Re.nt, 15~~ncia i~prcssa até aqui disponível para o ~studo ~e
dum _dcc:~scimo paradoxal na_~xa d~ JUro durante a fase inflacionária». Cario M. Cipolla. «Note suita sloria dei nomic Hisrory li 208-226. Ver também Ian Blanchard. ·~ e~1 i ambígua e cm nenhum outro lado C!itá isso mais
::~~:~;;r;::,;,s~ ~=ºj :~;'.d;;:_1. e sconto dei dividendi dei Banco di S. Giorgio dei seco lo XVI•, Economia
2: mudanças nas ~n.das durante o período 1485· 1547 nãodeix:r e se .of Englo~dundWu/es, Vot. IVI onde lna p. 2~1
claramente ilustrado do que em !Joan Thirsk. ed .. A~ranan . istn~to nas n:ndas da 1c:rra ar.ivcl. enquanto que na
i~: ~:~::r:: ~z=:~,;~.~~~ ~~~ue: lnremarionat Publishcrs, 1%7).1, Cap. IV, 146. t declarado que de 1470 em diante houve um assmalá~el au~mhcmdcntrodoséculoXVl.Pararesolver.esracontra­
p. 690] t afirmado que não.houve movimento claro~ s~b1da ~iculares. mas poucos existem•. •_Populau~i'11ªº&e.
37. Braudel e Spooner, Combridg< ú onomic HiSlory o/ Europe, IV, p. 449. dição verosímil é preciso consulraresrudos de propnedad;l~:,ory RevitW, 2.' .trie, xxm. 3, Dez. 1970, .
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• no respe itante às rendas. mas insistiu em que dos que os que original~entc uti lizou, incl uindo as que Phelps-Brown e Hopkins produziram .
c:is'" '. PonollJ d~ 1960. HJmi lton rc1~1~~~~:nio: . • tendem a conftnnar a hipótese geral de que houve um declí · d lári · E
i so rüo altt"r.1\lll <' funJament.tl do seu a~ . Ocidental do século XVI'" '· "'º °'
sa os rcai~ na uropa
. •• . t" no..; inilil>S d:t n:'\'oluç:io dos preços os salános representavam
1':'1: ~n-st ~º. pni~ipio :iu ·:i~. { ...l hmtginoquce m 1500 :i rcndJ d!l l~rr~ pudc:ssc ter sido . A que~a dos .salários .~~~is está notavelmente exemplificada no Quadro f. cornpiladÓJ
ll"'C'S~~mtos dV..\ l ~l.:- l~~ dC' ~-ion3~ l"nl ln\!tJtCrrJ e 03 Fr:m\"l e 4ue. com J 1cnJcnc1a r:ira o aumento a panir de Shcher ' an ~alh · Trata-se dos salários reais de um carpinteiro inglês. pagos
1 1
um qumto Jo rc"'t'. mt • ~;· ~ ' ('" 3.\!ril'~l:l.S ,n:sccnics e t.iaifa a denúncia pouco !requente dos ao dia. expressos em quilogramas de trigo:
dl.S n: nJ:i.s mvt:\ :iJJ ~ Pn...~c~lij1.1 dJ sua ~~tixa. as rendas aumcnt;u:un tão rapid:imcntc como
c.."\~itrJt.:l:~~:;~:~:~~:~u\:l.o dllj Pn:-,·,JS. o n:m:inesccnte quin10 do rendimento nac iona l ia QUADRO 1
os~~ lu~rtl.'. indu indo os juros. Com tn:s quinto~ do~ custos nà? a~omp:m~an~o nc: m ~e: long~ Salários reais de um carpinteiro inglês •
.. ~ t"m Js.·cn,jo (. ..'· l's luc.·n 1s J~vem tcr atmg1do altos rnve1s e~1 lngl~h.:rr.t e na França
:
0
3\' :~o i.!o =. -ulo \st. m:111t ido um nin~l ele,,ado durante ~uatro ou cmco decadas e pennane-
125 1 - 1300 81.0
1300 - 1350 94.6
ci.ki :1.iws at~ ao fi nal JiJ ~c ulo XVll. me~mo dur.uue o pcnodo cm que o fosso entre os preços
1351 - 1400 121.8
t W.iri<':'. cm b..'\f'l ~'lde. d~ lin.?v3 1 -'J•.
1401 - 1450 155. I
lloU\'< outr.is crític 3s 3 hipótese de Hamilton sobre o lag salarial '" '. ~ma imponante 145 1 - 1500 143.5
linha ,k :m:umeni3 1.;;0 foi apre-<entada por John Nef. que sugenu q_ue_ os sal:i_n.os monetá~os 150 1 - 1550 122.4
rt1!iSlJJo~ ~;k1 er-m c-qui' alentes J\.'S s:ilirios totais. uma \'eZ que ex_1stiam s::d~nos em es~c1e 1551 - 1600 83.0
; , po•.kri.llll ttr-se "PJ.ndido no ~entido de prrencher esse lag. e. 1gualmen1e. a elevaçao do 1601 - 1650
0 48.3
pm;o do tri~ o r<'kria n:lo ter sido 3companhada por aumentos dos preços de todos os bens 1651 - 1700 RI
~C'f'll·i.Jis: 170 1 - 1750 94.6
Em pnmC'mJ luf1f. os m.imeros-lndh:c 1t ~ Jqui compilados e:ugcr.im o :.i.umenro r.os custos ~as 1751 - 1800 79.6
ubsi-stêncW dur..n!C' 3 Re' oluçk.. dos Pn-ços. Em segW1dO lugar. o aumento dos custos da die ta 1801 - 1850 94.6
d..-ó ~foi _q x"'ft.:ldo C'm anJ. mcdidJ n3o ror eles mas ~lo' seus p3.trões. Em ter- 1
• 1721-45= 100
.."'l:im [u!:ll'. mu.n s trJN.i tudorcs de cinti~m ~ucn:is parcelas de tem. com 00.se nas quais 1

EL""l...-.:i.!.=r ~e dJ sUJ suhs!stê~1 1. D:iqui se ~guc que C"les cstJ.\'Wl prova,·clmente cm con-
~\'\.'iõ d..· pst:!.! uml p~. .-t~ n3o ~g:lige-nc il ' el dos se us l'":'ndimcntos monet:irios em mercadorias
oJ.o a.!:moeno..~ · '~.
Três factos devem ser deduzidos deste quadro. Os salários reais de um carpinteiro inglês
em 1850 não são notoriamente diferentes dos de 1251. O ponto mais cle,·ado dos salários
( 155.1) verificou-se imed iatamente antes do «longo• século XVI, e o ponto mais baixo (48.3)

1

Phdps-Brou n, Hopkins conrord:lm que a d.ieriorJçào dos salários pode ler sido menos no fim desse século. A queda durante o século XVI foi imensa. Ela é tanto mais significati\'a
3<1, ,,.... do qU< p;i=i.l. cbrlo que os preços do; cereais subir.im na verd:ide mai s r:ipidamente quanto nos apercebemos de que os salinos ingleses no período 1601-1650 não estavam de
oo "" · <!.: produt : m:lllufa.cturJdos. ..\ssim. os produtos alimentares lr:insfonnados. de fonna alguma no fundo da escala dos salários urbanos europeus.
""ro<t- "'-' ll c=-ente. ' ir>_m os '-"US preços menos 3umentados do que os cereais b:isicos. e Esta queda dran1á1ica dos salários foi ela própria consequência de três factorcs e.stru-
3..' ~lhori~ rus mr.ui:li.."'!Un..' reduzi r..un lind!l miis os custos dos referidos produtos trnns- tur:iis que cr:im trJços remanescentes de uma economia pré-capitalista 3inda não elimin3d3
form:ido> " . ~ ks!Ilo :i.;sim, inform:i,ões mais recentes ( 1968), baseadas em dados melhores no século XVI. Pierluigi Ciocc3 explicita pormenorizadamente como ope.r:ivarn estas estru-
turas no sentido da redução dos salários re3i s numa época de inflação aguda e porque é que
.a :. ~ \-\!: -... f'rt..~ 1..YIÔr!"~YlC\i°C3f.u!ism • . f>1.JJt& Prtunt .n.~ 10.~o\" . l 9~6 . !5.Adem3.is. cada um destes factore s estruturais foi substancialmente eliminado em séculos posteriores .
' .-a1>!..t .k' L-;-.r:..r '"~ \X'.K~ f1ll\"»."6 ! t"t'CC~. C'm l1X'!S-..-io a H.lmil100. ~li fasi: inflocK:vúri:a roo foi cksfa- Os três foctore s são: ilusões monetárias, bem como a descontinuidade na procura de trabalho
'"=D'"tl .lt"' ~ t~:~ · · c<;u.-- ~~ · H ~~~ - .\lX. P~ 5~ 6..
.t:;: ~ - :c.. J'fJ e.~ .:. L t -1«.l. ;:-.. iro ·
.u c..v ..~ ~,'Se= s. ~-'"-"Wt ..;. X.X\'. J . At-nl 1060. J~5...J~ 6 (n. 13>. n ccpçio: a d.3s. u,·as pass3s entrt' 1610 e 1619. E nlC'smo .ij trata-~ duma uctpção que confirma 1 regna.. pois o

~ij~;g~ª~~~~Iêt~~~
~o dessas U\'llS era anomu1lmen1e alto pe-lo fim do século XV I e rortlC'ÇO do XVII• . \ ·;e lrnnnmiqu< n .wdalt' de
Romt" d.im la J('COndt' mnirit du .n ·· sihlr (Paris: Broc.·cW). 11. 7-11-7.tl.
47. Phelps· Brown e.- Hopkins aprtSC"ntam dados quanlo ao autên1ko n-.tr.l.iTTl('nto dos s.ilirius no sk"ulo >..''l •
P3.r3 o Sul de In 2la1erra. fr.inça. AI Qcia. Mun,.1cr..·\ugsbur~o. Val~nci:J C" Viena. in Quadro 11. •Builtkn Wa~·
r.J.tt'.S. Prices and ~Popul:nion : Some Funh(r E\'idence•. Ec11n.mti•o. XX\"1. n.C' 101. f C"\I. 195Q. ~I . kan Founs1ié e
Rtné Gr.\nd:imy nlo tê-m a Ct'rUl3 3'.'tl'\.' :1 de qu:k... n:-JI foi a quc.J.!1 do nh·d de \ idJ d!.) ~uto ~V p.:lf3 o ~\lJo XVI.
"'° \ a E. H. ~·B.'"t'I.., !~ttl V. Hoflins. .. W1~-RatC".S W Pri..-t·..s: b Kien..-eforPopubtiM Pres- mas indicou que entre o .stt·ulo X\" e os s(-cu lL">!'i XVl1 e XVIII o J"'f'("ÇO rt":i.I do tngo q~rupltl"OU. ·R.cm.JtqUC'i ~ur
:..: -~~~ ~:::~-.. E. .ç:..._ · XXl\". n.' Q6. ~ov. _1957. _~3. \ "cr J("lll lkl~3-U ~preços em lcs prix sal:iri3.u '\ cks ct'rfa les ti la prOOucti\' ilé du tn,·3illeur apicok cn Eul"Of't" du XV ' t'I ).'V I~ S~ b•. Tlt mi
..X::-:"fi .. ~· ~ '" de-..~ 00 rm.-o do tn1"\J f°' kmpre rm.is ek\·sdQ 00 que o dt tcxk"IS os l nrmun ional Confrunrr f1/ Eromlfnic H iJUJI)' . Mun tque . 1965 (P3ris: Mourm. l<lt>S ). 650.
• ~ t-.."\"'ClC':SO\ et>\'Í..11.."l!i... \ r<:h..1• b.!u..ctn)30klf\~00s -10mosdt 1590116...~. comunu Unio. possi\-d 48. Slichtr \ ' M B.:ith. -~.(rarian lfwnry, QJ3dro L p. 321. . ..

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f
• no respe itante às rendas. mas insistiu em que dos que os que original~entc uti lizou, incl uindo as que Phelps-Brown e Hopkins produziram .
c:is'" '. PonollJ d~ 1960. HJmi lton rc1~1~~~~:nio: . • tendem a conftnnar a hipótese geral de que houve um declí · d lári · E
i so rüo altt"r.1\lll <' funJament.tl do seu a~ . Ocidental do século XVI'" '· "'º °'
sa os rcai~ na uropa
. •• . t" no..; inilil>S d:t n:'\'oluç:io dos preços os salános representavam
1':'1: ~n-st ~º. pni~ipio :iu ·:i~. { ...l hmtginoquce m 1500 :i rcndJ d!l l~rr~ pudc:ssc ter sido . A que~a dos .salários .~~~is está notavelmente exemplificada no Quadro f. cornpiladÓJ
ll"'C'S~~mtos dV..\ l ~l.:- l~~ dC' ~-ion3~ l"nl ln\!tJtCrrJ e 03 Fr:m\"l e 4ue. com J 1cnJcnc1a r:ira o aumento a panir de Shcher ' an ~alh · Trata-se dos salários reais de um carpinteiro inglês. pagos
1 1
um qumto Jo rc"'t'. mt • ~;· ~ ' ('" 3.\!ril'~l:l.S ,n:sccnics e t.iaifa a denúncia pouco !requente dos ao dia. expressos em quilogramas de trigo:
dl.S n: nJ:i.s mvt:\ :iJJ ~ Pn...~c~lij1.1 dJ sua ~~tixa. as rendas aumcnt;u:un tão rapid:imcntc como
c.."\~itrJt.:l:~~:;~:~:~~:~u\:l.o dllj Pn:-,·,JS. o n:m:inesccnte quin10 do rendimento nac iona l ia QUADRO 1
os~~ lu~rtl.'. indu indo os juros. Com tn:s quinto~ do~ custos nà? a~omp:m~an~o nc: m ~e: long~ Salários reais de um carpinteiro inglês •
.. ~ t"m Js.·cn,jo (. ..'· l's luc.·n 1s J~vem tcr atmg1do altos rnve1s e~1 lngl~h.:rr.t e na França
:
0
3\' :~o i.!o =. -ulo \st. m:111t ido um nin~l ele,,ado durante ~uatro ou cmco decadas e pennane-
125 1 - 1300 81.0
1300 - 1350 94.6
ci.ki :1.iws at~ ao fi nal JiJ ~c ulo XVll. me~mo dur.uue o pcnodo cm que o fosso entre os preços
1351 - 1400 121.8
t W.iri<':'. cm b..'\f'l ~'lde. d~ lin.?v3 1 -'J•.
1401 - 1450 155. I
lloU\'< outr.is crític 3s 3 hipótese de Hamilton sobre o lag salarial '" '. ~ma imponante 145 1 - 1500 143.5
linha ,k :m:umeni3 1.;;0 foi apre-<entada por John Nef. que sugenu q_ue_ os sal:i_n.os monetá~os 150 1 - 1550 122.4
rt1!iSlJJo~ ~;k1 er-m c-qui' alentes J\.'S s:ilirios totais. uma \'eZ que ex_1stiam s::d~nos em es~c1e 1551 - 1600 83.0
; , po•.kri.llll ttr-se "PJ.ndido no ~entido de prrencher esse lag. e. 1gualmen1e. a elevaçao do 1601 - 1650
0 48.3
pm;o do tri~ o r<'kria n:lo ter sido 3companhada por aumentos dos preços de todos os bens 1651 - 1700 RI
~C'f'll·i.Jis: 170 1 - 1750 94.6
Em pnmC'mJ luf1f. os m.imeros-lndh:c 1t ~ Jqui compilados e:ugcr.im o :.i.umenro r.os custos ~as 1751 - 1800 79.6
ubsi-stêncW dur..n!C' 3 Re' oluçk.. dos Pn-ços. Em segW1dO lugar. o aumento dos custos da die ta 1801 - 1850 94.6
d..-ó ~foi _q x"'ft.:ldo C'm anJ. mcdidJ n3o ror eles mas ~lo' seus p3.trões. Em ter- 1
• 1721-45= 100
.."'l:im [u!:ll'. mu.n s trJN.i tudorcs de cinti~m ~ucn:is parcelas de tem. com 00.se nas quais 1

EL""l...-.:i.!.=r ~e dJ sUJ suhs!stê~1 1. D:iqui se ~guc que C"les cstJ.\'Wl prova,·clmente cm con-
~\'\.'iõ d..· pst:!.! uml p~. .-t~ n3o ~g:lige-nc il ' el dos se us l'":'ndimcntos monet:irios em mercadorias
oJ.o a.!:moeno..~ · '~.
Três factos devem ser deduzidos deste quadro. Os salários reais de um carpinteiro inglês
em 1850 não são notoriamente diferentes dos de 1251. O ponto mais cle,·ado dos salários
( 155.1) verificou-se imed iatamente antes do «longo• século XVI, e o ponto mais baixo (48.3)

1

Phdps-Brou n, Hopkins conrord:lm que a d.ieriorJçào dos salários pode ler sido menos no fim desse século. A queda durante o século XVI foi imensa. Ela é tanto mais significati\'a
3<1, ,,.... do qU< p;i=i.l. cbrlo que os preços do; cereais subir.im na verd:ide mai s r:ipidamente quanto nos apercebemos de que os salinos ingleses no período 1601-1650 não estavam de
oo "" · <!.: produt : m:lllufa.cturJdos. ..\ssim. os produtos alimentares lr:insfonnados. de fonna alguma no fundo da escala dos salários urbanos europeus.
""ro<t- "'-' ll c=-ente. ' ir>_m os '-"US preços menos 3umentados do que os cereais b:isicos. e Esta queda dran1á1ica dos salários foi ela própria consequência de três factorcs e.stru-
3..' ~lhori~ rus mr.ui:li.."'!Un..' reduzi r..un lind!l miis os custos dos referidos produtos trnns- tur:iis que cr:im trJços remanescentes de uma economia pré-capitalista 3inda não elimin3d3
form:ido> " . ~ ks!Ilo :i.;sim, inform:i,ões mais recentes ( 1968), baseadas em dados melhores no século XVI. Pierluigi Ciocc3 explicita pormenorizadamente como ope.r:ivarn estas estru-
turas no sentido da redução dos salários re3i s numa época de inflação aguda e porque é que
.a :. ~ \-\!: -... f'rt..~ 1..YIÔr!"~YlC\i°C3f.u!ism • . f>1.JJt& Prtunt .n.~ 10.~o\" . l 9~6 . !5.Adem3.is. cada um destes factore s estruturais foi substancialmente eliminado em séculos posteriores .
' .-a1>!..t .k' L-;-.r:..r '"~ \X'.K~ f1ll\"»."6 ! t"t'CC~. C'm l1X'!S-..-io a H.lmil100. ~li fasi: inflocK:vúri:a roo foi cksfa- Os três foctore s são: ilusões monetárias, bem como a descontinuidade na procura de trabalho
'"=D'"tl .lt"' ~ t~:~ · · c<;u.-- ~~ · H ~~~ - .\lX. P~ 5~ 6..
.t:;: ~ - :c.. J'fJ e.~ .:. L t -1«.l. ;:-.. iro ·
.u c..v ..~ ~,'Se= s. ~-'"-"Wt ..;. X.X\'. J . At-nl 1060. J~5...J~ 6 (n. 13>. n ccpçio: a d.3s. u,·as pass3s entrt' 1610 e 1619. E nlC'smo .ij trata-~ duma uctpção que confirma 1 regna.. pois o

~ij~;g~ª~~~~Iêt~~~
~o dessas U\'llS era anomu1lmen1e alto pe-lo fim do século XV I e rortlC'ÇO do XVII• . \ ·;e lrnnnmiqu< n .wdalt' de
Romt" d.im la J('COndt' mnirit du .n ·· sihlr (Paris: Broc.·cW). 11. 7-11-7.tl.
47. Phelps· Brown e.- Hopkins aprtSC"ntam dados quanlo ao autên1ko n-.tr.l.iTTl('nto dos s.ilirius no sk"ulo >..''l •
P3.r3 o Sul de In 2la1erra. fr.inça. AI Qcia. Mun,.1cr..·\ugsbur~o. Val~nci:J C" Viena. in Quadro 11. •Builtkn Wa~·
r.J.tt'.S. Prices and ~Popul:nion : Some Funh(r E\'idence•. Ec11n.mti•o. XX\"1. n.C' 101. f C"\I. 195Q. ~I . kan Founs1ié e
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..X::-:"fi .. ~· ~ '" de-..~ 00 rm.-o do tn1"\J f°' kmpre rm.is ek\·sdQ 00 que o dt tcxk"IS os l nrmun ional Confrunrr f1/ Eromlfnic H iJUJI)' . Mun tque . 1965 (P3ris: Mourm. l<lt>S ). 650.
• ~ t-.."\"'ClC':SO\ et>\'Í..11.."l!i... \ r<:h..1• b.!u..ctn)30klf\~00s -10mosdt 1590116...~. comunu Unio. possi\-d 48. Slichtr \ ' M B.:ith. -~.(rarian lfwnry, QJ3dro L p. 321. . ..

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. , salúios pe lo cosiumc. contrnlo ou e ta!u!O; e a!~~os n ~ pagamcn- e~paço aM rccém-chegact.:x que a.; levariam de ver.cida: OI> da 11.olr..da, O\ da IJigla!trra e •
..,>J!m.:>e!o: !Í<3Ç•O ~ . (' ni•nde 3 incap3cid3de de C apreender claramente as em menor medida. os da frança.
l'\)r il"""lõ ~iooeúrUS . iocc~ e er-cm pon!O' de 1empo desconlínuos. Contudo. mesmo A idda de q ue alguns trabalhadore1 lpreci-.amrnu: <>!>dos v...ctJY.es f:UÍJ ~ a-.L~ • J
"" ·Ji mtla.::i0f'.-'fl 35 gradum ~::s só poderi am ser negoc iados de tempos a tempos. Para
3
padiam rem ur à deteri oração dtX
'3lári°' melhor do qu.: quaisq-.zr OO!tO. 1,ei.>a~ a consi -
« dli f0><em po:rc-ep<~~~ · ~~:do int~rvi nha frcquen1emen1e. onde o costume ou o contrato derar o que eram os dife1:enc1a1s nas pndm ,,., oc:uiúnado<. v.la int'iação a longo pnw.
al<m d1~. no "'culo . º. b. os aumentos sJ lariais. Finalmente. nesse lempo muitos tra- Pierre Vilar sugere uma simples al temauva centro- peri feri~ '-'". Esta é 00 cr.=:c ema diccr
f0><em irxbrados. pa'.".pro~n:~ umJ vez por ano. o que numa época de inflação significava 10 mia de m a~ iado simpli.çta, dado que ni:o ~ Mi °'
trabalhadorc\ da perrfena. os q~ l!oC
b:! ltu<lor« mdmnh~gos ~~~eciJdo. No século XX. a ilusão monetária seri a contrariada pela empenham. como veremos. n.o trabalho na Améri::a Espanho~ e na Eu,-opa OrietJU! 00
qun eceb1am ' ciro p . - 1 . . . d . d.
orvniução de ,indica!O'i. po:la generaVização da ms:ruçao. pe ~ exis1enc1a e m . 1~e~ de pr:ços século X VI. os que perdem. Simultaneamente. °"
t:abalt.adore' ª '"' lariarlcr; na pan.e =
e pelJ acumuilção da e<periéncia de vida em mflaçao._ P_Ma alem ~t sso. a º.rgamzaçao po~1t1~a da Europa Ocidental também perderam . talvez tanto - como \a bé ·lo" _ q'\lar.!D t..- P:l· °'
, tr.l!xllhadcr« difi cul!a ainda mais ao Estado a resinçao dos ~al anos . E. e claro. a freq.uenc1a Jhadores da Europa Oriental (não sendo a • perda. men\urá el para °' traba!!iaéo<~ s da Amé-
00
do papmento dos salári o; é um direito há longo tempo adquindo. Mas ~;~ta era capitalista rica Espanhola. uma vez que não tinham nunca estado integrad°' num tal ,;si.ema ecorJÓ<TlicoJ.
pnmili,a. os tr.lbalhJdore; não linham a mesma_capac idade de manobra . . E J. H. Elli ou argumenta que a po; içiio do trabalhador °'panho! n~te d..'"Clínio se apromna
o que fonalece a plausibi lidade des1a analise. de que ?ouve um lag salarial por causa mais da do tra balhador do leste europeu do que do da ln2laterra ""·
dõ' factores estruturais da economia-mundo europe ia do secu lo XVl baseada nas formas Assim. se numa espécie de cominuum o trabalhad; r polaco era quem gar.hava menos.
pnmiii va. do capi13l ismo mundial. não é somence a evidência empírica que a confirma. mas seguindo-se-lhe o espanhol e, digamos, se era o veneziano quem ganha,·a rnali. onde s~ locali-
também as duas excepções empíricas conhecidas: as cidades da ltália central e setentrional e zava exactamente o trabalhador inglês, representando as áreas semiperifc'ricas em vias ~ se
as d3 Flandres. Cario Cipolla refe re que nos finais do século XVI e inícios do século XVII, tomarem centrais? Phc lps-B rown e Hopkins sugerem que uma forma de pensar 0 que aconu -
•OS custos do trabal ho parecem ter sido excessivamenle altos na hália quando comparados cia naqueles países é ver que "ª contracção elo cabaz de compras do as>afariado [ in g.J~s j se devia
com os níwis salari ais dos países concorrentes». Isto porque, de acordo com Cipolla, •as fundamentalmente a uma alteração nos termos de troca entre a produção manufai:u.'r.lda e a
organizações de trabalhadores foram bem sucedidas em impor níveis salariais desproporcio- agricultura»"º'. Por um lado. a alteração dos termos de troca pesa mais sobre os ª ' salariados-
nados em relação a própria produtividade do trabalho» 1'°'. Da mesma forma, Charles Verlin- (sobre os que não têm !erra como sobre os que recebem u.m rendimento subsidiári o da terra).
den pensa que nas cidades be lgas os sa lários acompanharam o preço do trigo e seus derivados Phelps-Brown e Hopkins estimam o número de tais assalariados como sendo já de um ~o
durante o século XVI'"'. Porquê estas duas excepções? Precisamente porque se !ralava de da população activa inglesa na primeira metade do século XVI. Nas suas palavras . .:o rever;o
•vel hos» centros de comércio '" '. e por isso os trabalhadores es!avam relativamente fortaleci-
dos do ponto de vista político-económico. Por esla razão, estes trabalhadores podiam resistir 53. fa tamos a referi r diferenciais segundo o pais. Hou ve cename.nte umbém difennc:Ws ~ pi..rpos ...
melhor aprocura de senfreada de lucros. Adicionalmente. o «avanço» das prá1icas capitalistas sociais por país. que se rcílcctem na nossa discussão sobre a rr laçào entre- rendas. lucros e fnd b..."C's de salános. Contudo.
destrui ra parcialmente as velhas estruturas. Se ri a, con!udo, precisamente como resul!ado da entre calegorias de a..~salari ados parece não 1er havido tais diferencia.is. Ou J>(' lo me-nos este era o Ca30 pa.' 2 o wldo
rel ati vo de artífices e traba lhadores da construção civil em Inglaterra. onde • O indice dos sal:i.rios dos tnh.1.thadorn
• força. dos trabalhadores e do progresso das práticas do capitalismo que tanto as cidades da da construção civil [vari ou! consis1cntemenle na mesma proporç:io que o dos artífices desde: a Pesk ri-:egra à Pri-
Itália do None como as da Fl andres declinariam como centros industriais no século xv1;dando meira Guerra Mu ndial». E. H. Phclp s- B ro~TI e Shcila V. Uopliru . .. Sc..-cn Ccnturies of dlC' ?N:e;. of Coruumables.
Compan:d wi1h Builder' s Wagc-rates», in E. M. Caros-W ilson. cd .. Essays i11 EconofP'lir H iJro0 (!'O"'ª Iorque: St
Martin's , 1966). 11 . 189 .
49. Ciocca. Banrnria. XXV, pp. 578.579 54 . .c Mas pod íamos nós não ver (a.o;; "ondas longas" de preços e activlcbdes ~onómica.sl em termos du!!'.a.... "'
50 Cario Clpolla <o(Thc F...conom1c Dec li ne of fla.ly», m Bn an Pu ll an, ed, Crms and Change m tht Vene - aJtcmância hi slórica entre um aumento na c.,,; plor.1ção do trabalho colonial e do trabalho europeu , lcmbnodo a ~
. '::aE~:::::n lhe SrAtre111h and Sriemu mh Cem1m es (Londres Mcthucn, 1968). 139, 140 Ver Bnan Pullan,
11
profundamente sugestiva de Marx: "A cscra1,·a1 ura ve lada dos trabalhadores assal::ui.:Klos na Europa precis.:1,-1. p3...F3
26
-4 ~Domcmco~ll~c.. ~m:uan F.conomy, I SS0- ~630.-., Econom1c Hw ory Rev1e.... . 2 1 sénc, XVI, 3, 1964, 407- seu pedestal da escravatura pura e simples no Novo Mundo''?•. Vilar, Pas1 & Puunt. n.• 10, p. 3-t. 1

E.S C . XI II 1. Jan -Mar l~~~uc~ç,cmcn 1 s longs de l mdustne la1mCre à Vcn1 se aux. XVI ~ et X VIII~ s1Ccles• , Annales 55 . • A hjpótese Ide .Hamilton] de que os salários espanhóis se mantiveram lado a lado com os preços <
ongmado por • rendas pesadas ~ al~os~i1n:~e;~a chama a Veneza uma • Cidade nca:. onde o alto custo de vida era pareceri a. nessa medida, infundada. Realmente , inves1igações posteriores podem bem mostrar uma detenora..,-ão acm-
tuada dos padrões de vida da massa da população castelhana Juranh: a r rimeira md3de do stculo. Uma u i dete-
51 . Ver Vt:rlinden er oi. An11alrs E S C X 198 V H rioração. combinada com o alto n í,·cl dos pn.-ços cast c lhan~ em re/uçâo a(IJ de outros n rod<'Sri.ropeuJ . mu ito con-
sofreu um colapso carnstrôfico n~s rcndimen·t ~s ~~ai~~~ · .er ennan v~ der Wce: · ~or isso o Brabante não
europe us durante o s~cu l u XVl)O Tht G h ,, h ·A as massas de assa lariados. como foi o caso noutros países tribuiria para explicar a estrutu ra peculiar da economia de Castela por volta do fim do sk"ulo. 1.mu economia de
1963). II, 386. · rowr ºJ r e nrwtrp Morktl and the European Economy (Haia: Nijhofí. muitos modos mais apro Jti mada da dt: um Estado europeu d.: Lts1e como a Polónia. n pommdo marCri"·primas
básicas e importando produtos de luxo. do que das economias dos esl3dos europeus ocidcnuis. T.nto quanto~ ­
é, comud!~~~: ~~;1~-~~s;)~l:~~i~ qucstão d: porque~ ~ue os centros eram os • velhos,. centros de comérci o Esta viveram indústrias em Castela, elas tendi am a ser indústrias de bens de: lu>.o p.ar.:1 pro,·er às necessidades dos poucos
as áreas mai' imcrcssani~s por cau;~~ ~t'~~da~;ad~x~icação breve: ~~ Flandres e o Nan e de Itália são de iongc ricos e a estar sujeitas à cre~ente concorrência estrangeira •. J. H. Elhott . • The Decli~ of Sp:iin... Pa.fl & Prr.sem.
supbnemar de regiões "celeiro" \'it.:inhas linha fa"orcci~:olo, e a .fac~h~dl! com que pod iam importar alimento n.º 20, Nov. 196 1, 62. O irálico é nosso. Os dcSCO\'Ol\'iOlt"ntos na Cau lunha foram 3Jli logos. Ver os • Comcntúiosi.
:~nas u~a. grande ~c~rva de trJbalho camponês em part- l im~;i~ alia_densidade da população. Isso dava-lhes ntto de Jaime Vicens Vives fcilos ao «Rappo rt de M. Malowish in /X' Congris lntunatiorUJ/~ du Sriences lfisroriques .
.re ~111a urb..1nizar uma maior proporção da sua _ pomve l_para trabalho mdustria l ru ra l. mas rambé m li. Ac1es (Paris: Li b. Armand Colin, t 95 1). nos quais Viccns faz a comp3!'3Çâo entre o .:sc~undo feudalismo,. na
_!!(lfmc llw ory of F.ur{)ptt. I. 6. 1971. 47. . popu laçao1'. • Med ieval lndustry, 1000-1 500 .. , F onrana Eco- Catalunha e na. Polónia.
56. Phc lps- Brown e Hopkins, Eco11omica. XXIV. p. 298.

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. , salúios pe lo cosiumc. contrnlo ou e ta!u!O; e a!~~os n ~ pagamcn- e~paço aM rccém-chegact.:x que a.; levariam de ver.cida: OI> da 11.olr..da, O\ da IJigla!trra e •
..,>J!m.:>e!o: !Í<3Ç•O ~ . (' ni•nde 3 incap3cid3de de C apreender claramente as em menor medida. os da frança.
l'\)r il"""lõ ~iooeúrUS . iocc~ e er-cm pon!O' de 1empo desconlínuos. Contudo. mesmo A idda de q ue alguns trabalhadore1 lpreci-.amrnu: <>!>dos v...ctJY.es f:UÍJ ~ a-.L~ • J
"" ·Ji mtla.::i0f'.-'fl 35 gradum ~::s só poderi am ser negoc iados de tempos a tempos. Para
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'3lári°' melhor do qu.: quaisq-.zr OO!tO. 1,ei.>a~ a consi -
« dli f0><em po:rc-ep<~~~ · ~~:do int~rvi nha frcquen1emen1e. onde o costume ou o contrato derar o que eram os dife1:enc1a1s nas pndm ,,., oc:uiúnado<. v.la int'iação a longo pnw.
al<m d1~. no "'culo . º. b. os aumentos sJ lariais. Finalmente. nesse lempo muitos tra- Pierre Vilar sugere uma simples al temauva centro- peri feri~ '-'". Esta é 00 cr.=:c ema diccr
f0><em irxbrados. pa'.".pro~n:~ umJ vez por ano. o que numa época de inflação significava 10 mia de m a~ iado simpli.çta, dado que ni:o ~ Mi °'
trabalhadorc\ da perrfena. os q~ l!oC
b:! ltu<lor« mdmnh~gos ~~~eciJdo. No século XX. a ilusão monetária seri a contrariada pela empenham. como veremos. n.o trabalho na Améri::a Espanho~ e na Eu,-opa OrietJU! 00
qun eceb1am ' ciro p . - 1 . . . d . d.
orvniução de ,indica!O'i. po:la generaVização da ms:ruçao. pe ~ exis1enc1a e m . 1~e~ de pr:ços século X VI. os que perdem. Simultaneamente. °"
t:abalt.adore' ª '"' lariarlcr; na pan.e =
e pelJ acumuilção da e<periéncia de vida em mflaçao._ P_Ma alem ~t sso. a º.rgamzaçao po~1t1~a da Europa Ocidental também perderam . talvez tanto - como \a bé ·lo" _ q'\lar.!D t..- P:l· °'
, tr.l!xllhadcr« difi cul!a ainda mais ao Estado a resinçao dos ~al anos . E. e claro. a freq.uenc1a Jhadores da Europa Oriental (não sendo a • perda. men\urá el para °' traba!!iaéo<~ s da Amé-
00
do papmento dos salári o; é um direito há longo tempo adquindo. Mas ~;~ta era capitalista rica Espanhola. uma vez que não tinham nunca estado integrad°' num tal ,;si.ema ecorJÓ<TlicoJ.
pnmili,a. os tr.lbalhJdore; não linham a mesma_capac idade de manobra . . E J. H. Elli ou argumenta que a po; içiio do trabalhador °'panho! n~te d..'"Clínio se apromna
o que fonalece a plausibi lidade des1a analise. de que ?ouve um lag salarial por causa mais da do tra balhador do leste europeu do que do da ln2laterra ""·
dõ' factores estruturais da economia-mundo europe ia do secu lo XVl baseada nas formas Assim. se numa espécie de cominuum o trabalhad; r polaco era quem gar.hava menos.
pnmiii va. do capi13l ismo mundial. não é somence a evidência empírica que a confirma. mas seguindo-se-lhe o espanhol e, digamos, se era o veneziano quem ganha,·a rnali. onde s~ locali-
também as duas excepções empíricas conhecidas: as cidades da ltália central e setentrional e zava exactamente o trabalhador inglês, representando as áreas semiperifc'ricas em vias ~ se
as d3 Flandres. Cario Cipolla refe re que nos finais do século XVI e inícios do século XVII, tomarem centrais? Phc lps-B rown e Hopkins sugerem que uma forma de pensar 0 que aconu -
•OS custos do trabal ho parecem ter sido excessivamenle altos na hália quando comparados cia naqueles países é ver que "ª contracção elo cabaz de compras do as>afariado [ in g.J~s j se devia
com os níwis salari ais dos países concorrentes». Isto porque, de acordo com Cipolla, •as fundamentalmente a uma alteração nos termos de troca entre a produção manufai:u.'r.lda e a
organizações de trabalhadores foram bem sucedidas em impor níveis salariais desproporcio- agricultura»"º'. Por um lado. a alteração dos termos de troca pesa mais sobre os ª ' salariados-
nados em relação a própria produtividade do trabalho» 1'°'. Da mesma forma, Charles Verlin- (sobre os que não têm !erra como sobre os que recebem u.m rendimento subsidiári o da terra).
den pensa que nas cidades be lgas os sa lários acompanharam o preço do trigo e seus derivados Phelps-Brown e Hopkins estimam o número de tais assalariados como sendo já de um ~o
durante o século XVI'"'. Porquê estas duas excepções? Precisamente porque se !ralava de da população activa inglesa na primeira metade do século XVI. Nas suas palavras . .:o rever;o
•vel hos» centros de comércio '" '. e por isso os trabalhadores es!avam relativamente fortaleci-
dos do ponto de vista político-económico. Por esla razão, estes trabalhadores podiam resistir 53. fa tamos a referi r diferenciais segundo o pais. Hou ve cename.nte umbém difennc:Ws ~ pi..rpos ...
melhor aprocura de senfreada de lucros. Adicionalmente. o «avanço» das prá1icas capitalistas sociais por país. que se rcílcctem na nossa discussão sobre a rr laçào entre- rendas. lucros e fnd b..."C's de salános. Contudo.
destrui ra parcialmente as velhas estruturas. Se ri a, con!udo, precisamente como resul!ado da entre calegorias de a..~salari ados parece não 1er havido tais diferencia.is. Ou J>(' lo me-nos este era o Ca30 pa.' 2 o wldo
rel ati vo de artífices e traba lhadores da construção civil em Inglaterra. onde • O indice dos sal:i.rios dos tnh.1.thadorn
• força. dos trabalhadores e do progresso das práticas do capitalismo que tanto as cidades da da construção civil [vari ou! consis1cntemenle na mesma proporç:io que o dos artífices desde: a Pesk ri-:egra à Pri-
Itália do None como as da Fl andres declinariam como centros industriais no século xv1;dando meira Guerra Mu ndial». E. H. Phclp s- B ro~TI e Shcila V. Uopliru . .. Sc..-cn Ccnturies of dlC' ?N:e;. of Coruumables.
Compan:d wi1h Builder' s Wagc-rates», in E. M. Caros-W ilson. cd .. Essays i11 EconofP'lir H iJro0 (!'O"'ª Iorque: St
Martin's , 1966). 11 . 189 .
49. Ciocca. Banrnria. XXV, pp. 578.579 54 . .c Mas pod íamos nós não ver (a.o;; "ondas longas" de preços e activlcbdes ~onómica.sl em termos du!!'.a.... "'
50 Cario Clpolla <o(Thc F...conom1c Dec li ne of fla.ly», m Bn an Pu ll an, ed, Crms and Change m tht Vene - aJtcmância hi slórica entre um aumento na c.,,; plor.1ção do trabalho colonial e do trabalho europeu , lcmbnodo a ~
. '::aE~:::::n lhe SrAtre111h and Sriemu mh Cem1m es (Londres Mcthucn, 1968). 139, 140 Ver Bnan Pullan,
11
profundamente sugestiva de Marx: "A cscra1,·a1 ura ve lada dos trabalhadores assal::ui.:Klos na Europa precis.:1,-1. p3...F3
26
-4 ~Domcmco~ll~c.. ~m:uan F.conomy, I SS0- ~630.-., Econom1c Hw ory Rev1e.... . 2 1 sénc, XVI, 3, 1964, 407- seu pedestal da escravatura pura e simples no Novo Mundo''?•. Vilar, Pas1 & Puunt. n.• 10, p. 3-t. 1

E.S C . XI II 1. Jan -Mar l~~~uc~ç,cmcn 1 s longs de l mdustne la1mCre à Vcn1 se aux. XVI ~ et X VIII~ s1Ccles• , Annales 55 . • A hjpótese Ide .Hamilton] de que os salários espanhóis se mantiveram lado a lado com os preços <
ongmado por • rendas pesadas ~ al~os~i1n:~e;~a chama a Veneza uma • Cidade nca:. onde o alto custo de vida era pareceri a. nessa medida, infundada. Realmente , inves1igações posteriores podem bem mostrar uma detenora..,-ão acm-
tuada dos padrões de vida da massa da população castelhana Juranh: a r rimeira md3de do stculo. Uma u i dete-
51 . Ver Vt:rlinden er oi. An11alrs E S C X 198 V H rioração. combinada com o alto n í,·cl dos pn.-ços cast c lhan~ em re/uçâo a(IJ de outros n rod<'Sri.ropeuJ . mu ito con-
sofreu um colapso carnstrôfico n~s rcndimen·t ~s ~~ai~~~ · .er ennan v~ der Wce: · ~or isso o Brabante não
europe us durante o s~cu l u XVl)O Tht G h ,, h ·A as massas de assa lariados. como foi o caso noutros países tribuiria para explicar a estrutu ra peculiar da economia de Castela por volta do fim do sk"ulo. 1.mu economia de
1963). II, 386. · rowr ºJ r e nrwtrp Morktl and the European Economy (Haia: Nijhofí. muitos modos mais apro Jti mada da dt: um Estado europeu d.: Lts1e como a Polónia. n pommdo marCri"·primas
básicas e importando produtos de luxo. do que das economias dos esl3dos europeus ocidcnuis. T.nto quanto~ ­
é, comud!~~~: ~~;1~-~~s;)~l:~~i~ qucstão d: porque~ ~ue os centros eram os • velhos,. centros de comérci o Esta viveram indústrias em Castela, elas tendi am a ser indústrias de bens de: lu>.o p.ar.:1 pro,·er às necessidades dos poucos
as áreas mai' imcrcssani~s por cau;~~ ~t'~~da~;ad~x~icação breve: ~~ Flandres e o Nan e de Itália são de iongc ricos e a estar sujeitas à cre~ente concorrência estrangeira •. J. H. Elhott . • The Decli~ of Sp:iin... Pa.fl & Prr.sem.
supbnemar de regiões "celeiro" \'it.:inhas linha fa"orcci~:olo, e a .fac~h~dl! com que pod iam importar alimento n.º 20, Nov. 196 1, 62. O irálico é nosso. Os dcSCO\'Ol\'iOlt"ntos na Cau lunha foram 3Jli logos. Ver os • Comcntúiosi.
:~nas u~a. grande ~c~rva de trJbalho camponês em part- l im~;i~ alia_densidade da população. Isso dava-lhes ntto de Jaime Vicens Vives fcilos ao «Rappo rt de M. Malowish in /X' Congris lntunatiorUJ/~ du Sriences lfisroriques .
.re ~111a urb..1nizar uma maior proporção da sua _ pomve l_para trabalho mdustria l ru ra l. mas rambé m li. Ac1es (Paris: Li b. Armand Colin, t 95 1). nos quais Viccns faz a comp3!'3Çâo entre o .:sc~undo feudalismo,. na
_!!(lfmc llw ory of F.ur{)ptt. I. 6. 1971. 47. . popu laçao1'. • Med ieval lndustry, 1000-1 500 .. , F onrana Eco- Catalunha e na. Polónia.
56. Phc lps- Brown e Hopkins, Eco11omica. XXIV. p. 298.

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~ !::U fé, ,·mix> ,..,.,-i ento dos :iss:i.hriad si o e~riquecimento do que vendem pro-
J:.ico..h: 3 ~n .. ! , •'.:J llrrt :J,;m t1.'rrllS ptlr rt·nJas s11sceptl\'1."ts de· serem aumentadas>)m, _ Isto
1-~ \J .tlp!m.I< Ju' id.L< l:>re o art:umemo de Hamilwn de que o lag salarial era uma fonte
Para além disso, Nef a\sinala que não,,., refere '=
a Inglaterra. uma vez ~ue em tenno, de descn•oh ;.; itc ª. uma compata,-ão <f'.:rc a França e
"r' ·t.1 J: e ·umubçl,, d~ c-.1piul ou. ix·lo menos. akna-no · para o fac to de que o proprietário cgundo ele, rnmparavel com a da Alemanha mcrid~~~ >n<!. \tml a ;i· -ç~ c1a Frarw;.a cn,
~. tm:1, m Euro O.: i,kntal er.1 um imemu.·diário lundamemal na acumulação do capital. enquanto que a tnglesa era compará vel 1., da ll olanda.. ~I e_ ~ 00:
P•:"" Ba1 u,., e.pa;-.hó!•.
\ k<iH ' a~ir.1. o ar!'.umento funJamental de Hamilton. subscrito por John '.\lay nard pnme1ros todos ab randaram em comparação com •era- tlci •. S ~cu e L1cge. C)'.ier d11.er,"'
2
i-;~ , r. ,_e r<m , isto ...\ intl~çã ri.1' a uma redistribuição de rendimentos - complicada aceleraram. No entanto. a made ira e o trabalho eram ma1~º Ren.::.~1m;n~r, •. e °' ú!timcA todos
, id.> j~ mu!t1pLb c-am.'!J1S dJ. ~onomü-mun Jo europeia. Eh er.J mesmo issim uma fonn~ do que na Inglaterra. Pos.ivelmente o problema r•>ide e haratM. e na<J maiscarr1'. = F!a:-.ça
de rril:>ut..;.r os ;ecto,..,.s roliticamente mais frJcos para criar um fundo de acumulação de capi- Mas esta comparação de l'ef apena' de\~onta: ~': ~ e'."-'11 <k .,..awufo ra:os ·~ .
t:ll qu:: p.._'1~ri.l 'er enc.io in' estido por :.ilg.uim 1 ~~ · . Os terrntc-nences. em pan icu l:u, conti- França forem comparadas in racuo. Se. no entanto ior•m tom ~am1lton se a b;la:e= e a
r.u.lr.l J. J.~s ot:-rir no' J.s 'ias p.J.r..:i e~toni_uirem ºº'os pag:imentos aos camponeses 1 ~~ 1. o -mundo europeia. esta comparação limitJ -;.e a c~loc;; 0 ní' : ' "" "'.nexto da ewnomia-
:i:~umemo. r~orde-se. ~ de que não só e\istiu uma quebra nos lucros m:is que a inflação al!rures entre o espanhol e o inglês. o que pod•ríam _ do-, "' 1an"' r.:a" frarn:esc•
t" r..N rJi"u o iO\~Stimento ~ · . ec~nomi a- mundo como um todo se produziu.. uma ~~;nr.:_o argu:,en:ar ~ q~e ~o_conte\tn ~
!~to l<' .t-nos a uma nova objecção à hipótese do lag s:ilarial. :ide John Nef. Segundo ele. mento produzido a favor dos trabalhadores As t>x~ vuançao agu daf dtstn '~º do_ rer.rlí-
. . . . · .... aram con orme o p:m. A nu.ação
'' ; u:n~mo c:ii d" ido ao a;o d:i Franç:i.. onde. apes:ir de se ter verificado o mesmo lag salarial op~t~3 p~a uma classe mves~1~ora local seria a de ter acesso a lucros resultam.e·s de \2.lin™'
4 -;: ~ m lng l:n~rr..i. se não \erific:.lr'J.m progressos sign ificat ivos na indústri:i. nessa época16n. med1os baixos (por contrapos1çao a altos ) na su:i própria área. Cm nível medio de '21ários era
óptimo uma vez que se por um lado um nível salarial excessivamente alto tVeneu) diminuía
5-. /f.d. r. ~99 O 1ul -o e nosso. dem_as1ado a ma_rgem de lucro. po_r outro lado um nível excessiramenie baixo tFrança e a f or-
&u :lf'..il1'ie t" .. u muito çro ümJ J..J de °'-"'bb: • Pock perfUntJI-sc:: nesus circunstinci:.is. se o consumo real tron Espanha) limitava a d1mensao do mercado local para novas indústri l5 . ..\ In da:erra e 2
d.J. .. ill.! .... _-i:, ckdm.i, :i . ..: orno~ que j:X."'<iia o ni' ::1 de pn:ços ter subido e ~rmit ido que os gnndes lucros deste período Holanda foram as que se aproximaram mais desta situação óptima no conte.to ;uropcu. o
11.krcndcr.do es'C'n.:-11lmente d.J mJrgc:m entrr: pre,·0s e s:il:irios monetirios. mult iplic:idos pela ro1:iç3o das merca-
d...'\fl.:L-.. l f1..'\<,,-.cm n:.11!1.iJQ') c1.'m .. ucesso > Por outr.iS pata' r.is. de onde provmh:l :l el>p:ms:io d:i procura'? A resposl3
facto de se tratar de uma economia-mundo. contudo. foi a condição sine q11a non pan que
º'
rc-s1.!e :!p.!rer:tcmeme no fJ.:to de yue enm pstos dos ricos e dos med1:ln.:imc:nh! JbJ.stados t i.c. :i º º 'a burguesia luc ros provenientes da in ílação pudessem ser proveitosamente investidos em novas indústrias.
e:i Core>.!. e umb:m acl.!._.. -,c e1T1erg_-::-n1e de r:iri1:ilistas ele pro' inciae Jo~ m:iiore'\ yt'nr11<'111 que aliment.:i.,·am o mercado A inflação fo i assim imponante quer por ter sido um mecan ismo de poupança forçacb ~
em ~\Ç;Jr.....:io . c nanJ-0- e m çe no ,emido 1s des~.;as cn:scen1es neste <s:C'C lor as condições p ::ir:i a realização de lucros.
e pon anto de acum ul ação de capital quer por ter servido para distribuir esses lucros de fonna
~t ul1:l~d.is mdú~m1' i:m e,p.:m~o deste P'='riNo pro' i:i.m ao con,umo de lu\ O dos mais ab:ist.:i.dos. Ha,·ia t::imbém
um maior 1memmemo n.J consU1.1ç.10 nJ' aJ. nJ con~1ruç:10 CJ\ il e tnum.:i. muito p<quen.:i. medid.:i. ) em maquin:iri.:i. e desigual pelas várias panes do sistema. desproporciomdamente em favor do que temos ,-indo
k~nta.s. e t :lm~m l"m ani!h:.i..riJ e equipamento m11il::ir. A isrn se de' e ad1cion::ir o importante efeito do comércio a designar por centro em ascensão da economia-mundo e em desfavor da sua periferia e semi-
C"\ temo - kvaCo a cabo em termos alt::imente favor.iveis e equ ilibrJdo por uma enlracb aprec iável de ouro e prata peri feria. as « ve l has>~ áreas desenvolvidas. ,
oo reino•. S!udif5, p 120.
BrJudel ac.·re"-Cenl3 uma :in.ili~ da razão porque os terr.itenentes n:io er.im necessariame nte prejudicados pela
O outro aspecto deste quadro. como o leitor j:i pode ter inferido da discuss3o sobre o
mfhç:lü do~ prl'Ç~ do modo miciJ!mente ddendido por H.:i.mihon: .. A rc"olução dos preços( ... ) n5.o en, como por impacto da inflação. é que emergiu no seio da economia-mundo uma divisão do trabalho não
m11Jgre . ob.;11nad.:i.men1e d.emocrdtica. El:i ahvi:i"a os encargos. e as rendas do campesinam que enm pag:iveis em só entre tarefas ind ustriais e tarefas agrícolas mas também entre as própri•s tarefa agrícolas.
dmíK"1ro esuv.:i.m fic\d.a..; ~mames d:i descobe na da América. De facto. a.s exigências feudais sobre as parcelas E juntamente com esta espec ialização decorreram fonn3s dife renciadas de controlo do tra-
c:unpo~sas cf1m fn:ljut"ntememc ligeira~. por "ezes menos que nada. Mas nem sempre . E especialmente dado o
facto Je que o ' C' nhor r~..:c:bia t::i.mt:im frequentemenie os pagame ntos em espécie e estes seguiam o curso do mer-
balho e padrões diferenciados de estratificação que. por se u turno. tiveram consequências
cado (... ) \ bi_., ainJj, tamo na :irea do Medi terrâneo corno na Europa. a divisão da !erra nunca foi fci 1a num:i. base políticas di fe renciadas para os «estados », isto é. as arenas da acção f'Olitica. .
de "umJ vez p.irJ se mpre: ..... La .\fddirerranh·. 11. p. 5 1. Até aqui tentamos explicar porque é que foi a Europa a expand!T-<e (em vez. drg:im~s. ,
58 . .-.Ocapit:ili"-mo reljut:na cup11ul. e não seria fác il imaginar-se um instrumento mai s poderoso para o tomar da China). porque é que. na Europa. Ponugal tomou a dianteira e porque é que esta e_xpansao
disponi\e l do que poup:mç~ forçad.J.S por meio dum rario preços-saJ:irios altamen1e ÍJ.\'Or..he l1t. Earl J. Hamilton.
Journa t of En>ncmuc lf1Jtor.\ . XIII. p. 33 . Ver J. \t. Keynes: •Assi m. uma inílação por via dos lucros implica quase teria necessari amente que ser acompanhada pela inflação. Não enfrentamos verdadeiramente
de cen a.:i. unn di"lnbu1çào m:.11~ dc~igu;ll d:.i riqueza - a não ser que os se us efei tos sejam contnbalançados por a questão do porque é que esta expansão viria a ser tiio imponante. Quer.dizer. ~rque é que
uma uibutação direna do 1ipo lJ UC cJ.r.lc lc riza a Inglaterra moderna ( 1930 ) mas não ou tro lugar ou período•. A Trea· a criação desta economi a-mundo fo i o prenúncio do desenvol\'imento industnal moderno.
rsse on A/o11e .\ <Londn.:$: r-.k\l illan. 1950). 11. 162.
59. Se es1a classe proprietária dom ina a Europa no começo do século XV II é porque ela pe rdeu menos conlrolo
r . rolon •ado nos salários ~ai s. embora SC"jlJ indubirnve l-
do quc: é comummc:nie afirm.:i.do. ~ ão era ponanto loucu ra tantos mercadores e habitantes ricos das cidades com-
51 5 0
62. • A história francesa sugere que um dcc mio p . ~ um•; iníluéncill suficientemente podercK:t pans
prarem l('ITilS ou propried:ide~"'- Braudel. La Médiurranét.1. p. 479. .. mente um incentivo à capacidade cmprcendedo~. não~ ':r _m t É possivcl que duranie 0 ú\limo quand do stculo
60. • Preço!'\ a.-,cenMni es pcnalil.a"am demoras no investimento e ao provocare m a baixa da taxa efecliva de causar uma grande aceleração na taxa de crcscime nlo m u~lna · evitasse aumenios nu procura de alguns produtos
juro C"nconjavam os empréstimos p:ira investimt'nto com a perspectiva de ganhos. Em resumo. preços a subir e sa lários XVI a queda do níve l de vid.:i. do trab~lhado~ fosse ~io gran e ~~ss.c 0 progresso dos fobricamc-~ durante- as gucmu
1 abrJnd.:i.r proporc ionav.:i.m capi1al e incemi ''ª ' 'am fonemente o seu usoca pita lisrn..... Ham ilton. Jmmial nf Economic indu striais e que a miséria dos pobres 1mpcd1ss.e mais do que 3JU • •
1/uuiry. XII, p. 339. religiosas (Nef, ihid., p. 2671"'· . . Profit lníla1ion and lndus1rial Growth: Thc H1s1om:_Rccord
61 .. Q que lemos a explicar no caso da Fr.tnça não é como no da Ingla1crra porque é que o cap1tahsmo Nef é também apoiado por David fellx~a~ of Eronomirs. 1.XX. 3. Ago:-to 1956. Vc-r c.s~ml mentc
1ndu~ 1 na l fez lanto"' progre:-."'OS na idade da re,oluçfo do~ preços. mas sim porque fez 1:10 pouco!I .. Ncf, Tli e Cou· and Contcmporary Analogics•, Quarterly l our
quest t{ tht' ,\fareriJ / n ·ar/.I. p. 2-$2. pp. 443-45 1.
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Para além disso, Nef a\sinala que não,,., refere '=
a Inglaterra. uma vez ~ue em tenno, de descn•oh ;.; itc ª. uma compata,-ão <f'.:rc a França e
"r' ·t.1 J: e ·umubçl,, d~ c-.1piul ou. ix·lo menos. akna-no · para o fac to de que o proprietário cgundo ele, rnmparavel com a da Alemanha mcrid~~~ >n<!. \tml a ;i· -ç~ c1a Frarw;.a cn,
~. tm:1, m Euro O.: i,kntal er.1 um imemu.·diário lundamemal na acumulação do capital. enquanto que a tnglesa era compará vel 1., da ll olanda.. ~I e_ ~ 00:
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i-;~ , r. ,_e r<m , isto ...\ intl~çã ri.1' a uma redistribuição de rendimentos - complicada aceleraram. No entanto. a made ira e o trabalho eram ma1~º Ren.::.~1m;n~r, •. e °' ú!timcA todos
, id.> j~ mu!t1pLb c-am.'!J1S dJ. ~onomü-mun Jo europeia. Eh er.J mesmo issim uma fonn~ do que na Inglaterra. Pos.ivelmente o problema r•>ide e haratM. e na<J maiscarr1'. = F!a:-.ça
de rril:>ut..;.r os ;ecto,..,.s roliticamente mais frJcos para criar um fundo de acumulação de capi- Mas esta comparação de l'ef apena' de\~onta: ~': ~ e'."-'11 <k .,..awufo ra:os ·~ .
t:ll qu:: p.._'1~ri.l 'er enc.io in' estido por :.ilg.uim 1 ~~ · . Os terrntc-nences. em pan icu l:u, conti- França forem comparadas in racuo. Se. no entanto ior•m tom ~am1lton se a b;la:e= e a
r.u.lr.l J. J.~s ot:-rir no' J.s 'ias p.J.r..:i e~toni_uirem ºº'os pag:imentos aos camponeses 1 ~~ 1. o -mundo europeia. esta comparação limitJ -;.e a c~loc;; 0 ní' : ' "" "'.nexto da ewnomia-
:i:~umemo. r~orde-se. ~ de que não só e\istiu uma quebra nos lucros m:is que a inflação al!rures entre o espanhol e o inglês. o que pod•ríam _ do-, "' 1an"' r.:a" frarn:esc•
t" r..N rJi"u o iO\~Stimento ~ · . ec~nomi a- mundo como um todo se produziu.. uma ~~;nr.:_o argu:,en:ar ~ q~e ~o_conte\tn ~
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'' ; u:n~mo c:ii d" ido ao a;o d:i Franç:i.. onde. apes:ir de se ter verificado o mesmo lag salarial op~t~3 p~a uma classe mves~1~ora local seria a de ter acesso a lucros resultam.e·s de \2.lin™'
4 -;: ~ m lng l:n~rr..i. se não \erific:.lr'J.m progressos sign ificat ivos na indústri:i. nessa época16n. med1os baixos (por contrapos1çao a altos ) na su:i própria área. Cm nível medio de '21ários era
óptimo uma vez que se por um lado um nível salarial excessivamente alto tVeneu) diminuía
5-. /f.d. r. ~99 O 1ul -o e nosso. dem_as1ado a ma_rgem de lucro. po_r outro lado um nível excessiramenie baixo tFrança e a f or-
&u :lf'..il1'ie t" .. u muito çro ümJ J..J de °'-"'bb: • Pock perfUntJI-sc:: nesus circunstinci:.is. se o consumo real tron Espanha) limitava a d1mensao do mercado local para novas indústri l5 . ..\ In da:erra e 2
d.J. .. ill.! .... _-i:, ckdm.i, :i . ..: orno~ que j:X."'<iia o ni' ::1 de pn:ços ter subido e ~rmit ido que os gnndes lucros deste período Holanda foram as que se aproximaram mais desta situação óptima no conte.to ;uropcu. o
11.krcndcr.do es'C'n.:-11lmente d.J mJrgc:m entrr: pre,·0s e s:il:irios monetirios. mult iplic:idos pela ro1:iç3o das merca-
d...'\fl.:L-.. l f1..'\<,,-.cm n:.11!1.iJQ') c1.'m .. ucesso > Por outr.iS pata' r.is. de onde provmh:l :l el>p:ms:io d:i procura'? A resposl3
facto de se tratar de uma economia-mundo. contudo. foi a condição sine q11a non pan que
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e:i Core>.!. e umb:m acl.!._.. -,c e1T1erg_-::-n1e de r:iri1:ilistas ele pro' inciae Jo~ m:iiore'\ yt'nr11<'111 que aliment.:i.,·am o mercado A inflação fo i assim imponante quer por ter sido um mecan ismo de poupança forçacb ~
em ~\Ç;Jr.....:io . c nanJ-0- e m çe no ,emido 1s des~.;as cn:scen1es neste <s:C'C lor as condições p ::ir:i a realização de lucros.
e pon anto de acum ul ação de capital quer por ter servido para distribuir esses lucros de fonna
~t ul1:l~d.is mdú~m1' i:m e,p.:m~o deste P'='riNo pro' i:i.m ao con,umo de lu\ O dos mais ab:ist.:i.dos. Ha,·ia t::imbém
um maior 1memmemo n.J consU1.1ç.10 nJ' aJ. nJ con~1ruç:10 CJ\ il e tnum.:i. muito p<quen.:i. medid.:i. ) em maquin:iri.:i. e desigual pelas várias panes do sistema. desproporciomdamente em favor do que temos ,-indo
k~nta.s. e t :lm~m l"m ani!h:.i..riJ e equipamento m11il::ir. A isrn se de' e ad1cion::ir o importante efeito do comércio a designar por centro em ascensão da economia-mundo e em desfavor da sua periferia e semi-
C"\ temo - kvaCo a cabo em termos alt::imente favor.iveis e equ ilibrJdo por uma enlracb aprec iável de ouro e prata peri feria. as « ve l has>~ áreas desenvolvidas. ,
oo reino•. S!udif5, p 120.
BrJudel ac.·re"-Cenl3 uma :in.ili~ da razão porque os terr.itenentes n:io er.im necessariame nte prejudicados pela
O outro aspecto deste quadro. como o leitor j:i pode ter inferido da discuss3o sobre o
mfhç:lü do~ prl'Ç~ do modo miciJ!mente ddendido por H.:i.mihon: .. A rc"olução dos preços( ... ) n5.o en, como por impacto da inflação. é que emergiu no seio da economia-mundo uma divisão do trabalho não
m11Jgre . ob.;11nad.:i.men1e d.emocrdtica. El:i ahvi:i"a os encargos. e as rendas do campesinam que enm pag:iveis em só entre tarefas ind ustriais e tarefas agrícolas mas também entre as própri•s tarefa agrícolas.
dmíK"1ro esuv.:i.m fic\d.a..; ~mames d:i descobe na da América. De facto. a.s exigências feudais sobre as parcelas E juntamente com esta espec ialização decorreram fonn3s dife renciadas de controlo do tra-
c:unpo~sas cf1m fn:ljut"ntememc ligeira~. por "ezes menos que nada. Mas nem sempre . E especialmente dado o
facto Je que o ' C' nhor r~..:c:bia t::i.mt:im frequentemenie os pagame ntos em espécie e estes seguiam o curso do mer-
balho e padrões diferenciados de estratificação que. por se u turno. tiveram consequências
cado (... ) \ bi_., ainJj, tamo na :irea do Medi terrâneo corno na Europa. a divisão da !erra nunca foi fci 1a num:i. base políticas di fe renciadas para os «estados », isto é. as arenas da acção f'Olitica. .
de "umJ vez p.irJ se mpre: ..... La .\fddirerranh·. 11. p. 5 1. Até aqui tentamos explicar porque é que foi a Europa a expand!T-<e (em vez. drg:im~s. ,
58 . .-.Ocapit:ili"-mo reljut:na cup11ul. e não seria fác il imaginar-se um instrumento mai s poderoso para o tomar da China). porque é que. na Europa. Ponugal tomou a dianteira e porque é que esta e_xpansao
disponi\e l do que poup:mç~ forçad.J.S por meio dum rario preços-saJ:irios altamen1e ÍJ.\'Or..he l1t. Earl J. Hamilton.
Journa t of En>ncmuc lf1Jtor.\ . XIII. p. 33 . Ver J. \t. Keynes: •Assi m. uma inílação por via dos lucros implica quase teria necessari amente que ser acompanhada pela inflação. Não enfrentamos verdadeiramente
de cen a.:i. unn di"lnbu1çào m:.11~ dc~igu;ll d:.i riqueza - a não ser que os se us efei tos sejam contnbalançados por a questão do porque é que esta expansão viria a ser tiio imponante. Quer.dizer. ~rque é que
uma uibutação direna do 1ipo lJ UC cJ.r.lc lc riza a Inglaterra moderna ( 1930 ) mas não ou tro lugar ou período•. A Trea· a criação desta economi a-mundo fo i o prenúncio do desenvol\'imento industnal moderno.
rsse on A/o11e .\ <Londn.:$: r-.k\l illan. 1950). 11. 162.
59. Se es1a classe proprietária dom ina a Europa no começo do século XV II é porque ela pe rdeu menos conlrolo
r . rolon •ado nos salários ~ai s. embora SC"jlJ indubirnve l-
do quc: é comummc:nie afirm.:i.do. ~ ão era ponanto loucu ra tantos mercadores e habitantes ricos das cidades com-
51 5 0
62. • A história francesa sugere que um dcc mio p . ~ um•; iníluéncill suficientemente podercK:t pans
prarem l('ITilS ou propried:ide~"'- Braudel. La Médiurranét.1. p. 479. .. mente um incentivo à capacidade cmprcendedo~. não~ ':r _m t É possivcl que duranie 0 ú\limo quand do stculo
60. • Preço!'\ a.-,cenMni es pcnalil.a"am demoras no investimento e ao provocare m a baixa da taxa efecliva de causar uma grande aceleração na taxa de crcscime nlo m u~lna · evitasse aumenios nu procura de alguns produtos
juro C"nconjavam os empréstimos p:ira investimt'nto com a perspectiva de ganhos. Em resumo. preços a subir e sa lários XVI a queda do níve l de vid.:i. do trab~lhado~ fosse ~io gran e ~~ss.c 0 progresso dos fobricamc-~ durante- as gucmu
1 abrJnd.:i.r proporc ionav.:i.m capi1al e incemi ''ª ' 'am fonemente o seu usoca pita lisrn..... Ham ilton. Jmmial nf Economic indu striais e que a miséria dos pobres 1mpcd1ss.e mais do que 3JU • •
1/uuiry. XII, p. 339. religiosas (Nef, ihid., p. 2671"'· . . Profit lníla1ion and lndus1rial Growth: Thc H1s1om:_Rccord
61 .. Q que lemos a explicar no caso da Fr.tnça não é como no da Ingla1crra porque é que o cap1tahsmo Nef é também apoiado por David fellx~a~ of Eronomirs. 1.XX. 3. Ago:-to 1956. Vc-r c.s~ml mentc
1ndu~ 1 na l fez lanto"' progre:-."'OS na idade da re,oluçfo do~ preços. mas sim porque fez 1:10 pouco!I .. Ncf, Tli e Cou· and Contcmporary Analogics•, Quarterly l our
quest t{ tht' ,\fareriJ / n ·ar/.I. p. 2-$2. pp. 443-45 1.
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nu~ A expansão também implica um descnvolvimcn ~ .
: o.i\l.1ll:o m .•.,,• .,._impm3t
· · ·s •3 nterinre<· mi hi tóri3 do mundo.
. . aparentemente
. . r:I . baseadas
. ... .
~.,,. d>."Tirnla n:lilÍV:J..11nl e frodUti\'O C numa m:\q~ina pohtica b~roc tica relat1vamente Mntro de camadas. cada uma da.' quais polar·'""·· to igual e~wfiado. de e~
'"""" em termos dt d . ....... ·
f ·• n_k, , ~u ir:un wc-etar css:i via? Dizer que fm a tecnologia e 3!J<!~as le\ ar-nos 3 per. das recompensas. Ass im. concretamente no ·é 1 X
. . ·
uma 1\ln wlÇ'Jo bimodal
s CU o VI. havia o d ; ~ · 1d
~.,;.~ :.>e c<~ ie d~ :;i, tenu é ,-,;:;e q u~ enror.1j<'u.t:in to o a\'anço _tecn~ logico. (Recordemo. economia-mundo europeia rersus a sua, área ~ ·ré . · erenc:ia o centro da ~·
· ~!l{ . d3 met3 ú,n d~ :\n-Jham sobre 0 sunn rqxntlíll' da t~rnol ogi_a ocidental). E. L. Jones e entre estados. dentro dos estados entre regiões. e~~t n~-as: dentro do ccntr0 eoropc:u lwlvia-0 -
' ' "ª OS M>Cta1s dentro~ - "dade
S. J. Woolf , ~em as C'.Lr.Jt t<ÓSticas distinti\'as do s_éculo XY_J preci samente no facto de. pela e campo e. finalmente . havia--0 no contex to d• u ·d· "- d . , . reg1CJes entre c1 .
. . . . . m aucs e caracter ma1l lcx:aJ '6 1 1

pnmcin , l na hi<tóri:i.. 3 e' pans.fo da produn\'1dade agncola ter abeno cammho para a A soltdanedade do sistema estava baseada em úlúma aná. li~ ~te fe~oo de
c'r.:in:sJo do rendimento real: desenvol v1menw des igual. ~ma vez que a complexidade de''" estratificação criava a , j.
bitidade de uma. 1dent1ficaçao estrntificada e 0 cons'"'"t . h pcl'
~ • e rea 1in amemo das forças polltl"ólS
L·m;1 d:i~ l i\~ m<:M)S 53 ~"'ros.J. . d.:t históri ::i e :i de que as ag ri c ~ltur.is 1e-cnicamente avançadas e
fi . · :-:L'Tlenk"~ uti \ a..s n3o prov('IC':!.i"Tl ine\' it3,·elmente um cresc1mento sustentado do rendimento
que g~rava s1multaneament': a turbulência subjacente que permitiu 0 descnrnh ,m:n~
re.ll r er CrI?fro. e:- mui1o menos promo,·em J industriali zação. As.civil izações da Ant iguidade, tecnologico e as transformaçoe s políticas. bem como a confusão ideológica que continha a;
curn as sius !t.r!Culruns elabcrad:is. fomccrm-nos um pon10 dl! p:in1cb. Nenhuma delas. no ~·fédio revoltas. quer estas fossem de apatia. de força ou de fu ga. Um tal sistema de ca.'Tlada' múlti-
Onrn~c. rm R~m.l. nJ Chim .. n3 ;\fcso--...\mêrica (... ). conduziu a uma economia industrial. plas de estatutos e_reco:npensas sociais está grosseiramente correlacionado com um ;islrn'.J ·
Tecnirmnentc:. 3 sul o~anizJ.ç:ão agricola ~r3 soberba.( ... ) Do mesmo modo. o volume físico de complexo de d1stnbu1çao das tarefas produtivas: esquematicamente. aq uele\ que produziam
C'C'rc,;iis que pil\duziam er3 irnpressionm!c-. Contudo. as suas his!órias sociais são fábulas terríveis força de trabalho sustentavam os que produziam alimentos. que por seu turno sustentavam
de ciclo;. pwduthos sem uma ele vação persistente nos rendimentos reais da grande massa da os que prc~cfoziam outras ".1atérias~prim ~. que sustenta\'31Tl os que estavam empenhados
pt.."'PU-laçfo t.mto nas. fa.'._C'S a.~endentcs como nas descendentes.( ...) na prod_uçao mdustnal (e. e claro. a medida que o industriali smo progride. esta hierarquia
O facto comum. nomeadamen1c nos impüios com agriculturas de irrigação, era o imenso poder de serviços produtivos toma-se mais complexa. uma vez que esta última categoria se vai
de ur.i Jp;!Telho de Es<ado b:i.=do numa burocr:icia preocupada com a defesa contra as ameaças refinando).
e·u er:ias e: a mJ.nutenç3o intcm:i. da sua prôpri:i posição. Lançando um olhar panorâmico sobre A economia-mundo incluía nesta época várias espécies de trabalhadores: havia os-
3 hi5tór'i3. se-ria l~git irno concluir que estas burocracias procuraram e conseguiram manter num
escravos. que trabalhavam nas plantações de açúcar e em formas simples de operação mineira
f.\ tado de~ hrinieflsrase drtual m stas sod edades camponesas ao lon.~o de períodos de tempo
que implicavam uma escavação superficial do solo. Havia •servos•. que trabalhavam cm
considercfreis e a rodas os nfre is de densidade populaciona/(631•
grandes domínios onde os cereais eram cultivados e as flore stas exploradas. Ha"ia •campo-
Os autores argumentam que. num tal sistema. o aumento da produção.bruta resulta neses» ligados a operações variadas com produtos agrícolas (incluindo cereais) destinados
simplesmente cm •. expansão estática• '"''. ou seja. num aumento da população suponável com ao mercado. e trabalhadores assalariados em algumas produções agricolas. Isto englobava
a manutenção da mesma distribuição absoluta de bens nas mesmas proporções relativas às 90-95 % da população da economia-mundo europeia. Havia uma no"a classe de ye(ln:en .
diferentes cla>Ses da soc iedade. Adicionalmente. havia uma pequena camada de pessoal intermédio - supervisores. anesãos
O que é que na estrutura social da economia-mundo do século XVI permite explicar independentes. uns poucos de trabalhadores especializados - e uma estreita camada de classes
uma transfom1ação social de dibcnte natureza. que dificilmente pode ser considerada homeos- dirigentes. ocupadas cm supervisar grandes áreas. cm administrar impon:1ntes instituições da
táti ca? Sem dúvida que as burocracias do século XVI não tinham motivações muito diferen- ordem social, em alguma medida em promover o seu próprio lazer. Este último grupo incluía
tes das que fones e Woolf atribuem às anteriores. Se o resultado foi diferente, deverá ter sido quer a nobreza existente quer o patriciado burguês (bem como. é claro. o clero cristão e a
porque a economia- mundo es tava organi zad;J diferentemente dos impérios antigos. e de tal burocracia estatal).
- fom1a 4ue nela ex istiam pressões sociais de diferente espécie. Especificamente. podemos debru· Mesmo uma análise sumária revelará que estas categorias ocupacionais não estavam
çar-nos sobre os tipos de ten. õcs que um tal sistema gerou entre as classes dirigentes e conse· distribuídas aleatoriamente. quer do ponto de vista geográfico quer do ponto de vista étnico.
quentemen_te os tipos de oponunidades que elas forneceram à grande massa da população. no interior da economia-mundo em crescimento. Depois de algumas fal sas panidas. este quadro
Já ti vemos ocasião de indicar quai s as pressões que. em nosso entender, levaram à evoluiu rapidamente de uma classe escrava de origens africanas localizada no hemisfério
expansão da Europa. A expansão acarreta os se us próprios imperativos. A capacidade para ocidental para uma classe «Servil » dividida em dois segmentos: um. mais imponani.. na
uma expan, ão bem sucedida é uma função quer da capacidade de manter uma relativa soli· Europa Oriental e um outro. mais pequeno. de índios americanos no hemisft'rio ocidental.
dariedade social interr~a (função por seu turno dos mecanismos de distribuição de recompen· Os camponeses da Europa Ocidental e Meridional eram na sua maior pa_ne rendei ros. Os assa-
sas) ~uer das d1 spos1çoes que possam ser tomada' P"ª utilizar trabalho barato em paragens lariados eram quase exclusivamente oeste-europeus. Os yeo111e11 _provmham _pnnc1palm_ente
long'.nquas (sendo_sobremaneira 1mponan1e que este seja tanto mais barato quanto mais do noroeste da Europa. As classes intermédias eram pan-europe1as na sua on_gem (mais os
longinquo for. dev ido aos custos de transponc). mestiços e os mulatos) e distribuíam-se geograficamente por todo este cenário. As classes

63 E L JooeseS J Wootf • ThcH 1SI R fA


65. Ver discussão em Frédéric Mauro. u XVI' si~cle rurO(lérn: asfW 1.f lcoM miqun (Paris: Prc.\SC'S Uni·
J
and Woolf eds Agranan Cha ·d E onc 0 e 0 graraan Change m Econom1c Developmen1 ~. m Jones ...
64 lh1;f . p. 2 ng~ an connm1c Dt\·~lopm~m (Londres: Mcrhuen. 1969). 1. O it.11.tco ~nosso. vcrsi1aire s de Francc, 1966 - Colltelion Nou\•cllc O io, 32}. 285-286.

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nu~ A expansão também implica um descnvolvimcn ~ .
: o.i\l.1ll:o m .•.,,• .,._impm3t
· · ·s •3 nterinre<· mi hi tóri3 do mundo.
. . aparentemente
. . r:I . baseadas
. ... .
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'"""" em termos dt d . ....... ·
f ·• n_k, , ~u ir:un wc-etar css:i via? Dizer que fm a tecnologia e 3!J<!~as le\ ar-nos 3 per. das recompensas. Ass im. concretamente no ·é 1 X
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· ~!l{ . d3 met3 ú,n d~ :\n-Jham sobre 0 sunn rqxntlíll' da t~rnol ogi_a ocidental). E. L. Jones e entre estados. dentro dos estados entre regiões. e~~t n~-as: dentro do ccntr0 eoropc:u lwlvia-0 -
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pnmcin , l na hi<tóri:i.. 3 e' pans.fo da produn\'1dade agncola ter abeno cammho para a A soltdanedade do sistema estava baseada em úlúma aná. li~ ~te fe~oo de
c'r.:in:sJo do rendimento real: desenvol v1menw des igual. ~ma vez que a complexidade de''" estratificação criava a , j.
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que g~rava s1multaneament': a turbulência subjacente que permitiu 0 descnrnh ,m:n~
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C'C'rc,;iis que pil\duziam er3 irnpressionm!c-. Contudo. as suas his!órias sociais são fábulas terríveis força de trabalho sustentavam os que produziam alimentos. que por seu turno sustentavam
de ciclo;. pwduthos sem uma ele vação persistente nos rendimentos reais da grande massa da os que prc~cfoziam outras ".1atérias~prim ~. que sustenta\'31Tl os que estavam empenhados
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O facto comum. nomeadamen1c nos impüios com agriculturas de irrigação, era o imenso poder de serviços produtivos toma-se mais complexa. uma vez que esta última categoria se vai
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3 hi5tór'i3. se-ria l~git irno concluir que estas burocracias procuraram e conseguiram manter num
escravos. que trabalhavam nas plantações de açúcar e em formas simples de operação mineira
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que implicavam uma escavação superficial do solo. Havia •servos•. que trabalhavam cm
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Os autores argumentam que. num tal sistema. o aumento da produção.bruta resulta neses» ligados a operações variadas com produtos agrícolas (incluindo cereais) destinados
simplesmente cm •. expansão estática• '"''. ou seja. num aumento da população suponável com ao mercado. e trabalhadores assalariados em algumas produções agricolas. Isto englobava
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O que é que na estrutura social da economia-mundo do século XVI permite explicar independentes. uns poucos de trabalhadores especializados - e uma estreita camada de classes
uma transfom1ação social de dibcnte natureza. que dificilmente pode ser considerada homeos- dirigentes. ocupadas cm supervisar grandes áreas. cm administrar impon:1ntes instituições da
táti ca? Sem dúvida que as burocracias do século XVI não tinham motivações muito diferen- ordem social, em alguma medida em promover o seu próprio lazer. Este último grupo incluía
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porque a economia- mundo es tava organi zad;J diferentemente dos impérios antigos. e de tal burocracia estatal).
- fom1a 4ue nela ex istiam pressões sociais de diferente espécie. Especificamente. podemos debru· Mesmo uma análise sumária revelará que estas categorias ocupacionais não estavam
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quentemen_te os tipos de oponunidades que elas forneceram à grande massa da população. no interior da economia-mundo em crescimento. Depois de algumas fal sas panidas. este quadro
Já ti vemos ocasião de indicar quai s as pressões que. em nosso entender, levaram à evoluiu rapidamente de uma classe escrava de origens africanas localizada no hemisfério
expansão da Europa. A expansão acarreta os se us próprios imperativos. A capacidade para ocidental para uma classe «Servil » dividida em dois segmentos: um. mais imponani.. na
uma expan, ão bem sucedida é uma função quer da capacidade de manter uma relativa soli· Europa Oriental e um outro. mais pequeno. de índios americanos no hemisft'rio ocidental.
dariedade social interr~a (função por seu turno dos mecanismos de distribuição de recompen· Os camponeses da Europa Ocidental e Meridional eram na sua maior pa_ne rendei ros. Os assa-
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long'.nquas (sendo_sobremaneira 1mponan1e que este seja tanto mais barato quanto mais do noroeste da Europa. As classes intermédias eram pan-europe1as na sua on_gem (mais os
longinquo for. dev ido aos custos de transponc). mestiços e os mulatos) e distribuíam-se geograficamente por todo este cenário. As classes

63 E L JooeseS J Wootf • ThcH 1SI R fA


65. Ver discussão em Frédéric Mauro. u XVI' si~cle rurO(lérn: asfW 1.f lcoM miqun (Paris: Prc.\SC'S Uni·
J
and Woolf eds Agranan Cha ·d E onc 0 e 0 graraan Change m Econom1c Developmen1 ~. m Jones ...
64 lh1;f . p. 2 ng~ an connm1c Dt\·~lopm~m (Londres: Mcrhuen. 1969). 1. O it.11.tco ~nosso. vcrsi1aire s de Francc, 1966 - Colltelion Nou\•cllc O io, 32}. 285-286.

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, o-europeias. mas creio poder demonstrar-se que despropor. produção, exigem ~m pequeno investimento cm &upervisáo. Foi principalmente 0 a 'car e'
dirigentes eram iambém ela~ PJ . mais tarde o algodao, que se prestou à reunião de tra balhador• , rfi çu . ·
cionadlmentc da Europa Ocidcnta1· . ·'o do trabalho - escrnvatura, «fcudalismoM irolo de supervi sores brutais""''. es °"°
qua ' icado\ sob o coo-
,- Porquê diferentes modos de organi~~-~do numa mesma época no seio da economia'. 0 c~l_t'.v<~ do -~çúca~ 'i.niciou-sc na~ ilha< mediterránicas. de~kx:oo-sc po:.teriormeme
1 1
trabalho a. salarfado. aum-emprcgo - cloe~ :' trabalho se ajusta melhor a tipos de produção para as 1llhas atlan11ca~ e_ dai atr~vc,~ou? Allántico cm direcção ao Brasil e à. /O{f Ociden-
-mundo' Porque cada modo de controo:; \onccntrados em zona~ diferentes da economia- 1ais. A escravatura seguiu o ª~,~car ' "· A med ida que M: de' loca,·a. a comptr;Í)'.âo éuiit:a da-
E rquc csta>arn estes m os 1 . d
porticulm:s. • po • ·udalisrno " na periferia. trabalho assa ana o e auto-emprego no classe esc~ava transfonnou-se '· Mas porque 'ão os africano. os no,·o~ cscra'oos? PC>! causa
-mundo - escravatura ~ fc arceria na semiperiferia? Porque as fonnas de controlo do lra- da exaustao da ofena de trabalhadore' indígena. da região das plantar;õe~. porque 3 Europa
precisava de uma fonte de t~balho de uma região razoavelmente bem povoada que fos1oe
rolho alectam sigmficati a:
c-cntro e: como i_remos_,e:,· Pente 0 sistema político (em particular a força_ do aparelho de
uma burl!uesia indígena prosperar. A economia-mundo estava
Estado) e as possibih~esressuposto d~ que realmente existiam estas t_rês z~nas e de q~e es~
acessível e rela11vamente próxima da região de uso. Mas teria de ser de uma regi.ã.o ex.t.erior à

precisamente baseada n p f de controlo do trabalho. Se assim nao fosse, nao tena 69. Eric Wolf :issinala qu~ a exploraçã? mineira rm ptqu~na r sca la e 0 cu l:ncJ d.a.o.r~ '"'" ~qWNl nca!a ' ·
possufam de facto diferentes ;n;;::o dos excedentes que permitiu que o sistema capilalista se revelavam am~~ _na~ econó micos por mot1\~0s tc:coo16ricos na Arr..tnc.a Ccr.tr•! e cr...c ~~!lou ccdet'l-"ll 0
sido possível a~segurar o llpo e · passo a empresa!'! c.r.apnal~stas de grande cscaJa. r\ o caM> da_c•pl~ mir.ein:. 0 av·a.!')Ç o ltrr.JCo fOl'i :t r.-.rod.AJ-3'.o
do processo ~e am í1~gama cm _ 1557. no qual a prata é e' n.rda do mulério com a aJudJ do memirJO ~ 'P'- requerU:
"visse 3 luz do dia. maqui~ria d1 spe ~d10sa. e~1almc_ntc de~ que com o no':º ~.euo ~ tomou re:nt.ivd .a e..::L~âo cm r.lZJOt'a
. fomias de controlo do trabalho e vejamos a sua relação com
1
P::_ssemos : re_".~~das Poderemos então ver como isso afecta a ascensão dos ele- profundidades. Na p;oduçao do açucar. fo1 o momho de tnturaçãO cm pa:nde o.ca.la. O'J eng,~r-~. que r.::Q~-11.i
igualmenlc uma ap l 1caçJo e~ ~ande escala. Requ isitos tecnoLóg"ic°' Miênacm tivcnm COOi.C<t~i.l... v.icrai\
produçao ~-~· p ucuv1 acee~os com a escravatura. A escravatura não era desconhe-
ªmemos si milares para a produção de md1go. Ver Som of tht ShaJ:i.nx Earr>i (Ch M::zgo. Iíl~.ot..i.: Ln~. of Oâan Pre!.J..
cap1i.u1stas. orne
cida na Europa me.dieval ,..,_ mas 0 seu papel era irrelevante quando _comparado com o que 1959). 177-1 80. .
70 . .-:O primeiro resultado da extensão d.a produção da cana-dc·açócu ã ~ladeira e às Cm:!ri4il 00 ~- k> .
viria a ter na economia-mundo europeia entre o século XVI e o s~culo XVIII. Uma das XV foi uma sevcrJ. concorrência.com os produtores europeus ex istt:ntes. Ela accnruou-ioe à ITl!°di1'.Ü que u ~
razões para este facto reside na anterior fraqueza militar europeia. Como Marc Bloch americanas começaram a produzir. Por volta de 1580. (... ) a indústria ~1.:r.,.4i moribuncb na StcíliJ... (_J Em 8~
a indústria definhava. L .) As pequenas indústrias de açúcar medievais do Sul de ft!JIL de: ~ta lu . da ?\.!areia.. de
afinnou: Rodes. de Creta e d e Chipre Iodas passaram por um declínio !>imilar e acabaram por de-\J.~ . ,
A experiência provou-0: de todas as formas de criação, a de gado humano é das mais difíceis. Tanto na Madeira como nas Canárias a produção de açücar envoJ, ia ou~ de L'ilbafraO ~''O úÔC""-!10.. ( _.) •
Este uso de escravos pode ter ajudado os habitantes das ilhas a \·ender a ~o mais tnUo cr.ie outros prod:n~l de' .
Pan a e!.Cravatura ser compensadora quando aplicada a empreendimentos de grande dimen-
açúcar europeus. mas a Madeira e as Canárias a S( U tempo sucumbiram rc!>pcctivamen.te a conconinci.a bn.sile.tn e
são. 1em que haver muita carne humana barata no mercado. Esta só pode ser obtida através da à das Índias Ocidentais. C...)
guern ou da pilhagem de escravos. Assim, uma sociedade dificilmente poderá basear a maior Nos trópicos americanos a história do açúcar e da cscr.warura esti. aind.3 ma.is i."'Uinumcn~ lipd:L De iod.l.s
pane da sua economia em seres humanos domesticados se não tiver à mão sociedades mais as cxponações agrico las tropicai s deste período. era a cana-Oe·a;úcar a que requeria m:li~ trab31ho mi."1U3..L espe-
cialmente para a colheita. A necess ickuk dum engenho na. proximidade dos cam~. p:ir.! o c;!.!CJ o trampon.e dJ a:u
fracas para derrotar ou pilhar ' 67 '. precisa de ser organizado a pouca..;; horas do cone. requeria ~la primeira vez o cstabclcc imcnco do sistema de pbn-
taçào. ( •.. ) Sem dúvida que a cana-de-aç úcar foi o principal rcsponsâsel pe ta es....'lil,arura ag.râria DOS ttópx"OS • .
Um modo de produção tão rudimentar só é rentável se o mercado for de tal modo grande
Mascfield. Camhridge Economic fliltory o/ Europe. IV. pp. 289 <!90.
que o pequeno lucro per capita seja compensado pelo elevado volume de produção. Foi por As ilhas como trampolim para a colonização trans:nlã.ntica não são um fe nómeno uclush':!.·nm.te ibtnro.
isw que a escravatura pôde flore scer no Império Romano e é também por isso que ela é fun- A. L. Rowse defende que a mesma coisa s,c d.1 na Europa sct(' ntriona.1 cm uês passos.: do Coru.inent: ~ J. Grã-
damentalmente uma instituição capitalista. relacionada com os estádios pré-industriais ini- - Bretanha. da GrJ-Bretanha para a Irlanda. e depois da Grl· Bn:l3nha pa.r:i a Améric:i do '."orte.
<toC fodem os considerar o po\·oamemo da América do ~one como uma C.1.tens:lo a.rra'"b do Ailbtiro do
ciais de uma economia-mundo capitalista '61l. processo, mil anos an1erior , do tempo da.." Volkerwanderwtgrn. pc-lo qual a Bretanh.J foi colonil!lds pelos contin-
Os escravos. no entanto, não são utilizáveis em empreendimentos de larga escala gentes an glo-saxó nicos originais.( ... )
sempre que é necessária perícia. Não se pode esperar que os escravos façam mais do que A unificação das ilhas [Grã-Bretanha e Irlanda) forneceu a base para.a gnndc in' e:stid:t atr.lvésdo Atlâ..'ltico.
o êxodo de grandes comingentcs para a América do ~fone, a rorta abcru pela qU3l os i.ubcli~ tinh..a..-n buda.<--~
aquilo a que são forçados. Uma vez que a perícia esteja em causa, é mais económico encon- Obse rve-se. o que aliás não tem sido feito pelos historiadon:s. que foram os q~ rruis profundamente c:sti,rmun liga·
trar métodos de controlo de trabalho alternativos. pois de outra fonna os baixos custos são dos à plantação e colonizaç ão da Irlanda meridional - Humphrey Gtlben. WJ.ltcr Raleigh. Rictwd Grrnvillc -
anulados por u_ma produtividade extremamente baixa. Os produtos que podem verdadeira- quem tomou a inic iativa principal de instalar a.'lõ primeiras colóni as na Virgínia. É como se a bl.ind.3 fos._{,,(: 3 ma.triz
da América•. Rowse, •Tudor E.xpansion: The Transition fmm Mcdic,·al to Modem HistOf)""· U'i!IJCm and Mary
mente ser consid~rados trabalho-intensivos são os que, porque requerem pouca perícia na sua Q11arrer/y, 3.' série. XIV.) Julho. 1957, )to. 315. •
71. .:A esc rava1ura e o tráfico de escravos tinh31Tl floresc ido no Med iterrâneo murto!! sf..culos ~-n~ de os ' " •
europeus se começarem a expandir para África. e o tráfico a1lântico que se dc~n ..·oh·eu du:ar.i!e o ~ k> X\' não foi
• ~· Ver Cliarles V~rtindcn. l ' E~rop~ midifrale, 2 vols. rBrugcs: De Tempcl. 1955). de modo algum um mero e aciden ial .subproduto da ck!>Coberu afric3na. (... )A mud.;inça ma1 1mpo.-t:inre. i do rrifico
'"lnventiom:.. ~l;xh, Cambrid?t' E~oruN111.c llmory of Europr , ], p. 247. Ver também Marc Bloch, • Mediaeval para consumo principalmente doméstico pan o tr:ílico predomin~1cmc~1 e desnnàdo às planta.;õcs e men-ados
coloniais, e stava já bem cm andamento antes da descobtna da Amém:a. ~o gcraJ . a cor do es.crl'º mudou chJ~u:
~ 6S. Â ~1:n~~~~~~:~n~~~:lt'\'~ Europ~ f~erieley: ~.Jniv . o.fCalifomia r>r:css. 1967), 180.
o sécu lo XV de branco para preto, e havi a uma tendência crescente para tratar~ cscrav~ m.x-JÇunente :onioobJC~-
Dcutsch. l~)- Pm um juíz.o concordant~m~is de vma é de Er:1c W1l~1ams. Capitalism and Sl~\'tf)' (Lon~s:
tos impessoais de comércio. em vez d(: indivíduos que trabalhavam .para farmlias ou qu~nta.s CC'lmo SCf' os domtsu -
P~tUamiu:,10 crírito. n." n . Abr. l%9, S)-61. recente, d . Scrgio Bagu. •la E.conomfa de la socicdad colorual•,
cos ou trabalhadores agricolas•. An1hony Luttrell, Th~ Tronsa1lant1c SW1•t Tradt. PP· . 8-79 .

92 93

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, o-europeias. mas creio poder demonstrar-se que despropor. produção, exigem ~m pequeno investimento cm &upervisáo. Foi principalmente 0 a 'car e'
dirigentes eram iambém ela~ PJ . mais tarde o algodao, que se prestou à reunião de tra balhador• , rfi çu . ·
cionadlmentc da Europa Ocidcnta1· . ·'o do trabalho - escrnvatura, «fcudalismoM irolo de supervi sores brutais""''. es °"°
qua ' icado\ sob o coo-
,- Porquê diferentes modos de organi~~-~do numa mesma época no seio da economia'. 0 c~l_t'.v<~ do -~çúca~ 'i.niciou-sc na~ ilha< mediterránicas. de~kx:oo-sc po:.teriormeme
1 1
trabalho a. salarfado. aum-emprcgo - cloe~ :' trabalho se ajusta melhor a tipos de produção para as 1llhas atlan11ca~ e_ dai atr~vc,~ou? Allántico cm direcção ao Brasil e à. /O{f Ociden-
-mundo' Porque cada modo de controo:; \onccntrados em zona~ diferentes da economia- 1ais. A escravatura seguiu o ª~,~car ' "· A med ida que M: de' loca,·a. a comptr;Í)'.âo éuiit:a da-
E rquc csta>arn estes m os 1 . d
porticulm:s. • po • ·udalisrno " na periferia. trabalho assa ana o e auto-emprego no classe esc~ava transfonnou-se '· Mas porque 'ão os africano. os no,·o~ cscra'oos? PC>! causa
-mundo - escravatura ~ fc arceria na semiperiferia? Porque as fonnas de controlo do lra- da exaustao da ofena de trabalhadore' indígena. da região das plantar;õe~. porque 3 Europa
precisava de uma fonte de t~balho de uma região razoavelmente bem povoada que fos1oe
rolho alectam sigmficati a:
c-cntro e: como i_remos_,e:,· Pente 0 sistema político (em particular a força_ do aparelho de
uma burl!uesia indígena prosperar. A economia-mundo estava
Estado) e as possibih~esressuposto d~ que realmente existiam estas t_rês z~nas e de q~e es~
acessível e rela11vamente próxima da região de uso. Mas teria de ser de uma regi.ã.o ex.t.erior à

precisamente baseada n p f de controlo do trabalho. Se assim nao fosse, nao tena 69. Eric Wolf :issinala qu~ a exploraçã? mineira rm ptqu~na r sca la e 0 cu l:ncJ d.a.o.r~ '"'" ~qWNl nca!a ' ·
possufam de facto diferentes ;n;;::o dos excedentes que permitiu que o sistema capilalista se revelavam am~~ _na~ econó micos por mot1\~0s tc:coo16ricos na Arr..tnc.a Ccr.tr•! e cr...c ~~!lou ccdet'l-"ll 0
sido possível a~segurar o llpo e · passo a empresa!'! c.r.apnal~stas de grande cscaJa. r\ o caM> da_c•pl~ mir.ein:. 0 av·a.!')Ç o ltrr.JCo fOl'i :t r.-.rod.AJ-3'.o
do processo ~e am í1~gama cm _ 1557. no qual a prata é e' n.rda do mulério com a aJudJ do memirJO ~ 'P'- requerU:
"visse 3 luz do dia. maqui~ria d1 spe ~d10sa. e~1almc_ntc de~ que com o no':º ~.euo ~ tomou re:nt.ivd .a e..::L~âo cm r.lZJOt'a
. fomias de controlo do trabalho e vejamos a sua relação com
1
P::_ssemos : re_".~~das Poderemos então ver como isso afecta a ascensão dos ele- profundidades. Na p;oduçao do açucar. fo1 o momho de tnturaçãO cm pa:nde o.ca.la. O'J eng,~r-~. que r.::Q~-11.i
igualmenlc uma ap l 1caçJo e~ ~ande escala. Requ isitos tecnoLóg"ic°' Miênacm tivcnm COOi.C<t~i.l... v.icrai\
produçao ~-~· p ucuv1 acee~os com a escravatura. A escravatura não era desconhe-
ªmemos si milares para a produção de md1go. Ver Som of tht ShaJ:i.nx Earr>i (Ch M::zgo. Iíl~.ot..i.: Ln~. of Oâan Pre!.J..
cap1i.u1stas. orne
cida na Europa me.dieval ,..,_ mas 0 seu papel era irrelevante quando _comparado com o que 1959). 177-1 80. .
70 . .-:O primeiro resultado da extensão d.a produção da cana-dc·açócu ã ~ladeira e às Cm:!ri4il 00 ~- k> .
viria a ter na economia-mundo europeia entre o século XVI e o s~culo XVIII. Uma das XV foi uma sevcrJ. concorrência.com os produtores europeus ex istt:ntes. Ela accnruou-ioe à ITl!°di1'.Ü que u ~
razões para este facto reside na anterior fraqueza militar europeia. Como Marc Bloch americanas começaram a produzir. Por volta de 1580. (... ) a indústria ~1.:r.,.4i moribuncb na StcíliJ... (_J Em 8~
a indústria definhava. L .) As pequenas indústrias de açúcar medievais do Sul de ft!JIL de: ~ta lu . da ?\.!areia.. de
afinnou: Rodes. de Creta e d e Chipre Iodas passaram por um declínio !>imilar e acabaram por de-\J.~ . ,
A experiência provou-0: de todas as formas de criação, a de gado humano é das mais difíceis. Tanto na Madeira como nas Canárias a produção de açücar envoJ, ia ou~ de L'ilbafraO ~''O úÔC""-!10.. ( _.) •
Este uso de escravos pode ter ajudado os habitantes das ilhas a \·ender a ~o mais tnUo cr.ie outros prod:n~l de' .
Pan a e!.Cravatura ser compensadora quando aplicada a empreendimentos de grande dimen-
açúcar europeus. mas a Madeira e as Canárias a S( U tempo sucumbiram rc!>pcctivamen.te a conconinci.a bn.sile.tn e
são. 1em que haver muita carne humana barata no mercado. Esta só pode ser obtida através da à das Índias Ocidentais. C...)
guern ou da pilhagem de escravos. Assim, uma sociedade dificilmente poderá basear a maior Nos trópicos americanos a história do açúcar e da cscr.warura esti. aind.3 ma.is i."'Uinumcn~ lipd:L De iod.l.s
pane da sua economia em seres humanos domesticados se não tiver à mão sociedades mais as cxponações agrico las tropicai s deste período. era a cana-Oe·a;úcar a que requeria m:li~ trab31ho mi."1U3..L espe-
cialmente para a colheita. A necess ickuk dum engenho na. proximidade dos cam~. p:ir.! o c;!.!CJ o trampon.e dJ a:u
fracas para derrotar ou pilhar ' 67 '. precisa de ser organizado a pouca..;; horas do cone. requeria ~la primeira vez o cstabclcc imcnco do sistema de pbn-
taçào. ( •.. ) Sem dúvida que a cana-de-aç úcar foi o principal rcsponsâsel pe ta es....'lil,arura ag.râria DOS ttópx"OS • .
Um modo de produção tão rudimentar só é rentável se o mercado for de tal modo grande
Mascfield. Camhridge Economic fliltory o/ Europe. IV. pp. 289 <!90.
que o pequeno lucro per capita seja compensado pelo elevado volume de produção. Foi por As ilhas como trampolim para a colonização trans:nlã.ntica não são um fe nómeno uclush':!.·nm.te ibtnro.
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damentalmente uma instituição capitalista. relacionada com os estádios pré-industriais ini- - Bretanha. da GrJ-Bretanha para a Irlanda. e depois da Grl· Bn:l3nha pa.r:i a Améric:i do '."orte.
<toC fodem os considerar o po\·oamemo da América do ~one como uma C.1.tens:lo a.rra'"b do Ailbtiro do
ciais de uma economia-mundo capitalista '61l. processo, mil anos an1erior , do tempo da.." Volkerwanderwtgrn. pc-lo qual a Bretanh.J foi colonil!lds pelos contin-
Os escravos. no entanto, não são utilizáveis em empreendimentos de larga escala gentes an glo-saxó nicos originais.( ... )
sempre que é necessária perícia. Não se pode esperar que os escravos façam mais do que A unificação das ilhas [Grã-Bretanha e Irlanda) forneceu a base para.a gnndc in' e:stid:t atr.lvésdo Atlâ..'ltico.
o êxodo de grandes comingentcs para a América do ~fone, a rorta abcru pela qU3l os i.ubcli~ tinh..a..-n buda.<--~
aquilo a que são forçados. Uma vez que a perícia esteja em causa, é mais económico encon- Obse rve-se. o que aliás não tem sido feito pelos historiadon:s. que foram os q~ rruis profundamente c:sti,rmun liga·
trar métodos de controlo de trabalho alternativos. pois de outra fonna os baixos custos são dos à plantação e colonizaç ão da Irlanda meridional - Humphrey Gtlben. WJ.ltcr Raleigh. Rictwd Grrnvillc -
anulados por u_ma produtividade extremamente baixa. Os produtos que podem verdadeira- quem tomou a inic iativa principal de instalar a.'lõ primeiras colóni as na Virgínia. É como se a bl.ind.3 fos._{,,(: 3 ma.triz
da América•. Rowse, •Tudor E.xpansion: The Transition fmm Mcdic,·al to Modem HistOf)""· U'i!IJCm and Mary
mente ser consid~rados trabalho-intensivos são os que, porque requerem pouca perícia na sua Q11arrer/y, 3.' série. XIV.) Julho. 1957, )to. 315. •
71. .:A esc rava1ura e o tráfico de escravos tinh31Tl floresc ido no Med iterrâneo murto!! sf..culos ~-n~ de os ' " •
europeus se começarem a expandir para África. e o tráfico a1lântico que se dc~n ..·oh·eu du:ar.i!e o ~ k> X\' não foi
• ~· Ver Cliarles V~rtindcn. l ' E~rop~ midifrale, 2 vols. rBrugcs: De Tempcl. 1955). de modo algum um mero e aciden ial .subproduto da ck!>Coberu afric3na. (... )A mud.;inça ma1 1mpo.-t:inre. i do rrifico
'"lnventiom:.. ~l;xh, Cambrid?t' E~oruN111.c llmory of Europr , ], p. 247. Ver também Marc Bloch, • Mediaeval para consumo principalmente doméstico pan o tr:ílico predomin~1cmc~1 e desnnàdo às planta.;õcs e men-ados
coloniais, e stava já bem cm andamento antes da descobtna da Amém:a. ~o gcraJ . a cor do es.crl'º mudou chJ~u:
~ 6S. Â ~1:n~~~~~~:~n~~~:lt'\'~ Europ~ f~erieley: ~.Jniv . o.fCalifomia r>r:css. 1967), 180.
o sécu lo XV de branco para preto, e havi a uma tendência crescente para tratar~ cscrav~ m.x-JÇunente :onioobJC~-
Dcutsch. l~)- Pm um juíz.o concordant~m~is de vma é de Er:1c W1l~1ams. Capitalism and Sl~\'tf)' (Lon~s:
tos impessoais de comércio. em vez d(: indivíduos que trabalhavam .para farmlias ou qu~nta.s CC'lmo SCf' os domtsu -
P~tUamiu:,10 crírito. n." n . Abr. l%9, S)-61. recente, d . Scrgio Bagu. •la E.conomfa de la socicdad colorual•,
cos ou trabalhadores agricolas•. An1hony Luttrell, Th~ Tronsa1lant1c SW1•t Tradt. PP· . 8-79 .

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, . mi·i uc n EurtJp•• se pudesse.: sentir desli gada d~s consequências :ifri ~ anos. embora ~rande, não era ilimitada. E porque a.~ ecomJtT1ia~ da supervi ~ão durna
.
ccono111~3 -rnundo." J: t_.~1
cconó1111cas para.1 rcg i.iof0
to ~c~dnra ik urna rcmoçao cm lnrg_a _c:scala de força _d e lrnbalho,
Z:. ª
população c~crava lllllfl:i t'. 11 (dado que o montanti: de trab-41ho e=avo não indlgena mun-
Oc idental pree nchia estes rcqu1 s1tos da me lhor fom1aP> 1• dialmente dt sponfvcl fazia com que esra fl,.,sc a únic.a outra J>fJ\~Íbilidade ra..w:h cl). dailil
na fom1a de escr.ivos. A ,\t ' . lc tmbalho é dara. As monoc ul!uras impostas nas a alta probabilidade de ocorrência de revol u~ . fazia com que ela não \·ale <e a pena. Este foi ·
' A e~ausfü> de ok~a_s a lt~mau;:ª~~.•: .n-;s 'pc:dologicamcntc e cm tcnnos de popul ação particularmente o caso desd; que a produção de ~rea i ~ . a cri ação de µdo e a mineraçilo
11
ilhas ut l~nt icas e meditcrr.imcas ' .''~'ª s : ~s s u~s ;,,ipula~:iies morriam (por exemplo, os guan-
1
1

o- .. . solo eram arruin.1 l º'· . . . '"' começa ram a req uerer um mvel de qual1ficação mai s eleva.do para 01 uab-:i1hadorei-. emprc·
humana . . 's< us . -) • . •r·iv·irn paw fu girem à pressãom •. As populações índias das gues nas operações bás icas do que o exigido pela produção de açúcar. POt" iJ...w . e e' trab;i -
<'hO · Ja, ilh as Canánas .' ~ '. ~.rm;ir;tc~nlmentc . A Nova Espanha (México) sofreu uma quebra
1
lhadores tinham que ser compensados por uma forma levemente menos cmer~ de controlo
ilhas dasCamib:is dcsa~:1 n_:ccr.t11c rns:~u de ce rca de 11 milhões cm 1519 para cerca de 1,5 do trabalho 177 '.
d':'m:it irn 11 ª s~:i r:,r~ ~~~~~. l6 íl~;sil e 0 Pcrn parecem ter sofrido um declínio igualmente
1

6 Uma vez que quer a «seg unda ~ervidão . na Europa Orienul q ~r a eric<Jmur.da na
, ~~.~~~:;o;,,~~~~du~is c~plic~ç&s imed iatas para este decl_ínio demográ~co parecem ter sido América Espanhola - note-se que simultaneamente - têm 5ido de ignadas por mui · pes-
a doença e os danos causados aos culli v~s índios pelos animais -~omésl1co_s _qu~ ~s- europeus soas como «fe udali smo », muita controvérs ia inútil se tem gerado no sentido de d~rmina.r
cria"am "º'· l\las a si mples ex;iustão da torça de trabalho. especialmen~c nas mmas, também se, e cm que medida, es tes sistemas são ou não comparáveis com o fcudali5mo •cl.:íssi • da
deve ter sido si"nifi caiiva. Conscquen1cmentc. num momento relativamente precoce, os Europa medieval. O debate desenrola -!.C essencialmente em tomo de se saber 5e a earn::-.eri~t•ca
e, p:inhllis e os ;,rtugucscs desi stiram de lentar recrnlar índios c_omo esc~avos no hemisfério definidora do feudali smo é a relação hierárquica de propriedade (a con ccs.~ de um feu do a
ocidental e começaram a depender exc lusivamente da 1mportaçao de africanos para as plan- um vassalo, a troca de protecção por rendas e serviços). a jurisdição polítiC3 ~ um !.enhor
laç<'Xs tr.iba lhadas por escravos. Presumivelmente. o custo de transporte não elevava ainda os sobre o seu campcsinato. ou a existência de grandes domínio, de terra sobre ~ qu J1~ um
custos a um ponto mai s alto do que o potencial custo de ev itar as fugas da população indígena camponês é por alguma fonna «constrangido» a rrabalhar durante pelo men uma p:m e do
rem:incscenie. Para além do mais. es ta úlrima estava a morrer rapidamente. se u ano em troca de alguma espécie de pagamento mínimo (seja na form a de dinheiro. e pf.cie
E. mesmo ass im. a escrava1ura não era utilizada em todo o lado. Não o era na Europa ou o direito de utilização da tcrr-.1 para a sua própria produção para uso ou venda )_Eób,·io que
Orien tal. que conheceu urna «Segunda serv idão». Não o era na Europa Ocidental, que conhe- todas as combinações são possíveis'"'· Além do mais. nào é só a forma ela obrigaç'"dO do
l' ce u no,·as fom1as de «renda » e a ascensão du trabalho assalariado. Não o era sequer em muitos subordinado parn com o superior que pode variar. mas também o próprio grau de ~ubord i ­
sectores da econom ia da Améri ca Espanhola onde, em vez de plantações esclavagistas, os nação. e, como salienta Dobb. «Uma mudança na primeira não está de forma algum:i sempre
espanhóis usavam um sistema conhecido por e11comie11da . E porque não se usava a escrava- ligada a uma mudança no último» 179 ' .
rura em toda a produção da América Espanhola? Provavelmente porque a oferta de escravos Do ponto de vista que aqui de senvolvemos. ex iste uma diferença fu ndamenr.al enm: o
feudalismo da Europa medieval e os «feudali smos» da Europa Oriental e da América Espa- -
72. Encontram-se provas confim1:ui \'as do facto de que os escrai.·os provêm de fora da nossa própriaecono- nhola do século XVI. No primeiro, o proprietário (o senhor) produzia primordialmente p:ira
mia·mundo no es1udo de Charles Vcrlim.len sobre Crer.a nos sécu los XIV e XV. Creia em então uma colónia VC'ne- a e.conomia local e retirava o seu poder da fraqueza da autoridade central. Os limite5 e-conó- .
z.i3n.a. st n•i~do como cen tro de uma agricultura \'i rada para o me.reado e como entreposto. Nest~ úllima qualidade
el:1 era um cuo pa_r:i o tr:ifüu dt: escravo-.. Os cscra vos eram trazidos dt! vária..:; panes da Europa de Sudcs11.:. da Rússia micos da sua pressão exploradota eram detem1inados pe la su:i necess idade de abastecer a _ u;i '
e do S~doestc da As1:J ítodas ó.n.~35 forJ da 1.·ntão cçonomia·mundo medi1err.lnica) para uso em Creta e noutra.'\ colónias casa com o limitado grau de lu xo imposto como socialmen te óptimo e pelos c u ~tos d:i guerra
VC'neuma.s e P~ revenda ao Egipto, Fran\':J meridional e Espanha ori ental. Ver ..:La Crête. débouché e t plaquc (que variavam ao longo do tempo). Nos últimos. o propri etário (senhor) produzi:i pl!ra uma
IOLimilOll."dc! l::i lr.i1lcdes c: sc la\CS 3U,t; x 1v~ e l xvc siC-clcs,. ,Suu/i ;,, OflOf tdi Amimore Fa11fani, lll: Medioe\'O (Milão:
Don. A . Giuffrt-Ed .. 1962). 59 1-6 19. economia-mundo cap italisla. Os limites económicos da sua pressão cxplor.1dora eram deter-
73 . Ver Araudcl. la Méditerranh-. 1. pp. l~ - 1~ 5. minados pelas curvas de oferta e procura de um mercado. Ele mantinh:i-se no pcxler m:iis peb
14 . Sherbum= F. Cook e Leslic Boyd Simp>on doc um entam uma queda de l I milhõe s cm t 5 l 9 no México
par.1 ct.rca de 6.5 mill~oes em 15~0. cerca de -1 ,5 milhões em J 565 e t·erca de 2 5 milhões em 1600 Ver The Popu-
força do que pela fraqueza da autoridade central. pelo menos pela sua força perJnte o trab:i.-
~~7~ 0{Ct!ntral .A.fe~icn in rlre Süu:cnth (t'f/fury. lbero-Amerkan~: 31 (Berkcl~y: Univ. of Califo~ia Press, 1948).
D • · ~· 4 3. 46. \\ ~row Bnrah arn:scema o númao de 15 milhões para 1650. Ver New Spain '.t Cen1uri,• of 77. Ver Gabriel Ardam ac.crca do elo entre n:quisiws de ca pJcidadC" e form.1s de ronuulC't do t;.iN.lho. n.a ·
-.... t>premnn. lbero-Am~n~ana : 35 (Berkelc)' : Uni v. ofCalifomia Prcss. 1951). 3. · sua discussão da elim inação gradual de restrições k pis: ..o A lóg ica dum i;i stcm:i que pc:-d1J ao ~r'\·o P3.t3 ~JJ'
à do Mé:<~~~]~~ ~~~:~:~~~:ª~";~i~~a~t°la~ão abo~!gen: do Brasil foi igualmenle drástica [comparati vamente mais e para organ izar 0 seu próprio programa de 1r.ibllho c0ndu1ia a um ~i su·ma d~ .p.lf? ~ ntos fixos e ~ ~10r
h:I ,·ime ano!<. <Ué hoje CI o; 8 ~J par e . d se:-ou qu~ 0 numero de pessoa\ consumidas ncsrc lugar (Bala) desde Ji bcraJização. ( .. .)Que a substituição de fXl!?-3fll~ nl O~ ~ m/1•.\ '11'1CCJ ! P:°r r:QU IS IÇ\\t°S p!.-~la .~U nlC".n tar a pn"'iidU ll'' l<1~t ·
da popul~ào numa .:~;,; idê ~i ~cae ~·'~'.~ d~ nao : ediiar". ~passa 3 fornece r números que revelam uma dcmtJição era concebido pelos própri os ~cnhores,. . Théon r son ("l/og1que dt I z_mr~'· l. PP· 46:"4 7. \ ('f t 311 ~ht"~ i hl~ · .~· 1. ·..

2
Am~nca (Londres e No,·a Iorque: Car.icb~~d~c:ª ~~iv. ~c~é'~~;~;· ;e~so Furtado. Economic Dnelopment of Lati11 78. Ver as discussões c:m Ru sh1on Coulboum. ed .. Femfa/i.i;m m /11 sl<1:.-· tPnr...""C'ton. '\ ,~\ :i JC'_rsc:~ · ~·n:c- .
~ara o Pcrú . ver Alvaro Jara: ... A d~\'astador~ em. d. . . . . - . .
lon Univ. Press, 1956). Ver Claudi.:-CahC"n, .. Au seu il lk la truis1Cme annfr: R~ tle.\lOns ~ur rus.:igc du ~1t 'irocL.a~11é • :
não c~i st1ssem as re ;;crva\ duma massa po 1 . d presa ~ ex ploraçao mineira ter-se-ia desmoronado caso l ournal of lhe Ecmrnm ic arui Sr•cial fli.unr.'' nf 11i~~ Orif1ff, Ili : Pt. 1. Abnl 1960. ~-:O: Dobb. St~u;e.s. fP'. . 3-37.
1
dec línio úa cur\'a ~cmográfica . •falruct!r~~ª~;na e. 11 ª. dc:nsadade. capaz de suponar durante alg um tempo o
ª Lcfebvre, La Prnsér . n.Q 65; Henryk Lowmiansii . .:Thc Russ tan PC"3S3ntr~ ... . Pa.cr ,,_<,. PuurJ. n. -6 ..No\ . _1 963 .
1
pancr~e~~~» . ·~ &1 -~~and;s l'Oits niaritimeJc:fa~~·~a~:~~J' m;!alida~e~ de tnltico en cl Pacífico Sur His- 102-109; Joshua Prawer e S. N. Eisensiadl, .,. feudali sm.... in / ntt.'r n<lrioflal Enndopr'!1a ~/ rlir Socwl Scunus
. t<mauoo~~- d::;~º~"' ~fantimc !Paris: S.E.V.PEI'\ .. 1965). 25r X\ -XIX
s1ecles. Vil' Colloque. Comission ln- <Nova Iorque: Mac Millan e Free Press. 1968). V. 393-W3: Gror~< Ve~ky. -~d:l.hsm_ m Russu•.rySr_cul~m .
XIV, 3, Julho t939, 300-323: Ma x Weber, Eco11om)· a11d St><·iny (foto'" · Bcdm.m~tcr Prc"-'- 1968). l. _ 5 25 .
. . arry. Tlie Agr n[Reco11naissa11cc (Nova Iorque: Mentor Books, 1963), 245-246.
79. Dobb. Srudirs. p. 66. "

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, . mi·i uc n EurtJp•• se pudesse.: sentir desli gada d~s consequências :ifri ~ anos. embora ~rande, não era ilimitada. E porque a.~ ecomJtT1ia~ da supervi ~ão durna
.
ccono111~3 -rnundo." J: t_.~1
cconó1111cas para.1 rcg i.iof0
to ~c~dnra ik urna rcmoçao cm lnrg_a _c:scala de força _d e lrnbalho,
Z:. ª
população c~crava lllllfl:i t'. 11 (dado que o montanti: de trab-41ho e=avo não indlgena mun-
Oc idental pree nchia estes rcqu1 s1tos da me lhor fom1aP> 1• dialmente dt sponfvcl fazia com que esra fl,.,sc a únic.a outra J>fJ\~Íbilidade ra..w:h cl). dailil
na fom1a de escr.ivos. A ,\t ' . lc tmbalho é dara. As monoc ul!uras impostas nas a alta probabilidade de ocorrência de revol u~ . fazia com que ela não \·ale <e a pena. Este foi ·
' A e~ausfü> de ok~a_s a lt~mau;:ª~~.•: .n-;s 'pc:dologicamcntc e cm tcnnos de popul ação particularmente o caso desd; que a produção de ~rea i ~ . a cri ação de µdo e a mineraçilo
11
ilhas ut l~nt icas e meditcrr.imcas ' .''~'ª s : ~s s u~s ;,,ipula~:iies morriam (por exemplo, os guan-
1
1

o- .. . solo eram arruin.1 l º'· . . . '"' começa ram a req uerer um mvel de qual1ficação mai s eleva.do para 01 uab-:i1hadorei-. emprc·
humana . . 's< us . -) • . •r·iv·irn paw fu girem à pressãom •. As populações índias das gues nas operações bás icas do que o exigido pela produção de açúcar. POt" iJ...w . e e' trab;i -
<'hO · Ja, ilh as Canánas .' ~ '. ~.rm;ir;tc~nlmentc . A Nova Espanha (México) sofreu uma quebra
1
lhadores tinham que ser compensados por uma forma levemente menos cmer~ de controlo
ilhas dasCamib:is dcsa~:1 n_:ccr.t11c rns:~u de ce rca de 11 milhões cm 1519 para cerca de 1,5 do trabalho 177 '.
d':'m:it irn 11 ª s~:i r:,r~ ~~~~~. l6 íl~;sil e 0 Pcrn parecem ter sofrido um declínio igualmente
1

6 Uma vez que quer a «seg unda ~ervidão . na Europa Orienul q ~r a eric<Jmur.da na
, ~~.~~~:;o;,,~~~~du~is c~plic~ç&s imed iatas para este decl_ínio demográ~co parecem ter sido América Espanhola - note-se que simultaneamente - têm 5ido de ignadas por mui · pes-
a doença e os danos causados aos culli v~s índios pelos animais -~omésl1co_s _qu~ ~s- europeus soas como «fe udali smo », muita controvérs ia inútil se tem gerado no sentido de d~rmina.r
cria"am "º'· l\las a si mples ex;iustão da torça de trabalho. especialmen~c nas mmas, também se, e cm que medida, es tes sistemas são ou não comparáveis com o fcudali5mo •cl.:íssi • da
deve ter sido si"nifi caiiva. Conscquen1cmentc. num momento relativamente precoce, os Europa medieval. O debate desenrola -!.C essencialmente em tomo de se saber 5e a earn::-.eri~t•ca
e, p:inhllis e os ;,rtugucscs desi stiram de lentar recrnlar índios c_omo esc~avos no hemisfério definidora do feudali smo é a relação hierárquica de propriedade (a con ccs.~ de um feu do a
ocidental e começaram a depender exc lusivamente da 1mportaçao de africanos para as plan- um vassalo, a troca de protecção por rendas e serviços). a jurisdição polítiC3 ~ um !.enhor
laç<'Xs tr.iba lhadas por escravos. Presumivelmente. o custo de transporte não elevava ainda os sobre o seu campcsinato. ou a existência de grandes domínio, de terra sobre ~ qu J1~ um
custos a um ponto mai s alto do que o potencial custo de ev itar as fugas da população indígena camponês é por alguma fonna «constrangido» a rrabalhar durante pelo men uma p:m e do
rem:incscenie. Para além do mais. es ta úlrima estava a morrer rapidamente. se u ano em troca de alguma espécie de pagamento mínimo (seja na form a de dinheiro. e pf.cie
E. mesmo ass im. a escrava1ura não era utilizada em todo o lado. Não o era na Europa ou o direito de utilização da tcrr-.1 para a sua própria produção para uso ou venda )_Eób,·io que
Orien tal. que conheceu urna «Segunda serv idão». Não o era na Europa Ocidental, que conhe- todas as combinações são possíveis'"'· Além do mais. nào é só a forma ela obrigaç'"dO do
l' ce u no,·as fom1as de «renda » e a ascensão du trabalho assalariado. Não o era sequer em muitos subordinado parn com o superior que pode variar. mas também o próprio grau de ~ubord i ­
sectores da econom ia da Améri ca Espanhola onde, em vez de plantações esclavagistas, os nação. e, como salienta Dobb. «Uma mudança na primeira não está de forma algum:i sempre
espanhóis usavam um sistema conhecido por e11comie11da . E porque não se usava a escrava- ligada a uma mudança no último» 179 ' .
rura em toda a produção da América Espanhola? Provavelmente porque a oferta de escravos Do ponto de vista que aqui de senvolvemos. ex iste uma diferença fu ndamenr.al enm: o
feudalismo da Europa medieval e os «feudali smos» da Europa Oriental e da América Espa- -
72. Encontram-se provas confim1:ui \'as do facto de que os escrai.·os provêm de fora da nossa própriaecono- nhola do século XVI. No primeiro, o proprietário (o senhor) produzia primordialmente p:ira
mia·mundo no es1udo de Charles Vcrlim.len sobre Crer.a nos sécu los XIV e XV. Creia em então uma colónia VC'ne- a e.conomia local e retirava o seu poder da fraqueza da autoridade central. Os limite5 e-conó- .
z.i3n.a. st n•i~do como cen tro de uma agricultura \'i rada para o me.reado e como entreposto. Nest~ úllima qualidade
el:1 era um cuo pa_r:i o tr:ifüu dt: escravo-.. Os cscra vos eram trazidos dt! vária..:; panes da Europa de Sudcs11.:. da Rússia micos da sua pressão exploradota eram detem1inados pe la su:i necess idade de abastecer a _ u;i '
e do S~doestc da As1:J ítodas ó.n.~35 forJ da 1.·ntão cçonomia·mundo medi1err.lnica) para uso em Creta e noutra.'\ colónias casa com o limitado grau de lu xo imposto como socialmen te óptimo e pelos c u ~tos d:i guerra
VC'neuma.s e P~ revenda ao Egipto, Fran\':J meridional e Espanha ori ental. Ver ..:La Crête. débouché e t plaquc (que variavam ao longo do tempo). Nos últimos. o propri etário (senhor) produzi:i pl!ra uma
IOLimilOll."dc! l::i lr.i1lcdes c: sc la\CS 3U,t; x 1v~ e l xvc siC-clcs,. ,Suu/i ;,, OflOf tdi Amimore Fa11fani, lll: Medioe\'O (Milão:
Don. A . Giuffrt-Ed .. 1962). 59 1-6 19. economia-mundo cap italisla. Os limites económicos da sua pressão cxplor.1dora eram deter-
73 . Ver Araudcl. la Méditerranh-. 1. pp. l~ - 1~ 5. minados pelas curvas de oferta e procura de um mercado. Ele mantinh:i-se no pcxler m:iis peb
14 . Sherbum= F. Cook e Leslic Boyd Simp>on doc um entam uma queda de l I milhõe s cm t 5 l 9 no México
par.1 ct.rca de 6.5 mill~oes em 15~0. cerca de -1 ,5 milhões em J 565 e t·erca de 2 5 milhões em 1600 Ver The Popu-
força do que pela fraqueza da autoridade central. pelo menos pela sua força perJnte o trab:i.-
~~7~ 0{Ct!ntral .A.fe~icn in rlre Süu:cnth (t'f/fury. lbero-Amerkan~: 31 (Berkcl~y: Univ. of Califo~ia Press, 1948).
D • · ~· 4 3. 46. \\ ~row Bnrah arn:scema o númao de 15 milhões para 1650. Ver New Spain '.t Cen1uri,• of 77. Ver Gabriel Ardam ac.crca do elo entre n:quisiws de ca pJcidadC" e form.1s de ronuulC't do t;.iN.lho. n.a ·
-.... t>premnn. lbero-Am~n~ana : 35 (Berkelc)' : Uni v. ofCalifomia Prcss. 1951). 3. · sua discussão da elim inação gradual de restrições k pis: ..o A lóg ica dum i;i stcm:i que pc:-d1J ao ~r'\·o P3.t3 ~JJ'
à do Mé:<~~~]~~ ~~~:~:~~~:ª~";~i~~a~t°la~ão abo~!gen: do Brasil foi igualmenle drástica [comparati vamente mais e para organ izar 0 seu próprio programa de 1r.ibllho c0ndu1ia a um ~i su·ma d~ .p.lf? ~ ntos fixos e ~ ~10r
h:I ,·ime ano!<. <Ué hoje CI o; 8 ~J par e . d se:-ou qu~ 0 numero de pessoa\ consumidas ncsrc lugar (Bala) desde Ji bcraJização. ( .. .)Que a substituição de fXl!?-3fll~ nl O~ ~ m/1•.\ '11'1CCJ ! P:°r r:QU IS IÇ\\t°S p!.-~la .~U nlC".n tar a pn"'iidU ll'' l<1~t ·
da popul~ào numa .:~;,; idê ~i ~cae ~·'~'.~ d~ nao : ediiar". ~passa 3 fornece r números que revelam uma dcmtJição era concebido pelos própri os ~cnhores,. . Théon r son ("l/og1que dt I z_mr~'· l. PP· 46:"4 7. \ ('f t 311 ~ht"~ i hl~ · .~· 1. ·..

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Am~nca (Londres e No,·a Iorque: Car.icb~~d~c:ª ~~iv. ~c~é'~~;~;· ;e~so Furtado. Economic Dnelopment of Lati11 78. Ver as discussões c:m Ru sh1on Coulboum. ed .. Femfa/i.i;m m /11 sl<1:.-· tPnr...""C'ton. '\ ,~\ :i JC'_rsc:~ · ~·n:c- .
~ara o Pcrú . ver Alvaro Jara: ... A d~\'astador~ em. d. . . . . - . .
lon Univ. Press, 1956). Ver Claudi.:-CahC"n, .. Au seu il lk la truis1Cme annfr: R~ tle.\lOns ~ur rus.:igc du ~1t 'irocL.a~11é • :
não c~i st1ssem as re ;;crva\ duma massa po 1 . d presa ~ ex ploraçao mineira ter-se-ia desmoronado caso l ournal of lhe Ecmrnm ic arui Sr•cial fli.unr.'' nf 11i~~ Orif1ff, Ili : Pt. 1. Abnl 1960. ~-:O: Dobb. St~u;e.s. fP'. . 3-37.
1
dec línio úa cur\'a ~cmográfica . •falruct!r~~ª~;na e. 11 ª. dc:nsadade. capaz de suponar durante alg um tempo o
ª Lcfebvre, La Prnsér . n.Q 65; Henryk Lowmiansii . .:Thc Russ tan PC"3S3ntr~ ... . Pa.cr ,,_<,. PuurJ. n. -6 ..No\ . _1 963 .
1
pancr~e~~~» . ·~ &1 -~~and;s l'Oits niaritimeJc:fa~~·~a~:~~J' m;!alida~e~ de tnltico en cl Pacífico Sur His- 102-109; Joshua Prawer e S. N. Eisensiadl, .,. feudali sm.... in / ntt.'r n<lrioflal Enndopr'!1a ~/ rlir Socwl Scunus
. t<mauoo~~- d::;~º~"' ~fantimc !Paris: S.E.V.PEI'\ .. 1965). 25r X\ -XIX
s1ecles. Vil' Colloque. Comission ln- <Nova Iorque: Mac Millan e Free Press. 1968). V. 393-W3: Gror~< Ve~ky. -~d:l.hsm_ m Russu•.rySr_cul~m .
XIV, 3, Julho t939, 300-323: Ma x Weber, Eco11om)· a11d St><·iny (foto'" · Bcdm.m~tcr Prc"-'- 1968). l. _ 5 25 .
. . arry. Tlie Agr n[Reco11naissa11cc (Nova Iorque: Mentor Books, 1963), 245-246.
79. Dobb. Srudirs. p. 66. "

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. . uer confusões. designaremos esta forma de ~<se~idão» pela · nomia-mundo europeia. Os aspectos cruciais, segundo a nossa perspectiva. têm duas verten-í 7.
lhador rural. Para evitar qu_aisq em roduções mercantis», embora esta sei a imperfeita e tes. Uma delas reside em ver-se que ~ trabalho coercivo em produções mercantis» não é, como ·
expressão «trabalho coercivo p
Pietro Vaccari afinna, «uma forma que possa ser definida como uma verdadeira reconstituição
grosseira. . od - mercantis» é um sistema de controlo do trabalho da servidão feudal anterior»'"'; ela é uma nova forma de organização social. Em segundo lugar,
r «Trabalho coercivo em pr uçoes es por meio de processos legais impostos pelo não se trata do caso de duas formas de organização social, capitalista e feudal. existirem lado
agrícola em que se exige aos campone:rt~ do seu tempo num grande domínio produzindo a lado, ou poderem alguma vez coexistir sob esta forma. A economia-mundo ou tem uma forma
E. d t balhem pelo menos uma P • . _
sta o. que ra mercado mundial. Normalmente, o dom1m~ era a «possessao» .de um ou tem a outra. Se esta é capitalista, as relações que possuem algumas semelhanças formais
produtos para venda no d _. _ do Estado mas não necessanarnente uma propnedade com as relações feudai s são necessariamente redefinidas segundo os princípios orientadores
0
indivíd_uo: ge ralmente por gi~n~~o podia ser ~le próprio 0 proprietário directo de um tal de um sistema capitalista""· Isto é verdadeiro tanto para a encomienda na América Espa-
transn11ss1vel por herança. . . st.a a tendência para transformar os mecanismos de controlo nhola como para o chamado «segundo feudalismo ~ na Europa Oriental. _
domínio mas neste caso exislla um
do trabaiho ''~'. Usando uma tal definição. esta forma de co~trolo do trabalho toma-.se a dol11i- A encomienda na América Espanhola foi uma criação directa da Coroa. A sua justifi-- ·
nante na rodução agrícola das áreas periféricas da economia-mundo europeia do_s:culo XVI. cação ideológica era a Cristianização. A sua função principal era fornecer a força de trabalho
'· H~nri H. Stahl toma perfeitamente clara a razão porque a «segunda ~erv1~~~» a leste necessária para as minas e para os ranchos de criação de gado, bem como para o cultivo da
do Elba (e mai s gene ricamente na Europa Ori~ntal) é «capitalista» na sua ~ngem . Alg~ns seda e dos produtos agrícolas necessários para os encomenderos e para os trabalhadores nas
outros autores reconhecem que aq uilo que designamos por «trnbalho _coercivo e_m produçoes cidades e nas minas"" · A e11comie11da era originalmente um privilégio feudal, o dire ito de
mercanti s" é uma fo rma de controlo do trabalho numa economia cap1tahsta e nao _numa eco- obter dos índios serviços em trabalho"'°'·
nomia feudal. Sergio Bagú. falando da América Espanhola. chama:lhe «capitahs~o :olo- Quando os exageros dos primeiros encomenderos ameaçou a oferta - por exemplo.-
os índios das ilhas das Índias Ocidentais morreram -um decreto real de 1549 modificou as
nial>""'· Lui gi Bul fe reui . falando da Lombardia do sé~_ulo X_Vll. des 1 ~na-a por «Cap1tahsmo
feudal •"''· Lui s Vitalc. fal ando dos latifúndios espanho1s . insi ste que sao «verdadeiras empre- obrigações da e11comie11da. que passaram de trabalho a tributos, transformando assim um sis-
tema aparentado com a escravatura num sistema a que pudemos chamar «trabalho coercivo
sas capitalistas••"''. Eric Wolf não vê qualquer contr:i~ição no facto de um senhor manter «Co~­
ein produções mercantis» . Como assinala Silvio Zavala, a nova versão da encomienda era
trol os patrimoniais dentro dos limites do seu dommio» e gen-lo «Como uma empresa cap1-
«livre• . mas a ameaça de coerção latente mantinha-se <91 '. Quando a «liberdade~ resultou numa
tali sta))m1.
Este padrão iniciara-se com os venezianos em Creta e em outros locais no século
XIV '"'' e generalizou-se durante o século XVI por toda a periferia e semiperiferia da eco- 87. Pielro Vaccari , .. J lavoratori della terra ncll'occidentc e ncll 'oriente dell'Europa nella età modema •, ~
Srudi in onorr di Arma11do Sapori (Milão: lstituto Edit. Cisalpino, 1957). 11; 969.
88. Henri S1ahl. U.s oncienne.s rnmnwnouris : etCada "época hi slórica" é caracleriza.da pela c.oc xisténcia.., .. "'
80. Ver a análi 5e de Charles Gibw n em que ele indica como as encomitndas que estavam directamcn1e numa única área cultural de vários países com níveis desiguais de desenvolvimento. Há sempre pa(ses na ponta do
sob jurisdição da Coroa e que eram geridas por homens chamad_os cnrreR~dorts cvoluiram do .que temos designadQ progresso e países atrasados. Uma ..época"' toma necessariam ente o carácter que lhe é imposto pelo~ pafscs mais
por tr:ibalho coerci,•o cm prod uçõe$ mercantis para um mecanis mo de tnbutação do campe mato no qual ?5 r~r­ avançados. Os país.c s que fi cam para irás têm de se submeter à lei da ··época" em causa (p. 17) ». _,
rt'gídore1 se tomavam de fac to arrendadores de impostos. The A:recs Under Span ish Rule (Stan ford. Cahforma: 89 ... o encomendem investia o tribulo cm empresa.11 de todas as espécies: minas. agricultura. pecuária. 1
S1anford Uni v. P re ~s. l 9M ). 82-97. indústria. comércio. Ma.'i os in ves1imentos eram mais concentrados. como se poderia e~ pcrar . na_.., explorações mineiras
li! 1. • Esta renovação da !<tef'•idào. que ocorreu ass im na Alemanha. não era um retomo ao anterior estado e, mais tarde, na pec uária•. José ~-1iranda. E/ tributo indíxena em la Nuera Espwía durantr e/ siglo XVI ( Mhico: EI
de coisas. nem 3 simples repetição. a Leste do Elba. de fonna.." medievai s ultrapassadas. As influências do mc~­ Colégio de Mé1dco, 1957). 186. Sobre a rel ação do tributo com a produção de sed a, \"er páginas 19 7- 20-t Sobre a
cado mundial capita lista. que tinha desencadeado "a ~gunda serv idão", impuseram nov as le is aos desenvolv1- relação do tributo com a sat isfação das necessidades da população não agrícola. ve r p~ginas 2~ - 223 .
me.n1os !'OCiais loca i'. 90 . .. Em princípio legal. a encomie11da era um agenle benigno da hi spaniJ..aç;lo do!. índios. A sua cara.e:· ·
Em pnme1ro lugar. era necessário a~segurar uma maior quantidade de produtos cerealíferos. Para que isso teristica essencial era a consignação ofi cial dt g ru pos de índios a co lonos espanhó is privilegiado!o.. Os don atári~.
f~sc po!!.s lvel. a 1écnica de Dreife/J.....·irt.K haft. que dat.ava da Alta Jdade Média, tinha de ser posta de lado em favor chamados l'nrnmtnJem.s, esta va m habi litados a receber tributos e trabalho da pane dos índios que lhes estavam
duma lfr nica ma1., mode rna introduzida pelos j unkers e ori~ inária da Holancb, a de Kopptlvi:irtschaft. que eles delegados. Os índios. embora sujeitos 3s ex igências de tributos e de trabalho durante o período declivo da concessão.
itdaptaram às 11ua' nl'.'CC-.\sid:tdes <a Preu.r n.lt ht> Schlag wirtK haft). eram considerad os li vres pela razão de não serem possuídos como propriedade pelos rnw mt•n<lrros . A sua libe r-
Em ~gundo lu gar. o objcctivo da produç ão agríco la de ixara de ~ r os bens de co nsumo para uma economia dade es tabelecia uma distinção legal enlre cncomienda e escravatura. ( ...) Uma concessão de enromitntla não con-
de sut». is1Cncia. para PJ.!.llar a c.c:r me rcadonas com preço no mercado mundia l. feria propriedade em terra. jurisd ição. domínio o u se1iorfo ... G ibson, Tht A;recs, p. 58 . Ver a descrição da juris -
Co mo rc,u hado. a~ e x acçõc~ íeudai ~ sobre o campesinato to maram o carácter de ··acumulação primitiva dição, d a condição sociat ·e eco nómica dos índ ios nas encomitndu.s . em J. M. Ots Ca pdcquí, E/ t.stado t spaiiol rn las
de capita l.... Henri H. S1ahl. l~s a11rn?1111e1 commtmautés 1·illaJwoi.tes roumaines - a.sstnissemtnt tt p l nl trution JndiaJ (MéA ico: Fondo de Cultura Económica. 1941 ). 24-33 . .
1
_capiralüte CBuca re~1c : Ed . de r A(:adémie! de La République Soc ialiste de Roumanie , 1969). 15. 91. ocO object ivo f...J era estabe lecer um !<.istema de trabalho assalariado \'Oluntán o com tarefas modera- -..
82. Ver HagU. Prnsamientn criticu. n io 27, pp. 34-35. 42-53, 61. da'i; mas antec ipando que os índios pudessem não oferece r os se us serviços volunwiamcn1c . a ordem iMtrufa
8'3. Ver Luigi liulfc rc111 , .. L·oro. la terra da socictà: une interpretazione dei nostro Scicento ... Archivin depoís as autoridades reais na co lón ia a enlrcgar trabalhadores ao!<. colo nos que precisassem deles. Dum ponto de
srnriro lomhardn, 8.' série , IV. 1953, ra uim. vista, esta ordem era dc slinada a evitar abusos que poderiam surg ir duma relação d irecta entre o patrão espanhol e o s
enc:omendero.s lndios para compelir os índios ao trabalho. No cn1anto, doutro ponto de vista. o seu significado rc~ide
l%9.
12 ~ · Luis Vitalc , .. ~pana antes Yde~pu( s de la conqui~ta de Americ.a.-, Ptruami~nro cr ftico. n.' 27. Abri l
no facto de que se o esforço em estabe lecer um sistema voluntário falhasse pela recusa dos índios em aceitar tra-
85. Wolf. Pra.<an/S, p. 54. balho, o Estado estava então pronto a actuar como mediador e a proteger o in1eresse púhl ico, compel indo o traba-
lhador ao trabalho• . Silvio Zavala, Ntw Vitwpoims nn tht SpaniJh Colonizarion of Amrrica (Fi ladt:lfla: Univ. of
~. 86 · ""ºfeudo era c~tcedido la.os venezianos ) com inteira liberdade de uso; pedia pon.anto ser rrocado OU
•l1enado, excepi:o a gregos e Judeus • . Abra1e , Economia t storia. IV. p. 262.

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. . uer confusões. designaremos esta forma de ~<se~idão» pela · nomia-mundo europeia. Os aspectos cruciais, segundo a nossa perspectiva. têm duas verten-í 7.
lhador rural. Para evitar qu_aisq em roduções mercantis», embora esta sei a imperfeita e tes. Uma delas reside em ver-se que ~ trabalho coercivo em produções mercantis» não é, como ·
expressão «trabalho coercivo p
Pietro Vaccari afinna, «uma forma que possa ser definida como uma verdadeira reconstituição
grosseira. . od - mercantis» é um sistema de controlo do trabalho da servidão feudal anterior»'"'; ela é uma nova forma de organização social. Em segundo lugar,
r «Trabalho coercivo em pr uçoes es por meio de processos legais impostos pelo não se trata do caso de duas formas de organização social, capitalista e feudal. existirem lado
agrícola em que se exige aos campone:rt~ do seu tempo num grande domínio produzindo a lado, ou poderem alguma vez coexistir sob esta forma. A economia-mundo ou tem uma forma
E. d t balhem pelo menos uma P • . _
sta o. que ra mercado mundial. Normalmente, o dom1m~ era a «possessao» .de um ou tem a outra. Se esta é capitalista, as relações que possuem algumas semelhanças formais
produtos para venda no d _. _ do Estado mas não necessanarnente uma propnedade com as relações feudai s são necessariamente redefinidas segundo os princípios orientadores
0
indivíd_uo: ge ralmente por gi~n~~o podia ser ~le próprio 0 proprietário directo de um tal de um sistema capitalista""· Isto é verdadeiro tanto para a encomienda na América Espa-
transn11ss1vel por herança. . . st.a a tendência para transformar os mecanismos de controlo nhola como para o chamado «segundo feudalismo ~ na Europa Oriental. _
domínio mas neste caso exislla um
do trabaiho ''~'. Usando uma tal definição. esta forma de co~trolo do trabalho toma-.se a dol11i- A encomienda na América Espanhola foi uma criação directa da Coroa. A sua justifi-- ·
nante na rodução agrícola das áreas periféricas da economia-mundo europeia do_s:culo XVI. cação ideológica era a Cristianização. A sua função principal era fornecer a força de trabalho
'· H~nri H. Stahl toma perfeitamente clara a razão porque a «segunda ~erv1~~~» a leste necessária para as minas e para os ranchos de criação de gado, bem como para o cultivo da
do Elba (e mai s gene ricamente na Europa Ori~ntal) é «capitalista» na sua ~ngem . Alg~ns seda e dos produtos agrícolas necessários para os encomenderos e para os trabalhadores nas
outros autores reconhecem que aq uilo que designamos por «trnbalho _coercivo e_m produçoes cidades e nas minas"" · A e11comie11da era originalmente um privilégio feudal, o dire ito de
mercanti s" é uma fo rma de controlo do trabalho numa economia cap1tahsta e nao _numa eco- obter dos índios serviços em trabalho"'°'·
nomia feudal. Sergio Bagú. falando da América Espanhola. chama:lhe «capitahs~o :olo- Quando os exageros dos primeiros encomenderos ameaçou a oferta - por exemplo.-
os índios das ilhas das Índias Ocidentais morreram -um decreto real de 1549 modificou as
nial>""'· Lui gi Bul fe reui . falando da Lombardia do sé~_ulo X_Vll. des 1 ~na-a por «Cap1tahsmo
feudal •"''· Lui s Vitalc. fal ando dos latifúndios espanho1s . insi ste que sao «verdadeiras empre- obrigações da e11comie11da. que passaram de trabalho a tributos, transformando assim um sis-
tema aparentado com a escravatura num sistema a que pudemos chamar «trabalho coercivo
sas capitalistas••"''. Eric Wolf não vê qualquer contr:i~ição no facto de um senhor manter «Co~­
ein produções mercantis» . Como assinala Silvio Zavala, a nova versão da encomienda era
trol os patrimoniais dentro dos limites do seu dommio» e gen-lo «Como uma empresa cap1-
«livre• . mas a ameaça de coerção latente mantinha-se <91 '. Quando a «liberdade~ resultou numa
tali sta))m1.
Este padrão iniciara-se com os venezianos em Creta e em outros locais no século
XIV '"'' e generalizou-se durante o século XVI por toda a periferia e semiperiferia da eco- 87. Pielro Vaccari , .. J lavoratori della terra ncll'occidentc e ncll 'oriente dell'Europa nella età modema •, ~
Srudi in onorr di Arma11do Sapori (Milão: lstituto Edit. Cisalpino, 1957). 11; 969.
88. Henri S1ahl. U.s oncienne.s rnmnwnouris : etCada "época hi slórica" é caracleriza.da pela c.oc xisténcia.., .. "'
80. Ver a análi 5e de Charles Gibw n em que ele indica como as encomitndas que estavam directamcn1e numa única área cultural de vários países com níveis desiguais de desenvolvimento. Há sempre pa(ses na ponta do
sob jurisdição da Coroa e que eram geridas por homens chamad_os cnrreR~dorts cvoluiram do .que temos designadQ progresso e países atrasados. Uma ..época"' toma necessariam ente o carácter que lhe é imposto pelo~ pafscs mais
por tr:ibalho coerci,•o cm prod uçõe$ mercantis para um mecanis mo de tnbutação do campe mato no qual ?5 r~r­ avançados. Os país.c s que fi cam para irás têm de se submeter à lei da ··época" em causa (p. 17) ». _,
rt'gídore1 se tomavam de fac to arrendadores de impostos. The A:recs Under Span ish Rule (Stan ford. Cahforma: 89 ... o encomendem investia o tribulo cm empresa.11 de todas as espécies: minas. agricultura. pecuária. 1
S1anford Uni v. P re ~s. l 9M ). 82-97. indústria. comércio. Ma.'i os in ves1imentos eram mais concentrados. como se poderia e~ pcrar . na_.., explorações mineiras
li! 1. • Esta renovação da !<tef'•idào. que ocorreu ass im na Alemanha. não era um retomo ao anterior estado e, mais tarde, na pec uária•. José ~-1iranda. E/ tributo indíxena em la Nuera Espwía durantr e/ siglo XVI ( Mhico: EI
de coisas. nem 3 simples repetição. a Leste do Elba. de fonna.." medievai s ultrapassadas. As influências do mc~­ Colégio de Mé1dco, 1957). 186. Sobre a rel ação do tributo com a produção de sed a, \"er páginas 19 7- 20-t Sobre a
cado mundial capita lista. que tinha desencadeado "a ~gunda serv idão", impuseram nov as le is aos desenvolv1- relação do tributo com a sat isfação das necessidades da população não agrícola. ve r p~ginas 2~ - 223 .
me.n1os !'OCiais loca i'. 90 . .. Em princípio legal. a encomie11da era um agenle benigno da hi spaniJ..aç;lo do!. índios. A sua cara.e:· ·
Em pnme1ro lugar. era necessário a~segurar uma maior quantidade de produtos cerealíferos. Para que isso teristica essencial era a consignação ofi cial dt g ru pos de índios a co lonos espanhó is privilegiado!o.. Os don atári~.
f~sc po!!.s lvel. a 1écnica de Dreife/J.....·irt.K haft. que dat.ava da Alta Jdade Média, tinha de ser posta de lado em favor chamados l'nrnmtnJem.s, esta va m habi litados a receber tributos e trabalho da pane dos índios que lhes estavam
duma lfr nica ma1., mode rna introduzida pelos j unkers e ori~ inária da Holancb, a de Kopptlvi:irtschaft. que eles delegados. Os índios. embora sujeitos 3s ex igências de tributos e de trabalho durante o período declivo da concessão.
itdaptaram às 11ua' nl'.'CC-.\sid:tdes <a Preu.r n.lt ht> Schlag wirtK haft). eram considerad os li vres pela razão de não serem possuídos como propriedade pelos rnw mt•n<lrros . A sua libe r-
Em ~gundo lu gar. o objcctivo da produç ão agríco la de ixara de ~ r os bens de co nsumo para uma economia dade es tabelecia uma distinção legal enlre cncomienda e escravatura. ( ...) Uma concessão de enromitntla não con-
de sut». is1Cncia. para PJ.!.llar a c.c:r me rcadonas com preço no mercado mundia l. feria propriedade em terra. jurisd ição. domínio o u se1iorfo ... G ibson, Tht A;recs, p. 58 . Ver a descrição da juris -
Co mo rc,u hado. a~ e x acçõc~ íeudai ~ sobre o campesinato to maram o carácter de ··acumulação primitiva dição, d a condição sociat ·e eco nómica dos índ ios nas encomitndu.s . em J. M. Ots Ca pdcquí, E/ t.stado t spaiiol rn las
de capita l.... Henri H. S1ahl. l~s a11rn?1111e1 commtmautés 1·illaJwoi.tes roumaines - a.sstnissemtnt tt p l nl trution JndiaJ (MéA ico: Fondo de Cultura Económica. 1941 ). 24-33 . .
1
_capiralüte CBuca re~1c : Ed . de r A(:adémie! de La République Soc ialiste de Roumanie , 1969). 15. 91. ocO object ivo f...J era estabe lecer um !<.istema de trabalho assalariado \'Oluntán o com tarefas modera- -..
82. Ver HagU. Prnsamientn criticu. n io 27, pp. 34-35. 42-53, 61. da'i; mas antec ipando que os índios pudessem não oferece r os se us serviços volunwiamcn1c . a ordem iMtrufa
8'3. Ver Luigi liulfc rc111 , .. L·oro. la terra da socictà: une interpretazione dei nostro Scicento ... Archivin depoís as autoridades reais na co lón ia a enlrcgar trabalhadores ao!<. colo nos que precisassem deles. Dum ponto de
srnriro lomhardn, 8.' série , IV. 1953, ra uim. vista, esta ordem era dc slinada a evitar abusos que poderiam surg ir duma relação d irecta entre o patrão espanhol e o s
enc:omendero.s lndios para compelir os índios ao trabalho. No cn1anto, doutro ponto de vista. o seu significado rc~ide
l%9.
12 ~ · Luis Vitalc , .. ~pana antes Yde~pu( s de la conqui~ta de Americ.a.-, Ptruami~nro cr ftico. n.' 27. Abri l
no facto de que se o esforço em estabe lecer um sistema voluntário falhasse pela recusa dos índios em aceitar tra-
85. Wolf. Pra.<an/S, p. 54. balho, o Estado estava então pronto a actuar como mediador e a proteger o in1eresse púhl ico, compel indo o traba-
lhador ao trabalho• . Silvio Zavala, Ntw Vitwpoims nn tht SpaniJh Colonizarion of Amrrica (Fi ladt:lfla: Univ. of
~. 86 · ""ºfeudo era c~tcedido la.os venezianos ) com inteira liberdade de uso; pedia pon.anto ser rrocado OU
•l1enado, excepi:o a gregos e Judeus • . Abra1e , Economia t storia. IV. p. 262.

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. . • . Ih deu-se uma outra mudança legal , a _instituição ~o
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queda signi fica ttva da oferta Lk .t:ab.t · r nwtcqm? na Nova Espanha e por mira no Pe ru''-'. quando percebemos como eram de facto pagos os 1rabalhadores. Alvaro Ja ra de~creve o sis-
trabalho assalariado forçado, dcsi gna~o ~dadc ue 3 encomienda-na América Espanhola (bem 1ema es1abelcc1do cm 1559, ral_como ele funcionava no Chile. Aí. 0 5 índios que trabalha-
,- Consequentemente· embora scp . _ . q . •em cm concessões feudais, cedo se trans- vam na lavagem do o uro !ccebiam um sex to do seu valor. Este pagamento. des ignado por
como a tlmrawria no Brasil) possa ter udo ,1 , ua on g . capitalistas'""· Isto parece confirmado sesmo. e ra conludo fe110 nao aos índios indiv idualme nte ma\ à colcctividade de que eles eram
fonnaram. por meio de rdom1as k gats. :, empc~;;;tcr centrífugo de um sistema feudal que
1971
membros • Podem imaginar-se as form as de divisão desigual que eram consequência deste
0
pelo facto _de 4 uc foi prec i samc~te :.~:< ~'. ir • sis1ema de pagamento global.
' o c11a1rq111/ e a m1w for.1.111 m,1P~.111t s~u ca ital e na coerção sobre o trabalho campones que A fomia?ão do sistema de «trabalho coerci vo em produções mercantis" na Europa
ão era apena> 11.1 cn.tçao do · ph . atrás de si Eles tinham normalmente acordos Oriental foi mais gradual do que na América Espanhola, onde tinha sido instituído como
1
os !!randes proprietários ti nham c~:~;~~~a ~~ qu~ est~ ~dicionava a s ua autoridade à dos
3
resultado da conquista. Nos séculos XII e XIII , a ma ior pa11e da Europa O riental (is10 é. a
com o ~hcf: 1r~d 1c 1onal da c;:~~"° de coerção''"· A força da chefatura era: é claro, em grande região a leste do Elba, a Polónia, a Boémia, a Silésia, a Hungria. a Li1uánia) passava pelo
govem:mte> coloma1s n:•se p . l . . """ O interesse do chefe ou cacique toma-se claro mesmo processo de concessões crescentes ao campesinato e de transformação acelerada de
escala. função de padroes pre-co a mais . obrigações 'em trabalho fe udais em obrigações monelárias que se observou na Europa O l'i -
denta l e Iam bém na Rússia '98 '. Este processo deu-se em todo o lado pelas mesmas razões: o
. lãs · ÚJ tncomienda indiana (Madrid: Ce ntro de Esrndios
?-l.
Penni;yh·an ia Pn:ss . 19-' 31. Ve r també md 0 ~e u e b s ic~<;tc as sunto e m Jo hn f. B a nnon. cd .• /r1dia11 Labor i n 1/ie impacto da pros peridade e da expansão económica sobre a re lação de regaleio e ntre o servo e
Hi.storicos. '·9351 ..~er o con1unm de ponl~\; vl~~~:~1 r~li~. Indiana: Heath . 1966).
Spamsh ·;'"''°
b~d1t's: u.. aJ The~r Anoth rr
Ver ta~\bém Ah ~ro J ~r~ .so re/ "
. .
n~·~miendu ~o Chile: nativo era conslrangido a pa.n1c1par num s1 s-

à Es anha um excedente que ultrapassava cons1de ravcl mcn1c as
. o senhor ""». A recessão dos séculos XIV e XV, contudo , conduziu a co nsequênci as opo tas
na Europa Ocide ntal e na Europa Oriental. No Ocidenle, como vi mos. ela levou à cri se do sis-
iem:i de produçao "º. quJ I se e~1g 1a que dom.~cesscG r~e et Sociét( au Clzili: Essai de sodolo.~ie coloniale (Paris: tema feuda!. No Oriente, levou a uma «reacção senhori al" " 'x" que culminou no século XV I
suas própril.S ncccss 1dad~s . que eram rc UZI ~·· ur com a «segunda serv idão» e uma no\'O classe proprietária "º"·
Institui dcs H:rn1cs Études de I' AmC riquc La1 me. 196 1). 46 .
~~· ~;3 ~~~;~'o\~::'o\:~~~~'~/B::~.
3
Ver Pe11samiento crírico. n.9 27. pp. 32-33. O equivalente no Brasil à
aboli !lo da. scrviJi o pess~a l na ~ ncomicndtJ pe la Coroa espan hola en: 15-l9 foi o processo ~lo .qual a Coroa ponu~ 97. • A panirdo decreto da Ta sa de Santillan em 1559. quc atribu la um sex to dos pláctres de ouro. o 1nmo . ••
ucs; ehmi~ou as capiwnias hereditárias. tran sformando-as cm capitanias da .C<~r~ . A p~me1ra destas acç~s foi aos índios de cada encomin1da co mo paga an ual pelos seus trabalhos, foi possivc l estabe lecer-se que ui p:utki ·
~c ita no mesmi'\s imo ano de 15.-l9. Ve r J. Capristanp de Ab reu. Capítulos de l11stona colomal ( 1500-1800) (Rio de paçào adqu iria a carac terísti ca defi:niti va d um salário soc i:il ou com unal, q ue entrava como quantiJ globalmente
Jane iro: Ed. da Soe. Capri stano de Abreu. T ip. Leuzi nger. 1928). 63-76. . . entregue no teso uro de cada comunidade ou aldeia índia .. . Alvaro Jara, .. u na investipción so~ los problemas dei
9.-l. Luis Vitale a.rgumenrn : .. ouran1c os primei ros anos d~ c~nqu 1sta os ~ncomn1de1 0.'i tentaram afirmar a trabajo en Chile d uran te e l período co lonial* . Hispanic American llistorical Rnirv.-. XXXLX, 2. Maio 1959. 2.$0.
sua independênc ia. ,\ CoroJ espanhola. ansiosa de evi1 ar a cmergcncta na Aménca de um ~rui:'° de senh~res que 98. A lgumas áreas . propriamente fa lando. não tiveram de 1000 um sistema fe udal durarue a 1d.3de Médii ,
pudesse cvc:nl u:ilmeme repudiar a sua auloridade. montou uma admini stração fort e. com o ob~ect~vo de reagi.~ c~nt~ Conhece ram apenas o ocscgundo,.. nunca o primdro feuda lismo . Stahl defende q ue is10 se aplica à ~lold.hia e à
qualquer irrupção fe ud.J.J. ' ... )o t!na>mt'ridt•ro ~ão erJ o patrJo dos índ ios. ~em podia exe_rce r JU~llça . ~r~ue o md10 Valáqu ia. Ve r Lcs ar1d cn11eJ nmm11111tJ111és . pp. 2~ 1- 2~ .
nl o era 0 .;:crvo do e'1comendt•ro. mas o súbd ito do rei". Assim. a enconuendu de sen· 1 ço~ f~1 subst11~1da J>:C'ª t n- 99. «As riquc1.as natu ra is da Europa Oriental ( ...) req ueriam muito esforço para se Lirar pron ito delas. Um, ·
rnmitnda de tr iboios monetários. ( ... ) O 1rabalhado r assalari ado significav a uma relação eap1ta l1Sta embnonária entre ce rto equilíbri o de pOOe r entre os es1ad9s q ue ~ ti nham formado nos séculos Xll e XIII queria dizer que as in..-asões
as ct a~scs . C' . fo m1 ;1 \' :l uma nova d asse d~ 1raba lhadores1t. Latin America. PP· 37-38: . rec íprocas não podiam rrazcr ganhos sig nifi cati vos para ninguém. E a press.io alemã na Boémia e n3 Po lóm.:i consti·
Ver Jo~ê Miranda : .. Q t•tiromt• 11 Jero é. ante s do mai s . mo vido por um desejo de lu~ ro: e ennqu ece~ f o se u lu fam uma a meaça muito séria . Nestas cin; un stãncias. os prínc ipes. a aristocracia llica e ec les iástica. enm forçados
objccti\'o. Para º" seus contemporâneos. o encome11dero é o homem de acção n? qual as ide ias. e ? s descJOS dui:i a interess ar-se ma is no desenvolvimen10 dos seus pró pri os recursos. Contudo. isso só era passivei com a cooperação
novo mundú se refl cc1em mais fo rtemente. Ek é muito difcren1e do ho mem medie val. ( ...) Não lt mna as suas aspi- dos camponeses. Enquanto as obri gações dos camponeses foSM:m incen as e estes ti v('~s,em rece io dC' ~ r des pojados
rações. como fa1 ia o 'iii:nhor feu dal. ao mero gozo de 1ribu1os e se rviços. ma.-. conv ene-~s n~ fu ndame nto de ganhos da sua produção e ~cede nrária . ne nhu m interesse linham em melhorar os ~ u~ mt todos de- trabalho . Os ~ nhores. por
múl11plos. ( ... ) Assi m. o encnn:endero dá a primazi a ao ckmen10 de recrutamento ca~11ahs1a de trabalh? na t nco- outro lado, não estavam em posição de aume ntar as suas exigênc ias sobre os sen ·os. poi s e stes pod iam facil mente
mitnda. que ê o Unico que pode conduzi-lo ao objeclivo que perseg: ue com ardor - a nq ucza •. • La fu nc16n ec~nó­ debandar. Os principcs e os se nhores que q ui!-c sscm desen"olver econo micame-nte as suas propriedades c-ram assim
mica dei encomendem en lo~ or ígenc:~. dei rcgimén colon ial. Nueva Esp3fla (15 25- 153 1).o. Ana fes dt l l nsm utn compe li dos a e ncorajar os se us súbdi tos a traba lhar mais in 1en..,i \'amenh.~ e a introduzir nm·os rnttodos. panicularme:nte
Nacional dr Attthropologia t• Hisroria . ll. 19.-l l - 19-l6. -l 23-424. Um capi1a li s1a e1!' perspccti~as e modo de o perar. em li gação com a agricu ltura. Consegui ram -no com a imruduçio do cos1umc ale mio. o u ames. ocu:kno.l. s.egundo
mas n!i.o. como indic:i Mirand;1 {ve r pp. 43 1-44-11. um capitalista que injecte cap11 al fi nance iro na empre sa. O seu o qua l o s de vcre~ dos campone ses eram não só regu lados m:is també m red uzidos. A co mu1Jç.ão de 'iC f'\' ÍÇOS e prcs-
capital inicial erJ o que o Estado lhe dava. e o seu cap ital supleme ntar o q ue extraía dos seus lucros. lações em espéc ie por re ndas monetári as. começada na IlO( m ia cm começos do s(cul o Xlll e c ntr.1d.:I. cm ,·igo r um
95. Fernando Gu illên Mart inez vai ao pomo de d izer: .. Q facto é que a "e11comie11da " e a "mita" podiam pouco m ais larde na Polón ia. reflectiam já o desenvolvimento da agricultllf3 e o progresso da d iYisão soci al do tra-
a~na~ sobrcvi \·er como in.;:1i1 uições naque las áre:is em que. por força dos números o u por força de inércia, as insti- balho ••. M. Ma lo wist, .-lne Social and Economic Stabi lity of lhe Westem Sudan in the Middle Age s•. Pas r d: Prt·
tuições mbais fosst"m preS< f'\.'Jdas. Se ho u,·esse uma afinidade m:'.i gica da chefia (caciq11e) e a escravatu ra colectiva sem, n.1> 33, Abri l 1966 . 1-1-- 15 . Ve r Jeromc Bium . · Rise of Serfdorn in Ea.stem Europc • . Amtriran H ürorical
est i \·e~S( na alma do povo. o índio ia sole ne e res ignadamente para o tr:ibalho e para a sua própria chac ina. Mas R"'ie"" LX ll , 4. Julho t957. 807 -836.
quando a cvang.diLaçào cris1ã e a mestiçagem desin1cgrarJm a tribo. abrindo cami nho ao individ uali smo. o índio 100. O GnmdJ/ierr . um colcc1or de rendas, tomou-se um Gmsherr. um produ1or d irec10. \'er d1scustlo cm- ...
nOO mais se de ixa.ria subordinar a uma S<: r.-ictlo organi zada ... Rai: y fu turo dt la re rn fo rión (Bogotá: Ed. Tercc r Hans Rose nberg. 8 11remu:racy. Aristocra cy and AutocracJ : The Prussian Expt'rienu. J000- 1815 (Cambrid e:e.
_Mundo. 19631. 80. Sobre a dc:-fin ição e a o rigem da .. mi l a .. . ver ÜL~ Capdequí. EI estado espaiiol. pp. J 1-32. l\'tassachuse ns : Harvard Univ. Pre ss. 1966), Cap . 1. Ver a disc ussão a rcspci10 de como na Eslm ·ênb os no~s
96. Fun ado. Eco'1nmic Dl'\'elopmenl of Lorin America . de fe nde que. de fac to. onde a classe dom inante ve nce ram as suas dificul dades fi nance iras a largando os se us dominios. le vantando rendas que lhes era m de-v idas e
tradicion:il era frac a. "' ª tncomi~nda reve lava-se ineficaz como fo nna de o rgan iução social e o t ncomendero recor- apropriando-se do comé rcio. c m Ferdo Gestrin . .- Economie et soc iét~ cn S lo,·énie au XVl c siCclc•. Anr1afes E.S.C .•
ria a form3s mais di~ta.s de esc rav31ur.i. forçando os ho mens a fornecer tr::J.balho intensivo cm condições mu ito XVII , 4, Julho-Agosio 1962. 665.
difercn1es daque las a que tinh3m estado acostumados. Este sistema resulta,·a num r.ipido esgotamento da população 101. ... A Élbia do Leste coloniaJ tinha (an les do sêculo XV l] os seus j unttrs indh· idua ~. mas ndo uma
lpp. 1(). 111 •. c lasse junktr. excepto no e.aso dos Cavaleiros Teu tónicos. A formação duma classe de se,ahores nobres muito fechada.
e com grancle.s ambições políticas e sociais. usufruindo de solidez e consciê.nc ia de cl3SSC, dumis vonr3dc colectiva

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. . • . Ih deu-se uma outra mudança legal , a _instituição ~o
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queda signi fica ttva da oferta Lk .t:ab.t · r nwtcqm? na Nova Espanha e por mira no Pe ru''-'. quando percebemos como eram de facto pagos os 1rabalhadores. Alvaro Ja ra de~creve o sis-
trabalho assalariado forçado, dcsi gna~o ~dadc ue 3 encomienda-na América Espanhola (bem 1ema es1abelcc1do cm 1559, ral_como ele funcionava no Chile. Aí. 0 5 índios que trabalha-
,- Consequentemente· embora scp . _ . q . •em cm concessões feudais, cedo se trans- vam na lavagem do o uro !ccebiam um sex to do seu valor. Este pagamento. des ignado por
como a tlmrawria no Brasil) possa ter udo ,1 , ua on g . capitalistas'""· Isto parece confirmado sesmo. e ra conludo fe110 nao aos índios indiv idualme nte ma\ à colcctividade de que eles eram
fonnaram. por meio de rdom1as k gats. :, empc~;;;tcr centrífugo de um sistema feudal que
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membros • Podem imaginar-se as form as de divisão desigual que eram consequência deste
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pelo facto _de 4 uc foi prec i samc~te :.~:< ~'. ir • sis1ema de pagamento global.
' o c11a1rq111/ e a m1w for.1.111 m,1P~.111t s~u ca ital e na coerção sobre o trabalho campones que A fomia?ão do sistema de «trabalho coerci vo em produções mercantis" na Europa
ão era apena> 11.1 cn.tçao do · ph . atrás de si Eles tinham normalmente acordos Oriental foi mais gradual do que na América Espanhola, onde tinha sido instituído como
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os !!randes proprietários ti nham c~:~;~~~a ~~ qu~ est~ ~dicionava a s ua autoridade à dos
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resultado da conquista. Nos séculos XII e XIII , a ma ior pa11e da Europa O riental (is10 é. a
com o ~hcf: 1r~d 1c 1onal da c;:~~"° de coerção''"· A força da chefatura era: é claro, em grande região a leste do Elba, a Polónia, a Boémia, a Silésia, a Hungria. a Li1uánia) passava pelo
govem:mte> coloma1s n:•se p . l . . """ O interesse do chefe ou cacique toma-se claro mesmo processo de concessões crescentes ao campesinato e de transformação acelerada de
escala. função de padroes pre-co a mais . obrigações 'em trabalho fe udais em obrigações monelárias que se observou na Europa O l'i -
denta l e Iam bém na Rússia '98 '. Este processo deu-se em todo o lado pelas mesmas razões: o
. lãs · ÚJ tncomienda indiana (Madrid: Ce ntro de Esrndios
?-l.
Penni;yh·an ia Pn:ss . 19-' 31. Ve r també md 0 ~e u e b s ic~<;tc as sunto e m Jo hn f. B a nnon. cd .• /r1dia11 Labor i n 1/ie impacto da pros peridade e da expansão económica sobre a re lação de regaleio e ntre o servo e
Hi.storicos. '·9351 ..~er o con1unm de ponl~\; vl~~~:~1 r~li~. Indiana: Heath . 1966).
Spamsh ·;'"''°
b~d1t's: u.. aJ The~r Anoth rr
Ver ta~\bém Ah ~ro J ~r~ .so re/ "
. .
n~·~miendu ~o Chile: nativo era conslrangido a pa.n1c1par num s1 s-

à Es anha um excedente que ultrapassava cons1de ravcl mcn1c as
. o senhor ""». A recessão dos séculos XIV e XV, contudo , conduziu a co nsequênci as opo tas
na Europa Ocide ntal e na Europa Oriental. No Ocidenle, como vi mos. ela levou à cri se do sis-
iem:i de produçao "º. quJ I se e~1g 1a que dom.~cesscG r~e et Sociét( au Clzili: Essai de sodolo.~ie coloniale (Paris: tema feuda!. No Oriente, levou a uma «reacção senhori al" " 'x" que culminou no século XV I
suas própril.S ncccss 1dad~s . que eram rc UZI ~·· ur com a «segunda serv idão» e uma no\'O classe proprietária "º"·
Institui dcs H:rn1cs Études de I' AmC riquc La1 me. 196 1). 46 .
~~· ~;3 ~~~;~'o\~::'o\:~~~~'~/B::~.
3
Ver Pe11samiento crírico. n.9 27. pp. 32-33. O equivalente no Brasil à
aboli !lo da. scrviJi o pess~a l na ~ ncomicndtJ pe la Coroa espan hola en: 15-l9 foi o processo ~lo .qual a Coroa ponu~ 97. • A panirdo decreto da Ta sa de Santillan em 1559. quc atribu la um sex to dos pláctres de ouro. o 1nmo . ••
ucs; ehmi~ou as capiwnias hereditárias. tran sformando-as cm capitanias da .C<~r~ . A p~me1ra destas acç~s foi aos índios de cada encomin1da co mo paga an ual pelos seus trabalhos, foi possivc l estabe lecer-se que ui p:utki ·
~c ita no mesmi'\s imo ano de 15.-l9. Ve r J. Capristanp de Ab reu. Capítulos de l11stona colomal ( 1500-1800) (Rio de paçào adqu iria a carac terísti ca defi:niti va d um salário soc i:il ou com unal, q ue entrava como quantiJ globalmente
Jane iro: Ed. da Soe. Capri stano de Abreu. T ip. Leuzi nger. 1928). 63-76. . . entregue no teso uro de cada comunidade ou aldeia índia .. . Alvaro Jara, .. u na investipción so~ los problemas dei
9.-l. Luis Vitale a.rgumenrn : .. ouran1c os primei ros anos d~ c~nqu 1sta os ~ncomn1de1 0.'i tentaram afirmar a trabajo en Chile d uran te e l período co lonial* . Hispanic American llistorical Rnirv.-. XXXLX, 2. Maio 1959. 2.$0.
sua independênc ia. ,\ CoroJ espanhola. ansiosa de evi1 ar a cmergcncta na Aménca de um ~rui:'° de senh~res que 98. A lgumas áreas . propriamente fa lando. não tiveram de 1000 um sistema fe udal durarue a 1d.3de Médii ,
pudesse cvc:nl u:ilmeme repudiar a sua auloridade. montou uma admini stração fort e. com o ob~ect~vo de reagi.~ c~nt~ Conhece ram apenas o ocscgundo,.. nunca o primdro feuda lismo . Stahl defende q ue is10 se aplica à ~lold.hia e à
qualquer irrupção fe ud.J.J. ' ... )o t!na>mt'ridt•ro ~ão erJ o patrJo dos índ ios. ~em podia exe_rce r JU~llça . ~r~ue o md10 Valáqu ia. Ve r Lcs ar1d cn11eJ nmm11111tJ111és . pp. 2~ 1- 2~ .
nl o era 0 .;:crvo do e'1comendt•ro. mas o súbd ito do rei". Assim. a enconuendu de sen· 1 ço~ f~1 subst11~1da J>:C'ª t n- 99. «As riquc1.as natu ra is da Europa Oriental ( ...) req ueriam muito esforço para se Lirar pron ito delas. Um, ·
rnmitnda de tr iboios monetários. ( ... ) O 1rabalhado r assalari ado significav a uma relação eap1ta l1Sta embnonária entre ce rto equilíbri o de pOOe r entre os es1ad9s q ue ~ ti nham formado nos séculos Xll e XIII queria dizer que as in..-asões
as ct a~scs . C' . fo m1 ;1 \' :l uma nova d asse d~ 1raba lhadores1t. Latin America. PP· 37-38: . rec íprocas não podiam rrazcr ganhos sig nifi cati vos para ninguém. E a press.io alemã na Boémia e n3 Po lóm.:i consti·
Ver Jo~ê Miranda : .. Q t•tiromt• 11 Jero é. ante s do mai s . mo vido por um desejo de lu~ ro: e ennqu ece~ f o se u lu fam uma a meaça muito séria . Nestas cin; un stãncias. os prínc ipes. a aristocracia llica e ec les iástica. enm forçados
objccti\'o. Para º" seus contemporâneos. o encome11dero é o homem de acção n? qual as ide ias. e ? s descJOS dui:i a interess ar-se ma is no desenvolvimen10 dos seus pró pri os recursos. Contudo. isso só era passivei com a cooperação
novo mundú se refl cc1em mais fo rtemente. Ek é muito difcren1e do ho mem medie val. ( ...) Não lt mna as suas aspi- dos camponeses. Enquanto as obri gações dos camponeses foSM:m incen as e estes ti v('~s,em rece io dC' ~ r des pojados
rações. como fa1 ia o 'iii:nhor feu dal. ao mero gozo de 1ribu1os e se rviços. ma.-. conv ene-~s n~ fu ndame nto de ganhos da sua produção e ~cede nrária . ne nhu m interesse linham em melhorar os ~ u~ mt todos de- trabalho . Os ~ nhores. por
múl11plos. ( ... ) Assi m. o encnn:endero dá a primazi a ao ckmen10 de recrutamento ca~11ahs1a de trabalh? na t nco- outro lado, não estavam em posição de aume ntar as suas exigênc ias sobre os sen ·os. poi s e stes pod iam facil mente
mitnda. que ê o Unico que pode conduzi-lo ao objeclivo que perseg: ue com ardor - a nq ucza •. • La fu nc16n ec~nó­ debandar. Os principcs e os se nhores que q ui!-c sscm desen"olver econo micame-nte as suas propriedades c-ram assim
mica dei encomendem en lo~ or ígenc:~. dei rcgimén colon ial. Nueva Esp3fla (15 25- 153 1).o. Ana fes dt l l nsm utn compe li dos a e ncorajar os se us súbdi tos a traba lhar mais in 1en..,i \'amenh.~ e a introduzir nm·os rnttodos. panicularme:nte
Nacional dr Attthropologia t• Hisroria . ll. 19.-l l - 19-l6. -l 23-424. Um capi1a li s1a e1!' perspccti~as e modo de o perar. em li gação com a agricu ltura. Consegui ram -no com a imruduçio do cos1umc ale mio. o u ames. ocu:kno.l. s.egundo
mas n!i.o. como indic:i Mirand;1 {ve r pp. 43 1-44-11. um capitalista que injecte cap11 al fi nance iro na empre sa. O seu o qua l o s de vcre~ dos campone ses eram não só regu lados m:is també m red uzidos. A co mu1Jç.ão de 'iC f'\' ÍÇOS e prcs-
capital inicial erJ o que o Estado lhe dava. e o seu cap ital supleme ntar o q ue extraía dos seus lucros. lações em espéc ie por re ndas monetári as. começada na IlO( m ia cm começos do s(cul o Xlll e c ntr.1d.:I. cm ,·igo r um
95. Fernando Gu illên Mart inez vai ao pomo de d izer: .. Q facto é que a "e11comie11da " e a "mita" podiam pouco m ais larde na Polón ia. reflectiam já o desenvolvimento da agricultllf3 e o progresso da d iYisão soci al do tra-
a~na~ sobrcvi \·er como in.;:1i1 uições naque las áre:is em que. por força dos números o u por força de inércia, as insti- balho ••. M. Ma lo wist, .-lne Social and Economic Stabi lity of lhe Westem Sudan in the Middle Age s•. Pas r d: Prt·
tuições mbais fosst"m preS< f'\.'Jdas. Se ho u,·esse uma afinidade m:'.i gica da chefia (caciq11e) e a escravatu ra colectiva sem, n.1> 33, Abri l 1966 . 1-1-- 15 . Ve r Jeromc Bium . · Rise of Serfdorn in Ea.stem Europc • . Amtriran H ürorical
est i \·e~S( na alma do povo. o índio ia sole ne e res ignadamente para o tr:ibalho e para a sua própria chac ina. Mas R"'ie"" LX ll , 4. Julho t957. 807 -836.
quando a cvang.diLaçào cris1ã e a mestiçagem desin1cgrarJm a tribo. abrindo cami nho ao individ uali smo. o índio 100. O GnmdJ/ierr . um colcc1or de rendas, tomou-se um Gmsherr. um produ1or d irec10. \'er d1scustlo cm- ...
nOO mais se de ixa.ria subordinar a uma S<: r.-ictlo organi zada ... Rai: y fu turo dt la re rn fo rión (Bogotá: Ed. Tercc r Hans Rose nberg. 8 11remu:racy. Aristocra cy and AutocracJ : The Prussian Expt'rienu. J000- 1815 (Cambrid e:e.
_Mundo. 19631. 80. Sobre a dc:-fin ição e a o rigem da .. mi l a .. . ver ÜL~ Capdequí. EI estado espaiiol. pp. J 1-32. l\'tassachuse ns : Harvard Univ. Pre ss. 1966), Cap . 1. Ver a disc ussão a rcspci10 de como na Eslm ·ênb os no~s
96. Fun ado. Eco'1nmic Dl'\'elopmenl of Lorin America . de fe nde que. de fac to. onde a classe dom inante ve nce ram as suas dificul dades fi nance iras a largando os se us dominios. le vantando rendas que lhes era m de-v idas e
tradicion:il era frac a. "' ª tncomi~nda reve lava-se ineficaz como fo nna de o rgan iução social e o t ncomendero recor- apropriando-se do comé rcio. c m Ferdo Gestrin . .- Economie et soc iét~ cn S lo,·énie au XVl c siCclc•. Anr1afes E.S.C .•
ria a form3s mais di~ta.s de esc rav31ur.i. forçando os ho mens a fornecer tr::J.balho intensivo cm condições mu ito XVII , 4, Julho-Agosio 1962. 665.
difercn1es daque las a que tinh3m estado acostumados. Este sistema resulta,·a num r.ipido esgotamento da população 101. ... A Élbia do Leste coloniaJ tinha (an les do sêculo XV l] os seus j unttrs indh· idua ~. mas ndo uma
lpp. 1(). 111 •. c lasse junktr. excepto no e.aso dos Cavaleiros Teu tónicos. A formação duma classe de se,ahores nobres muito fechada.
e com grancle.s ambições políticas e sociais. usufruindo de solidez e consciê.nc ia de cl3SSC, dumis vonr3dc colectiva

98

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Estas reacções opostas ao mesmo fenómeno (recessão económica) ocorreram porque,
van Bath data a criação <.lc um mercado internacional de u reai.!. centrado rwx Países Baixos.
r r.tzões ~ue cxplic:lmos anteriomiente. as duas ;íreas se tom•~ram partes complementares somente em 1544 " IJJ'.
e' :;:: um sis;ema único mais complexo. a economia -mundo europeia: na qu~I a _Europa ~riental Se tomarmos a ~ério a expressão ufre.iuente5 altera~- de (jraude l. w.emos cnt!io
desempenhava 0 pape l de produtor de matérias-primas pam .um Ocidente cm mdustnahzaçào, obrigados a perguntar.·nos corno é que u= determ inada área se pa~~ a ddin rr como perife-
ficando :i..ssim . na cxpn:s,;ão de Malowist. com «uma economia que, no fundo. !linha) afi~t~ades ria em vez de se defimr como centro. Na Idade Média. me~mo na Baixa Idade Média. não era
com 0 padrão colonial i:lissico" ' ""'. Um olhar sobre. a natureza do comércio do Bahi.co é de forma alguma dar~ que a Europa Oriental e~ti vesse d~tinada a V-r a periferia de uma eco-
suficiente para 0 \'Criticarmo,;. Desde o sécu lo XV em diante, os produtos qu: flu1am ~e Onente nomia-mundo europeia. Ba~tantes escritores realçaram a ~ i m i l i tude dos desenvolvimentos '
para Ocidente consistiam primordialmente em pro~utos vo lumosos (cereais, madeira e mais oriental e ocidental. Reginald R. Bens. por exemplo. diz, do século XIV: ~curío..amcou (úd).
tarde lã). embora continuassem as velhas exportaçoes de pe_les e cera. ~ do Ocidente para 0 os pagamentos em espécie eram preferidos não w pelos grandes proprirtários fr~ e
Oriente flui am têxteis (quer de luxo quer de quahdade media}. sal, v mho_s ~ sedas. Pelos ingleses( ... ) mas igualmente pelos proprietários checos. polacos e húngaros• ""''· [)3 mesma
finais do século XV a Holanda encontrava-se dependente dos cereais do Bah1co, a marinha forma. Zs. S. Pach argumenta que ai nda no século XV "ªtendência de deserwolVJmento rural
inl!lesa e dos Países Baixos era impensável sem a madeira, o cânhamo, o breu e o sebo da (na Hungria] coincidia no essencial com a dos países europeus ociden tais,. ""'·
E~ropa Oriental. Por seu turno. o trigo tinh~-se tomad? a expo~a.ç~~ ~ais importante do leste
europeu . alcançando inclusivamente a Pemnsula lbénca e a Itaha .
3 Porquê então a divergência? Podemos responder em termos dos fa.ctorcs - ~fi ~­
e sociais - que contribuíram para o arranque da Europa Ocidental. Em a lguma medida j-J o
Para ser mais preciso. esta espécie de padrão colonial de comércio existi a a nterior- fizemos. Podemos igualmente responder parcialmente em termos das caranerü ticas específi-
mente na Europa em 1ermos de relações comerciais. Existia a relação de Veneza com as cas da Europa Oriental. Por uma razão, a fraque1.a das cidades era um fa~tor impona.~ 111 -.
suas col ónias mais a sua esfera de influência 0 "'> . Existia a Catalunha como centro comer- Esta era uma pequena diferença no século XIII que se tomou uma grande diferença no século
cial na Baixa Idade Média "º' >. Nos séculos XIII e XIV Portugal era um produtor de pro- XVI, uma vez que, como resultado das divergências complemenures. as cidad!:.s ocídenws
dutos primários para a Flandres 61 ºº
, tal como a Inglaterra o era para a Hansa
007
>. A pro- se fortaleceram cada vez mai s e as orientais se tomaram relatirnmente mais fracas. Ou pode-
dução de produtos primários para serem trocados por produtos manufacturados origi- mos ainda sublinhar o facto de que já existia um cultivo da terra relativamente mai e xtenso
nários de áreas mais avançadas foi sempre , como Braudel refere em relação aos cereais, um na Europa Ocidental nos finais do século Xlll. enquanto subsistia um espaço \'ago m ui to maior
«fenómeno marginal. sujeito a frequentes al terações [geográficas]». E, como ele diz, «de na Europa Oriental 11131• Um processo de trabalho coercivo em produção mercantis era relati-
cada vez. a isca (era] o dinheiro»" º''· O que diferia no século XVI era a existência de um vamente mais fácil de implantar nas terras •novas ~ .
_mercado para produtos primários que acompanhava uma grande economia-mundo. Slicher Mas então temos de analisar o porquê mesmo destas pequenas diferenças ent,n, o::
Ocidente e o Oriente europeus. Talvez exista urna e:l\plicação geopolítica úni= as im·asõe
fo rj;Jda na d e íc ~ a e ataque concretos e duma aum-arinnação do ripo de casra e de esprir de corps foi trabalho dos turcas e tártaro-mongóis dos finais da Idade Média, que destruíram muito. provocaram emi-
~cul o s XV e XVI. L. J Cronologicamenl e ela coincide com a ascensão da Rentry na Inglaterra e na Hungria, da
nobreza da 1crr.:i na Boémia e n:1 ~forá via . e da .d achta na Polónia, 1;.11como com o declínio económico e político da
nobrc1.a oci~ de arrendadores srnhori ais na frJnça e na Alemanha Ocidenral ». Hans Rosenberg. «The Ri se of lhe 109. B. H. Slichervan Bath.AA.GB .. n.' 12. p. 28. Ver Karl He lleiner: • Pon ·olu dost..-,,Jo X'\'1. o com!rrio- • -
Jun krrs in Brandcnburg- Pruss ia. 1410-1653.o1, Amrriran ffi.mJrical Rel'iew. XLIX . t. Ou1. 1943, 4. De notar que int~r-regioml marítimo de víverc!i linha já uma long3 história alrás de si. ( ...) O que pode no enunto ~ rmind:"ic3do
Ro~n bcrg inclui a lnglaterm nos países europeus orientais. Como veremo s mais tarde, isto é compreensíve l mas é que agora , devido a um meca ni smo de mercado mais elaborado, e sobreruOO dc" idJ 3 um \ ol:umc- l!:r.l-"Ydcmier.tc
con fuso . Uma da.s bases para fa r.er-se esta ligação da ;:t•rury inglesa com os senhore s da Europa Oriental é dada por acrescido de cxccden1es di sponíveis na Élbia Oriental. na Pol ónia e na Es1óni3.. áre:is com défl«"S ó: c;~:J.J pe.rma-
Zs. P.. Pach. qu: diz que_ambas eram ..: burguc:sasn. Ver fol Die Abbiegun der Ungarischen Agrarenentwicklung von nen1es ou temporários podiam ser abas!ecidas mai s amplamente d~ fo ra e com m3.ior rrgularid.lck 00 q ~ rm t empo~
der\\ csteuropa1sc hen• . m l111a 11a1innal Cn11,1t.ress of /listorical Scirnces, Estocolmo. 1960. Résumés drs communi- anteriores. Por meados do séc ulo XVI. a quantidade de Ctrt'31 e., ponad.3 an ual fllC"nte a1ravés do pcl'!"tO de Di'Uig aa
carinns (Gotemburgo: A. lmq vis1 & Wikse ll. 1960). 155. de seis a dez vezes mai or que a média nos anos 149()..92. (...) 0Wls ou três import.l!ltes OO\"li fon1e.s de alnncnto
102. \.i . Malowis1. " Poland. Ru ss ia and Wes1cm Trade in the 15th and J6th Ccnturies », Past & Present, animal abriram- se ::io homem europeu neste período: os ritos bancos de pesc.3 do Cabo COO :l('I La,T3:dof da\•am
:u_.
n.{r 13. ~ bril 1958. Ver Llmbé m M. Malo wi st. 4< The Problem of the Inequ ality of Economic Devc lopmenl in quan1idades cada vez maiores de rica.e;. protcina.o;., enquanro que as plan íc ie s húngara e n.13quiamL llSS im como as
Euro~ 1? lhe Latcr M1ddle Ages "' . En momic llistory Rniew. 2 .1sé rie . XIX. 1, Abri l 1966. 15-28. Stanislaw Hos- terras bai xas dinamarquesas. se tinham uns lcmpos an1es tomado Cml ~ de cri aç5o de gr;mJ(' n ú ~ro dC' bois para
z~ws k i C"1ta um dipl~mat3 inglê s da primeim in etade do século XVII . Si r George Carew, que dis se: «A Polónia tinha- exportar para a Áustria. Alemanha e Holanda•. Cambrid~e Economic llisron- Pf Eur~. lV. pp. n-78. 1

-se tomado nu ce le1r~ da Eu ropa e no am1azé m de materiais para a conslrução naval ». (~The Po li sh Baltic Trade in 110. Reginald R. Betts . .e la soc ié1é dans l' EuroPe centr.ile et d3ns rÊ.uropt- Ol.""'C"idcnra.lei. . Rri·we ã histoirt·-""
the .15th- 181h ~e n1un~ s -* . in Pnla_rrd at rhe Xlth /111eniatio11a/ Cmrgress o/ Historical Sciences in Srocf.:.lwlm (Var- comparée, n.s., VII, 1948, 173.
sóv ia: The Poi1 5h AcadC'm_y of Sc1 cnces. The (ns1itu1c of Hi story, 1960), 11 8. 111 . Zs. P. Pach, • The Dcve.lopment offeudal Rent in Hung.:uy in the Fífte'rnth Ccnrury•. Econ.omir flirrory ,~
10.3. Ye. r ~·t aJ ow1st. Past & Present, n.9 13, pp. 26-27. Rniew, 2.1 série, XIX, 1. Abril 1966, 13.
Th . . I04. A_trc:x=a ~e. ~rotlut~ primários das colónias por bens manufacturados da metrópole é descrita em Fressy 112 . «A ascensão económica da Europa Ocidental tomou-se uma das cau.\llS nu is poderas.as do declínio ,.
. ; e.t. la Romame •wm1eririt! cm Moye11 Age (Paris: Boccard. 1959), 304-305. Creta é descrita como o «Celeiro do das cidades na Europa Orien1aJ,.. H::inung e Mousnier. Rela:ioni dt'l X Congrrsso lnte,..na=innale di Scün::t Storicht ,
~~fic~~ ~...~~:~·~,?~;;r~;;,elações idênticas com paf~s ex1eriores ao im pério• .cos cercais do império não sendo
1 IV, p. 46 . .cDc meados do ~éculo XV I a meados do século XV III . o U"3ÇO Cilr.Ktcristico da «onom ia polac.2 foi a
difusão da economia dominial baseada no trabalho scn 'il. Por su3 ..-ez. C"sta impediu o dcsem ·olvimento d.as c idades
: :05. Ver Jai_me_ Vice~s Vives . A~ ~conomic History o[Spai11, cap. 17, esp. 2 11 -215. e, duma maneira geral, teve efeitos negativos sobre as cond içõe~ económic3."i e Sl"C iais no país • . Hoszov.•sl:i, Poland
-<
1 ~: ~:~ ~~~~1~1ra Mar~ues. Srud1 m onore di Arma~1º Sapori, _U, p. 449. ar the Xlth l nurnational Con.~rtss o/ Historical Scirnces in S1ncJ:hol"' · p. 117 .
• 108. Bmudel, ci',.:~ ;;:~·~10~r%~,:~•p!x::.-xvw siec/es) (Pans: Monta igne, 1964), 76-80.
1 113. Ver Dorccn Warriner, • Some Contrm·ersial Is.sues in lhe J·li.s1ory of Agr.uian Europe·• . Slal'Dnic A-
and Ea51 E11ropean R•"ifw, XXJO , n.978, Dez. 1953. 174- 175.

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Estas reacções opostas ao mesmo fenómeno (recessão económica) ocorreram porque,
van Bath data a criação <.lc um mercado internacional de u reai.!. centrado rwx Países Baixos.
r r.tzões ~ue cxplic:lmos anteriomiente. as duas ;íreas se tom•~ram partes complementares somente em 1544 " IJJ'.
e' :;:: um sis;ema único mais complexo. a economia -mundo europeia: na qu~I a _Europa ~riental Se tomarmos a ~ério a expressão ufre.iuente5 altera~- de (jraude l. w.emos cnt!io
desempenhava 0 pape l de produtor de matérias-primas pam .um Ocidente cm mdustnahzaçào, obrigados a perguntar.·nos corno é que u= determ inada área se pa~~ a ddin rr como perife-
ficando :i..ssim . na cxpn:s,;ão de Malowist. com «uma economia que, no fundo. !linha) afi~t~ades ria em vez de se defimr como centro. Na Idade Média. me~mo na Baixa Idade Média. não era
com 0 padrão colonial i:lissico" ' ""'. Um olhar sobre. a natureza do comércio do Bahi.co é de forma alguma dar~ que a Europa Oriental e~ti vesse d~tinada a V-r a periferia de uma eco-
suficiente para 0 \'Criticarmo,;. Desde o sécu lo XV em diante, os produtos qu: flu1am ~e Onente nomia-mundo europeia. Ba~tantes escritores realçaram a ~ i m i l i tude dos desenvolvimentos '
para Ocidente consistiam primordialmente em pro~utos vo lumosos (cereais, madeira e mais oriental e ocidental. Reginald R. Bens. por exemplo. diz, do século XIV: ~curío..amcou (úd).
tarde lã). embora continuassem as velhas exportaçoes de pe_les e cera. ~ do Ocidente para 0 os pagamentos em espécie eram preferidos não w pelos grandes proprirtários fr~ e
Oriente flui am têxteis (quer de luxo quer de quahdade media}. sal, v mho_s ~ sedas. Pelos ingleses( ... ) mas igualmente pelos proprietários checos. polacos e húngaros• ""''· [)3 mesma
finais do século XV a Holanda encontrava-se dependente dos cereais do Bah1co, a marinha forma. Zs. S. Pach argumenta que ai nda no século XV "ªtendência de deserwolVJmento rural
inl!lesa e dos Países Baixos era impensável sem a madeira, o cânhamo, o breu e o sebo da (na Hungria] coincidia no essencial com a dos países europeus ociden tais,. ""'·
E~ropa Oriental. Por seu turno. o trigo tinh~-se tomad? a expo~a.ç~~ ~ais importante do leste
europeu . alcançando inclusivamente a Pemnsula lbénca e a Itaha .
3 Porquê então a divergência? Podemos responder em termos dos fa.ctorcs - ~fi ~­
e sociais - que contribuíram para o arranque da Europa Ocidental. Em a lguma medida j-J o
Para ser mais preciso. esta espécie de padrão colonial de comércio existi a a nterior- fizemos. Podemos igualmente responder parcialmente em termos das caranerü ticas específi-
mente na Europa em 1ermos de relações comerciais. Existia a relação de Veneza com as cas da Europa Oriental. Por uma razão, a fraque1.a das cidades era um fa~tor impona.~ 111 -.
suas col ónias mais a sua esfera de influência 0 "'> . Existia a Catalunha como centro comer- Esta era uma pequena diferença no século XIII que se tomou uma grande diferença no século
cial na Baixa Idade Média "º' >. Nos séculos XIII e XIV Portugal era um produtor de pro- XVI, uma vez que, como resultado das divergências complemenures. as cidad!:.s ocídenws
dutos primários para a Flandres 61 ºº
, tal como a Inglaterra o era para a Hansa
007
>. A pro- se fortaleceram cada vez mai s e as orientais se tomaram relatirnmente mais fracas. Ou pode-
dução de produtos primários para serem trocados por produtos manufacturados origi- mos ainda sublinhar o facto de que já existia um cultivo da terra relativamente mai e xtenso
nários de áreas mais avançadas foi sempre , como Braudel refere em relação aos cereais, um na Europa Ocidental nos finais do século Xlll. enquanto subsistia um espaço \'ago m ui to maior
«fenómeno marginal. sujeito a frequentes al terações [geográficas]». E, como ele diz, «de na Europa Oriental 11131• Um processo de trabalho coercivo em produção mercantis era relati-
cada vez. a isca (era] o dinheiro»" º''· O que diferia no século XVI era a existência de um vamente mais fácil de implantar nas terras •novas ~ .
_mercado para produtos primários que acompanhava uma grande economia-mundo. Slicher Mas então temos de analisar o porquê mesmo destas pequenas diferenças ent,n, o::
Ocidente e o Oriente europeus. Talvez exista urna e:l\plicação geopolítica úni= as im·asõe
fo rj;Jda na d e íc ~ a e ataque concretos e duma aum-arinnação do ripo de casra e de esprir de corps foi trabalho dos turcas e tártaro-mongóis dos finais da Idade Média, que destruíram muito. provocaram emi-
~cul o s XV e XVI. L. J Cronologicamenl e ela coincide com a ascensão da Rentry na Inglaterra e na Hungria, da
nobreza da 1crr.:i na Boémia e n:1 ~forá via . e da .d achta na Polónia, 1;.11como com o declínio económico e político da
nobrc1.a oci~ de arrendadores srnhori ais na frJnça e na Alemanha Ocidenral ». Hans Rosenberg. «The Ri se of lhe 109. B. H. Slichervan Bath.AA.GB .. n.' 12. p. 28. Ver Karl He lleiner: • Pon ·olu dost..-,,Jo X'\'1. o com!rrio- • -
Jun krrs in Brandcnburg- Pruss ia. 1410-1653.o1, Amrriran ffi.mJrical Rel'iew. XLIX . t. Ou1. 1943, 4. De notar que int~r-regioml marítimo de víverc!i linha já uma long3 história alrás de si. ( ...) O que pode no enunto ~ rmind:"ic3do
Ro~n bcrg inclui a lnglaterm nos países europeus orientais. Como veremo s mais tarde, isto é compreensíve l mas é que agora , devido a um meca ni smo de mercado mais elaborado, e sobreruOO dc" idJ 3 um \ ol:umc- l!:r.l-"Ydcmier.tc
con fuso . Uma da.s bases para fa r.er-se esta ligação da ;:t•rury inglesa com os senhore s da Europa Oriental é dada por acrescido de cxccden1es di sponíveis na Élbia Oriental. na Pol ónia e na Es1óni3.. áre:is com défl«"S ó: c;~:J.J pe.rma-
Zs. P.. Pach. qu: diz que_ambas eram ..: burguc:sasn. Ver fol Die Abbiegun der Ungarischen Agrarenentwicklung von nen1es ou temporários podiam ser abas!ecidas mai s amplamente d~ fo ra e com m3.ior rrgularid.lck 00 q ~ rm t empo~
der\\ csteuropa1sc hen• . m l111a 11a1innal Cn11,1t.ress of /listorical Scirnces, Estocolmo. 1960. Résumés drs communi- anteriores. Por meados do séc ulo XVI. a quantidade de Ctrt'31 e., ponad.3 an ual fllC"nte a1ravés do pcl'!"tO de Di'Uig aa
carinns (Gotemburgo: A. lmq vis1 & Wikse ll. 1960). 155. de seis a dez vezes mai or que a média nos anos 149()..92. (...) 0Wls ou três import.l!ltes OO\"li fon1e.s de alnncnto
102. \.i . Malowis1. " Poland. Ru ss ia and Wes1cm Trade in the 15th and J6th Ccnturies », Past & Present, animal abriram- se ::io homem europeu neste período: os ritos bancos de pesc.3 do Cabo COO :l('I La,T3:dof da\•am
:u_.
n.{r 13. ~ bril 1958. Ver Llmbé m M. Malo wi st. 4< The Problem of the Inequ ality of Economic Devc lopmenl in quan1idades cada vez maiores de rica.e;. protcina.o;., enquanro que as plan íc ie s húngara e n.13quiamL llSS im como as
Euro~ 1? lhe Latcr M1ddle Ages "' . En momic llistory Rniew. 2 .1sé rie . XIX. 1, Abri l 1966. 15-28. Stanislaw Hos- terras bai xas dinamarquesas. se tinham uns lcmpos an1es tomado Cml ~ de cri aç5o de gr;mJ(' n ú ~ro dC' bois para
z~ws k i C"1ta um dipl~mat3 inglê s da primeim in etade do século XVII . Si r George Carew, que dis se: «A Polónia tinha- exportar para a Áustria. Alemanha e Holanda•. Cambrid~e Economic llisron- Pf Eur~. lV. pp. n-78. 1

-se tomado nu ce le1r~ da Eu ropa e no am1azé m de materiais para a conslrução naval ». (~The Po li sh Baltic Trade in 110. Reginald R. Betts . .e la soc ié1é dans l' EuroPe centr.ile et d3ns rÊ.uropt- Ol.""'C"idcnra.lei. . Rri·we ã histoirt·-""
the .15th- 181h ~e n1un~ s -* . in Pnla_rrd at rhe Xlth /111eniatio11a/ Cmrgress o/ Historical Sciences in Srocf.:.lwlm (Var- comparée, n.s., VII, 1948, 173.
sóv ia: The Poi1 5h AcadC'm_y of Sc1 cnces. The (ns1itu1c of Hi story, 1960), 11 8. 111 . Zs. P. Pach, • The Dcve.lopment offeudal Rent in Hung.:uy in the Fífte'rnth Ccnrury•. Econ.omir flirrory ,~
10.3. Ye. r ~·t aJ ow1st. Past & Present, n.9 13, pp. 26-27. Rniew, 2.1 série, XIX, 1. Abril 1966, 13.
Th . . I04. A_trc:x=a ~e. ~rotlut~ primários das colónias por bens manufacturados da metrópole é descrita em Fressy 112 . «A ascensão económica da Europa Ocidental tomou-se uma das cau.\llS nu is poderas.as do declínio ,.
. ; e.t. la Romame •wm1eririt! cm Moye11 Age (Paris: Boccard. 1959), 304-305. Creta é descrita como o «Celeiro do das cidades na Europa Orien1aJ,.. H::inung e Mousnier. Rela:ioni dt'l X Congrrsso lnte,..na=innale di Scün::t Storicht ,
~~fic~~ ~...~~:~·~,?~;;r~;;,elações idênticas com paf~s ex1eriores ao im pério• .cos cercais do império não sendo
1 IV, p. 46 . .cDc meados do ~éculo XV I a meados do século XV III . o U"3ÇO Cilr.Ktcristico da «onom ia polac.2 foi a
difusão da economia dominial baseada no trabalho scn 'il. Por su3 ..-ez. C"sta impediu o dcsem ·olvimento d.as c idades
: :05. Ver Jai_me_ Vice~s Vives . A~ ~conomic History o[Spai11, cap. 17, esp. 2 11 -215. e, duma maneira geral, teve efeitos negativos sobre as cond içõe~ económic3."i e Sl"C iais no país • . Hoszov.•sl:i, Poland
-<
1 ~: ~:~ ~~~~1~1ra Mar~ues. Srud1 m onore di Arma~1º Sapori, _U, p. 449. ar the Xlth l nurnational Con.~rtss o/ Historical Scirnces in S1ncJ:hol"' · p. 117 .
• 108. Bmudel, ci',.:~ ;;:~·~10~r%~,:~•p!x::.-xvw siec/es) (Pans: Monta igne, 1964), 76-80.
1 113. Ver Dorccn Warriner, • Some Contrm·ersial Is.sues in lhe J·li.s1ory of Agr.uian Europe·• . Slal'Dnic A-
and Ea51 E11ropean R•"ifw, XXJO , n.978, Dez. 1953. 174- 175.

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r . . . . • d
graçõcs e vários dec hmos. e acima de tu o en
fraqucccram a autoridade rela1iva dos reis e dos

c.grJndcs príncipe~'"''· . na a ui é o rincípio geral de que no decurso da inleracção ~ocial


geográfico e de mogr:'i fico do mundo do comércio e da indú <tria algumas á reas da Europ;
pudera'." _açam barcar os .benefício< desta expansão e tanlo mais ~e puder~m espL...:ializar-S<·
nas act1 v1dadcs cssenera1s para colherem esse bc r . r
·e u tempo. força de traba lho , terra e o . .
.
. nc 1c10 .. ivcram ª"1m de ga-t.u menu< do
Aq uilo que func10_ . '1.. ~ p. d . e ·iabilizadas e definidas como «lrad1c1ona1s». O s sicas. Ou a Euro a Oriental se Ir . ulros recurso' na_1ura1< para prover.à' ' u"' necc\Sidadcs
pequenas difcr~ nças •_mciais sao '.c or~-~ ª~~i ,aspcclo e uma criação do presente, nunca do
bá. P_ . · ansforma va no • ceiem,. da Europa Oc ide nta l ou vice-versa.
Qualqu.e r das soluçocs lena_ serv ido as • nccc,>idades do momcn lu • . A lii:e1 ,.a vantagem-'
•tradicion~ I · !01 cntao. como '~~1prc ". drc G;mde r Frank argume nta: «0 desenvolvimento
detenrnnou qua.I das_ahem a1i vas prevaleceria. E aí. a lii:eira va ntagem do \écul<1 XV tomou·
passado. b iando d o mundo imx cmº:-~ :, duas faces de uma mesma moeda. Ambas consti-
c n subdi:srnvol\'101Cnto ccononuco sa . . . .. . - . . -se na grande disparidade do século XVII e na monumental dife rença do ,é.cu lo X IX" "''.
tucm rcs ull;ido necessário e as man ifestações contemporaneas _das conlrad1çoes mle mas do As considerações fundamen1a is na fo rma de cont ro lo do 1rahalho adop1ada na Europa-
0
'<:istcma mundial capilalista>)111 ''· ~t..ts este processo é muito mais geral do que Fr~nk md1ca. Or.ie~lal .foram a oportumdadc de um grande lucro se a prod uçiin foS>e aumen tada rdcv ido à
Como Owen Latt imorc diz." ª Civilização gerou a barbárie•"'"· Falando da re laçao enlre os ex1s1cncra de um mercado mundia l) mais a combinação de uma rel at iva c"''"'e' de 1raba lhu
sedentários e os nómadas nos fro meiras do mundo. La111more afirm a que a form a de conce ber com uma grande quanlidade de terra di spon íve l " ~". Na Europa O riental do >écu lo XV I e cm
a sua ori eem e os seus relacionamentos res ide cm observar al g u~ as zonas da economia da América Es panhola, o lraba lho coercivo cm produçõc> mer-
3
r: m1açào di: dois tipos divergentes ::1. parti r do que originalm~nte tinha ~ido uma sociedade canti s era enlão desejável (luc rau voJ. necessário (cm te rmos do inleres>e prúprin do propric-
un ificad 3 • Poderemos chamar-lhes. por conven iência. ~ progressi va"' (a agnc ultura tom ando-se 1ári o) e poss ível (cm lermos do lipo de lrahalho necessári o). A e>erava tu ra era im praticável
primordi al. e 3 caça e calceta sec undári as) e .~ atrasada» (mantend~-se a caç~ e a ca lceta fu~­ dada a relativ~ escassez_ de traba lho. A escra vização do 1rabalho indíli""ª é u mpre c'cassa _,
damentais. 3 agricuhura tomando-se sec undá.na, em alguns casos nao ultrapassando um estádio face às necessidades, pois é demasiado difíc il de con1rolar e a importação longínqua de escra-
incipicnte) 1117 '. vos não era lucrati va para produ1os que exigiam 1an1os c uidados como o tri go. Afinal de contas,
Assim . se num dado momento. dev ido a uma série de anlecedentes. uma re gião tem uma o cuslo dos escravos não era neg li ge nciáve l.
ligeira vantagem sobre outra em termos de um factor chave, e se se verifica ~m ~ conjugação Embora prcs umivelmcnle o camponês pre fi ra um sistema de trabalho coerc ivo à ei.cra-
de acon1ecimentos que faz com que esla ligeira vantagem se tome de 1mpon anc1a central em vatura. devido ao mínimo de dignidade e de pri vilégios ine rcn1cs à liberdade fo m1al. daqui
termos de acção social determ inante, então a ligeira van tagem transforma-se numa grande não decorre necessari amen1c que as condições materi ais do lrabalho coerc ivo sejam melhores
disparidade e a vantage m subsisle mesmo para além da refe rida conjugação de acontecimen- que as do trabalho escravo. Na verd ade , Fernando Guillén Martinez afirma que, na América
tos'" ''· Foi este o caso na Europa dos séculos XV e XVI. Dada a grande expansão do alcance Espanhola, os índios sujeitos ii e11m mie11da eram pior traladns do que os escravos. funda me n-
1almen1e de vido à situação soc ial insegura do e11comcndero '"''. AI varo Jara afirma da mesma

1. 11-L Bens defende o par...1lc lo enlre. por um lado. cslas invasões e o .. scp_undo fe ud.ll ismo• e. por o utro, as
primeiras inYaMl<:'i e a criação do .. primeiro .. fe udalismo na Europa. Ver B ~ns . Rrrut' ãhisroirr comparir , p... 175. mudanças e m .quantidade. em ~u . eles descobririam q ue " mudança..<; em q ualidade" de foc10 só r~u llam de mudan-
ças e~ quanlldade . ~slo é váhdo lamo para muda nças nas ideias e per5peçl iva~ soc iais como par.a mudança..1i na

l'-
Ele realça o impacto da." úl1i01as invasões sobre os gove rn antes da Europ;i _Or1ental nas pp. 175-1 80. Doreen V-:amner,
Slammc und Eu s1 Eurnp1•ar1 Re\'Ú:'n", XXX I. espec ula que .. se o~ cana is [europeus ] de comérc io não se U\' esscm o rga m1..ação eco nó m ica. ( ... }
dei: locado f rel:i1ivamcme falando] para Oes1e (a partir d.1 Europíl Oricma l 1à proc ura de melais ult ram ari nos. a Europa . M udanças de qua~ida_dc nfio "ão mais q ue um ceno estádio de in leno;idade aling: ido por mudança..\ e m quan-
Oriental poderia 1c r coniinuado a seguir o me smo desenvo lvimento 1.1 ue a Europa Ocidental. com o comércio e a lldade prcceden1es .... " Cap1tah sm and Rcform ation • . Ernn f'mic lfisrvry Rl'1·ir"-. VIII . 1. Nov . 19J9. ~ -5 .
expan~ão urb:111a acluando como solventes da econo m ia e da soc iedade feudais. Ou. em alte rnativa . a depressão do 11 9. TrJ ian S1oianovich d e fende a mesma d i~paridade crescente e mre a Europa Ociden1.a l e n Europa do~
~cu l o X\' na Europa Ocidcnta l pcxkria 1er-se deslocado para o Lc~ te fp. 176 ).... Sudesle : ~ Se no sécul o XIV se encont ra pouca d iferença quan1i 1a1iva entre 3 orienl.lÇào r~rrea da.o; .\Oeiedadcs baldni-
11 5. Andre Gundc r Frank. Copilalism ond Underdt•\"elopm,·n1 in Uitin Amatca (Nova Iorque; ~fonlhl y ca:<; e ~ o n cniação f~rrea da Europa !OcidcmalJ , !ai distinç.ãn era s ignificariva em 1700. mu i10 maior ainda em JROCJ,
Re\·lew Prcss . 19671 . 9. Fran k prossegue: .. ixscnvoh•imcn to e subdcsenvo l\·imenlo econó m icos n ão são exac1a- e m~nve~menre m:u or e'." 1850 ..... Materia l Foundat ions of Pre indu ~irial CiYililarion in thc Aalkans•, Jo 11 rnal nf
men1e re l:uivos e quan1i1aÜ\'Oi.. no sentido de que um rcprcse ntc mais dcscm ·olv imcnto econó mico que o o u1ro; s,x·1al lfwory, IV. 3. Primavera 11J71, 22 3.
dcsenvolvimc mo e subdesc nvolvimcmo económicos são re lacionais e qua.li ta1ivos, no sentido de que são estru1u- 120. E vsey D. Domar~ a hipó1ese: .. [)o.; três c lcme nlos de uma es lru turJ :tgrícob re le\·antes f par-d o .. ··
ra lmcn1e di ferent es da i.ua re lação um com o outro. se bem q ue C.lusados por ela. Mas o descnvolvi me mo e o sub- fc nó~eno da escravatura e da serv1d.lo j - lcrra livre , camponeses livre!' e propri etirios de leTTJ não irabalhadores
dcscn,·olvimem o. embora dialcclicamcn1e con1rad i1ó rios. são o mesmo no sentido d e que são o produto duma - dois deles podem COC"x is1ir. mos flunco º ·" três sim11lta11eomrntl' . A combi nação a se r rncon1rad.3 n.:1 realidade
única cmurnra económica e dum único p roce~so de L"'api1alismoio. dependerá do compo~~unen 10 de fac1o rcs politicos - medidas govem amenl;us. (...)• . • The Cau5Cs of S'3very or
11 6. Owen Lattimore ..... La civi1i..ation. mCre dl! la Barbarie? •, Annolts E.S.C.. XV II. 1. Jan .-Fe v. 1962, 99. Serfdom : A Hypo1hcs 1s• . Jm1rnal nf fronomic llútory, XXX , 1. Março 1970, 2 1.
11 7. OwL· n Lanimore, Rdtôm1i dd X Congr,•sso di Scien;e Srori,·he. I. p. 11 0. Um pcm10 de v ista m ui10 121: .. A c riaç;1o e co_nsti1uição de casl a.~. grupos pc-rmanememenle subjugados a o ulroll\. nllo conSC"guiu .{ •
scmelhan1c é avançado ix;ir Mo n oo Fried : ..-fA I maioria das 1ribos parece ser fenómeno sec undário num sentido receber sançao lega l lna América es panho la ). a não st r cmbrion:iria e prov isommcnte. A le~ i sl aç3o o fi c ial w brc 0 ..
muilo específico: podem bem .-.cr o pro<lulodc proccs'l.Os c~1imul ad os pelo aparecimento dê ~oc iedades re lativamente lraha.lho pesso al d os índios nunca aceito u propriamenle a desigualdade juríd ica in lrinscca en1re hrancos, fndios e ='·
muno or1;an izadas no meio de o u1r..1s :t0e icdades organizadas dum modo m uilo mais simples. Se islo se pode mes11ços . (. ... )
º
demonstrar.. 1ribalismo pode então ser visto como reacção à criação de estrulu ras polílicas complc u .11 em vez. P recisam ente por causa das suas prrcauçõcs e charadas eura- legai11, a classt e :t plor.tdor:a fck propriet.árim
de um e.s.tád10 n1:cessariameme pre liminar da sua evolução ... ...Qn lhe Concept o f ... Tribc" and º"Triba l Society"-.., in da rerra e burocra1as se us aliados) veio a rer carJclrrfsticas tJe irrcspono;abilidade mor.t i, rapinagem e violfociJ
June Helm. ed . . Essays on tht Prvblrm o/Trib~. Procecdi ngs of 1967 Annual Spring Mcel in g of 1hc American desumana , desconhecid a onde e la co ns1i1u ía um esu ato ari s1ocrá1ico firm cmcnle apoiado pelo Estado na sua s itua-
. Ethnolog ical Socie1y. 15 . ção económica privileg iada . 1al co mo na A lema nha. França ou lláli.1 .
- .1 18. De fac10. a consciência dcs1e efei to cumulativo de pequenos di ferenc ia.is proporciona uma porue para . _E v idê ncia d islo pode en<.·on1rar-~ no fac10 de que qu3Jldo a importação de escravos negros para Nova Granada
se 1t~5~ r o argunl(mo algo e~a~ri l a propósi10 de quan1idade e q ualidade. Concordo co m P . e.
Go rdon-Walker: fo i au1onz.ada. a fim de traba lharem nas minas de Antioquia e para serem traba.Jhadores agrícolas na região cJo Rio
• A d1\lmçào emrc mud.3nças cm qualidade e m udanças em quan1idade ~ irreal . Se os histori adores procurassem

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r . . . . • d
graçõcs e vários dec hmos. e acima de tu o en
fraqucccram a autoridade rela1iva dos reis e dos

c.grJndcs príncipe~'"''· . na a ui é o rincípio geral de que no decurso da inleracção ~ocial


geográfico e de mogr:'i fico do mundo do comércio e da indú <tria algumas á reas da Europ;
pudera'." _açam barcar os .benefício< desta expansão e tanlo mais ~e puder~m espL...:ializar-S<·
nas act1 v1dadcs cssenera1s para colherem esse bc r . r
·e u tempo. força de traba lho , terra e o . .
.
. nc 1c10 .. ivcram ª"1m de ga-t.u menu< do
Aq uilo que func10_ . '1.. ~ p. d . e ·iabilizadas e definidas como «lrad1c1ona1s». O s sicas. Ou a Euro a Oriental se Ir . ulros recurso' na_1ura1< para prover.à' ' u"' necc\Sidadcs
pequenas difcr~ nças •_mciais sao '.c or~-~ ª~~i ,aspcclo e uma criação do presente, nunca do
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Qualqu.e r das soluçocs lena_ serv ido as • nccc,>idades do momcn lu • . A lii:e1 ,.a vantagem-'
•tradicion~ I · !01 cntao. como '~~1prc ". drc G;mde r Frank argume nta: «0 desenvolvimento
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passado. b iando d o mundo imx cmº:-~ :, duas faces de uma mesma moeda. Ambas consti-
c n subdi:srnvol\'101Cnto ccononuco sa . . . .. . - . . -se na grande disparidade do século XVII e na monumental dife rença do ,é.cu lo X IX" "''.
tucm rcs ull;ido necessário e as man ifestações contemporaneas _das conlrad1çoes mle mas do As considerações fundamen1a is na fo rma de cont ro lo do 1rahalho adop1ada na Europa-
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'<:istcma mundial capilalista>)111 ''· ~t..ts este processo é muito mais geral do que Fr~nk md1ca. Or.ie~lal .foram a oportumdadc de um grande lucro se a prod uçiin foS>e aumen tada rdcv ido à
Como Owen Latt imorc diz." ª Civilização gerou a barbárie•"'"· Falando da re laçao enlre os ex1s1cncra de um mercado mundia l) mais a combinação de uma rel at iva c"''"'e' de 1raba lhu
sedentários e os nómadas nos fro meiras do mundo. La111more afirm a que a form a de conce ber com uma grande quanlidade de terra di spon íve l " ~". Na Europa O riental do >écu lo XV I e cm
a sua ori eem e os seus relacionamentos res ide cm observar al g u~ as zonas da economia da América Es panhola, o lraba lho coercivo cm produçõc> mer-
3
r: m1açào di: dois tipos divergentes ::1. parti r do que originalm~nte tinha ~ido uma sociedade canti s era enlão desejável (luc rau voJ. necessário (cm te rmos do inleres>e prúprin do propric-
un ificad 3 • Poderemos chamar-lhes. por conven iência. ~ progressi va"' (a agnc ultura tom ando-se 1ári o) e poss ível (cm lermos do lipo de lrahalho necessári o). A e>erava tu ra era im praticável
primordi al. e 3 caça e calceta sec undári as) e .~ atrasada» (mantend~-se a caç~ e a ca lceta fu~­ dada a relativ~ escassez_ de traba lho. A escra vização do 1rabalho indíli""ª é u mpre c'cassa _,
damentais. 3 agricuhura tomando-se sec undá.na, em alguns casos nao ultrapassando um estádio face às necessidades, pois é demasiado difíc il de con1rolar e a importação longínqua de escra-
incipicnte) 1117 '. vos não era lucrati va para produ1os que exigiam 1an1os c uidados como o tri go. Afinal de contas,
Assim . se num dado momento. dev ido a uma série de anlecedentes. uma re gião tem uma o cuslo dos escravos não era neg li ge nciáve l.
ligeira vantagem sobre outra em termos de um factor chave, e se se verifica ~m ~ conjugação Embora prcs umivelmcnle o camponês pre fi ra um sistema de trabalho coerc ivo à ei.cra-
de acon1ecimentos que faz com que esla ligeira vantagem se tome de 1mpon anc1a central em vatura. devido ao mínimo de dignidade e de pri vilégios ine rcn1cs à liberdade fo m1al. daqui
termos de acção social determ inante, então a ligeira van tagem transforma-se numa grande não decorre necessari amen1c que as condições materi ais do lrabalho coerc ivo sejam melhores
disparidade e a vantage m subsisle mesmo para além da refe rida conjugação de acontecimen- que as do trabalho escravo. Na verd ade , Fernando Guillén Martinez afirma que, na América
tos'" ''· Foi este o caso na Europa dos séculos XV e XVI. Dada a grande expansão do alcance Espanhola, os índios sujeitos ii e11m mie11da eram pior traladns do que os escravos. funda me n-
1almen1e de vido à situação soc ial insegura do e11comcndero '"''. AI varo Jara afirma da mesma

1. 11-L Bens defende o par...1lc lo enlre. por um lado. cslas invasões e o .. scp_undo fe ud.ll ismo• e. por o utro, as
primeiras inYaMl<:'i e a criação do .. primeiro .. fe udalismo na Europa. Ver B ~ns . Rrrut' ãhisroirr comparir , p... 175. mudanças e m .quantidade. em ~u . eles descobririam q ue " mudança..<; em q ualidade" de foc10 só r~u llam de mudan-
ças e~ quanlldade . ~slo é váhdo lamo para muda nças nas ideias e per5peçl iva~ soc iais como par.a mudança..1i na

l'-
Ele realça o impacto da." úl1i01as invasões sobre os gove rn antes da Europ;i _Or1ental nas pp. 175-1 80. Doreen V-:amner,
Slammc und Eu s1 Eurnp1•ar1 Re\'Ú:'n", XXX I. espec ula que .. se o~ cana is [europeus ] de comérc io não se U\' esscm o rga m1..ação eco nó m ica. ( ... }
dei: locado f rel:i1ivamcme falando] para Oes1e (a partir d.1 Europíl Oricma l 1à proc ura de melais ult ram ari nos. a Europa . M udanças de qua~ida_dc nfio "ão mais q ue um ceno estádio de in leno;idade aling: ido por mudança..\ e m quan-
Oriental poderia 1c r coniinuado a seguir o me smo desenvo lvimento 1.1 ue a Europa Ocidental. com o comércio e a lldade prcceden1es .... " Cap1tah sm and Rcform ation • . Ernn f'mic lfisrvry Rl'1·ir"-. VIII . 1. Nov . 19J9. ~ -5 .
expan~ão urb:111a acluando como solventes da econo m ia e da soc iedade feudais. Ou. em alte rnativa . a depressão do 11 9. TrJ ian S1oianovich d e fende a mesma d i~paridade crescente e mre a Europa Ociden1.a l e n Europa do~
~cu l o X\' na Europa Ocidcnta l pcxkria 1er-se deslocado para o Lc~ te fp. 176 ).... Sudesle : ~ Se no sécul o XIV se encont ra pouca d iferença quan1i 1a1iva entre 3 orienl.lÇào r~rrea da.o; .\Oeiedadcs baldni-
11 5. Andre Gundc r Frank. Copilalism ond Underdt•\"elopm,·n1 in Uitin Amatca (Nova Iorque; ~fonlhl y ca:<; e ~ o n cniação f~rrea da Europa !OcidcmalJ , !ai distinç.ãn era s ignificariva em 1700. mu i10 maior ainda em JROCJ,
Re\·lew Prcss . 19671 . 9. Fran k prossegue: .. ixscnvoh•imcn to e subdcsenvo l\·imenlo econó m icos n ão são exac1a- e m~nve~menre m:u or e'." 1850 ..... Materia l Foundat ions of Pre indu ~irial CiYililarion in thc Aalkans•, Jo 11 rnal nf
men1e re l:uivos e quan1i1aÜ\'Oi.. no sentido de que um rcprcse ntc mais dcscm ·olv imcnto econó mico que o o u1ro; s,x·1al lfwory, IV. 3. Primavera 11J71, 22 3.
dcsenvolvimc mo e subdesc nvolvimcmo económicos são re lacionais e qua.li ta1ivos, no sentido de que são estru1u- 120. E vsey D. Domar~ a hipó1ese: .. [)o.; três c lcme nlos de uma es lru turJ :tgrícob re le\·antes f par-d o .. ··
ra lmcn1e di ferent es da i.ua re lação um com o outro. se bem q ue C.lusados por ela. Mas o descnvolvi me mo e o sub- fc nó~eno da escravatura e da serv1d.lo j - lcrra livre , camponeses livre!' e propri etirios de leTTJ não irabalhadores
dcscn,·olvimem o. embora dialcclicamcn1e con1rad i1ó rios. são o mesmo no sentido d e que são o produto duma - dois deles podem COC"x is1ir. mos flunco º ·" três sim11lta11eomrntl' . A combi nação a se r rncon1rad.3 n.:1 realidade
única cmurnra económica e dum único p roce~so de L"'api1alismoio. dependerá do compo~~unen 10 de fac1o rcs politicos - medidas govem amenl;us. (...)• . • The Cau5Cs of S'3very or
11 6. Owen Lattimore ..... La civi1i..ation. mCre dl! la Barbarie? •, Annolts E.S.C.. XV II. 1. Jan .-Fe v. 1962, 99. Serfdom : A Hypo1hcs 1s• . Jm1rnal nf fronomic llútory, XXX , 1. Março 1970, 2 1.
11 7. OwL· n Lanimore, Rdtôm1i dd X Congr,•sso di Scien;e Srori,·he. I. p. 11 0. Um pcm10 de v ista m ui10 121: .. A c riaç;1o e co_nsti1uição de casl a.~. grupos pc-rmanememenle subjugados a o ulroll\. nllo conSC"guiu .{ •
scmelhan1c é avançado ix;ir Mo n oo Fried : ..-fA I maioria das 1ribos parece ser fenómeno sec undário num sentido receber sançao lega l lna América es panho la ). a não st r cmbrion:iria e prov isommcnte. A le~ i sl aç3o o fi c ial w brc 0 ..
muilo específico: podem bem .-.cr o pro<lulodc proccs'l.Os c~1imul ad os pelo aparecimento dê ~oc iedades re lativamente lraha.lho pesso al d os índios nunca aceito u propriamenle a desigualdade juríd ica in lrinscca en1re hrancos, fndios e ='·
muno or1;an izadas no meio de o u1r..1s :t0e icdades organizadas dum modo m uilo mais simples. Se islo se pode mes11ços . (. ... )
º
demonstrar.. 1ribalismo pode então ser visto como reacção à criação de estrulu ras polílicas complc u .11 em vez. P recisam ente por causa das suas prrcauçõcs e charadas eura- legai11, a classt e :t plor.tdor:a fck propriet.árim
de um e.s.tád10 n1:cessariameme pre liminar da sua evolução ... ...Qn lhe Concept o f ... Tribc" and º"Triba l Society"-.., in da rerra e burocra1as se us aliados) veio a rer carJclrrfsticas tJe irrcspono;abilidade mor.t i, rapinagem e violfociJ
June Helm. ed . . Essays on tht Prvblrm o/Trib~. Procecdi ngs of 1967 Annual Spring Mcel in g of 1hc American desumana , desconhecid a onde e la co ns1i1u ía um esu ato ari s1ocrá1ico firm cmcnle apoiado pelo Estado na sua s itua-
. Ethnolog ical Socie1y. 15 . ção económica privileg iada . 1al co mo na A lema nha. França ou lláli.1 .
- .1 18. De fac10. a consciência dcs1e efei to cumulativo de pequenos di ferenc ia.is proporciona uma porue para . _E v idê ncia d islo pode en<.·on1rar-~ no fac10 de que qu3Jldo a importação de escravos negros para Nova Granada
se 1t~5~ r o argunl(mo algo e~a~ri l a propósi10 de quan1idade e q ualidade. Concordo co m P . e.
Go rdon-Walker: fo i au1onz.ada. a fim de traba lharem nas minas de Antioquia e para serem traba.Jhadores agrícolas na região cJo Rio
• A d1\lmçào emrc mud.3nças cm qualidade e m udanças em quan1idade ~ irreal . Se os histori adores procurassem

!02 103

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a ue driio de ,·ida dos índios sujeitos à e11c01'.1ie11da: mas ~go~2~10 Chile, estava «a
~::ív~I mí:mo. utili zando este conceito no seu sentido mais estn·t.o »
0
. . basicamcnt~ ~ uito m~is alta (mesmo cm períodos de declínio demográfico como os séculos
1 Assim. nas áreas gcocconomicamcnte pc_n féncas da econonu~:mund~ nas~ente, exis- XIV e XV) · ~ agncul.tura era consequentemente mais imensi,·a' '''"· Adicionalmente uma
t:~ tiam duas actividadcs primárias: mineração. pnnc1palmente de_ metais prec10sos, e _agncul~ parte da terra foi transfen~a do c~ltivo para a pa~torícía. o re~ultado foi uma menor c~rção.
... -tura principalmente de alcuns alimentos. No século XVI, a Amé nca ~spanhola fornecia essen- Em part:, um trabalho m~1s _especiali zado pode in~istírnuma coerção j urídica menor. Ou antes! -:-
cial~iente os primeiros"~". enquanto que a Europa Oriental _fome~ia fund~entalmente os a c~rçao tem .de_ser mai s md~recta. pela via dos mecanismos de mercado. Em pane. acon-
1segundos. Em qualquer dos casos. a tecnologia era trabalho-intensiva e o sistema so71al de tecia que na cnaçao de gado fot sempre uma tentação, !>Obretudo no Inverno. desviar a comida
exploração do trabalho. Os excedentes destinavam-se de forma globalmente desproporcionada do gado para os homens. Um sistema dominíal não era capaz de lidar eficazmente com este
11271
à satisfação das necessidades da população das áreas _c_entra1s. Os lucros 1med1atos ~este proble'.11ª . Mas o século XVI foi u~a época de procura cre!.Cente de carne. procura que
empreendimento eram reparlidos. como teremos ocasiao de ve~, _entre grupos. nas _areas é elásuca e_que s~ ~xp.ande com a subida do padrão de vida "'''- Dada também a expansão
centrais. grupos de comércio internac10na1 s, e pessoal. de _s uper.:1sao local (que tnclu1, por da populaçao,_e:1st1a igualmente uma maior procura de cereais. As comequéncias foram
exemplo. quer os aristocratas na Polónia quer os func1onanos_ c_1v1s e os encomenderos na simples. A cnaçao de gado, que era lucrativa, exigia uma organização social do trabalho
América Espanhola). A grande massa da população estava sujeita a traba~h.o coercivo, um diferente. Quando esta não se desenvolveu, quaisquer que fossem as razões. a pastorícia
sistema definido, circunscrito e controlado pelo Estado e o seu aparelho JUd1c1al. Os escravos
eram usados na medida em que era lucrativo fazê-lo, e onde tais extremismos judiciais eram l 25. Todavia. a d_ensidade declinou na Europa Meridional à medida que o procc>50 de 'Cffii-pcrifrriali- •
excessivamente caros a alternati va era empregar nos domínios virados para a produção mer- zação, a descrever mais adiante, ocoma. Ao comentar um artigo de Marizn ~talov.ist rela:ti ..·o a de:ser,..-olvlmentos
12 na Europa Oriental nesta época. Jaime Viccns Vi\res fez a seguinte comparação com a Ca!ilunha: ...Com efeito.
• cantil trabalho agrícola formalmente livre mas de facto legalmente compulsivo < • 1• reparámos, como especialistas da evolução das classes camponesas num país bem diferc:ru.e da Polónll do iC:culo
r No centro da economia-mundo, na Europa Ocidental (incluindo o mundo mediterrânico XV, como é a Catalunha, que se há em ambas as áreas uma concordância flagrante no que t~rnos cksigtl3do por
"segundo feudalismo", esta semelhança não pode ser explicada por causas idênticas. O Sr. MaloW'!st.. K"guindo os
1.
crisl.30), a situação era, em numerosos aspectos, diferente. A densidade populacional era
se us precursores polacos. [considerJ] como elemenlos primordiais para o começo dum.a no.. a feud.alização nos séculos
XV e XVI o desenvolvimento do comércio no B:illico polaco e o alargamento dos mcrodo1. internos - rrsultado
Cauca ou na costa aLlãrnica. o tratamento paternal que eles recebiam dos seus senhores era muito menos cruel, imoral nonnal do crescimenlo das cidades. Na Catalunha. bem pelo contrário. as caus.as da deg:rad.ação do esuruto jurídico
ou birbaro do que o que as tribos atribuídas aos tncomenderos tinham anteriormente recebido. O proprielário do da população camponesa foram a decadência do comércio mediterrânico, por um lado. e o despcn-oomcnto d:ts cidades.
escravo negro era confirmado por lei na sua situação privilegiada, e esta consciência da estabilidade da escravatura por outro. Assim se chega a resultados idênticos p3!tindo de factos opostos•. Comentários fciios .M>tn o •Rappon
dan aos proprietários um cena sentido de responsabilidade concreta que faltava aos encomenderos a quem os índios de M. Malowist>. p. 148.
,_csta\·arn sujeitos•. Guillén. Rai: yfururo, 8 1. Para além do facto de eu não acred11arque V1cens caractenze a posição de ~ Wo.. isl com wuJ conceção.
.. 122. Ah·aro Jara. .. salario en una economia carac1erizada por las relaciones de dependencia personal•. Third acho que ele falha o ponto principal. As causas do no,·o estatuto dos camponeses ru PolónU e na C:ualunha s3o
lnuma.Jiona/ Conference of Eronomic History, Munique 1965 (Paris: Mouton, 1968). 608. idênticas. São apenas os seus pontos de panida que são diferentes. tendo a Catalunha sido no século XIV uma d.u
~ia.is e..·idfocia sobre o baixo nível de vida do índio na encomienda pode encontrar-se na Guatemala. onde áreas relativamente mais avançadas da Europa. O despovoamento da Catalunha e o aumrnto da popul.a,çào n.J. Polt.lla
o produto era o indigo. Em 1563, a Coroa espanhola apoiou uma decisão prévia da Audiencia de proibir o emprego podem ter aproximado bastante uma da omra as densidades res ultanles, reflectindo por YOlta do fm.J.I do •lon!O•
de índios na bas.c de que era .. trabalho mui10 nocivo•. Robcn S. Smith assinala que esle decreto foi ineficaz: século XVI os seus estatu1os não mui1 0 diferenles na economia-mundo europeia.
r • Em 1583 os funcionários coloniais descobriram que os donos das plantações tinham arranjado um sub- Do mesmo modo, quando Pierre Jeann in indica que os JX>nos do Báltico aumentam~ facto cm umanho e
terfúgio: cm \ 'CZ de contratá-los por salário. entendiam-se com os índi os para colherem plantas de indigo a tanto por actividade no século XVI, acautelando-nos para não afirrnannos demasiado o declínio da cKbdc na periferia.. temos
carregamento, pagando-lhes em roupas com apenas um décimo do que deveriam receber em salários monetários. de reconhecer que é assim mesmo. Ver «Les rela1 ions économiqucs dcs villes ck' la Bahiquc a\·~c -~ ..·ers _au XV1~
(... )Sete anos mais tarde o foca l descobria que ..muitos mestiços, mulatos e negros livres e mesmo escravos" (i.e., si~c lc», Vierteljahrschrifrfür So:ial- und Wirtscha/tsgeschichte . XUll. 3. ScL 1956. 196. Ma.s hi ..-:mas coisas a ter
os trabalhadores de quem o go ..•emo esperava que fizesse m o trabalho) estavam a viola r a lei ao alugarem índios em men1e. 1) Um aumcnco no comérc io inlemacional conduz dtter1o a um aumento nJ 3Cti ..,id:lde portuária. Mas
para .colher e ~sponar xiquilite (a planta que era a principal fon1e de indigoJ por salários apenas nominais». quanto a cen1ros administrativos e centros de comércio local? 2) Um aumento dJ população global h.ncria nor-
•lndigo Product1on and Trade in Colonial Gua1emala• , llispanic American Historical Re view, XXXIX, 2, Maio malmente de ter como consequência um aumento do tamanho absoluto das. _ci~dcs. nus quais são as ~~s
l--1959, 187. Alé escravos alugavam índios - aí eslá o modelo! urbanas relativas? 3) Mesmo um aumen10 relalÍ't'Oda população urban3da pcnfe.na podt.corresponde.r ~ e sem du't'lda
. 123. • (Os) objecti~os. in iciais .Ida conquista espanhola mostram] uma fone convergência na criação de correspondeu) a um declínio relafrrn em relação ao grau de urbanização da Europa Oc1denW.
f
economias exploraçao mme1ra n?s d1íe_re n1es lugares de ocupação e colonização. (... )O que os índios davam à 126. Agricultura mais intensiva requer melhores condições para os cam~scs. Ver -~rdant sobre como
.J

~era undamentalmente ~e1a1 s ~r~c1osos. Produtos coloniais apareciam relegados para um modesro segundo as dízimas de sencorajam a produtividade (Théorit soriolo~ique dt I' impõr. 1. p. 208). e de como unpostos ou rendas
ug~ · AI varo Jara. Grande! _mies :_riarlflmes da ns le monde, XVr -XtXr siic/es, pp. 249-250. Jara indica que os quadros
e~~~raj~~l~:~i~~ll~ ~~~-;~~.>;,,o
::s
dos olumes de tráfico manumo sao claros a eSle respeito: • Excepto para as décadas de t591-t600 e de t621-1630,
as ou:r:as entre 1503 e 1660 parecem adequar-se a esta fórmula: quamo maior a produção mineira maior o
ico manumo como contrapanida comercial [p. 266J• . '
fi xos a dilema teórico: • (Uml sistema que coloca so!tt os servos a responsabiU-""• •
dade maior ~a função da "reprodução", isto é, dos cuidados com o gado. cria :issim as piores c~ições possíveis ' .....,
para a criação de gado. Negligên:ias dos cam~neses para com. os animais. uma fonte ~I~~~~ ~l~;~
.. nologia :r~:n~~~~e~~: uma ~ist~nção ~n~rc economias de plantação e economias de herdade, uma tenni- que para eles ~a constante arrelia de quem dmge uma senhona. Os anos de esc~z . g . 1
de baixa pluv iosidadc, colocam o c~ponês per:1"~e a alte~ativa de ~i~ntar os t:i~~o:i:~~";:~~~: ::r':s::'~
0

rcspectivos pnxfutos ti icos A pnnc1pal d1 stmçã_o p~rece centrar-se na forma do conlrolo de trabalho e nos
V
Lações produ7.em produfos d~ -:~i~r:_ral Econonuc fl~s~ory (Nova Iorque: Free Press. 1950), 79-92. As plan- A escolha pode ser facilmente adivmhad~. Por ~lmno, 3 baixa prod~~ivlda~n~m fom cns•. Thiorie écon.omiqut
dades são u1ilizadas para cri.dão de ( d gundol Weber). tipicamente cana-de-açúcar. tabaco, café, algodão. As her- grande manada, o que agravava ainda mais :is d1ficutdadesde aprov1stoll3Jll . \ g 1970 31 3' Esuconsi
que a distinção assim afirmada seja ~~ ° ~ P an~ções de tngo, ou uma combinação das duas. Não es1ou certo de du systeme f éodal: Pour un modêlt de/' iconomit po/onaist, ~6" -18" sitclesi~~~::~°:~octan~ru; n~· Langued~
1
0

Europa Oriental eram de longe mais p~ ~~ as • erdades,. (tal como são aqui definidas) que se encontravam na deração não era meramente teórica. Em manuel Le Roy Ladune mostra que
lngla1erra. por exemplo. eci as com as • plantações• das Américas do que com as <c herdades» da entre l 5 t5-t 530. Les paysans de languedor (Paris: S.E.V.P.E.N.:,1'{'6). 1. i~p- p 45.52 .o apo~u do combt:io' "
128. Ver Kri sto"r Glamann, Fontano Econom1c H1 story 01 umpe • • · ·
de gado coi ncidiu com a idade de ouro da nobreza IP· 50)•.
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a ue driio de ,·ida dos índios sujeitos à e11c01'.1ie11da: mas ~go~2~10 Chile, estava «a
~::ív~I mí:mo. utili zando este conceito no seu sentido mais estn·t.o »
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. . basicamcnt~ ~ uito m~is alta (mesmo cm períodos de declínio demográfico como os séculos
1 Assim. nas áreas gcocconomicamcnte pc_n féncas da econonu~:mund~ nas~ente, exis- XIV e XV) · ~ agncul.tura era consequentemente mais imensi,·a' '''"· Adicionalmente uma
t:~ tiam duas actividadcs primárias: mineração. pnnc1palmente de_ metais prec10sos, e _agncul~ parte da terra foi transfen~a do c~ltivo para a pa~torícía. o re~ultado foi uma menor c~rção.
... -tura principalmente de alcuns alimentos. No século XVI, a Amé nca ~spanhola fornecia essen- Em part:, um trabalho m~1s _especiali zado pode in~istírnuma coerção j urídica menor. Ou antes! -:-
cial~iente os primeiros"~". enquanto que a Europa Oriental _fome~ia fund~entalmente os a c~rçao tem .de_ser mai s md~recta. pela via dos mecanismos de mercado. Em pane. acon-
1segundos. Em qualquer dos casos. a tecnologia era trabalho-intensiva e o sistema so71al de tecia que na cnaçao de gado fot sempre uma tentação, !>Obretudo no Inverno. desviar a comida
exploração do trabalho. Os excedentes destinavam-se de forma globalmente desproporcionada do gado para os homens. Um sistema dominíal não era capaz de lidar eficazmente com este
11271
à satisfação das necessidades da população das áreas _c_entra1s. Os lucros 1med1atos ~este proble'.11ª . Mas o século XVI foi u~a época de procura cre!.Cente de carne. procura que
empreendimento eram reparlidos. como teremos ocasiao de ve~, _entre grupos. nas _areas é elásuca e_que s~ ~xp.ande com a subida do padrão de vida "'''- Dada também a expansão
centrais. grupos de comércio internac10na1 s, e pessoal. de _s uper.:1sao local (que tnclu1, por da populaçao,_e:1st1a igualmente uma maior procura de cereais. As comequéncias foram
exemplo. quer os aristocratas na Polónia quer os func1onanos_ c_1v1s e os encomenderos na simples. A cnaçao de gado, que era lucrativa, exigia uma organização social do trabalho
América Espanhola). A grande massa da população estava sujeita a traba~h.o coercivo, um diferente. Quando esta não se desenvolveu, quaisquer que fossem as razões. a pastorícia
sistema definido, circunscrito e controlado pelo Estado e o seu aparelho JUd1c1al. Os escravos
eram usados na medida em que era lucrativo fazê-lo, e onde tais extremismos judiciais eram l 25. Todavia. a d_ensidade declinou na Europa Meridional à medida que o procc>50 de 'Cffii-pcrifrriali- •
excessivamente caros a alternati va era empregar nos domínios virados para a produção mer- zação, a descrever mais adiante, ocoma. Ao comentar um artigo de Marizn ~talov.ist rela:ti ..·o a de:ser,..-olvlmentos
12 na Europa Oriental nesta época. Jaime Viccns Vi\res fez a seguinte comparação com a Ca!ilunha: ...Com efeito.
• cantil trabalho agrícola formalmente livre mas de facto legalmente compulsivo < • 1• reparámos, como especialistas da evolução das classes camponesas num país bem diferc:ru.e da Polónll do iC:culo
r No centro da economia-mundo, na Europa Ocidental (incluindo o mundo mediterrânico XV, como é a Catalunha, que se há em ambas as áreas uma concordância flagrante no que t~rnos cksigtl3do por
"segundo feudalismo", esta semelhança não pode ser explicada por causas idênticas. O Sr. MaloW'!st.. K"guindo os
1.
crisl.30), a situação era, em numerosos aspectos, diferente. A densidade populacional era
se us precursores polacos. [considerJ] como elemenlos primordiais para o começo dum.a no.. a feud.alização nos séculos
XV e XVI o desenvolvimento do comércio no B:illico polaco e o alargamento dos mcrodo1. internos - rrsultado
Cauca ou na costa aLlãrnica. o tratamento paternal que eles recebiam dos seus senhores era muito menos cruel, imoral nonnal do crescimenlo das cidades. Na Catalunha. bem pelo contrário. as caus.as da deg:rad.ação do esuruto jurídico
ou birbaro do que o que as tribos atribuídas aos tncomenderos tinham anteriormente recebido. O proprielário do da população camponesa foram a decadência do comércio mediterrânico, por um lado. e o despcn-oomcnto d:ts cidades.
escravo negro era confirmado por lei na sua situação privilegiada, e esta consciência da estabilidade da escravatura por outro. Assim se chega a resultados idênticos p3!tindo de factos opostos•. Comentários fciios .M>tn o •Rappon
dan aos proprietários um cena sentido de responsabilidade concreta que faltava aos encomenderos a quem os índios de M. Malowist>. p. 148.
,_csta\·arn sujeitos•. Guillén. Rai: yfururo, 8 1. Para além do facto de eu não acred11arque V1cens caractenze a posição de ~ Wo.. isl com wuJ conceção.
.. 122. Ah·aro Jara. .. salario en una economia carac1erizada por las relaciones de dependencia personal•. Third acho que ele falha o ponto principal. As causas do no,·o estatuto dos camponeses ru PolónU e na C:ualunha s3o
lnuma.Jiona/ Conference of Eronomic History, Munique 1965 (Paris: Mouton, 1968). 608. idênticas. São apenas os seus pontos de panida que são diferentes. tendo a Catalunha sido no século XIV uma d.u
~ia.is e..·idfocia sobre o baixo nível de vida do índio na encomienda pode encontrar-se na Guatemala. onde áreas relativamente mais avançadas da Europa. O despovoamento da Catalunha e o aumrnto da popul.a,çào n.J. Polt.lla
o produto era o indigo. Em 1563, a Coroa espanhola apoiou uma decisão prévia da Audiencia de proibir o emprego podem ter aproximado bastante uma da omra as densidades res ultanles, reflectindo por YOlta do fm.J.I do •lon!O•
de índios na bas.c de que era .. trabalho mui10 nocivo•. Robcn S. Smith assinala que esle decreto foi ineficaz: século XVI os seus estatu1os não mui1 0 diferenles na economia-mundo europeia.
r • Em 1583 os funcionários coloniais descobriram que os donos das plantações tinham arranjado um sub- Do mesmo modo, quando Pierre Jeann in indica que os JX>nos do Báltico aumentam~ facto cm umanho e
terfúgio: cm \ 'CZ de contratá-los por salário. entendiam-se com os índi os para colherem plantas de indigo a tanto por actividade no século XVI, acautelando-nos para não afirrnannos demasiado o declínio da cKbdc na periferia.. temos
carregamento, pagando-lhes em roupas com apenas um décimo do que deveriam receber em salários monetários. de reconhecer que é assim mesmo. Ver «Les rela1 ions économiqucs dcs villes ck' la Bahiquc a\·~c -~ ..·ers _au XV1~
(... )Sete anos mais tarde o foca l descobria que ..muitos mestiços, mulatos e negros livres e mesmo escravos" (i.e., si~c lc», Vierteljahrschrifrfür So:ial- und Wirtscha/tsgeschichte . XUll. 3. ScL 1956. 196. Ma.s hi ..-:mas coisas a ter
os trabalhadores de quem o go ..•emo esperava que fizesse m o trabalho) estavam a viola r a lei ao alugarem índios em men1e. 1) Um aumcnco no comérc io inlemacional conduz dtter1o a um aumento nJ 3Cti ..,id:lde portuária. Mas
para .colher e ~sponar xiquilite (a planta que era a principal fon1e de indigoJ por salários apenas nominais». quanto a cen1ros administrativos e centros de comércio local? 2) Um aumento dJ população global h.ncria nor-
•lndigo Product1on and Trade in Colonial Gua1emala• , llispanic American Historical Re view, XXXIX, 2, Maio malmente de ter como consequência um aumento do tamanho absoluto das. _ci~dcs. nus quais são as ~~s
l--1959, 187. Alé escravos alugavam índios - aí eslá o modelo! urbanas relativas? 3) Mesmo um aumen10 relalÍ't'Oda população urban3da pcnfe.na podt.corresponde.r ~ e sem du't'lda
. 123. • (Os) objecti~os. in iciais .Ida conquista espanhola mostram] uma fone convergência na criação de correspondeu) a um declínio relafrrn em relação ao grau de urbanização da Europa Oc1denW.
f
economias exploraçao mme1ra n?s d1íe_re n1es lugares de ocupação e colonização. (... )O que os índios davam à 126. Agricultura mais intensiva requer melhores condições para os cam~scs. Ver -~rdant sobre como
.J

~era undamentalmente ~e1a1 s ~r~c1osos. Produtos coloniais apareciam relegados para um modesro segundo as dízimas de sencorajam a produtividade (Théorit soriolo~ique dt I' impõr. 1. p. 208). e de como unpostos ou rendas
ug~ · AI varo Jara. Grande! _mies :_riarlflmes da ns le monde, XVr -XtXr siic/es, pp. 249-250. Jara indica que os quadros
e~~~raj~~l~:~i~~ll~ ~~~-;~~.>;,,o
::s
dos olumes de tráfico manumo sao claros a eSle respeito: • Excepto para as décadas de t591-t600 e de t621-1630,
as ou:r:as entre 1503 e 1660 parecem adequar-se a esta fórmula: quamo maior a produção mineira maior o
ico manumo como contrapanida comercial [p. 266J• . '
fi xos a dilema teórico: • (Uml sistema que coloca so!tt os servos a responsabiU-""• •
dade maior ~a função da "reprodução", isto é, dos cuidados com o gado. cria :issim as piores c~ições possíveis ' .....,
para a criação de gado. Negligên:ias dos cam~neses para com. os animais. uma fonte ~I~~~~ ~l~;~
.. nologia :r~:n~~~~e~~: uma ~ist~nção ~n~rc economias de plantação e economias de herdade, uma tenni- que para eles ~a constante arrelia de quem dmge uma senhona. Os anos de esc~z . g . 1
de baixa pluv iosidadc, colocam o c~ponês per:1"~e a alte~ativa de ~i~ntar os t:i~~o:i:~~";:~~~: ::r':s::'~
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rcspectivos pnxfutos ti icos A pnnc1pal d1 stmçã_o p~rece centrar-se na forma do conlrolo de trabalho e nos
V
Lações produ7.em produfos d~ -:~i~r:_ral Econonuc fl~s~ory (Nova Iorque: Free Press. 1950), 79-92. As plan- A escolha pode ser facilmente adivmhad~. Por ~lmno, 3 baixa prod~~ivlda~n~m fom cns•. Thiorie écon.omiqut
dades são u1ilizadas para cri.dão de ( d gundol Weber). tipicamente cana-de-açúcar. tabaco, café, algodão. As her- grande manada, o que agravava ainda mais :is d1ficutdadesde aprov1stoll3Jll . \ g 1970 31 3' Esuconsi
que a distinção assim afirmada seja ~~ ° ~ P an~ções de tngo, ou uma combinação das duas. Não es1ou certo de du systeme f éodal: Pour un modêlt de/' iconomit po/onaist, ~6" -18" sitclesi~~~::~°:~octan~ru; n~· Langued~
1
0

Europa Oriental eram de longe mais p~ ~~ as • erdades,. (tal como são aqui definidas) que se encontravam na deração não era meramente teórica. Em manuel Le Roy Ladune mostra que
lngla1erra. por exemplo. eci as com as • plantações• das Américas do que com as <c herdades» da entre l 5 t5-t 530. Les paysans de languedor (Paris: S.E.V.P.E.N.:,1'{'6). 1. i~p- p 45.52 .o apo~u do combt:io' "
128. Ver Kri sto"r Glamann, Fontano Econom1c H1 story 01 umpe • • · ·
de gado coi ncidiu com a idade de ouro da nobreza IP· 50)•.
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rei redi u n..: mo ''"''. As im. por tod 3 a Europa. a grJnde questão passo u a se r um a divisão do como alremari va generali zada._ Para 'Cr ma i preci\Cl. a parceria er• coohttida em outras
árc~s. Ma.< ocupou um lugar pn mac1al ne•ta alt ura ape nas na ~iperikna. A "'~::odria na
rrabJ lho ,cn:scentc. 'd• dc . n ----,·<·i3m ·is inJ úsrrias nasciam. os mercadores transfonnav am. l!áha e afârlterre na Pro vença eram J:Í conhecida, desde o 1'éculo XIII ;• mlraw1~~ no rcs:.õ'
o C'(Jl tro. as c1 ... s v •.. .•. . . .
do Sul da França desde o século XIV. E à medida que dificuld.lde• ec~n(,rmca• ~
ª'
·se numa forc;a t"l·onómica e rx1li1icamente signifira.ti·"ª· E ccno 4~e a agncuh_ura pe?11ane-
senhores aumentavam nos "écul us XI V e XV .°' domíni°' eram cre scmttmcm.e ccdidm
et:u durJ nlc tuJo 0 sérnlo XVI a :1r 1i vidaJc da maion a da popul ~ç ao . (Na realid ade , isto foi
sob esta forma, não como um todo. m°' em parcela\ mai• pequenas. ma is odequw• ao
w rdade ate ao s"culo XIX p.irJ 0 Noroeste europe u. e até ao sccul o XX para a E uropa do
sustento de um a família do que ao de uma ald<:ia in1eira. Duby a \Ina la que em meados
Sul). Arcs3r disso, 3 incl usúo da Europa Orient al e da A mé ric~ Es pmho l3 n3 econo mia-mundo
do século XV «as ex plorações prod utora\ de cercai' em gra nde ti.Ca la que poóeriam aind.1
cu ropei 3 durJn le 0 século XV I não só fo mereu cap11al (:11ravcs do sa4uc e dc .mar~en s de lucro
m anter-se na Europa Ocidental desapareceram._ A isto refere-i;c ele corno • uma das tra..,-'-
altí.simas). mas libe n ou taml>l' m algum 1rabalho no cenlro para espec 1ahzaçao em outras fonnações fundamentais da vida rura1. m2 1

o
m -cfas. espectro das tarefas oc upac ionais no ce nl ro er3 ex tre mamente complexo. Em grande Porque é que. no entanto. a tran <fonnação tomou esta fonna particular" Ou seja. porq ue
pane era aincb 3n:l logo ao da pe ri fe ri a (por cxcmp.h na ~rodução de cereais). M ~s ª.tendênci.a é que, se hav ia a ameaça de uma transformação. n>o se viroo o liCnhor p:ira o Estado r.o sen-
no centro erJ no se ntido da v3ried3de e d3 cspeciah zaçao enquanto que a tendenc1a na pen- tido de forçar os camponeses a pennanece r na terra. como aconteceu na Europa Ork ntal? E.
feri3 era para a monocuhura. por ourro lado, porque é que, se houve concessões. estas 1omaram a fonn a d<: pan:eria mais do
, A expansão do séc ul o XVI não foi somcnre geográfica. Fo i uma expansão económica que de transferência da terra para pequenos agricultores que adqu iririam plenam,,nte a terra
_ um pe ríodo de crcscimenlo demográfico , de produtividade agrícola crescente e da «pri- ou pagariam uma renda fi xa - a princi pal (embora não a ún ica) sol ução adaptada na Europa
meirJ re volução industri al• . Marcou o estabelecimento de um comércio regular entre a do Noroeste?
Eump> e o resto do mundo habitado" "''. Nos finais do século. a economia parecia s imples- Dobb, comparando a Europa Ocidental com a Oriental em termos da reacção sen horial
mente diferente e melhor 41311 • ao fenómeno da deserção e despovoamento. e considerando a Europa Ocidental como a areru
· Até >qui . descre vemos as form as de produção e de controlo do trabalho emergentes na da «concessão» e a Europa Oriental como a da «coe rção reno..,·ada ... atribui as diferentC's
pe ri fe ri 3 e trali mo-las co ntrastmdo-as explícita e implicirameilte co m as do centro. De facto, reacções à «força da resistência camponesa" '""· lan Blanc hard. por outrO lado. concorda que
3 estrutura do cenlro é mais complicada do que até a4u i demos a e ntender. No entmto, antes o grau de agitação camponesa é um fac lor a ter em conta. embora de urna fo rnu me™"
de abord arm os esta comple xidade deveremos co ns iderar a produção ag ríco la da terceira zona directa. O facror cru cial era a di sponibilidade de trabalho. ArgumenLl ele que ate 1520 existia
estrutural. a semi peri fe ria. Ainda não ex plicam os o papel da semi pe riferia para o funci onamento · uma escassez de trabalho na Inglaterra e que os legisladores procuraram efecli\'amente coogir
do sistema mund ial. Para já. basta dizer que com base num cena número de critérios económi- os trabalhadores a ficarem na terra. enquanto os proprietários encetaram relutantemente um
cos (ma' não em todos). a se mi pe riferi a represe nta um ponto inrennédio num conti111111m que processo de enclos11re .faure de mieux ""'· Assi m. a coe rção. segundo o argumento de Bl:in-
vai desde o centro até à periferia. Isto é panicul arm enre ve rdadeiro no que respeita à com- chard, foi também utili zada em Inglaterra enquanto a população se mante"e escassa. Foi
plex idade das institu ições económi cas, ao g rau de recompensa econó mica (quer em tennos somente quando a população começou a crescer que os camponeses se agitaram. exigindo de
1 de níve l méd io qu er de gama) e acima de tudo às formas de controlo do 1rabalho. facto terra.
\. A pe riferi a (Europa Ori ental e Améri ca Espanhola) utili zava trabalho forçado
(escravat ura e trabalho coercivo em produções mercantis). O centro, co mo veremos,
132. Duby, Rural Economy. p. 325; ver 1ambém p. 275 . No cnun10. cm Castcl.J a situaçkJ parece 1cMc •
usava cada vez mais trabalho livre. A se miperiferia (anrigas áreas centrais transforman- desenvolvido alE'. o diíercntemente: •Nos stculos XIV e XV, a aristocroci:i Ca.\1elh3na atingiu um pincarodc pockr.
do-se no sentid o de estruturas pe riféri cas) desenvolve u uma fonna intermédia, a parceria, uma importância de 1al modo esmagadora que pa.\SOUa dominar o Esudo. Os nobcn tastetha.nos não adopt:l:r.Lm
uma posição defensiva como noulros remos oc i dental.~. mas, muito pelo contrário. mudaram de dina.sti35. apcdc:r.11-
ram-sc do pa1rimónio real e fi zeram do poder real um ins1rumento das suas ambições. Este fenómeno deu - ~ porque
a monarquia não pod ia con1ar co~ apoio sólido por parte das ci~cs. Muil:lS das .ci~s i:a.s.telh~:is ~''"lffi 00
129. Assim como no Langucdoc. Ve ra descrição de Lt: Roy Laduric : • Üs arroteamentos diminuem a 1erra lado da aristocracia. e muitas mais eram subjuiadas por elJ •. V.cens. An Economic Htst(I~' of Spai tt . P· -~5. ~·
para pa.,ra~e m . ~ pla.n1açõrs (oliveira. castanheiro. etc.). os socalcos e as \'Clfaçõcs cm pedra restringem os campos tanto, defende Vicens. o século XV I testemunhou a a..~ müo n:i fatremaôur.i e na And.aluz.1:1 de gr.indts IJ!Ífundi a.
abenos 1.om direito aos comun s. Por todas estas r.izõc!i. a c ria~·ãu de gado ati nge um patamar e depois declina. Nesta que tinham sido preparados pelas grandes concessões de 1erra dos séculos XIV e XV. ~.c:r PP· 2~!-248.
ngricullura an raga. que não co nhece plantas forr.igc iras ou que as confina a honas, não é possíve l dcsem1olver-se 133. E. acrescenta Dobb, à força da resistência camponesa . •ao poder poltt1co. e md~W' dos s.enhorcs ..
si mullaneamcnte prod ução animal e vcgclal . o ~ seus rcqu iSitos são contrnditórios, porque ambas procuram a 1erra locais, tomando ou fáci l ou diífcil. conforme o caso. \'e:ncer a rtsistência camponesa_t evitar assim forç~
que ef.t.i ainda li\·rc. mas que se 1oma cada dia mais escassa. Por falta duma Mtsta , como cm Espanha, para defender a deserção dos domlnios, e 1l extensão cm que o poder real exercia a sua in.fluênc1a. p;ira n:f~~ a autoci<bdie
os intcn:sse1;; dos cr~do rl! o; , n dei.cn\'olvimcnio da cri ação de gado é cedo sacrificado numa sociedade: tradicional senhorial ou. pelo contrário. acolhia bem a oponun idack de enfraquecer a pos.ção de ste tOrt"S m•ats d..1 notwcz.a ...
em CJ1:pansão ... U s f?ü.fJu11s tlt' ú.mgurdoc 1. p. 324 .
130. Vc:r J. H. Parry , -Tramport and Tradc Routes•, in Cambridgt Economic. Histor)' of Europt. IV, S1udit s,~j·4~l~~~~ cntan10], do final de 1520 cm di3lltc os rendeiros. at~ então tiosilcnc~ ~ 1.5 <n<lo~MTn. ,
E. E. R1ch e C. H. Wilw n. eds., Tht Ernnumy of E.xpanding Europe in tht / 6th and / l tlr Ctmurits (Londres e 1omaram·sc vocifcran1ês nas sua.'> denúncias daqueles que m3ntinham terras pata pastagem. ·~~indo-os wun de
Nova lorque: CambridgeU niv . Press . 1967), 19 1, adquirir novas parcela.." que eram necessária.\ para satisfazer uma popul ação crescente.i:sta
ll1l e~ frequcn1~mm1c
13 1. Ver esta compar..ição da Europa de 16(X) com a Europa de 1500: • Primeiro de 1udo, um sector agrl· orgnni u da por meios l~gais, mas tornou-se cada vez mais óbvio que eles não obcdcctnõlm à k 1 e detrutariam u
cola, ainda a a<.:t_ividadc principal. que é capaz de alimentar muito mais homens do que cm 1500, e de os alimenlar vedações•. Blanchard, Eronomir llisrory Rt \'i<M', XXlll . P· 440.
melhor: comércio com os mundos ultramari nl>!i; uma indústria têxtil ainda maior que a de 1 5~ uma exploração
mineira e uma indúst· i 1 n1etalúrgica de longe maior•. Mauro, U XV/• sii clt ruroplt!n, p. 257.
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rei redi u n..: mo ''"''. As im. por tod 3 a Europa. a grJnde questão passo u a se r um a divisão do como alremari va generali zada._ Para 'Cr ma i preci\Cl. a parceria er• coohttida em outras
árc~s. Ma.< ocupou um lugar pn mac1al ne•ta alt ura ape nas na ~iperikna. A "'~::odria na
rrabJ lho ,cn:scentc. 'd• dc . n ----,·<·i3m ·is inJ úsrrias nasciam. os mercadores transfonnav am. l!áha e afârlterre na Pro vença eram J:Í conhecida, desde o 1'éculo XIII ;• mlraw1~~ no rcs:.õ'
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senhores aumentavam nos "écul us XI V e XV .°' domíni°' eram cre scmttmcm.e ccdidm
et:u durJ nlc tuJo 0 sérnlo XVI a :1r 1i vidaJc da maion a da popul ~ç ao . (Na realid ade , isto foi
sob esta forma, não como um todo. m°' em parcela\ mai• pequenas. ma is odequw• ao
w rdade ate ao s"culo XIX p.irJ 0 Noroeste europe u. e até ao sccul o XX para a E uropa do
sustento de um a família do que ao de uma ald<:ia in1eira. Duby a \Ina la que em meados
Sul). Arcs3r disso, 3 incl usúo da Europa Orient al e da A mé ric~ Es pmho l3 n3 econo mia-mundo
do século XV «as ex plorações prod utora\ de cercai' em gra nde ti.Ca la que poóeriam aind.1
cu ropei 3 durJn le 0 século XV I não só fo mereu cap11al (:11ravcs do sa4uc e dc .mar~en s de lucro
m anter-se na Europa Ocidental desapareceram._ A isto refere-i;c ele corno • uma das tra..,-'-
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m -cfas. espectro das tarefas oc upac ionais no ce nl ro er3 ex tre mamente complexo. Em grande Porque é que. no entanto. a tran <fonnação tomou esta fonna particular" Ou seja. porq ue
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feri3 era para a monocuhura. por ourro lado, porque é que, se houve concessões. estas 1omaram a fonn a d<: pan:eria mais do
, A expansão do séc ul o XVI não foi somcnre geográfica. Fo i uma expansão económica que de transferência da terra para pequenos agricultores que adqu iririam plenam,,nte a terra
_ um pe ríodo de crcscimenlo demográfico , de produtividade agrícola crescente e da «pri- ou pagariam uma renda fi xa - a princi pal (embora não a ún ica) sol ução adaptada na Europa
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Eump> e o resto do mundo habitado" "''. Nos finais do século. a economia parecia s imples- Dobb, comparando a Europa Ocidental com a Oriental em termos da reacção sen horial
mente diferente e melhor 41311 • ao fenómeno da deserção e despovoamento. e considerando a Europa Ocidental como a areru
· Até >qui . descre vemos as form as de produção e de controlo do trabalho emergentes na da «concessão» e a Europa Oriental como a da «coe rção reno..,·ada ... atribui as diferentC's
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3 estrutura do cenlro é mais complicada do que até a4u i demos a e ntender. No entmto, antes o grau de agitação camponesa é um fac lor a ter em conta. embora de urna fo rnu me™"
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estrutural. a semi peri fe ria. Ainda não ex plicam os o papel da semi pe riferia para o funci onamento · uma escassez de trabalho na Inglaterra e que os legisladores procuraram efecli\'amente coogir
do sistema mund ial. Para já. basta dizer que com base num cena número de critérios económi- os trabalhadores a ficarem na terra. enquanto os proprietários encetaram relutantemente um
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\. A pe riferi a (Europa Ori ental e Améri ca Espanhola) utili zava trabalho forçado
(escravat ura e trabalho coercivo em produções mercantis). O centro, co mo veremos,
132. Duby, Rural Economy. p. 325; ver 1ambém p. 275 . No cnun10. cm Castcl.J a situaçkJ parece 1cMc •
usava cada vez mais trabalho livre. A se miperiferia (anrigas áreas centrais transforman- desenvolvido alE'. o diíercntemente: •Nos stculos XIV e XV, a aristocroci:i Ca.\1elh3na atingiu um pincarodc pockr.
do-se no sentid o de estruturas pe riféri cas) desenvolve u uma fonna intermédia, a parceria, uma importância de 1al modo esmagadora que pa.\SOUa dominar o Esudo. Os nobcn tastetha.nos não adopt:l:r.Lm
uma posição defensiva como noulros remos oc i dental.~. mas, muito pelo contrário. mudaram de dina.sti35. apcdc:r.11-
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a monarquia não pod ia con1ar co~ apoio sólido por parte das ci~cs. Muil:lS das .ci~s i:a.s.telh~:is ~''"lffi 00
129. Assim como no Langucdoc. Ve ra descrição de Lt: Roy Laduric : • Üs arroteamentos diminuem a 1erra lado da aristocracia. e muitas mais eram subjuiadas por elJ •. V.cens. An Economic Htst(I~' of Spai tt . P· -~5. ~·
para pa.,ra~e m . ~ pla.n1açõrs (oliveira. castanheiro. etc.). os socalcos e as \'Clfaçõcs cm pedra restringem os campos tanto, defende Vicens. o século XV I testemunhou a a..~ müo n:i fatremaôur.i e na And.aluz.1:1 de gr.indts IJ!Ífundi a.
abenos 1.om direito aos comun s. Por todas estas r.izõc!i. a c ria~·ãu de gado ati nge um patamar e depois declina. Nesta que tinham sido preparados pelas grandes concessões de 1erra dos séculos XIV e XV. ~.c:r PP· 2~!-248.
ngricullura an raga. que não co nhece plantas forr.igc iras ou que as confina a honas, não é possíve l dcsem1olver-se 133. E. acrescenta Dobb, à força da resistência camponesa . •ao poder poltt1co. e md~W' dos s.enhorcs ..
si mullaneamcnte prod ução animal e vcgclal . o ~ seus rcqu iSitos são contrnditórios, porque ambas procuram a 1erra locais, tomando ou fáci l ou diífcil. conforme o caso. \'e:ncer a rtsistência camponesa_t evitar assim forç~
que ef.t.i ainda li\·rc. mas que se 1oma cada dia mais escassa. Por falta duma Mtsta , como cm Espanha, para defender a deserção dos domlnios, e 1l extensão cm que o poder real exercia a sua in.fluênc1a. p;ira n:f~~ a autoci<bdie
os intcn:sse1;; dos cr~do rl! o; , n dei.cn\'olvimcnio da cri ação de gado é cedo sacrificado numa sociedade: tradicional senhorial ou. pelo contrário. acolhia bem a oponun idack de enfraquecer a pos.ção de ste tOrt"S m•ats d..1 notwcz.a ...
em CJ1:pansão ... U s f?ü.fJu11s tlt' ú.mgurdoc 1. p. 324 .
130. Vc:r J. H. Parry , -Tramport and Tradc Routes•, in Cambridgt Economic. Histor)' of Europt. IV, S1udit s,~j·4~l~~~~ cntan10], do final de 1520 cm di3lltc os rendeiros. at~ então tiosilcnc~ ~ 1.5 <n<lo~MTn. ,
E. E. R1ch e C. H. Wilw n. eds., Tht Ernnumy of E.xpanding Europe in tht / 6th and / l tlr Ctmurits (Londres e 1omaram·sc vocifcran1ês nas sua.'> denúncias daqueles que m3ntinham terras pata pastagem. ·~~indo-os wun de
Nova lorque: CambridgeU niv . Press . 1967), 19 1, adquirir novas parcela.." que eram necessária.\ para satisfazer uma popul ação crescente.i:sta
ll1l e~ frequcn1~mm1c
13 1. Ver esta compar..ição da Europa de 16(X) com a Europa de 1500: • Primeiro de 1udo, um sector agrl· orgnni u da por meios l~gais, mas tornou-se cada vez mais óbvio que eles não obcdcctnõlm à k 1 e detrutariam u
cola, ainda a a<.:t_ividadc principal. que é capaz de alimentar muito mais homens do que cm 1500, e de os alimenlar vedações•. Blanchard, Eronomir llisrory Rt \'i<M', XXlll . P· 440.
melhor: comércio com os mundos ultramari nl>!i; uma indústria têxtil ainda maior que a de 1 5~ uma exploração
mineira e uma indúst· i 1 n1etalúrgica de longe maior•. Mauro, U XV/• sii clt ruroplt!n, p. 257.
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Em qua!qU<"r dos=- 0 grau de rcsi$tência camponesa exp.li ~a muito pouco uma vez resumo. quand o o trabalho abunda_ a P3ItCri é
que o oue i;ostarfamo de saber é porque é que o camponeses res1s uram mais na Inglaterra balho coercivo "Y'>_ a Pf<r<a>-elmet.•e IT\ali recthel Ót> que o tra-
do q c.11.1 p !óni:i - acreditari realmente Dobb nisto?'"" -porque é que os senhores eram No que respeita ao ancndamcnw, sem dúvida ue , . • , .,
=is fones ou mais fncos. porque é que os re is fo rtaleciam ou enfraqueciam a autoridade ainda do que o tra balho coerci,·o. Há, contudo, uma res~h ~ «~ lopu e_la e r:i.aa renti-.d
~.hori:il É pro,·frel que chegu---.mos à conclusão de que as razões deste facto residem na e ganham e m mo mentos de inflação. pelo r.v.:nos medida. Os r-.ndc 11 os ttm conuzu" fi<l.1$
ili'<l)!Cncu u.-mpl::rnenw no seio ck uma única economia-mundo. para o que sugerimos duas Pr:azo re lativamente longo. De facto . 1' reverso
• - na.. . em que~""' tor.ira.:.ç,o; tfm 1.m
também e ,.erd.ade· -
e.-plic:açõ:s: a força rel:ni,·a d:ls cid:ldes no ponto em que a di,·ergênc ia se inicia. e o grau de me rcado pioram . A parce ria é as;im uma forma de . . . tro quz:>do cood•> de ª'
disponibilid:1.ie de telT.1. parceria a parecer.í mai; provave lmente em 1.0nas de mm•m:?.zr °"
n~ ·'"- · So:g:.ie-~ que a
A ·disponibilid:lde · de terra pode ser aferida em termos de ratio terra/trabalho. Se existe de flut~ações ul trapassam os cu >tm de transacç~. ayicu tura l:>P"..dal tzad;. or.de os rnros
abundância d< terra. e po · ível a utilizaç3o de meios de prod ução relativamente ineficientes. · Mas este era predsamente um momento de alto ri~. Uma in~ cor.ti uada é muito
ptxi(: utilizar-se uma agricultura extensiva. Podem usar-se escravos ou o utras formas de tra-
penurbadora A parce ria aprese ncava-.; e como o remédio'"' •. Em algu."°"' áreas., os =;xr.e-
b11bo coerci,o. A al!licultura intensiva exi2e trabalhadores liHes. Porquê e ntão a parceria? ses foram_sufic ientemente felizes para terem defesa\ Jegai.s que fizeram com que a Í.'ll!l i?ú ·
Obviamente porque ' nos encontramos peran,te uma situação intermédi a. da parce ria fosse excessivamente cara para o proprietário, quo optOO enlào pre{aencia~:ner.~
Saliente-se que do ponto de vista dos camponeses a parceria é talvez preferível ao pelo arrendame nto puro e s1mple;. A Inglaterra foi um desses casos. Oieung wtere '!'JC o e~ ­
trabalho coercivo em produções mercantis. mas não em dema,ia. Os rendimentos líquidos me nto chave fo i a tenure livre. conhecida em Inglaterra mas não, por exemplo, fran? 1 - '. ;m
são baii<O'i. embora em tempos de prosperidade possam aume ntar. A coerção através de . ? s factores legais não são os únicos determinantes, pois te~ ainda de explicar a
mecanismos de dívida é por vezes tão real como a coerção legal. Para H. K. T akahashi , os d1screpanc 1a e ntre a França >etentnonal , que evoluiu generaJi 7.adamente pna acordos de
mérayen 'ão • qu=-servos•, trabalhando para " pro prietários us urári os ~ " 36 '. Bloch vê esta arrenda mento, e a França mend1onal. onde a parceria foi a solução dominante. Em ambos os
evolução em França como um processo de le nta regressão em relação à gradual Iibcnação casos. a lei e ra sensivelmente a mesma. Duby localiza as diferenças principai• na rela!Jva
dos camponeses que vinha tendo lugar desde os fi nais da Idade Média: opulência do camponês no Non e, em contraste com ~as condiçõc• ccooómic<B d~siva.­
~ - hipótese absurda- a Revolução [Francesa ! tivesse surgido cerca de 1480, teria entregue do cam ponês me ridional, ~trabalhando numa terra cuja produtividade não tinha prova-·cbnrn:~
a terra. por intermédio da supres.são doo; encargos senhoriais (charges stiRneuria/e1). qi.Jasc sido aumentada pe l a~ melhorias têcnicas como no Norte• " º '.
e<clusiv• mente a uma mu ltidão de pequenos camponese<. Mas. desde 1480 até 1789, passa-
ram-se três séc ulos duriltlte os quais as grandes propriedades se rcconsti tuíram 11 371 •
139. Como Duby diz. a vantagem da mitayagt pano propridirio cb tem aa que •Ol CUSVA óc: cu.'l••o 4

Mesmo assim . porquê a parceria e não o arrendame nto, por um lado, ou, por outro lado, eram baixos, e os pro\lc:ntos c m géneros comc rci.ávci.li (... ) mu1l0 alta\ llbid_ p. 280) • .
o 1rabalho coercivo em produções mercanlis? Embora a parceria ti vesse a desvantagem, quando 140. Stcvcn N. S. Ow:u ng afirma teoricamente esta pmpo!tição: •As conc:bç<..e.1 nurn COO'.rllO de part.i-:õl.. •
entre outras coi.us. inc luem a percentagem de renda, o ratio inpuu não !und..driosltara e m HpM de cu!:.i•o a prz:i-
comparada com o tra balho coercivo, de uma maior di fic uldade de supervisão, tinha a vanta- car. Elao; si\o mutuamente decididas entre o dono dJ terra e o agricultor. No cntanlO. P2f3 c.ontn:.m u!anai.' e p::ar4:
contraias de rendas fi xa,. cbdos os pr~os de mercado. uma só pane podU decidir 1o0.tmh3 ~do\ ~ W
\·'. gem de encorajar os esforços dos camponeses para a ume ntarem a produti vidade. desde que
o camponês continuasse a traba lhar para o senhor na ausênc ia de compulsão legal"'"· Em outra poderia ela empregar e que cuhiYos haviam de i.c.r fcit~. E vU.10 que num conrnto de pa.."tiltia i par..;.J:.a da
produç!io t ba.r..eada no produlo r~al , o proprielário da terra lC'.m de cs.forçar-M: pani 1ie cntifl(;tt do nY.AlDrnt cb
colhe i1a. Deste modo a negoc iação e a aplic.aç3o são mais complc1a,., nwn contrato de part.Jthi 00 que num c:oo.-
tra10 de rcn~ ÍIÃa~ ou !talaria!. ( ... )
135. Uma nplicação ~'>fvcl 1>ara um grau diícrcmc de rc!iislê:ncia l'ftctiva t sugerida por Braudcl - (Se 1o cu~ 1 0 de tsansac~ :io é a única con!tidcração a ter cm conu, cnlão (... )os contnuos dt p;uti!tu nun(."I
I' diferente dcn~id:-1de de população. Ao pôr cm contr~1 e º"' c!IUbc lec.:imcntos de baiÃa dens idade na Europa serão escolh idos. Porq u e~ que ~ão então os con1ratm. ck: panilha ncolh~? ( ... ) S4Jb um comrno de rmcb fu. .a.. o
Central com Oi de a lta dcn!.id1dc: cm h~ l ia ( .. cida.de!t·ílld i:1a.-t•) e com os gran<lc5 cC"n l ro~ do Reno. d o Mosa e da rendei ro acarrc1a cum a maior pan e.~ não com lodo. o ri!.Co (de fat:t0<e.' n ót:coc.K à fu.nçàu de produçin que cau -
t>acia de Pari,, Braudd d11: •Es1a OOiu densidade de aJdcias. cm tanlos países da Europa Ccn lral e Oriental, não sam grandes variaçc>cs no pro<lulo l: sob um contraio salanal. o proprie11rio d.l tC'rra :tiearreta com " m;aior piL"lC. scnlo
pode ela i.cr um 1t da!'> c<:iu~a.i. r:ssendais da M>l1c do campcs inato'! Pe rante os !tenhorc~. eles encontravam ·~ tanto com a tolalidadc. do r i~o . A p:m:cria pock então !>Cr con1oiderada como um m\1rumc:nw dC' p:uttl~ de r:-"Cu (ou dé
mai s desarmados quanto lhes fa ltava o !iCntimcnto de solidariedade: das grandes comunidades ... Cfriliwtion malf · dispc: rs.io de risco)•. Th ~ Throry n/ Sharr Trnon9 (Chicago. Illinois: Un1v . of O ncago Prc..~ " · 19691, 67-68.
rirll~. p. 42. 141 . •ílruM:ame nlc. a panir do ~c ul o XV I, a p:rrceria, anlc\ tãudc!!oigu<ilmcntc drstnbu ída. e m:i.mo oo..1c -
136. li . K. Takahashi. "The Tramition from Fcuda lism to Ca pitalism: A contribu lion 10 1he Swcezy-Dobb conhecida tão rara, expandiu-se p(lr toda a França e ma.nlC'\IC' aí um lugar mc:...\mo proemincnlc. rdo nYnO\ a1f ao
contro•,,crsy .. , St itnrr wul Sucie1)',· XVJ. 4, Ourono 1952, 324. sécul o xvm. Con1rafluriwçrir1 mmu·rá r itU, não há rrml-Jitr maÍJ St"KUW . o.. burgl.K~.S i t.alJ~ . fuu1n1m\ su.bt1s.
l31 . Bloc h. Caracr ~rr.s orixit1uux, I, p. 154. fora m os prime iro1 a percebê -lo. Não 1ivcso;em c lc "i Í(k.I por vc1.e.\ t:io longe - por ncmplo. cm Bolonh~ .il pastlf de
. 13M. Ver Ouby: .. A mirayaKr oferec ia aos senhores uma grande vantagem. Pcrm iti<1·lhes aproveitar do 1376 - qua nlo a requererem por lei C!>la c!>pél.:ie de conlr:tlo a catb cidadllo d:1 ci~I.! domrn:ulle qut arr~
dc.\tj Jdo crc\.C i."'.ento da produ1ividadc do domínio, as~im como da e lc\lação dos prct;o~ agrícolas. ( ... ) Mesmo 1crra aos habitante s do co11tddo 1provfnci;i circundante), 4ue eram domm~ e ~ubmc111'.krs a ~"!!ÓC'. O!t P'''?'lCIJ-
q_ua~o a pamc 1 ~a<;ílo tio scn.hor era mínima. o <:on1 ra10 as-.cgurava. Jhe uma pane importante nos lucros rios franceses não demoraram a f:v.e r 3 mesma ohl.crvaçio• . Rlol'h, Coru(lfrt"s oris:inau.• , 1. p. 1~ :!. Mihhnhado TJ011so.
hqu1dos. lPr~i..um1 v~ lmcntc mais do que se de am ndassc a terra ao camponCs ). Pois não nos dc"emos esq ue- 142. u:Sob um arrc:ndamcmoprrpét:uo lttuc ru uhav•de al&tk.Kemqoc umarrend:uncn10 vita\ícMJ cn1mposto "
cer que o tt1 t tayrr linha de descont":" as semcnlcs e por ve't es as díz imas da porção que lhe era deixada, e isto por lei ), o custo da aplicação de um con1ra10 de pan:cn:t pode ser de l:Jl nune1ra 11ho que de s.t lorna •n<k-~p\·d,
era u~ cncarg~ pc~ado sobre os rend1mcn1os normal mente baixos da agricuhur.1. Nào obs1ante, o sis1ema aprcsen- uma vez que a rcsci!riào do contrai o~ o in!tlru mcnlo eficaz par.i precaver contn. um m.;au de.11C.mpc:nho por lX111C do!i
'ª"ª nlC'On\lcmentcs do!I quais os ~nhore~ 1inham be m consciência. As amplas fl utuações nas colheitas requeriam parceiros». Cheung, Tire Th fo r_v tJ/Slwre Tmanry, p. 34.
uma su p:.rvis~o ape nada•. Rural Eronnmy, pp. 275-276. 143. Duby, Rura l Econumy, p. 327.

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Em qua!qU<"r dos=- 0 grau de rcsi$tência camponesa exp.li ~a muito pouco uma vez resumo. quand o o trabalho abunda_ a P3ItCri é
que o oue i;ostarfamo de saber é porque é que o camponeses res1s uram mais na Inglaterra balho coercivo "Y'>_ a Pf<r<a>-elmet.•e IT\ali recthel Ót> que o tra-
do q c.11.1 p !óni:i - acreditari realmente Dobb nisto?'"" -porque é que os senhores eram No que respeita ao ancndamcnw, sem dúvida ue , . • , .,
=is fones ou mais fncos. porque é que os re is fo rtaleciam ou enfraqueciam a autoridade ainda do que o tra balho coerci,·o. Há, contudo, uma res~h ~ «~ lopu e_la e r:i.aa renti-.d
~.hori:il É pro,·frel que chegu---.mos à conclusão de que as razões deste facto residem na e ganham e m mo mentos de inflação. pelo r.v.:nos medida. Os r-.ndc 11 os ttm conuzu" fi<l.1$
ili'<l)!Cncu u.-mpl::rnenw no seio ck uma única economia-mundo. para o que sugerimos duas Pr:azo re lativamente longo. De facto . 1' reverso
• - na.. . em que~""' tor.ira.:.ç,o; tfm 1.m
também e ,.erd.ade· -
e.-plic:açõ:s: a força rel:ni,·a d:ls cid:ldes no ponto em que a di,·ergênc ia se inicia. e o grau de me rcado pioram . A parce ria é as;im uma forma de . . . tro quz:>do cood•> de ª'
disponibilid:1.ie de telT.1. parceria a parecer.í mai; provave lmente em 1.0nas de mm•m:?.zr °"
n~ ·'"- · So:g:.ie-~ que a
A ·disponibilid:lde · de terra pode ser aferida em termos de ratio terra/trabalho. Se existe de flut~ações ul trapassam os cu >tm de transacç~. ayicu tura l:>P"..dal tzad;. or.de os rnros
abundância d< terra. e po · ível a utilizaç3o de meios de prod ução relativamente ineficientes. · Mas este era predsamente um momento de alto ri~. Uma in~ cor.ti uada é muito
ptxi(: utilizar-se uma agricultura extensiva. Podem usar-se escravos ou o utras formas de tra-
penurbadora A parce ria aprese ncava-.; e como o remédio'"' •. Em algu."°"' áreas., os =;xr.e-
b11bo coerci,o. A al!licultura intensiva exi2e trabalhadores liHes. Porquê e ntão a parceria? ses foram_sufic ientemente felizes para terem defesa\ Jegai.s que fizeram com que a Í.'ll!l i?ú ·
Obviamente porque ' nos encontramos peran,te uma situação intermédi a. da parce ria fosse excessivamente cara para o proprietário, quo optOO enlào pre{aencia~:ner.~
Saliente-se que do ponto de vista dos camponeses a parceria é talvez preferível ao pelo arrendame nto puro e s1mple;. A Inglaterra foi um desses casos. Oieung wtere '!'JC o e~ ­
trabalho coercivo em produções mercantis. mas não em dema,ia. Os rendimentos líquidos me nto chave fo i a tenure livre. conhecida em Inglaterra mas não, por exemplo, fran? 1 - '. ;m
são baii<O'i. embora em tempos de prosperidade possam aume ntar. A coerção através de . ? s factores legais não são os únicos determinantes, pois te~ ainda de explicar a
mecanismos de dívida é por vezes tão real como a coerção legal. Para H. K. T akahashi , os d1screpanc 1a e ntre a França >etentnonal , que evoluiu generaJi 7.adamente pna acordos de
mérayen 'ão • qu=-servos•, trabalhando para " pro prietários us urári os ~ " 36 '. Bloch vê esta arrenda mento, e a França mend1onal. onde a parceria foi a solução dominante. Em ambos os
evolução em França como um processo de le nta regressão em relação à gradual Iibcnação casos. a lei e ra sensivelmente a mesma. Duby localiza as diferenças principai• na rela!Jva
dos camponeses que vinha tendo lugar desde os fi nais da Idade Média: opulência do camponês no Non e, em contraste com ~as condiçõc• ccooómic<B d~siva.­
~ - hipótese absurda- a Revolução [Francesa ! tivesse surgido cerca de 1480, teria entregue do cam ponês me ridional, ~trabalhando numa terra cuja produtividade não tinha prova-·cbnrn:~
a terra. por intermédio da supres.são doo; encargos senhoriais (charges stiRneuria/e1). qi.Jasc sido aumentada pe l a~ melhorias têcnicas como no Norte• " º '.
e<clusiv• mente a uma mu ltidão de pequenos camponese<. Mas. desde 1480 até 1789, passa-
ram-se três séc ulos duriltlte os quais as grandes propriedades se rcconsti tuíram 11 371 •
139. Como Duby diz. a vantagem da mitayagt pano propridirio cb tem aa que •Ol CUSVA óc: cu.'l••o 4

Mesmo assim . porquê a parceria e não o arrendame nto, por um lado, ou, por outro lado, eram baixos, e os pro\lc:ntos c m géneros comc rci.ávci.li (... ) mu1l0 alta\ llbid_ p. 280) • .
o 1rabalho coercivo em produções mercanlis? Embora a parceria ti vesse a desvantagem, quando 140. Stcvcn N. S. Ow:u ng afirma teoricamente esta pmpo!tição: •As conc:bç<..e.1 nurn COO'.rllO de part.i-:õl.. •
entre outras coi.us. inc luem a percentagem de renda, o ratio inpuu não !und..driosltara e m HpM de cu!:.i•o a prz:i-
comparada com o tra balho coercivo, de uma maior di fic uldade de supervisão, tinha a vanta- car. Elao; si\o mutuamente decididas entre o dono dJ terra e o agricultor. No cntanlO. P2f3 c.ontn:.m u!anai.' e p::ar4:
contraias de rendas fi xa,. cbdos os pr~os de mercado. uma só pane podU decidir 1o0.tmh3 ~do\ ~ W
\·'. gem de encorajar os esforços dos camponeses para a ume ntarem a produti vidade. desde que
o camponês continuasse a traba lhar para o senhor na ausênc ia de compulsão legal"'"· Em outra poderia ela empregar e que cuhiYos haviam de i.c.r fcit~. E vU.10 que num conrnto de pa.."tiltia i par..;.J:.a da
produç!io t ba.r..eada no produlo r~al , o proprielário da terra lC'.m de cs.forçar-M: pani 1ie cntifl(;tt do nY.AlDrnt cb
colhe i1a. Deste modo a negoc iação e a aplic.aç3o são mais complc1a,., nwn contrato de part.Jthi 00 que num c:oo.-
tra10 de rcn~ ÍIÃa~ ou !talaria!. ( ... )
135. Uma nplicação ~'>fvcl 1>ara um grau diícrcmc de rc!iislê:ncia l'ftctiva t sugerida por Braudcl - (Se 1o cu~ 1 0 de tsansac~ :io é a única con!tidcração a ter cm conu, cnlão (... )os contnuos dt p;uti!tu nun(."I
I' diferente dcn~id:-1de de população. Ao pôr cm contr~1 e º"' c!IUbc lec.:imcntos de baiÃa dens idade na Europa serão escolh idos. Porq u e~ que ~ão então os con1ratm. ck: panilha ncolh~? ( ... ) S4Jb um comrno de rmcb fu. .a.. o
Central com Oi de a lta dcn!.id1dc: cm h~ l ia ( .. cida.de!t·ílld i:1a.-t•) e com os gran<lc5 cC"n l ro~ do Reno. d o Mosa e da rendei ro acarrc1a cum a maior pan e.~ não com lodo. o ri!.Co (de fat:t0<e.' n ót:coc.K à fu.nçàu de produçin que cau -
t>acia de Pari,, Braudd d11: •Es1a OOiu densidade de aJdcias. cm tanlos países da Europa Ccn lral e Oriental, não sam grandes variaçc>cs no pro<lulo l: sob um contraio salanal. o proprie11rio d.l tC'rra :tiearreta com " m;aior piL"lC. scnlo
pode ela i.cr um 1t da!'> c<:iu~a.i. r:ssendais da M>l1c do campcs inato'! Pe rante os !tenhorc~. eles encontravam ·~ tanto com a tolalidadc. do r i~o . A p:m:cria pock então !>Cr con1oiderada como um m\1rumc:nw dC' p:uttl~ de r:-"Cu (ou dé
mai s desarmados quanto lhes fa ltava o !iCntimcnto de solidariedade: das grandes comunidades ... Cfriliwtion malf · dispc: rs.io de risco)•. Th ~ Throry n/ Sharr Trnon9 (Chicago. Illinois: Un1v . of O ncago Prc..~ " · 19691, 67-68.
rirll~. p. 42. 141 . •ílruM:ame nlc. a panir do ~c ul o XV I, a p:rrceria, anlc\ tãudc!!oigu<ilmcntc drstnbu ída. e m:i.mo oo..1c -
136. li . K. Takahashi. "The Tramition from Fcuda lism to Ca pitalism: A contribu lion 10 1he Swcezy-Dobb conhecida tão rara, expandiu-se p(lr toda a França e ma.nlC'\IC' aí um lugar mc:...\mo proemincnlc. rdo nYnO\ a1f ao
contro•,,crsy .. , St itnrr wul Sucie1)',· XVJ. 4, Ourono 1952, 324. sécul o xvm. Con1rafluriwçrir1 mmu·rá r itU, não há rrml-Jitr maÍJ St"KUW . o.. burgl.K~.S i t.alJ~ . fuu1n1m\ su.bt1s.
l31 . Bloc h. Caracr ~rr.s orixit1uux, I, p. 154. fora m os prime iro1 a percebê -lo. Não 1ivcso;em c lc "i Í(k.I por vc1.e.\ t:io longe - por ncmplo. cm Bolonh~ .il pastlf de
. 13M. Ver Ouby: .. A mirayaKr oferec ia aos senhores uma grande vantagem. Pcrm iti<1·lhes aproveitar do 1376 - qua nlo a requererem por lei C!>la c!>pél.:ie de conlr:tlo a catb cidadllo d:1 ci~I.! domrn:ulle qut arr~
dc.\tj Jdo crc\.C i."'.ento da produ1ividadc do domínio, as~im como da e lc\lação dos prct;o~ agrícolas. ( ... ) Mesmo 1crra aos habitante s do co11tddo 1provfnci;i circundante), 4ue eram domm~ e ~ubmc111'.krs a ~"!!ÓC'. O!t P'''?'lCIJ-
q_ua~o a pamc 1 ~a<;ílo tio scn.hor era mínima. o <:on1 ra10 as-.cgurava. Jhe uma pane importante nos lucros rios franceses não demoraram a f:v.e r 3 mesma ohl.crvaçio• . Rlol'h, Coru(lfrt"s oris:inau.• , 1. p. 1~ :!. Mihhnhado TJ011so.
hqu1dos. lPr~i..um1 v~ lmcntc mais do que se de am ndassc a terra ao camponCs ). Pois não nos dc"emos esq ue- 142. u:Sob um arrc:ndamcmoprrpét:uo lttuc ru uhav•de al&tk.Kemqoc umarrend:uncn10 vita\ícMJ cn1mposto "
cer que o tt1 t tayrr linha de descont":" as semcnlcs e por ve't es as díz imas da porção que lhe era deixada, e isto por lei ), o custo da aplicação de um con1ra10 de pan:cn:t pode ser de l:Jl nune1ra 11ho que de s.t lorna •n<k-~p\·d,
era u~ cncarg~ pc~ado sobre os rend1mcn1os normal mente baixos da agricuhur.1. Nào obs1ante, o sis1ema aprcsen- uma vez que a rcsci!riào do contrai o~ o in!tlru mcnlo eficaz par.i precaver contn. um m.;au de.11C.mpc:nho por lX111C do!i
'ª"ª nlC'On\lcmentcs do!I quais os ~nhore~ 1inham be m consciência. As amplas fl utuações nas colheitas requeriam parceiros». Cheung, Tire Th fo r_v tJ/Slwre Tmanry, p. 34.
uma su p:.rvis~o ape nada•. Rural Eronnmy, pp. 275-276. 143. Duby, Rura l Econumy, p. 327.

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Se. no entanto. se trar:issc somente de uma qucsrào recnol ógica scr'.amos levados
som•nte a wcuar um passo. para pergunrar porque é que os progressos tccnológ1cos rea lizados poderosos muiras das propric~des ca_íram _nas mM>s dest« citad i"°' à procura de prn!ecçáo
numa áwa n~o foram adopiados numa nurra não rão di sranrc quer do ponto de v1sra geográfico contra a fome e_do srarus s~>eral associado a propriedade da lcrr• . '°"'
não da' preocupaçõe
quer do ponlo de vista culrural. Brauckl sugere que as condições do solo na Europa medi- próprias '~'~' acu ~1dadc ag:1cola. Ceder terra num regime de parceria era um cornpmmi 50
rcrr.inica eram fundamcnralmcn1e diferentes das da Europa serentnonal, sendo as primeiras razoável . . Quao «razoavcl ''. era C•M: me'<no compromis'° do ponro de • i>la óe)) campo-
bastanre piores'' " '. Porc hnev sugere que um outro as pccro reside no grau de envol vimento neses é scn ~mcnrc posro cm duvida por G. E. de f alguerollcs, urna vez q ue a orientação dcs1CS
na economia-mundo. esrando a ex isrc'ncia de grandes propriedades (e consequentemente a burgueses c1ta_dinos 1a no scm1do de rcrirarcrn d°' >cus invcsrímemos lucros a curto prazo. 0
ausência da parceria) corre lacionada com um alto grau de envolvimento "">. que teve o e fe ito de exaurir a te rra d urante o !>éculo >eguinre " " '·
Poderemos cnrão conside r;ir a parceria como uma espécie de segunda escolha? Inca- Temos cnrão um segundo paradoxo re;peitanre à área mais • avanç<i<la • . H dcmo\coota
pazes de percorrer o caminho que conduzia às grandes propriedades baseadas quer na enclo- da força dos rrabalhadores urbano' na manure11ção de alros níveis Wl.laria is. colocando as~ i m
s11re e arrendamcnro como em lnglarcrra. quer no rrabalho coercivo em produções mercantis a l!ália setentriona l em desvantagem índu; rrial em relação ao 1'.'oroest< europeu. Tah«z q u<
como na Europa Oriental. as classes proprietárias da França meridional e da Itália seren- esta mesma força dos rrabal?adorcs possa ju; ri fi ca r a manutenção de um nú mero dc; propor-
rrional optaram por fi car a meio do caminho' '"'· pela parceria, como uma resposta parcelar cionad_o de camponeses nas areas rurais pela uri li wção dos regulamenro; das corpor-.ç&s para
à criação de uma econom ia-mundo capiralisra. na form a de empresas semi-capitalistas efec- impedir o seu acesso a um emprego urbano, durante o período de explosão demográfica do
rivamenre apropriadas para as áreas scmiperiféricas. século XVI. ls!O reri a por consequência o enfraquecimento da capa<·idade negocial do cam-
Se as áreas scmipcriféricas assim se manriveram e não se transformaram em satélites ponês. Em qualquer dos casos, a «força» da burguesia urbana parece ter cood u ~ido a uma
perfeitos ramo foi o caso das :íreas periféricas, não foi apenas devido ao elevado ratio terra/ maior viabilidade da parceri a e consequentemcnrc à não emergência do _w oma n. q ue viria a
/trabalho. Pode rambém rer sido porque a exisrência de uma forte b11rg11esia indígena teve um desempenhar um papel tão importame no avanço económico da Europa do l'oroc~I• .
impacm panicular no desenvolvimenro da produção agrícola em épocas de penúri a. Duby Voltemo-nos agora para as áreas qu~ por volra de 1640 estari am incluída.' no centro
salienta que em áreas onde os mercadores urbanos tinham sido numerosos e relarivamente da econo mia-mundo europeia: a Inglaterra, a Holanda e em certa medida a França do Norte.
Estas áreas desenvolveram uma combinação da pasrorícia com a prodvção agrícola baseada
cm trabalho livre ou mais livre e un idades de dimensão re l~ri vam em~ eficiente. Pode notar-se
144. Cor_npar.mdo a ~i1uaçào das duas áreas , diz BrJudd : • Era raro que UrT\3 colheita (na án:a medite.rrãnica)
que a Espanha se iniciou nesta via. que abandonou posreriormeme. integrando-se na semipe-
~=:~~:: ~~~i~~~~~s~:~:v~uàe ~i::ç;~~;~.~sil~~i~h:,~: ;;:,~r:;;~~:. ~·. ~~~ a pequena área usada para riferia. As razões que explicaFR esra aheração de posicionamenro económico serão analisadas
. A IJo de M adda l~na n:io concorda: • No gera l ~ preciso reconhecer-se que a produtividade da rcrra arável mais deralhadarnente num capírulo posr.erior.
I~~ J1jJ 1:i Jera ba.sta~ tc ba1_x a. cxcepco em ci rcunstânci as e,;."cepcionais . Brnudel culpa o cl ima por esta baixa prcxlu-
tn idade do .solo ~d1 terrân~co, mas dev~ também levar-se em conta as deficiência'> do aparelho 1ccnológ ico. do sisicma
Na crise do fim da Idade Méd ia, quando um declínio populacional conduzi u a uma <-
cul~ural. da ?~t~na .agr:'ina.' da capacidade mercamil. d.1 disponfüilidade de capi1al. da estn.ilu ra adm ini strativa e dim inuição da procura de produros agrícolas bem como a um aumento dos salários dos !ra-
!iOC1a l. dJ.S \'1c1ssirudcs poli11cas e mi lir~rcs_ de modo_a atingir-se uma visão ma.Js v:1lid.J e historicamente mais justi- balhadores urbanos (e consequcmcmeme a uma melhor posição negocial para os trabalhadores
ficada d~ fcnómen.o ~ ... 11 mondo rur.ilc 11alrano nel cmquc e ncl sciccmo ... Rfris1a sror ica ilafiana , LXXVI, 2, Julho
1964._4-3. S~m duvida qu e _se _deve ter cm coma lodos estes factor~. mas a exaustividade f raras vezes um modo rurais ), os grandes domínios decli naram na Europa Ocidental. como já li\'Cmos ocasião de
;;~~::;::~,:d;~~~~~~~=~x~:;~~~~ i~~~~3~3 ~11~~i~v;~:~~~~~~.3c~;~:°M~~i~º deSy lvia Thrupp, pn:viamcnte ver. Eles não podiam transformar-se em propriedades vocacionadas para a produção m•r·
cantil como na Europa Oríenral do século XVI, porque não existia um mercado internacional
. l.J S. Bo~i s Porch~ ,. notJ que é verdade: que não se dcsen \"Ol\"cr.tm cm França grandes domínios neste
r;nOdo da maneira que: aco_n1c~cu em lng larc ~ : ... [Tais domíni os] ac: vc:m não obstan1e encon trar-se cm fracas num conrexto económico generalizadamenre sombrio. Só se lhes apresentavam d u.:is alter-
~~~~:/~~o uma tmdênc13 económica_~inda pouco dc ~ n vol v ida . cspecialrncnie nas província" perif~ricas nativas significarivas . Por um lado, poderiam converter as obrigações feudais em rendas
cb Pro! 3
~·:-;~~n~os mares of~recc poss1 b1l1 da~s comerciais vantJjo~L"i:-Os portos da Guyenne, do Lan gucdoc,
agricol .tlÇ · _ong:e. do Pono~, da Normandia e: da Breianha faci l1 uvam a exportação de vinho. de produtos
monetárias 11 ..1, que reduziriam os custos e aumenrariam o rendimenro do proprietário do
1
Em re.s~~~.g:s~~~~~~;:,~ :: d~~~~od~c r:nrra~~o e até lentati~as de exportar gado, paniculanncnle carneiros.
1613 à 1648 fParis: S.E. V.P.E.J 1963 ) 28910 pro1b1do do comérc1o>o. ÚJ sn~lhe~1ents pnpuloires en Fra nce de 147 . 4'0 contrato de mbayage, tão difundido na vi1jnhanç-.a de cidades ital ianas e fn.ocesa.s mcdiu-ni- ..
sua lista. fhv~ de vol!u a es~~ uest!o n . Note-se con1udo .que Porchnev mclu1 ~ Langucdoc e J Provença na nicas cm 1erras tomadas vagas por migração fno período de dc:prcss.ão dus séculos XI\' e XVJ e cujo controlo o,;
caso de mUILipla caus..i lidade . q um capítulo postcnor. Por agord, bas ta dizer que es1amos perante um cit.ad inos linham sido capa1..cs de a.-;sumir. foi de ÍJCIO uma forma de coope ração cnlrC borp-ue~ s e c.a.m('O'lCSõ
com o propósi to de promoverem o culti \'o de c c~ai s• . Du by , Rural Ewn{I"'·''· pp. J~ó-357 .
original dle4:~:.;~a ~:~:ri~t.a~~-mo uma casa a m_c: io do c~inho: • Como uma fonna de transição d3 forma 148 . . c Tal como era praticada, a parceria tinha a aparência de um rcgim(" cs ~i a lmcn ?e capi tl!ista. ~­
aqui falta do C2piuJ suficien1e p!:.a u: · ~emas ~0~ 1derar o sistema de parceria. ( ...) Por um lado. o 13vrador tem pondcndo às necessidades dos propric1irios burguc:.ses. O ideal dek s er.1. oblcr dJ..<t suas !erras uma pme do r;:':ndi-
não a.s!.ume a forma pura de renda Pod~~aJo cap1t.a. ts~ ~ompl~ta. Por ou1ro, a parceri3 aqui adoptada. pelo senhor mento sob fonna líquida, convc ni,•el em dinhe iro. Da\'anl à go tão das suas r'mprc sa.~ um a.r mcrca.n~i l : fW.im cui-
adicional. (... )A renda j.i não a~c ui coi:e~t~o: uir um JUro so~re o _c apital avançado por ele e uma renda dadosamente entrar nos seus li\-res de 8ai:wn ou l frrts dr Rt a rus a pane recc:bida dJ. colhc: ila. as 'cnd.ls de cerr~ s
quer emçre,ue o sc:u próprio trabaJho~ de 3 nonnal de mais-,·aha em geral. Por um lado. o cultivador, ou de gado, à mistura com os juros dos seus empréstimos (/e produil d~ i<ur usurt l. Para estes llUlSid~~ Vorai.1U ),
trabalhador mas como possuidor de pane d"os ins°::~~ :c!:"a uma porção do prod u10 não na sua qualidade de
sua _J>311C não exc.lu\ i\'amcmc na base da sua uaiidade de:
1 ~bal~o. Por outro lado, o senhor da tem reclama a
o in1crcssc no lucro er..l a consideração prioritária; eram milis ou mc:oos 1gnoran1es c1!1 as.~u nl'h a~ol as •. G. E. de
Falguerollcs. -.La décadcnce de l 'économie agricole dans le Consularde Lempau1 3 U:\ X:VIJ . c.' I .X'\'l u· siklo.... AMClt"J
;b3
capu.al • . Capital, III , cap. X.LVJf. scc. V, p. _ propnct.irioda terra mas tam~m como emprestador de du M idi. Lltl, t9-l I, t49.
149 . .. rA libc:naçâo dos servos] era-lhes menos ofcm;ida do que vendida •. Marc BkK:h. Caracrtr~J on - ..
gioa1<r,l.p. Jtt.
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Se. no entanto. se trar:issc somente de uma qucsrào recnol ógica scr'.amos levados
som•nte a wcuar um passo. para pergunrar porque é que os progressos tccnológ1cos rea lizados poderosos muiras das propric~des ca_íram _nas mM>s dest« citad i"°' à procura de prn!ecçáo
numa áwa n~o foram adopiados numa nurra não rão di sranrc quer do ponto de v1sra geográfico contra a fome e_do srarus s~>eral associado a propriedade da lcrr• . '°"'
não da' preocupaçõe
quer do ponlo de vista culrural. Brauckl sugere que as condições do solo na Europa medi- próprias '~'~' acu ~1dadc ag:1cola. Ceder terra num regime de parceria era um cornpmmi 50
rcrr.inica eram fundamcnralmcn1e diferentes das da Europa serentnonal, sendo as primeiras razoável . . Quao «razoavcl ''. era C•M: me'<no compromis'° do ponro de • i>la óe)) campo-
bastanre piores'' " '. Porc hnev sugere que um outro as pccro reside no grau de envol vimento neses é scn ~mcnrc posro cm duvida por G. E. de f alguerollcs, urna vez q ue a orientação dcs1CS
na economia-mundo. esrando a ex isrc'ncia de grandes propriedades (e consequentemente a burgueses c1ta_dinos 1a no scm1do de rcrirarcrn d°' >cus invcsrímemos lucros a curto prazo. 0
ausência da parceria) corre lacionada com um alto grau de envolvimento "">. que teve o e fe ito de exaurir a te rra d urante o !>éculo >eguinre " " '·
Poderemos cnrão conside r;ir a parceria como uma espécie de segunda escolha? Inca- Temos cnrão um segundo paradoxo re;peitanre à área mais • avanç<i<la • . H dcmo\coota
pazes de percorrer o caminho que conduzia às grandes propriedades baseadas quer na enclo- da força dos rrabalhadores urbano' na manure11ção de alros níveis Wl.laria is. colocando as~ i m
s11re e arrendamcnro como em lnglarcrra. quer no rrabalho coercivo em produções mercantis a l!ália setentriona l em desvantagem índu; rrial em relação ao 1'.'oroest< europeu. Tah«z q u<
como na Europa Oriental. as classes proprietárias da França meridional e da Itália seren- esta mesma força dos rrabal?adorcs possa ju; ri fi ca r a manutenção de um nú mero dc; propor-
rrional optaram por fi car a meio do caminho' '"'· pela parceria, como uma resposta parcelar cionad_o de camponeses nas areas rurais pela uri li wção dos regulamenro; das corpor-.ç&s para
à criação de uma econom ia-mundo capiralisra. na form a de empresas semi-capitalistas efec- impedir o seu acesso a um emprego urbano, durante o período de explosão demográfica do
rivamenre apropriadas para as áreas scmiperiféricas. século XVI. ls!O reri a por consequência o enfraquecimento da capa<·idade negocial do cam-
Se as áreas scmipcriféricas assim se manriveram e não se transformaram em satélites ponês. Em qualquer dos casos, a «força» da burguesia urbana parece ter cood u ~ido a uma
perfeitos ramo foi o caso das :íreas periféricas, não foi apenas devido ao elevado ratio terra/ maior viabilidade da parceri a e consequentemcnrc à não emergência do _w oma n. q ue viria a
/trabalho. Pode rambém rer sido porque a exisrência de uma forte b11rg11esia indígena teve um desempenhar um papel tão importame no avanço económico da Europa do l'oroc~I• .
impacm panicular no desenvolvimenro da produção agrícola em épocas de penúri a. Duby Voltemo-nos agora para as áreas qu~ por volra de 1640 estari am incluída.' no centro
salienta que em áreas onde os mercadores urbanos tinham sido numerosos e relarivamente da econo mia-mundo europeia: a Inglaterra, a Holanda e em certa medida a França do Norte.
Estas áreas desenvolveram uma combinação da pasrorícia com a prodvção agrícola baseada
cm trabalho livre ou mais livre e un idades de dimensão re l~ri vam em~ eficiente. Pode notar-se
144. Cor_npar.mdo a ~i1uaçào das duas áreas , diz BrJudd : • Era raro que UrT\3 colheita (na án:a medite.rrãnica)
que a Espanha se iniciou nesta via. que abandonou posreriormeme. integrando-se na semipe-
~=:~~:: ~~~i~~~~~s~:~:v~uàe ~i::ç;~~;~.~sil~~i~h:,~: ;;:,~r:;;~~:. ~·. ~~~ a pequena área usada para riferia. As razões que explicaFR esra aheração de posicionamenro económico serão analisadas
. A IJo de M adda l~na n:io concorda: • No gera l ~ preciso reconhecer-se que a produtividade da rcrra arável mais deralhadarnente num capírulo posr.erior.
I~~ J1jJ 1:i Jera ba.sta~ tc ba1_x a. cxcepco em ci rcunstânci as e,;."cepcionais . Brnudel culpa o cl ima por esta baixa prcxlu-
tn idade do .solo ~d1 terrân~co, mas dev~ também levar-se em conta as deficiência'> do aparelho 1ccnológ ico. do sisicma
Na crise do fim da Idade Méd ia, quando um declínio populacional conduzi u a uma <-
cul~ural. da ?~t~na .agr:'ina.' da capacidade mercamil. d.1 disponfüilidade de capi1al. da estn.ilu ra adm ini strativa e dim inuição da procura de produros agrícolas bem como a um aumento dos salários dos !ra-
!iOC1a l. dJ.S \'1c1ssirudcs poli11cas e mi lir~rcs_ de modo_a atingir-se uma visão ma.Js v:1lid.J e historicamente mais justi- balhadores urbanos (e consequcmcmeme a uma melhor posição negocial para os trabalhadores
ficada d~ fcnómen.o ~ ... 11 mondo rur.ilc 11alrano nel cmquc e ncl sciccmo ... Rfris1a sror ica ilafiana , LXXVI, 2, Julho
1964._4-3. S~m duvida qu e _se _deve ter cm coma lodos estes factor~. mas a exaustividade f raras vezes um modo rurais ), os grandes domínios decli naram na Europa Ocidental. como já li\'Cmos ocasião de
;;~~::;::~,:d;~~~~~~~=~x~:;~~~~ i~~~~3~3 ~11~~i~v;~:~~~~~~.3c~;~:°M~~i~º deSy lvia Thrupp, pn:viamcnte ver. Eles não podiam transformar-se em propriedades vocacionadas para a produção m•r·
cantil como na Europa Oríenral do século XVI, porque não existia um mercado internacional
. l.J S. Bo~i s Porch~ ,. notJ que é verdade: que não se dcsen \"Ol\"cr.tm cm França grandes domínios neste
r;nOdo da maneira que: aco_n1c~cu em lng larc ~ : ... [Tais domíni os] ac: vc:m não obstan1e encon trar-se cm fracas num conrexto económico generalizadamenre sombrio. Só se lhes apresentavam d u.:is alter-
~~~~:/~~o uma tmdênc13 económica_~inda pouco dc ~ n vol v ida . cspecialrncnie nas província" perif~ricas nativas significarivas . Por um lado, poderiam converter as obrigações feudais em rendas
cb Pro! 3
~·:-;~~n~os mares of~recc poss1 b1l1 da~s comerciais vantJjo~L"i:-Os portos da Guyenne, do Lan gucdoc,
agricol .tlÇ · _ong:e. do Pono~, da Normandia e: da Breianha faci l1 uvam a exportação de vinho. de produtos
monetárias 11 ..1, que reduziriam os custos e aumenrariam o rendimenro do proprietário do
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Em re.s~~~.g:s~~~~~~;:,~ :: d~~~~od~c r:nrra~~o e até lentati~as de exportar gado, paniculanncnle carneiros.
1613 à 1648 fParis: S.E. V.P.E.J 1963 ) 28910 pro1b1do do comérc1o>o. ÚJ sn~lhe~1ents pnpuloires en Fra nce de 147 . 4'0 contrato de mbayage, tão difundido na vi1jnhanç-.a de cidades ital ianas e fn.ocesa.s mcdiu-ni- ..
sua lista. fhv~ de vol!u a es~~ uest!o n . Note-se con1udo .que Porchnev mclu1 ~ Langucdoc e J Provença na nicas cm 1erras tomadas vagas por migração fno período de dc:prcss.ão dus séculos XI\' e XVJ e cujo controlo o,;
caso de mUILipla caus..i lidade . q um capítulo postcnor. Por agord, bas ta dizer que es1amos perante um cit.ad inos linham sido capa1..cs de a.-;sumir. foi de ÍJCIO uma forma de coope ração cnlrC borp-ue~ s e c.a.m('O'lCSõ
com o propósi to de promoverem o culti \'o de c c~ai s• . Du by , Rural Ewn{I"'·''· pp. J~ó-357 .
original dle4:~:.;~a ~:~:ri~t.a~~-mo uma casa a m_c: io do c~inho: • Como uma fonna de transição d3 forma 148 . . c Tal como era praticada, a parceria tinha a aparência de um rcgim(" cs ~i a lmcn ?e capi tl!ista. ~­
aqui falta do C2piuJ suficien1e p!:.a u: · ~emas ~0~ 1derar o sistema de parceria. ( ...) Por um lado. o 13vrador tem pondcndo às necessidades dos propric1irios burguc:.ses. O ideal dek s er.1. oblcr dJ..<t suas !erras uma pme do r;:':ndi-
não a.s!.ume a forma pura de renda Pod~~aJo cap1t.a. ts~ ~ompl~ta. Por ou1ro, a parceri3 aqui adoptada. pelo senhor mento sob fonna líquida, convc ni,•el em dinhe iro. Da\'anl à go tão das suas r'mprc sa.~ um a.r mcrca.n~i l : fW.im cui-
adicional. (... )A renda j.i não a~c ui coi:e~t~o: uir um JUro so~re o _c apital avançado por ele e uma renda dadosamente entrar nos seus li\-res de 8ai:wn ou l frrts dr Rt a rus a pane recc:bida dJ. colhc: ila. as 'cnd.ls de cerr~ s
quer emçre,ue o sc:u próprio trabaJho~ de 3 nonnal de mais-,·aha em geral. Por um lado. o cultivador, ou de gado, à mistura com os juros dos seus empréstimos (/e produil d~ i<ur usurt l. Para estes llUlSid~~ Vorai.1U ),
trabalhador mas como possuidor de pane d"os ins°::~~ :c!:"a uma porção do prod u10 não na sua qualidade de
sua _J>311C não exc.lu\ i\'amcmc na base da sua uaiidade de:
1 ~bal~o. Por outro lado, o senhor da tem reclama a
o in1crcssc no lucro er..l a consideração prioritária; eram milis ou mc:oos 1gnoran1es c1!1 as.~u nl'h a~ol as •. G. E. de
Falguerollcs. -.La décadcnce de l 'économie agricole dans le Consularde Lempau1 3 U:\ X:VIJ . c.' I .X'\'l u· siklo.... AMClt"J
;b3
capu.al • . Capital, III , cap. X.LVJf. scc. V, p. _ propnct.irioda terra mas tam~m como emprestador de du M idi. Lltl, t9-l I, t49.
149 . .. rA libc:naçâo dos servos] era-lhes menos ofcm;ida do que vendida •. Marc BkK:h. Caracrtr~J on - ..
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õr..:. · c:1 ç:ie :i.."":L-r--.=i=i am lr'-~eréncil graducl do seu controlo sobre a terra. Ou 1\3 criação de gado verificou-se precisa.'Tla!!e em fapa.v ..a_ A• d= /d ,
>tja. is&> rorr~ PQ<-~hel a i_;c=S:l d ~cno agricultor ele lipo yeo,,..an , como rendeiros
=
domínios cm terra arrendada e a da terra arã·,cJ em P3SIOI - •triíican.
~-ie :i:~CNC &:is
r ..pr.OO =6 fi u_ ou. r:>e lhcr :i!nd.J.. como proprielários independentes (que i:>OOem Pois a úlnma.. ao tomar ~ ~ rra a:"~el ainda mais ~sa. íu..ia ~w ~~~
1 1
= ,is· com.o ll ~-ém cr~e. "--' aquisição d:l ~rn. p:igou a renda de v:irios anos de urna só
•teLl' Ui'. 1 • A l.l:~mari\tl eu.tio aiJeTt:!. :ios proprieci:rios consistia em com·enerem a sua terra
valor para arre.ndamento ., . Ad1c1onalmrnte. à medida q;,e a !em zrl·•el ,.. tor.'l2•a ~
escassa. o culu,·o unha de ser ~s intensí»o, 0 que •igiüfü:«•a <l'Je • <r.:aJidaêe. do rr--.WZ-
º'
rn: ~ · para bo' ir.os ou i:1os. '\o sérulo X\. quer os preços da lã quer os da carne lho era muno '.mix;:;:me, um esumulo mais para a substirui~ oo;
\<:rv iw. em tnl:c:. ., po!"
pa.--:cia.--:i t!f resistido melhor aos efeitos da depressão e. ainda por cima. os custos com 0 rendas monetanas '. ·
~. entio esc-..tS o e pon:2.!1 CO C"-!O. era.rn menores " '' 1• O aumento da criação de carneiros no século XVI conduzi u ao grande IDCNim<t::n " ..
~eiL1 altura.. rar.10 a Inglaterra como a EsP3Jlha aumentaram as suas pastagens. das enclosures em Inglaterra e na Espanha. Ma., pararlox2l;ne,..u: não foi 0 çm prietá.-io em
!\a ecooomia em <>f"'..nsão do século J(V J. o trigo parecia ganhar van tagem sobre a lã"'". grande escala que pensou nelas, mas um novo tipo. 0 propri~o independ..--r.!.e de fl'Xl=
nus r.io sobre o gado. que fomeciJ não apenas c:ime mas também sebo. couro e lacticí- escala " " '. Foi certamente a renovação ecooómica do sécu!o XVI <r.>e tomou possível 0 cresci-
nios. cujo consumo se e 'pandi1 com a prosperidade " " >. O aspecto mais importante a salien- mento sustentado destes pequenos agricultore. independer~s .
tar sobre a p;,;toric ia no século XVI. em es pecial no tocante ao gado. reside no facto de Uma vez que •os carneiros comiam os homens~. como dizia 0 ditado. 0 :mmrnto d:!-.
que eb se es tava a transfonnar cada vez mais numa actividade regionalmente especia- criação de carneiros criava assim uma escassez alimentar que tinb.. que ser compemada umo
lizada. ~b is gado numa zona. uma vantagem para os grandes proprietários. significava por uma produção agrícola mais eficiente na Inglaterra (os y t ol7U'n ) como pelos cereais do
também menos gado noutras, o que sign ificava muitas vezes uma redução no consumo Báltico (cultivados com trabalho coercivo)º " '·
camponês de carne e lacticínios, uma deterioração da sua dieta º"'· Esta ultra~specialização Além do mais, o aumento das enclosures tomou possível o crescimento de indústrias
anesanais nas áreas rurais ""'· Contudo, em Espanha, a Mtsra era de=íado poderosa para
15-0. • !Sob um sistc:ma de propricdlde de parec ias de terra!. o ~o d3 terra (representa] nada mais que
renda c:ap:u.lizad:i. .. Karl " fa.n. Capira/. Ul. cap. XL Vil, sec. V. p. 805.
151. Ver Slichcr \an Bath, A.A.G B .. n.o:: 12. 164·1 68. Ver Peter J. Bowden: •Foi a maior rentabilidade: da uponação e os trabalhadores emigravam. (_.) Msim. o daaparecimemo di.:.'!13 ric:J. foo:e de r.utri;'lo ~·
produçok> de lã em re lação ã produção de cereais que fo i largamente responsáve l pela expansão d:l criação & car- nhava o empobrecimento, a sujeição do campcsinato. a estabilidade na wa de lucro fpri.r ~ rrn t'lll) e ar.IribufJ
neiros. el pct ía.lmente no centro de lngla;erra entre meados do século XV e meados do século XVI. (... ) para o sub-empre go:.. J~ Gentil da Silva. En Espagrir: dh"eloppnr.rnr fronomit[ia. skhrllrcr.ct . dirbtt (Paris:
Como a produção e a exportação ~ tecidos aumt:ntou. os preços d3 lã subiram. Tomando como base a década Mou<on. 1965). 169·!70.
de 1451-60. o preç o da 11 produzida intername nte tinha aproximadamente duplicado em 1541-50. Os preços dos 155. Ver Dobb. Srudirs. p. 58: Oougla'! C. Nonh e Robert P<tul Thonm:. "'·.\.." Economic Theay ol me
ctrea.is permanece ram co mp.ant iv~nte estáve is durante o período final do §éculo XV e n3o mostraram tendência Growth ofthe Westem World • . Economic HinoryRnüM·, 2.' ~. XXIIf. 1, Abril 1970. 13.
assinaláve l para ~ub i r a não ser após 1520. quando os prccos subiram em geral ... The Woo/ Trade in Tudor al'ld Stuart 156. Ver Dobb, ihid., p. 53.
England (S o,·a forque: .\fac \f illan. 1962). 4-5. 157. Julius Klein mostra como isto deveria ser assim: ..O movimento de t nclo iiut init& e o pnx:c:L\O • -.
152... !\.·o entanto, por vo lta de meados do século XVI a pressão para se mudar dos cercais para a lã estava idêntico em Castela( ... ) siocroni1.aram-se duma forma surprcendeo1e. Em am~ os casos o episódio te\·c 05 ~Ili
a en fraquece r. A terra tomava-se mais escassa e o trabalho menos abundante. Os preços dos cercais, que linharn começos numa estimulação da indUstria ligada à criação de camei ~ no ~lo XIV. (. .. ).A e:iploraçào d.a:s ttTTU
estado a subir desde a década de 1520. dupl icaram na de 1540, quando o nivcl geral de preços subiu abrupta- monástica.-. confiscadas e a aquisição pela Coroa da..ç grandes propnedades das Ofdens m1liwn em ~la. c~­
mente. Depois. em 1557. o mercado ex temo para os [ecidos in gleses entrou cm colapso e os preços da lã caíram tribuíram matcrialmcnre para o crescim ento da indús1ria pastoril cm amb<» os pa1$CS durante as ~c3du 11u~diis
(Bowdcn, ;h;d.. p. 5)• do séc ulo XVI. No entanto, de entào em dianle, cm cada um d~ paiscs há um aparente aumcn10 gradual d3s '"'""
Ver Pe1cr Rawsey: • Falando duma maneira muito geral. podia então ainda ser compensador convcner sur~s. não tanto para empresas de criação de carneiros cm grande cs.cala como para o pequeno cofitcu~ no caso dt:
terra arável em pa.o;tagcns [em lnglaterra). até cerca de 1550, contanto que pudessem ser feitas economias cm tra· Jngla1erra e para criação !.edent.1ria e agricultura camponc~ ."º caso de Castela. Em cada um dos ~.s.cs ~ al"...u
balho. Até aqu i os primeiros comentadores sào confirmados. MJS após 1570 compensaria prova\'elmente mais instâncias (... ) protegiam o movimcn10. e cm cada um o mouvo para \'ed.lr ~ tc:rr.is comuns era apoi~ por um
reconvcncr a tem de pastagem pat'J culti..,o, desde que o aumcn!o cm custos de rrabalho não ultrapassasse o ac-ris- desejo de se. estimular a criação sedentária de carneiros. O efeito final cm ambo'> foi promover unu agnculruu de
cimo de lucros na ..·cnda do cercai:.. . Tu dor Economic Problem.I (Londre s: Gollancz, 1968), 25. pequena escala.( ... ) Na Península o elemento que lutou contra o mo\· i~n10 de \'ed3ção e que. de facto. obstruiu
com. !'"Cesso 0 seu avanço por dois sécul~, foi a in~ústria migrató.ria pastori~ cmt:~~: ~:~.N~~::~~,.\T=~
1 ~3 Tal como Delumeau disse de Roma • Para uma cidade crescendo em população e nqueza parecia [aos
nos 1meresscs anti-tnclo.i:ure esta..,am mu110 espcc~almcnte n:prcscn~as.cla.!~ . g PK IQJQl
1
barões do campo! mais ' antaJOSO 'endcr carne e queijo do que tngo Em consequência disso, sabotavam s1ste· 314 .JIS.
ma11camentc rodos os esforços das autorid:idcs para forç:i·los a limitar as suas pastagens. Esta avickz pelo lucro por in Span;sh Econom;c ffürory . 1273-1836 fCambnd~e , Mas~husct_u ._lhr:S~ol~~~~ co~oo 00• ~Ido ~culo
158. «O comércio de exportação de ccrC3.lS 3 panir da _Prússia e ~adas Paise.s Baixos. !'oruc~a
pane da nobrcz.J .e o crcscenle favor que ela concedia à criação de gado parece ter sido claramenlc acompanhada
por uma ' 'crdade1ra reacção senhorial - um fenómeno que, para mais, não era peculiar ao mundo rural romano• .
Dclumeau, Vie fronnmiq iu, IJ, pp. 567, 569.
XUJ, e foi seguido no século XIV pelo dos países bálucm.. Os certats e~ cm d'
Setentrional e para panes de Inglaterra onde havia csca.llóseZ de cereais. como 0 asmto
F: F
cn e
1
grande ZOl\J de

criação de carneiros•. Slicher van Bath, A.A.G.B .• n. 12 • l70.


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Georges Duby liga a expansão da criação de gado em França a panir do fim do século XIII à «crescente · algumas áreas do que noutns Joan
procura de c~ . couro e lã que se o~gina\'a nas cidades• . Por sua vez, a importância crcscenle da produção de gado 159. Ao explicar porque I! que es1as indústrias se encontravam mms n •
vac~m (e de \·1nho) «acelera va consideravelmente a comercialização do mundo rural francês•. 41ThC French Coun· Thirslc. observa: . Iasa comunidadt de pequenos agricultores. frcquen1e-
111'. side a! the End of che 13th CentUr)'n, in Rondo Cameron, ed .• Essavs in French Ec-onomic History (Homewood. •Os factorcs comuns parecem ~r es1cs. uma .po~~ com um dircim de pos..~ qU3SC 1ão bom como o da
llhnois: lrwin. lnc., 1970). p. 33. · ment~ proprietários livres( ... ) ou rendmos c~nsuetudi.~ EI~ pode apoiar-sr nos l3Ctidnios..ca.w mt QtJC as tt:~
< 154. .. fAl crcscen1e procura !por toda a Europa] de cercais e ..,inho priva\'am o campo. e espccialmenre propncdade li\'rc (... ) praticando uma economia paslon: ão senhonal e 0 cult\..-o coopcrauvo. cm conse~nc1._
os cam~scs. de: carne, e poru:i1~ de um eli:men10 imponante para a sua subsistência. As aldeias, que por muito são geralmente vedadas precocemente e em que a organiza\ t io C"m pa.-.ios generosos. em que não hJ mcen-
s.ão fracos ou ine:'ll:istentes. Ou pode basear-se na criação ~; :cn :~fértil. e cm que nao há igualmcnlc um3 forte
1
1
lempo tn~~-rtstrvado a.-. suas. uh1ma.s pastagens para o abate, a~abaram por perdê-las todas.( ... )
eg1oes .cm q~e a relat1 ..·a insuficiência da popu lação significava uma incapacidade em conseguir-se uma llvo prático para se vedarem as 1erras. em que. a terra ar.1. ( ~uhjacC"nle a rudo isto podemos por veze.s. ver uma
produção per capna mais all.1. como Aragão. abandonavam as terras menos féneis. desenvolviam uma produção de rede de campos abcnos apoiando uma economia cooixranva. ···

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õr..:. · c:1 ç:ie :i.."":L-r--.=i=i am lr'-~eréncil graducl do seu controlo sobre a terra. Ou 1\3 criação de gado verificou-se precisa.'Tla!!e em fapa.v ..a_ A• d= /d ,
>tja. is&> rorr~ PQ<-~hel a i_;c=S:l d ~cno agricultor ele lipo yeo,,..an , como rendeiros
=
domínios cm terra arrendada e a da terra arã·,cJ em P3SIOI - •triíican.
~-ie :i:~CNC &:is
r ..pr.OO =6 fi u_ ou. r:>e lhcr :i!nd.J.. como proprielários independentes (que i:>OOem Pois a úlnma.. ao tomar ~ ~ rra a:"~el ainda mais ~sa. íu..ia ~w ~~~
1 1
= ,is· com.o ll ~-ém cr~e. "--' aquisição d:l ~rn. p:igou a renda de v:irios anos de urna só
•teLl' Ui'. 1 • A l.l:~mari\tl eu.tio aiJeTt:!. :ios proprieci:rios consistia em com·enerem a sua terra
valor para arre.ndamento ., . Ad1c1onalmrnte. à medida q;,e a !em zrl·•el ,.. tor.'l2•a ~
escassa. o culu,·o unha de ser ~s intensí»o, 0 que •igiüfü:«•a <l'Je • <r.:aJidaêe. do rr--.WZ-
º'
rn: ~ · para bo' ir.os ou i:1os. '\o sérulo X\. quer os preços da lã quer os da carne lho era muno '.mix;:;:me, um esumulo mais para a substirui~ oo;
\<:rv iw. em tnl:c:. ., po!"
pa.--:cia.--:i t!f resistido melhor aos efeitos da depressão e. ainda por cima. os custos com 0 rendas monetanas '. ·
~. entio esc-..tS o e pon:2.!1 CO C"-!O. era.rn menores " '' 1• O aumento da criação de carneiros no século XVI conduzi u ao grande IDCNim<t::n " ..
~eiL1 altura.. rar.10 a Inglaterra como a EsP3Jlha aumentaram as suas pastagens. das enclosures em Inglaterra e na Espanha. Ma., pararlox2l;ne,..u: não foi 0 çm prietá.-io em
!\a ecooomia em <>f"'..nsão do século J(V J. o trigo parecia ganhar van tagem sobre a lã"'". grande escala que pensou nelas, mas um novo tipo. 0 propri~o independ..--r.!.e de fl'Xl=
nus r.io sobre o gado. que fomeciJ não apenas c:ime mas também sebo. couro e lacticí- escala " " '. Foi certamente a renovação ecooómica do sécu!o XVI <r.>e tomou possível 0 cresci-
nios. cujo consumo se e 'pandi1 com a prosperidade " " >. O aspecto mais importante a salien- mento sustentado destes pequenos agricultore. independer~s .
tar sobre a p;,;toric ia no século XVI. em es pecial no tocante ao gado. reside no facto de Uma vez que •os carneiros comiam os homens~. como dizia 0 ditado. 0 :mmrnto d:!-.
que eb se es tava a transfonnar cada vez mais numa actividade regionalmente especia- criação de carneiros criava assim uma escassez alimentar que tinb.. que ser compemada umo
lizada. ~b is gado numa zona. uma vantagem para os grandes proprietários. significava por uma produção agrícola mais eficiente na Inglaterra (os y t ol7U'n ) como pelos cereais do
também menos gado noutras, o que sign ificava muitas vezes uma redução no consumo Báltico (cultivados com trabalho coercivo)º " '·
camponês de carne e lacticínios, uma deterioração da sua dieta º"'· Esta ultra~specialização Além do mais, o aumento das enclosures tomou possível o crescimento de indústrias
anesanais nas áreas rurais ""'· Contudo, em Espanha, a Mtsra era de=íado poderosa para
15-0. • !Sob um sistc:ma de propricdlde de parec ias de terra!. o ~o d3 terra (representa] nada mais que
renda c:ap:u.lizad:i. .. Karl " fa.n. Capira/. Ul. cap. XL Vil, sec. V. p. 805.
151. Ver Slichcr \an Bath, A.A.G B .. n.o:: 12. 164·1 68. Ver Peter J. Bowden: •Foi a maior rentabilidade: da uponação e os trabalhadores emigravam. (_.) Msim. o daaparecimemo di.:.'!13 ric:J. foo:e de r.utri;'lo ~·
produçok> de lã em re lação ã produção de cereais que fo i largamente responsáve l pela expansão d:l criação & car- nhava o empobrecimento, a sujeição do campcsinato. a estabilidade na wa de lucro fpri.r ~ rrn t'lll) e ar.IribufJ
neiros. el pct ía.lmente no centro de lngla;erra entre meados do século XV e meados do século XVI. (... ) para o sub-empre go:.. J~ Gentil da Silva. En Espagrir: dh"eloppnr.rnr fronomit[ia. skhrllrcr.ct . dirbtt (Paris:
Como a produção e a exportação ~ tecidos aumt:ntou. os preços d3 lã subiram. Tomando como base a década Mou<on. 1965). 169·!70.
de 1451-60. o preç o da 11 produzida intername nte tinha aproximadamente duplicado em 1541-50. Os preços dos 155. Ver Dobb. Srudirs. p. 58: Oougla'! C. Nonh e Robert P<tul Thonm:. "'·.\.." Economic Theay ol me
ctrea.is permanece ram co mp.ant iv~nte estáve is durante o período final do §éculo XV e n3o mostraram tendência Growth ofthe Westem World • . Economic HinoryRnüM·, 2.' ~. XXIIf. 1, Abril 1970. 13.
assinaláve l para ~ub i r a não ser após 1520. quando os prccos subiram em geral ... The Woo/ Trade in Tudor al'ld Stuart 156. Ver Dobb, ihid., p. 53.
England (S o,·a forque: .\fac \f illan. 1962). 4-5. 157. Julius Klein mostra como isto deveria ser assim: ..O movimento de t nclo iiut init& e o pnx:c:L\O • -.
152... !\.·o entanto, por vo lta de meados do século XVI a pressão para se mudar dos cercais para a lã estava idêntico em Castela( ... ) siocroni1.aram-se duma forma surprcendeo1e. Em am~ os casos o episódio te\·c 05 ~Ili
a en fraquece r. A terra tomava-se mais escassa e o trabalho menos abundante. Os preços dos cercais, que linharn começos numa estimulação da indUstria ligada à criação de camei ~ no ~lo XIV. (. .. ).A e:iploraçào d.a:s ttTTU
estado a subir desde a década de 1520. dupl icaram na de 1540, quando o nivcl geral de preços subiu abrupta- monástica.-. confiscadas e a aquisição pela Coroa da..ç grandes propnedades das Ofdens m1liwn em ~la. c~­
mente. Depois. em 1557. o mercado ex temo para os [ecidos in gleses entrou cm colapso e os preços da lã caíram tribuíram matcrialmcnre para o crescim ento da indús1ria pastoril cm amb<» os pa1$CS durante as ~c3du 11u~diis
(Bowdcn, ;h;d.. p. 5)• do séc ulo XVI. No entanto, de entào em dianle, cm cada um d~ paiscs há um aparente aumcn10 gradual d3s '"'""
Ver Pe1cr Rawsey: • Falando duma maneira muito geral. podia então ainda ser compensador convcner sur~s. não tanto para empresas de criação de carneiros cm grande cs.cala como para o pequeno cofitcu~ no caso dt:
terra arável em pa.o;tagcns [em lnglaterra). até cerca de 1550, contanto que pudessem ser feitas economias cm tra· Jngla1erra e para criação !.edent.1ria e agricultura camponc~ ."º caso de Castela. Em cada um dos ~.s.cs ~ al"...u
balho. Até aqu i os primeiros comentadores sào confirmados. MJS após 1570 compensaria prova\'elmente mais instâncias (... ) protegiam o movimcn10. e cm cada um o mouvo para \'ed.lr ~ tc:rr.is comuns era apoi~ por um
reconvcncr a tem de pastagem pat'J culti..,o, desde que o aumcn!o cm custos de rrabalho não ultrapassasse o ac-ris- desejo de se. estimular a criação sedentária de carneiros. O efeito final cm ambo'> foi promover unu agnculruu de
cimo de lucros na ..·cnda do cercai:.. . Tu dor Economic Problem.I (Londre s: Gollancz, 1968), 25. pequena escala.( ... ) Na Península o elemento que lutou contra o mo\· i~n10 de \'ed3ção e que. de facto. obstruiu
com. !'"Cesso 0 seu avanço por dois sécul~, foi a in~ústria migrató.ria pastori~ cmt:~~: ~:~.N~~::~~,.\T=~
1 ~3 Tal como Delumeau disse de Roma • Para uma cidade crescendo em população e nqueza parecia [aos
nos 1meresscs anti-tnclo.i:ure esta..,am mu110 espcc~almcnte n:prcscn~as.cla.!~ . g PK IQJQl
1
barões do campo! mais ' antaJOSO 'endcr carne e queijo do que tngo Em consequência disso, sabotavam s1ste· 314 .JIS.
ma11camentc rodos os esforços das autorid:idcs para forç:i·los a limitar as suas pastagens. Esta avickz pelo lucro por in Span;sh Econom;c ffürory . 1273-1836 fCambnd~e , Mas~husct_u ._lhr:S~ol~~~~ co~oo 00• ~Ido ~culo
158. «O comércio de exportação de ccrC3.lS 3 panir da _Prússia e ~adas Paise.s Baixos. !'oruc~a
pane da nobrcz.J .e o crcscenle favor que ela concedia à criação de gado parece ter sido claramenlc acompanhada
por uma ' 'crdade1ra reacção senhorial - um fenómeno que, para mais, não era peculiar ao mundo rural romano• .
Dclumeau, Vie fronnmiq iu, IJ, pp. 567, 569.
XUJ, e foi seguido no século XIV pelo dos países bálucm.. Os certats e~ cm d'
Setentrional e para panes de Inglaterra onde havia csca.llóseZ de cereais. como 0 asmto
F: F
cn e
1
grande ZOl\J de

criação de carneiros•. Slicher van Bath, A.A.G.B .• n. 12 • l70.


9
Georges Duby liga a expansão da criação de gado em França a panir do fim do século XIII à «crescente · algumas áreas do que noutns Joan
procura de c~ . couro e lã que se o~gina\'a nas cidades• . Por sua vez, a importância crcscenle da produção de gado 159. Ao explicar porque I! que es1as indústrias se encontravam mms n •
vac~m (e de \·1nho) «acelera va consideravelmente a comercialização do mundo rural francês•. 41ThC French Coun· Thirslc. observa: . Iasa comunidadt de pequenos agricultores. frcquen1e-
111'. side a! the End of che 13th CentUr)'n, in Rondo Cameron, ed .• Essavs in French Ec-onomic History (Homewood. •Os factorcs comuns parecem ~r es1cs. uma .po~~ com um dircim de pos..~ qU3SC 1ão bom como o da
llhnois: lrwin. lnc., 1970). p. 33. · ment~ proprietários livres( ... ) ou rendmos c~nsuetudi.~ EI~ pode apoiar-sr nos l3Ctidnios..ca.w mt QtJC as tt:~
< 154. .. fAl crcscen1e procura !por toda a Europa] de cercais e ..,inho priva\'am o campo. e espccialmenre propncdade li\'rc (... ) praticando uma economia paslon: ão senhonal e 0 cult\..-o coopcrauvo. cm conse~nc1._
os cam~scs. de: carne, e poru:i1~ de um eli:men10 imponante para a sua subsistência. As aldeias, que por muito são geralmente vedadas precocemente e em que a organiza\ t io C"m pa.-.ios generosos. em que não hJ mcen-
s.ão fracos ou ine:'ll:istentes. Ou pode basear-se na criação ~; :cn :~fértil. e cm que nao há igualmcnlc um3 forte
1
1
lempo tn~~-rtstrvado a.-. suas. uh1ma.s pastagens para o abate, a~abaram por perdê-las todas.( ... )
eg1oes .cm q~e a relat1 ..·a insuficiência da popu lação significava uma incapacidade em conseguir-se uma llvo prático para se vedarem as 1erras. em que. a terra ar.1. ( ~uhjacC"nle a rudo isto podemos por veze.s. ver uma
produção per capna mais all.1. como Aragão. abandonavam as terras menos féneis. desenvolviam uma produção de rede de campos abcnos apoiando uma economia cooixranva. ···

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. A diferença estava menos nas altemat_ivas que se colocavam aos camponeses. embora1
que 0 pequeno proprietário pudesse ir muito_longe. E, como veremos m~is l~rdc, a polílica csias 11vessem º.seu papel'. d? que_ nas alternativas dos proprietários. Onde é que e~tes poderiam
imperial de Carlos v deu ainda uma força ad1c1on~l a est~s gr"."~es propnetános. Em vez de obier lucros maiores e mais i~ediatos? Por um lado. podiam convener a sua terra a outras uli-
1 :
utilizar os desempregados rurai s para o desenvolv1men10 mdustnal, a Espanha expulsou-os e li zações (pastos. com uma ma_is ~levada ta~a de lucro, ou amendando-a por dinheiro a peque-
exponou-os. . .
Temos de explorar um pouco mais esta questão do_dese_nvolv1mento da_agricultura da
Europa Ocidental e da razão porque esta não poderia seguir a via da Europa Onental: grandes
nos lavradores - ambas as h1potes.es significando a dispensa das exigências feudais em ser-
viços) e usar os novos lucr~s para investir no comércio e na indústria e/ou em bens de lu xo
consumidos_ pela a n s loc~acia. Por outro lado. podiam procurar obter maiores lucros pela
l
propriedades utilizando trabalho coercivo em produções mercantis. l~so acontecia, em úhima intensificaçao da produçao para o mercado de bens de primeira necessidade (especialmeme
- análise. porque uma economia-mundo cap11ahsta escava em formaçao .. P_aul Sweezy postula cereais). investindo subsequentemenle os novos lucros no comércio (mas não na indústria 1
6
uma espéc ie de conrimmm ecológico: «Próximo dos centros comerc1a1s, o efe110 sobre a e/ou em bens de luxo)" ''. A primeira alternativa era mais plausível na Europa do Noroeste.
1
economia feudal [da expansão do comércio] é fonemente desmlegrador; mais longe o efeito a última na Europa Oriental, principalmente porque a ligeira diferença já estabelecida nas
tende justamente a ser 0 oposlo»' '"''· Esta é uma formulação excessivamente simples, como especializações produ1ivas significava que a maximização dos lucros era obtida. ou pelo menos
Poslan afirma e Dobb concorda" '"· O argumemo de Sweezy baseia-se nas altemalivas para pensava-se que o era. fazendo mais extensamente e mais eficientemente o que já se era 0 melhor
·-os camponeses, a sua capacidade de fugirem para a cidade, a «proximidade civilizadora da a fazer""'>. Assim, as autoridades estatais encorajaram as enclosures para a pastorícia (e para
vida urbana»'""· Ele negligencia a possibilidade de em muitas regiões periféricas, por a honicultura) na Inglaterra, e a criação de grandes domínios para a produção de trigo na
exemplo na Europa Oriental, os camponeses terem a altemaliva oferecida por áreas de fron- Europa Oriental. J
teira. frequentemente tão atractivas como as cidades . Na realidade, foi exactamente por os Quanto às razões porque a prestação de trabalho era contratual no Noroeste europeu e
camponeses usarem esta allemativa que se verificou no século XVI a introdução de meios coerciva na Europa Oriental é insuficiente aduzir o confronto entre a utilização da terra para
jurídicos tendentes a vinculá-los à !erra. a pastorícia ou para o cultivo. Porque nesse caso a América Espanhola leria tido formas de
presiação de trabalho contratuais. Como já sugerimos. é antes a demografia que desempenha
certa lógica no modo como es1es foc1orcs comuns cs1ão ligados entre si. Algum3 da rerra mais apropriada para pastagens 0 papel crítico. A alternativa da Europa Ocidental baseava-se na presunção de que haveria
1 .' não foi desbravada :ué um cs1ádio relal ivame nle tardio na história da colonização local. Ela era passive i de ser vedada uma reserva de força de trabalho suficiente a preços suficientemente baixos para satisfazer as
de imediaio. Era pas.sível de dar origem a uma comunidade de agricuhores inde pendentes que reconheciam não o
lu,garejo ou a aldeia, mas a família, como a unidade coopcraliva de trabalho. Se a te rra era apropriada para os lacti-
necessidades dos proprietários sem custos excessivos''.,'. Na Europa Oriental e na América
cínios, tinha então também água suficiente para apoiar uma indústria de 1ecidos. Em regiões menos hospitaleiras Espanhola existia uma escassez de trabalho em relação à terra cuja exploração era rentável.
onde houvesse grandes charne cas ou grandes baldios de 1erra pan1anosa e pouca seara, a economia estava destinada devido à exislência de uma economia-mundo. E na presença de uma tal escassez " ª expansão
à criação e pastoreio de carneiros. Os baldios comuns a1rafam jovens sem 1erra_ A sua exploração requeri a menos
trabalho que: 'uma seara e deixa\·a aos homens tempo para se enlregarem a ocupações subsidiárias1t. «Industries in
dos mercados e o crescimento da produção é Ião susceptível de conduzir ao aumento do tra-
lhe Counl.J)·s ideit , in F. J. Fishcr, ed., Essays in the Economi<: and Social History o/ Tudor and Stuarl England
Lll..ondresc Nova Jorque: Cambridge Uni v. Prcss, 1961), 86-87.
160. Swcezy. Science a11d Soâety, XlV, p. 14 1. Ver também pp. 146- 147. Joan Th irs k contribui com 163 . l!'õ!O deveria ser precisado. Os proprietários capitalistas no~rts da Europa Oriental esu v~ ~ ...
algum apoio à hipó1cse de Sweezy: «Mas no começo do século XVI con1rastes claros podiam ainda ser o bser- interessados no lu xo ari s1ocrá1ico. Na verdade, Jeannin vai ao pon10 de dizer: ·É ct:no que, a~.sar das llm1tat;
vados nos confins do reino. A Comualha e o Dcvon, o Cumbcrland, o Westm oreland e o Nonhumberland tinham sobre as compras por causa da penúria. passageira ou permanen!c:, dos 1esouros reais. o ~.sc1.men10 ~ consumo
muitas comunid4.tdc s dispersas por quin1as so li11rias, algumas preservando ainda vestígios do espírito de clã, sumptuário consti1ui uma da'i mudanç.a~ significativas que caracieri~m ~ evoluç~o da \'1~ anst~~ica no N~
ainda quase comple1amen1e isoladas do m undo come rci al. Aldeias produtoras de cereais no Eas1 Anglia e no Kcnt [da Europa, isto é, dos estados à volta do Báltico] no stcuto XVI•. V1mrl;ahrschr1ffür So~ial~ "'!" Hmsrhafrs~tJ_
c..'itavam. por ou1ro lado, profundamen1e envolvidas em transacções comerciais de comestíveis cm grande escala c:hichtt, XLIII p. 215. Mas nole·se que não obs!ante Jeannin se rtferc à penúria como um hmite. E este~ prcci·
e co_nduz1am ~ seus negócios apa.rememcme sem consideração por qualquer obrigação social, quer para com sarnente o po~to. Numa economia em expansão. a entrega ílbsoluta à_ lu:-; úri a a~Ol(n!ava. mas com~da • 0 ~u
o ~ la, a fam ília ou o senhor feudal. Encre as zonas de terras ahas e as de terras baixas (por exe mplo, nas Wesl aumento na Europa Ocidental podemos provavelmente falar_ num rela11~0 d~clfmo. .· , . . . •As ,,
M1dlandsJ os contrastes eram esbatidos». • The Farming Regions of England», in Thr A1.:rariu11 /fistory o/ 164 . °?ug lass C. North e Robert P~ul Thomas. m Econon11c lluw'! ~~~'~tax;:~· ~~~~
~n~land and lValt's, .IV, Joan Thirsk, cd., 1 500-1 64~ (L~mdres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1967), 15. tnclnsures que lmham lugar nesta altura ocomam ( ... )em pastagens que: produzia od.1s . ta
à horticuhura . As primeiras faziam-se em rcspos!a a uma procura cre.scenle ~e '! ~ru~a;o~i:;:r de ;:~=e
:ir:a aqueles que possam obse rv~ que o East Anglla nao é cxacrameme um ponto assim tão próx imo do centro,
de\~m~ lembrar q~e é a sua posição no século XVI e não a do século XX que está cm questão. Thirsk observa 1 1 0
aumentos na p~ocu:ra. loca l ~e al imentos por parte das áreas urbanas c:m c~~ :~os c.s rados eram ali mais elevados
C:,
aqui : •O Ea.'il Anglia ocupa actualmente uma posição geográfica algo afastada das principais vias de tráfico entre século XVI fo1 mais mtens ivo nas terras altas de_ lng~aterra porque os ~n im asta ~ns imham uma densidade de
Londre_s e o Nane. No século XVI, pelo contrário, os seus rios, peneirando bem no coração da região a s ua do que nas regiões aráveis. por duas razões. Primeiro. as áreas p~pnas para P g rdo an. a \'tdação ocorrcr.
:~~f:~:~~e~~:~:~~o:.aseus m~itos pano~. coloc_avam-no em r~cil comunica~ão com os mercados de Londres, da população inferior à das terras _ar~veis; por isso( ...) menos gente tmh~:ldl:~~ ~ ~~ :,ºque ~ indi,•íduos que deti·
1

d . . • Escócia, dos PaJScs Baixos e do Báltico. A sua agncu ltura consequentemente cedo se 1 0
Segundo, e provavelme 1:ne mai s importante, o _aumento no_preço da tentarem a ascentar mais carttt'iros. O custo
c:;;:~;~:=~~~I ~::~mos nacionais e_ intem~cionai~, e a _es~ialização e;tava tão avançada ~ue pelo nham tc~a ~m comum a utilizassem ?e mod~ ineficaz devidoª todos uasc nulo .pmas 0 custo para 1 sociedade por
cereais lpp. 40--4 !)... anos de boas colhena~ munas d1 stntos estavam longe da auto-suficiência em para um md1ví?uo cm ap~e ntar mais carneiros na te~ comum era ~sivamente utilizadas e a produção tôlal de li
todo~ fazerem isso era positivo. As terra-; comuns tendiamª ficar exce mu.ns podiam evitar essa ocorrência 1Jcdnndo
; Noroeste~~· r;~ ~:e~~~~o ª;:~da:~~ Inglaterra).' mais longínquas dos grandes mercados. sobretudo no cfcct1vamente declinava.( ... ) Indivíduos com poder para vedaras terra.sco
retc ..·c por mais tempo•. M. Postan «The Chr~~adas mais cedo, enqu.anto que o Sudoeste, mais progressivo, as ªsua área e negando o seu acesso a todos os outros (p. 13)•. proletários ou scmi·proletários•. Scitncr 1(,
Sociny, 4.' série XX 1937 171 . rk,bb S . ology 0 ~ Labour Services,., Transactions o/ 1he Ro)'al /Jistorical 165. Dobb chama a uma tal reserva de força de trabalho "e 1ementos
-e 162. S~ecz;, Scie;1ce Soc~-e~'.t~~~~;~ f4~ltfy, XIV, p. 161 .
dnd and Society, XIV , p. 16l. \
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. A diferença estava menos nas altemat_ivas que se colocavam aos camponeses. embora1
que 0 pequeno proprietário pudesse ir muito_longe. E, como veremos m~is l~rdc, a polílica csias 11vessem º.seu papel'. d? que_ nas alternativas dos proprietários. Onde é que e~tes poderiam
imperial de Carlos v deu ainda uma força ad1c1on~l a est~s gr"."~es propnetános. Em vez de obier lucros maiores e mais i~ediatos? Por um lado. podiam convener a sua terra a outras uli-
1 :
utilizar os desempregados rurai s para o desenvolv1men10 mdustnal, a Espanha expulsou-os e li zações (pastos. com uma ma_is ~levada ta~a de lucro, ou amendando-a por dinheiro a peque-
exponou-os. . .
Temos de explorar um pouco mais esta questão do_dese_nvolv1mento da_agricultura da
Europa Ocidental e da razão porque esta não poderia seguir a via da Europa Onental: grandes
nos lavradores - ambas as h1potes.es significando a dispensa das exigências feudais em ser-
viços) e usar os novos lucr~s para investir no comércio e na indústria e/ou em bens de lu xo
consumidos_ pela a n s loc~acia. Por outro lado. podiam procurar obter maiores lucros pela
l
propriedades utilizando trabalho coercivo em produções mercantis. l~so acontecia, em úhima intensificaçao da produçao para o mercado de bens de primeira necessidade (especialmeme
- análise. porque uma economia-mundo cap11ahsta escava em formaçao .. P_aul Sweezy postula cereais). investindo subsequentemenle os novos lucros no comércio (mas não na indústria 1
6
uma espéc ie de conrimmm ecológico: «Próximo dos centros comerc1a1s, o efe110 sobre a e/ou em bens de luxo)" ''. A primeira alternativa era mais plausível na Europa do Noroeste.
1
economia feudal [da expansão do comércio] é fonemente desmlegrador; mais longe o efeito a última na Europa Oriental, principalmente porque a ligeira diferença já estabelecida nas
tende justamente a ser 0 oposlo»' '"''· Esta é uma formulação excessivamente simples, como especializações produ1ivas significava que a maximização dos lucros era obtida. ou pelo menos
Poslan afirma e Dobb concorda" '"· O argumemo de Sweezy baseia-se nas altemalivas para pensava-se que o era. fazendo mais extensamente e mais eficientemente o que já se era 0 melhor
·-os camponeses, a sua capacidade de fugirem para a cidade, a «proximidade civilizadora da a fazer""'>. Assim, as autoridades estatais encorajaram as enclosures para a pastorícia (e para
vida urbana»'""· Ele negligencia a possibilidade de em muitas regiões periféricas, por a honicultura) na Inglaterra, e a criação de grandes domínios para a produção de trigo na
exemplo na Europa Oriental, os camponeses terem a altemaliva oferecida por áreas de fron- Europa Oriental. J
teira. frequentemente tão atractivas como as cidades . Na realidade, foi exactamente por os Quanto às razões porque a prestação de trabalho era contratual no Noroeste europeu e
camponeses usarem esta allemativa que se verificou no século XVI a introdução de meios coerciva na Europa Oriental é insuficiente aduzir o confronto entre a utilização da terra para
jurídicos tendentes a vinculá-los à !erra. a pastorícia ou para o cultivo. Porque nesse caso a América Espanhola leria tido formas de
presiação de trabalho contratuais. Como já sugerimos. é antes a demografia que desempenha
certa lógica no modo como es1es foc1orcs comuns cs1ão ligados entre si. Algum3 da rerra mais apropriada para pastagens 0 papel crítico. A alternativa da Europa Ocidental baseava-se na presunção de que haveria
1 .' não foi desbravada :ué um cs1ádio relal ivame nle tardio na história da colonização local. Ela era passive i de ser vedada uma reserva de força de trabalho suficiente a preços suficientemente baixos para satisfazer as
de imediaio. Era pas.sível de dar origem a uma comunidade de agricuhores inde pendentes que reconheciam não o
lu,garejo ou a aldeia, mas a família, como a unidade coopcraliva de trabalho. Se a te rra era apropriada para os lacti-
necessidades dos proprietários sem custos excessivos''.,'. Na Europa Oriental e na América
cínios, tinha então também água suficiente para apoiar uma indústria de 1ecidos. Em regiões menos hospitaleiras Espanhola existia uma escassez de trabalho em relação à terra cuja exploração era rentável.
onde houvesse grandes charne cas ou grandes baldios de 1erra pan1anosa e pouca seara, a economia estava destinada devido à exislência de uma economia-mundo. E na presença de uma tal escassez " ª expansão
à criação e pastoreio de carneiros. Os baldios comuns a1rafam jovens sem 1erra_ A sua exploração requeri a menos
trabalho que: 'uma seara e deixa\·a aos homens tempo para se enlregarem a ocupações subsidiárias1t. «Industries in
dos mercados e o crescimento da produção é Ião susceptível de conduzir ao aumento do tra-
lhe Counl.J)·s ideit , in F. J. Fishcr, ed., Essays in the Economi<: and Social History o/ Tudor and Stuarl England
Lll..ondresc Nova Jorque: Cambridge Uni v. Prcss, 1961), 86-87.
160. Swcezy. Science a11d Soâety, XlV, p. 14 1. Ver também pp. 146- 147. Joan Th irs k contribui com 163 . l!'õ!O deveria ser precisado. Os proprietários capitalistas no~rts da Europa Oriental esu v~ ~ ...
algum apoio à hipó1cse de Sweezy: «Mas no começo do século XVI con1rastes claros podiam ainda ser o bser- interessados no lu xo ari s1ocrá1ico. Na verdade, Jeannin vai ao pon10 de dizer: ·É ct:no que, a~.sar das llm1tat;
vados nos confins do reino. A Comualha e o Dcvon, o Cumbcrland, o Westm oreland e o Nonhumberland tinham sobre as compras por causa da penúria. passageira ou permanen!c:, dos 1esouros reais. o ~.sc1.men10 ~ consumo
muitas comunid4.tdc s dispersas por quin1as so li11rias, algumas preservando ainda vestígios do espírito de clã, sumptuário consti1ui uma da'i mudanç.a~ significativas que caracieri~m ~ evoluç~o da \'1~ anst~~ica no N~
ainda quase comple1amen1e isoladas do m undo come rci al. Aldeias produtoras de cereais no Eas1 Anglia e no Kcnt [da Europa, isto é, dos estados à volta do Báltico] no stcuto XVI•. V1mrl;ahrschr1ffür So~ial~ "'!" Hmsrhafrs~tJ_
c..'itavam. por ou1ro lado, profundamen1e envolvidas em transacções comerciais de comestíveis cm grande escala c:hichtt, XLIII p. 215. Mas nole·se que não obs!ante Jeannin se rtferc à penúria como um hmite. E este~ prcci·
e co_nduz1am ~ seus negócios apa.rememcme sem consideração por qualquer obrigação social, quer para com sarnente o po~to. Numa economia em expansão. a entrega ílbsoluta à_ lu:-; úri a a~Ol(n!ava. mas com~da • 0 ~u
o ~ la, a fam ília ou o senhor feudal. Encre as zonas de terras ahas e as de terras baixas (por exe mplo, nas Wesl aumento na Europa Ocidental podemos provavelmente falar_ num rela11~0 d~clfmo. .· , . . . •As ,,
M1dlandsJ os contrastes eram esbatidos». • The Farming Regions of England», in Thr A1.:rariu11 /fistory o/ 164 . °?ug lass C. North e Robert P~ul Thomas. m Econon11c lluw'! ~~~'~tax;:~· ~~~~
~n~land and lValt's, .IV, Joan Thirsk, cd., 1 500-1 64~ (L~mdres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1967), 15. tnclnsures que lmham lugar nesta altura ocomam ( ... )em pastagens que: produzia od.1s . ta
à horticuhura . As primeiras faziam-se em rcspos!a a uma procura cre.scenle ~e '! ~ru~a;o~i:;:r de ;:~=e
:ir:a aqueles que possam obse rv~ que o East Anglla nao é cxacrameme um ponto assim tão próx imo do centro,
de\~m~ lembrar q~e é a sua posição no século XVI e não a do século XX que está cm questão. Thirsk observa 1 1 0
aumentos na p~ocu:ra. loca l ~e al imentos por parte das áreas urbanas c:m c~~ :~os c.s rados eram ali mais elevados
C:,
aqui : •O Ea.'il Anglia ocupa actualmente uma posição geográfica algo afastada das principais vias de tráfico entre século XVI fo1 mais mtens ivo nas terras altas de_ lng~aterra porque os ~n im asta ~ns imham uma densidade de
Londre_s e o Nane. No século XVI, pelo contrário, os seus rios, peneirando bem no coração da região a s ua do que nas regiões aráveis. por duas razões. Primeiro. as áreas p~pnas para P g rdo an. a \'tdação ocorrcr.
:~~f:~:~~e~~:~:~~o:.aseus m~itos pano~. coloc_avam-no em r~cil comunica~ão com os mercados de Londres, da população inferior à das terras _ar~veis; por isso( ...) menos gente tmh~:ldl:~~ ~ ~~ :,ºque ~ indi,•íduos que deti·
1

d . . • Escócia, dos PaJScs Baixos e do Báltico. A sua agncu ltura consequentemente cedo se 1 0
Segundo, e provavelme 1:ne mai s importante, o _aumento no_preço da tentarem a ascentar mais carttt'iros. O custo
c:;;:~;~:=~~~I ~::~mos nacionais e_ intem~cionai~, e a _es~ialização e;tava tão avançada ~ue pelo nham tc~a ~m comum a utilizassem ?e mod~ ineficaz devidoª todos uasc nulo .pmas 0 custo para 1 sociedade por
cereais lpp. 40--4 !)... anos de boas colhena~ munas d1 stntos estavam longe da auto-suficiência em para um md1ví?uo cm ap~e ntar mais carneiros na te~ comum era ~sivamente utilizadas e a produção tôlal de li
todo~ fazerem isso era positivo. As terra-; comuns tendiamª ficar exce mu.ns podiam evitar essa ocorrência 1Jcdnndo
; Noroeste~~· r;~ ~:e~~~~o ª;:~da:~~ Inglaterra).' mais longínquas dos grandes mercados. sobretudo no cfcct1vamente declinava.( ... ) Indivíduos com poder para vedaras terra.sco
retc ..·c por mais tempo•. M. Postan «The Chr~~adas mais cedo, enqu.anto que o Sudoeste, mais progressivo, as ªsua área e negando o seu acesso a todos os outros (p. 13)•. proletários ou scmi·proletários•. Scitncr 1(,
Sociny, 4.' série XX 1937 171 . rk,bb S . ology 0 ~ Labour Services,., Transactions o/ 1he Ro)'al /Jistorical 165. Dobb chama a uma tal reserva de força de trabalho "e 1ementos
-e 162. S~ecz;, Scie;1ce Soc~-e~'.t~~~~;~ f4~ltfy, XIV, p. 161 .
dnd and Society, XIV , p. 16l. \
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J
115
114

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_. . seu declínio• ' ',.;'· De facto. na América Espanhol~ o declínio da A Inglaterra e a França tinham ~guido o mesmo padrão na Baixa Idade Méd ia. Em 4-
_'º
balho compul. 1 como ao ·.
0 10
da criação de gado. que se gencrahzou no século ambas se deu a manum i.\sào da servidão, a emergência do arrend.arnento monetário e correla-
população é o facto que explica aumdecnescala com uma imponante componente de trabalho tivamente a ascensão do trabalho assa lariado. No entanto. al go de curie>W aconteceu no século
XVI sob 3 fonna de empresas em gran
XVI. A Inglaterra con_tinuou nesta via. A Europa Oriental dc~ locou -se para a .. ~gunda ~­
for do J 3 da 3 c>c:1ssez de tr~balho''º"· .
'>" Fi~almt·ntc, , ejamos 0 4 ue significou a emergência do arren_damcnto monetário. Recor- vidão». A França mcndwnal deslocou-se para a parceria. Na frança ~entrional . a transfor-
de -se que na Europa Ocidental a con\'ersão dos cncarg~s feudais _em rendas monet~t'.15 se mação pareceu terminar rapidamente. Corno Bloch salicnt.1, •a.\ aldeia1 que (no .l.écul o XVI)
gcneral: l"tr;i na Baixa Idade l'o·lédia. como vimos no capitulo antenm, devido ao dechmo da não tinham ainda sido capa7-CS de obter a sua liberdade viram-!>C numa situação cm q ue era
popu lação. Não dc,·emos encarar esta situação cm termos de altem_auva. Os encar~os feudais cada vez mais difícil obtê-la» 11721 •
podiam ~c r pagos em trabalho. cm espécie ou em dinheiro. E'.:3 mui.tas vezes vant~JOSO para 0 Urna forrna de encarar esta situação é como uma limitação à capacidade do .K"rto para
· proprietário passar de uma forma para outra ...... Por esta razao, ª.simples alteraçao na forma se libertar. Bloch encara-a preferencialmente como uma limitação à capacidade do ,;enhor para
da renda feudal não era por si só crítica. Na reahdade. Takahasht chega ao ponto de afirmar obrigar o servo a um acordo relativo à exploração da terra 11 71 '. Bloch explica esta dikrença
que isso era um epifcnómeno''º' '· 0 que me par,ece ultrapassar a que~tão. Mesmo que pudess_e crucial entre a França e a Inglaterra em termos de diferenças anteriores. A FranÇ<i era m:iis
»er \'Crdadc . cm alguma medida. nos séculos XIII e XIV, a afirmaçao do pagamento de obn- desenvolvida do ponto de vis1.1 económico do que a Inglaterra. no =tido de que uma eco-
gaçõcs em dinheiro cenamente ew/11i11 para uma d!ferença significativa _no séc~lo XVI, nomia monetária se tinha desenvolvido mais cedo e mais extcrui,·arne nte. A lnglalerra era
prc.-ci samenle porq ue forças coercivas « extra-económic~s,. esta~am a pressionar nao os tra- politicamente mais «desenvolvida" do que a França. no sentido de que possuía instiruiçõcs
lxtlhadores rurais mas os proprietários no sentido de irem mais longe do que o que pre- centrais mais fones devidas ao facto de o poder real se ter originado na Inglaterra numa
tendiam"'°'· Ou pelo menos impulsionavam alguns proprietários. Numa época de expansão, si tuação de conquista enquanto que em França os reis ti veram que construir gradualmente a
existia concorrência pelo trabalho. Os proprietários mais ricos podiam perrnitir-se aliciar os sua autoridade por entre uma verdadeira di spersão feudal. Vejamos qual a lógica de cada um
trabalhadores dos outros. O s pequenos não tinham muitas vezes outra escolha senão procurar destes argumentos.
estabelecer rendeiros nas suas terras. Foram os de dimensão média que se pude= agarrar Em primeiro lugar, a França possuía uma localização muito mais central cm rela.,.-00 às
mais tempo às velhas obrigações feudais"'"· correntes do comércio e da tecnologia europeias do que a Ingl aterra e. consequentemente, as
suas classes terratenentes desenvolveram-se mais cedo. desem·olvendo-se também ma is cedo
166. Posl3n . Tra nsacrions nf rlie Royal HiJtorirnl Socier_v. XX . pp. 192- 193. 0 processo de conversão das prestações feudais .em rendas monetárias "" '- Mas. uma vez que
167. Ver Ft3flço is: Che\•alier, Landa11d Socieryin Colonial Me.u"co tBerkeley: Univ . ofCalifomia Press. 1963). as pressões contrárias ao desmantelamento dos domínios se verificaram mais ou menos
168 ... o dcsenvol,·imc..·n10 da renda monetária não está se mpre relacionado com a comu1ação de serviços em
1rab:i.l ho. Num ceno nú.mero de senhorias a rend:i monetária ~urg iu como co mutação da renda em es pécie. Por fim ,
a rcnd!I mone1.1ria podia ~u rgi r lado a lado com a renda em trabalho e com a renda em espécie e desenvo lver-se como Igreja . Mais ainda. quando ocorriam "aITT"batamcn1os"" ou raptos forç_ados de servos de- um 5oenhor por our:ro. ~ o.J
m ultado do arrc nd::i.mentodc pmcs do domínio ... Eugc n A. K osminsk y. Past & Presellt, n.11 7, pp. 16- 17. Ver Pos1an: domínios mais pequenos os mais s ujei1os a sofrer com a concorrénc1a e as depr~d.açõcs por p::ute dos seus ,·ui.r~
• Tem sido 1ar:itameme 3'.\Sumido nes1e ensaio que as renda:-; e os se rviços em trabalho estavam numa relação com· mais ricos e poderosos, e por isso eram eles os mais ansiosos por ob<cr pro1ecçào da lei . ( ...... } Mas por \ c.z.e._lli. l - \ isto
pkmcntar umas com os outros. e que. em circunstâm.: ias normais. um aume n10 num se ria acomJXlflhado dum 1inha um efei10 oposto. Se a quan1idadc de tr;ib3lho sc r.il que um dominio podia d irigir caís.se abai.to dum ~.r.o
decrésc imo no outro ..... Transactions of tht' Roya l llistorical S ocú ry. XX. p. 19 L número crucial . o senho r. se d~ todo achasse que valia a pen.:i cu ltivar o do míno. era fOf"Ç'Jdo por n«essicbde a conW'
169... A mudança na estrutura de propriedade da terra feuda l. acompanhando o declínio do sistema senhorial, sobrcludo com trabalho alugado; e a questão da qua.ntid:lde de ~ í\· iços compulsónos que ele pcxha cu gir dr od.t
introd uziu um:i mudança na forma da rcnd.J.: em lngl:i.1erra par.i a renda mone1ária, em França e na Alemanha para um dos seus servos era uma preocupação rc la1ivamen1c pequena para ek. de qualquer moJo d!! ~u 1 m menor monta
uma renda fr udal de difrren1e na1uro_a. Os camponcsc:s prcstavnm amcriorrnenh! lrJbalho excedente directamcnrc para ele d o que pàra o seu vizinho mai s rico. Se não ha via trJbalho alug.1do d isponi'liel. a altemat1 \ :i plJ"3 d e: rUo cn
na fonnJ Je 1r.ib:i.lho. e agurJ pagavam-no cm fom1as realizadas - cm prcxlutos ou no seu preço cm dinheiro. A aumentar o u ex pandi r o s serviços cm trabalho (Vi sto quc estcs seriam in:idequados em qu:ilquer CiL'iO) . nu.s &Nndo-
mudança não fo i m ai~ nad:i senão isto.( ... ) Em ambos os casos, os se nho res feudai s. em vinude da s ua posição. nar o cu ltivo do domínio e. cm vez di ssu. encontrar como pudesse ocupantes para a 1eTT3. que lhe pagau.em unu
util i1. :1111 u111:1 ''c()('rçào C).tra-cconómic:.i'' directa. !'e m a intervenção das leis de troca de men;:adori3s. parJ rclirar o rC"nda pc:lo seu uso .. . SJudies , pp. 59-60.
e:<eedemc. 31JS produtores carnpoí)(!SCS {tt·rinncit'n. Brsit:a) que de facto ocupavam a lerra, os meios de prcxluçáo•. 172 . Bloch, Caractere:r origi11mu, 1. p. 117 . . ...
Takahash1 . Sdrnce amJ Sr>ciery. XVI , p. 327. 173. «- Na Alemanha Oricn1al para além do Elba. e nos países eslnos para Leste. todo o sistema senhoriàl •
170 Weber explica com• mcentemcn tc por que era no interesse dum ceno numero de forças ex tenores à mudou e abriu caminho a um novo. As obri gações fcudJ.i s já ni'lo er.1m lucrativas . Nlo 1inhJi importância ~ O fid.1.lgo
i.enhona cmpUITar-sc esll!' proi.:cs so em direcção a uma transformação maJs completa dJ. situação .cO m1eressc tomava-se ele mesmo produtor e mercador dl!' trigo. N:t~ suas mãos jun r.av:un-se c3111pos tomados 30~ aldeões..( -)
comcr~1 al da rcc~ ~ -estabclecida burguesia das cidadl!'s ( .... ) promovia o cnfraquecimemo ou a di ssolução ela o domínio devorava ou s ugava as anteriores pan:clas dos camponcs.es. !'ia ~ng lalcrr.1 os acontecimcmll!> 1omararn
senhona.porque limitava ~ sua.-. própria.li oponunidadcs de mercado.( ... .) Atr.:1vés da mera cxis1ência dos serviços outro curso. Ali também. é verdade . o c ultivo dn-ecto (pelo~ senho res ! cresna deprc~3 à custa d3 tara nmponcsa
compulsivos e de pagamcn~os po~ p;.1.rtc dos camponeses. o sislema se nhorial punha limites ao poder de compra ou comunal.. Contudo. o s.cnhor permanece cm grande medida um :imnillldor ..~b.s a m.J.iori~ d.n swa..'õ rtnda..li lki~:u:n
Ja população n.ir.11 . porque 1mpcd1a os campo nC"ses de dc\'olarcm integralmente a sua força de trabalho à produçllo de ser imutáveis . Daqui parn dianlc p1:quenas parecias tiaxcri:un quando multo Jc_ s.er ccd1 cb.s .por um tempo h~l­
P3?' o mercado e de J.i:scnvo l Ycrem o se u poder de compra . ( ... ) Além disso ha'1ia o imeresse por pane do capi· tado, mai s usualmente à ,·o ncadc do senhor. Nada mais simples. cm cad.t rcnovaçao. d~1 que aJU.:-tar a n:nJa. ts cn~
tali s~<;> em dcscnv~h' 1men10 ~a cria~ào dum mercado livre de trabalho. ( ...) O desejo de os no vos capitalislas cunstâncias económicas do momenco. Nos dois confins da Europa. o traço fundamental é o mcsmo . o rrgune de
adi.tumrrm 1erra cnou-lhes mai s um mte rcs~ antagónico au sistema senho rial.. ( .... ) Por fim. o imcresse fiscal do posse camponesa perpétu a. amplamente responsâ\'tl pela crise [dos s('('ulos Xll.I ~ XIVI. fo i a~lkio.
E.~t~do iambém deu uma ~ão. contando com a di ssol uç.ào da senhoria para aumentar a capacidade de pagame.nlo Mas cm França isto er.1. impossível de um modo Ulo manifes to (~loch . 1b1d. , l. ~31 - l~ "' l• -
d1.: 1mpos1os nas zonas rurais· Gt'neral Economic H istory, p 9-i 174. • [Em Inglaterra. o) mo\·imento para a diminuição das scnhonasoco~u mu110 ~ 1s tarde (que cm fnn-
171 Ver Dobb •Acont~1a frequ cn1amct11c que os domímos m31s pequenos (. ) estavam muno menos bem ça): fim do século XIII-XIV-XV, em'"' dos stculos XI-XII-começos do stcul_o Xlll (apro>imad>Jtk'nlc). Umº"'"º
provido:; com rraba.Jho se" li, rehmv:imen1e às suas nccess1d::tdes, do que os domínios maiores, espec1almen1e os da natural. visto a senhoria ter sido a{ crfada mais tanic• . Mm Bloch. Scig"curre frança.is~ ri ......ant.Hr ª",glJ IS , P· 114.

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_. . seu declínio• ' ',.;'· De facto. na América Espanhol~ o declínio da A Inglaterra e a França tinham ~guido o mesmo padrão na Baixa Idade Méd ia. Em 4-
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balho compul. 1 como ao ·.
0 10
da criação de gado. que se gencrahzou no século ambas se deu a manum i.\sào da servidão, a emergência do arrend.arnento monetário e correla-
população é o facto que explica aumdecnescala com uma imponante componente de trabalho tivamente a ascensão do trabalho assa lariado. No entanto. al go de curie>W aconteceu no século
XVI sob 3 fonna de empresas em gran
XVI. A Inglaterra con_tinuou nesta via. A Europa Oriental dc~ locou -se para a .. ~gunda ~­
for do J 3 da 3 c>c:1ssez de tr~balho''º"· .
'>" Fi~almt·ntc, , ejamos 0 4 ue significou a emergência do arren_damcnto monetário. Recor- vidão». A França mcndwnal deslocou-se para a parceria. Na frança ~entrional . a transfor-
de -se que na Europa Ocidental a con\'ersão dos cncarg~s feudais _em rendas monet~t'.15 se mação pareceu terminar rapidamente. Corno Bloch salicnt.1, •a.\ aldeia1 que (no .l.écul o XVI)
gcneral: l"tr;i na Baixa Idade l'o·lédia. como vimos no capitulo antenm, devido ao dechmo da não tinham ainda sido capa7-CS de obter a sua liberdade viram-!>C numa situação cm q ue era
popu lação. Não dc,·emos encarar esta situação cm termos de altem_auva. Os encar~os feudais cada vez mais difícil obtê-la» 11721 •
podiam ~c r pagos em trabalho. cm espécie ou em dinheiro. E'.:3 mui.tas vezes vant~JOSO para 0 Urna forrna de encarar esta situação é como uma limitação à capacidade do .K"rto para
· proprietário passar de uma forma para outra ...... Por esta razao, ª.simples alteraçao na forma se libertar. Bloch encara-a preferencialmente como uma limitação à capacidade do ,;enhor para
da renda feudal não era por si só crítica. Na reahdade. Takahasht chega ao ponto de afirmar obrigar o servo a um acordo relativo à exploração da terra 11 71 '. Bloch explica esta dikrença
que isso era um epifcnómeno''º' '· 0 que me par,ece ultrapassar a que~tão. Mesmo que pudess_e crucial entre a França e a Inglaterra em termos de diferenças anteriores. A FranÇ<i era m:iis
»er \'Crdadc . cm alguma medida. nos séculos XIII e XIV, a afirmaçao do pagamento de obn- desenvolvida do ponto de vis1.1 económico do que a Inglaterra. no =tido de que uma eco-
gaçõcs em dinheiro cenamente ew/11i11 para uma d!ferença significativa _no séc~lo XVI, nomia monetária se tinha desenvolvido mais cedo e mais extcrui,·arne nte. A lnglalerra era
prc.-ci samenle porq ue forças coercivas « extra-económic~s,. esta~am a pressionar nao os tra- politicamente mais «desenvolvida" do que a França. no sentido de que possuía instiruiçõcs
lxtlhadores rurais mas os proprietários no sentido de irem mais longe do que o que pre- centrais mais fones devidas ao facto de o poder real se ter originado na Inglaterra numa
tendiam"'°'· Ou pelo menos impulsionavam alguns proprietários. Numa época de expansão, si tuação de conquista enquanto que em França os reis ti veram que construir gradualmente a
existia concorrência pelo trabalho. Os proprietários mais ricos podiam perrnitir-se aliciar os sua autoridade por entre uma verdadeira di spersão feudal. Vejamos qual a lógica de cada um
trabalhadores dos outros. O s pequenos não tinham muitas vezes outra escolha senão procurar destes argumentos.
estabelecer rendeiros nas suas terras. Foram os de dimensão média que se pude= agarrar Em primeiro lugar, a França possuía uma localização muito mais central cm rela.,.-00 às
mais tempo às velhas obrigações feudais"'"· correntes do comércio e da tecnologia europeias do que a Ingl aterra e. consequentemente, as
suas classes terratenentes desenvolveram-se mais cedo. desem·olvendo-se também ma is cedo
166. Posl3n . Tra nsacrions nf rlie Royal HiJtorirnl Socier_v. XX . pp. 192- 193. 0 processo de conversão das prestações feudais .em rendas monetárias "" '- Mas. uma vez que
167. Ver Ft3flço is: Che\•alier, Landa11d Socieryin Colonial Me.u"co tBerkeley: Univ . ofCalifomia Press. 1963). as pressões contrárias ao desmantelamento dos domínios se verificaram mais ou menos
168 ... o dcsenvol,·imc..·n10 da renda monetária não está se mpre relacionado com a comu1ação de serviços em
1rab:i.l ho. Num ceno nú.mero de senhorias a rend:i monetária ~urg iu como co mutação da renda em es pécie. Por fim ,
a rcnd!I mone1.1ria podia ~u rgi r lado a lado com a renda em trabalho e com a renda em espécie e desenvo lver-se como Igreja . Mais ainda. quando ocorriam "aITT"batamcn1os"" ou raptos forç_ados de servos de- um 5oenhor por our:ro. ~ o.J
m ultado do arrc nd::i.mentodc pmcs do domínio ... Eugc n A. K osminsk y. Past & Presellt, n.11 7, pp. 16- 17. Ver Pos1an: domínios mais pequenos os mais s ujei1os a sofrer com a concorrénc1a e as depr~d.açõcs por p::ute dos seus ,·ui.r~
• Tem sido 1ar:itameme 3'.\Sumido nes1e ensaio que as renda:-; e os se rviços em trabalho estavam numa relação com· mais ricos e poderosos, e por isso eram eles os mais ansiosos por ob<cr pro1ecçào da lei . ( ...... } Mas por \ c.z.e._lli. l - \ isto
pkmcntar umas com os outros. e que. em circunstâm.: ias normais. um aume n10 num se ria acomJXlflhado dum 1inha um efei10 oposto. Se a quan1idadc de tr;ib3lho sc r.il que um dominio podia d irigir caís.se abai.to dum ~.r.o
decrésc imo no outro ..... Transactions of tht' Roya l llistorical S ocú ry. XX. p. 19 L número crucial . o senho r. se d~ todo achasse que valia a pen.:i cu ltivar o do míno. era fOf"Ç'Jdo por n«essicbde a conW'
169... A mudança na estrutura de propriedade da terra feuda l. acompanhando o declínio do sistema senhorial, sobrcludo com trabalho alugado; e a questão da qua.ntid:lde de ~ í\· iços compulsónos que ele pcxha cu gir dr od.t
introd uziu um:i mudança na forma da rcnd.J.: em lngl:i.1erra par.i a renda mone1ária, em França e na Alemanha para um dos seus servos era uma preocupação rc la1ivamen1c pequena para ek. de qualquer moJo d!! ~u 1 m menor monta
uma renda fr udal de difrren1e na1uro_a. Os camponcsc:s prcstavnm amcriorrnenh! lrJbalho excedente directamcnrc para ele d o que pàra o seu vizinho mai s rico. Se não ha via trJbalho alug.1do d isponi'liel. a altemat1 \ :i plJ"3 d e: rUo cn
na fonnJ Je 1r.ib:i.lho. e agurJ pagavam-no cm fom1as realizadas - cm prcxlutos ou no seu preço cm dinheiro. A aumentar o u ex pandi r o s serviços cm trabalho (Vi sto quc estcs seriam in:idequados em qu:ilquer CiL'iO) . nu.s &Nndo-
mudança não fo i m ai~ nad:i senão isto.( ... ) Em ambos os casos, os se nho res feudai s. em vinude da s ua posição. nar o cu ltivo do domínio e. cm vez di ssu. encontrar como pudesse ocupantes para a 1eTT3. que lhe pagau.em unu
util i1. :1111 u111:1 ''c()('rçào C).tra-cconómic:.i'' directa. !'e m a intervenção das leis de troca de men;:adori3s. parJ rclirar o rC"nda pc:lo seu uso .. . SJudies , pp. 59-60.
e:<eedemc. 31JS produtores carnpoí)(!SCS {tt·rinncit'n. Brsit:a) que de facto ocupavam a lerra, os meios de prcxluçáo•. 172 . Bloch, Caractere:r origi11mu, 1. p. 117 . . ...
Takahash1 . Sdrnce amJ Sr>ciery. XVI , p. 327. 173. «- Na Alemanha Oricn1al para além do Elba. e nos países eslnos para Leste. todo o sistema senhoriàl •
170 Weber explica com• mcentemcn tc por que era no interesse dum ceno numero de forças ex tenores à mudou e abriu caminho a um novo. As obri gações fcudJ.i s já ni'lo er.1m lucrativas . Nlo 1inhJi importância ~ O fid.1.lgo
i.enhona cmpUITar-sc esll!' proi.:cs so em direcção a uma transformação maJs completa dJ. situação .cO m1eressc tomava-se ele mesmo produtor e mercador dl!' trigo. N:t~ suas mãos jun r.av:un-se c3111pos tomados 30~ aldeões..( -)
comcr~1 al da rcc~ ~ -estabclecida burguesia das cidadl!'s ( .... ) promovia o cnfraquecimemo ou a di ssolução ela o domínio devorava ou s ugava as anteriores pan:clas dos camponcs.es. !'ia ~ng lalcrr.1 os acontecimcmll!> 1omararn
senhona.porque limitava ~ sua.-. própria.li oponunidadcs de mercado.( ... .) Atr.:1vés da mera cxis1ência dos serviços outro curso. Ali também. é verdade . o c ultivo dn-ecto (pelo~ senho res ! cresna deprc~3 à custa d3 tara nmponcsa
compulsivos e de pagamcn~os po~ p;.1.rtc dos camponeses. o sislema se nhorial punha limites ao poder de compra ou comunal.. Contudo. o s.cnhor permanece cm grande medida um :imnillldor ..~b.s a m.J.iori~ d.n swa..'õ rtnda..li lki~:u:n
Ja população n.ir.11 . porque 1mpcd1a os campo nC"ses de dc\'olarcm integralmente a sua força de trabalho à produçllo de ser imutáveis . Daqui parn dianlc p1:quenas parecias tiaxcri:un quando multo Jc_ s.er ccd1 cb.s .por um tempo h~l­
P3?' o mercado e de J.i:scnvo l Ycrem o se u poder de compra . ( ... ) Além disso ha'1ia o imeresse por pane do capi· tado, mai s usualmente à ,·o ncadc do senhor. Nada mais simples. cm cad.t rcnovaçao. d~1 que aJU.:-tar a n:nJa. ts cn~
tali s~<;> em dcscnv~h' 1men10 ~a cria~ào dum mercado livre de trabalho. ( ...) O desejo de os no vos capitalislas cunstâncias económicas do momenco. Nos dois confins da Europa. o traço fundamental é o mcsmo . o rrgune de
adi.tumrrm 1erra cnou-lhes mai s um mte rcs~ antagónico au sistema senho rial.. ( .... ) Por fim. o imcresse fiscal do posse camponesa perpétu a. amplamente responsâ\'tl pela crise [dos s('('ulos Xll.I ~ XIVI. fo i a~lkio.
E.~t~do iambém deu uma ~ão. contando com a di ssol uç.ào da senhoria para aumentar a capacidade de pagame.nlo Mas cm França isto er.1. impossível de um modo Ulo manifes to (~loch . 1b1d. , l. ~31 - l~ "' l• -
d1.: 1mpos1os nas zonas rurais· Gt'neral Economic H istory, p 9-i 174. • [Em Inglaterra. o) mo\·imento para a diminuição das scnhonasoco~u mu110 ~ 1s tarde (que cm fnn-
171 Ver Dobb •Acont~1a frequ cn1amct11c que os domímos m31s pequenos (. ) estavam muno menos bem ça): fim do século XIII-XIV-XV, em'"' dos stculos XI-XII-começos do stcul_o Xlll (apro>imad>Jtk'nlc). Umº"'"º
provido:; com rraba.Jho se" li, rehmv:imen1e às suas nccess1d::tdes, do que os domínios maiores, espec1almen1e os da natural. visto a senhoria ter sido a{ crfada mais tanic• . Mm Bloch. Scig"curre frança.is~ ri ......ant.Hr ª",glJ IS , P· 114.

11 6 117

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;iniu!IJ.."la:"X'n iu lnfbtcrn e n;i Fr:mç3 . ,q:uc-<e q u - do m!nios inglc_ses :<e ~ianiivcram
rd.1.ti ;t.~U m.u inr:ict <d qoc os fran.:c no dcal ar d0 ·I< ngo ~ crn lo XVI. A irn,
1\ r.~ ~olução cb 4 uc\Ut• da posse da tctu ie.·c P'.>r :1oe1> r .,.00 ~= ~..m.:i:ft
,-.cpi..'lJo Bl :n_ e pnipri tino infl,<("< c>tl \ J m rc: :i11\:mt· nte 1na1< hl~ n os p.1ra P<Xlc rcrn
113 <lctenrn nJÇ' o do 1:opd '!uc cada país íru C:Cv.tn;:<T.!-.lf no s~-m-"'®· Um $,.;:ema de
t;iro-.1'i!:rr""' , l 1'~''' tidades_ d c·omcrctJ hlaç.10 ~I 1. gra~dc s do m1mo < d o q ue os pro- ge;tão da terra cu~ o da 1:.u ropa Orten'.41req-xr gn..-.-IM =~~}de l'C'-"':»l w;icr.-Doi.
-rncúno> fnr. ~- o- m,,ksc;; \' tr:tram -' · pa ra um s1, tcma de tr:tb.1 lho a,sa l:m ado e conti-
Se os propnetánm ingle"' ' se tl »e~ m<r.id<, nc <e i.e~. ul•<z r. ~ tr>-e>.c ctt~
r.."'31".un rorn :i m.unmu . . ·o. Os frJJlCC'.S s ti>'crnm q ue :tpr0\e1mr o mel ho r possível uma má pessoa l s u~c 1en te paraocu par °'m 1to<.en<r. "'I' """~· 00<..,..e~ • -m:."'1do
•nn.,"3o ., o- pn.~ct.1.n<" ~-urar:im Jumcntar o< seu< rend ime ntos por intermédio de em a.scen.')aO .re~~e na - gt.')l(J{C\ C{JffiCfcJ.ai~. C\t: U:J.2frne:t!e pe:i..v..4.J i.::!~.;&:! !'ll) , e:!.;_ . • 11. é
,d. ~ X• r'('l>(l\3dls. . . • . que os propnetano' cede ...:m o "'° "
P•"\OOJ p;:n t\14> ,,,,,,..__, •uç.é . r.: ~ a r.ec!rll :>e
0 . ·undo ~ t tnu da re b ç:io entre o rei e: a no breza Jª a p:imr do século XII . estas se expandissem ha,c n a mcncr.. pe''°"-' hnei para p:&iç d<: ~-;xnr • 0 ,.....,_ pr:>--
Os Ínf =:s ~i-.lum ,...u bc k c ido um fone conrrolo central sobre o poder judicia l. A o utra face pried:ides. A cessão da exp loração era um.a a.Uh.
des'..:i rc iz:i - 1 era. no entanto. qc dentro do domínio o senhor. embora ti vesse perdido poder Vejamos entio o qu:idro glob:il. ,;, Europa do . ·OflX1.t!: e\ti em ·w &: 0 -••~'"''""<!:> •
>Obre~- of = -nmina•' - ob:eve plena au torid:ide para faze r o que bem entendes se acerca tenr:t entre a pastorícia e a produção agrícolL h to ;ó f0< pD'i · et ar:'J<:6.-I-> a:: 0 eia--~ =t:l
dl fí'mu <l.l su.i n p!onç:io. :-;O< ~-ul os XI V e XV. o s trib una is senho ri ais m eno sprezaram exp:insão criou um mercado ainda maior pzn o.. pro:fu:o-. li~ á C1Uf'40 d-. pd!'.> - .• t ~
0 =.;i= .~ 03 sm in:erprc!3 :io do direi to consuerudin:írio. Qu:indo a jus tiça real final- medida que a perife ri a da economia-mundo í~i;, .....,.. ""-. ana::o de orr<-x• ~ i."!:ll
~.r< "'' ._,.""1Z de U::ef\ ir= tais q uestões nos finais do século XV. descobriu que • O d ireito centr.lis. A semi-periferia afastava-se da mdú ma (u..,, = t a ac=._-:;rr;:, ox;fmrlr;i ..,
C\'X!~~.uh:'liri .. pe:mitiJ. rencb._ \:!.riheis. centro ) e em direcção a um3 relati va auto- uficirn...-U agrirol.J.. .>, ~lUIÇ:lo _ · ~do
, 1 fr>
..n'3- coorudo. n.10 ex i,tia uma justiç:i criminal central izada. Por outro lado, os centro encoraJª' ~ - mo net:iri ução das relações de L"'llb:illlo =>..--01 t:iru •= o tr.illcl!:o
~ u,-ica ti' er..m urru Ju!0rid:id< e \ clu-iva sobre as leis da terra. Assim , a patrimonia- era m3ÍS es pecializado e os pro prietários desej;mun hbetur--i.e dos ~°" ~
lié....-:P. n:io ~J:t ser tiic f cilme. te min"cb. Quem era o verdadeiro " prop rietário,. tomara-se por tr.lbalhadores agrícolas excedentários. O traOOlbo nsall:."1300 e • ~ eo d:::.:-t=
.cru .:est.."-0 leo.l ·cura. Por ' oiro do século XV I. exi tiam j uri stas di spostos a anru- tom aram-se o s meios de controlar o trab3lho. 1'= s· =.cm=· de peç-~ z;n-
r:r.c.u: .qir: o ur:Z"-ri.r n..'io poderi:J. ser de ' ojado. Incapaz . pon:into. de alterar as ren~ 0 cuhores independe ntes poderia emergir e ~rue crc:...":eU for~-::ier.:e .-ª no • ~ -
501.'xlf r::-.t d~ re:>d.:;uirir 3 tm:i. - per interméd io de m:in ipulação judicial de documentos e aos prod utos agrícolas q uer no que respeita às suas ligações com no• is~ =
peb ~~--obem · e e <po...'ls:'io das obrigações feudais " " '· A longo prazo. esta d iferença D3do o aume nto da população e o declínio do saliri -. seg<:ir ·,.,·IJ.. ecoo '.\'..!.o• ifux..
f':'\ ~ b.r - ~ - b ~1 ~ 1 -.,.. estes veomen ~ enriq ueceram à c usta quer dos seu trab:tlb::>~ oer êos ~ · ..,,,. .
~o qu: Bloch p:i=e :irgument:lr é que. pelo facto de o sistema legal inglês admitir Eles ~surpar:im (por intermédio das enc/oJorrs ) as ierras óos primei~. " ' S ' =
=ior r <x1bilid.lde - proµrietário. o arrendamento monetário e o trabalho assalariado
•.i.'lll publicamente a nece ssidade de garantir o fornecimento de llh..-ien: ao ;x:iís " e p.......:..~
se coc.tinaar.un a r>p:md1r . permitindo que r a exp:insão d os pastos quer a transformação do rionnente contr:tta,·:in1 -nos por salirios bai' os enq=:o obti.-ilii.-n por = nC:3..n.:...."Cl)5, fiUlS
agric-J l" ) r .L• num m embro da pequen:i nobre za. Isso impeliri3 também cada vez mais cad3 vez mai.s terr.l dos propriet:írios de gr:indt:s domínios. 1'ão qi_-erc.'IIOS sobrn-:.!Dn.ur a
tn bo runl p:!r:! as áreas urb:inas. formando o proletariado com q ue se viria a fazer a indus- força desta no ' 'ª classe de yromen. É suficiente apercebermo-nos de q:ie e!~ se tcrr= ""-"-n3
trl' iz.!>,"ão. Em França. p:iradoxalmente . a própri3 força da monarquia forçou a classe senho- força económ ica sign ific:3tiva e consequentemente numa força politira. A w forç:i ecunécrlo
rUI a mi!.n'.: r fomus de e>.plora~o da terra econo m icamente me nos func ionais, m3is • feu- residia no facto de possuírem todos os incrnÚ\'OS p.:!.f:l se tomarem ..err:p -..-:adtôcs:s• . ~
6.is.-. q!!i! rr:nari:un o cksenvolvimcnro francês . curavam a riqueza e mobil idade ascrndente: o caminho P3rJ o ü ito pa5-""'" pell e.fui~
económica. Mas não estavam aind:i sobrecarrepd · quer pe lls obrig:lÇ>.'es U'31ticionris ~
prodigalidade quer pel as obri pções de Jtatus que implicav:l.-n g;i;tos ·wnpnliri · = 6.-6
pel a vida urb:ina " 1•

li

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pel a vida urb:ina " 1•

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Este quadro d e uma força de trabalho não produtora de alimentO'I em expansão é difi -
Obviamente que urna tal redistribuição do esforço económico rural teve um grande cilmente conciliável, no entanto, com outro facto. Jones e Woolf a rgumentam que um a pré·
impacto 110 carácter das áreas urbanas. O 4ue é que se passava nas cidades? Sabemo~ que 0 -condição para o desenvolvimento industrial, atingida hi storicamente pel a primeira vez na
século XVI foi uma época de crescimento gcnerah1.ado da popul ação e de crescimento Europa do Noroeste no século XVI. é que, simultaneamente com um aumento da produtividade
da dimensão das cidades. cm termos absolutos por toda a parte mas em temias relativos um al argamento do mercado, se verifique «Uma atenuaç.ão da intensa pressão populacional
princi palmente nas áreas centrais. Sabe mos que daí se seg ue, .quer do ponto de vista lógico ~urante a qual se multipliquem mais os rendimento~ do que os homens• " "'·
quer em tennos da e vidência empírica, que, como Helle me r dtz, «temos de assumir que [no Mas o que se passa com os excedentes de população que enchiam então as cidades d os '
século XVII a prcssào da populaç:ío sobre os rec ursos agrícolas era crescente» " "'· Na estados ce ntrais, que vagueavam pelos campos? Bem, por um lado. continuavam a morrer em
Europa Oriental. algumas pessoas deslocaram-se para terras de fronteira. Da Península grande quantidade. Algu~s eram en:orcados por serem vagabundos' " "'. A s fomes eram fre- --
Ibérica algumas parti ram para as Américas ou foram expul sas Uudeus e mai s tarde mou- que ntes, dado, em especial, «a lentidão e o preço proibitivo dos transportes, [e l a irregula-
: ri scos) para out rns áreas do Mediterrâneo. Na Europa Ocidental em geral, ho uve emigra- ridade das colheitas» 11 ' " ' · Como Braudel e Spooner afirmam, uma análise desta economia
ção para as cidades e uma crescente vagabundagem, que se tomou «endémica »" " '· Não «deve toma r em consideração a "juventude" desta população !vagabundai cuja esperança
ex istia somente um êxodo rural, dos trabalhadores rurais vítimas das enclosures e expul sos de vida era em média baixa dadas as fomes e as epidemias" ""''· _,
e do trabalhador mi grante que descia das montanhas para as planícies durante algumas Isto explicaria então um fenómeno salientado por Braudel e que de outra forrna nos
sem anas da época da s colheitas, os «verdadeiros proletários rurais» para Braude(t ll3>, deixa ria perplexos: «O proletariado das cidades não poderia ter mantido a sua dimensão, e
Existi a também a vagabundagem «provocada pelo declínio dos corpos de servidores feudais muito menos crescer, se não exi stissem ondas constantes de emigração•<""· Ajuda também
e pelo desmantelamento dos exércicos que se tinham congregado para servir os rei s contra os a explicar as circunstâncias paradoxais notadas por Phelps-Brown e Hopkins, que, apesar da
seus vassalos » 0 11 • 1. queda significativa dos salários dos trabalhadores, tenha existido uma revolta social relati-
'- O que faziam todos estes vagabundos? Forneciam , é claro, o trabalho não especia- vamente insignificante. Segundo eles: «Uma pane da resposta pode consistir no facto de que
li zado para as novas indústrias. Segundo Marx, «a rápida ascensão das manufacturas, par- a queda se deu a partir de um nível alto [o do século XV] de forma que, por grande que fosse ,
ti cularmente em Inglaterra, absorveu-os gradualmen!e»""'· E, como vimos, a sua disponi- ainda permitia ao assalariado a sua subsistência» 1192' . _
bilidade era uma das condições para a boa vontade dos proprietários em comutarem os M a~ esta manutenção do nível salarial dos trabalhadores da Europa do Noroeste a '
serv iços feudais em rendas " " '· níveis de subsistência só foi poss(vel pela existência de uma periferia a partir da qual se podia
importar trigo e obter metais preciosos para garantir a circulação, e pela admi ssão da morte
l>?~tõuía gc.ralmenlc dcma.'iiados campo'i diíe rc~tes, di..; perws por aqui e por ali. para que lhe fosse possível supcr- de uma parte da população; quem concretamente, é um assunto cuja investigação seria fas· ,
vmoná -los a t cxlo~ ~ m pe ssoa • . Caracth e.s on ginatH, 1, p. 149.
18 1. Hellcincr, Cambridge Economic /listory o/ Europ e, JV , p. 24 . cinante prosseguir. Não será provável que já no século XVI existissem distinções étnicas
182. llraude l e Spooner, Rrlo:ioni dei X Cong resso lnterna:io nale di Scienu Storiche, IV, p. 242. de categoria sistemáticas no seio da classe trabalhadora das várias cidades europeias?_ Por
# • • ~ 83 . ~ ra ude l. La ':féditerra11it , ~ · p. 67 . .. suj eito a cond ições de saúde e higifoicas terrfvei s , o ç ampom! s exemplo, Kazimierz Tyminiecki assinala precisamente este fenómeno nas cidades da Elbia
lmha aqu i de vive r com ~u110 pouco. Ele 1mha amos; o que ele produz ia era para os se us amos. Mui tas vezes recl!m-
< heg.ado, um homem simp les arr~ncado à _sua casa no mon1c , era frcqucntemenle ludibriado pelo proprietário ou Oriental no século XVI, onde os trabalhadore s alemães excluíam os emigrantes eslavos das
Ju~~~;~ :::c":a~· ,~1.; ~~ª;,~~~;i:u;~e:::r:~ ~~~:=~cie de enclave colonial, qualquer que fosse a sua situação
· : ~ : ~~~..~;~~lThe Guman lden/ogy (Nova Iorqu e: lntcmational Publ .. 1947), 51. o resultado de pressão social suficien1e. mais, onde for o caso, a poupança do custo da..\ ~feições. Na ou.tra coluna..
devemos colocar o preço dos dias de trabalho as salariado que tomava o lugar da cor\'c1a. Conf~ °. total d~a
.. 186. ~h.b. Studin, P· 55 . Dobb acrescenta: •Tem-se realmente o paradoxo de que, mesmo que esse nível coluna excedesse ou não 0 da outra, considerar-se-ia ou não vantajoso dispensar as contia1 • . Sttgn,ur1e françau t.
c~ 1 ~.1 co ~e prod uti v ida~e (re la1 ivo ao preço do t~balho alugado) ti vesse sido atingido, o trabalho alugado leria ainda pp. tt6-tl7.
a.'is im sido mrnos efic1en1e que o tra balh ~ servil, e o seu uso poderia ainda ter !i.ido uma vanta cm [ 561• E acrcs- 187. Jones e Woolf, Agraria n Changt and Economic Dtvtlopment , P· .t.
~~:t~i:~hno~a: ".?,~~·edt'ntc !Ornado dispon íve l ~lo trabalho alugado não prec isa va de ser !aior~ue 0 ~roduzido 188. Marx, Gtrma11/deology, 51.
rrabalho alu~a~:~stá-a ~li~~;~~~ood~1~~~~:~i~1I para o ~nhor), já que e mbora partamos do princípio de que o 189. Braudel, La Mtdi1erranée, 1. p. 300. . . . . ., .11

tar-u ao tra balho servil como/onre deu . d S no domínio. ele não está na verdade a substituir mas a acrrsctn - 190. Braudel e Spooner. Rela:ioni dei X Congrn so lnter~aJJ?nalc d1 ~c1tn:e Sum che, lV, PP· . 4 1-2.il. :'
19 l. Braudel, La Mtditt rra née . 1. p. 306. • Estes imigrante.s md1spensávc~s n:.\o eram freq~nt~mcntc ~.ns ' ~
o equ i ~alc me do que 0 lempo de traba lhe: e:~~de ne~~u:;rnos que o ~nhor co~ulav a a renda cm trabalho sc_ gundo
domínio, en1âo 0 senhor hav ia de ganh udanç servos podia procluur quando empregue no culuvo do cm desgraça ou de qualidade medíocre. Muicas ve zes traziam c~ns1go novas tfcnicas. ~? menos md1 spc:as.oivc1s ~ : . ,
acima dos seus salários, "·islo ele agori1 :rc~~ :xmcdc ª s.c 0 novo trabalho alugado produzisse algum excedente as suas pessoas para a vida urbana. Os judeus. forçados a partir J_>Or causa da sua rch g1ào e não pela s pobre •

descmpc~~~e~~eªl~~~~o~~:oHn;;~~;~:!:~;~;:. .~~ ~~~ ;.~~4.


1 1
tadas da pane dos ~us servos• , e nlc como acrcscenlo ao que recebera como obrigações comu-
vida-'~
As diferenças relativ as cm estilos de
Ademais, como Marc Bloch nos recorda • a corvlt não de vária.e; classes de ci tadinos pode não ter sido de iodo.diferente da Elrropa contemporánc~. Uma sugestão acerc~
Era costume, espccialmcn1c durante os ~rfod de era sempre absolutamenle gratu ita {para o senhor].
~le n!lo valia , portanto, a pena se 0 preço da aJ~n pc>~:~!uc fosse o senhor a alimentar o trabalhador (ltnancitr] . disso pode tirar-se dum estudo de 1559 sobre 3.906 c~ais (cerca de 12 (XX) pcss.0:3s) cm M~laga. Este e!ttudo cncon
nr-sc que os salários pudessem ser inferiores taç d r cdcssc o val or do trabalho. Pode parecer absurdo suge- trou uma divisão de classes como segue : remediados [ra:.onablts ). não ncces sanamente ncos, I O'i~ gente pequena
1
00
~ixa .qu~lidadc do trabalho. (. ..) (Além do m:~ ~us~:..; ª ;-ientação ~ ass.alari.ado. M;u devemos lembrar-nos da (pequeno~!',~~~ ~~~ce:.~r7.;~º:~·:J~;I~~ de Mãlag•. ou mesmo de Paris, revelaria íl•grantc desacordo com
ISliO ! 1gmficava que es1e úhimo os linha comutado~ isl.o ~ e ~ se req~cnam serviços do camponês sujeito à con-Ü,
de colocar numa coluna o valor do pagamento de ~;t il ui· ão rcqucn~o um pagamento no seu lugar. Assim. temos isto? A estatística f citada por Braudel. ú.I Mt dituran! e, 1, P· 413 .
ç que podia ser razoavelmente esperado. representando

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Este quadro d e uma força de trabalho não produtora de alimentO'I em expansão é difi -
Obviamente que urna tal redistribuição do esforço económico rural teve um grande cilmente conciliável, no entanto, com outro facto. Jones e Woolf a rgumentam que um a pré·
impacto 110 carácter das áreas urbanas. O 4ue é que se passava nas cidades? Sabemo~ que 0 -condição para o desenvolvimento industrial, atingida hi storicamente pel a primeira vez na
século XVI foi uma época de crescimento gcnerah1.ado da popul ação e de crescimento Europa do Noroeste no século XVI. é que, simultaneamente com um aumento da produtividade
da dimensão das cidades. cm termos absolutos por toda a parte mas em temias relativos um al argamento do mercado, se verifique «Uma atenuaç.ão da intensa pressão populacional
princi palmente nas áreas centrais. Sabe mos que daí se seg ue, .quer do ponto de vista lógico ~urante a qual se multipliquem mais os rendimento~ do que os homens• " "'·
quer em tennos da e vidência empírica, que, como Helle me r dtz, «temos de assumir que [no Mas o que se passa com os excedentes de população que enchiam então as cidades d os '
século XVII a prcssào da populaç:ío sobre os rec ursos agrícolas era crescente» " "'· Na estados ce ntrais, que vagueavam pelos campos? Bem, por um lado. continuavam a morrer em
Europa Oriental. algumas pessoas deslocaram-se para terras de fronteira. Da Península grande quantidade. Algu~s eram en:orcados por serem vagabundos' " "'. A s fomes eram fre- --
Ibérica algumas parti ram para as Américas ou foram expul sas Uudeus e mai s tarde mou- que ntes, dado, em especial, «a lentidão e o preço proibitivo dos transportes, [e l a irregula-
: ri scos) para out rns áreas do Mediterrâneo. Na Europa Ocidental em geral, ho uve emigra- ridade das colheitas» 11 ' " ' · Como Braudel e Spooner afirmam, uma análise desta economia
ção para as cidades e uma crescente vagabundagem, que se tomou «endémica »" " '· Não «deve toma r em consideração a "juventude" desta população !vagabundai cuja esperança
ex istia somente um êxodo rural, dos trabalhadores rurais vítimas das enclosures e expul sos de vida era em média baixa dadas as fomes e as epidemias" ""''· _,
e do trabalhador mi grante que descia das montanhas para as planícies durante algumas Isto explicaria então um fenómeno salientado por Braudel e que de outra forrna nos
sem anas da época da s colheitas, os «verdadeiros proletários rurais» para Braude(t ll3>, deixa ria perplexos: «O proletariado das cidades não poderia ter mantido a sua dimensão, e
Existi a também a vagabundagem «provocada pelo declínio dos corpos de servidores feudais muito menos crescer, se não exi stissem ondas constantes de emigração•<""· Ajuda também
e pelo desmantelamento dos exércicos que se tinham congregado para servir os rei s contra os a explicar as circunstâncias paradoxais notadas por Phelps-Brown e Hopkins, que, apesar da
seus vassalos » 0 11 • 1. queda significativa dos salários dos trabalhadores, tenha existido uma revolta social relati-
'- O que faziam todos estes vagabundos? Forneciam , é claro, o trabalho não especia- vamente insignificante. Segundo eles: «Uma pane da resposta pode consistir no facto de que
li zado para as novas indústrias. Segundo Marx, «a rápida ascensão das manufacturas, par- a queda se deu a partir de um nível alto [o do século XV] de forma que, por grande que fosse ,
ti cularmente em Inglaterra, absorveu-os gradualmen!e»""'· E, como vimos, a sua disponi- ainda permitia ao assalariado a sua subsistência» 1192' . _
bilidade era uma das condições para a boa vontade dos proprietários em comutarem os M a~ esta manutenção do nível salarial dos trabalhadores da Europa do Noroeste a '
serv iços feudais em rendas " " '· níveis de subsistência só foi poss(vel pela existência de uma periferia a partir da qual se podia
importar trigo e obter metais preciosos para garantir a circulação, e pela admi ssão da morte
l>?~tõuía gc.ralmenlc dcma.'iiados campo'i diíe rc~tes, di..; perws por aqui e por ali. para que lhe fosse possível supcr- de uma parte da população; quem concretamente, é um assunto cuja investigação seria fas· ,
vmoná -los a t cxlo~ ~ m pe ssoa • . Caracth e.s on ginatH, 1, p. 149.
18 1. Hellcincr, Cambridge Economic /listory o/ Europ e, JV , p. 24 . cinante prosseguir. Não será provável que já no século XVI existissem distinções étnicas
182. llraude l e Spooner, Rrlo:ioni dei X Cong resso lnterna:io nale di Scienu Storiche, IV, p. 242. de categoria sistemáticas no seio da classe trabalhadora das várias cidades europeias?_ Por
# • • ~ 83 . ~ ra ude l. La ':féditerra11it , ~ · p. 67 . .. suj eito a cond ições de saúde e higifoicas terrfvei s , o ç ampom! s exemplo, Kazimierz Tyminiecki assinala precisamente este fenómeno nas cidades da Elbia
lmha aqu i de vive r com ~u110 pouco. Ele 1mha amos; o que ele produz ia era para os se us amos. Mui tas vezes recl!m-
< heg.ado, um homem simp les arr~ncado à _sua casa no mon1c , era frcqucntemenle ludibriado pelo proprietário ou Oriental no século XVI, onde os trabalhadore s alemães excluíam os emigrantes eslavos das
Ju~~~;~ :::c":a~· ,~1.; ~~ª;,~~~;i:u;~e:::r:~ ~~~:=~cie de enclave colonial, qualquer que fosse a sua situação
· : ~ : ~~~..~;~~lThe Guman lden/ogy (Nova Iorqu e: lntcmational Publ .. 1947), 51. o resultado de pressão social suficien1e. mais, onde for o caso, a poupança do custo da..\ ~feições. Na ou.tra coluna..
devemos colocar o preço dos dias de trabalho as salariado que tomava o lugar da cor\'c1a. Conf~ °. total d~a
.. 186. ~h.b. Studin, P· 55 . Dobb acrescenta: •Tem-se realmente o paradoxo de que, mesmo que esse nível coluna excedesse ou não 0 da outra, considerar-se-ia ou não vantajoso dispensar as contia1 • . Sttgn,ur1e françau t.
c~ 1 ~.1 co ~e prod uti v ida~e (re la1 ivo ao preço do t~balho alugado) ti vesse sido atingido, o trabalho alugado leria ainda pp. tt6-tl7.
a.'is im sido mrnos efic1en1e que o tra balh ~ servil, e o seu uso poderia ainda ter !i.ido uma vanta cm [ 561• E acrcs- 187. Jones e Woolf, Agraria n Changt and Economic Dtvtlopment , P· .t.
~~:t~i:~hno~a: ".?,~~·edt'ntc !Ornado dispon íve l ~lo trabalho alugado não prec isa va de ser !aior~ue 0 ~roduzido 188. Marx, Gtrma11/deology, 51.
rrabalho alu~a~:~stá-a ~li~~;~~~ood~1~~~~:~i~1I para o ~nhor), já que e mbora partamos do princípio de que o 189. Braudel, La Mtdi1erranée, 1. p. 300. . . . . ., .11

tar-u ao tra balho servil como/onre deu . d S no domínio. ele não está na verdade a substituir mas a acrrsctn - 190. Braudel e Spooner. Rela:ioni dei X Congrn so lnter~aJJ?nalc d1 ~c1tn:e Sum che, lV, PP· . 4 1-2.il. :'
19 l. Braudel, La Mtditt rra née . 1. p. 306. • Estes imigrante.s md1spensávc~s n:.\o eram freq~nt~mcntc ~.ns ' ~
o equ i ~alc me do que 0 lempo de traba lhe: e:~~de ne~~u:;rnos que o ~nhor co~ulav a a renda cm trabalho sc_ gundo
domínio, en1âo 0 senhor hav ia de ganh udanç servos podia procluur quando empregue no culuvo do cm desgraça ou de qualidade medíocre. Muicas ve zes traziam c~ns1go novas tfcnicas. ~? menos md1 spc:as.oivc1s ~ : . ,
acima dos seus salários, "·islo ele agori1 :rc~~ :xmcdc ª s.c 0 novo trabalho alugado produzisse algum excedente as suas pessoas para a vida urbana. Os judeus. forçados a partir J_>Or causa da sua rch g1ào e não pela s pobre •

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Ademais, como Marc Bloch nos recorda • a corvlt não de vária.e; classes de ci tadinos pode não ter sido de iodo.diferente da Elrropa contemporánc~. Uma sugestão acerc~
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~le n!lo valia , portanto, a pena se 0 preço da aJ~n pc>~:~!uc fosse o senhor a alimentar o trabalhador (ltnancitr] . disso pode tirar-se dum estudo de 1559 sobre 3.906 c~ais (cerca de 12 (XX) pcss.0:3s) cm M~laga. Este e!ttudo cncon
nr-sc que os salários pudessem ser inferiores taç d r cdcssc o val or do trabalho. Pode parecer absurdo suge- trou uma divisão de classes como segue : remediados [ra:.onablts ). não ncces sanamente ncos, I O'i~ gente pequena
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~ixa .qu~lidadc do trabalho. (. ..) (Além do m:~ ~us~:..; ª ;-ientação ~ ass.alari.ado. M;u devemos lembrar-nos da (pequeno~!',~~~ ~~~ce:.~r7.;~º:~·:J~;I~~ de Mãlag•. ou mesmo de Paris, revelaria íl•grantc desacordo com
ISliO ! 1gmficava que es1e úhimo os linha comutado~ isl.o ~ e ~ se req~cnam serviços do camponês sujeito à con-Ü,
de colocar numa coluna o valor do pagamento de ~;t il ui· ão rcqucn~o um pagamento no seu lugar. Assim. temos isto? A estatística f citada por Braudel. ú.I Mt dituran! e, 1, P· 413 .
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comcrd ar. quand<J º .dc'·eria fazer. o que ~·nu"" Comerriaóoi. Pa:a i.l<m áuw Ó'!!>t" nr.i
resuin g tr as ~1b1hdadesdc a _ rona runl circur.d:Jnu:cur.crrur>em >er~IC, i.::..~.
0 resultado fm o que Dobb d~ t gnou por uma csi;ttie de • rolooii!í...,,.,., oru.,.,.,._•.., .. Com 0
p:issar do tempo. estes vános mecannmos ftr.eram com G"" os ~ de trr;x;a v. IOO:aS~
favodvets aos homen> das c 1 ~ . favor:i"ri' ponar.to li clui.e. comctt:lat. "' >a.\. siz::J.
-r-.a..!ls.. l31leamente co ntra os propneunos e comn .,. cl>.\V-S C2.mp<lr~ .
: • dt,a:>< - = ··•
·quinto i q""'m cksi~ por trabalhadores urbanos Mas os luc ros q ue daí ad inham, embora i~ eram pequer.o. ~ ccc>-
~ - !_ ,.r:nct"::~ ~'~1-nos
qll:!Jldo :nufü.3.mos 3S cl:isses superiore-s. ~a Euro~ par.idos co m os que pod•.am ser obudo. oo comércio a longa ch~'lCiL em e&p-;cnl 0 colorual
~-.. 1,,; _ s:.:..~ ':..~~ e-nrn Ctti005 ~ l : propri~tiriCtS gu~rre iros chamados nobres. e sernicolo m:i.J. Henn See calcula a.' margem de lucro da>~~ de corr;Croio
17:..!.:{'(" prt: . :-nLil ' ili ~n;~ hcrno~ ~n~ do p0nlO de ,-ist:l (\..--Upacior11L que se d istin- colonial como. sendo muno _a ltas:.• Al'.?"m"' ,.CU1 u!trapa;;sando 200 ou W J'k cm r.egOC'Íolo
. ~-aüo í'-.1.!;:u.lo. ~~ irtJOente relacion:ido com o umanho do q ue pouco m ais eram que p1ra12na... ':-it'·'. Na realidade. exiuiam dou~ disti!l:OS ne\!1 -
r~ e o r. ~o ! \JS.cl~: . P.:.r.::. Kl'IDOS nu.is P-rtti..'-OS. os indi\ íduos e as famílias :i.Jta ta:c.a de lucro . Um era a situação de ~!OO!lOpSÓ!lio• na área 00 ooial. 00 !o<}a. ~
.fO 6' t:-'lll f'..L...,- .io ~ ~;..<.!6es. Existiam umbém :i.Jgumas cidades or,de na . aquis ição• da terra e do trabalho. Isto era po'>sh·el. corr.o vimos. ~lo "'° do f""1 kvl.
~ ~ p.:::-i=t..:... ~ - H Cis...-ut i . · no capitulo anterior algumas das confusões quer na América Espanhola quer na Europa Oriental. O !o<gur.do r~idia r.a fala cfecti,-a de
- ~Ó!' -:::.~ ! . - !' i.'.:O d=-u CHiçem. concorrência nas áreas de ,-enda dos produros prill'.ários. a E.:Jropa Ocid._-mal E.m fz..'Ll d<
~hs... i .-J s...~ ~(\1. en o ?tri ~tirio-merr21ior um aristocrau ou um burguês? É concorrência foi a consequência em pane da falta de dõen' olvir= tccnológiro e em.,.,.,.,,
cb ~ :;:e ~~-r-'"~ :: t;t.~ ~~.:-itlel..:-n!n:e isto não era daro. O quadro tinha -se da das cadeias venicfil> de tran>acção.
~-:-6do ... .:. .:n~'":i_., ~ ~1..Y1auli 3 -rr.undo ·~ no comiércio e rn agricultura capi- Para s.er mais preciso. a te...--nologia das operações rqociais ti:tlta •iào objoao de- -
:ris::i. .~k~"""S Y..L-·: ·H!\ a...-n:!'n:!' os ~~ in:!'macionais e os «'industrialistas ... imponante> avanço> nos finai' do século Xm e princípios do !.éculo XI V: b•mros de Oepósito.
11
. - - 2 s;::..J 1....i-:=-::V:.:~;-- .., ~ =og::-:ifi.:-::. q:i~r os S..."°lli L~os com 3..5 class.es proprietárias. a kua de câmbio. corretores. delegações de orgi!!li1.ações comerciai5 centrali. Chaur.u s::;iõe
Eo - ·~· · :- s.e-:-~h.. ~ ~~-5 d! p .. · rom~i3..i.s utiliza.d.as no ~"cu1 o XVl eram que estas técnicas permitiram ao capitalismo comercial d.""'1volvcr. •põ\SÍY< L-:xn~ decl:pli -
'! ::1=:00n : que 2S i~~ 2.!Jrend.er:a..rn a utili2..1r com o seu hinttrlan.d car~ . a sua capacidade de drenar os exced.."!ltes e assim~ •os Wros. os homem. os ~
r- ~ ri:no il0'5 fi:u:_;. .:..i J6:l! .\ 1 ~ O . !;!"ma do co!ecrj,o urbano residia em comrol.aro necessários para alimentar a aventura da exploração e. ckpois. da renta!Jiliuç3o dos DOH><
~ pr ..:._~ • · ' l':):!"?""~ o. re ~ji em s.er e~ cP- simult?.ne:arnente reduzir o custo dos bens
~ · · : w ~~v e d!' nir.i...-:üz.z: o ~ l dos merc~rlort~.s esrran!:eiros \l 'io' •. Duas técnicas
= cr!=L'-'. P;,r t:m lado. os cirl.aóes pro."Uravam obter não só dire itos legais para tri butar
~'es dt e-~ e= =bém o direito d.e regular a operação comercial (quem deveria

1;; ·'1 ~.::~~a l...c$:.! do, Eb.. d?.~..! !lJ'il\b 00 Bra.-xic:".ht....""gO z:.é ao ~ 1ed'..~go
- toe:"L
<AO z::r:::a e::: qz... ~ ã=:i kq:o doc±.Jo p:.los ~ lou por príncipes g~~). o ck -
- · ·~-, .e-.1 z::l!l f.:r..r.. e!.p..é:-~ oo ca::;.."t() - , -é-!iooe (f.l!!' r~ perlodo. iSL'.:I é. do stcu1o XJ V an dianle.
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"b::o:a • ~~ F"J ~ ~ .. ~ T~-::a:i.ccb.. ·Lc :!oel"\~e o Poiogne t1 dar..\ Jõ pays limr.rophcs au
· . ~ 4e_.. !...; f' :N:-r~ .J .\ · CD': rrn fr..:rr..-.a..-:~.;;;JdLJ Sc~l'iUS H :storiq"KJ à R~c <Vu~·il.: Acadêmic Pok>-
r !Cde• ~ bs:..c.~= · }i:s !)'.;-e_ l~ 5 1. ~ .
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=~~~~:7~~:~:~i:;·~..=·~~~~ .~=i::;:~:~
us:..~ Ji,.X.'rt ..: ~ ~.Dt""..1:! ó:' ~ L"Il.;:ios:.ll p::ra proteger mercadore\ urbano\ vneaçados pdiii con-
~:J nct-r._ e r..-i ptqY- ~ a.."tJ \~ fos.."<m consideradn impróprias ?i?n nobres. ( _. j As proibições
~ Le1 ~ uâ.1 a \ "t:r COCI 1 .. en,1a ~ reu!..~ e os. of;cios: elas dcnm semprt lug.v ao que designamos
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~ ~. ;~ Ans~-:o· a.""1 Economic txvdopmcnl•. E..r11lorations in Emrrprrflrurial History.

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.fO 6' t:-'lll f'..L...,- .io ~ ~;..<.!6es. Existiam umbém :i.Jgumas cidades or,de na . aquis ição• da terra e do trabalho. Isto era po'>sh·el. corr.o vimos. ~lo "'° do f""1 kvl.
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~ pr ..:._~ • · ' l':):!"?""~ o. re ~ji em s.er e~ cP- simult?.ne:arnente reduzir o custo dos bens
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~:J nct-r._ e r..-i ptqY- ~ a.."tJ \~ fos.."<m consideradn impróprias ?i?n nobres. ( _. j As proibições
~ Le1 ~ uâ.1 a \ "t:r COCI 1 .. en,1a ~ reu!..~ e os. of;cios: elas dcnm semprt lug.v ao que designamos
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~ ~. ;~ Ans~-:o· a.""1 Economic txvdopmcnl•. E..r11lorations in Emrrprrflrurial History.

122 123

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..,
cadores estrangeiros ou mercadores rico\ que tinham fácei• ace1w\ ª°' met <'.3~
- espaços.. em e.stRi ta lig.ação com o Estado• "'"· Em qu3Jqucr dos casos, o somatório total destas
inm~ões comerciais era insuficiente para possibilitar aos comerciantes de longa distância a
estrangeiros»'~"': Estes mercadores podiam assi m apropriM·>e 00.. hxr°' da\ alu: raçõe\ ~
preços e mu.luphcá-los. A forma como e.ie ,;,tema implicava uma rede vertical de explo-
emrada no merrado mundial~ um capital subsl3ncial e normalmente sem aJguma assistência
ração e de cnação de lucros é claramente descrita por Malowi,t. nos moldes em que funcionava ·
õUUJ. A 1m. ~ eram muitos os que podiam entrar, e os que já lá estavam não faziam
, qualquer esforço para alterar esta situação' ""· na Polónia:
~ Ainda mai' importantes eram as ligações verticai s. As fontes de capital eram limita- No século XVI e nos inícim do >tculo XVíl . quando °'
macadorn de Gc.mk d.a• iro
dll. Recordemos que me.mo os aparelhos de Esta.do pediam emprestado em grande escala. menos atenção ao comércio marítimo. começaram a exerc.cr uma influêncu crC1'C:crü.C ri.4i azo ..
Os lucr0< das planuções de açúcar portuguesas baseadas em trabalho escravo, por exemplo, cultura. um pouco por toda a Polónia. S os finais do Y-culo XVI. quando " cor.di<;6e1 pata
não ""·erti= e xcl usivamente para os portugueses nelas directa.mente envolvidos, mas também a exportação de ccreai c; eram pan ic ularmente favorávei ~ . ag.entC'S drn merc ~ore-s ~ Gdrn·k.
para ~'°as das economias mais •avançadas• da Europa, que forneciam ta.nto o capital ini- eram regulanncnlc vi !-itos n<>'i mercados da') cidade"' e aldeia.\ da Po16nii_ onde adqu iriam
cial como o escoamento industrial "'"· Não se tratava apena.s do facto de que a Europa Seten- cercais. L .) No século XVII , os mcrcadorc:\ riem de Gdam k. u.! e<)ffi() (/\ mercadrr.':S de "
trional podia descn\'Ol\'er as fábricas. mas ta.mbém do facto de que as ligações comerciais Ri ga. fizeram pagamentos adíantadm não W ã peque!l.l nobreza mas me~mo a1x nr~ nobres
\'Crtlca Ls encorajavam uma depend•ncia financeira. Na verdade, não seria excessivo falar de da Polónia e da Lituãnia {...).Este grande ílorc!ie imcnto do comérd Qde Gda.."i\ k no \'aUO i..~c·
um si, tem.:i de dependéncia financeira internacional, primeiramente aperfeiçoado pelos mer- rior pode explicar-se pelo aumento imenso da riqw:1.a c'.<b rnaodore<.dc Gdan<lt duran!.e o periOOo
da revolução dos preços( ... ). Os mercadores de Gdaru.lt recebiam paz>l!'.cn:os adi..o!aOO. dos
-cadore• h.:m~áticos em relação aos pescadores e caçadores de peles noruegueses nos finai s
holandeses. e (.. .) estes recolhiam por vezes cenas quantias para esse ftm de mer~ de
da Jctide '1.lédia 13· e mais tarde pelos mercadores alemães em cidades como Riga, Revai e
Antuérpia i2fm.
Gdamk em relação ao interior leste-europeu. A técnica era conhecida noutros lados, sendo
utilizada pcl"' me rcadores de Toulouse, pelos genoveses na Penínsu la Ibérica, e em parte do Este sistema de peonagem internacional por dívidas permitiu que um conjunto de
:-comtrcio de lã da Inglaterra e da E'panha. Que método era esse'! Muito simples: implicava mercadores internacionais ultrapassasse (e assim acab3'se por destruir) as cl3'i.eS mer-
a compra de bens antes de serem produzidos. ou seja, pagamentos adiantados por fome- cantis ind(genas da Europa Oriental (e em certa medida as da Europa Meridional) e esta-
cim<:nt<x a faze r no futuro. Is to impedia a venda num mercado aberto. Permitia que fossem belecesse ligaçõe' directa' com proprietários-empresários (nobreza incluída) que eram
os =readores. e não os produtores, a decidir o momento óptimo para a revenda a nível fundamcnta.lmente agricultores capitalistas. produzindo os bens e controlando-os até que
m undial. E urna vez que o dinheiro emprestado tendia a estar já gasto por altu ras da entrega estes alcançassem a principal zona portuária. a partir da qual passavam para as mãos de
dos bem - quando não existiam já dívida' - o produtor era sempre tenta.do a perpetuar alguns mercadores da Europa Ocidental (o u da Itália setentrional)"°" que. por sua vez,
o sistema Teoricamente proibido por lei, este sistema só podia ser aplicado por mercadores trabalhavam por intermédio de e com uma ílorescente classe financeira centtada cm algu-
que tivessem os meios e a iníluéncia necessários para o manter na prática, ou seja, «mer- mas poucas cidades. . . -·.
Se os mercadores internacionais na economia-mundo europeia eram fundamen-
taJmente de certa• nacionalidades, seria isto !aJTlbém verdade e~ r~lação _aos :md~tna­
19?. Ouunu. L" nparaion tru opünnt . p. 311.
19ft • Foi pred \amcnle a falta de de~nvo l vimc nto do mercado - a incapacidade de os produtores tro- li sta''" e qual seria a relação entre estes dois grupos? A produçao mdustnal J3 cx1sua na _
cucm O'\ ~ s produ1 0~ písra al ~ m de uma e'\Cala paroquial - que deu ao capital mercantil a sua oportunidade de Idade Média, ma• estava dispersa, era de pequena escala e esta"ª fun~enta.lmcnte_ voca-
ouro. 1~- ) Enquantn e..ta \ condiçr;c, prim iti va.\ prcvaJeccram , mantíveram-M: tam~m a'i oponunidades de ganho cionada para um mercado de bens de luxo. Foi somente com a ascensao de um si.sterna
e-..a-pc k>ful pan: aqu ele~ que tH'\h.<im r.l"I mt.: io'i de e,; piorá -las; e era natural que a perpetuação de tais condições, e
não a \.u.a r:moçJo._-.c l!lrr"'5 \ '-C a política cun\Cieme do capital mcrcanlil... Dobb, StuditJ , p. 89. capitalista no co ntexto de uma economia-mundo que puderam sur)!ir empresários mdus·
IY:J .. o 11\lC:Tla dt: plantac_.1)(\ de cana-de -açúcar que cxi'!llia rcm s. To~] CSla\l a intimamente ligado ao
triais 1204 '. · •
c:omfrcio fn1emacl()O~ \ d.e grande C' ...Cala, no qual primeiro a.\ grandes companh ias de Antubpia e depois a.1 de Foi preci samente nas áreas de maior especialização agrícola qu_e houve um impubo
Ar!le'ltr~J tom::i ... a.m pane. ~e'- '>C !. grande\ cemroc; de vi da económica t !ltavam estabe lecidas numcr05as refinarias d ão mas também cm momentos de
de açóc..ar fu nc. 1onandn "'' c.é.culo XV I graças às cada vez maiores re~s~s de melaços vindos de S. Tom~ . Obser· para a industrialização. não só em momentos e expans . indústria
varúmcl\ que, 2pc!>ar do pape l mu ito ac1 ivo dír.. mercadores ponugue~s na CJ!:portação do açúcar a panir da ilha , o contracção. Marian Malowist falada conjugação nesus áreas do crescimento de uma J

procu1.(_1de refi~~ nâr> era empreend ido em Port ugal, cuja economia era fraca, mas pelos países que então pros--
~"il m ecooom1can'l(n1e. ~uc tinham importante\ m ..-ur'iOS de capii.al, trabalho e!iopeci&Jlizado e livre, isto t. pafscs
P"' caminho drJ dc senvol·.-i.mc nrn ... . ~1arian Ma lo"'i"'1.... Lcs d~but.\ du systême des plantalions dans la ~riodc eles 201. Jbid .• p. 194.
graride-s d«ow. erte-. .. . A/rirnrUJ Ru/Jnin, n.11 10, 1969. 29 . 202. lhid .• p. 114.
2f11. •fatc era um 'ii11tma de compra de bens atravh do pagamcn10 adiantado de futuros fomccimen·
UX. f .J t ~bido que duran1e 250 arnx os mcrcadorc!io hameáticos cm Bergen conseguiram por meio deste mt1odo
~~- ~~~~:~ !:~:;:·c~~iratista, i.c .. na Idade Média. o sistema::~:~:~a!::a::; ~ ·
maritt:r r. ~ WJ \ mk,,_ qu.a\C iodo o combci'> de peixe e peles da Noruega Sete ntrional . ~ mercadores hanscáticos propriedade ~rivada dos meios de produção ~los:~~~~~~~::~ g~ficios organizad~ cm ~Ocs..
ll)ma ram ~ pe\Cadorc!í. d~ '.'o'orucga Setentrional directa~ntc dependente s deles fa1.cndo-lhcs pagamentos adian· cultura dos pequenos campone!oes. homen~ hv~ I' ·_tados 3fllpliá-los e inndonná -los. na~ pock'r~ al.3·
~· Ao mõ':°° tempo J!>~o perm iti u-lhes eliminar por muito tempo os burgueses noruegueses deste com~rcio•. ( ... )Concentrar este..~ meios de produção du...\Cm~n~ e ':~le o ~ptl histórico da produção capi~füta e ~ i.cu
Mari.a.tt Ma.lo'Nl.i!il, ... A Ccrta~n Tradc 1 cchniquc in dlt: Balric Coontrics in lhe Fiftttnth to lhe Scventhccth Ccnrurics•, vancas de produção dos nossos dias - este. f~1 p~~1~~ mi Scirnrific (Nova Iorque: lntcmaIJOnal Pubh~.
~~o;::i~:::.';~)~~r~;~~onal Conxun of /lisroricol SC'itnetJ (V:móvia: Polish Ac:adcmy of Scienccs, Thc Jnsti- agente, a burguesia•. Fricdcrich Engels. Social1Jm . ropian ª
t953). 28.

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..,
cadores estrangeiros ou mercadores rico\ que tinham fácei• ace1w\ ª°' met <'.3~
- espaços.. em e.stRi ta lig.ação com o Estado• "'"· Em qu3Jqucr dos casos, o somatório total destas
inm~ões comerciais era insuficiente para possibilitar aos comerciantes de longa distância a
estrangeiros»'~"': Estes mercadores podiam assi m apropriM·>e 00.. hxr°' da\ alu: raçõe\ ~
preços e mu.luphcá-los. A forma como e.ie ,;,tema implicava uma rede vertical de explo-
emrada no merrado mundial~ um capital subsl3ncial e normalmente sem aJguma assistência
ração e de cnação de lucros é claramente descrita por Malowi,t. nos moldes em que funcionava ·
õUUJ. A 1m. ~ eram muitos os que podiam entrar, e os que já lá estavam não faziam
, qualquer esforço para alterar esta situação' ""· na Polónia:
~ Ainda mai' importantes eram as ligações verticai s. As fontes de capital eram limita- No século XVI e nos inícim do >tculo XVíl . quando °'
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Gdamk em relação ao interior leste-europeu. A técnica era conhecida noutros lados, sendo
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maritt:r r. ~ WJ \ mk,,_ qu.a\C iodo o combci'> de peixe e peles da Noruega Sete ntrional . ~ mercadores hanscáticos propriedade ~rivada dos meios de produção ~los:~~~~~~~::~ g~ficios organizad~ cm ~Ocs..
ll)ma ram ~ pe\Cadorc!í. d~ '.'o'orucga Setentrional directa~ntc dependente s deles fa1.cndo-lhcs pagamentos adian· cultura dos pequenos campone!oes. homen~ hv~ I' ·_tados 3fllpliá-los e inndonná -los. na~ pock'r~ al.3·
~· Ao mõ':°° tempo J!>~o perm iti u-lhes eliminar por muito tempo os burgueses noruegueses deste com~rcio•. ( ... )Concentrar este..~ meios de produção du...\Cm~n~ e ':~le o ~ptl histórico da produção capi~füta e ~ i.cu
Mari.a.tt Ma.lo'Nl.i!il, ... A Ccrta~n Tradc 1 cchniquc in dlt: Balric Coontrics in lhe Fiftttnth to lhe Scventhccth Ccnrurics•, vancas de produção dos nossos dias - este. f~1 p~~1~~ mi Scirnrific (Nova Iorque: lntcmaIJOnal Pubh~.
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da imaginação e da ousadia. Isto parece apoiar a crença de Henri Pimine na de.cootir.uicb1e
têxtil e da crise 3grícola dos sérulos XI\' e ~-V '~ '. JCX!Jl Thirsk saJienu como o impulso rural dos empresários capitali stas 1 ~'.
e a necessid.Jde de encontrar possibilidadi:s de emprego alternativas p:ira o trabalho rural s omos assim levados a ~r prudent~ no uso da l"lO!i.:U t~nn inologia. As classes bur- ""
C\pulso continuMam a operar na Jn glatc rn do século XVJI;)';"''. euesas e feudais. numa expl ~c ação que u1 ili7..a categorias. de cla.1'\C para explicar l mudança
S o em.into. e lJ. pressão rur31 não funciono u nas áreas mais • avançadas,. dado que 0 ;ocial. não de\'em ser entendidas. como nonnalmente o ~o. como ~1gmficando .. mtr:=.adores-
fac-to de muit:is desus i ndU.stri~ se locJ.liurcm então nas áreas rurais era fu nção não só da e .. proprietário~ :... Durante o longo p:riodo di= cri3ção da etonomB· mu.ndo c-uropeia. OO"i paÍ.5te"\
procura runl d;: emprego ma-. wn~m da rejeiç5o urbJ.nJ. ~ 1u i t os dos ce ntros da indústria centrais desLa economia-mundo. existiam algu ns me rcadore-s e al gun propnetários que: ?po!t-
têxtil medicv:tl na Flandres e na Itália do S orte tinham os seus capiuis inve tidos na produção taram em lucrar com a manutenção daquelas forma!'> de: produ~-ã.o a.\s.ocia.d..a..s ao . feudal1~mo · .
de lxn' de lu\Oe era.rn incJ.pa.zes ou não queriam deslocá-los para o"º' o mercJ.do. tomado nomeadamente aquela...:; em que o trabalho camponês era por alg uma íorma s1s1emá!iC"3 t
primeiro neces~ãrio pela cri s~ monel.ÍrÍa dos séculos XI\' e XV e posterio.nneme tomado legalmente compelido a entregar a maior pane da sua produção õ!.O proprietário fe.g. a ror-
rentá, el JX!la criação de uma economia-mundo no século X\' I. Estes empretlrios njo e.stavam \•eia. a renda feuda l. etc.). E exisliam alguns mercadores e algun'i proprietirios que a~ t.J...1'3JT1
neste e.aso preocupados com as frontciras :0· •. Um pas.so fundamental e fam m.o deste tipo foi
1
em lucrar com a afi nnação de novas fom1a3 de produção ind ustrial ba..i.e.::d.a" em trabalho
a fu gJ do~ c.apitJJista'\ flamengos para a Inglaterra. O que de\emos ter presente é que nesta contratual. S o ~éc ulo XV I esta divis5.o corrc!'s.pcmdeu irequenteml.!me . numa pmra:in. apro-
f35C rod:is a.~ indústria...~ tinham uma base 1énue. Emergiam e de~aparcciam. Eram como vaga- ximação. aos grandes e aos p:quenos. o ~ gr.mdes mercadores e os gr.inde~ propn-ct..irios
bundos ã procura de um abrigo: • Assemelhavam-se a um mil har de p:quenos incendios ateados lucra\'am mais com o \'C lho ~ i s tema feudal;º" pequenos {médios?. em a..o,censão? 1 co.-r1 :is OO\'a-;
simultaneamente. num vasto campo de e" 'ª seca,. <:xa 1• É claro que os \"C lhos centros mais fonnas capitalis1as. Mas esta dicotomia pequeno-grande de\e util i1..ar-se com cuidJdo e com
ª"a.nçados. o controladores do comércio inte rnacional. não eram necessariamente os centros gradações e só se mantém neste pomo do 1empo histórico. É claro que teoricJ.mente da faz.
todo o sent ido. Nova..;; fonnas de organização social tendem nonnalmc:ntc!' a ser menos atn:en-
~5 . .. E.rn Jnilatem. nos P:tl~ Bai:r.os. na Alemanha !l.1erid1oru.I e ru lt.iha. é ~cis.:imcnte nos ~los tes para aque les que estão bem no sis1ema ex iste nh." do que par..l aqueks que s5o enérgicos
XI V e XV (... ) que &:pua.mos com um ~n \"ol vimcnio 3cen1U3do duma. indUsltia tê ~ Ili rural Ch c::unpone~-. entram e ambiciosos mas que ainda Já não cheg.3f3m. Empiricamente. no entamo. ela é complicada
em nomt de emprr !oário)o que \n·cm na.s cidâdcs. ou por \"CZCS por !.>ua própria conta. Parece-me que esle facto
f)('la
prD'·a que a a ~cultun n5o bJ.)fJ q 1· para dar-!hcs .. u~temo . I. .. ) Com cieiro. enquanto que n.l Flandres. no Braban1c por outras considerações. . . . . _
e na T ~na podt•nlO\ ob<.e:f'\' '11 um declínio gr.ldual d:I pro<lu\ào & produt~de lu\O dur.intc este ~riodo. ru própria. Quaisque r que sejam as suas onge ns. esta nova classe de .. mdu smJhstas~. alguns
Flandres. no Hat.'l3u!t. nl Jiol:mdJ . nJ. lng!Jterr.i e Akmmh3 ~ frridlOl'\a.I e cm pmes d3 ltáha um OO\O ripo de produção
têu1/ Crt'SCc 025 cidade!> rcqucn:i" e no C3JT1po. E,1c) tê\lcis não er.un da melhor qualidade.~ eram mai.s baratos
provenientes das fi leir.:L~ dos yeomen. alg.uns mercadores reconvert 1 ~0'S . t:SlJ\"am e:mpe~had?'~
e Cst.I\ am portanto ao a.k.1.r\Cc cb. no brC'1.a cmpobrcc1dJ. e de ou!~ consumidore!i menos ab3.stados. ( ... ) Durante os no que Vilar designa como a característica essencial de uma economia moderna: "'ª reahz.açao
'li'culos XI\" e XV . tanto n<i mdüstria como no comércioJ longa dislinciao p.lpcl dos artigos de u.."Ocomum 1omou- de lucros médios em mercados mui to maiores: ve nder mais. vende r cm quantidade. embora
-se c:>da \C'Z m:i1\ 1mronan1c quando compa.rJ.do com o dos migo~ de lu.\o ... ~t ~b.l owi s l. .. Thc Econom ic and
ganh ando me nos numa base unitária .. 1=101• Pane dos lucros provinha do lag sal aria.J f~ 1 •1 1 • Pane:
Sod.:i.I CX\clopmcnt of lhe BJ ltic Counlrics from t.hc 151h 10 1he 171h Ccnturics•. Economfr· llistory Rnit"M.•.
2.' séne . XII. 2. 19 ~ 9. 178. eram ocasionais. Parte prov inha de taxas de juro real baixas. Pane er3.JTI lucros rcllí3dOS a
Ver ~! an : .. .-\,. funnas históm·ai. orig ina.i.s n a.~ qu.:iis o c:ipi1a l aparece. a princípio esporadicamente ou ganhos fu turos por se não considerarem as depreciações'=1: 1• Mas o lucro existia. E o seu
/()('a_!mr11!e . ti.:dn a l11dl 1 wm o~ \·e lhos modos de produçfo. mas gradualmente e-. pulsando-os. são a. m:inufac tur.i no
M!nudo própno da pala \·ra (n:lo ainda a í.1brica). Isto acon1cce onde há produçào cm ma.~ 5-a para exportaç-do - logo
na Ms.e d< comhnn trrrt'Jtrl.' t marítimo t"m '<r umlt' eJ<Ulo. e nos centrui. de 1al comércio. como a.~ ciduks i1alianJ.S. 209. •Creio que parn cacb pcriodo cm que a llQ!>.~ história _económic-:1 pc!Je s.cr d 1\ idi~ h~ uma clnsc ·
Con.s1.animop!a. ;l.) ndddes ílamt"nga.~ e hol:uidcsas. algumas espanholai. co mo Barce lona. etc .. .-\ manufx 1ura nào especific a e d istinta de ca.pi1atiMa.S. Por ou1rns p.!la,·n.~. o pupo de cap1lilhs1as duma dOO.:i tpo:a 1U\J sur~(' do gru~
c_apl.3 iniciatmcn1e ih 1:hamadu arteJ ur ba111Js, ma.~ sim ss ocup.lç&s JUhJ"l<Jiárias ru ru is . 3 fiação e a tecelagem. o c:1.pi1:ilista da época precedente. Por cada mudança ma organização t"Conómica. encoot~ um:1. quebra de conti·
t ipo_de trdbalho que rt"q ucr menos C) p.:c1alila\·ão. menos treino 1éc:nico. À p:irte aquele~ ~~ empórios nos nuicbdc. É co mo se os capi1alistas que cs1h·er.im até cntào x1i,-~ reconhcLci.:..em 4ue e~ '.ncª~3:'-c' ~ .)(: :adapu.~
q~~1~ cncomrJ a ba~ dum mcn-aJo de t .1purruçdo. e onde a produção é. como cr.i {>f'lo J/la nature:a e:fponuiMa. às condiçõc!' invocada.~ por necessidades a1é enlào desconht"Cubs ~ que requenlffi nl("t~o\ att' ah não cmprt
dmgida ~u \al ur de troca - i.c .. m:inufanuf'3.s d 1rectamentc re b c 1onad.J.s com a navegação. incluindo a própria gucs. Re tiram -se da lula e tom run·sc numa arh1ocrx:ia. q~ se \'ler oo,·~eme .ª de.sempcn~i:ir_ u~I .p.!pcl 00
con.~1ruç:io na\'al. e rc . - . 11 manufa.;;tur.i cs1abC'lecc-!< pri meiro não n:u cidmk s ma!> nas zonas runii.. cm aldeias curso dos negóc ios 0 fará apenas duma maneir.i pa!'lsiva ~. Mcnn Pirennc. Amn1fan Jl uwricul Rt\'J" "' · XIX . 3. Al'inl
!.cm corpora.~·õc~. e11: .. A' cx upaçõei. ~ub~idi ina ~ rurais con1ê m aba~ alargadJ das manufac1ur.is. enquanto é nc· 19 14, 494-495 .
ccss.ino um eb·:ido grau de pro~.rcsw na produção para conduzir os rll(.Slcres urban os a indUs1rias fabri s. Ramos de 210. Pierre V ilar. in Actts tlu Col111qur 1le lo Rrnais~una · P· 30. ha,.· .. decli· ~
produção ~·orno o~ 1rabalh{1~ do vidro_. fábrku de met a. is, Sef'Ta\·Oc:s . c1c ., que de sde o início requerem uma maior 21 1. Mesmo J. O . ~ould. céptico cm _re1~3o a esta h1pól: sc. rc~';~~n~~~~:~:i ~'i:i R:oo~~tcd • ,
coocc ntraç~o de forç ,~ de trabalho. uufü.am ma is e ne rgia natura l e rt'l(uercm 1an10 produção em mass.a como uma nio muit~ ac~ntuado n~ n:ndtmc~m ~~1 dll a.,~alan~du - ncsle re~od~bb· .Qs noiávt'is ganha\ do c:ipi1al mcrt".Ln·
conccntraçao dw mc 1m de produção, ele.. fatcs lambem ~ pre stavam à manufac1ura. ldcn1icamcn1c. fábricas de
0
~cmwm1c llu/llryRrnt,..... 2.• séne: . X \ li. 2. 1964 . ~ 6 ~; "~~1:"~7dos po~ uma uclu'\ão d:t ma.s~ dos produte«"\
papel. e1c .... Prr-r aplloJf /Sf Enirwm1c Fo r mutimu. p. 116 .
111 no<i stc.u~os XIV e XV. enquanto fi:u to do mon< p(I : . do ainvés de qu:il1.1ucr ikrrõUo real no nível ~<'n.I
206. • P01.lcr· "C·~ r.uoJ\·cln~ me prn.l ular a lguma a.ssociação entre o aumento de população e de pressão dos ~ndic 1os dum ' 'o lume tk comérc 1o cm C.\P3fl~~~ :~.: ct!~ comercianie rro"inham dum:a reJ U(ào rei.uiva.
~bn: a 1errJ. no !iá:u lo XV I e o 'urguncmo d a i ndü~tria de bordados nos pequenos vides do Yorkshire•. Thirsk.
Essays m...~;onomu orul SoncJ~ /la tor): "/Tu1_
·.
fo_r wul S~mirt EnJ:land. p . 88.
- · • Quand~ oi. capuahst~!o mduMna1i.. sw.p1rnndo por tcndos bar.uos para \"endcrcm, tcntarJ. m que 1ai.s
de vida.. Por outra..; palavras. os lucrus .abunclanth
que nào absoluta. no rendimento dos produ1~s. ~1as na
no século XVII . pe lo menos durnn1c a sua pnmcir.1 metade) há fl
1
- q
ti< ~· lo XVI lc prm ;l\·clmcn1c 1:r.mbém

·
1
scsumla :~~~e~ )ue c~ie Óc=iur:i de ~ 0 ca."O• . Smdir1.

lecidos ftX~rn produzido~ nas ~Uôb cuJ<M:lc!>. desc~rirnm que nã~ lhes crn pennitido fazê· lo. Entregar.un ent:lo cada pp. 11 9- 120. . . :tnte: .. É mnpl:tmentc reconhecido hoje qUt". cm "
' 'ez mais .º .se u tr;1b:ilh~> .ª.tr:ib:1lhad~)re~ ru rais. Se mu era proibido pelas corpornçôcs e pelo governo das c idades, 2 12 . P.ara Gould. e~te factor era _p:inicul:mn~nte •mfrt ··odusin:.is pro' ·inhamcnosdcqua.lqucr atr.LS-O
eles chcga~:Hn a mudar as suas mdu~Tnas pilra ouuo~ países . Os "'pahcs ... no Co n1incntc não e ram assim 1ào g,ran· meado:\ d_o st:cu lo XX o im pacto dos preçosc~~~nics sobrt o~à~c:: haviffil ial Ili.raso_ do que d.t d ifrrtnç• de
1

~h. Robt-n L Rt"ynolds, E.uropl" Em er.i:es (~fadi<;011 ; Univ . o f Wisconsin Prcss 1967)' 399 .. dos salários c m rt laç5o aos preços - na ma1ona dos ca!oO'S
208. HraudrJ. La !tl fdurrranü , 1. p . .199. ' • ·

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da imaginação e da ousadia. Isto parece apoiar a crença de Henri Pimine na de.cootir.uicb1e
têxtil e da crise 3grícola dos sérulos XI\' e ~-V '~ '. JCX!Jl Thirsk saJienu como o impulso rural dos empresários capitali stas 1 ~'.
e a necessid.Jde de encontrar possibilidadi:s de emprego alternativas p:ira o trabalho rural s omos assim levados a ~r prudent~ no uso da l"lO!i.:U t~nn inologia. As classes bur- ""
C\pulso continuMam a operar na Jn glatc rn do século XVJI;)';"''. euesas e feudais. numa expl ~c ação que u1 ili7..a categorias. de cla.1'\C para explicar l mudança
S o em.into. e lJ. pressão rur31 não funciono u nas áreas mais • avançadas,. dado que 0 ;ocial. não de\'em ser entendidas. como nonnalmente o ~o. como ~1gmficando .. mtr:=.adores-
fac-to de muit:is desus i ndU.stri~ se locJ.liurcm então nas áreas rurais era fu nção não só da e .. proprietário~ :... Durante o longo p:riodo di= cri3ção da etonomB· mu.ndo c-uropeia. OO"i paÍ.5te"\
procura runl d;: emprego ma-. wn~m da rejeiç5o urbJ.nJ. ~ 1u i t os dos ce ntros da indústria centrais desLa economia-mundo. existiam algu ns me rcadore-s e al gun propnetários que: ?po!t-
têxtil medicv:tl na Flandres e na Itália do S orte tinham os seus capiuis inve tidos na produção taram em lucrar com a manutenção daquelas forma!'> de: produ~-ã.o a.\s.ocia.d..a..s ao . feudal1~mo · .
de lxn' de lu\Oe era.rn incJ.pa.zes ou não queriam deslocá-los para o"º' o mercJ.do. tomado nomeadamente aquela...:; em que o trabalho camponês era por alg uma íorma s1s1emá!iC"3 t
primeiro neces~ãrio pela cri s~ monel.ÍrÍa dos séculos XI\' e XV e posterio.nneme tomado legalmente compelido a entregar a maior pane da sua produção õ!.O proprietário fe.g. a ror-
rentá, el JX!la criação de uma economia-mundo no século X\' I. Estes empretlrios njo e.stavam \•eia. a renda feuda l. etc.). E exisliam alguns mercadores e algun'i proprietirios que a~ t.J...1'3JT1
neste e.aso preocupados com as frontciras :0· •. Um pas.so fundamental e fam m.o deste tipo foi
1
em lucrar com a afi nnação de novas fom1a3 de produção ind ustrial ba..i.e.::d.a" em trabalho
a fu gJ do~ c.apitJJista'\ flamengos para a Inglaterra. O que de\emos ter presente é que nesta contratual. S o ~éc ulo XV I esta divis5.o corrc!'s.pcmdeu irequenteml.!me . numa pmra:in. apro-
f35C rod:is a.~ indústria...~ tinham uma base 1énue. Emergiam e de~aparcciam. Eram como vaga- ximação. aos grandes e aos p:quenos. o ~ gr.mdes mercadores e os gr.inde~ propn-ct..irios
bundos ã procura de um abrigo: • Assemelhavam-se a um mil har de p:quenos incendios ateados lucra\'am mais com o \'C lho ~ i s tema feudal;º" pequenos {médios?. em a..o,censão? 1 co.-r1 :is OO\'a-;
simultaneamente. num vasto campo de e" 'ª seca,. <:xa 1• É claro que os \"C lhos centros mais fonnas capitalis1as. Mas esta dicotomia pequeno-grande de\e util i1..ar-se com cuidJdo e com
ª"a.nçados. o controladores do comércio inte rnacional. não eram necessariamente os centros gradações e só se mantém neste pomo do 1empo histórico. É claro que teoricJ.mente da faz.
todo o sent ido. Nova..;; fonnas de organização social tendem nonnalmc:ntc!' a ser menos atn:en-
~5 . .. E.rn Jnilatem. nos P:tl~ Bai:r.os. na Alemanha !l.1erid1oru.I e ru lt.iha. é ~cis.:imcnte nos ~los tes para aque les que estão bem no sis1ema ex iste nh." do que par..l aqueks que s5o enérgicos
XI V e XV (... ) que &:pua.mos com um ~n \"ol vimcnio 3cen1U3do duma. indUsltia tê ~ Ili rural Ch c::unpone~-. entram e ambiciosos mas que ainda Já não cheg.3f3m. Empiricamente. no entamo. ela é complicada
em nomt de emprr !oário)o que \n·cm na.s cidâdcs. ou por \"CZCS por !.>ua própria conta. Parece-me que esle facto
f)('la
prD'·a que a a ~cultun n5o bJ.)fJ q 1· para dar-!hcs .. u~temo . I. .. ) Com cieiro. enquanto que n.l Flandres. no Braban1c por outras considerações. . . . . _
e na T ~na podt•nlO\ ob<.e:f'\' '11 um declínio gr.ldual d:I pro<lu\ào & produt~de lu\O dur.intc este ~riodo. ru própria. Quaisque r que sejam as suas onge ns. esta nova classe de .. mdu smJhstas~. alguns
Flandres. no Hat.'l3u!t. nl Jiol:mdJ . nJ. lng!Jterr.i e Akmmh3 ~ frridlOl'\a.I e cm pmes d3 ltáha um OO\O ripo de produção
têu1/ Crt'SCc 025 cidade!> rcqucn:i" e no C3JT1po. E,1c) tê\lcis não er.un da melhor qualidade.~ eram mai.s baratos
provenientes das fi leir.:L~ dos yeomen. alg.uns mercadores reconvert 1 ~0'S . t:SlJ\"am e:mpe~had?'~
e Cst.I\ am portanto ao a.k.1.r\Cc cb. no brC'1.a cmpobrcc1dJ. e de ou!~ consumidore!i menos ab3.stados. ( ... ) Durante os no que Vilar designa como a característica essencial de uma economia moderna: "'ª reahz.açao
'li'culos XI\" e XV . tanto n<i mdüstria como no comércioJ longa dislinciao p.lpcl dos artigos de u.."Ocomum 1omou- de lucros médios em mercados mui to maiores: ve nder mais. vende r cm quantidade. embora
-se c:>da \C'Z m:i1\ 1mronan1c quando compa.rJ.do com o dos migo~ de lu.\o ... ~t ~b.l owi s l. .. Thc Econom ic and
ganh ando me nos numa base unitária .. 1=101• Pane dos lucros provinha do lag sal aria.J f~ 1 •1 1 • Pane:
Sod.:i.I CX\clopmcnt of lhe BJ ltic Counlrics from t.hc 151h 10 1he 171h Ccnturics•. Economfr· llistory Rnit"M.•.
2.' séne . XII. 2. 19 ~ 9. 178. eram ocasionais. Parte prov inha de taxas de juro real baixas. Pane er3.JTI lucros rcllí3dOS a
Ver ~! an : .. .-\,. funnas históm·ai. orig ina.i.s n a.~ qu.:iis o c:ipi1a l aparece. a princípio esporadicamente ou ganhos fu turos por se não considerarem as depreciações'=1: 1• Mas o lucro existia. E o seu
/()('a_!mr11!e . ti.:dn a l11dl 1 wm o~ \·e lhos modos de produçfo. mas gradualmente e-. pulsando-os. são a. m:inufac tur.i no
M!nudo própno da pala \·ra (n:lo ainda a í.1brica). Isto acon1cce onde há produçào cm ma.~ 5-a para exportaç-do - logo
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Con.s1.animop!a. ;l.) ndddes ílamt"nga.~ e hol:uidcsas. algumas espanholai. co mo Barce lona. etc .. .-\ manufx 1ura nào especific a e d istinta de ca.pi1atiMa.S. Por ou1rns p.!la,·n.~. o pupo de cap1lilhs1as duma dOO.:i tpo:a 1U\J sur~(' do gru~
c_apl.3 iniciatmcn1e ih 1:hamadu arteJ ur ba111Js, ma.~ sim ss ocup.lç&s JUhJ"l<Jiárias ru ru is . 3 fiação e a tecelagem. o c:1.pi1:ilista da época precedente. Por cada mudança ma organização t"Conómica. encoot~ um:1. quebra de conti·
t ipo_de trdbalho que rt"q ucr menos C) p.:c1alila\·ão. menos treino 1éc:nico. À p:irte aquele~ ~~ empórios nos nuicbdc. É co mo se os capi1alistas que cs1h·er.im até cntào x1i,-~ reconhcLci.:..em 4ue e~ '.ncª~3:'-c' ~ .)(: :adapu.~
q~~1~ cncomrJ a ba~ dum mcn-aJo de t .1purruçdo. e onde a produção é. como cr.i {>f'lo J/la nature:a e:fponuiMa. às condiçõc!' invocada.~ por necessidades a1é enlào desconht"Cubs ~ que requenlffi nl("t~o\ att' ah não cmprt
dmgida ~u \al ur de troca - i.c .. m:inufanuf'3.s d 1rectamentc re b c 1onad.J.s com a navegação. incluindo a própria gucs. Re tiram -se da lula e tom run·sc numa arh1ocrx:ia. q~ se \'ler oo,·~eme .ª de.sempcn~i:ir_ u~I .p.!pcl 00
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!.cm corpora.~·õc~. e11: .. A' cx upaçõei. ~ub~idi ina ~ rurais con1ê m aba~ alargadJ das manufac1ur.is. enquanto é nc· 19 14, 494-495 .
ccss.ino um eb·:ido grau de pro~.rcsw na produção para conduzir os rll(.Slcres urban os a indUs1rias fabri s. Ramos de 210. Pierre V ilar. in Actts tlu Col111qur 1le lo Rrnais~una · P· 30. ha,.· .. decli· ~
produção ~·orno o~ 1rabalh{1~ do vidro_. fábrku de met a. is, Sef'Ta\·Oc:s . c1c ., que de sde o início requerem uma maior 21 1. Mesmo J. O . ~ould. céptico cm _re1~3o a esta h1pól: sc. rc~';~~n~~~~:~:i ~'i:i R:oo~~tcd • ,
coocc ntraç~o de forç ,~ de trabalho. uufü.am ma is e ne rgia natura l e rt'l(uercm 1an10 produção em mass.a como uma nio muit~ ac~ntuado n~ n:ndtmc~m ~~1 dll a.,~alan~du - ncsle re~od~bb· .Qs noiávt'is ganha\ do c:ipi1al mcrt".Ln·
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~cmwm1c llu/llryRrnt,..... 2.• séne: . X \ li. 2. 1964 . ~ 6 ~; "~~1:"~7dos po~ uma uclu'\ão d:t ma.s~ dos produte«"\
papel. e1c .... Prr-r aplloJf /Sf Enirwm1c Fo r mutimu. p. 116 .
111 no<i stc.u~os XIV e XV. enquanto fi:u to do mon< p(I : . do ainvés de qu:il1.1ucr ikrrõUo real no nível ~<'n.I
206. • P01.lcr· "C·~ r.uoJ\·cln~ me prn.l ular a lguma a.ssociação entre o aumento de população e de pressão dos ~ndic 1os dum ' 'o lume tk comérc 1o cm C.\P3fl~~~ :~.: ct!~ comercianie rro"inham dum:a reJ U(ào rei.uiva.
~bn: a 1errJ. no !iá:u lo XV I e o 'urguncmo d a i ndü~tria de bordados nos pequenos vides do Yorkshire•. Thirsk.
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fo_r wul S~mirt EnJ:land. p . 88.
- · • Quand~ oi. capuahst~!o mduMna1i.. sw.p1rnndo por tcndos bar.uos para \"endcrcm, tcntarJ. m que 1ai.s
de vida.. Por outra..; palavras. os lucrus .abunclanth
que nào absoluta. no rendimento dos produ1~s. ~1as na
no século XVII . pe lo menos durnn1c a sua pnmcir.1 metade) há fl
1
- q
ti< ~· lo XVI lc prm ;l\·clmcn1c 1:r.mbém

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scsumla :~~~e~ )ue c~ie Óc=iur:i de ~ 0 ca."O• . Smdir1.

lecidos ftX~rn produzido~ nas ~Uôb cuJ<M:lc!>. desc~rirnm que nã~ lhes crn pennitido fazê· lo. Entregar.un ent:lo cada pp. 11 9- 120. . . :tnte: .. É mnpl:tmentc reconhecido hoje qUt". cm "
' 'ez mais .º .se u tr;1b:ilh~> .ª.tr:ib:1lhad~)re~ ru rais. Se mu era proibido pelas corpornçôcs e pelo governo das c idades, 2 12 . P.ara Gould. e~te factor era _p:inicul:mn~nte •mfrt ··odusin:.is pro' ·inhamcnosdcqua.lqucr atr.LS-O
eles chcga~:Hn a mudar as suas mdu~Tnas pilra ouuo~ países . Os "'pahcs ... no Co n1incntc não e ram assim 1ào g,ran· meado:\ d_o st:cu lo XX o im pacto dos preçosc~~~nics sobrt o~à~c:: haviffil ial Ili.raso_ do que d.t d ifrrtnç• de
1

~h. Robt-n L Rt"ynolds, E.uropl" Em er.i:es (~fadi<;011 ; Univ . o f Wisconsin Prcss 1967)' 399 .. dos salários c m rt laç5o aos preços - na ma1ona dos ca!oO'S
208. HraudrJ. La !tl fdurrranü , 1. p . .199. ' • ·

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ue a Inglaterra isabclina ou a França rcna~cen1i sta cruvam rnaduru para w;
montan te não S(" limit nva 3 criar unta base política para esta classe; linha um impacto ime-
q ,llb• Finalmente. sustenta 4uc longe de o feudalismo ~r ínc f 5CiC. -~ °
diato sobre t<kb a C"connm i:a. lslo foi sentido po r muitas fomtas: como um estímul o para a
pnxtuç~o de matfrias·pri m 3 s <.~para a mobiliwção da força de trJb~1lho, c.o~no resposta a uma
111
~" 10 . a expansão do mercado externo na América fap~hol - :m~t "e com CJ'JM· 1
°
ta isnolidar fo fcudalismoJ >,12111. .a í'\'lu p:ira •..Centuar e
pn.X'ura c n:::.c<.·ntc que ,e t ran~fonnou numa pro..:ura de massa .. f\fas ad1c1onalmenle tomou cons
po:-:-ívcl a imh'b tri 3 rc" r ons.ivcl pela criação de muitas cconom1:1s externas: estrndas, meios Na verdade. o que Laclau fa':
é complicar a questão. Em primeiro lugar. a dif<renç~-
entre o se rvo da gleba d.a Idade Media e o e<eravo ou o trabalhador numa encr,m1n uJa <!a
di:: contro\u d~ l"Judai~. pono' 1 ~ • 1 11

É t:unOCm daro que 0 :o,éc ulo XVI assistiu a uma de slocaçào notáve l da localização da Arnéric::i Espan ~ol a no sec ulo XVI. ou um .... !)Cf\'o., na Polónia. cnvol\ ia ttés aspectO'\: a dife-
i m1ú ~ i ria lhtil. !\o s fin:ii.;; Jo sfr ul n XV e princípios do sécul o XVI. estas indústrias expan- rença entre dcs11.n_ar uma uparte .. do e ~cedemc para o mercado e dc~tinar "ª maior pmc do
dir.inH ..t~ no:-. •. n•lho-; .. c~ ntro' : 11.:í!i.1dn Norte. Alema.nh::i meridional . Lore na. Franchc-Comté, excedente»; a d1teren~·a entre produçao p~tra o mercado local e produção para 0 ~reado
p 3 h,c:i [hno.;; c:\p::mhói~. e na lngl31erra ~emente no Sudocsle ~apenas na lã. Poste riormente mundi al: a difere nça c nt.re cla~~es ex?loradoras qut: gastam os luCTo<. e as que são molÍ\ad..J.s
pa r::i os maximi~ar e re1~ vcst 1r parc1almc~te . Com respeito à inferência de Lad3ll s.obre a
3 pan:c-eram novos centro~. principalmen1 e cm lngla1crra e no Nort e dos Países Baixos. em
paÍS('"i que tinh.:im sido. como f'\ef diz. te indusui::ilmcnlc atrasados no início do século xv1. 1214 1_ Jno laterra isabelma. ela e absurda e polémica. Com respeito ao facto de: 0 cm oh imento num
rn;rcado capitalista mundia.l acentuar o feudalismo. perfeitamente de 3cordo. ~que 5oc: tnta
de uma nova variedade de (~fe udali s mo # .
Ne!ttc capilulo procurámos apresentar a emergência de um novo quadro económico de O ponto é que a.'i «relações de produção-. que definem um sistema são ai\ .. rel:içõe -:: ...
.:icção no século XV I - a economia-mundo europeia baseada cm métodos capitalistas. Ela de produção» do sistema como um todo, e o sistema nesta altura era a economia-mundo
implicou uma di"isão do 11.1.halho produ tivo que só pode apreciar-se devidamente tendo em europeia. O trnbalho livre é realmente uma car.icterísti c:i definidora do capiuli_mo. mas
consid~rJção ::i c:conomi:i- mundo como um todo. A eme rgência de um sector ind ustrial foi n5.o 0 trabalho livre e m tod as as empresas produti\'as. O trabalho li\Te é a forma d!: con-
irnpon~te . ma~ o 4uc a mmou po~s ivel foi a mmsformaçào da act ividade agrícola de formas trolo do trabalho utili zado para o trabalho especializado nos paises centr.lis cnqu:mto que o
feudJ.is paT3 fonnJ.s ca pitalista..c:.. Nem todas estas «formas» capitalistas estavam baseadas em trabalho coercivo é utilizado para formas menos especial iuda.s nas âreas ~ri.féric1S . A
tr.ibalho • livre .. - somente as do cen tro da economia. ~fas as motiv::ições dos proprietários combinação é assim a essência do capitalismo. Quando o trJbalho fo r sempre li\f'e. teremos
e dos tr.!balhado res nm sectore s «não-livres» e ram rào capital istas como no centro. o social ismo.
Não devemos ab:mdonar es te tema se m abordar as objecçõcs que são feitas a esta análise. Mas o capitalismo não pode ílorcscer no quadro de um império-mundo. Esta é urru cb.S-.
Ernesto uclau in terpelou Andre Gund<r Frank por este afinnar que a Amé rica Espanhola razões porque ele nun ca emergiu em Rom::i. As múltiplas vanta gen5 de que os mef'C"ldore
do séc ul o XV1 tinha umJ economia capitalista. Ele argument::i que isto é simultaneamente usufruíam na economia-mundo nascente eram todJ.S politicamente mais f:íccis de obter do
íncomcc10 e n:1o marxista. Sem nos perdermos num longo excursus de exegética marxista. que se eles as tivesse m procurado no quadro de um ún ico Estado. cujos governantes teri~
dei.xem qUi: ,·os diga s imp le~menle que penso que Laclau está certo em terinos da letra dos de dar resposta a interesses e pressões múlt iplos 1=15 1• Foi por isso que o ~eg.redo do c-2~1·
areumento~ de Marx. rnJ.S não em termos do se u es pírito. Em termos substanti\'OS, o prin- talismo consistiu no estabelecimento da di\'isão do trabalho no quadro de uma ec-onom1a-
ci?al argumento de L3clau é que a definição de Frank. de capit::ilismo como produção ·mundo que 11ãn era um império cm 1·ez d~ no qu adro de um unico Estado n.c ional. Em
lu nti,·:i par3 um mercado em que o lucro não vai para o produtor directo. e de fe udalismo países subdesenvolvidos do século XX. K. Berrill salienta que t(o comércio inter:":i~i on~I
como uma e..conomia de ubsisténcia fechada. estão ambos co nce ptualmente errados. Ele é frequentemente mais barato e fácil do que o comêrcio interno e (... ) a e.spcr1:ihz.:içao
argumenta que a defin ição de Frank. ao omitir as «relações de prod ução» (ou seja. essen- entre p>íses é frequentemente mais f:ícil e precoce do que a especializaç:ip entre r.:giões de
cialmente c:,e o tra balho é ou não .. liv re .. ). torna possíve l ::i su:t aplic::ição não só â América
Espmhola do sé ulo XVI mas também ao «escravo no lati/1mdi11m rom::ino ou ao servo
cb gleb::i na Eu ropa medieval. pelo menos nos casos - a esmagadora maioria - em que 216. lhid., p. 30. •
~ ~. ~~~·~tt Parsons argumenta que o descn,·oh imcnio orig.inll do in....-+ustnllismo k'"I:' de.re'C'S!11 3 f~
o . enhor destinava a vencb uma parte (o sublinhado é me uJ do excedente económico
C:\tnído do ser.oi.
11151
. Ele sugere então que. se Frank tivesse razão. «teríamos de concluir
;
do capi talis~o. que~ um si<;tcma que implica .. reStlÍÇÔC:"i instituciomus ao e.\.trckio_ 00 p>..~ rol1t~O e
prl'UÍtllttmtnu da estrulura .política propici:iria um impulso e:.pedfico ao.,&!ten\·oh ~to ~=:~é-~;:::;:~~
re in.Je ·

and_Proc_ru . in .\ fodrrn Socrn1n ('.'\o\ a IPrque : Frec f're s:-. 1960)._I OI • 10 - · A ~o. .-...~no prazo rellti\~ qxr
c.uslm de- capic.l! que eks 1mphc.a..tn. f...) Pane - uma pane cre!loCentc - do lucro apar~nu é dcpreci3Ç'io imprópria ot. A mfluenc~ política como ui 1.. . ) r :m: ce ~r oncntad.l quer pm t~teresses el~.1 ~~d . ~ 1 inílu""f).-fa - a.-o-
que 1cm dt: lJgum modo de ~ r tomada cm conta qWL'ldo por fim a m;iquim tem de~ substitufd.a. O dil dJ 3V3liitÇ~ cair depressa cm estereotipt'lS tr.1.dicionai!o. 8t:is p:ueccm )('f M ruocs do que C\d 1 ~;o,e • n: ..
fir..1lmtt1e c.heµ_ ~b..1, se a ..."1.1 da m.iquin.J ou dt ~rura é longa - e este pode: bem ter sido o C3.SO com uma nomicamen1c irracional" dos interes!.C"' poli1icos tp. 101.1... • d 0 plpcl '-"' 8t3\k> oodesen· ·
Jla.~ subo.u."'ICl.a.J do ... a;Hu j fi , o úcos período\ Tudor e S1ua.rt : rOOa.s hidráulicas. recipien1cs para sal, fomos. C'tc. - E.<.tc é um raciocínio plau~i"el. mas não pam .:c J-.""g:ir com 0 bcto ~pltlCO e 3 componente ga.~K.'.~
::iru.o all4.\ tau..; & JJC. roaparenrt p:xicm ~r 1Jo regra naqueles )éculos•. /bid., p. 264. \·oh·i~cnto capiulista ler sido cons1an1e atn'.e~ da h1Môri 3 ~m:i.' p~n:, ~~:;;,~~um.3 ~onomu-mundo. ao
~ 13 . Ver \l :r.no. U .\TI' sucle eun~pün. p. 298. ~scnc1al da diferenciação estrutural. qu( a l Cll\ 1d.a<k económica unha. l u~ adl 3. ire m:ns requc~ qut ::t.s imrh·
21.1.. -'tf. Co""/llf'.II fl{ .\formal Vt'orld. p. 11 6. passo que a au1oridade dos líderes ~lític~s. s.e. n5o o seu p.xkr. er:i hmti d c~ptulisw os.eu , cnto dc fdç~
l 9'71. /15. EmeMO Lacfau. ·ft:ud.llism & CaptulWn in Laun Amenca•, Ncw LL[r Rn-ieM.•, n.e 67 , f\faio-Junho cada.s peta iniciativa económica. Rn csu disparidade csuurunl cruçial que: eu am.
2 nscncial.

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ue a Inglaterra isabclina ou a França rcna~cen1i sta cruvam rnaduru para w;
montan te não S(" limit nva 3 criar unta base política para esta classe; linha um impacto ime-
q ,llb• Finalmente. sustenta 4uc longe de o feudalismo ~r ínc f 5CiC. -~ °
diato sobre t<kb a C"connm i:a. lslo foi sentido po r muitas fomtas: como um estímul o para a
pnxtuç~o de matfrias·pri m 3 s <.~para a mobiliwção da força de trJb~1lho, c.o~no resposta a uma
111
~" 10 . a expansão do mercado externo na América fap~hol - :m~t "e com CJ'JM· 1
°
ta isnolidar fo fcudalismoJ >,12111. .a í'\'lu p:ira •..Centuar e
pn.X'ura c n:::.c<.·ntc que ,e t ran~fonnou numa pro..:ura de massa .. f\fas ad1c1onalmenle tomou cons
po:-:-ívcl a imh'b tri 3 rc" r ons.ivcl pela criação de muitas cconom1:1s externas: estrndas, meios Na verdade. o que Laclau fa':
é complicar a questão. Em primeiro lugar. a dif<renç~-
entre o se rvo da gleba d.a Idade Media e o e<eravo ou o trabalhador numa encr,m1n uJa <!a
di:: contro\u d~ l"Judai~. pono' 1 ~ • 1 11

É t:unOCm daro que 0 :o,éc ulo XVI assistiu a uma de slocaçào notáve l da localização da Arnéric::i Espan ~ol a no sec ulo XVI. ou um .... !)Cf\'o., na Polónia. cnvol\ ia ttés aspectO'\: a dife-
i m1ú ~ i ria lhtil. !\o s fin:ii.;; Jo sfr ul n XV e princípios do sécul o XVI. estas indústrias expan- rença entre dcs11.n_ar uma uparte .. do e ~cedemc para o mercado e dc~tinar "ª maior pmc do
dir.inH ..t~ no:-. •. n•lho-; .. c~ ntro' : 11.:í!i.1dn Norte. Alema.nh::i meridional . Lore na. Franchc-Comté, excedente»; a d1teren~·a entre produçao p~tra o mercado local e produção para 0 ~reado
p 3 h,c:i [hno.;; c:\p::mhói~. e na lngl31erra ~emente no Sudocsle ~apenas na lã. Poste riormente mundi al: a difere nça c nt.re cla~~es ex?loradoras qut: gastam os luCTo<. e as que são molÍ\ad..J.s
pa r::i os maximi~ar e re1~ vcst 1r parc1almc~te . Com respeito à inferência de Lad3ll s.obre a
3 pan:c-eram novos centro~. principalmen1 e cm lngla1crra e no Nort e dos Países Baixos. em
paÍS('"i que tinh.:im sido. como f'\ef diz. te indusui::ilmcnlc atrasados no início do século xv1. 1214 1_ Jno laterra isabelma. ela e absurda e polémica. Com respeito ao facto de: 0 cm oh imento num
rn;rcado capitalista mundia.l acentuar o feudalismo. perfeitamente de 3cordo. ~que 5oc: tnta
de uma nova variedade de (~fe udali s mo # .
Ne!ttc capilulo procurámos apresentar a emergência de um novo quadro económico de O ponto é que a.'i «relações de produção-. que definem um sistema são ai\ .. rel:içõe -:: ...
.:icção no século XV I - a economia-mundo europeia baseada cm métodos capitalistas. Ela de produção» do sistema como um todo, e o sistema nesta altura era a economia-mundo
implicou uma di"isão do 11.1.halho produ tivo que só pode apreciar-se devidamente tendo em europeia. O trnbalho livre é realmente uma car.icterísti c:i definidora do capiuli_mo. mas
consid~rJção ::i c:conomi:i- mundo como um todo. A eme rgência de um sector ind ustrial foi n5.o 0 trabalho livre e m tod as as empresas produti\'as. O trabalho li\Te é a forma d!: con-
irnpon~te . ma~ o 4uc a mmou po~s ivel foi a mmsformaçào da act ividade agrícola de formas trolo do trabalho utili zado para o trabalho especializado nos paises centr.lis cnqu:mto que o
feudJ.is paT3 fonnJ.s ca pitalista..c:.. Nem todas estas «formas» capitalistas estavam baseadas em trabalho coercivo é utilizado para formas menos especial iuda.s nas âreas ~ri.féric1S . A
tr.ibalho • livre .. - somente as do cen tro da economia. ~fas as motiv::ições dos proprietários combinação é assim a essência do capitalismo. Quando o trJbalho fo r sempre li\f'e. teremos
e dos tr.!balhado res nm sectore s «não-livres» e ram rào capital istas como no centro. o social ismo.
Não devemos ab:mdonar es te tema se m abordar as objecçõcs que são feitas a esta análise. Mas o capitalismo não pode ílorcscer no quadro de um império-mundo. Esta é urru cb.S-.
Ernesto uclau in terpelou Andre Gund<r Frank por este afinnar que a Amé rica Espanhola razões porque ele nun ca emergiu em Rom::i. As múltiplas vanta gen5 de que os mef'C"ldore
do séc ul o XV1 tinha umJ economia capitalista. Ele argument::i que isto é simultaneamente usufruíam na economia-mundo nascente eram todJ.S politicamente mais f:íccis de obter do
íncomcc10 e n:1o marxista. Sem nos perdermos num longo excursus de exegética marxista. que se eles as tivesse m procurado no quadro de um ún ico Estado. cujos governantes teri~
dei.xem qUi: ,·os diga s imp le~menle que penso que Laclau está certo em terinos da letra dos de dar resposta a interesses e pressões múlt iplos 1=15 1• Foi por isso que o ~eg.redo do c-2~1·
areumento~ de Marx. rnJ.S não em termos do se u es pírito. Em termos substanti\'OS, o prin- talismo consistiu no estabelecimento da di\'isão do trabalho no quadro de uma ec-onom1a-
ci?al argumento de L3clau é que a definição de Frank. de capit::ilismo como produção ·mundo que 11ãn era um império cm 1·ez d~ no qu adro de um unico Estado n.c ional. Em
lu nti,·:i par3 um mercado em que o lucro não vai para o produtor directo. e de fe udalismo países subdesenvolvidos do século XX. K. Berrill salienta que t(o comércio inter:":i~i on~I
como uma e..conomia de ubsisténcia fechada. estão ambos co nce ptualmente errados. Ele é frequentemente mais barato e fácil do que o comêrcio interno e (... ) a e.spcr1:ihz.:içao
argumenta que a defin ição de Frank. ao omitir as «relações de prod ução» (ou seja. essen- entre p>íses é frequentemente mais f:ícil e precoce do que a especializaç:ip entre r.:giões de
cialmente c:,e o tra balho é ou não .. liv re .. ). torna possíve l ::i su:t aplic::ição não só â América
Espmhola do sé ulo XVI mas também ao «escravo no lati/1mdi11m rom::ino ou ao servo
cb gleb::i na Eu ropa medieval. pelo menos nos casos - a esmagadora maioria - em que 216. lhid., p. 30. •
~ ~. ~~~·~tt Parsons argumenta que o descn,·oh imcnio orig.inll do in....-+ustnllismo k'"I:' de.re'C'S!11 3 f~
o . enhor destinava a vencb uma parte (o sublinhado é me uJ do excedente económico
C:\tnído do ser.oi.
11151
. Ele sugere então que. se Frank tivesse razão. «teríamos de concluir
;
do capi talis~o. que~ um si<;tcma que implica .. reStlÍÇÔC:"i instituciomus ao e.\.trckio_ 00 p>..~ rol1t~O e
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c.uslm de- capic.l! que eks 1mphc.a..tn. f...) Pane - uma pane cre!loCentc - do lucro apar~nu é dcpreci3Ç'io imprópria ot. A mfluenc~ política como ui 1.. . ) r :m: ce ~r oncntad.l quer pm t~teresses el~.1 ~~d . ~ 1 inílu""f).-fa - a.-o-
que 1cm dt: lJgum modo de ~ r tomada cm conta qWL'ldo por fim a m;iquim tem de~ substitufd.a. O dil dJ 3V3liitÇ~ cair depressa cm estereotipt'lS tr.1.dicionai!o. 8t:is p:ueccm )('f M ruocs do que C\d 1 ~;o,e • n: ..
fir..1lmtt1e c.heµ_ ~b..1, se a ..."1.1 da m.iquin.J ou dt ~rura é longa - e este pode: bem ter sido o C3.SO com uma nomicamen1c irracional" dos interes!.C"' poli1icos tp. 101.1... • d 0 plpcl '-"' 8t3\k> oodesen· ·
Jla.~ subo.u."'ICl.a.J do ... a;Hu j fi , o úcos período\ Tudor e S1ua.rt : rOOa.s hidráulicas. recipien1cs para sal, fomos. C'tc. - E.<.tc é um raciocínio plau~i"el. mas não pam .:c J-.""g:ir com 0 bcto ~pltlCO e 3 componente ga.~K.'.~
::iru.o all4.\ tau..; & JJC. roaparenrt p:xicm ~r 1Jo regra naqueles )éculos•. /bid., p. 264. \·oh·i~cnto capiulista ler sido cons1an1e atn'.e~ da h1Môri 3 ~m:i.' p~n:, ~~:;;,~~um.3 ~onomu-mundo. ao
~ 13 . Ver \l :r.no. U .\TI' sucle eun~pün. p. 298. ~scnc1al da diferenciação estrutural. qu( a l Cll\ 1d.a<k económica unha. l u~ adl 3. ire m:ns requc~ qut ::t.s imrh·
21.1.. -'tf. Co""/llf'.II fl{ .\formal Vt'orld. p. 11 6. passo que a au1oridade dos líderes ~lític~s. s.e. n5o o seu p.xkr. er:i hmti d c~ptulisw os.eu , cnto dc fdç~
l 9'71. /15. EmeMO Lacfau. ·ft:ud.llism & CaptulWn in Laun Amenca•, Ncw LL[r Rn-ieM.•, n.e 67 , f\faio-Junho cada.s peta iniciativa económica. Rn csu disparidade csuurunl cruçial que: eu am.
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um mesmo pais• ' ""· Isto é també m vcnladciro p:tra a Europa do século XV I. Iremos 1emar car este faclor conjuntamente com os movimentos sec ulares dos preços ':..!''. Braudel e Spoo-
demon·tnr como(' porquê istn se: verificou ao longo d~ste volu~e. ner. por outro lado. acautelam· nos quanto à confusão entre flutuações acidentais (a rr:\O-
Em n-sumo, quais foram as re31izaçõcs cconónncas d~ ~cculo XVI. e como é q_uc as lução dos preços) e aherações eslrutumis " "'·O que é claro é que no século XVI emerge um3
uNnt:\mos·~ Ele n:io foi um sécul o de grande ~1v arn;o tcc nolog1co. s~ c xceptuarmos a intro- «época capitalist3,. i :.i 7i e qu e esta toma a ÍOm13 de uma economia·mundo. Sem dúvida . .,.a
dução do c:irvtio {' Offill coni bustívcl cnt Inglaterra e na França. sc~c.ntno nal. A. Rupc~ Hall vê fra gilidade desta primeira unidade do mundo•""'' é uma \•ariável explicativa critica na e vo-
tanto a indústria como a :igricultur3 n:is "'últimas fases de! um:i se n.e de trln sfonnaçoes. t_a nto lução política. Mas o facto é que esta uni dade sobrevive e nos sécul os XVII e XVlll con·
tecno!ô,!icas co mo orf:ania cion3is .... que tinham começado_no _sec ulo. XI.V. com a «cn se». seguiu consolidar-se. •
l'-fas. sc~undo ek. foi no sécul o XVI q ue se verificou uma · d1fusao de lecmcas do centro para Uma das princip3is características do sistema-mundo europeu do século XVI é que_
a pcrifrri:i lb civ ili z.;i,·;io curn)X'ia ... 1 ~ : ·t11. . • . não existe um a resposta simples para a questão de quem dominava quem. Um bom exemplo
H:i quatro a."pc.-cios marcante s no que rc s~tla ao sc~ ulo XV~ .. A Europa ~~ ~andm-se
·
par.ias Américas. Isto pod~ n5o ter sido dctemunante em st mas fm 1mponante - . O facto
1 disto pode ser a expl oração da Polónia pelos Países Bai xos via Gdansk. e cenamcnte 3 explo-
ração pela Esponha das suas possessões ameri canas. O centro dominava a periferia. :\fas o
cru<ial resp..•itlntc 3 expansão foi captado por Braudel : • Ü ouro e a praia do N_ovo Mundo centro era tão vasto! Foram os mercadores e banqueiros genoveses que util il..JJ"3.IT1 a EspanhJ..
c11 ~1 ci tar.im 3 Europa par;,i vive r ac ima das su3.S posses. parJ mvest1r para alem das suas o u foi o imperialismo espanhol que absorwu panes da Itália? Foi Flore nça que dominou Lyo n.
1>0 upanças ., i ::: ~ 1 • _ a França que do minou a Lombardia. ou as duas coisas? Como se podem dcscre\•er os ver-
Investir p:ira além da poupança e aumentar essa poupança. pela re voluçao dos dadeiros laços entre An tuérpia (e mais tarde Amesterdão) e a Inglaterra? Repare-se que cm
preços e pc:la e x istê-nci3 de um lag salari;.il. Fosse 3 expansã~ dos ~etais preciosos rcs- todos estes casos lidamos com uma cidade-estado mercantil. por um lado. e com uma nação-
pons:ivel ou não pela expans ão da produção. e qualquer que sep a medida em que a expan- -estado mais vasta. por outro.
sào demo crática foi também causa ou consequência. os metais preciosos em si eram uma Se quisennos destrinçar ainda mais este quadro. temos de dar atenção aos aspectos
~·merc::tdoria . e uma expansão generalizada do comércio esteve subj acente à "prosperi- políticos. às fonnas como vários g ru pos procuraram uti li zar as estruturas estatais para pro-
dade· do século XVI. que n3o foi nem um jogo nem uma mirage m, nem uma ilusão teger e impiememar os seus interesses. É para esta questão que agora nos volta.remos.
monetiria u 1.!1 3 '.
A tercoira aherJção marcante de u-se no padrão de traba lho !:lJral - o surg imento do
trabalho coercivo em produções mercantis na peri feria e dos lavradores de tipo yeoman no
centro. Takahas hi pode cxager.u qu:indo chama aos yeomen o «motor» 1::.s, no fim do feu-
d.31ismo. ma.sé duv idoso que se tivesse tid o um sistema capitalista sem eles. ~fas o mesmo
se pode di zer do trabalho cocreirn em produções mercantis.
Jean Ne n! ataca Dobb por este dar ênfase exclusiva à disponibilidade de trabalho
proletaril.ado na sua explicação p:tra a ascens ão do capitali smo. Segundo ele temos de colo-

:!1 9. K. Ekrrill . ... JntcrnJtional Tr.Jdc and lhe Raie of Economic Growth ... Economic H istary Rt'"if'M'. 2.'
sirie. XU . 3. 1%0. 352.
2...""0. A. Ru pen Hall. · Scicntific ~1ethod and lhe Prog~ss ofTechniques• . Comhridgr Economic llis100 ·
of Eurl>fJ'. I\'. E. E.. Rich e C. H. W il.son. eds .• Tht Econonry of Expanding EurOJH in the / 6th and Jlrh Ctnruril's
(Lond~s e S ova Iorque: Cambndge Vni..·. P~s. 1967). 100.
22 1. • A a~nura duma no' 'ª íromeira na costJ. lo nginqu.a do Atlârnico criava portanto novas oponunidldes
e um clima de peruamente que c \timula\'a a con fiança na.o; possibilidades de sucesso. Ao; oponu n idad~ e xistiam:
rm.s também o-. ind1vídO<K que c Stavam pronios e eram ca pazes de as agarrar.( ... ) A Amênca pode bem 1er aprcs·
s.ado o mmo doª' anço d3 Europ:i.. Erm ~ mo possível que o a\'anço não ti,· es~ ocorrido st"m a América. ~13s se esta
~içiu e.-.lr'C'm:a. é K <"ite. '<na ainda rec~ ndá ve l lembrar o ª'·i!.o lapidar do profe ~.sor Br.iudel: - L ' Amlrique
nc commande pa."' ~ule ... A Amfoc a não ~ a Unic;a ~ m andar •. J. H. EJ liolt. Thr Old lforldand tht Nt"l't·. 1492 -1650 225 . •O Sr. Dobb ( ...)escol}\( como fi o condutor d3 história económica as -variações da força de trabalho
{Londres e 1'D' i lorquc ; Cambridge Uni... . Prcss. 1970 ), 78 . disponfvcl ..; e.is.e seria ccnamcntc um fe nómeno imcrcssante a e.studar°. mas o nosso autor ( ... ) neg1igC"ncia quase
21~ . Braudcl. m Choptas. p. 268. i m eira~ nce aque la outra chave. os mo..,imcntos de preços a longo prazo:( ... ) ele não con.sider• a pos.sibil.idade de
223. Braudcl C' Spooocr . Rela :ioni d.e( X Congrruo /ntrrna:io11<Jlr di Scirn:r Stnriche , IV, p. 243 . co mbin.3J' as duas abordJgcns•. Jean Néri. •Lc ~"· eloppemen 1 du capita.l ismc•. R<nu• hütoriqlle. CCllI. fan .· Muto
224 . .. Q mr.tM qUC" abol iu i ordem k uda.J de produção e propriedade. e que muito naturalmente provocou t950. 68.
a formação da scx;~r.J3dc cap1uli,.ta. ÓC \'e ser enconu-ado no de.sm\·OJ\·imento da peqUC"na produção de ~rcadorias 226. •Cada fl utuação económica.. mesmo quando de.::i'ih·a. violenta ou cria.1in. pcmuncct &inda um acidai te .
(pequena ~u e campones.es 1ndcpendcn1es como produtores de mercadorias). e consequente~nte na sua numa história - estruturar. de longo pr.u:o- o desenvol ..·imento do capit.tlismo -que pela sua natureza tran5eende
- po.lari.z.aç.ão.. económw:a rn~ ~' capiulisw indu.stri11i1 e ~ trabal hadores asulariad~ de.spojados d.a sua tem e os aciden1ts ... Braudel e Spooncr. Cambridgr Economic l fü tory o/ Ew~ . JV , p. 450. _
obri~ a ' ender ~ ~us s.e~·1Ços. ó te l.ipo de evo lução capitalista~ . estamos em crer. a característica clássica e 227. •Embora dc:paremos com o primeiro começo da produção capitafüta P nos itculos X IV t XV, tm •
espccff~ da h is~6fi a «ooómH:a da Europa Ocidental• . •On thc "'Transition" from Feudali5m lO the Bourgcois certas cidades do Mcdirtrrãneo a. era capilalista data do século XVI•. Man. Capi1al. J. Ca.p. X.XVI . p. 7 1S.
Rc~ olu[J()n•. l nd1an Journa/ o/ Ecnnomics. XXXV, I ~. 195.5 . 149. JSO. 228. Braudcl , in Chaptrrs, p. 285.

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um mesmo pais• ' ""· Isto é també m vcnladciro p:tra a Europa do século XV I. Iremos 1emar car este faclor conjuntamente com os movimentos sec ulares dos preços ':..!''. Braudel e Spoo-
demon·tnr como(' porquê istn se: verificou ao longo d~ste volu~e. ner. por outro lado. acautelam· nos quanto à confusão entre flutuações acidentais (a rr:\O-
Em n-sumo, quais foram as re31izaçõcs cconónncas d~ ~cculo XVI. e como é q_uc as lução dos preços) e aherações eslrutumis " "'·O que é claro é que no século XVI emerge um3
uNnt:\mos·~ Ele n:io foi um sécul o de grande ~1v arn;o tcc nolog1co. s~ c xceptuarmos a intro- «época capitalist3,. i :.i 7i e qu e esta toma a ÍOm13 de uma economia·mundo. Sem dúvida . .,.a
dução do c:irvtio {' Offill coni bustívcl cnt Inglaterra e na França. sc~c.ntno nal. A. Rupc~ Hall vê fra gilidade desta primeira unidade do mundo•""'' é uma \•ariável explicativa critica na e vo-
tanto a indústria como a :igricultur3 n:is "'últimas fases de! um:i se n.e de trln sfonnaçoes. t_a nto lução política. Mas o facto é que esta uni dade sobrevive e nos sécul os XVII e XVlll con·
tecno!ô,!icas co mo orf:ania cion3is .... que tinham começado_no _sec ulo. XI.V. com a «cn se». seguiu consolidar-se. •
l'-fas. sc~undo ek. foi no sécul o XVI q ue se verificou uma · d1fusao de lecmcas do centro para Uma das princip3is características do sistema-mundo europeu do século XVI é que_
a pcrifrri:i lb civ ili z.;i,·;io curn)X'ia ... 1 ~ : ·t11. . • . não existe um a resposta simples para a questão de quem dominava quem. Um bom exemplo
H:i quatro a."pc.-cios marcante s no que rc s~tla ao sc~ ulo XV~ .. A Europa ~~ ~andm-se
·
par.ias Américas. Isto pod~ n5o ter sido dctemunante em st mas fm 1mponante - . O facto
1 disto pode ser a expl oração da Polónia pelos Países Bai xos via Gdansk. e cenamcnte 3 explo-
ração pela Esponha das suas possessões ameri canas. O centro dominava a periferia. :\fas o
cru<ial resp..•itlntc 3 expansão foi captado por Braudel : • Ü ouro e a praia do N_ovo Mundo centro era tão vasto! Foram os mercadores e banqueiros genoveses que util il..JJ"3.IT1 a EspanhJ..
c11 ~1 ci tar.im 3 Europa par;,i vive r ac ima das su3.S posses. parJ mvest1r para alem das suas o u foi o imperialismo espanhol que absorwu panes da Itália? Foi Flore nça que dominou Lyo n.
1>0 upanças ., i ::: ~ 1 • _ a França que do minou a Lombardia. ou as duas coisas? Como se podem dcscre\•er os ver-
Investir p:ira além da poupança e aumentar essa poupança. pela re voluçao dos dadeiros laços entre An tuérpia (e mais tarde Amesterdão) e a Inglaterra? Repare-se que cm
preços e pc:la e x istê-nci3 de um lag salari;.il. Fosse 3 expansã~ dos ~etais preciosos rcs- todos estes casos lidamos com uma cidade-estado mercantil. por um lado. e com uma nação-
pons:ivel ou não pela expans ão da produção. e qualquer que sep a medida em que a expan- -estado mais vasta. por outro.
sào demo crática foi também causa ou consequência. os metais preciosos em si eram uma Se quisennos destrinçar ainda mais este quadro. temos de dar atenção aos aspectos
~·merc::tdoria . e uma expansão generalizada do comércio esteve subj acente à "prosperi- políticos. às fonnas como vários g ru pos procuraram uti li zar as estruturas estatais para pro-
dade· do século XVI. que n3o foi nem um jogo nem uma mirage m, nem uma ilusão teger e impiememar os seus interesses. É para esta questão que agora nos volta.remos.
monetiria u 1.!1 3 '.
A tercoira aherJção marcante de u-se no padrão de traba lho !:lJral - o surg imento do
trabalho coercivo em produções mercantis na peri feria e dos lavradores de tipo yeoman no
centro. Takahas hi pode cxager.u qu:indo chama aos yeomen o «motor» 1::.s, no fim do feu-
d.31ismo. ma.sé duv idoso que se tivesse tid o um sistema capitalista sem eles. ~fas o mesmo
se pode di zer do trabalho cocreirn em produções mercantis.
Jean Ne n! ataca Dobb por este dar ênfase exclusiva à disponibilidade de trabalho
proletaril.ado na sua explicação p:tra a ascens ão do capitali smo. Segundo ele temos de colo-

:!1 9. K. Ekrrill . ... JntcrnJtional Tr.Jdc and lhe Raie of Economic Growth ... Economic H istary Rt'"if'M'. 2.'
sirie. XU . 3. 1%0. 352.
2...""0. A. Ru pen Hall. · Scicntific ~1ethod and lhe Prog~ss ofTechniques• . Comhridgr Economic llis100 ·
of Eurl>fJ'. I\'. E. E.. Rich e C. H. W il.son. eds .• Tht Econonry of Expanding EurOJH in the / 6th and Jlrh Ctnruril's
(Lond~s e S ova Iorque: Cambndge Vni..·. P~s. 1967). 100.
22 1. • A a~nura duma no' 'ª íromeira na costJ. lo nginqu.a do Atlârnico criava portanto novas oponunidldes
e um clima de peruamente que c \timula\'a a con fiança na.o; possibilidades de sucesso. Ao; oponu n idad~ e xistiam:
rm.s também o-. ind1vídO<K que c Stavam pronios e eram ca pazes de as agarrar.( ... ) A Amênca pode bem 1er aprcs·
s.ado o mmo doª' anço d3 Europ:i.. Erm ~ mo possível que o a\'anço não ti,· es~ ocorrido st"m a América. ~13s se esta
~içiu e.-.lr'C'm:a. é K <"ite. '<na ainda rec~ ndá ve l lembrar o ª'·i!.o lapidar do profe ~.sor Br.iudel: - L ' Amlrique
nc commande pa."' ~ule ... A Amfoc a não ~ a Unic;a ~ m andar •. J. H. EJ liolt. Thr Old lforldand tht Nt"l't·. 1492 -1650 225 . •O Sr. Dobb ( ...)escol}\( como fi o condutor d3 história económica as -variações da força de trabalho
{Londres e 1'D' i lorquc ; Cambridge Uni... . Prcss. 1970 ), 78 . disponfvcl ..; e.is.e seria ccnamcntc um fe nómeno imcrcssante a e.studar°. mas o nosso autor ( ... ) neg1igC"ncia quase
21~ . Braudcl. m Choptas. p. 268. i m eira~ nce aque la outra chave. os mo..,imcntos de preços a longo prazo:( ... ) ele não con.sider• a pos.sibil.idade de
223. Braudcl C' Spooocr . Rela :ioni d.e( X Congrruo /ntrrna:io11<Jlr di Scirn:r Stnriche , IV, p. 243 . co mbin.3J' as duas abordJgcns•. Jean Néri. •Lc ~"· eloppemen 1 du capita.l ismc•. R<nu• hütoriqlle. CCllI. fan .· Muto
224 . .. Q mr.tM qUC" abol iu i ordem k uda.J de produção e propriedade. e que muito naturalmente provocou t950. 68.
a formação da scx;~r.J3dc cap1uli,.ta. ÓC \'e ser enconu-ado no de.sm\·OJ\·imento da peqUC"na produção de ~rcadorias 226. •Cada fl utuação económica.. mesmo quando de.::i'ih·a. violenta ou cria.1in. pcmuncct &inda um acidai te .
(pequena ~u e campones.es 1ndcpendcn1es como produtores de mercadorias). e consequente~nte na sua numa história - estruturar. de longo pr.u:o- o desenvol ..·imento do capit.tlismo -que pela sua natureza tran5eende
- po.lari.z.aç.ão.. económw:a rn~ ~' capiulisw indu.stri11i1 e ~ trabal hadores asulariad~ de.spojados d.a sua tem e os aciden1ts ... Braudel e Spooncr. Cambridgr Economic l fü tory o/ Ew~ . JV , p. 450. _
obri~ a ' ender ~ ~us s.e~·1Ços. ó te l.ipo de evo lução capitalista~ . estamos em crer. a característica clássica e 227. •Embora dc:paremos com o primeiro começo da produção capitafüta P nos itculos X IV t XV, tm •
espccff~ da h is~6fi a «ooómH:a da Europa Ocidental• . •On thc "'Transition" from Feudali5m lO the Bourgcois certas cidades do Mcdirtrrãneo a. era capilalista data do século XVI•. Man. Capi1al. J. Ca.p. X.XVI . p. 7 1S.
Rc~ olu[J()n•. l nd1an Journa/ o/ Ecnnomics. XXXV, I ~. 195.5 . 149. JSO. 228. Braudcl , in Chaptrrs, p. 285.

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3
A MONARQUIA ABSOLUTA
E O «ESTATISMO»

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A MONARQUIA ABSOLUTA
E O «ESTATISMO»

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É cvidcnlc que a asci:nsào ela monru-quia :i.1>3olu1.a r141 Eur0p;t Ocidcnt.:11 é 1Cncron.a cum
3 emergência W cconomia·mundo europeia. 1'.·las é cJ3 cau~ ou con.-.cqu(nc;:i11? Hd boru argu·
mcnros num sentido e noulro. Por um lado, n."io rora a cxpan.s3o do comércio e a 21firmat;âo de
umn o.gricuhura capi1afüaa e dificilmente h:ria exisudo 3 tn~ económica para fin;mçaar ~
cs1ru1ums e.sLilwis burocrática.\ alarga<la1i 11'. Mas. por ou1m lado, o.s CSU'Ututa.) C>ltU.a.1~ cr.am
cm si próprias um suponc económico fundamental do novo slstcmn C3piufüu (para nJ.o ducr
que crJ.m a sua garantia política). Como diz Brnudcl. "4UCr o quisessem 4ucr não, (~ ~tado~
errun) os maiore~ cmprcsário,'i do século- 1 ~ 1• Além do mah, eram clientes cs.itenci.2is polra m
mercadores 1 ' •.
Existem diversos argumentos dift:rcnlC!i ~Obre O papel rJo E~Lldo na cmprcu c:api-
lalista. Um diz respeito~ sua extensão. um segundo ao seu 1mpac10 económico. e um tcn::ciro
ao seu comeúdo de cl~sc. Eslc último discuti-lo-emos nuis tarde. Em pnmciro lugar.
embora o <lcsacórdo seja gr-Jndc no que rcspcila à CAtens.âo do cn\·oh·imcnto til.al.a..I na
cconomi::&·mundodo sêculo XIX. p:mcc existir umcon!.Cn~ gcncrali1.11do de que cm pcriodas
anteriores do ~il\tcm:i mundial moderno. com início pelo menos no s6culo XVI c nuruendo-
-~ pelo menos até ao século XVIII. os estados ~ram actorcs económicos fund.:unentais d.J
cconomia·mundo europeia_
Mas se a maiorfa concorda QUC' os C'Slado.s ck:scmpenhar.un c.slc p.tpc:I. alguM coniidc·
r:tm·no desnecessário e indesejável. Por uemplo, Schumpctcr, fiel à SU3 crença na superior
eficiência da empresa pi"ivacb a longo prazo. nega que o Esudo beneficiasse °' ncgóciM como
<<>mpradorde bens ou de crtdito. Segundo ele.tum •lmoJ imp:rdo.i>cl I''"'""
que na OIJ5ência

1. ·Ck~. noM!cu&u XVttiwtnC"mn.b 'C"/m.tL'ºf\IPddt ~C°""1flttlC rTd1)tnbu~dr


tc.ndunmao; ~tn'ds ~ im~"'· d.i vc1.U de carp. dr 1md.n. ck cnní1"'11Çftto,, ck:! ~w dumil ~
enorme dos Vilrios "'produt~ naci~-. ~·~lo m\&!11ri1, t c Íl(IJ' ~4""""' 1wçamrntn11 'af'Utn llUu Cal
mc.nQide acordo com oc1udod;.i rcunomU e \t'fUCm 00.:.1111.l'C t»IAO\&J:\ nlH1,dr ptt.'(m A L~dol. ~~
ll('IUC l..h itn a lcndêncu W vnl..i "°'M"lmjj;a, n&.Jt r.cldcnW.Mm 1111u fefÇ• pcrwrbadon cotmJOMrf" A. 5cbumpt-
lcr Cunitdc:ruu um PQUCO à pro~·. Bn.udcl. 1...1 AtldtUufJJl/f" 1, p 4(1),
2. /bfd,, 1. pp.409-llO.
3. • Xm ~ ncgóc~ loctW\'OS eomados pcwf~CI\ pc.b cmprbdmo:t llO E.\Udo, rt-ll e~ dr: 1~-
1os. pcl..i CJ.pk:lr.lçao ckdominio'\ rua. pelo& Cl)W.dc 1uanc romaronc.ucçualutno comc:KW nunn &r:natkio.,
um crucimcnto lllo c~P«Ueul.u n:1 primcin nKUJc do titculo XVI•. t1Anun1 e Mou.,nm. Rflol:WH ~l X CM-
Rriuo lntuna;ln""I" "' Sácn:lfSwrirli~. IV. p. 44,

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É cvidcnlc que a asci:nsào ela monru-quia :i.1>3olu1.a r141 Eur0p;t Ocidcnt.:11 é 1Cncron.a cum
3 emergência W cconomia·mundo europeia. 1'.·las é cJ3 cau~ ou con.-.cqu(nc;:i11? Hd boru argu·
mcnros num sentido e noulro. Por um lado, n."io rora a cxpan.s3o do comércio e a 21firmat;âo de
umn o.gricuhura capi1afüaa e dificilmente h:ria exisudo 3 tn~ económica para fin;mçaar ~
cs1ru1ums e.sLilwis burocrática.\ alarga<la1i 11'. Mas. por ou1m lado, o.s CSU'Ututa.) C>ltU.a.1~ cr.am
cm si próprias um suponc económico fundamental do novo slstcmn C3piufüu (para nJ.o ducr
que crJ.m a sua garantia política). Como diz Brnudcl. "4UCr o quisessem 4ucr não, (~ ~tado~
errun) os maiore~ cmprcsário,'i do século- 1 ~ 1• Além do mah, eram clientes cs.itenci.2is polra m
mercadores 1 ' •.
Existem diversos argumentos dift:rcnlC!i ~Obre O papel rJo E~Lldo na cmprcu c:api-
lalista. Um diz respeito~ sua extensão. um segundo ao seu 1mpac10 económico. e um tcn::ciro
ao seu comeúdo de cl~sc. Eslc último discuti-lo-emos nuis tarde. Em pnmciro lugar.
embora o <lcsacórdo seja gr-Jndc no que rcspcila à CAtens.âo do cn\·oh·imcnto til.al.a..I na
cconomi::&·mundodo sêculo XIX. p:mcc existir umcon!.Cn~ gcncrali1.11do de que cm pcriodas
anteriores do ~il\tcm:i mundial moderno. com início pelo menos no s6culo XVI c nuruendo-
-~ pelo menos até ao século XVIII. os estados ~ram actorcs económicos fund.:unentais d.J
cconomia·mundo europeia_
Mas se a maiorfa concorda QUC' os C'Slado.s ck:scmpenhar.un c.slc p.tpc:I. alguM coniidc·
r:tm·no desnecessário e indesejável. Por uemplo, Schumpctcr, fiel à SU3 crença na superior
eficiência da empresa pi"ivacb a longo prazo. nega que o Esudo beneficiasse °' ncgóciM como
<<>mpradorde bens ou de crtdito. Segundo ele.tum •lmoJ imp:rdo.i>cl I''"'""
que na OIJ5ência

1. ·Ck~. noM!cu&u XVttiwtnC"mn.b 'C"/m.tL'ºf\IPddt ~C°""1flttlC rTd1)tnbu~dr


tc.ndunmao; ~tn'ds ~ im~"'· d.i vc1.U de carp. dr 1md.n. ck cnní1"'11Çftto,, ck:! ~w dumil ~
enorme dos Vilrios "'produt~ naci~-. ~·~lo m\&!11ri1, t c Íl(IJ' ~4""""' 1wçamrntn11 'af'Utn llUu Cal
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ll('IUC l..h itn a lcndêncu W vnl..i "°'M"lmjj;a, n&.Jt r.cldcnW.Mm 1111u fefÇ• pcrwrbadon cotmJOMrf" A. 5cbumpt-
lcr Cunitdc:ruu um PQUCO à pro~·. Bn.udcl. 1...1 AtldtUufJJl/f" 1, p 4(1),
2. /bfd,, 1. pp.409-llO.
3. • Xm ~ ncgóc~ loctW\'OS eomados pcwf~CI\ pc.b cmprbdmo:t llO E.\Udo, rt-ll e~ dr: 1~-
1os. pcl..i CJ.pk:lr.lçao ckdominio'\ rua. pelo& Cl)W.dc 1uanc romaronc.ucçualutno comc:KW nunn &r:natkio.,
um crucimcnto lllo c~P«Ueul.u n:1 primcin nKUJc do titculo XVI•. t1Anun1 e Mou.,nm. Rflol:WH ~l X CM-
Rriuo lntuna;ln""I" "' Sácn:lfSwrirli~. IV. p. 44,

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r d1 e<tr.1 ' · :inria dls e ncs não teriam exi stido lxns equivalentes provenientes dos campo-
ne e dos burgueses. de qu<:m o- correspondentes meios tinham sido retirados,. •' >. Pode ser
imperdcxh el . ma> u iva n:io se ITJte de um erro. Por que r.uão não é concebível que, para dar
XX "'· O i_mpulso inicial dos .rrcçta~radores da ordem• do stculo XV foi originado pela " crise- ;-
do feudali smo». O aperto económico dos scnJ1ores tinha C-Oflduz.ido 3 uma exploração cres -
cente dos camponeses e comequentemente à sua rebe.lião. Tinha conduz.ido ieualmcnte a
1
resposn a e\ igencias fisc3i s. um c3mponês produza um excedente que de outra forma poderia g uerras intes tinas entre a nobreza. A nobre7..a enfraquecida virava~ para os reis ~a que estes
;:on umir ou nem produz ir"~ Ser.i que Schumpeter realmente pensa que no século XVI os a preservassem das ameaçru. de uma desordem :tinda maior. (.k rei• aprnvcitav1m1-sc das ci r-
campone;...'"> europeus estavam totalml.'nte oriem:idos para um mercado comercial? cunstâncias parn engrandecer a ~ ua própria riqueza e poder em relaç;io a esu mesma :-.obrcz.a.
Qu:inro 3 t ~ de que os gasr s d;is cones eram vit:iis p:ira a criação de crédito. Schwnpe- Este foi o preço da s ua segurança. o que Fre<kric Lane ciuma a sua , re nda de prcJteCÇ<Í<IA e
ter t•m d•.1:i.> =po.t:i . Um:i é que qualquer lucro obtido no de envolvimento de uma «engre- que nos recorcb ser nessa altura s1muhaneameme ~um.a das font~ principai das forema, feitai.
113gem de credito • de' e se r comp;u-:ido • com toda a destruição provocad3 e toda a paralisia no comércio [e] uma fonte de lucros mais importante(._ ) do que a ~-uperic:ridade na t.écnica
da 3C!.i •·icbrle ..-conómic.:i difund ida que r pelos métodos de criação desse rendimento quer pelas ou na organização indusrrial » !'>_
apli,_ õe. que fin:lllc iav:i •". Isto implica um argumento contra-factual tremendo. cuja vali- É claro que o avanço do rei não era apell3S uma função das opommic!ack s mas ta."?lbém
dade ...-; pode ser aprecfada em termos d3 tese glob:il des te livro. A perspectiva aqui exposu das p~ s?es que sobre ele recaíam. Eisenstadt argumenta que aquilo que ~ igna por "POli-
ser.\ a de que o dl.'sen' o J\·imento de estados fortes nas áreas centrais do mundo europeu foi tica burocrática» surgiu quando «os dirigentes políticos deixaram de poder confiar n· faci-
L:llU componente essencial do desenvolvimento do capitalismo moderno. A sua segunda
lidades disponíveis através dos seus próprios rec urs.os le.g. os domínios reais ;. o u am v6 dos
resposo é de que a c.ontnparticb dos empréstimos às cones eram privilégios económic;s que empenhamentos incondicionais de outros grupos• " "'. Mas seria esse empenha~nto =?í"
scrum muno pro,·3velmente prejudici:tis do ponto de vista económico na perspectiva dos incondicional ? E. no que respeita à disponibilidade de recursos. o fa::to de os recu= pes-
=s
ir:
-=
da omunidade m:tis alargada 16>. Sem dúvida que isto é verdade. mas a mim parece-
unu descriçjo da e sência do capiul.ismo e não uma distorção acidental das suas opera-
soais dos reis serem insuficientes para os seus objectivos era função de objecti,·os mais ambi-
ciosos. Temos então de analisar as pressões que conduziram os goYemantõ a procu.-arem
ções . .: ass im um:i asserçiio que de facto fornece uma boa pane da refutação da primeira afir- desenrnfrer objectirns m:tis ambiciosos.
rm' .3o d~ Sch umpeter. Uma sugestão provém de Archib:ild Lewis. que a liga à disponibililhde de trrrn:
Já ~os em re'' ista os vários aspectos da crise económica dos séculos XIV e XV «Quando ( ... )o soberano tinha distribuído toda a te.rra livre e nenhum:i mais restava, wnoYa-
- coooibuiram para o lento mas estável crescimento das burocracias estatais. Já mencionámos -se-lhe necessário começar a tributar - retomando sob outra forma a riqueu qae tinha :<ntes
igll.'.!lmente a evolução d;i tecnologi ~ .m i litar que. tomou obsoleto o ca,·aleiro medieval e distribuído pelo seu povo ~ " "· Esta necessicbde de tributação a.acional iüo conduziu im:-
assim fortaleceu o poder das autoridades centrais que podiam controlar um grande número de diatamente ao «absolutismo». Pelo contrário. o soberano teve de criar parlamentos para obter.
trop:lS de infamaria. O principal objectivo polírico dos monarcas era a res ta-uração da ordem.
o apoio da nobreza no processo oibutário, mas apenas ..até ao ponto em que os govem:mtes
um pré-requ isito para a recuperação económica De acordo com o resumo sucinto de Géni- se sentiram suficientemente poderosos p:ira dispensar wn tal apoio• " ' '· Dobb <li um.> ênfase
cot. • ao revelar os efeitos perversos de uma quebra de autoricbde. os tempos conturbados diferente a est:i questão. Ele vê a pressão sobre o rei como sendo proveniente niio da =s..<e:Z
estabeleceram as bases para a centralização,. n '. da terra mas da «escassez do trabalho•. O crescimento do aparelho de Estado s.en·iu p:!r7l
. Mas porque é que uis regimes políticos haveriam de surgir nesta época prc- promover"º controlo do mercado do trabalho»"" -
cl5.1? Um.l resposta clássica é falar em termos dos fenómenos centrifugos dos novos
e tarlo . argumento frequentemente utilizado a propósito dos novos estados do século 8. Mo usnier diz da Europa Ckid<ntlll do st<:ulo X\'l: •A~ dum pod<r [<cr.ml] furte!""= e!>
própria composição cbs n><;ões Ji.e .. estados]. Elas s3o unu jusr:aposiç>o d< romunid3des t=i:ori.m. l'""~ -u._
regiões (pays ] . municipal idades. comunidades de 3lóeia t estrutur.l.S corpor:itiYas. uis cerno u Ortkr.s. (_) os D.YpOS
~- l=ph A. Sch1J11lp<t<r. BUJin<" C)-cfrs . L p. 236.
5. I !d_ de funcionários, a.~ uni versidades. as corpor.ições & oIJCios. (_.l O rei rinJ..a de ser ~fi....":io:te~tc furte FJ: ~
trar os seus conflitos e coordenJr os seus esforços ccm ,·isu ao bem comum. \'ll.s a.s tfüi sões e.:re das dlo-lhe ;a
6. •Er..;:re-s.ur à cor.e . ;;..~ do juro C' Xorbitante usU3lmente pronl(tido. .só muito r:ir.uncnte era um bom
~'"JO ~ s1 IT'. esno. !l.fas pr-cisznenle porque uis emprblimos não podiam. em re2r.1. sc-r reembolsados con-
possibilid3de de jogar uma...;, contr.i as outr:lS•. ú.s X\"f• <I :t.TI,.. siidrs. r. 97. O i~--o e nosso.
t.!-.J.ZUI:J à ~ iç:!.J <k ~' ilég.ios e cooces.sõc:s no campo do combcio e d3 indústri:i qu~ eram os grandes ne~ócios Tinha de ser? Porquê assim? Uma cxpl ie&i-ão gt.nêtica r.ir.uncn.tc ~h·c o pmblcnu g"C"1Xoco. àdo que
do t...~. '-·• A as.."t"1"630 dos Fu gge:r a uma pos iç3o jamais igua.lad3 por qu3lquerca.s.:J financtira tem( ... ) muito a não só é possível C'ncarar aJtcmati,·a.11< funcionais como o fracasso cm St' id.entlfh."':llf a rlC\..'"'C'~ iunciam.I t &lo
ver com os cmt....-..;os d< Carlos V llbid .• f. p. 236. n. 11•. só uma contingência possí,·el como freqUC"ntemente a conting(-ncia mais pl3usivd . S~ pc'll'tl!\tn. d:"
• 7 . Gê:--~"Ol. Cambridge EcoffLH'f'fic History uf Euro~. L p. 700. JoSt"ph Scrayer dcfrndc- igualmente que momento, o julgamento sobre a ccau.sa.•.
~~cm~ n:isal tttre o rompuncnto da ordem na B:W..a Idade Médi.3 e a no-.·a disponibilidade d3 aristOCT3Ci3 cm 9. Ver~. \ rt'niu anJ H istory, pp. 421-422
::..: 1=::~~'10 século XV1. EJ~ suspeiu que a "ariá•tcl inten·cnicntc possa estar numa mudança n.a
10. S. N. Eiscnstadt, .. f oliric3l Strug,glc in Bu.ttaucnric Societies•. World Poli!ic.s. lX. 0.J.L 195'6. 11 .
1 t. Archibald Lewis. SJKculum. XXXUI. p. 483 .
. , ..- Ê ~ific-iJ dec~dir ~ fa...1ores f~eram mucbr o compon:unenro das classes possidentcs. Algumas del3S, l 2. l bid.• p. 483. Ver Ed"'-.rd Miller: •A 1enutiva da esubel<=r unu tribumç:i<> dim."'t:l fcnl fai u= d>s
C:S.f«U.lrrc'..c os prornctí'1os menon:s. rinham sofrido tanto com a violê'ncia interna como os pobres e tal como os principais influências por decr.is do ap;uttimcntO, do s«tJlo XJU em dia.'"LtC, de L~mbleilS ~reunindo
~ q:>enam paz e ~guranç:i. Alguns d<tes descobriram q"" podiam aproveitar m1is c:ibaf;.,.,nte o ;...surgimento os vários grupos de contribuintes nas pes5035 dos S<Us procuradores cu d<kgO<los• . FMio1"'1 ÜCOt<H!<il: Hisl.-,ry of
=~-: =~ rna:u~csur-se se apoiassan governos está\'cis. Alguns deles podem ter ficado imprcs- Europ•. I. p. t 4.
.Stau f Princelon. ·~~· Jersey~~c~ 7i:~!~:Ol ~~~ rulo XV•. On tire Medina/ Origin.s of the Modern
13. Dobb, Srudits. p. 2-4. Dobb COQ.tr3Sl.3 ...:inrervmçiodo E.sudo• com • Et"Cnbde- . C'('[OO: dt;."!is modos õe
organizaç3o politica no seio d3S sociecbde.' capitnlisw - unu ,.islo cstt'L~Yfk!nte ti~ pan um mzn:isu.. Ek

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r d1 e<tr.1 ' · :inria dls e ncs não teriam exi stido lxns equivalentes provenientes dos campo-
ne e dos burgueses. de qu<:m o- correspondentes meios tinham sido retirados,. •' >. Pode ser
imperdcxh el . ma> u iva n:io se ITJte de um erro. Por que r.uão não é concebível que, para dar
XX "'· O i_mpulso inicial dos .rrcçta~radores da ordem• do stculo XV foi originado pela " crise- ;-
do feudali smo». O aperto económico dos scnJ1ores tinha C-Oflduz.ido 3 uma exploração cres -
cente dos camponeses e comequentemente à sua rebe.lião. Tinha conduz.ido ieualmcnte a
1
resposn a e\ igencias fisc3i s. um c3mponês produza um excedente que de outra forma poderia g uerras intes tinas entre a nobreza. A nobre7..a enfraquecida virava~ para os reis ~a que estes
;:on umir ou nem produz ir"~ Ser.i que Schumpeter realmente pensa que no século XVI os a preservassem das ameaçru. de uma desordem :tinda maior. (.k rei• aprnvcitav1m1-sc das ci r-
campone;...'"> europeus estavam totalml.'nte oriem:idos para um mercado comercial? cunstâncias parn engrandecer a ~ ua própria riqueza e poder em relaç;io a esu mesma :-.obrcz.a.
Qu:inro 3 t ~ de que os gasr s d;is cones eram vit:iis p:ira a criação de crédito. Schwnpe- Este foi o preço da s ua segurança. o que Fre<kric Lane ciuma a sua , re nda de prcJteCÇ<Í<IA e
ter t•m d•.1:i.> =po.t:i . Um:i é que qualquer lucro obtido no de envolvimento de uma «engre- que nos recorcb ser nessa altura s1muhaneameme ~um.a das font~ principai das forema, feitai.
113gem de credito • de' e se r comp;u-:ido • com toda a destruição provocad3 e toda a paralisia no comércio [e] uma fonte de lucros mais importante(._ ) do que a ~-uperic:ridade na t.écnica
da 3C!.i •·icbrle ..-conómic.:i difund ida que r pelos métodos de criação desse rendimento quer pelas ou na organização indusrrial » !'>_
apli,_ õe. que fin:lllc iav:i •". Isto implica um argumento contra-factual tremendo. cuja vali- É claro que o avanço do rei não era apell3S uma função das opommic!ack s mas ta."?lbém
dade ...-; pode ser aprecfada em termos d3 tese glob:il des te livro. A perspectiva aqui exposu das p~ s?es que sobre ele recaíam. Eisenstadt argumenta que aquilo que ~ igna por "POli-
ser.\ a de que o dl.'sen' o J\·imento de estados fortes nas áreas centrais do mundo europeu foi tica burocrática» surgiu quando «os dirigentes políticos deixaram de poder confiar n· faci-
L:llU componente essencial do desenvolvimento do capitalismo moderno. A sua segunda
lidades disponíveis através dos seus próprios rec urs.os le.g. os domínios reais ;. o u am v6 dos
resposo é de que a c.ontnparticb dos empréstimos às cones eram privilégios económic;s que empenhamentos incondicionais de outros grupos• " "'. Mas seria esse empenha~nto =?í"
scrum muno pro,·3velmente prejudici:tis do ponto de vista económico na perspectiva dos incondicional ? E. no que respeita à disponibilidade de recursos. o fa::to de os recu= pes-
=s
ir:
-=
da omunidade m:tis alargada 16>. Sem dúvida que isto é verdade. mas a mim parece-
unu descriçjo da e sência do capiul.ismo e não uma distorção acidental das suas opera-
soais dos reis serem insuficientes para os seus objectivos era função de objecti,·os mais ambi-
ciosos. Temos então de analisar as pressões que conduziram os goYemantõ a procu.-arem
ções . .: ass im um:i asserçiio que de facto fornece uma boa pane da refutação da primeira afir- desenrnfrer objectirns m:tis ambiciosos.
rm' .3o d~ Sch umpeter. Uma sugestão provém de Archib:ild Lewis. que a liga à disponibililhde de trrrn:
Já ~os em re'' ista os vários aspectos da crise económica dos séculos XIV e XV «Quando ( ... )o soberano tinha distribuído toda a te.rra livre e nenhum:i mais restava, wnoYa-
- coooibuiram para o lento mas estável crescimento das burocracias estatais. Já mencionámos -se-lhe necessário começar a tributar - retomando sob outra forma a riqueu qae tinha :<ntes
igll.'.!lmente a evolução d;i tecnologi ~ .m i litar que. tomou obsoleto o ca,·aleiro medieval e distribuído pelo seu povo ~ " "· Esta necessicbde de tributação a.acional iüo conduziu im:-
assim fortaleceu o poder das autoridades centrais que podiam controlar um grande número de diatamente ao «absolutismo». Pelo contrário. o soberano teve de criar parlamentos para obter.
trop:lS de infamaria. O principal objectivo polírico dos monarcas era a res ta-uração da ordem.
o apoio da nobreza no processo oibutário, mas apenas ..até ao ponto em que os govem:mtes
um pré-requ isito para a recuperação económica De acordo com o resumo sucinto de Géni- se sentiram suficientemente poderosos p:ira dispensar wn tal apoio• " ' '· Dobb <li um.> ênfase
cot. • ao revelar os efeitos perversos de uma quebra de autoricbde. os tempos conturbados diferente a est:i questão. Ele vê a pressão sobre o rei como sendo proveniente niio da =s..<e:Z
estabeleceram as bases para a centralização,. n '. da terra mas da «escassez do trabalho•. O crescimento do aparelho de Estado s.en·iu p:!r7l
. Mas porque é que uis regimes políticos haveriam de surgir nesta época prc- promover"º controlo do mercado do trabalho»"" -
cl5.1? Um.l resposta clássica é falar em termos dos fenómenos centrifugos dos novos
e tarlo . argumento frequentemente utilizado a propósito dos novos estados do século 8. Mo usnier diz da Europa Ckid<ntlll do st<:ulo X\'l: •A~ dum pod<r [<cr.ml] furte!""= e!>
própria composição cbs n><;ões Ji.e .. estados]. Elas s3o unu jusr:aposiç>o d< romunid3des t=i:ori.m. l'""~ -u._
regiões (pays ] . municipal idades. comunidades de 3lóeia t estrutur.l.S corpor:itiYas. uis cerno u Ortkr.s. (_) os D.YpOS
~- l=ph A. Sch1J11lp<t<r. BUJin<" C)-cfrs . L p. 236.
5. I !d_ de funcionários, a.~ uni versidades. as corpor.ições & oIJCios. (_.l O rei rinJ..a de ser ~fi....":io:te~tc furte FJ: ~
trar os seus conflitos e coordenJr os seus esforços ccm ,·isu ao bem comum. \'ll.s a.s tfüi sões e.:re das dlo-lhe ;a
6. •Er..;:re-s.ur à cor.e . ;;..~ do juro C' Xorbitante usU3lmente pronl(tido. .só muito r:ir.uncnte era um bom
~'"JO ~ s1 IT'. esno. !l.fas pr-cisznenle porque uis emprblimos não podiam. em re2r.1. sc-r reembolsados con-
possibilid3de de jogar uma...;, contr.i as outr:lS•. ú.s X\"f• <I :t.TI,.. siidrs. r. 97. O i~--o e nosso.
t.!-.J.ZUI:J à ~ iç:!.J <k ~' ilég.ios e cooces.sõc:s no campo do combcio e d3 indústri:i qu~ eram os grandes ne~ócios Tinha de ser? Porquê assim? Uma cxpl ie&i-ão gt.nêtica r.ir.uncn.tc ~h·c o pmblcnu g"C"1Xoco. àdo que
do t...~. '-·• A as.."t"1"630 dos Fu gge:r a uma pos iç3o jamais igua.lad3 por qu3lquerca.s.:J financtira tem( ... ) muito a não só é possível C'ncarar aJtcmati,·a.11< funcionais como o fracasso cm St' id.entlfh."':llf a rlC\..'"'C'~ iunciam.I t &lo
ver com os cmt....-..;os d< Carlos V llbid .• f. p. 236. n. 11•. só uma contingência possí,·el como freqUC"ntemente a conting(-ncia mais pl3usivd . S~ pc'll'tl!\tn. d:"
• 7 . Gê:--~"Ol. Cambridge EcoffLH'f'fic History uf Euro~. L p. 700. JoSt"ph Scrayer dcfrndc- igualmente que momento, o julgamento sobre a ccau.sa.•.
~~cm~ n:isal tttre o rompuncnto da ordem na B:W..a Idade Médi.3 e a no-.·a disponibilidade d3 aristOCT3Ci3 cm 9. Ver~. \ rt'niu anJ H istory, pp. 421-422
::..: 1=::~~'10 século XV1. EJ~ suspeiu que a "ariá•tcl inten·cnicntc possa estar numa mudança n.a
10. S. N. Eiscnstadt, .. f oliric3l Strug,glc in Bu.ttaucnric Societies•. World Poli!ic.s. lX. 0.J.L 195'6. 11 .
1 t. Archibald Lewis. SJKculum. XXXUI. p. 483 .
. , ..- Ê ~ific-iJ dec~dir ~ fa...1ores f~eram mucbr o compon:unenro das classes possidentcs. Algumas del3S, l 2. l bid.• p. 483. Ver Ed"'-.rd Miller: •A 1enutiva da esubel<=r unu tribumç:i<> dim."'t:l fcnl fai u= d>s
C:S.f«U.lrrc'..c os prornctí'1os menon:s. rinham sofrido tanto com a violê'ncia interna como os pobres e tal como os principais influências por decr.is do ap;uttimcntO, do s«tJlo XJU em dia.'"LtC, de L~mbleilS ~reunindo
~ q:>enam paz e ~guranç:i. Alguns d<tes descobriram q"" podiam aproveitar m1is c:ibaf;.,.,nte o ;...surgimento os vários grupos de contribuintes nas pes5035 dos S<Us procuradores cu d<kgO<los• . FMio1"'1 ÜCOt<H!<il: Hisl.-,ry of
=~-: =~ rna:u~csur-se se apoiassan governos está\'cis. Alguns deles podem ter ficado imprcs- Europ•. I. p. t 4.
.Stau f Princelon. ·~~· Jersey~~c~ 7i:~!~:Ol ~~~ rulo XV•. On tire Medina/ Origin.s of the Modern
13. Dobb, Srudits. p. 2-4. Dobb COQ.tr3Sl.3 ...:inrervmçiodo E.sudo• com • Et"Cnbde- . C'('[OO: dt;."!is modos õe
organizaç3o politica no seio d3S sociecbde.' capitnlisw - unu ,.islo cstt'L~Yfk!nte ti~ pan um mzn:isu.. Ek

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Pode seguir-se dcsla anjlisc que se a crise económica conduziu a um maior poder por tcmpuránca "º'.·
Mas a dife_rcnça de ram:inho e de estrutura quando com .
parte dos monarcas. a expansão económica do século XVI leria lido o efci10 inverso. Em cena da Idade Média rcprcscnia mesmo assim um saho qualitativo_ parada com a dos fill3Js
medida. como vcn·mos. is10 foi verdade. O •primeiro» século XVI fui uma época de esforços Como é que um r~1 ~ecruiava estes homens? Comprava-<)S b . •
de não ter agenles. Ex1st1am pessoas que descmpcnh 0
f · pro lema do rei nao era
unpenai . não de estados fones. como ten:rnos ocasião de d1scu11r no próxuno capflulo. Não 0
rares no reino, mas que não estavam na sua dependé,:.:am unções administrativas e mili-
foi senão após o . fracasso do império• . de que falan:mos pos1cnormen1e, que cslados fones d . - ' e consequentemcnre não estavam
uma vez mais enlrJram cm cena. E na verdade seria apenas o século XVIII que os hisloria- obrigados a execular as suas ec1soes em face de pressões ad,·er~ derivadas .
don:s conceberiam como •a era do absolu1ismo• 11 •>. próprios interesses ou dos dos seus pares e famílias. O rei vira . _ dos seus
De fae10. no en1an10. apesar de flu1uaçõcs na curva, esLamos confrontados com um mente de «Origens modesras,, 117', rransformando-as em pessoal va-sc par. pes'>Oa.S nonnal- .
. . _ . , . permanente pago. A pnnc1paJ
aumento secular do poder es1a1al ao longo da época moderna. A economia-mundo capi- insutu1çao que wmou ISlo poss1vel velQ a ser conhecida como venafdad d
ulista parece ler exigido e facili1ado esle processo secular de crescente centralização e conrraste com as burocracias baseadas numa norma de dcsintere~ li~ e os cargos._Em _
conirolo interno. pelo menos nos es1ados do cenlro. universal, não há dúvida de que estas formas sublinhavam 0 poder 11.nucctdiro ed recru1amen1o
. a o o re1e a pro-
Como é que os reis. que eram os dirigen1es do aparelho esratal no século XVI, se babifidade de o rendimento estalal ~r desviado para pagamemos acrescidos a ~ta burocracia
conseguiram fonalecer? U1ilizaram quatro mecanismos principais: burocratização, mono- venal. Mas, por contraste. com o sistema feudal precedente, a venaJidade !ornou possível a
polização da força. criação de legi1imidade e homogeneização da população a eles sujeira. relativa supremacia. do s1s1ema estatal. Como Hanung e Mousnier afirmam. • apesar das
Trataremos cada um deles isoladamente. aparências, a venahdade dos cargos era na maior pane dos casos fa,·orá,el 30 monarca
Se o rei se fortaleceu. isso deveu-se indubiravelmente ao facto de que ele pôde passar absoluto» <18 '-
a utilizar novos meios. um corpo de funcionários permanentes e dependentes CI SJ. É claro A escolha política era feita pelo rei entre alternativas realistas. De forma a estabeleccr-
que a es1e respeito a Europa limitava-se a aproximar-se da China. Assim, sabemos que uma burocracia racional, o Estado necessitava de uma fonte segura de rendimentos prévia
uma estrulura estalai burocrálica é por si só insuficiente para demarcar as grandes transfor- àquela que a burocracia lhe acarretaria. K. W. Swan sugere que o que falta,·a aos monar-
mações do século XVI e muilo menos para as explicar. Mesmo assim , o desenvolvimento cas no século XVI, ao conrrário dos governos posteriores, era a possibilidade de «conuair
da burocracia estatal foi crucial, porque viria a allerar regras fundameniais do jogo político empréstimos sem atribuir uma pane específica do seu rendimento à garantia do juro• ""·
.ao .assegurar que a panir de então as decisões de política económica não poderiam ser Eles eram apanhados num ciclo porque para obterem esta possibilidade tinham de criar
fac1lmenre tomadas sem passarem pela estrutura estatal. Ele significava que a energia de primeiro um aparelho de Estado mais fone. A venalidade dos cargos tinha a ,-inude de for-
homens de lodos os estratos tinha de se canalizar numa parcela significativa para a con- necer tanto rendimento imediato (a venda do cargo) como pessoal. É claro que isto ia a par
e.qu1s1a d~ reino político. Para ser mais preciso, eslamos ainda a falar nesta época de uma com o desenvolvimento de um grupo organizado de funcionários venais. com interesses
burocracia relativamente pequena, pelo menos quando comparada com a da Europa con- próprios <20>. Para ser mais preciso, a venalidade cria um «círculo vicioso,., como Richard
Ehrenberg· salienta, em que a burocracia crescente devora o rendimento e cria dí•i das con-
~P!kª a sua alternância em rcrmos da escassez de lrabalho . .c A liberdade floresce mais sob o capitalismo quando duzindo a necessidades fiscais do Estado ainda maiores 1211 • O truque consistia em transfor-
. ,.,~ª um prolewiado superabundante, o ~odo de produção é seguro, enquanro que a compulsão legal se 10~
:~:n: ~p::fce!~~~~~~e~~p~~°J~~)~~a e o modo de produção se toma menos rentável como fonte 16. • O espectácuto de grandes máquinas poUticas pode ser uma imagem enpnadvn.. COIJl!=l'l'lo as do
século XVI com as do século XV, vemo-las dcsordcnadamcnre aumentadas em tamanho. Ma.se alnd:I reWi ,·o. Se se
14. Ver, por exemplo, Max Beloff, The Age of Absolu1ism, 1660-1815 (Nova Iorque· Harper 1962) pensa nos rempos actuais e na massa enonne de funcionários ci\•is que trabalham p;l13 o Estado. o númc:ro de
ttórico ~~~~ i~~~ que rcs::,d.i~ enlào pela diferença cmrc um absolurfamo real no século X.VI e um ~bsolu;ismo "funcionários" no século XVI é ridiculamen1e pequeno• . Braudel, La Midiu"anü.11. P· 37.
mitcntementc? ia. um a uusmo que nunca se tomou real ou o foi apenas momenlânea, descontínua e inter-
:~: ~~~;·o"~~~"ricnniciu aos reis de Espanha trazer as municipalid3dcs par>• SUJ pro<ecçio.~que: deu cm
e c:11;tensã~c=~:::u~~d a no,ssa resposra num .novo ó~ão estrutural interno do Esrado, isto é, no reforço França a Luís Xll, Francisco 1 e Henrique li. Henrique IV e Luís Xlll_wn llo poderoso meio de influtll<:l• sobre 1
o que chamamos hoje ··i~~i~~ ~~! i~=~~ores publicas'. os ."funcionário~" do ~i- (ou do prindpe) _ Cone e sobre as companhias. (... ) Foi só após a Guerra da Sucessão da Austria (1 7481 que• venalid>de(-l sc tomoo
vidas .. actividadc diária do Esiado Sq0 b d ndo para 0 pnmetro plano da vida pubhca e esravam envol- msuportáveJ ,.. Hanung e Mousnicr, Rtla:ioni dtl X Con.~rtsso. IV. P· 48.. ,.
pp. 63-64. · retu 0 quanto a ..assuntos" externos -.. Chabod, Acte.r du C.olloque, 19. K, W. Swan, Sale ofOffices in the Se.-tntunth Cen1urJ <.Haia: Nijhoff. l9-l:~·i~~ia dos fun-
Edouard Perroy defende que este processo com F . 20. «A medida que cresce a regra da fiscahdade na monarqul3. também ª~ . fi .
1
ridade privada do rei em França lanio se h ·ai eçou em rança Já no século XIII: • Ü progresso da auro- cionários financeiros no Esiado, À medida q.ue a vcnalidade se descm:olve. ?" ~""'=u~i::,;,u.::;
fccnlr.llJ. (...) • n on como feudal, levou ao desenvolvimento dos órgãos de podei-
P!1cam-sc, organizam-se, 1untam -se cm associações que levam à cx_1en530. doam. Ho«s instirutiorll administrati-
(No) úhimo quanel do siculo XIU, o poder real sem . . . vista assegurarem mais lucros para si mesmos•. G. Pag~s. «Essa1 sur 1 évolu°'.°'1 . modr n.s n • 1 Jan.-
transfo~·sc na sua narurcza. sob a influência de dois facto deu:ar de. se _10'!1ar cada vez. mais forte, começou a vcs en France du commencemenr du XVI' siecle à la fin du XVII'•. Rr>·ue JhWOIFt '"" ·• · •
J~~1aJ. ( ...) O ourro. igualmente importa111e, foi a ressã~sd Um fo1 ~ideia de absoJuusmo, de poder pú~lico ·Fev. 1932, 26. . nec<SS4riopelascondiçõcsquc:vimos.
munus1mo com a co~p!exidade cresceme da adminislra~o ~o usoos próprios h_omens d~ rei, cujo número crescia 21. •Um endividamenro excessivo por parte dos principes tra lornodo nJwnenio de ramos indi-
;!asse começav~ a ex1s11r, a dos agentes do pOOer, dos homens da le~~da vez mais genera11zado da escri1a: uma nova E.le não podia ser suportado sem o sistema de arrcnuamen10 Jlos imposl,':::; .~:.,;:.~iro. que era incvi!Jvet
rpos de ~ssoa~ govcmamenta.J, os depositários colcctivos dum ~a pena. (... ) Nesse momento, com efeito, os v1duais de rcndimenro. lsro conduzia a uma degenerescência assus~c dos débilos•. Richard Ehrcnberg, Capital
seus própnos mcms, começavam a eclipsar o persona 1 a aurondade que era agora capaz de se mover pelos enquanto durassem as circunstâncias que levavam ao amontoar constan
gem rea •. ú Moyen Age, pp. 372-373. and Financt in the Age ofrht Renaissanct (Nova Iorque: Harrourt. 1928 >· 39·
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Pode seguir-se dcsla anjlisc que se a crise económica conduziu a um maior poder por tcmpuránca "º'.·
Mas a dife_rcnça de ram:inho e de estrutura quando com .
parte dos monarcas. a expansão económica do século XVI leria lido o efci10 inverso. Em cena da Idade Média rcprcscnia mesmo assim um saho qualitativo_ parada com a dos fill3Js
medida. como vcn·mos. is10 foi verdade. O •primeiro» século XVI fui uma época de esforços Como é que um r~1 ~ecruiava estes homens? Comprava-<)S b . •
de não ter agenles. Ex1st1am pessoas que descmpcnh 0
f · pro lema do rei nao era
unpenai . não de estados fones. como ten:rnos ocasião de d1scu11r no próxuno capflulo. Não 0
rares no reino, mas que não estavam na sua dependé,:.:am unções administrativas e mili-
foi senão após o . fracasso do império• . de que falan:mos pos1cnormen1e, que cslados fones d . - ' e consequentemcnre não estavam
uma vez mais enlrJram cm cena. E na verdade seria apenas o século XVIII que os hisloria- obrigados a execular as suas ec1soes em face de pressões ad,·er~ derivadas .
don:s conceberiam como •a era do absolu1ismo• 11 •>. próprios interesses ou dos dos seus pares e famílias. O rei vira . _ dos seus
De fae10. no en1an10. apesar de flu1uaçõcs na curva, esLamos confrontados com um mente de «Origens modesras,, 117', rransformando-as em pessoal va-sc par. pes'>Oa.S nonnal- .
. . _ . , . permanente pago. A pnnc1paJ
aumento secular do poder es1a1al ao longo da época moderna. A economia-mundo capi- insutu1çao que wmou ISlo poss1vel velQ a ser conhecida como venafdad d
ulista parece ler exigido e facili1ado esle processo secular de crescente centralização e conrraste com as burocracias baseadas numa norma de dcsintere~ li~ e os cargos._Em _
conirolo interno. pelo menos nos es1ados do cenlro. universal, não há dúvida de que estas formas sublinhavam 0 poder 11.nucctdiro ed recru1amen1o
. a o o re1e a pro-
Como é que os reis. que eram os dirigen1es do aparelho esratal no século XVI, se babifidade de o rendimento estalal ~r desviado para pagamemos acrescidos a ~ta burocracia
conseguiram fonalecer? U1ilizaram quatro mecanismos principais: burocratização, mono- venal. Mas, por contraste. com o sistema feudal precedente, a venaJidade !ornou possível a
polização da força. criação de legi1imidade e homogeneização da população a eles sujeira. relativa supremacia. do s1s1ema estatal. Como Hanung e Mousnier afirmam. • apesar das
Trataremos cada um deles isoladamente. aparências, a venahdade dos cargos era na maior pane dos casos fa,·orá,el 30 monarca
Se o rei se fortaleceu. isso deveu-se indubiravelmente ao facto de que ele pôde passar absoluto» <18 '-
a utilizar novos meios. um corpo de funcionários permanentes e dependentes CI SJ. É claro A escolha política era feita pelo rei entre alternativas realistas. De forma a estabeleccr-
que a es1e respeito a Europa limitava-se a aproximar-se da China. Assim, sabemos que uma burocracia racional, o Estado necessitava de uma fonte segura de rendimentos prévia
uma estrulura estalai burocrálica é por si só insuficiente para demarcar as grandes transfor- àquela que a burocracia lhe acarretaria. K. W. Swan sugere que o que falta,·a aos monar-
mações do século XVI e muilo menos para as explicar. Mesmo assim , o desenvolvimento cas no século XVI, ao conrrário dos governos posteriores, era a possibilidade de «conuair
da burocracia estatal foi crucial, porque viria a allerar regras fundameniais do jogo político empréstimos sem atribuir uma pane específica do seu rendimento à garantia do juro• ""·
.ao .assegurar que a panir de então as decisões de política económica não poderiam ser Eles eram apanhados num ciclo porque para obterem esta possibilidade tinham de criar
fac1lmenre tomadas sem passarem pela estrutura estatal. Ele significava que a energia de primeiro um aparelho de Estado mais fone. A venalidade dos cargos tinha a ,-inude de for-
homens de lodos os estratos tinha de se canalizar numa parcela significativa para a con- necer tanto rendimento imediato (a venda do cargo) como pessoal. É claro que isto ia a par
e.qu1s1a d~ reino político. Para ser mais preciso, eslamos ainda a falar nesta época de uma com o desenvolvimento de um grupo organizado de funcionários venais. com interesses
burocracia relativamente pequena, pelo menos quando comparada com a da Europa con- próprios <20>. Para ser mais preciso, a venalidade cria um «círculo vicioso,., como Richard
Ehrenberg· salienta, em que a burocracia crescente devora o rendimento e cria dí•i das con-
~P!kª a sua alternância em rcrmos da escassez de lrabalho . .c A liberdade floresce mais sob o capitalismo quando duzindo a necessidades fiscais do Estado ainda maiores 1211 • O truque consistia em transfor-
. ,.,~ª um prolewiado superabundante, o ~odo de produção é seguro, enquanro que a compulsão legal se 10~
:~:n: ~p::fce!~~~~~~e~~p~~°J~~)~~a e o modo de produção se toma menos rentável como fonte 16. • O espectácuto de grandes máquinas poUticas pode ser uma imagem enpnadvn.. COIJl!=l'l'lo as do
século XVI com as do século XV, vemo-las dcsordcnadamcnre aumentadas em tamanho. Ma.se alnd:I reWi ,·o. Se se
14. Ver, por exemplo, Max Beloff, The Age of Absolu1ism, 1660-1815 (Nova Iorque· Harper 1962) pensa nos rempos actuais e na massa enonne de funcionários ci\•is que trabalham p;l13 o Estado. o númc:ro de
ttórico ~~~~ i~~~ que rcs::,d.i~ enlào pela diferença cmrc um absolurfamo real no século X.VI e um ~bsolu;ismo "funcionários" no século XVI é ridiculamen1e pequeno• . Braudel, La Midiu"anü.11. P· 37.
mitcntementc? ia. um a uusmo que nunca se tomou real ou o foi apenas momenlânea, descontínua e inter-
:~: ~~~;·o"~~~"ricnniciu aos reis de Espanha trazer as municipalid3dcs par>• SUJ pro<ecçio.~que: deu cm
e c:11;tensã~c=~:::u~~d a no,ssa resposra num .novo ó~ão estrutural interno do Esrado, isto é, no reforço França a Luís Xll, Francisco 1 e Henrique li. Henrique IV e Luís Xlll_wn llo poderoso meio de influtll<:l• sobre 1
o que chamamos hoje ··i~~i~~ ~~! i~=~~ores publicas'. os ."funcionário~" do ~i- (ou do prindpe) _ Cone e sobre as companhias. (... ) Foi só após a Guerra da Sucessão da Austria (1 7481 que• venalid>de(-l sc tomoo
vidas .. actividadc diária do Esiado Sq0 b d ndo para 0 pnmetro plano da vida pubhca e esravam envol- msuportáveJ ,.. Hanung e Mousnicr, Rtla:ioni dtl X Con.~rtsso. IV. P· 48.. ,.
pp. 63-64. · retu 0 quanto a ..assuntos" externos -.. Chabod, Acte.r du C.olloque, 19. K, W. Swan, Sale ofOffices in the Se.-tntunth Cen1urJ <.Haia: Nijhoff. l9-l:~·i~~ia dos fun-
Edouard Perroy defende que este processo com F . 20. «A medida que cresce a regra da fiscahdade na monarqul3. também ª~ . fi .
1
ridade privada do rei em França lanio se h ·ai eçou em rança Já no século XIII: • Ü progresso da auro- cionários financeiros no Esiado, À medida q.ue a vcnalidade se descm:olve. ?" ~""'=u~i::,;,u.::;
fccnlr.llJ. (...) • n on como feudal, levou ao desenvolvimento dos órgãos de podei-
P!1cam-sc, organizam-se, 1untam -se cm associações que levam à cx_1en530. doam. Ho«s instirutiorll administrati-
(No) úhimo quanel do siculo XIU, o poder real sem . . . vista assegurarem mais lucros para si mesmos•. G. Pag~s. «Essa1 sur 1 évolu°'.°'1 . modr n.s n • 1 Jan.-
transfo~·sc na sua narurcza. sob a influência de dois facto deu:ar de. se _10'!1ar cada vez. mais forte, começou a vcs en France du commencemenr du XVI' siecle à la fin du XVII'•. Rr>·ue JhWOIFt '"" ·• · •
J~~1aJ. ( ...) O ourro. igualmente importa111e, foi a ressã~sd Um fo1 ~ideia de absoJuusmo, de poder pú~lico ·Fev. 1932, 26. . nec<SS4riopelascondiçõcsquc:vimos.
munus1mo com a co~p!exidade cresceme da adminislra~o ~o usoos próprios h_omens d~ rei, cujo número crescia 21. •Um endividamenro excessivo por parte dos principes tra lornodo nJwnenio de ramos indi-
;!asse começav~ a ex1s11r, a dos agentes do pOOer, dos homens da le~~da vez mais genera11zado da escri1a: uma nova E.le não podia ser suportado sem o sistema de arrcnuamen10 Jlos imposl,':::; .~:.,;:.~iro. que era incvi!Jvet
rpos de ~ssoa~ govcmamenta.J, os depositários colcctivos dum ~a pena. (... ) Nesse momento, com efeito, os v1duais de rcndimenro. lsro conduzia a uma degenerescência assus~c dos débilos•. Richard Ehrcnberg, Capital
seus própnos mcms, começavam a eclipsar o persona 1 a aurondade que era agora capaz de se mover pelos enquanto durassem as circunstâncias que levavam ao amontoar constan
gem rea •. ú Moyen Age, pp. 372-373. and Financt in the Age ofrht Renaissanct (Nova Iorque: Harrourt. 1928 >· 39·
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mar 0 círculo numa espiral ascendente e m que a burocracia era suficiente mente eficiente
quando comp~rado com esta.d os posterioresC2•' . Mesmo assim , a fraq ueza do Estado"
parn espremer da população um excedente superior aos cu~to_s d~ m:mu_te nção do aparelho.
enquanto manipulador financeiro não contraria 0 facto de a~ div ida.~ nacionais reflcctirem
Ah: uns estados conseguiram-no. Outros não. O fac tor de d1stmçao crucial sena o seu papel
os interesses. autó nomos cresce~tes dos estados enquanto actorcs eronómicos, actores que
na-economia-mundo. no e_n tanto tinham uma capacidade especial para pros~guirem os seus objecti vo.s eco-
: A espiral ascendente funcion ava mais ou menos assim. As vantage ns momentâneas nó micos.
obtid a~ pelo rei nos fin ais d a Idade Médi a dev ido às dificuldades econó micas da nobreza Talvez que o uso mais impoilantc a que o excedente de dinheiro era afectado, uma-:,,
gcr.iram os fundos que to m aram possíve l o início da «aquisição » de uma burocrac ia. Por seu vez deduzidos os custos da máquina administrativa utilizada na sua colecta. fo~r.e a criação ' --
turno. isto tomo u possível lanto o tributar mais co mo o contrair mais e mpréstimos. Naquelas de'exé rcitos permanentes. Uma vez mais, a fonna como os estados obtinham inici almente o '
:ireas da economia-mundo cm que a tra nsfom1ação económica se processava de forma a garantir seu pessoal era a compra. A contrapartida dos burocratas «venais• e ram os w ldados «mer-
uma paile desproporcionada do excedente mundial, o s estados viram facilit ados a tributação cená rios». ..J
e o em préstimo. um mero rellexo da confiança que de positavam no futuro os eleme ntos que Que m, no entanto, estava disponível para ser comprndo? Não era bem qualq uer um.
pos,uíam moeda . O s estados usa vam estes rendime ntos acrescidos para aumentarem o seu uma vez que ser-se mercenário era uma ocupação perigo. a. embora ocasionalmente compen-
poder coerciti vo que. por sua vez, aumenta va o que se poderia designar por «confiança no sadora . Não era, em termos gerais. uma ocupação de eleição. Aqueles que podiam sair-se
potencial coe rcitivo» do Estado. melhor, faziam-no gostosamente. Era por isso uma ocupação cujo recrut.amemo era geográfica 1
Isto tom ou possível o a parec imento de dívidas nacionais, ou seja, orçamentos e statais e socialmente distorcido, parte e parcela da nova divisão do trabalho e urope ia ,
defi c i tário~. A d ív ida nac ional era desconhecida no mundo anti go e impensáve l na Idade Média, O crescimento populacional na Europa Ocidental conduziu. como ti vemos ocasião de '
1
i dada a fraqueza dos gove rnos centrais e a incerteza na sucessão. Somente co m o regime de mencionar, ao fenómeno da «vagabundagem». Crescia por todo o lado um ~ lumpen- prole ­
Francisco 1 e m França. no século XVI. é que encontramos. pela primeira ve z, este fenómeno ta riado». Ele era uma ameaça à ordem ainda não muito bem estabelecida dos novos estados.
i económico°"'. Isto porq ue as dív idas nacionais só podem ex istir quando o Estado pode forçar Incorporar alguns nos ex ércitos acarretava múltiplas vantagens. Fornecia emprego a alguns e
as pessoas a aceita rem atrasos no seu pagame nto o u e m momentos opoilunos recusa r-se a pagá- utilizava esse grupo para suprimir os outros' 21 '. Dava aos reis novas armas para controlarem

t
-las .forçando-as ~ imulta n eam ent e a fin a nciar cm espéc ie e por intermédio de outras operações os senhores mas também para os sustentar. V. G. Kieman indicou quantos destes mercenários_,
de títulos o défi ce corrc nlc. Faz paile do jo go assegurar rendime ntos crescentes pa ra a Coroa. provieram de cantos «menos desenvolvidos• da Europa Ocidental: da Gasconha. da Picllrdia.
Esta necessitava de dinheiro pa ra edificar o seu apare lho de Estado e tinha apare lho de Estado da Bretanha, de Gales, da Córsega, da Sardenha, da Dalmácia. «No conjunto, um número
suficiente para obte r o d inheiro . O sistema utili zado não e ra ainda tanto o mercantili smo, uma espantoso destas zonas de recrutamento situava-se nas regiões montanhosas limítrofes da
política apostada cm fo rtalecer a lo ngo prazo a base fisc al do Estado, co mo o « fi s~ali smo ~ . Europa, habitadas por povos estrdnhos como os celtas ou os bascosH '"''· E. segundo parece ,
na expressão de Martin Wolf "''. uma política apostada e m a um enta r o rendimento i!ftediato acima de tudo, da Suíça 127' .
do Estado.
Nesta altura. apesar disso , a falta de um a pa relho financei ro estatal digno desse nome 24. «Os vastos c:stados não estão ainda cm contacto lotal com a mas.s.a dos contribuirno e pcnu:ato C3JliilUS
era ai nda gritante, «um o ut ro sinal de fraqueza», como di z Braudel, do Estado do século XVI, de ex plorá-las à vontade: daqui a sua peculiar fraqueza fiscal e, consequentemente. fi nancein.. faccptuando luru
poucos de lugares cm! l!ália, na ponia final do súulo XVI. os estados não tinham ainda Tcsour:irias ou B:inros de
Es1ado•. Braudel. lo Miditerranét.11 . p. 39.
22. Ver Earl J. l-l am ilton .... Qrigi n and Grow1 h of the Na1iona l Debt in We!tlc:m E urope•, American Economic 25. Fritz Rcdlich indica que havia duas espécies de merce~ - Havi a certamente individum: de~r&i1~
R~ \Ü"K . XXXVJI . 2. ~1aio 1947. 11 8- 130 . Esta afi rmação é verdadeira se fa lamos de e stados presentemente cx is- - na linguagem da ~poca/ahrendes Vo lk . \'agabundos. Havia também na Suiça e na A le~ uma v1nedadc _rnJ.~5
~ntC'\ . Realmemc. 1al como com mu ito' íc nóme: nos mode rno~. o q ue havia na ç c idade!'I ita li a na~ do Renasc imento • sedentária • que «permanecia enrai zada na.~ suas comunidades locais•. Es1es cn m ~tc•dos. com um.a mt~l8
era um .._ prt -Enado .. . Marvin B: Bcckc r ~cg ue o c r~ime n lo duma dívida pública c: m Florenç a a pan ir d uma ..-soma con vocada cm emergênci as . ..Thc Gcnnan Mil itary Entrcpriscr and lfü Work Forcc- . 1. Vu rrrl1a'1rschr 1ftfor So=ial#
inJ1igmficantc .. em 13íJ3 para um a , uma aproà 1mada mcn1 e igual em 1427 à riquc7..a tolal da po pulaç ão ílorcnl ina. •md Wimcl1af1.rRest·hichte. Sup. n.• 47, 1964. 115· 117.
Ver • E.conomM: Changc .ilnd 1hc Eme rging Florentinc Territorb l Sta1c ... Studie.f in rhe Rt nai.u anct. XIII . 1966. 7-9. 26. V. G. Kieman , 61foreign Mercenaries and Absolutc Monarchy• . Pa.st & PrrJt"t. n! 11. Abci l
23. ~1 amn W1,lfc. · Fl ~a l and fa:onornic Polic y m R t:na i .,~nce France .... Third lnternatitmul Conferenct of 1957, 70. . .
Ervri.omii ll1w10. \ 1uniqu.e . 1%5 <Pari (ó: Moutr>n, 1968J. 61<7-689. Ver Fcmand Braude l: .. c omeçando no ~c ul o 27. • Em frança. cujo exemplo foi decisivo~ a Europ~. Luís XI inaug~rou um S15ttml des una.do a
XV I e L-om m_<::1\ e ~pkndo_r t'le\tc !.éculo d.e renovação. o\ e\tado\ - pelo menos aqueles que: hav i;!m de \•iver. pros- sobreviver ai~ à Revolução quando. cm 147~. aJistou auxiliares suíços por acordo feno ~om ~ Cantl>cs. ~então
perar.e ~'pec1al~nte re,.1, 111 à"I exau ~t i ... a\ âe"lpt:\a... d.il guerra terre~tre e mari1ima - domi nam, dcfonnam a vida cm diante a Suíça, convenientemente pró:..ima, foi para os re is francc~ o que Ga.lcs unha 11do panos ingk~
econi:..muca. '-!J)C tt.a':11-r.a a urna lt1.a de con!.trang1mcntrr;:: ele\ cêi pl uram -na com a ~ ua rede. É gra nde a tentação de llhid .. p. 721 • . . . V 1f
Ouon La.skowski atribui a popularidade dos ~~cnários suíços à su3 c. o mpc~!ncia malnar. er • n antry
u ph.ca11~ atrav~ ~ de~J<" e da<1 fraque1_a, do \ C\t.J dn~ . do' .-.C U\ jogO\ i mtáve i~. Ma'i. a hi\ tória n ão tem nunca
um 1~ '° P<..de corilll.do ckferxkr-\C com '6l1 ck_r.. a.rgumento\ a pro~ i ção ~ gundo a qua l a parte da vi da económica
Tactics and Firing Powcr in lhe XVllh Ccn1u1p. Ttb Huroryr:n<, IV, 1950. 106- 1L . . .
EJcs eram tanto mais nccess:1rio!"t à Franç.a quanto ncs.s.a alNni a mfantana frances.J_era nolOl'l3mt.nte 1nfc·
Cf'X ni:'iu _altu;a c:ra ma ~ \ mcxlema. aquela que prom<:.me nte de..,ig.nariarn l)(i como ope rando por dentro da urd idura
do capn.a!,,rrt0 mcrcanu} de gr~nd.c C\Cala. C\ tavrs ligada a e\le\ ah<K e bai x~ fi n:Jnceiros do Estado; esti mulada e rior. A explicação . segundo Sir Charles Oman. era _que ctiranOO ~ n:~i_men:"'s:í\~~~~~r~7r:.~:Cef
~!.1ad:l pelo E\tado. é progrcs.w.iameme para l i ~'2da pela gul a dc\le Uh1 mo e pela e~ l e ri lídade inevi tável de despesas 1uamentc a ser recrutada.e; à pressa. e eram despt:'.d 1 ~ q~ uma cn.s:.a ~ ~ num r.u.o m:ii' d.pido do que
publica..' dema.uado pesada\. fata gula e e."3 inc fM:ác1a - grandes forçac; da hi i;;t6ria - dese mpenharam um papel War, p. 45. Isto leva-nos a pcrgunlar porque é que a mfanlana francesa :ta
pt'df t
cm qualquer outro lado. A rc5 ~ta não ~ clara. nem o facto ~ certo. · s. se O or ·
mJ,
um• cndic~ da t.uta
no que ~na~ ~ft~xo 1rephl ~ ~culo X~' f .... • Le p3Cte de ricor.!ta au K rvi ct du roi d ' Espagnc ct de ses pré1curs à
la fm du XVI .,,,_ .,._ m .Sri"11 1n º"'"' d z Armando Sapqri IMil:W: lsti1u10 Edil. Cisalpino, 1957). li . l 115. acfrrima da monarqu ia francesa para criar um Estado forte.

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mar 0 círculo numa espiral ascendente e m que a burocracia era suficiente mente eficiente
quando comp~rado com esta.d os posterioresC2•' . Mesmo assim , a fraq ueza do Estado"
parn espremer da população um excedente superior aos cu~to_s d~ m:mu_te nção do aparelho.
enquanto manipulador financeiro não contraria 0 facto de a~ div ida.~ nacionais reflcctirem
Ah: uns estados conseguiram-no. Outros não. O fac tor de d1stmçao crucial sena o seu papel
os interesses. autó nomos cresce~tes dos estados enquanto actorcs eronómicos, actores que
na-economia-mundo. no e_n tanto tinham uma capacidade especial para pros~guirem os seus objecti vo.s eco-
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gcr.iram os fundos que to m aram possíve l o início da «aquisição » de uma burocrac ia. Por seu vez deduzidos os custos da máquina administrativa utilizada na sua colecta. fo~r.e a criação ' --
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uma paile desproporcionada do excedente mundial, o s estados viram facilit ados a tributação cená rios». ..J
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poder coerciti vo que. por sua vez, aumenta va o que se poderia designar por «confiança no sadora . Não era, em termos gerais. uma ocupação de eleição. Aqueles que podiam sair-se
potencial coe rcitivo» do Estado. melhor, faziam-no gostosamente. Era por isso uma ocupação cujo recrut.amemo era geográfica 1
Isto tom ou possível o a parec imento de dívidas nacionais, ou seja, orçamentos e statais e socialmente distorcido, parte e parcela da nova divisão do trabalho e urope ia ,
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i dada a fraqueza dos gove rnos centrais e a incerteza na sucessão. Somente co m o regime de mencionar, ao fenómeno da «vagabundagem». Crescia por todo o lado um ~ lumpen- prole ­
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Nesta altura. apesar disso , a falta de um a pa relho financei ro estatal digno desse nome 24. «Os vastos c:stados não estão ainda cm contacto lotal com a mas.s.a dos contribuirno e pcnu:ato C3JliilUS
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22. Ver Earl J. l-l am ilton .... Qrigi n and Grow1 h of the Na1iona l Debt in We!tlc:m E urope•, American Economic 25. Fritz Rcdlich indica que havia duas espécies de merce~ - Havi a certamente individum: de~r&i1~
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Ver • E.conomM: Changc .ilnd 1hc Eme rging Florentinc Territorb l Sta1c ... Studie.f in rhe Rt nai.u anct. XIII . 1966. 7-9. 26. V. G. Kieman , 61foreign Mercenaries and Absolutc Monarchy• . Pa.st & PrrJt"t. n! 11. Abci l
23. ~1 amn W1,lfc. · Fl ~a l and fa:onornic Polic y m R t:na i .,~nce France .... Third lnternatitmul Conferenct of 1957, 70. . .
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XV I e L-om m_<::1\ e ~pkndo_r t'le\tc !.éculo d.e renovação. o\ e\tado\ - pelo menos aqueles que: hav i;!m de \•iver. pros- sobreviver ai~ à Revolução quando. cm 147~. aJistou auxiliares suíços por acordo feno ~om ~ Cantl>cs. ~então
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Ouon La.skowski atribui a popularidade dos ~~cnários suíços à su3 c. o mpc~!ncia malnar. er • n antry
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um 1~ '° P<..de corilll.do ckferxkr-\C com '6l1 ck_r.. a.rgumento\ a pro~ i ção ~ gundo a qua l a parte da vi da económica
Tactics and Firing Powcr in lhe XVllh Ccn1u1p. Ttb Huroryr:n<, IV, 1950. 106- 1L . . .
EJcs eram tanto mais nccess:1rio!"t à Franç.a quanto ncs.s.a alNni a mfantana frances.J_era nolOl'l3mt.nte 1nfc·
Cf'X ni:'iu _altu;a c:ra ma ~ \ mcxlema. aquela que prom<:.me nte de..,ig.nariarn l)(i como ope rando por dentro da urd idura
do capn.a!,,rrt0 mcrcanu} de gr~nd.c C\Cala. C\ tavrs ligada a e\le\ ah<K e bai x~ fi n:Jnceiros do Estado; esti mulada e rior. A explicação . segundo Sir Charles Oman. era _que ctiranOO ~ n:~i_men:"'s:í\~~~~~r~7r:.~:Cef
~!.1ad:l pelo E\tado. é progrcs.w.iameme para l i ~'2da pela gul a dc\le Uh1 mo e pela e~ l e ri lídade inevi tável de despesas 1uamentc a ser recrutada.e; à pressa. e eram despt:'.d 1 ~ q~ uma cn.s:.a ~ ~ num r.u.o m:ii' d.pido do que
publica..' dema.uado pesada\. fata gula e e."3 inc fM:ác1a - grandes forçac; da hi i;;t6ria - dese mpenharam um papel War, p. 45. Isto leva-nos a pcrgunlar porque é que a mfanlana francesa :ta
pt'df t
cm qualquer outro lado. A rc5 ~ta não ~ clara. nem o facto ~ certo. · s. se O or ·
mJ,
um• cndic~ da t.uta
no que ~na~ ~ft~xo 1rephl ~ ~culo X~' f .... • Le p3Cte de ricor.!ta au K rvi ct du roi d ' Espagnc ct de ses pré1curs à
la fm du XVI .,,,_ .,._ m .Sri"11 1n º"'"' d z Armando Sapqri IMil:W: lsti1u10 Edil. Cisalpino, 1957). li . l 115. acfrrima da monarqu ia francesa para criar um Estado forte.

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Kicman argumenta que c:sre padrão de r~crutamenro n:lo foi apena ~ dircclamcntc
Pan além di \so, não hoe trata va apenai de °' c:úrtit.o; rr.c:r~ uf cr crem 1
re l"'flÚ'·cl r<lo conrrolo d• explosão social do século XVI '"'; 1c ve lamb<!m um segundo crnprcgo aos pobres e ''P"'r1unidadc-" t rnpreuriaí \. f.h u b dtf)! lltih:un óe w:f 4t! ar~.
im px10 mah subril. embora iguaJmeorc import:mte. se nos lcmhrannos que, na.-. nossas
Tipícame~tc, º' rncrctstfore1 de vf vc.rcs acompan1iavam °' n.i rcur1t no n.nipo de opc::r~.µ , ,
pal.l\'f3S. cc;C..uno s a lidar com uma economia-mundo: liervindo 1g u.alrnc nle de 1n1c nncd1 ~110~ pata o lalfúe m .. Al:im J: cn tt 'ifr t urnr:rtU ({IK 0 ~
eh rnc,....•.. tóm>' de rrcrut..a.mcnro de mcrc:cn.irim m<tnliver.t m--.c politic3mcn1c C\ lagnados qu;.in1o ICC" ÍmtnlO afuncnlaJ do C~~~C Jtl) f ~I um t.!tfrnulo fuOO..meriU I íJ<IU a pr'.A: l;,Ji í"....,,~~ L~H:alifcta
comparltd<,.. com 01-.cu \'i1i nho:s, de certa fonn;1 como aconrcc:cu c.:om o Nepal e o Punjab, duati: regional na lngl atc~a d11s 1udor 4 '.e que atie\timuloo oCQfllifrc. ~iupr~x -1~ h.w~ W40
g~ndc\ ~ f't .l\ de r<X' rulam cn1n para o C'.1.bcil<J hri1ânico. No 4uc fC\ J>Ci la à Suí~· a , º' três ~fr ulo"i maí c; plau1fvcl hC 11 vcnr11"' crr.1 tonla 4uc ''"'e.si.oda\ umJ..t.rn \.C'f (lir411l .r. r n>'~·).ilbtJ~ de:
de: ~1mb10\C c om tt Franç a t lc:\ p(Hlc.<1 ll'" c rarn c1 m~~u é 11c i;1"' m;1ligna"i . A polí1ic: a canromd foi garanl ir que u,1i ~uas burcx.rnc1a1 crc\Ct:ntc\ l.IVC\ "'Cm 1g ua.Jmc-mc corm.dai... A C ). ~)~ do
corromp1d:1 pt" l.1\ t;n a\ rt·<C"bi1Ja \ pc !n li c:r-nc1amen ro da cA:p<Jr1 ;u,:fío de v1ldad11\, e drltllrl'I de c;ipi1afümo veio a ~ ~ im M:rvir a.\ ncct ,.,\id.adc:1 de curtn pra:r.11 do b .i....drJ.
parric iO'I :wmt" nf4tram íl '<: U pocter à c:u, ra Jo flO\'o ( ... ). Corno Alfieri vi ria a notar ;unargame mc, Aqui, como c:om a hurc.x:rada civil, o m<1rusru enfrcntav;, um dak:tru O cmpsNJ't0
ci lc'\ horncm li vre\ da\ mnn1anha\ 1om3r:un -i.c no' principai\ cãc•H lc· fila c.fa lirania. A hi.!i lória milirar era um adjunro nccc~~ário à procura de poder ptl11 mon..u ca.. Mu [;,:mt*rn dr-:nn a &.:J1i3
curop:ia. podc rrn le r 1omadn urn .\C ntido difercnle se os i. uíçu ~ M: 1i vcsscrn rna111ido uma força hoa pane drnt cxccdcnl.ci. Sem dúvida tjllC o cmpre11an o rn iliw en um as;cmc do prf!JC.' tpc"
tlo rcvnluc.1onária cm 152-1. qu:.indu i.<: rravou a Guerra <.lf•, ümpU11C\CS, (;IJ1l10 oero1m cinquenta
rnai ~ digno de coutiança do que um Va\\alo nobre, ma~ cm Glumo. ;.n.il1v. umbém c..k prl.X:-.c,.
:.Lnos ante\ il'' 1•
g uia prioritariamcult º'
J.Cw1 próprio.;; intc:tt•SC:'\. Pohrc: do prfnc1 p:: t t1;.11 hqu1&l filha~ · ,~~
Ô \ rnc rccná rin~ nem ~c4ucr eram recrutados c.Jircctamcntc pe lo E~tado, na maior parte Cont udo, a prohahilidadc de i"oacr>ntccer era uma vez ma" lunçkl din:cto do p;.pr:I do (:u..do
d~ ca.\Os. O aparelho cxi\tcnle não o permitia. Pelo con1r:írio, o E\tado fazia c.:on 1ra1os com na cconomia-mundn.
•empre c;;ário~ mili~irc: .. ... que v í ~ avam a nhlcnção de lucros. Rcdlich duvida 4uc cMe fos~c um Alé um ccno porllo, cm qual4ucr c..-:a~o.t.J!l cxtrciuJS p;tgli"·am ·sc J •i prflpOCI'\-. h io porq~ ·
{
meio óptimo de Jcumul:tç:lo de c;1pi1al. uma vez que o ~u rcndirncnw era ••cx1r.:.ior<linariarncn1c tomavam pos~ fvci s mai11 irnpn~IOs. Uma vez que *'º pc.10 !deites 1mpc~tn\ J recaia cp.ai.e:
inteiramente ,.;ohrc o povo - cspccialrrK?ntc M'"...flrc os: c1ue vi\-iarn no e:ampr·t· ')t·, o povo 1
11 1
alio( ... ) fma .. f .:L\ ~ ºª' dc\pc..,;1\ tipicamente 1rcmcnda.~,." • Mao; C1'- la é uma prova adicional l
da fonna como a crmi.tnH,·;10 do Estado aíccrou a cmcrgCnc.:ia do capito:1 li .~ mo . J\ curlo pra1.o. cntrnv;1 cm ebu li ~·ão e. quando podia, revolta va ~~ ' lll'. (h u.ércllO'\ cnc.on:1.r:1u nH•e. c:ntJtJ
pelo meno'\. unuma ~oc: i e<fadc em que cxi~tia um sutx:mprcgo c.: r6nico dos rccur~ os, as des-
pesa..~ mil irares crc!ooCcnlc!> c ~t ímulavam frcqucn1cmcn1c mais pro<lu~·iio de ou1ros ripo~ . de fonna
pron10.11 a suprimir essa" rchcliõc.:11. tanto quanto podi um. A runrm m.ai" 'unplc.." <k rn ólta,,
por ser a mai' difícil de combater por pane do Estado, era o band tti\Cno. que= obvl)JT~• l
que o montante de cxccdcnle c: rc~c ia cm rcmpm t.Jc gucrra .. 1•11. Ma~ m1 empresa milit;1rcsrava ranto mai.• fácil 4uanto mais montanhosa fosse a rc gião 1tr11• A polkía do ~taôo c:ni C'l'\00 . 1
implicado muito mai ~ tio que comércio e prnduçfü1. O ~isl cma cm gernúor de c.:rédito, pois
1
não eram ~6os príncipc1t a pedir ernprc~1ado art~ banqucin1s: lamhém o fazi \1111 os cmprc!-lários )J, Ver J.tctllu.:h. Vm1rlj11hr.u-hr l/ t / úr .'ifJ.~ 1ul untl W11 tt• Nlf11 t r1• Ji ~ hl r . Su~ " ' ) 1( pi) , r;.!I()
milit:Hcs c ujo capi ral cm fornecido pelos grandes mcrcadorcs-hanquciros. como os ruggcr. E
isto manlcr·sc· ia verdadeiro aré à própria Guerra <lo"i Trin1a Anos <ll•.
.14. Ver Al:IFI E't'crill , .. Thc r•.-br'kt"llnJ of Agrw:uhura.l l'ru.:l1Xc ... .,, Htr Apar14" Il i~"( f.A.Kt..-1 o"'1
IVulr.t. IV: Jo1111 Th i111k , cd .• / jf>{). lf;..I(} fl.; M1clrc' e Noo lrnque: Camhodzr Uno f "r~ ' · 14', ,)71 ~ !I ~ , "! .? .

nunr•u~
35. 11(h h1vn11lnrr• 1nglr\C• , t1ll<' ('Ili lcmpo de Jt.ICffil aumc-nt11vvn • t.Ua rrod\.M;lf• (IU c·~,.,,.. '"' W.llt
p:llll rc.\pt m1kr fl " l k'.'l:r,~i1Li dc 1 cios ckérL ll ~ du<ri Tuc.1•11 . cncoriu•, • rn M! w1hrcn .rrr adf"·'fUMW.~J 1 J!a1 na
l
1
IC\lll11rudu, cum 11111 ru:cdc11tc tun~ ttk r áY cl Cc1111l(Kb1puthatxltdlllk . 1 <ri u.ti tarr u t 1w; 11i rsn icmpoôe t l.k"f"r" -.ii.-'"f\.t 1
28. .. o~ (COVctnix C'u ropc u ~ apoiavum-M: .1a.1.i m ft1nc111emc ern mC"rccnário• c~ rrnn 1tc iro1'. lJnm tlól!I carcía!I 11c11pedicnte1lc t'kpl11rn rrm mcrcAll!.)'11 curu1)C11 ... c o ~u c11cedcnlc (.fl pu udo do w 1 l~1 mJSi• r-- o ltk'\j,'J fr...:-t.4
pari que C"le' e~rava m p11n1culam1c111c brm prepara1k1" er;i a e lim inaçl1o de súhdilo• n:hc ldc-• . e m1 .~.culo XVI, ena ou ll:1111eng11 l/1111/., p. 2~4 1 ...
fpoca de revolU{:io cndbrncu, c: ram frcqucnlcmc:nlc ch:unndos para e ~~ cfciu, "(.h1dc ~que CMlljl O'i meu~ i.u(ç(.,1", )6. •A Hlll\'l\n de f'C.\!•rnd c)pcd11 1i1.11do cnlle "' r111rreJ.dí-"' !ltJ JOVT""M.' - u1t.ft.1indo> rc.W-.-~
ral cn o i:riio de mui lm monatcB' apuqucnrudns, purn al~m de ( '!áudio. ( ... ) J.tchchrtcs cnc:ihcçrufoiç por hmncns °'
C\ t rci lll!I pc-n111mcnlCl1 - mulllpl k•vlu n Onúmrro tlc boU.\ 6ÍOtnOd.lll Jlúl" que.m e\...•rfnot. l1nh&m tt.~l.
c odmhc 11 ~Jo~ pod rnm oilugar C'X ~ u ' própriO:\ mernnMius. (. .. ) C'onludn, gcrnlmr.nlc, ncMc JOgu mo (o:OVt'm0!1 elude d1rcct11 •. (1mrlc' Tilly, .rund Sup11ly amei Publ k (.)rdcr in Wt\lt'l n Cumpc• (JdK:t ipáado), P· ~. Vrr t.im~m
PQ(.ham pagí111mm qur ,,, rebt:lfk, ... Kirn11111, 1~w1 & Prt'.irnl. n." 11, pp. 74 -7.1. pp. :lti-40.
JU u111 ~p un• k1 ~ 11 11do !>C'g uodo o qual o mo de 111<'rcr nlirim t·nn1111ha a nplosãu 1>oci11 I. Ek Jimi11va H Vr r C. S. 1.. t.>oav ir!I: •PmK.:011 pruhlrma'11fron11rW Jtovrm<tci numa C'til ptt-1ndu\lrU1I \Cl• rn u.> J ir" .t1\ de
dc-Yll\ C-.ôes da guema. Oman md1r a qur m rncrccm1rifl' ~ rcliravam ljU tmdo mlo rr11m pugu1'. lslo linha um imp11clo rcxolvC"r 1.·omn o dn fumct' Ullt'Ulí• dll nlioK' n!O\ !iUÍ1ckn1r~ 1 um e•trt" 1tu rm can1panha •. ~1·roootlf\1 for A.rm~~
d1rccio S<>Ne a rác"rit.a mil1111r. Em"'ª d11 ;nsalro fronr:tl . urn j41jtO de c.. pcrn crn frcqucnlrmcnlc melhor 11it1cccfülo do 150''·.SO: A S1u1ly ln thc Erfrt·hvcnc.' " ofl~rly Tudnr Oovnnnl('tll\ • , frr,,wmil' ll1Jl•? ft Rt 11r i.'. 2 ' wlur . XVlL 2.
que forçar-se uma v:m1agem n111il.1r. o, chck~ milir.:irc•. ;to vrrrm •sin11i~ J c dc'l<'51"''° no camro hostil •, muil RJ 19M. 234.
vc z.es ikiu ..·am 1>implnmcn1e o 1rmpo pa!i~a r. port1uc •umas poucu milill f.C'm:tnas de pr i vaç ~, e banc1:1rroU1 arrul · 37 . .. Rrnlmcnrr: , o pior rHK"O pnra c1 w-nhuf 1hr1 gucrn C'T'I que o <''t'IJ'fC''int>mU1w ,. • jJ •,:~. ~ 1
nariam o opos itor.- . Oman . A ll1Jf111)' o/1hr Art o/ War, p. )H . ío~a de lrnhulho, rc-nllti.!'t"m fit1.CM•C pa,1:11r ll C"U ~la d;_,.. otijt-<·1"·05 fM•I Íll(O' tlo.1 ~u p:il ll'~~ l"t k~ nln J'-1l a1l"Cl"tt0 ~
29. K1rman , PüJf 1~ /'reu ni. n." 11 , p. 76. (leio nrraso 110 p11gamrnio dtP'i ~us d<' tiiur-. (que eram ín-qucnlt\ na imcuu 1v' cmJ'l'ClJma\ nuht.1 1 r n ~u 1'\t.JUf
30. Ncdlkh, VirrfffjoJu .u hrift fiir So:wl· ut1tl Wirw ·ht1/URt .rchir hrr , p. 401. ri!<...:O) o !!CllhOJ dn guctr"'J C"orriu 0 "°"'º di: pr.rckr 1 )!UCffll tn vitlb rm .\tu nnntr por um rmpn-Jno t' l.U1tJ l flf('a de:
31. Fredc ric Lanc atribui eslc ponto de visla a li. John lfabakkuk . Linc acrcscrnta csla reserva: •N~o &t lrabu.lhu n(lo pagos•. kcdlil:h. '' rrrtf'lji1lint'hrift jür So:11.1l· 11.rw:l 't4'i11.11"h4"1/HKtJrl11r ltu . P· ~.
pode:~ dizer que a longo pr:uo, mantC'ndo·.e.C o rcslo 1naltcr11do, uma Mteicd;tdc <1uc 1. c1pn1. de aringir um alio nível
38. Gfokol. Ctm1hrill1fr / 'Â 'onomil' ll11mrv of /i. urrort. l. P· 700. . . ~
de cmprrgo de n:curMls '"6 .,tnvés de grnrMks di s~ n<lios mililluell produz menos cxccdenlcs do que se fosse capai. W Uraudd not·iquc 11 primrim p•H1C(l11i.tculu X\11 ín1par1.culvmrntc 1mnmb. c crocc.lrp;'l'dc tOI W.JlC
ca lmo ele. 1~50 a 1600. Comenta : .(~ pmtnnto Jl'MÍ'o'C'l ( ... ~que• J.OMrt dos t''t*"~ ~., crmf'):. hltpr uplllflX'
de 1ringir o mc!-mo nlvcl de t'mprrgo de rccun.os com mrnorn dcspcus mili1ares?•. Vtnict' & llütwy. p. 422, 11
CMc mutiMnn, csla, diM.·ri\:00 pnpul11r. A poHd11 cm dcm~s1adu d.un,•. Ut A~:7:~~-·c~; :~!1N'o. J1<W ~ b lado 1
n. 1J, Com certc.7.i, muo problrma esrá no·~· fin 11I.
32. Ver fril.7. Redlich, • MiliUtry ErurcJmnC'unihip nnd lhe Crcdi1 Sysic.m in lhe l61h nnd 1he 17th Ccniuric~ • .
40. • A:r\s nn, qmtn<lu o ~culo XVI thcga ao fim, u ~~IÕd monl~ ~.ln. fui.a fuctU J.Jfu~
KyklM. X. 1957. 186· 188. l'Obrcc11mg11da5 de homrru e t·onstran~imrn10~. c1plodir.un para giutnllrcm 1 J.t.ll 11

142 143

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,,
Kicman argumenta que c:sre padrão de r~crutamenro n:lo foi apena ~ dircclamcntc
Pan além di \so, não hoe trata va apenai de °' c:úrtit.o; rr.c:r~ uf cr crem 1
re l"'flÚ'·cl r<lo conrrolo d• explosão social do século XVI '"'; 1c ve lamb<!m um segundo crnprcgo aos pobres e ''P"'r1unidadc-" t rnpreuriaí \. f.h u b dtf)! lltih:un óe w:f 4t! ar~.
im px10 mah subril. embora iguaJmeorc import:mte. se nos lcmhrannos que, na.-. nossas
Tipícame~tc, º' rncrctstfore1 de vf vc.rcs acompan1iavam °' n.i rcur1t no n.nipo de opc::r~.µ , ,
pal.l\'f3S. cc;C..uno s a lidar com uma economia-mundo: liervindo 1g u.alrnc nle de 1n1c nncd1 ~110~ pata o lalfúe m .. Al:im J: cn tt 'ifr t urnr:rtU ({IK 0 ~
eh rnc,....•.. tóm>' de rrcrut..a.mcnro de mcrc:cn.irim m<tnliver.t m--.c politic3mcn1c C\ lagnados qu;.in1o ICC" ÍmtnlO afuncnlaJ do C~~~C Jtl) f ~I um t.!tfrnulo fuOO..meriU I íJ<IU a pr'.A: l;,Ji í"....,,~~ L~H:alifcta
comparltd<,.. com 01-.cu \'i1i nho:s, de certa fonn;1 como aconrcc:cu c.:om o Nepal e o Punjab, duati: regional na lngl atc~a d11s 1udor 4 '.e que atie\timuloo oCQfllifrc. ~iupr~x -1~ h.w~ W40
g~ndc\ ~ f't .l\ de r<X' rulam cn1n para o C'.1.bcil<J hri1ânico. No 4uc fC\ J>Ci la à Suí~· a , º' três ~fr ulo"i maí c; plau1fvcl hC 11 vcnr11"' crr.1 tonla 4uc ''"'e.si.oda\ umJ..t.rn \.C'f (lir411l .r. r n>'~·).ilbtJ~ de:
de: ~1mb10\C c om tt Franç a t lc:\ p(Hlc.<1 ll'" c rarn c1 m~~u é 11c i;1"' m;1ligna"i . A polí1ic: a canromd foi garanl ir que u,1i ~uas burcx.rnc1a1 crc\Ct:ntc\ l.IVC\ "'Cm 1g ua.Jmc-mc corm.dai... A C ). ~)~ do
corromp1d:1 pt" l.1\ t;n a\ rt·<C"bi1Ja \ pc !n li c:r-nc1amen ro da cA:p<Jr1 ;u,:fío de v1ldad11\, e drltllrl'I de c;ipi1afümo veio a ~ ~ im M:rvir a.\ ncct ,.,\id.adc:1 de curtn pra:r.11 do b .i....drJ.
parric iO'I :wmt" nf4tram íl '<: U pocter à c:u, ra Jo flO\'o ( ... ). Corno Alfieri vi ria a notar ;unargame mc, Aqui, como c:om a hurc.x:rada civil, o m<1rusru enfrcntav;, um dak:tru O cmpsNJ't0
ci lc'\ horncm li vre\ da\ mnn1anha\ 1om3r:un -i.c no' principai\ cãc•H lc· fila c.fa lirania. A hi.!i lória milirar era um adjunro nccc~~ário à procura de poder ptl11 mon..u ca.. Mu [;,:mt*rn dr-:nn a &.:J1i3
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meio óptimo de Jcumul:tç:lo de c;1pi1al. uma vez que o ~u rcndirncnw era ••cx1r.:.ior<linariarncn1c tomavam pos~ fvci s mai11 irnpn~IOs. Uma vez que *'º pc.10 !deites 1mpc~tn\ J recaia cp.ai.e:
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da fonna como a crmi.tnH,·;10 do Estado aíccrou a cmcrgCnc.:ia do capito:1 li .~ mo . J\ curlo pra1.o. cntrnv;1 cm ebu li ~·ão e. quando podia, revolta va ~~ ' lll'. (h u.ércllO'\ cnc.on:1.r:1u nH•e. c:ntJtJ
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dc-Yll\ C-.ôes da guema. Oman md1r a qur m rncrccm1rifl' ~ rcliravam ljU tmdo mlo rr11m pugu1'. lslo linha um imp11clo rcxolvC"r 1.·omn o dn fumct' Ullt'Ulí• dll nlioK' n!O\ !iUÍ1ckn1r~ 1 um e•trt" 1tu rm can1panha •. ~1·roootlf\1 for A.rm~~
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que forçar-se uma v:m1agem n111il.1r. o, chck~ milir.:irc•. ;to vrrrm •sin11i~ J c dc'l<'51"''° no camro hostil •, muil RJ 19M. 234.
vc z.es ikiu ..·am 1>implnmcn1e o 1rmpo pa!i~a r. port1uc •umas poucu milill f.C'm:tnas de pr i vaç ~, e banc1:1rroU1 arrul · 37 . .. Rrnlmcnrr: , o pior rHK"O pnra c1 w-nhuf 1hr1 gucrn C'T'I que o <''t'IJ'fC''int>mU1w ,. • jJ •,:~. ~ 1
nariam o opos itor.- . Oman . A ll1Jf111)' o/1hr Art o/ War, p. )H . ío~a de lrnhulho, rc-nllti.!'t"m fit1.CM•C pa,1:11r ll C"U ~la d;_,.. otijt-<·1"·05 fM•I Íll(O' tlo.1 ~u p:il ll'~~ l"t k~ nln J'-1l a1l"Cl"tt0 ~
29. K1rman , PüJf 1~ /'reu ni. n." 11 , p. 76. (leio nrraso 110 p11gamrnio dtP'i ~us d<' tiiur-. (que eram ín-qucnlt\ na imcuu 1v' cmJ'l'ClJma\ nuht.1 1 r n ~u 1'\t.JUf
30. Ncdlkh, VirrfffjoJu .u hrift fiir So:wl· ut1tl Wirw ·ht1/URt .rchir hrr , p. 401. ri!<...:O) o !!CllhOJ dn guctr"'J C"orriu 0 "°"'º di: pr.rckr 1 )!UCffll tn vitlb rm .\tu nnntr por um rmpn-Jno t' l.U1tJ l flf('a de:
31. Fredc ric Lanc atribui eslc ponto de visla a li. John lfabakkuk . Linc acrcscrnta csla reserva: •N~o &t lrabu.lhu n(lo pagos•. kcdlil:h. '' rrrtf'lji1lint'hrift jür So:11.1l· 11.rw:l 't4'i11.11"h4"1/HKtJrl11r ltu . P· ~.
pode:~ dizer que a longo pr:uo, mantC'ndo·.e.C o rcslo 1naltcr11do, uma Mteicd;tdc <1uc 1. c1pn1. de aringir um alio nível
38. Gfokol. Ctm1hrill1fr / 'Â 'onomil' ll11mrv of /i. urrort. l. P· 700. . . ~
de cmprrgo de n:curMls '"6 .,tnvés de grnrMks di s~ n<lios mililluell produz menos cxccdenlcs do que se fosse capai. W Uraudd not·iquc 11 primrim p•H1C(l11i.tculu X\11 ín1par1.culvmrntc 1mnmb. c crocc.lrp;'l'dc tOI W.JlC
ca lmo ele. 1~50 a 1600. Comenta : .(~ pmtnnto Jl'MÍ'o'C'l ( ... ~que• J.OMrt dos t''t*"~ ~., crmf'):. hltpr uplllflX'
de 1ringir o mc!-mo nlvcl de t'mprrgo de rccun.os com mrnorn dcspcus mili1ares?•. Vtnict' & llütwy. p. 422, 11
CMc mutiMnn, csla, diM.·ri\:00 pnpul11r. A poHd11 cm dcm~s1adu d.un,•. Ut A~:7:~~-·c~; :~!1N'o. J1<W ~ b lado 1
n. 1J, Com certc.7.i, muo problrma esrá no·~· fin 11I.
32. Ver fril.7. Redlich, • MiliUtry ErurcJmnC'unihip nnd lhe Crcdi1 Sysic.m in lhe l61h nnd 1he 17th Ccniuric~ • .
40. • A:r\s nn, qmtn<lu o ~culo XVI thcga ao fim, u ~~IÕd monl~ ~.ln. fui.a fuctU J.Jfu~
KyklM. X. 1957. 186· 188. l'Obrcc11mg11da5 de homrru e t·onstran~imrn10~. c1plodir.un para giutnllrcm 1 J.t.ll 11

142 143

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excessivamente fraca para fazer a lguma coisa a esse propósito, exce pto nas zonas centrais, e de emprego para a pequena nobreza '"''. É claro que exi stia uma alternati va para ca valeiros
este bandi tismo encontrou frequentemente uma caixa de ressonânc ia na oposição que a lguns empobrecidos em mui tas áreas. Podiam entrar no serviço do rei. Para além d isso, onde o re i
dos senhores trad ic ionais moviam aos novos estados'"'· era ma is fone, o banditismo e ra mais difíc il. Mas em área.• onde 0 príncipe era fraco. a sua
Sem dúvida. como diz De lumcau. « O banditismo foi muitas vezes a insurreição do t
fraqueza tomava o banditi smo mais lucrativo e o serviço a lternati vo mcnm dispon ível. neste '
campo contra a cidade ~ '" '· Mas quem no campo. e ma is imponante a inda, quando? É claro sentido que o banditismo era impl icitamente uma exigência de um fatado m ai~ fone mais do
que o envol vimento dos campo neses no banditismo parece estar sig nificati vamente correla- que um desvio para uma resistênc ia «tradicionalh. Era uma forrna de oposição. em alguns casai ·
1 cionado com épocas de escassez de ce reais '" '· É cl aro que quando se verificava um motim "ª maior forrn a de oposição ex istente dentro do reino~ '"'· mas uma oposição deniro do
alimentar. os muito pobres estavam envolvidos. mas no banditi smo enquanto movimento enquadramento do Estado moderno. .
espec ialmente na zona med iterrânica. não eram os ve rdadeiros pobres que constituíam ~ Se ria assim um e rro grave ver o banditismo como uma forrna de oposição feudal tradi:;
coração do movimento. Eram mais claramente os ycomen nascentes que, nos fi nais do século cional à autoridade estatal'"'· Ele foi a consequência do crescimento inadequado da autori - .,
XVI. encontraram no bandi ti smo a s ua fo rrna de protesto contra a «re feud ali zação» que da de estatal, da incapacidade do Estado para compensar ª' penurbaçõcs provocadas pela ··
estava em c urso. contra a semiperiferização das suas zonas '"" '. Em ta is zonas, foram par- turbulência económica e social. da falta de vontade do Estado para garantir uma maior igual- "
ticularmente os peq uenos empresários, como os massari da Itáli a meridional. que, tendo dade de di stribuição em tempos de inflação, crescimento populaci onal e esca~sez de alimen -'
menos me ios de resistência aos anos de piores colhei tas do que os grandes proprietários, tos. O banditismo foi , neste sentido, criado pelo próprio Estado, tanto por pri var alguns nobres
temeram uma queda intempestiva nas fil eiras dos pobres ru rais e por isso utilizaram o ban- de direitos tradiciona is (e ponanto de fontes de riqueza) e alguns camponeses do seu produ to ~·.
di tismo contra estes grandes proprietários. por e les vistos como os inimigos imedi atos"». para alimentar as novas burocracias como por criar no próprio Estado uma maior concentração ,._
O outro elemen to imp licado no bandi ti smo era uma pane da nobreza. mas. uma vez de riqueza, a ponto de se tomar mais tentador procurar sacar uma pane dela. O bandi tis mo fo i ''
mais. qual'' P:uece ter sido aque la que foi espremida pe lo ressurgimen to económico . Na nossa um sintoma das perturbações causadas pelas tremendas reafectações económicas resultantes
discuss:io sobre os mercenários. apontamos que o crescimento da população. conjuntamente da criação da economia-mundo europeia. --"
com os viri os impul:<os em di recção às enc/osures. criaram o problema da vagabundagem, e O s organismos políticos são sempre mais estáveis na medida em que alcançam uma ·
que a ascens:io dos exércitos mercenários servi u. entre outros fins. para e mpregar alguns destes legitimidade, a inda que parcial . Existe muita mistificação nas análises do processo de legiti-
• \' a ga b undos ~ na contenção dos outros. Os exérc itos merce nários fonaleceram os príncipes. mação, devido a uma atenção quase exclusiva dada à relação entre os governos e a massa da
Da mesma cajadada enfraq ueceram a nobreza tradic ional . não só por estabelecerem forças população. É duvidoso que na história da humanidade tenha havido muitos governos conside-
ufi ientemente poderosas para apoiarem a vontade real . m as tam bém por criarem um vácuo rados «legítimos» pela maioria dos explorados, oprimidos e ma ltratados por eles. As massas
podem estar resignadas ao seu destino, estar surdamente impacientes, deslumbradas pela sua-
con~""ldt-- ~ 3 ~sos olhos com essa outrJ forma di sfarçada e in1ermin:i \·el de fazrr a guerra social a que chamamos
boa sone temporária ou activamente insubordinadas. Mas os governos tendem a ser s uporta-
ron.:tJ.smo.. unu pab.\•r.t \ 3ga. ~ aJ ~urru ~xiste . Nos Alpes e nos Piri.nt:u.s. nos A~ninos ou nas outras cordi lheiras. dos e não apreciados ou admirados ou amados ou mesmo apoiados. E assim era de certeza na
Cfl'W ou m~ulnun.as. um dc:-s tin<' ,;:-omwn pude ser c-sboçado ao longo dcs1cs enonnes círculos monlanhosos. no Europa do século XVI. ~
IDC'-10 d.."'S q:.:.m ~pl!3. i.l mar (Br.tudd. 1t>id.. p. 93 )• .
-' 1. ·P.-vr lk·tru d...l:\ rLrJ.f.3." mamimos [lacowJr maririm~ J e..sta\'am as c idades. as cid:Jdes-cst3dos. Por detrás
A legitimação não diz respeito às massas. mas aos quadros. A questão da esubilidadc . _ , .,
J.c s.t!t.:~ ~ t.strad..t [!..; n•wu1a• ~sur ).C"Sl:1 ,·aoCOC'lStante:suxílio dos ~nhorc:squeapoiavamosavenrurciros. política gira em tomo da medida em que o pequeno grupo de dirigentes do aparelho de Estado-, . _ •1
Ch s.!lr-..-ll.i:IC'::S lln.h.J.m freq u~ntt> m;:ntc à su:s frenrC' l.-'U atrás ckle.s um $C' nhor aut~n1 iro. ( ... ) é capaz de convencer o grupo de pessoal central e de potentados regionais de que o regime foi :· · ,·
~ )., sunrllr~Ut"mus.di:nusudo.: cs,JUlludu e sob muitas "'uic:dades. oOOnditismo er.1 usado por alguns nobres.
!l1lJ i"' k> r.~.l'K.h ~ ! mesnu frc-Q~1Ki:i <n dirigido CC'Ctl.""a ou c:ros.. ( ...) Pois o b3.nditismo nlo e-sul só ligado à crise
constituído e funciona na base dos eventuais valores consensuais q ue esses quadros possam '
fJum '-"Cr.C C' k.n'li('n:r JJ. Ik~':l.. Ek tum mon m <."fltO c\"lm unu ba..."<' Campones3. um mo\•in:lenro de nus..us (lbid.• ser levados a acreditar que existam e de que é do interesse desses quadros que es te regime
Ll. rr s.. .:J()J.
l i l1.t lu...rnt'3U.. \ z.e «V~Vf'l:q:.w . ll. r. 541 .
\ cr Lk !J. lt . f'r· 5-.aJ. ~Ó-5-J. . t-QS. 6.:5 .
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.u . R~· \' lll:m: C \ ('.'-t- l' 1m ~to eh im oh10;!o :s.~ricolll ll3 ltl.l ia ~teridioru.l: •A re eillo meridional. não
~ -~ ['(' !.is~ i.1.1 f'":'\1o."1l!t. rur.tl 4L.'C' ttl\t"..1.-n :K"\'fltp.J.:"ili.JJ..., 3 difus.:lo d3 Rd omu ProtrsI:111tC""....~3da :sgor3 à iTim-
J'.~'*" ,".lo.!l 'C"l nnb lli.."'rnr-..1.li.!:s ..k- N-n~-:i\·-(~·s fun1á.rU.s frud:u.s e:\ f,'C\,~ l'tXltrmf',Yl.1)('3dJ mn.3Jli~"':lo n:onórn.h.-a
(' t~.C.."'t': ('r.lm:
J.1 1,!!T't'. Q Í>..' tl) l.ltlf'VUllU' ( Q'.tt' *lUd c·s qtx" rart.M:'i ~ \ J.m O(l ffi0 \ irn<'n t(1 mJ.is 00 qUC' OS tn-
~'('t'~ ~~ !! n;.r'\.~ qUc: Lk'-('ntpnv'u' .1m um rat'"'C'.16: :vJ.n1m1str.J.;ào t a,p-c~::tÇki Sl..Xi:a l oo c.i.'l'lpo.
. ~ t"n.m Oi. t'm_rn-.s..10\~ l...~°'-'-,Us.. os ~ "i. ~lr.ll3.J...'n":> s.emi -<.·aplt::thS1'!LS J.:t rf\..JUÇ~""I de CC'rttis:
~\~~;~~r:.,:L~~i~~,~~~~~:k~~~~ ~~~ ~~i:~~'!: ~~·ri~:=~c!n~~=
1
~~"~ ~ "'r!l. ''~'"""' ~· i.!.i ~ixsU urtur..i. Sli,.... rrst:.1 alrun ~ll"t'S a.s...\3b.ri»""- rc-q UC"nos e médios
~~~~~-T'tt~. ~:..~--- Cem ur.u fi~~n.U ~m dis.tinVA ~ d:.l bur}!UC'Sl3 rn)s~r..t.. os mas.sari tin?wn
. ·- . C°4l .L"Ut..."">\~ ~ !.,-,s;;: t.:- UT!f\:.Tt!n....-u n.J. ?'1-"\;.'lpal rn~·iu d..' rúoo
t: nl p;uro0cra-.. La n\"(l/;;;i a..~f,--
· ~<'-..;v ..sr '\ . L< <Y( ~ ·fl 5 'j / ./i'-17j\ Rln: U! ,ro.. lQQ \. 6 1.
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continue a runcioll3r st•m perturbações de maior. Quando estas circunstâncias se realizam, A ascensão do Estado como força M>Cial. e do abwluti~rrw como sua ideologia, n:.O
podemos considcmr o rc!!ime • leg itimado•. _ deve ser confundida com a nação e o nacionali\mo. A criação de Citados fonei no ~>o de um
- Parn além disso. a legitimidade não é uma questao que se resolva de uma vez por sistema mundi al foi um pré-requisito hi ~tóri co da iL'>Cen>lío do nacionafamo tan:o no ..cio 00$
tod.ls. Traia-'c de um t ompromisso constante. No século XVI a ideologia que surgiu como estados fortes como na periferia. O nacionali~ mo é a acci~o do<i rrl<'.mbros de um E'tado
mái de lec i1 inuç5o da nova autoridade dos monarcas foi o direito divino dos reis, o sis- como membros de um grupo de status, como cidadãrn., com todos oç requisitos de 1.0lidane·
tema qur a~abamos por d"ignar po r monarquia absoluta. Uma vez que o absolutismo era dade colectiva que isso implica. O absolutismo é a afirmação da imponãncia primordial da
uma ideoloda. deve mo' ter cuidado cm não tomam1os as suas pretensões pelo se u valor sobrevivência do Estado enquanto tal. O primeiro é por dc:liniç ~o um ..entimcnto de rnllsas:
facial. Scri; útil examinar ronsequentemcnlc com a máxima cxactidão que pretensões eram 0 último é por definição um sentimento de um pequeno grupo de pc•soas direcwneme inte-
e ~as e a fom1a como correspond iam i\s realidades da estrutura social. ressadas no aparelho de Estado. .
Em primeiro lugar. em que medida o «absoluto» significava absoluto? A teoria de que Sem dúvida que os defensores de um Estado forte virão com o passar dot.empoa Cllltiv~
n:io c•istiam entidades humanas que pudesse m. na mai or parte das circunstâncias, manifestar 0 sentimento nacional como um sólido reforço para os seus object.ivo,. E cm alguma medjda
qu:ilquer pretensão legítima a recusar-se a executar a vontade proclamada do monarca não eles tinham já algo com que trabalhar no século XVI "''· ~ias este sentimento colecti,·o e~tava
er:i de todo t' m todo nova. No entanto. esta ideia obteve uma defe sa e uma aceitação intelec- em geral primordialmente ligado. na medida em que existisse. mais à ~soJ do prínci pe do
tual mais general izada nesta época do que antes e depois. «Absoluto» é uma designação que à colectividade como um todo '" '· O monarca absoluto era uma fi gura *heróica · " "· e o
equívoca. no entanto. tanto na teoria como na prática. Em teoria. absoluto não significava processo de deificação tomava-se cada vez mais intenso com o pa.' sar do tempo. Esta foi a 1
ilimitado. uma vez que . como Hartung e Mousnier salientaram , ele era «limitado pelas leis época em que o elaborado cerimonial da corte se desem·olveu. a melhor forma de afastar o 1
d1Yina e nJturah•. Eks argumentam que <<absoluto>' não de ve ser entendido como «ilimi· monarca do contacto com o trabalho banal (e acessoriamente a melhor forma de garantir
tado~ mas sim como «não supervi sionado» (pas contrôlée). A monarquia era absoluta em emprego aos aristocratas da corte, mantendo-os assim suficientemente peno para =em su- ,,
oposição à dispersão do poder feudal no passado. «Não significava despotismo e tirania»"•'. pervisionados e controlados).
Da me ma fom1a, Maravall diz que «ne m nas fases iniciais nem nas fases subsequentes do Somente nos fins do século XVII e no século XVlll, no contexto do mercantilismo. é -;
Estado moderno. a ··monarquia absoluta" significou monarquia ilimitada. Era um absoluto que o nacionalismo viria a encontrar os seus primeiros ve.rdadeiros defensores entre a bur-
relativo• ""'· A reivindicação operacional chave era que o monarca não deveria ser limitado guesia <>•1. Mas no século XVI os interesses da burguesia não estavam ainda "e~inunente
pelas restrições da lei: ab legibus solutus. fixados no Estado. Um número excessivamente grande de burgueses esu»a ainda mais inte-
Quaisquer que fossem as pretensões, os poderes do monarca eram de facto bastante ressado numa economia aberta do que numa economia fechada. E para os construtores de 1
limitados, não só em teoria mas também na realidade. Por muitas formas, o poder do rei era estados um nacionalismo prematuro represenuva o risco da sua cristal ização em tomo de
bastan te menor do que o de um executivo da democracia liberal do sécuio XX, apesar das uma entidade etno-territorial. excessivamente pequena. Numa fase inicial. o estatismo podia
restrições morais e institucionais que sobre este último impendem. Por uma razão, o aparelho quase ser considerado como anti-nacionalista. uma vez que as fronteiras do sentimento "113Cio-
de Esudo do século XX tem um grau de capacidade organizacional por detrás de si que mais
do que compensa as suas maiores restrições. Para compreender o verdadeiro poder de um a pagar, e de agitare:m provavclmcmc WTl3 revolta dcspendiosa sem~ qut tmuvam obc:er um rtndimmro adequado-.
monarca • absol uto• temos de o colocar no contexto das realidades políticas do tempo e do William J. Bowsma, •Politics in thc Age of thc Rcnaissancc•. in Chaptrrs i11 Wtstt'Tn C irili=arion. 3.• cd.. CNon
espaço. Um monarca era absoluto na medida em 4ue tinha uma probabilidade razoável de Iorque: Cotumbia Univ. Prcs.s. 1961), l, 233.
53. •Não hav ia verdadeira tradição nacional nos sfculos XV e XVI: m'6 ha,·ia um scntimano de ccrrcci-
prevalecer contra outras forças dentro do Estado quando as confrontações políticas ocorriam<">, dade que os reis eram capazes de fazer inflcctir a favor dos seus propnos object.ivos. tomando as.sun K'('i:;t"\TI o IC\I
Mas mesmoº' estados mais fones no século XVI tinham sérias dificuldades em demonstrar próprio apego ao poder, algo em que toda a gente ljvrcmente co!abonva•. M.an\·&Jl, Ca.hi~n tr'ltutoi.rr ~k.
VI, p. 796.
1
dentro das suas fronteiras uma clara predominância sobre os meios de força, ou poder sobre
S4 . ..- (Dc vcrfamos Jevitar a tentação de" intcrprcurcst.1 00\'I orientação do pcnsamct1to político {a idei"A do
as fontes de riqueza "". para não falarmos da primazia da lealdade dos seus súbditos. Estado) como uma consciência de solidariedades nacionais colcctiv:is. (... )
Deveríamos notar o facto de que os juristas e os ideólogos q~ elaborarmn prog::rcssivL"nt't'.U 1 ideia dt
Estado no ~culo XVI falavam muito mai s frcqucntc:mcntc: no Prfoâ~ (segundo o uso de Maqui.3-v r:l) do que- no 1
49. Ha.rtung e Mousnier, Rda:ioni dei X Congrww, IV, p. 8. povo, muito mais de autoridade do que de colecrfridadt. Oc.,·crfa.mos portanto rcfkctir ~ponto de fWTida: o
50. J~ A. MaravaJJ, ... Thc Origins or the Modem Sta1e,., Cahius d' histoire montliale , VI, 4, 1961 . 800.
. 51. Erik .M olnardâc~ta defin içáocuidado~a : .-O absoluti smo~ um regime político cm que: o poder do Estado
'"Estado" não existe cm si mesmo. É prirmiro de iudo csr.encialmente a afirmação de uma. 00\·1 fomu de auio..
ridadc: o poder priblico do soberano• . Georges de Lagardc. •Rtflcxions sur la crista.lliYtion de b noóon d"Em
j,
~~erc~ ~~?' 13 1 e: efectivamcnrc pelo soberano sobre a lotalidade do território, com o auxílio da organiwção au XVI• siCcle•, in Enrico Castelli, cd., Umant'simo e scitn:a política l~fü3o: Don.. Cario Mam:nti. 19S l ),
ocrático-mJhtar que tem sob o ~u controlo. & ta definição inclu i como critério essencial o poder cfcctivo que 247-248.
u~ualmentc, quando contc\lado. prc.., alecc contra a.!> piraç(')(-s ad\'tna.~. como, por exemplo as que são fonnulada.5 SS . -.A moda da Antiguidade anunci3, no ~ lo XVI. uma nova força do din-iro rormno e adician.l:· lhc: a
~\'~~ ~~:~~n~~rC::.n'::~::t'~:~~i: ~eredi~a.... "' ~!I fondcment'i ~onomiqucs ~t ~iaux ~ l 'absolutism~··
(VIC113: Verbg Ferdmand Berger & So~n:~~~~;~~'~;.t'.s. Rappons, JV: Mllhodologtt' n histmrt co111t'mpora1ne
ideia antiga do .. herói", do semi..:lcus. todo-poderoso e: beneficente. ( ... ) O herói~ o modelo do ser a quem as penõlS
sentem a necessidade de se cnucgar• . Mousnicr. l.Ls X\'/' ti XVII' si;cles. PP· 9'>97 ·
1:
56 . • m, um lugar, nos antípodas da economia pura. para a subtil fórmula mista: ""o ll\C1"Cado '-a escotA ~
C"r-.:onrra:! ;~~~~c=i.s da;~cnr O'i limites do pockr real no s&-u lo XVJ do que o facto de os governos se que a burguesia primeiro aprende 0 nacionalismo"• . Pierre Vilar. la Catalogn.e dilll.f f Elpag"t mod~rne , 1 (Paris:
· • e cm 1 JCU d.ades financeiras, incapv~ de sangrarem a prosperidade dos mais aplos S.E.V.P.E.N., t962), 34.
1i
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continue a runcioll3r st•m perturbações de maior. Quando estas circunstâncias se realizam, A ascensão do Estado como força M>Cial. e do abwluti~rrw como sua ideologia, n:.O
podemos considcmr o rc!!ime • leg itimado•. _ deve ser confundida com a nação e o nacionali\mo. A criação de Citados fonei no ~>o de um
- Parn além disso. a legitimidade não é uma questao que se resolva de uma vez por sistema mundi al foi um pré-requisito hi ~tóri co da iL'>Cen>lío do nacionafamo tan:o no ..cio 00$
tod.ls. Traia-'c de um t ompromisso constante. No século XVI a ideologia que surgiu como estados fortes como na periferia. O nacionali~ mo é a acci~o do<i rrl<'.mbros de um E'tado
mái de lec i1 inuç5o da nova autoridade dos monarcas foi o direito divino dos reis, o sis- como membros de um grupo de status, como cidadãrn., com todos oç requisitos de 1.0lidane·
tema qur a~abamos por d"ignar po r monarquia absoluta. Uma vez que o absolutismo era dade colectiva que isso implica. O absolutismo é a afirmação da imponãncia primordial da
uma ideoloda. deve mo' ter cuidado cm não tomam1os as suas pretensões pelo se u valor sobrevivência do Estado enquanto tal. O primeiro é por dc:liniç ~o um ..entimcnto de rnllsas:
facial. Scri; útil examinar ronsequentemcnlc com a máxima cxactidão que pretensões eram 0 último é por definição um sentimento de um pequeno grupo de pc•soas direcwneme inte-
e ~as e a fom1a como correspond iam i\s realidades da estrutura social. ressadas no aparelho de Estado. .
Em primeiro lugar. em que medida o «absoluto» significava absoluto? A teoria de que Sem dúvida que os defensores de um Estado forte virão com o passar dot.empoa Cllltiv~
n:io c•istiam entidades humanas que pudesse m. na mai or parte das circunstâncias, manifestar 0 sentimento nacional como um sólido reforço para os seus object.ivo,. E cm alguma medjda
qu:ilquer pretensão legítima a recusar-se a executar a vontade proclamada do monarca não eles tinham já algo com que trabalhar no século XVI "''· ~ias este sentimento colecti,·o e~tava
er:i de todo t' m todo nova. No entanto. esta ideia obteve uma defe sa e uma aceitação intelec- em geral primordialmente ligado. na medida em que existisse. mais à ~soJ do prínci pe do
tual mais general izada nesta época do que antes e depois. «Absoluto» é uma designação que à colectividade como um todo '" '· O monarca absoluto era uma fi gura *heróica · " "· e o
equívoca. no entanto. tanto na teoria como na prática. Em teoria. absoluto não significava processo de deificação tomava-se cada vez mais intenso com o pa.' sar do tempo. Esta foi a 1
ilimitado. uma vez que . como Hartung e Mousnier salientaram , ele era «limitado pelas leis época em que o elaborado cerimonial da corte se desem·olveu. a melhor forma de afastar o 1
d1Yina e nJturah•. Eks argumentam que <<absoluto>' não de ve ser entendido como «ilimi· monarca do contacto com o trabalho banal (e acessoriamente a melhor forma de garantir
tado~ mas sim como «não supervi sionado» (pas contrôlée). A monarquia era absoluta em emprego aos aristocratas da corte, mantendo-os assim suficientemente peno para =em su- ,,
oposição à dispersão do poder feudal no passado. «Não significava despotismo e tirania»"•'. pervisionados e controlados).
Da me ma fom1a, Maravall diz que «ne m nas fases iniciais nem nas fases subsequentes do Somente nos fins do século XVII e no século XVlll, no contexto do mercantilismo. é -;
Estado moderno. a ··monarquia absoluta" significou monarquia ilimitada. Era um absoluto que o nacionalismo viria a encontrar os seus primeiros ve.rdadeiros defensores entre a bur-
relativo• ""'· A reivindicação operacional chave era que o monarca não deveria ser limitado guesia <>•1. Mas no século XVI os interesses da burguesia não estavam ainda "e~inunente
pelas restrições da lei: ab legibus solutus. fixados no Estado. Um número excessivamente grande de burgueses esu»a ainda mais inte-
Quaisquer que fossem as pretensões, os poderes do monarca eram de facto bastante ressado numa economia aberta do que numa economia fechada. E para os construtores de 1
limitados, não só em teoria mas também na realidade. Por muitas formas, o poder do rei era estados um nacionalismo prematuro represenuva o risco da sua cristal ização em tomo de
bastan te menor do que o de um executivo da democracia liberal do sécuio XX, apesar das uma entidade etno-territorial. excessivamente pequena. Numa fase inicial. o estatismo podia
restrições morais e institucionais que sobre este último impendem. Por uma razão, o aparelho quase ser considerado como anti-nacionalista. uma vez que as fronteiras do sentimento "113Cio-
de Esudo do século XX tem um grau de capacidade organizacional por detrás de si que mais
do que compensa as suas maiores restrições. Para compreender o verdadeiro poder de um a pagar, e de agitare:m provavclmcmc WTl3 revolta dcspendiosa sem~ qut tmuvam obc:er um rtndimmro adequado-.
monarca • absol uto• temos de o colocar no contexto das realidades políticas do tempo e do William J. Bowsma, •Politics in thc Age of thc Rcnaissancc•. in Chaptrrs i11 Wtstt'Tn C irili=arion. 3.• cd.. CNon
espaço. Um monarca era absoluto na medida em 4ue tinha uma probabilidade razoável de Iorque: Cotumbia Univ. Prcs.s. 1961), l, 233.
53. •Não hav ia verdadeira tradição nacional nos sfculos XV e XVI: m'6 ha,·ia um scntimano de ccrrcci-
prevalecer contra outras forças dentro do Estado quando as confrontações políticas ocorriam<">, dade que os reis eram capazes de fazer inflcctir a favor dos seus propnos object.ivos. tomando as.sun K'('i:;t"\TI o IC\I
Mas mesmoº' estados mais fones no século XVI tinham sérias dificuldades em demonstrar próprio apego ao poder, algo em que toda a gente ljvrcmente co!abonva•. M.an\·&Jl, Ca.hi~n tr'ltutoi.rr ~k.
VI, p. 796.
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dentro das suas fronteiras uma clara predominância sobre os meios de força, ou poder sobre
S4 . ..- (Dc vcrfamos Jevitar a tentação de" intcrprcurcst.1 00\'I orientação do pcnsamct1to político {a idei"A do
as fontes de riqueza "". para não falarmos da primazia da lealdade dos seus súbditos. Estado) como uma consciência de solidariedades nacionais colcctiv:is. (... )
Deveríamos notar o facto de que os juristas e os ideólogos q~ elaborarmn prog::rcssivL"nt't'.U 1 ideia dt
Estado no ~culo XVI falavam muito mai s frcqucntc:mcntc: no Prfoâ~ (segundo o uso de Maqui.3-v r:l) do que- no 1
49. Ha.rtung e Mousnier, Rda:ioni dei X Congrww, IV, p. 8. povo, muito mais de autoridade do que de colecrfridadt. Oc.,·crfa.mos portanto rcfkctir ~ponto de fWTida: o
50. J~ A. MaravaJJ, ... Thc Origins or the Modem Sta1e,., Cahius d' histoire montliale , VI, 4, 1961 . 800.
. 51. Erik .M olnardâc~ta defin içáocuidado~a : .-O absoluti smo~ um regime político cm que: o poder do Estado
'"Estado" não existe cm si mesmo. É prirmiro de iudo csr.encialmente a afirmação de uma. 00\·1 fomu de auio..
ridadc: o poder priblico do soberano• . Georges de Lagardc. •Rtflcxions sur la crista.lliYtion de b noóon d"Em
j,
~~erc~ ~~?' 13 1 e: efectivamcnrc pelo soberano sobre a lotalidade do território, com o auxílio da organiwção au XVI• siCcle•, in Enrico Castelli, cd., Umant'simo e scitn:a política l~fü3o: Don.. Cario Mam:nti. 19S l ),
ocrático-mJhtar que tem sob o ~u controlo. & ta definição inclu i como critério essencial o poder cfcctivo que 247-248.
u~ualmentc, quando contc\lado. prc.., alecc contra a.!> piraç(')(-s ad\'tna.~. como, por exemplo as que são fonnulada.5 SS . -.A moda da Antiguidade anunci3, no ~ lo XVI. uma nova força do din-iro rormno e adician.l:· lhc: a
~\'~~ ~~:~~n~~rC::.n'::~::t'~:~~i: ~eredi~a.... "' ~!I fondcment'i ~onomiqucs ~t ~iaux ~ l 'absolutism~··
(VIC113: Verbg Ferdmand Berger & So~n:~~~~;~~'~;.t'.s. Rappons, JV: Mllhodologtt' n histmrt co111t'mpora1ne
ideia antiga do .. herói", do semi..:lcus. todo-poderoso e: beneficente. ( ... ) O herói~ o modelo do ser a quem as penõlS
sentem a necessidade de se cnucgar• . Mousnicr. l.Ls X\'/' ti XVII' si;cles. PP· 9'>97 ·
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56 . • m, um lugar, nos antípodas da economia pura. para a subtil fórmula mista: ""o ll\C1"Cado '-a escotA ~
C"r-.:onrra:! ;~~~~c=i.s da;~cnr O'i limites do pockr real no s&-u lo XVJ do que o facto de os governos se que a burguesia primeiro aprende 0 nacionalismo"• . Pierre Vilar. la Catalogn.e dilll.f f Elpag"t mod~rne , 1 (Paris:
· • e cm 1 JCU d.ades financeiras, incapv~ de sangrarem a prosperidade dos mais aplos S.E.V.P.E.N., t962), 34.
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nalista,- eram freq uentemente mais estreitas do que o Estado submetido ao monarca "'•. Só Média. Uma das coi sa~ a salientar é que !<Ir.to cm tCfrTJO\ económíC05 como cm termo:i ·
muito mais tanle os dirigentes do aparelho de Estado viriam a procurar estados «integrados,,<-'ll, sociai s exi stia uma .,firme deterioração do estatuto de~ j udeuf llO'I finais da Idade Média- •t>111_ r
no' quais 0 grupo émico dominante viria a uassim ilar» as áreas adjacentes. Por um lado, à medida que a Inglaterra. a frança e a fapanha criavam ~trutu r~ centrali7.<i-
· 0 século XV I. alguns estados fi zeram progressos substanc1 a1s na centralização do das mais forte s, começaram a expuhar os j ude u~: a Inglaterra em 12\/(J. a França 00 fim do
poder e em conseguirem uma acei tação pelo menos parcial da leg itimidade desta centralização. século XIV,· a Espanha cm 1492. Ma~ e~ r.e fen6rneno também M'. n:l'lfit.Ou na Akmanha,
Não é demasiado difíci l delinear as cond ições em que este processo provavelmente se veri- onde, quando não eram expul sos. o~ jude u., fo ram enfraquecido' por vári~~ lCJrma' no i.eu
ficou. Sempre que os vários quadros. os vários grupos que controlava m recursos. pensavam
que os seus interesses de cl asse eram pol iticamente melhor servidos pel a tentati va de persuadir
papel de grupo come rcial. Tinham sido os judeus a condu1jr muito do comércio imuri:.cional
entre a Europa Ocide ntal e a Europa Oriental ao longo da rota tramcunrioe.r.tal v.:ten rional
i
e iníluen iar o monarca do que pe la prossecução dos seus fin s políticos por canais de acção entre 800 e 1200 e eram eles o seu princi pal \ upone •'·'·. Durante c~te periooo. em arnba) a..
alternativos. podemos falar de um sistema monárquico relativamente eficaz, um Estado rela- regiões, o seu estatuto legal fora razoavelmente favorável"·'•. Nos ~culo<> XIII e XIV houve
U\ amente «absoluto ... um declínio geral tanto no estatuto legal como no papel económico d°" judem pnr ioda a
1
• Absoluto• acarreta um tom errado. aquele que o~ reis de facto esperavam que acarre- Europa 1631 • No entanto, no século XVI, podemos fa lar de um deJequil fbrío geográfico: a 1
usse. O absolutismo era uma inj unção retórica e não uma afirmação rigorosa. Talvez fosse sua presença acr escida na Europa Oriental e em partes da Europa ~ eri dional , ou i.eja. u:na
3Üsado desdramatizar a concentração na pessoa do rei e fa lar simplesmente de um Estado a usência no centro e um r.eforço na periferia e semipcriferia '"''.
forulecido. ou de mais #estati sm o~ '"''· E preferfre l designarmos essa ideolog ia por «esta-
1i. mo • . Este é uma exigência de mais poder para o apare lho de Estado. No século XVI isto
60. Saio W. Baron. A Srx..~;aJ and Rrlixinus Hwo,., o/ tht: ) rwJ, 2.' t'd , XJ: Ciri.:n1 A.!1<'1 C<fl':.fW'~f
igníficava poder nas mãos do monarca absoluto. Era uma exigência de poder, sendo essa
(1f'
1
<Nova Iorque: Columbia Univ. f'rcs.. 1%7a). 192.
exig~nci.a uma p:irte da tentativa de o alcançar. Ni ng uém. então como agora. a tomava ou 6 1... .-..:o fi m do !.é.culo XII 1. a pusiç.ão d<x judeu~ no comércKJ intemacion21 tinha rnfragucú.-SO n.. AJe..
de,·eria to= como uma descrição do mundo real da época. Esta exi gência era até certo ponto manha tam ~ m como resul tado de uma !ttnc de proibições t-ontni eiõ <!irigi.da..1. [)e\\C tem po e:m d~.te IOdo <'
comác io e-0m o Leste fl uiu ao lon go dos canais mai\ anti go\ : o 1Ulo-meditrrrimco r;o Sul e o ~ícc ro
»alid:lda cm alguns estados . aqueles que viriam a constitu ir o centro da econom ia-mundo Korte . A estrada tran.M:ontincntal <ttravé\ da Rús\ ia e da Pol~ dcüou ~ fi gurM nas f~ hn.l6nc.ll uJ como
el.'fO~ i i Frai:a!>sari a nas outras áreas por ra.zl>es que mais tarde elucidaremos. tinha funcionado cm séculm an tcriorcv. J. Brutz.k.u\ . ..:Trade "''th Easkm Europe. 8(1).12'.I>•. ÚO'lt."'1tir llu:or}
Cma das principais indicações de êxito. bem como um mecanismo importante no R.vín.·, XIII. 1943. 4 1. 11
62. Da Polónia afirma Saio W. Bamn: · Sabemos muito pouco acCTu eh vj~ dO'.I jtd:m d-.in.n:.t: ff.11 ..ttu-
procõso de centralizaçiio do poder. era o grau em que a população podia ser transformada. los XI c XJ.IJ . mas é cvidcn1c que: go1.avam de plena liberdade de acção e ntanm 111je iux a~.) . \<C i. que a a~....n.
fo1se por que meio foue. num grupo cultura lmente homogéneo. Uma vez mais , a<; massas são
mer.o; relevantes do que o são os quadros em sentido law: o rei. a sua burocracia e con csãos,
rõ triçí>cs Jcgaü .... A Soe tal and kd1 ~icJu1 lluwry of rht JrwJ, 2! ed-, Ili: JfrtrJ a/ R.r.Hu ar.d Prma :f-ibdt'!faz:
Jewí sh Pu bl ica1ion Socie ty o í A menca, I CJ5701>. 21 9. Na Europa Ocidcnu.J. o ~i~t~m.i fcud.. l tendia a \C'r f~r-.ôrl "' cf
aos judeus por faur deJc, • um gru po novo ck va.._\.!.alo~ reail . aJgn semelhan te ~ nr.hre"( LTI\.~.I\ .. . Saio V.. . 8MOrL
j
os proprietários rurais (grandes e pequenos). os mercadores. No século XVI. enquanto os A Social and RrliKio u.r llil tol')"nf the hw$, 2.' cd .. IV: Murm ;: nf Ewt &- Wt ..>l •.F1lai.1i lf1.1. Je-...., Vt Pt.bht..J'!IOf"• Society
~~centrais se mo·. em no sentido de uma maio r homogeneização «é tnica,. entre estes of Amertca. J957 bJ. 50 . l ~to era "'crdade cm rclaçfo a fapanh.i. '"c-r pp. J(r 43J. .3 r-r.nça carol1npa 1'-'c.t pp. Jli ) .. ~)1 ,
à Alemanha (ver pp. 64-75). â lngla1crra e à t'orm:indu1 ('.·er pp. 75-MJ. Ernhor;, o f cutU..h~mn · .c.om;::f-".::uv: JPll·
estratos . as áreas çeriféricas de locam-se precisamente na d irecção oposta.
dcmcme a vida dO\ judeu\ na Europ<i. Ocícknt.al. tanto pela \Ua dr.-erudade a.'l:ircr.JicJ comr, p::lo rtforço d.i J.UlDn•
Comecemos por obse rvar a atitude do aparelho de Estado em relação ao comerciante dadc da Jgrcja sobre O'\ judell.'i .... dá-\C 1ambém oº"'" ({Ut= "' fJ\ f11gl"' proHnciai\ e cmu11Ít; d:t Ii~r.s c.omn~íirn
que pene ncía a um grupo .-minoritárioh. Em primeiro lugar, existiam os judeus, um grupo :!i ig_ni ficativamcn1c p31.c. a ~gurança dt.J\ 1udeu_\ atr:,v6 cb !. Ul con1ínua in.\ 1\ ténci2 na to!:1iinca bâ:ste.a. do iC'U 1
reforço do poder real p<tr me io da Enfíll.C no dire ito d1v1no do\ rch. dt:>\ ).CU \ a;xlo\ p:a:ra que ~ rc'!\ ~~\ie!Jt com ;
que ~sem penhou um papel considerável nas actividades comerciais ao longo de toda a Idade
ju.\liça. e da sua propagação inc:an~vel de pactO\ dc\t1nadcx a cuabdcccr a -u~~ drvm:i"" ~u r" ~>\ rmu
indefews: da população, incluindo cléri gct\ e judeu1o lpp. 53 -54) .. .
63. Na Alta Idade Média. rh judeu~ 1inh am bcncfKiadodo fac:HJ de !i.erem .. ,,·a.\WO\ re.an• S a lluu l.d:MJc {
~cor_s~ .. g~~~p!'\.~-S (~~ocidcnuUJ. es~l~erwcapt~isoupenodeW . estavam acomcçar MMia ~lc'i mc~mos rei!io 1omaram -\C mai~ forte\. ~1 .u a pc>"\IÇão dos judeu\ COOX"ÇOU a dc:clir..a..r . 8aror. c:orrer.U:..
l I
--..e sibf.ux paruc:ulare\ 00 rei , com um esu.rato idêntKo do qu.e sena hoje chamado um SttJO.t.svolk. (.. .)
lJ:n ~rr""'&~a lf-X hr: ~ por tr:!.Ur 'I ··bd~tc.K u~tra~poderO"iOS para ~b o !Cu controlo podia volw contra si mesmo a.s
~ ~-- rn..J.'\ ~a õpCf3.f um.bém
.,,Vis 10 que os seu~ rc\ pcctivos af'T}(/\ reai ~ c xlra.íam bcncfic1m. fo.ca1\ r-ad.1 vc1. m.;uorõ do\C. rebciolu.~ao. t.
duplamente 5urpreenden lc que fraca'i~!\Cm no C"mprcgo do seu pot:kr cre -..ccnLe P"f.1 proter,er nu.J.) doc.u,.mcntc os
'9.C\J..\ .. servos'' judcu!l fp. 198J•. Baron cncontra:ac1plicaçãono ... 01wu1 ipndc riac1r.J1Ul~crx.1m1u·.-~ 1rad.:atmen:c
l 1

P'f'OV~a~=~
:;mngtr o !.CU propó\ ito pe la e xpa.'Ulo. levando de vencida o feudalis mo
~m.ando a> qut.: era..~ er..tcn ores ... . K1c:man. P aJJ &: Pr~Jmt. n.' ) 1. p. 33 . forma na Baixa Idade Média f p. 199 l·~ Para mais, "'ª creKc:nlc laici1.ação da.\ soei<-~ r.1ccbcun rn'C11S1 ÍK'.3"ºiJ. a 1.
1. , · • • ~ ~tedadc devia ser mtegrada. de que dc"·ia haver. se poss ível. uma só raça. uma !ua intolerância ct ncrrc li giosa (p. 200 )..
~"'U:J... _ ur.z cu lt:J:a m.:rn Esiaao. e: qu!' codíJ\ ou quase todos <X povos com fronrcira\ políricao; dev iam ter direito a 64 . .,Em purrado\ du m pai\ para outro (00\ ~culm. XI V e XV. L.) ex judeus) ~kJC.anm ·SC tm número
W0~~~.: Q:J( de·. ena .;cr b :o - rudt> ~to é no"º · o re.su_ltado do pensamento ocidental do s«uJo XlX•. crescente para a.\ froncei r~ aberta\ da Europa Ccntnl-Orkn1al e estabe lec iam cornun~ c:adl ve1. rr...a-a auto-- 1
m59 . C.~~~C~~.u:.º:i~aª:'.::~:~,1 : S°:'ª'. F~rc eJ in 1\fed1n·~/ China tLciden: Brill. 1965), 2.' ed. rev., ~· ·afirmarivas e cm CTC'?CÍmento rxK tcrritôrio" C'- lavO\, húngaros e liruarm . Em mu itos dcu cs t"fl)fÇ"O.. ck5c:obna.m 1
z:aç6:1 r.SOgovcma.:..<m.ai., . cemraJiz ~~ e~ atrn~:_s da "'.l.UIOfl(JfTlta .forma l, diferenciação cm relação a orgam-
~-:t: c1Ubt hdadc- po1 : oordcnaçao int~ml ... D_aqu1 \e ~gue que um .. C.\taiismo ex tremo nunca
a s~a utilidade para a~ respectivas wcicdades como fomect"dorc._ de dinheiro e dr. aéd~. ~ ~ ~ nt~. e~
obJCCt~ dhponívc: is c frcqucntc:mcnic indcfcws de rribub:jão. revdanm ·i<' a.\ suu nu.111ro rmporwn~ fonta de mco
!
.a.;
11.s~ nomu.frnc·r..te a.u~.tl~~:~u~~: na arena mtcmac1onaJ. P~ pen'iar-sc que um aumento ~e C.\ta-
;rumenu .1 5':3 czpocidadt: em libertai rccur~ a u: :.lbrc. ~ recu r.ws ~óv e1 o; dentro da população ~ ua sllbd•U:1· que
fi~ ims •. Saio W. Baron. A. S&c ia l anil R~ligíou.J llutory of 1h~ j,.,,.-s, 1.' cd., Xll: ÚON"Jmt< Cotolytt <Nova
Iorque: Columbia Univ. Prcss. 1967b). JO-J I. · l
off..l.!rnpca:nSu1cm.iüng.•.l'2,.,,_-urihopolic lado doca~ nacional ou 1mcmac1-0n.al• . ... R eflcctions on lhe ff1story
Eorop< (Prixctoo. :-;cw Jeney: P:ir.ceton"PUn ivmity ~:~:. ~~ Tílly.cd., Th• Bui/díngo/Starn in Wnurn
. . A Alemanha era uma área marginal: •No entanto. após a cat.htrofc d.li Pene Nr.ua. ~ ~uJ alemk-\.
dlllmadm e cmpobrecid<x, foram forçado\ a concentrar-se cadi \ cz ma:111ro oo crr.prt ..n~ de dinheiro. Embora <ã
seus lucr°' financeiros diminu í,!t.Cm fonem:ntc, incorriam por causa dt.uo na intenU .amrno\ichde da populaç:.J;n.
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nalista,- eram freq uentemente mais estreitas do que o Estado submetido ao monarca "'•. Só Média. Uma das coi sa~ a salientar é que !<Ir.to cm tCfrTJO\ económíC05 como cm termo:i ·
muito mais tanle os dirigentes do aparelho de Estado viriam a procurar estados «integrados,,<-'ll, sociai s exi stia uma .,firme deterioração do estatuto de~ j udeuf llO'I finais da Idade Média- •t>111_ r
no' quais 0 grupo émico dominante viria a uassim ilar» as áreas adjacentes. Por um lado, à medida que a Inglaterra. a frança e a fapanha criavam ~trutu r~ centrali7.<i-
· 0 século XV I. alguns estados fi zeram progressos substanc1 a1s na centralização do das mais forte s, começaram a expuhar os j ude u~: a Inglaterra em 12\/(J. a França 00 fim do
poder e em conseguirem uma acei tação pelo menos parcial da leg itimidade desta centralização. século XIV,· a Espanha cm 1492. Ma~ e~ r.e fen6rneno também M'. n:l'lfit.Ou na Akmanha,
Não é demasiado difíci l delinear as cond ições em que este processo provavelmente se veri- onde, quando não eram expul sos. o~ jude u., fo ram enfraquecido' por vári~~ lCJrma' no i.eu
ficou. Sempre que os vários quadros. os vários grupos que controlava m recursos. pensavam
que os seus interesses de cl asse eram pol iticamente melhor servidos pel a tentati va de persuadir
papel de grupo come rcial. Tinham sido os judeus a condu1jr muito do comércio imuri:.cional
entre a Europa Ocide ntal e a Europa Oriental ao longo da rota tramcunrioe.r.tal v.:ten rional
i
e iníluen iar o monarca do que pe la prossecução dos seus fin s políticos por canais de acção entre 800 e 1200 e eram eles o seu princi pal \ upone •'·'·. Durante c~te periooo. em arnba) a..
alternativos. podemos falar de um sistema monárquico relativamente eficaz, um Estado rela- regiões, o seu estatuto legal fora razoavelmente favorável"·'•. Nos ~culo<> XIII e XIV houve
U\ amente «absoluto ... um declínio geral tanto no estatuto legal como no papel económico d°" judem pnr ioda a
1
• Absoluto• acarreta um tom errado. aquele que o~ reis de facto esperavam que acarre- Europa 1631 • No entanto, no século XVI, podemos fa lar de um deJequil fbrío geográfico: a 1
usse. O absolutismo era uma inj unção retórica e não uma afirmação rigorosa. Talvez fosse sua presença acr escida na Europa Oriental e em partes da Europa ~ eri dional , ou i.eja. u:na
3Üsado desdramatizar a concentração na pessoa do rei e fa lar simplesmente de um Estado a usência no centro e um r.eforço na periferia e semipcriferia '"''.
forulecido. ou de mais #estati sm o~ '"''· E preferfre l designarmos essa ideolog ia por «esta-
1i. mo • . Este é uma exigência de mais poder para o apare lho de Estado. No século XVI isto
60. Saio W. Baron. A Srx..~;aJ and Rrlixinus Hwo,., o/ tht: ) rwJ, 2.' t'd , XJ: Ciri.:n1 A.!1<'1 C<fl':.fW'~f
igníficava poder nas mãos do monarca absoluto. Era uma exigência de poder, sendo essa
(1f'
1
<Nova Iorque: Columbia Univ. f'rcs.. 1%7a). 192.
exig~nci.a uma p:irte da tentativa de o alcançar. Ni ng uém. então como agora. a tomava ou 6 1... .-..:o fi m do !.é.culo XII 1. a pusiç.ão d<x judeu~ no comércKJ intemacion21 tinha rnfragucú.-SO n.. AJe..
de,·eria to= como uma descrição do mundo real da época. Esta exi gência era até certo ponto manha tam ~ m como resul tado de uma !ttnc de proibições t-ontni eiõ <!irigi.da..1. [)e\\C tem po e:m d~.te IOdo <'
comác io e-0m o Leste fl uiu ao lon go dos canais mai\ anti go\ : o 1Ulo-meditrrrimco r;o Sul e o ~ícc ro
»alid:lda cm alguns estados . aqueles que viriam a constitu ir o centro da econom ia-mundo Korte . A estrada tran.M:ontincntal <ttravé\ da Rús\ ia e da Pol~ dcüou ~ fi gurM nas f~ hn.l6nc.ll uJ como
el.'fO~ i i Frai:a!>sari a nas outras áreas por ra.zl>es que mais tarde elucidaremos. tinha funcionado cm séculm an tcriorcv. J. Brutz.k.u\ . ..:Trade "''th Easkm Europe. 8(1).12'.I>•. ÚO'lt."'1tir llu:or}
Cma das principais indicações de êxito. bem como um mecanismo importante no R.vín.·, XIII. 1943. 4 1. 11
62. Da Polónia afirma Saio W. Bamn: · Sabemos muito pouco acCTu eh vj~ dO'.I jtd:m d-.in.n:.t: ff.11 ..ttu-
procõso de centralizaçiio do poder. era o grau em que a população podia ser transformada. los XI c XJ.IJ . mas é cvidcn1c que: go1.avam de plena liberdade de acção e ntanm 111je iux a~.) . \<C i. que a a~....n.
fo1se por que meio foue. num grupo cultura lmente homogéneo. Uma vez mais , a<; massas são
mer.o; relevantes do que o são os quadros em sentido law: o rei. a sua burocracia e con csãos,
rõ triçí>cs Jcgaü .... A Soe tal and kd1 ~icJu1 lluwry of rht JrwJ, 2! ed-, Ili: JfrtrJ a/ R.r.Hu ar.d Prma :f-ibdt'!faz:
Jewí sh Pu bl ica1ion Socie ty o í A menca, I CJ5701>. 21 9. Na Europa Ocidcnu.J. o ~i~t~m.i fcud.. l tendia a \C'r f~r-.ôrl "' cf
aos judeus por faur deJc, • um gru po novo ck va.._\.!.alo~ reail . aJgn semelhan te ~ nr.hre"( LTI\.~.I\ .. . Saio V.. . 8MOrL
j
os proprietários rurais (grandes e pequenos). os mercadores. No século XVI. enquanto os A Social and RrliKio u.r llil tol')"nf the hw$, 2.' cd .. IV: Murm ;: nf Ewt &- Wt ..>l •.F1lai.1i lf1.1. Je-...., Vt Pt.bht..J'!IOf"• Society
~~centrais se mo·. em no sentido de uma maio r homogeneização «é tnica,. entre estes of Amertca. J957 bJ. 50 . l ~to era "'crdade cm rclaçfo a fapanh.i. '"c-r pp. J(r 43J. .3 r-r.nça carol1npa 1'-'c.t pp. Jli ) .. ~)1 ,
à Alemanha (ver pp. 64-75). â lngla1crra e à t'orm:indu1 ('.·er pp. 75-MJ. Ernhor;, o f cutU..h~mn · .c.om;::f-".::uv: JPll·
estratos . as áreas çeriféricas de locam-se precisamente na d irecção oposta.
dcmcme a vida dO\ judeu\ na Europ<i. Ocícknt.al. tanto pela \Ua dr.-erudade a.'l:ircr.JicJ comr, p::lo rtforço d.i J.UlDn•
Comecemos por obse rvar a atitude do aparelho de Estado em relação ao comerciante dadc da Jgrcja sobre O'\ judell.'i .... dá-\C 1ambém oº"'" ({Ut= "' fJ\ f11gl"' proHnciai\ e cmu11Ít; d:t Ii~r.s c.omn~íirn
que pene ncía a um grupo .-minoritárioh. Em primeiro lugar, existiam os judeus, um grupo :!i ig_ni ficativamcn1c p31.c. a ~gurança dt.J\ 1udeu_\ atr:,v6 cb !. Ul con1ínua in.\ 1\ ténci2 na to!:1iinca bâ:ste.a. do iC'U 1
reforço do poder real p<tr me io da Enfíll.C no dire ito d1v1no do\ rch. dt:>\ ).CU \ a;xlo\ p:a:ra que ~ rc'!\ ~~\ie!Jt com ;
que ~sem penhou um papel considerável nas actividades comerciais ao longo de toda a Idade
ju.\liça. e da sua propagação inc:an~vel de pactO\ dc\t1nadcx a cuabdcccr a -u~~ drvm:i"" ~u r" ~>\ rmu
indefews: da população, incluindo cléri gct\ e judeu1o lpp. 53 -54) .. .
63. Na Alta Idade Média. rh judeu~ 1inh am bcncfKiadodo fac:HJ de !i.erem .. ,,·a.\WO\ re.an• S a lluu l.d:MJc {
~cor_s~ .. g~~~p!'\.~-S (~~ocidcnuUJ. es~l~erwcapt~isoupenodeW . estavam acomcçar MMia ~lc'i mc~mos rei!io 1omaram -\C mai~ forte\. ~1 .u a pc>"\IÇão dos judeu\ COOX"ÇOU a dc:clir..a..r . 8aror. c:orrer.U:..
l I
--..e sibf.ux paruc:ulare\ 00 rei , com um esu.rato idêntKo do qu.e sena hoje chamado um SttJO.t.svolk. (.. .)
lJ:n ~rr""'&~a lf-X hr: ~ por tr:!.Ur 'I ··bd~tc.K u~tra~poderO"iOS para ~b o !Cu controlo podia volw contra si mesmo a.s
~ ~-- rn..J.'\ ~a õpCf3.f um.bém
.,,Vis 10 que os seu~ rc\ pcctivos af'T}(/\ reai ~ c xlra.íam bcncfic1m. fo.ca1\ r-ad.1 vc1. m.;uorõ do\C. rebciolu.~ao. t.
duplamente 5urpreenden lc que fraca'i~!\Cm no C"mprcgo do seu pot:kr cre -..ccnLe P"f.1 proter,er nu.J.) doc.u,.mcntc os
'9.C\J..\ .. servos'' judcu!l fp. 198J•. Baron cncontra:ac1plicaçãono ... 01wu1 ipndc riac1r.J1Ul~crx.1m1u·.-~ 1rad.:atmen:c
l 1

P'f'OV~a~=~
:;mngtr o !.CU propó\ ito pe la e xpa.'Ulo. levando de vencida o feudalis mo
~m.ando a> qut.: era..~ er..tcn ores ... . K1c:man. P aJJ &: Pr~Jmt. n.' ) 1. p. 33 . forma na Baixa Idade Média f p. 199 l·~ Para mais, "'ª creKc:nlc laici1.ação da.\ soei<-~ r.1ccbcun rn'C11S1 ÍK'.3"ºiJ. a 1.
1. , · • • ~ ~tedadc devia ser mtegrada. de que dc"·ia haver. se poss ível. uma só raça. uma !ua intolerância ct ncrrc li giosa (p. 200 )..
~"'U:J... _ ur.z cu lt:J:a m.:rn Esiaao. e: qu!' codíJ\ ou quase todos <X povos com fronrcira\ políricao; dev iam ter direito a 64 . .,Em purrado\ du m pai\ para outro (00\ ~culm. XI V e XV. L.) ex judeus) ~kJC.anm ·SC tm número
W0~~~.: Q:J( de·. ena .;cr b :o - rudt> ~to é no"º · o re.su_ltado do pensamento ocidental do s«uJo XlX•. crescente para a.\ froncei r~ aberta\ da Europa Ccntnl-Orkn1al e estabe lec iam cornun~ c:adl ve1. rr...a-a auto-- 1
m59 . C.~~~C~~.u:.º:i~aª:'.::~:~,1 : S°:'ª'. F~rc eJ in 1\fed1n·~/ China tLciden: Brill. 1965), 2.' ed. rev., ~· ·afirmarivas e cm CTC'?CÍmento rxK tcrritôrio" C'- lavO\, húngaros e liruarm . Em mu itos dcu cs t"fl)fÇ"O.. ck5c:obna.m 1
z:aç6:1 r.SOgovcma.:..<m.ai., . cemraJiz ~~ e~ atrn~:_s da "'.l.UIOfl(JfTlta .forma l, diferenciação cm relação a orgam-
~-:t: c1Ubt hdadc- po1 : oordcnaçao int~ml ... D_aqu1 \e ~gue que um .. C.\taiismo ex tremo nunca
a s~a utilidade para a~ respectivas wcicdades como fomect"dorc._ de dinheiro e dr. aéd~. ~ ~ ~ nt~. e~
obJCCt~ dhponívc: is c frcqucntc:mcnic indcfcws de rribub:jão. revdanm ·i<' a.\ suu nu.111ro rmporwn~ fonta de mco
!
.a.;
11.s~ nomu.frnc·r..te a.u~.tl~~:~u~~: na arena mtcmac1onaJ. P~ pen'iar-sc que um aumento ~e C.\ta-
;rumenu .1 5':3 czpocidadt: em libertai rccur~ a u: :.lbrc. ~ recu r.ws ~óv e1 o; dentro da população ~ ua sllbd•U:1· que
fi~ ims •. Saio W. Baron. A. S&c ia l anil R~ligíou.J llutory of 1h~ j,.,,.-s, 1.' cd., Xll: ÚON"Jmt< Cotolytt <Nova
Iorque: Columbia Univ. Prcss. 1967b). JO-J I. · l
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Eorop< (Prixctoo. :-;cw Jeney: P:ir.ceton"PUn ivmity ~:~:. ~~ Tílly.cd., Th• Bui/díngo/Starn in Wnurn
. . A Alemanha era uma área marginal: •No entanto. após a cat.htrofc d.li Pene Nr.ua. ~ ~uJ alemk-\.
dlllmadm e cmpobrecid<x, foram forçado\ a concentrar-se cadi \ cz ma:111ro oo crr.prt ..n~ de dinheiro. Embora <ã
seus lucr°' financeiros diminu í,!t.Cm fonem:ntc, incorriam por causa dt.uo na intenU .amrno\ichde da populaç:.J;n.
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f Europ;l
tut
:1'= "5 juJeus d~sem~nh 3 ss~m um p:ipe l sempre crescente na ~ida económica da
Onent.ll. , :; lhes era pe.nnitido o p~rel ~e .m ercador entre as pro~ ssoes .ac1ma do e.sta-
de d ,.., tr.lh:l.lh .. dor:i. Só p;ir:l eks a ' 'la cl:i.<s1ca de empresirio parJ arrendador se revelou
Os judeus eram um alvo fácil para os seu concorrente.' porque se pod iam transformar
numa causa ideol ógica. Podia argumentar-se contra o seu papel económico com um fun~·
mento reli gio o. Uma das fonnas de os monarcas lidarem com ; ,10 n) Europa Ocident.1.1 ioi
imp<'S'i'd "''. De mr-Jo idtntirn. m h:ília d Non e. como '."'sultado do ded1mo _da força expul sar os judeus. substituindo-os por um ou1 ro grupo mcno• vu l ncr~ ' d no terreno da re li·
fi r..:m eira d3 ; id:iMs-esrados. que '"~ firnu a d ·wr em pane a sua pequena d1mensao com a gião. embora. do ponto de vista dos mcrcadorc.' indígena.\ , igualmente concorren te. Por
n;equente ~quena ti3se de 1rihuta;-:io e inopaci dade .de proteger os seu.s cidadãos fora do exemplo. P. Elman descreve como. quando o monarca 111gJi:, fu i finalmen1c fon;:tdo a expul-
p;i ís '""'. 3 rosi :io dns juJeus come,·ou de :i li:unu maneira a melhorar. mai s uma vez desem- sar os judeus em 1290. ele acolheuº' usurári o, italiano' em >cu lugar. Urn a vez q ue fr~-q u e n ­
penh:mdo principalmeme o pl pd de mercadores "''· A questão dos judeus. tal como se apre- temente o rei.não pagava os empréstimos. "Cm termo, práticos ns cmpré\timos italiano< n:io
s nt.3 , 3 aos º ' e mJ. n l e~. erJ um di lema de ., fi sc ali s m o >~ rusus «merc:intili smo» nascente. diferiam muitas vezes gr.mdcrnenlc das talha.~ pagas pel o' judeu, . "''. Me" no ª"im. no , é(:ulo
Por um l:td,;,
estes me rcadores judeus er:un um3 fonte importante de rendimento para 0 XVI os italianos foram desalojados do se u papel de emprcs:lrim no interior da fnglaterrn '· '.
fa tadü: ror üulro bdo. os mercadores n:io judeus viam-nos como concorrentes e os proprie- e mesmo em Espanha' ' ". mas os judeus estavam a desalojar pol acos na Polónia ,,., ., Como era
t:írio, comn crcdorc ·. ambos os grupos combinando por vezes as suas pressões sobre o gover- isso poss ível ?
nante par:i os eliminar. A primei ra consideraç:io prevaleceu inicialmente tantas vezes quantas Na Europa Ocidental, a base agrícola crescentemente di versifi cada, juntamente com -
as que os reis esta"am em pos iç3o de a contemplar ("' '. À medida que a burguesia indígena as indústrias nascentes. fortaleceram a burguesia comercial até ao ponto em q ue o rei foi
e fona l~c i 3 nos estados centrais. a intoler:incia para com os judeus fez prog ressos legais obrigado a tê-los politicamente em conta. A outra face da moeda foi a de que eles eram capa-
substan i3is. zes de servir como sustentáculo fi scal da monarquia - como contribuintes. empre,tadores e

L .1 Os rrópnos ~ov e m .:m t cs que . .uravés dos seus impos1os . eram cm muilos aspectos sóc ios s ilenc iosos dos ban- 69. P. Elman. ,;n 1c Econo míc Causes o f lhe fa.pul.\ion o f lhe Jc.,., , m 1 ~ ... Ecoft0"1i< l/u1o f)' Rrn""'.
qu ('1 ro~ judeu~ .
dc:frndiam agor.t cad.'.I \ ' C:l. menos vigorosam<.·. ntc as suas gu:trd:&s. ( ... )As cond ições foram de mal a VII, J. Nov. 1936 , 151. Elman argumenta ai nda que foi porque o s judeu foram • Su gado~ 3 1 ~ à C" U ustl.u· qué' fot
piar n.:as décadas 1 cm pc s 1u o~ :ts do 1.·. omeço do séc ulo XVI. quando a ag i1açào soci:i.I e as querelas reli giosas prcpara- ped ido aos i1alianoi1 que romasscm o seu lugar.
' 'am o terreno parn i uerras ci \l is e de reli gifo fpp. 15 1- 153 }... 70. e. Por essa altura.( ...) os mcrcali ures ultramar ino~ ingleses 11nh3.m reun ido forç as com os cinadmoi in glc).('i
6~ . • Pan:ce quC" a s i(lJ aç:io era d ife rente pa ra o s nume roso s judeus d:I Po lóni a, para quem o acesso à 1crra e 3 xcno íobi a urbana c sta .... a a evoluir para um nac ion.:ifo.• mo económico . No fi nal do s.éru lo XIV as trota.ü u do'\
e o 3\'anço soc ial cs1:ivam em princípio vedados. Neste caso , cremos que c:ra m ais frequen1 emen1c empreendido o mcrc.ido res de 1ec idos in glese s para penetrarem no Bfü ico encontraram pouc a receptividade na~ c~ adõ han.-.dti-
imcs1imento de capi tal {e m ac1ividadcs mineiras e indu striais ]->. Marian Mal owi st, • L'~ volu1ion industriclle cn C":l.li . Nesta.li ci rc un stânc ias , os pri,· ilé g io~ dos hanscá1icos cm ln glat crrJ (q ue inc lu fam d irci1os sobre o ~ tecidos rr.a1s
Pologne du XI V• au XV II• s ie-c k : trJ ils géné raux» , Srudi in 011ore di Armando Sapori (Milão: Js1i1u10 Edn. Cisalpino, baixos ainda que os que os na1urai s pag:1vam) parec iam mJondamcntc injus1ificados. e O"i comc rc1an1cs U\f lCSC'S
t957 ). I. 60 1. pedi am o u reci proc idade no Bá ltico uu u co rte dus pri vil ég io " han-.1:á1 icos cm lngl:i.tcrr.1. 1...) Entretanto O\ i t.ai i~
66 . .. Ma.~ como p:>dcmos nós e xpli car esta queda (da liderança me rcant il das cidades-es mdos iralianas]7 c ncomravant·SC no centro dt: uma cont rové rsi a se melh ante . ( ... ) JO)I homc:m dJs c id:.id~ vir:av:i.m-sc J contra. as noç ões
Os C'l cme nlos que co ntri bufr:un para C'la são os seguinic s: a luta d e classes que n o rcsceu nas cidades-estados , as buli o ni ~ t as que se to ma\' am m oc<la corrente . 1\ s !.Uas ac ti \' id adc ~ bancárias e as .!>U.:U opcraç 6e~ de câmbto eram
bancanot3s dc,•icfas à inso lvência dos devedo res reais (bancarrota dos Bardi Pcruzzi}. a au sência dum Estado grande acusadas de conduzir a uma ex ponaç ão c.k ouro e praia , e a na1urc1...:i do se u c:omfrcm 1.. nmh.a.ri a.\" de JuJ..o ] il Um.J.
que prolC" gessc os seus cidadãos no estrangeiro; is10 ~.a causa fundamental cs1á na própria eslrutura da cidadc-cs· cons la ntc sang ria de o uro ... Edward M iller, • Thc Econom ic Po lic ie s o f GuHmment.s: Francc and En g-land · . tn
lado, que não~ podia transformar num Estado 1crri1o ria lme nte g randeio. An1o nio Gram sc i, /I RiJorgimenro (Roma: Cambádge E<·onomic llistory of Europe, Ili : M. M . Po)l1an , E. E . Rich e Edward ~t i ll c r. cJ,_, Ew nnmic O r~ am­
Giu lio E in:1ud 1 Ed .. 1955), 9. :a1iot1 m1d Polidrs ;,, th e Middl r A.grs (Londres e Nova Iorque : Cambridge Uni\·. Prcss . 1963). J JO.J3 L
juck us fo~~.:~~~~:~,:S~~~i~~~~:~~a~~~~~~~~~~e::::i;,~~~c~;dºo~~:1~7~s r:cnudr: :~:~i;ii~:d1~:~:~e3~1~~ 71 . 149 2 é a data ch a \'c . Anlcs d isso. Viccns nora: .. Não h:.i"i:.i liurg: ues1a urb3Ila. 1al co mei noi,, outrô\ p.i.íses.
do Ocidente . Esta lac una era pree nch ida por um a d a..o;M: .!.o cial forJ da reli gião c ri~t :l : m. jud(' u~· - A 11 Ecoll()mtc / /iJ .
mC'nte cxcc:d1am os se u ~ própr_ios, me)l mfJ no resto d:i Europa. Con1udo . após a.~ cri~s financeiras do ~culo XIII, tory of Spa;,1, p. 248 . Depois di sso. d o minaram os gc nO\'c-;cs: .. Q po n1 0 de "irn gem na hi"tlória ~~ rncrcadorc-s
que lc varJm à fol~nc i:i d~ ( ~á n as j grand~s finna" L .. ). novas oponunidadcs se abriram parJ os judeus. ( ... ) ge noveses cm Es panha foi a desco berta da 1\mé rica e a s u b~~ uc n tc abcnu n1 de rdaçüe ~ co mcrc1 :iifi com o nO\•o
.º" princ 1 pados_ 11a! iano~ a prc~ i ava m tam bém há mui10 :1 presenç a dos jude us como fon1e adici onal de força con1inc n1e. D;1í em di anie , a sua as ce nsão à predonun ánc ia econó m ica cm Espanha acompanhou a emc rgênc1.:a des ta
eC'on6m1ca .. _ Uaron , A Sona! arid Reltxinu.r llistory of tlieíews, XII. PP- 161 , 163. nação com o polê nc ia d o minanrc no mundo do )lécu lo XVI. A ~ rl e deu ~ imu ltane a m c me à Ec;_panha. dor\ 1 mpc!~ .
. Q uando os j udeu'i da Es panha e da Sic ília foram expul sos cm 1492, -.a hália em a única terra na Europa um no Velho Mundo. o u1ru no No vo. A impn: paração da Espanha para rcsJX>n)abil idades: 1 m pc-m.i~. p:miculM-
~~~~i~':~~:~:. r~~~~;;~~s-.. Cec il Rolh , Th e llisrory o/ 1/ie Je ws of ltaly (Filadé lfia: Jewi sh Publica1io n Society or m cnlc na es fera eco nó mica. foi o 1rampol im para o av anço gt:no\'é s ... Ruth Pike . · Tht: Gc:nocsc m Sc,·j JI~ and lhe
Opcnin g of thc New World .+ , Jmmial o/ Ernnomic Uil11Jry, XXlll . 3. Sei. 1961. 348. Ver Chaunu. Shtlle. Vltl.
68 . .. & o:-. j~de us não foram totalmente dispens ávei s em cenas regiões (da Europa Ocidental 1(..• )isso deveu- (! ), 285-286.
-se .e m boa pan e aos m1 ercsses fi scais dos respectivos gove rnos, rcprc~nlad os pela.li receitas que ob1inham , dirccla
Ve r ta mbém Javicr Rufz Almansa: .:Cad;,1 um dos 1rCs gru pos raciais ícrisWos. judea_'i , mouros ) t inh.:! -se
ou mdircc1 amc ~1~, at ra~~ s dos cmpr6.1imos de judeus ou da s ua tributação cresccnrcmcn1c cxorbi1antc•. Baron, A
SoClal anti Rell1i: w1u Jlurory o/ th~ Jt ....s. XII, p. 197. e nc arregado , na c s1.ru1ura econó mic a do te mpo, de uma funç ão detmninada . A ehminaçào moo um \'i.cuo d ifki l
d e preenche r e produziu um verdadeiro lc \'antamento orgânico da soc ie~dc csp.IDttol~ ~ ~rc:iOOre..fi: ~e~
, Ve r J. Lec ?hnc idm~n ~obre Aragão nos séculos XUJ e XIV: .:G cralmen1e, quando se empresta d inheiro
veses e ílamcngos ocuparam as funç ões anterio nncnte dese m pen hadas pelos Ju deus . m as nao inteiramente. Os aru -
C"spcra-se que ek l>CJa devolvi do. Mas isto não é inrcirame nre verdade quando se empresta ao Es1ado Embora os
fi cc s da França Meridio nal preencheram uma grande pane da lacu na dC'i:uda pcl~s mo_un .-.cos • . •L:i 1dc:a.s Y las
m s pag~i:.t.em freq ue 111: men1e ~qu.c n o~ c~prést imos . a prá1ica no nnal era repor o dinheiro atravts de
um novo
Csladis ticas de població n cn Espaiia cn cl si glo xv1 ... R<'.\'ista in~trna~1onal _d t soc1.ol~g1a . 1. 19-'7 . .crL~ por ! u~
empréstimo ou consegui -lo dum md~vfduo d 1fC"rcnte para pagar ao primeiro. Normalmente o dinheiro que o s judeus
cmprest.a.vam ao fatado estava perdido. e e lt s tinham de o rec uperar com os lucros da cobrança de .impos tos. VislO Reglá, «La expuls ió n de los morisco s y s us consecuenc rn.) "'. /lu pama. re\·uta upanola Je hurona , XIII . n. 5- .
195 3, 445 .
~~~c~~ ;:c~ucrr~: se lom~vam fonte d~ nov~s. cmprts1imo s, os .mo narcas empenhavam-se em assegurar que o s
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72. • (Na) Pol ónia , que sa ltou de repente para a m odernidade no começo do ~u i~ XV. há uma crc'-C~te
tNova lorq:: N;:my:;t~~~v~ ~';:~::!ilt~~~)~~'.~~~~cro,._ Th~ Rur o/ tht Aragonese·Catalan Empirt, /200·1350 asce ndência judaica , resultado do seu número . e mesm o quase uma 0 3Çào ~um Estado Jud:u~, que scclo varridos
pe las dific uldades cconómicali e pela repressão impiedosa d o século XVII .... Brau<k l. LA M édzrerranfe . n. p . 137.

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f Europ;l
tut
:1'= "5 juJeus d~sem~nh 3 ss~m um p:ipe l sempre crescente na ~ida económica da
Onent.ll. , :; lhes era pe.nnitido o p~rel ~e .m ercador entre as pro~ ssoes .ac1ma do e.sta-
de d ,.., tr.lh:l.lh .. dor:i. Só p;ir:l eks a ' 'la cl:i.<s1ca de empresirio parJ arrendador se revelou
Os judeus eram um alvo fácil para os seu concorrente.' porque se pod iam transformar
numa causa ideol ógica. Podia argumentar-se contra o seu papel económico com um fun~·
mento reli gio o. Uma das fonnas de os monarcas lidarem com ; ,10 n) Europa Ocident.1.1 ioi
imp<'S'i'd "''. De mr-Jo idtntirn. m h:ília d Non e. como '."'sultado do ded1mo _da força expul sar os judeus. substituindo-os por um ou1 ro grupo mcno• vu l ncr~ ' d no terreno da re li·
fi r..:m eira d3 ; id:iMs-esrados. que '"~ firnu a d ·wr em pane a sua pequena d1mensao com a gião. embora. do ponto de vista dos mcrcadorc.' indígena.\ , igualmente concorren te. Por
n;equente ~quena ti3se de 1rihuta;-:io e inopaci dade .de proteger os seu.s cidadãos fora do exemplo. P. Elman descreve como. quando o monarca 111gJi:, fu i finalmen1c fon;:tdo a expul-
p;i ís '""'. 3 rosi :io dns juJeus come,·ou de :i li:unu maneira a melhorar. mai s uma vez desem- sar os judeus em 1290. ele acolheuº' usurári o, italiano' em >cu lugar. Urn a vez q ue fr~-q u e n ­
penh:mdo principalmeme o pl pd de mercadores "''· A questão dos judeus. tal como se apre- temente o rei.não pagava os empréstimos. "Cm termo, práticos ns cmpré\timos italiano< n:io
s nt.3 , 3 aos º ' e mJ. n l e~. erJ um di lema de ., fi sc ali s m o >~ rusus «merc:intili smo» nascente. diferiam muitas vezes gr.mdcrnenlc das talha.~ pagas pel o' judeu, . "''. Me" no ª"im. no , é(:ulo
Por um l:td,;,
estes me rcadores judeus er:un um3 fonte importante de rendimento para 0 XVI os italianos foram desalojados do se u papel de emprcs:lrim no interior da fnglaterrn '· '.
fa tadü: ror üulro bdo. os mercadores n:io judeus viam-nos como concorrentes e os proprie- e mesmo em Espanha' ' ". mas os judeus estavam a desalojar pol acos na Polónia ,,., ., Como era
t:írio, comn crcdorc ·. ambos os grupos combinando por vezes as suas pressões sobre o gover- isso poss ível ?
nante par:i os eliminar. A primei ra consideraç:io prevaleceu inicialmente tantas vezes quantas Na Europa Ocidental, a base agrícola crescentemente di versifi cada, juntamente com -
as que os reis esta"am em pos iç3o de a contemplar ("' '. À medida que a burguesia indígena as indústrias nascentes. fortaleceram a burguesia comercial até ao ponto em q ue o rei foi
e fona l~c i 3 nos estados centrais. a intoler:incia para com os judeus fez prog ressos legais obrigado a tê-los politicamente em conta. A outra face da moeda foi a de que eles eram capa-
substan i3is. zes de servir como sustentáculo fi scal da monarquia - como contribuintes. empre,tadores e

L .1 Os rrópnos ~ov e m .:m t cs que . .uravés dos seus impos1os . eram cm muilos aspectos sóc ios s ilenc iosos dos ban- 69. P. Elman. ,;n 1c Econo míc Causes o f lhe fa.pul.\ion o f lhe Jc.,., , m 1 ~ ... Ecoft0"1i< l/u1o f)' Rrn""'.
qu ('1 ro~ judeu~ .
dc:frndiam agor.t cad.'.I \ ' C:l. menos vigorosam<.·. ntc as suas gu:trd:&s. ( ... )As cond ições foram de mal a VII, J. Nov. 1936 , 151. Elman argumenta ai nda que foi porque o s judeu foram • Su gado~ 3 1 ~ à C" U ustl.u· qué' fot
piar n.:as décadas 1 cm pc s 1u o~ :ts do 1.·. omeço do séc ulo XVI. quando a ag i1açào soci:i.I e as querelas reli giosas prcpara- ped ido aos i1alianoi1 que romasscm o seu lugar.
' 'am o terreno parn i uerras ci \l is e de reli gifo fpp. 15 1- 153 }... 70. e. Por essa altura.( ...) os mcrcali ures ultramar ino~ ingleses 11nh3.m reun ido forç as com os cinadmoi in glc).('i
6~ . • Pan:ce quC" a s i(lJ aç:io era d ife rente pa ra o s nume roso s judeus d:I Po lóni a, para quem o acesso à 1crra e 3 xcno íobi a urbana c sta .... a a evoluir para um nac ion.:ifo.• mo económico . No fi nal do s.éru lo XIV as trota.ü u do'\
e o 3\'anço soc ial cs1:ivam em princípio vedados. Neste caso , cremos que c:ra m ais frequen1 emen1c empreendido o mcrc.ido res de 1ec idos in glese s para penetrarem no Bfü ico encontraram pouc a receptividade na~ c~ adõ han.-.dti-
imcs1imento de capi tal {e m ac1ividadcs mineiras e indu striais ]->. Marian Mal owi st, • L'~ volu1ion industriclle cn C":l.li . Nesta.li ci rc un stânc ias , os pri,· ilé g io~ dos hanscá1icos cm ln glat crrJ (q ue inc lu fam d irci1os sobre o ~ tecidos rr.a1s
Pologne du XI V• au XV II• s ie-c k : trJ ils géné raux» , Srudi in 011ore di Armando Sapori (Milão: Js1i1u10 Edn. Cisalpino, baixos ainda que os que os na1urai s pag:1vam) parec iam mJondamcntc injus1ificados. e O"i comc rc1an1cs U\f lCSC'S
t957 ). I. 60 1. pedi am o u reci proc idade no Bá ltico uu u co rte dus pri vil ég io " han-.1:á1 icos cm lngl:i.tcrr.1. 1...) Entretanto O\ i t.ai i~
66 . .. Ma.~ como p:>dcmos nós e xpli car esta queda (da liderança me rcant il das cidades-es mdos iralianas]7 c ncomravant·SC no centro dt: uma cont rové rsi a se melh ante . ( ... ) JO)I homc:m dJs c id:.id~ vir:av:i.m-sc J contra. as noç ões
Os C'l cme nlos que co ntri bufr:un para C'la são os seguinic s: a luta d e classes que n o rcsceu nas cidades-estados , as buli o ni ~ t as que se to ma\' am m oc<la corrente . 1\ s !.Uas ac ti \' id adc ~ bancárias e as .!>U.:U opcraç 6e~ de câmbto eram
bancanot3s dc,•icfas à inso lvência dos devedo res reais (bancarrota dos Bardi Pcruzzi}. a au sência dum Estado grande acusadas de conduzir a uma ex ponaç ão c.k ouro e praia , e a na1urc1...:i do se u c:omfrcm 1.. nmh.a.ri a.\" de JuJ..o ] il Um.J.
que prolC" gessc os seus cidadãos no estrangeiro; is10 ~.a causa fundamental cs1á na própria eslrutura da cidadc-cs· cons la ntc sang ria de o uro ... Edward M iller, • Thc Econom ic Po lic ie s o f GuHmment.s: Francc and En g-land · . tn
lado, que não~ podia transformar num Estado 1crri1o ria lme nte g randeio. An1o nio Gram sc i, /I RiJorgimenro (Roma: Cambádge E<·onomic llistory of Europe, Ili : M. M . Po)l1an , E. E . Rich e Edward ~t i ll c r. cJ,_, Ew nnmic O r~ am­
Giu lio E in:1ud 1 Ed .. 1955), 9. :a1iot1 m1d Polidrs ;,, th e Middl r A.grs (Londres e Nova Iorque : Cambridge Uni\·. Prcss . 1963). J JO.J3 L
juck us fo~~.:~~~~:~,:S~~~i~~~~:~~a~~~~~~~~~~e::::i;,~~~c~;dºo~~:1~7~s r:cnudr: :~:~i;ii~:d1~:~:~e3~1~~ 71 . 149 2 é a data ch a \'c . Anlcs d isso. Viccns nora: .. Não h:.i"i:.i liurg: ues1a urb3Ila. 1al co mei noi,, outrô\ p.i.íses.
do Ocidente . Esta lac una era pree nch ida por um a d a..o;M: .!.o cial forJ da reli gião c ri~t :l : m. jud(' u~· - A 11 Ecoll()mtc / /iJ .
mC'nte cxcc:d1am os se u ~ própr_ios, me)l mfJ no resto d:i Europa. Con1udo . após a.~ cri~s financeiras do ~culo XIII, tory of Spa;,1, p. 248 . Depois di sso. d o minaram os gc nO\'c-;cs: .. Q po n1 0 de "irn gem na hi"tlória ~~ rncrcadorc-s
que lc varJm à fol~nc i:i d~ ( ~á n as j grand~s finna" L .. ). novas oponunidadcs se abriram parJ os judeus. ( ... ) ge noveses cm Es panha foi a desco berta da 1\mé rica e a s u b~~ uc n tc abcnu n1 de rdaçüe ~ co mcrc1 :iifi com o nO\•o
.º" princ 1 pados_ 11a! iano~ a prc~ i ava m tam bém há mui10 :1 presenç a dos jude us como fon1e adici onal de força con1inc n1e. D;1í em di anie , a sua as ce nsão à predonun ánc ia econó m ica cm Espanha acompanhou a emc rgênc1.:a des ta
eC'on6m1ca .. _ Uaron , A Sona! arid Reltxinu.r llistory of tlieíews, XII. PP- 161 , 163. nação com o polê nc ia d o minanrc no mundo do )lécu lo XVI. A ~ rl e deu ~ imu ltane a m c me à Ec;_panha. dor\ 1 mpc!~ .
. Q uando os j udeu'i da Es panha e da Sic ília foram expul sos cm 1492, -.a hália em a única terra na Europa um no Velho Mundo. o u1ru no No vo. A impn: paração da Espanha para rcsJX>n)abil idades: 1 m pc-m.i~. p:miculM-
~~~~i~':~~:~:. r~~~~;;~~s-.. Cec il Rolh , Th e llisrory o/ 1/ie Je ws of ltaly (Filadé lfia: Jewi sh Publica1io n Society or m cnlc na es fera eco nó mica. foi o 1rampol im para o av anço gt:no\'é s ... Ruth Pike . · Tht: Gc:nocsc m Sc,·j JI~ and lhe
Opcnin g of thc New World .+ , Jmmial o/ Ernnomic Uil11Jry, XXlll . 3. Sei. 1961. 348. Ver Chaunu. Shtlle. Vltl.
68 . .. & o:-. j~de us não foram totalmente dispens ávei s em cenas regiões (da Europa Ocidental 1(..• )isso deveu- (! ), 285-286.
-se .e m boa pan e aos m1 ercsses fi scais dos respectivos gove rnos, rcprc~nlad os pela.li receitas que ob1inham , dirccla
Ve r ta mbém Javicr Rufz Almansa: .:Cad;,1 um dos 1rCs gru pos raciais ícrisWos. judea_'i , mouros ) t inh.:! -se
ou mdircc1 amc ~1~, at ra~~ s dos cmpr6.1imos de judeus ou da s ua tributação cresccnrcmcn1c cxorbi1antc•. Baron, A
SoClal anti Rell1i: w1u Jlurory o/ th~ Jt ....s. XII, p. 197. e nc arregado , na c s1.ru1ura econó mic a do te mpo, de uma funç ão detmninada . A ehminaçào moo um \'i.cuo d ifki l
d e preenche r e produziu um verdadeiro lc \'antamento orgânico da soc ie~dc csp.IDttol~ ~ ~rc:iOOre..fi: ~e~
, Ve r J. Lec ?hnc idm~n ~obre Aragão nos séculos XUJ e XIV: .:G cralmen1e, quando se empresta d inheiro
veses e ílamcngos ocuparam as funç ões anterio nncnte dese m pen hadas pelos Ju deus . m as nao inteiramente. Os aru -
C"spcra-se que ek l>CJa devolvi do. Mas isto não é inrcirame nre verdade quando se empresta ao Es1ado Embora os
fi cc s da França Meridio nal preencheram uma grande pane da lacu na dC'i:uda pcl~s mo_un .-.cos • . •L:i 1dc:a.s Y las
m s pag~i:.t.em freq ue 111: men1e ~qu.c n o~ c~prést imos . a prá1ica no nnal era repor o dinheiro atravts de
um novo
Csladis ticas de població n cn Espaiia cn cl si glo xv1 ... R<'.\'ista in~trna~1onal _d t soc1.ol~g1a . 1. 19-'7 . .crL~ por ! u~
empréstimo ou consegui -lo dum md~vfduo d 1fC"rcnte para pagar ao primeiro. Normalmente o dinheiro que o s judeus
cmprest.a.vam ao fatado estava perdido. e e lt s tinham de o rec uperar com os lucros da cobrança de .impos tos. VislO Reglá, «La expuls ió n de los morisco s y s us consecuenc rn.) "'. /lu pama. re\·uta upanola Je hurona , XIII . n. 5- .
195 3, 445 .
~~~c~~ ;:c~ucrr~: se lom~vam fonte d~ nov~s. cmprts1imo s, os .mo narcas empenhavam-se em assegurar que o s
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72. • (Na) Pol ónia , que sa ltou de repente para a m odernidade no começo do ~u i~ XV. há uma crc'-C~te
tNova lorq:: N;:my:;t~~~v~ ~';:~::!ilt~~~)~~'.~~~~cro,._ Th~ Rur o/ tht Aragonese·Catalan Empirt, /200·1350 asce ndência judaica , resultado do seu número . e mesm o quase uma 0 3Çào ~um Estado Jud:u~, que scclo varridos
pe las dific uldades cconómicali e pela repressão impiedosa d o século XVII .... Brau<k l. LA M édzrerranfe . n. p . 137.

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parceiro comercial - 1:io bem senão melhor qu':' os mercadores estrangeiros. o reflexo
• na(·ionahst.1 • era assim natural ""· Na Europa Oncntal . conludo. a questão apresentava-se classe dentro do s ist~ ma polll ico de um Estado são fu~ão da forma como " gsupo di rii;cntc
de fonm muito diferente. Os monarc:~ eram_m:11s frarns , os mercadores também e os PIO· é dominado pnmordialmcnle pela.' pesMJas cujo<intcreso,es esllo liga&.:.. à vcndl de produl~
dutorcs agricolJs mais fo nes. A <JU<'S lao na F:uropa Oncntal no século XVI , bem como e prim~ri os n.um m~ r~ado mundial ou por aquela.< cujo< intcrc""' « llo ligados • lucrD"
t0<las as res tantes p;irt<'S do ;~ istema mundi al capital!sta 4uc vi'.1h:1m _progr~ssivamente a es: comcrciais-intlustna1 s. . ,..;
ciali zar-sc na prod ução agn cola para o mercado. nao era a ex1stenc1a ou 111ex1s1ência de um Não eram somente os Judeus os joguetes dc<tas aliança< polít ico~conómicas
burguesia comercial. Se existe uma econom ia moncl:\ria. devem exi stir pessoas para servi~ transnacionais . Os mercadores nos paÍ!-.CS c:a1 ól ico~ eram frequentemente wprotcua.nte'"· A
como fu nis para a complexa troca de hcns e serviços que o uso do dinheiro encoraja. A questão principal controvérsia idco_Iógica pan-curopcia d°' M'culo' XVI e XV ll _ Reforma i·rrmJ
Contra-Rcfonna - estava mcx1r1cavc lrncntc hg;.1C1a â uí;iç5o tan10 de cs tadM fortes COlll(j do
crJ se esra burguesia com..:rcial viri a a ser predominantemente estrangeira ou indígena. Se
sistem:.1 c"-lpitali sla. Não foi acidental que a4 uc:l <.1 "i pa ne ~ da Europa que \'Íram 0 ~u pendor
indigcna. acrcsccn1 aria um impon:1111c factor '' política interna. Se estrangeira, os seus inte-
agrícola rd'orç~d o no século X~I fossem aquela'. cm ~ uc a Contra- Reforma triunfou. enquanw
r.sses estariam primordialmente li gados aos dos pólos de desenvolvimento em emergência,
que na s ua mai o r parte os pa1scs cm mdu~1n a l 111_'çao continuaram prulc!r.tan te\. Alemanha.
que mais tarde viri am a ser designados por metrópoles.
f rança e .e Bélgica :.' eram de al guma fomla ''º mc10 termo., , se ndo o resuhado a longo prazo
Não foi o fac to de os proprietários indígenas (e tal vez também os mercadores na Ulll compromisso ideológico. A Alemanha t::o.Lava divid ida entre prote ~tantc~ e católicos. A
Europa Ocidental) preferirem ter judeus como indispensáveis mercadores locais na Europa franç.a e a «Uélgka>) vieram a te r poucos protestante!-. ma~ dcM:" nvolveram uma tradição de
Orie111al cm vez de uma burgues ia comercial indígena uma razão críti ca para a boa recepção li vrc-pcnsamcnlo anti clerical à 4ual rc rtm grupos podiam aderi r. . ..
dispensoda aos judeus na Europa Orie111al do século XVI '" '? A burguesia comercial indígena, Isto não fo i nc itk ntal. não por4uc, como Webe r. pe nsemos que a 1eo log1a protestante
se se 1i veS>e fon ak cidu. leria obtido uma base política (lotalmenle ause nte no caso dos judeus) é por algu ma fomla mais consonante rnm o capitalismo do que a teologia cat61ira. Sem dúv1_da
e poderia ter sonhado cm transfo m1ar·sc numa burgues ia m;mufacturc ira. O caminho que sem que se pode defender cslc po n10 tk ''_i st ~ . Por out ro lado. ~arccc ser g e ral m~nte vt'rdadeiro
dúvida teriam escolh ido implicaria a redução da «abertura » da economia nacional. o que teria que qualquer sistema complexo de 1c.l c1as pode se r marnpula<lo p<.1 ra ~~n· ir u":1 qualquer
ameaçado os intere5Ses simbióticos do prop rietári o-mercador da Europa Oriental. Embora objectivo político ou srn..·ial part icular. C~na mc.nh! 4~e tamhém ª.1 col og 1 ~ católica provou
saibamos que o início d:.i Idade Moderna fo i um período de ,/ec/ín io para a burguesia indígena
3
sua capacida<lc de se adaptar ao seu meio social . Ma puucas ra1.ocs ;10 m v~ I abm~c.to das
da Europa Oriental '"'. «no campo, por out ro lado. os judeus desempenhavam um papel cres- ide ias para que se não pudesse ter C!-.c rito um ~ivro p~ a~s fvcl 1nt i1u~adu .. A Éw.:a Catoll_ca e .ª
cente. tanto como agentes dos proprietários como dos comerciantes e dos artesãos, nas pequenas Ascensão <lo Capitali smo». E poderia a lcolog1a calv1m'\ta !'<:r constdcraJ.a como tendo 1mpl~ ·
aldeias».,. ,_ Isto il ustra um fenómeno mais geral de uma economia-mundo. As alianças de caçõcs anticapi1alistas m Aquilo que me interessa é dife rente. Por . um~ sCri.e de desc.nvolv1-
1

mcntos históricos intelectualmente acidentais 1710 • o protestantismo vem a 1dent1ficar·sc cm larga


73 . • No \'irar dos séculos XIII e XIV, as grande s casas i1a li anas ( ... ) estavam a domi nar as e xponaçõcs
in!o!lesas de ll. e em alguns anos c x trc ~r.1.m um monopólio to ta l sobre as ex ponaçõcs e disfru1amm de um 1otal con-
77 •Nilo obsianic, t considerado frcq uen1c men1e como iu.iomálic~ ~ojc em ~ii 't~ o cah·~nl!•ITTO si~
trolo das alfâ ndegas rcafa. Desta posição acaharam os italianos por serexpu l..as por corpor.içõcs de mcn:adores na1ivos
e, por fim . pc.· la English Co mpany of S1aple. (.. .)Cerca de 136 1 a English Company of Stapl e eslava na posse dum
1
emer ido c~mo a religião que encorajava os esforços dos homens de ne~óc1011 . N:u );U:l." fon~11s m11~ crua~ ur
nl<mopólio \'irtual da" ··e,;port:içUcs de là 'º parn u Europa Sc1entrio nal. ( ... ) O monopólio conv inha( ... ) aos merca· doui~na afimi a que 0 cal1,1inismo glorificava o zelo aquisiuw, ou. pclu menos. qu_c ~I~ cncik°7:J:' ~ ~e~~~ f>CC"\~f­
dortl dc I:\ 1... ): con,·inha aos in1en:sscs crrsccnlcs dos rece lõc:s, pois criava grandes d iscrC'p:i ncias enlrt os preços da o sucesso nos negóc ios pod ia "'cr considcr.idn como sinal de ser-sr conl:ido <'ntn.' o~ <' cllth : m m~is que
1:1 no p:t i1i e nu e s t ra.n ~ eiro . E. sobrciudo. convinha ao re i. Os dire itos e tribulos sobre a expon ação de lã eram a s!io do ~al vi~ismo não é im()(nSá\'Cl. cmbor.l \'a\ha a pena noiar·!ie não s~ que ~n a um:l pcf'cr . mas. · ami.nos.a
melhor ~gur:mç a rossinl que C' ic pc..'C!ia oferece r. c uma companhia pri vilegiada go1.ando dum monopó lio de comércio ~ria uma pc~ersào pnn icul3m1e_n1e T':~ul.S ÍVil p:trJ O~ C~ah•_i niSUIS an;l~~~\~.~ ~l\~~;;~~~1 i;:~~~r:h·ÍmM~
er:i uma fome mui10 mais segura r..l t.> empré-s1i mos que a sé rie de fi nnas e sindicatos QUl' lmham. uma a uma, e n1rado de: .' "º~ar desvendar os in~ond~v:1s d~si~~tl~S d~ _Pr~~iJc.~ ~'ª:r!!~r ue a ~rença n:; Prede!>tin:tção re:i, \·ula~se pln o
em bancarro1a nos primeiros anos d:i Guerra dos Ce m Anos. (...) O único inlerc.ssc que era prejudicado era o dos len a sido di.: na1ure1:a mmlo d1f: rcnh: . Ela çon.s lltuin ~ e pcró rio i':.abalho de c:tda um al r3~·é.;. dum scnumcnlo de
produlorts de lã: e e s1:i pode 1er ~ido uma das razões pd;1s quais a produç3o de lã dec linou ... M. M. Postan. •The ~a1alis?'º: e co11Juz1sse à .k1~~1a e_~ f~l-i a de . mt~rcs~~~nh~r. IU a.l~un!> anos, t>S Cl\fll l~s.iri~ de.!"ign:>dos pc.b.
Tradc of MC'dieval Eu ro ~ : l11t": Nonh ,. , in Camhridge Ernnomic HisTOr)' o/ Europe , li: M. M. Poslan e E. E. Rich, nnpou:nc 1a dos e~forços md1v1dua 1s fat: e à "oniadc d . .. os Pohf"cs" mt A.fm;a do Sul debateram ,;en•·
8
cds... Tradr and /nd1mn in thr Middle A~t'S (Londres e Nova Iorque: Cambridge Uni"" Prc ss. 1952). 238. Carnegie Corpora1ion para inquirir ~cerca d~ prn~c~~cia~''ª er:\~1o-conlian-.;u entre os ~ 0 r.inc0;o. l'o™:5'" rUo
74. Co nvcrs&s forç adas ocorreram em Espanha e Portuga l. Isto era idea l pa.r'J a sc mi-pcriferização. Aos mente se um dos fo ctores para a fa lta de e.spim~ . d .. Isto proporc iona um in1cresumc: coill<'nlirio sobtt
scriJ este 1ipo de fat al i s m~ g.:: r.ldo ~r ~.m "c~l'' ~~~~:i~n~ ·da iniciaiiva empresarial. Sugc.rt . com muita f~
judeus era-lhes perm itido ac1uar como marr.mos. Js10 pem1i1ia-l hcs desC'm~ nha r um pap<'.'I de lo nge mais impor- 101
tante no interior da burgues ia do que an ceri onnenie. Quando o desen volvimen10 na Península Ibérica acingiu o ponto a crtnça amplamcmc aceite do ca_l,· m.• s~o cClm~ . · . _ dos calvinistas às opununid~ e c:stfmulos rc~
em que parec ia deS('jável criar uma burgues ia local. a coinc idê nc ia entre • burgueses• e • c ris13os novos• fe z dos de fac 10, que iníluênc ias n5o doumnárm.." delerm~i~am as re:KÇ: in lhe Si:ticernh Cent ury•. Sm1//1Afrwarr. ) i.1MrN.J/
últ:imos um fáci l alvo de pcr.r.<"guição. Ve r 1. S. Revah, • L'htrésie marrane daru l'Europc ca1holique du 15• au 18' nómicos•. H. M. Robcnson. .. European Economtc Dcvclor mc .
sitt leio. in Jacq1JCS Lc Goff. Hhisies et socinis dans l'Europr priindustrirllC'. I Jr. J8' sitcln( Paris: Mouron. 1968), o/ Erorr.omk s XVIII . Março 1950. 48. 'd . fã ·rlus.ara irolo~ia calv ini.;.13 p.lr.tJUstif..:u aanivi-
cs-p. p . 333 CC\m rtfe r(ncia a Pon ugal. ys. Não estou a proc urar negar que possa ter s'wo :ª'~n~a as;;im ma.;; il?ua\mC'T\te n f31em •li!uru. ~!.CUS
75. Ver M:ilo vá st. Pa.st & Prrunt, n.11 13; Ferdo Gt!strin , Anna fes E.S.C .• XVII (1962). dade capital ista do que a 1eologia c:atóli_c a. Não ª~~as u~c:ia: .[)Qutrin~ que C'mprcg1m os Ol('l(i.~oS' do ccnç!:;
76. Salo W. Baron, carta pessoal, J 6 de Nov ., 1970. Ver D. S1anley Ei1zen: · Os judeus eram ainda mais crilicos mais fon es. Por c:c.cmplo. Chnst~phcr ~ d ~ d"v'dual mais li... rcmc ntc . Oort'sccm e~ialmen1(' ~
alvo de ant:ipalia por caus.:i do 1r.1balho que faziam para os nobres e prínci pes tno ~ul o XVJJ . Eles serv iam de agentes permitindo pressões socia is par~ inílucnctar 8 c~~~~is'c:postas 30 ~u efei to A Cris~ surg:iu~:~ os
fi nanceiros para os prfncipcs. arrendav am e admin istravam domínios da Coroa e propriedades da RC'ntr)' e operavam períodos de rápida mudança soc1.11l. e cn~ as pe fo rmadorc'S tanto beberam. \'h·eu também num1 tpocParco::":"'ef
frcqucntelllC'nte como colectores de impostos». •Two Minorities: Thc Je ws of Poland and the Chinesc of the assim: San10 Agostinho, em cuja teologia os ~ ua mo1wação inicriorem vet di1.tteÇàC\ t'ltcmL ( ...)
Philippines .. , Ít'M'i.Jh Journal o/ Sodology. X. 2. Dez. 1968, 227. velhos padrões estavam a ruir: e tamtXm ele re ço

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!
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parceiro comercial - 1:io bem senão melhor qu':' os mercadores estrangeiros. o reflexo
• na(·ionahst.1 • era assim natural ""· Na Europa Oncntal . conludo. a questão apresentava-se classe dentro do s ist~ ma polll ico de um Estado são fu~ão da forma como " gsupo di rii;cntc
de fonm muito diferente. Os monarc:~ eram_m:11s frarns , os mercadores também e os PIO· é dominado pnmordialmcnle pela.' pesMJas cujo<intcreso,es esllo liga&.:.. à vcndl de produl~
dutorcs agricolJs mais fo nes. A <JU<'S lao na F:uropa Oncntal no século XVI , bem como e prim~ri os n.um m~ r~ado mundial ou por aquela.< cujo< intcrc""' « llo ligados • lucrD"
t0<las as res tantes p;irt<'S do ;~ istema mundi al capital!sta 4uc vi'.1h:1m _progr~ssivamente a es: comcrciais-intlustna1 s. . ,..;
ciali zar-sc na prod ução agn cola para o mercado. nao era a ex1stenc1a ou 111ex1s1ência de um Não eram somente os Judeus os joguetes dc<tas aliança< polít ico~conómicas
burguesia comercial. Se existe uma econom ia moncl:\ria. devem exi stir pessoas para servi~ transnacionais . Os mercadores nos paÍ!-.CS c:a1 ól ico~ eram frequentemente wprotcua.nte'"· A
como fu nis para a complexa troca de hcns e serviços que o uso do dinheiro encoraja. A questão principal controvérsia idco_Iógica pan-curopcia d°' M'culo' XVI e XV ll _ Reforma i·rrmJ
Contra-Rcfonna - estava mcx1r1cavc lrncntc hg;.1C1a â uí;iç5o tan10 de cs tadM fortes COlll(j do
crJ se esra burguesia com..:rcial viri a a ser predominantemente estrangeira ou indígena. Se
sistem:.1 c"-lpitali sla. Não foi acidental que a4 uc:l <.1 "i pa ne ~ da Europa que \'Íram 0 ~u pendor
indigcna. acrcsccn1 aria um impon:1111c factor '' política interna. Se estrangeira, os seus inte-
agrícola rd'orç~d o no século X~I fossem aquela'. cm ~ uc a Contra- Reforma triunfou. enquanw
r.sses estariam primordialmente li gados aos dos pólos de desenvolvimento em emergência,
que na s ua mai o r parte os pa1scs cm mdu~1n a l 111_'çao continuaram prulc!r.tan te\. Alemanha.
que mais tarde viri am a ser designados por metrópoles.
f rança e .e Bélgica :.' eram de al guma fomla ''º mc10 termo., , se ndo o resuhado a longo prazo
Não foi o fac to de os proprietários indígenas (e tal vez também os mercadores na Ulll compromisso ideológico. A Alemanha t::o.Lava divid ida entre prote ~tantc~ e católicos. A
Europa Ocidental) preferirem ter judeus como indispensáveis mercadores locais na Europa franç.a e a «Uélgka>) vieram a te r poucos protestante!-. ma~ dcM:" nvolveram uma tradição de
Orie111al cm vez de uma burgues ia comercial indígena uma razão críti ca para a boa recepção li vrc-pcnsamcnlo anti clerical à 4ual rc rtm grupos podiam aderi r. . ..
dispensoda aos judeus na Europa Orie111al do século XVI '" '? A burguesia comercial indígena, Isto não fo i nc itk ntal. não por4uc, como Webe r. pe nsemos que a 1eo log1a protestante
se se 1i veS>e fon ak cidu. leria obtido uma base política (lotalmenle ause nte no caso dos judeus) é por algu ma fomla mais consonante rnm o capitalismo do que a teologia cat61ira. Sem dúv1_da
e poderia ter sonhado cm transfo m1ar·sc numa burgues ia m;mufacturc ira. O caminho que sem que se pode defender cslc po n10 tk ''_i st ~ . Por out ro lado. ~arccc ser g e ral m~nte vt'rdadeiro
dúvida teriam escolh ido implicaria a redução da «abertura » da economia nacional. o que teria que qualquer sistema complexo de 1c.l c1as pode se r marnpula<lo p<.1 ra ~~n· ir u":1 qualquer
ameaçado os intere5Ses simbióticos do prop rietári o-mercador da Europa Oriental. Embora objectivo político ou srn..·ial part icular. C~na mc.nh! 4~e tamhém ª.1 col og 1 ~ católica provou
saibamos que o início d:.i Idade Moderna fo i um período de ,/ec/ín io para a burguesia indígena
3
sua capacida<lc de se adaptar ao seu meio social . Ma puucas ra1.ocs ;10 m v~ I abm~c.to das
da Europa Oriental '"'. «no campo, por out ro lado. os judeus desempenhavam um papel cres- ide ias para que se não pudesse ter C!-.c rito um ~ivro p~ a~s fvcl 1nt i1u~adu .. A Éw.:a Catoll_ca e .ª
cente. tanto como agentes dos proprietários como dos comerciantes e dos artesãos, nas pequenas Ascensão <lo Capitali smo». E poderia a lcolog1a calv1m'\ta !'<:r constdcraJ.a como tendo 1mpl~ ·
aldeias».,. ,_ Isto il ustra um fenómeno mais geral de uma economia-mundo. As alianças de caçõcs anticapi1alistas m Aquilo que me interessa é dife rente. Por . um~ sCri.e de desc.nvolv1-
1

mcntos históricos intelectualmente acidentais 1710 • o protestantismo vem a 1dent1ficar·sc cm larga


73 . • No \'irar dos séculos XIII e XIV, as grande s casas i1a li anas ( ... ) estavam a domi nar as e xponaçõcs
in!o!lesas de ll. e em alguns anos c x trc ~r.1.m um monopólio to ta l sobre as ex ponaçõcs e disfru1amm de um 1otal con-
77 •Nilo obsianic, t considerado frcq uen1c men1e como iu.iomálic~ ~ojc em ~ii 't~ o cah·~nl!•ITTO si~
trolo das alfâ ndegas rcafa. Desta posição acaharam os italianos por serexpu l..as por corpor.içõcs de mcn:adores na1ivos
e, por fim . pc.· la English Co mpany of S1aple. (.. .)Cerca de 136 1 a English Company of Stapl e eslava na posse dum
1
emer ido c~mo a religião que encorajava os esforços dos homens de ne~óc1011 . N:u );U:l." fon~11s m11~ crua~ ur
nl<mopólio \'irtual da" ··e,;port:içUcs de là 'º parn u Europa Sc1entrio nal. ( ... ) O monopólio conv inha( ... ) aos merca· doui~na afimi a que 0 cal1,1inismo glorificava o zelo aquisiuw, ou. pclu menos. qu_c ~I~ cncik°7:J:' ~ ~e~~~ f>CC"\~f­
dortl dc I:\ 1... ): con,·inha aos in1en:sscs crrsccnlcs dos rece lõc:s, pois criava grandes d iscrC'p:i ncias enlrt os preços da o sucesso nos negóc ios pod ia "'cr considcr.idn como sinal de ser-sr conl:ido <'ntn.' o~ <' cllth : m m~is que
1:1 no p:t i1i e nu e s t ra.n ~ eiro . E. sobrciudo. convinha ao re i. Os dire itos e tribulos sobre a expon ação de lã eram a s!io do ~al vi~ismo não é im()(nSá\'Cl. cmbor.l \'a\ha a pena noiar·!ie não s~ que ~n a um:l pcf'cr . mas. · ami.nos.a
melhor ~gur:mç a rossinl que C' ic pc..'C!ia oferece r. c uma companhia pri vilegiada go1.ando dum monopó lio de comércio ~ria uma pc~ersào pnn icul3m1e_n1e T':~ul.S ÍVil p:trJ O~ C~ah•_i niSUIS an;l~~~\~.~ ~l\~~;;~~~1 i;:~~~r:h·ÍmM~
er:i uma fome mui10 mais segura r..l t.> empré-s1i mos que a sé rie de fi nnas e sindicatos QUl' lmham. uma a uma, e n1rado de: .' "º~ar desvendar os in~ond~v:1s d~si~~tl~S d~ _Pr~~iJc.~ ~'ª:r!!~r ue a ~rença n:; Prede!>tin:tção re:i, \·ula~se pln o
em bancarro1a nos primeiros anos d:i Guerra dos Ce m Anos. (...) O único inlerc.ssc que era prejudicado era o dos len a sido di.: na1ure1:a mmlo d1f: rcnh: . Ela çon.s lltuin ~ e pcró rio i':.abalho de c:tda um al r3~·é.;. dum scnumcnlo de
produlorts de lã: e e s1:i pode 1er ~ido uma das razões pd;1s quais a produç3o de lã dec linou ... M. M. Postan. •The ~a1alis?'º: e co11Juz1sse à .k1~~1a e_~ f~l-i a de . mt~rcs~~~nh~r. IU a.l~un!> anos, t>S Cl\fll l~s.iri~ de.!"ign:>dos pc.b.
Tradc of MC'dieval Eu ro ~ : l11t": Nonh ,. , in Camhridge Ernnomic HisTOr)' o/ Europe , li: M. M. Poslan e E. E. Rich, nnpou:nc 1a dos e~forços md1v1dua 1s fat: e à "oniadc d . .. os Pohf"cs" mt A.fm;a do Sul debateram ,;en•·
8
cds... Tradr and /nd1mn in thr Middle A~t'S (Londres e Nova Iorque: Cambridge Uni"" Prc ss. 1952). 238. Carnegie Corpora1ion para inquirir ~cerca d~ prn~c~~cia~''ª er:\~1o-conlian-.;u entre os ~ 0 r.inc0;o. l'o™:5'" rUo
74. Co nvcrs&s forç adas ocorreram em Espanha e Portuga l. Isto era idea l pa.r'J a sc mi-pcriferização. Aos mente se um dos fo ctores para a fa lta de e.spim~ . d .. Isto proporc iona um in1cresumc: coill<'nlirio sobtt
scriJ este 1ipo de fat al i s m~ g.:: r.ldo ~r ~.m "c~l'' ~~~~:i~n~ ·da iniciaiiva empresarial. Sugc.rt . com muita f~
judeus era-lhes perm itido ac1uar como marr.mos. Js10 pem1i1ia-l hcs desC'm~ nha r um pap<'.'I de lo nge mais impor- 101
tante no interior da burgues ia do que an ceri onnenie. Quando o desen volvimen10 na Península Ibérica acingiu o ponto a crtnça amplamcmc aceite do ca_l,· m.• s~o cClm~ . · . _ dos calvinistas às opununid~ e c:stfmulos rc~
em que parec ia deS('jável criar uma burgues ia local. a coinc idê nc ia entre • burgueses• e • c ris13os novos• fe z dos de fac 10, que iníluênc ias n5o doumnárm.." delerm~i~am as re:KÇ: in lhe Si:ticernh Cent ury•. Sm1//1Afrwarr. ) i.1MrN.J/
últ:imos um fáci l alvo de pcr.r.<"guição. Ve r 1. S. Revah, • L'htrésie marrane daru l'Europc ca1holique du 15• au 18' nómicos•. H. M. Robcnson. .. European Economtc Dcvclor mc .
sitt leio. in Jacq1JCS Lc Goff. Hhisies et socinis dans l'Europr priindustrirllC'. I Jr. J8' sitcln( Paris: Mouron. 1968), o/ Erorr.omk s XVIII . Março 1950. 48. 'd . fã ·rlus.ara irolo~ia calv ini.;.13 p.lr.tJUstif..:u aanivi-
cs-p. p . 333 CC\m rtfe r(ncia a Pon ugal. ys. Não estou a proc urar negar que possa ter s'wo :ª'~n~a as;;im ma.;; il?ua\mC'T\te n f31em •li!uru. ~!.CUS
75. Ver M:ilo vá st. Pa.st & Prrunt, n.11 13; Ferdo Gt!strin , Anna fes E.S.C .• XVII (1962). dade capital ista do que a 1eologia c:atóli_c a. Não ª~~as u~c:ia: .[)Qutrin~ que C'mprcg1m os Ol('l(i.~oS' do ccnç!:;
76. Salo W. Baron, carta pessoal, J 6 de Nov ., 1970. Ver D. S1anley Ei1zen: · Os judeus eram ainda mais crilicos mais fon es. Por c:c.cmplo. Chnst~phcr ~ d ~ d"v'dual mais li... rcmc ntc . Oort'sccm e~ialmen1(' ~
alvo de ant:ipalia por caus.:i do 1r.1balho que faziam para os nobres e prínci pes tno ~ul o XVJJ . Eles serv iam de agentes permitindo pressões socia is par~ inílucnctar 8 c~~~~is'c:postas 30 ~u efei to A Cris~ surg:iu~:~ os
fi nanceiros para os prfncipcs. arrendav am e admin istravam domínios da Coroa e propriedades da RC'ntr)' e operavam períodos de rápida mudança soc1.11l. e cn~ as pe fo rmadorc'S tanto beberam. \'h·eu também num1 tpocParco::":"'ef
frcqucntelllC'nte como colectores de impostos». •Two Minorities: Thc Je ws of Poland and the Chinesc of the assim: San10 Agostinho, em cuja teologia os ~ ua mo1wação inicriorem vet di1.tteÇàC\ t'ltcmL ( ...)
Philippines .. , Ít'M'i.Jh Journal o/ Sodology. X. 2. Dez. 1968, 227. velhos padrões estavam a ruir: e tamtXm ele re ço

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med ida du rante a Rcfom1a com as forças favor:lvcis à e xpansão do capitalismo comercial no e da Escócia. O ~ara~clismo entre estas ' rea, e aJ da Rcfomu t t ritante: bem como o . raleio no
conrexto de estados nacionais fon es e nos pafs~s cm que estas forças eram dominantes. tempo cnrrc a pnmeir~ fa.e da revolução dos preçO$ e Loicro (a:ntm cerca de 1520:0) e entre
Ass.im. qua ndo estas for\·as perderam na Poló nia. ou na Espanha. ou na «Itália», ou na a segunda fase e Calvino (arn ba.• ccrea de IS45-81JJ" l,
Hungria. o pro restanti smo rambém declinou, e muitas vezes rapidamente. O s factores que
Não é necessário aceitannos todos os detalhes hist6ric-0s para vc~ que esta é uma
favoreceram a expansão da ag riculrura de e xponação favoreceram também a reafinuação
hip6tese relevante.
do c.atolicismo.
Mai_s. ainda, poss~fmos provas ad'.cionaís da e~trei ta ligação entreª' conjunturas reli -
É necessá rio que analisemos a Re forma à medida que ela se desenvolveu. Como
giosa e pohttco-ec~nómtca quando no~ viramos parn o triu nfo da Contra- Reforma na Po lónia.
Chri stophe r Hill salienta:
Stefan C zamowsk1 . p~ocedc a u~1a cmdadosa análise das rnzões pelas quai' a Polónia retro-
A Igreja d<·sdc há muito que era uma fonte de poder, de patrocínio e de riqueza para os gover- gradou para o catolicismo a pan1r de uma Reforma que parecia ganha r terreno e porque 0 fez
nantes das pri ncipais potências, como a França e a Espanha. Os governos que romperam com rapidamente. Ele refere uma sincroni1.ação entre o momento cm que a nobrC7.a terri torial
Roma nos in íc ios do século XVI localizavam-se nos limites da civilização católica, porências assumiu o poder político nos termos daquilo que dc~ igna por uma "d itadura de c l=~ e 0
secundárias cujos govcman rcs nõo rinham sido suficientemente fortes para negociar com 0 papado momento da ofensiva cató lica. Na sua an~lise , distingue entre a aristocracia, a nobreza terri -
- como a Inglaterra. a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, a Escócia P9>.
toria l e a pequena nobreza. Argumenta que foi nas fileiras da ari ~t ocrac i a (bem como na ~ da
Nesta altura e xistia clarame nte um elemento de irritação da Europa do None contra 0 burgues ia) que o s panidários da Refonna se localizaram . Vê a aris tocracia como cobiçando
peso económico do mundo mediterrânico cristão mais «avançado» 18º l. M as, como sabemos, as terras da Ig reja . O s pequenos proprietários vi am-!.C em maiores difi culdades pa.ra comb:ller
por fi nais do longo século X VI o No roeste da Europa trans formara-se no centro da econo- 0 representante eciesiástico local, apoiado como este era pelo ainda poderow epilCopado
mia- mun do, a Europa Orie nta l na periferi a e a Europa Meridio nal e scorregava rapidamente católico. A ssim , era para eles menor a vantagem de abraçarem o prote~ tanti smo e . cun<,cquen-
nessa direcção. temente, tenderam a não o fazer. Czamowski e outros salientam que na Polónia. enqu.amo"1
P. C. Gordon-W alker procura ligar a evolução do protestantismo- primeiro Lutero foram os senhores a favorecer o calvinismo, o rei e a burguesia inclinaram -se pa:ra o lutrra-
depois Calvino- às d uas fa ses da revolução dos preços: 1520-1540/50- sua ve e limitad~ ni smo I'"·Isto é uma verdadeira inversão do tema wcbcriano, mas recorda-nos o arg umento_,
à Al eman ha e aos Países Baixos (prod ução de prata da Europa Central); de 1545 até cerca de
um séc ulo mai s tarde (prata a~eri ca n a). A rg umenta ele que e sta coincidência e stá ligada às 82. P. C. Gordon-Walker, Economic l/iJtnry Rtvit w, VIIJ, 1937. p. 14 . .O. rew!...00. c.oncrctu< da!°""
necessidades estrul ura1s s ucess ivas do novo sistem a capita lista: luterana ( ...) foram a dcslJl.l ição do domfnio ca16Llco sobre as classes m6di1. e baíu e a aprO",.açk>do~ dl
propriedade ca1ólica e feudal. (... )
O .problema soc ial colocado pe la revolução dos preços era realmente um problema bipartido. A (No segundo estádio) o principal problema era agora• aclimatizor;õo de cl•"•<'- (_ ) A burgueúr úr:l>.a de
pnmc1ra necessidade era a ac umulação primária. ( ... ) A segunda, subsequente, e realmente a l!ocar a sua subserviência pela vontade de govrntaJ . ( ... ) A cJa.s"iC uabal~ tinha de uocar o \etl U>baJW.; dar-.....
grado e cxtcruivo pelo trabalho organizado. rcguJar e disciplinado. (... ) A WX'ied.aóc. apiti.!iru 1- ) J'l't:CU;lYm do
ncce5'idade básica. era a aclimatação das cl asses de uma sociedade capitalista às novas posições
ind ividuali.smo para encobrir a cstruLUra de cWscs da wcicdade. q0t: e\ta~·a agora ma.t \ à wptrfk-~ dfJ que no feu-
tomadas necc5'árias pel os recursos da acumulação primitiva . (... ) dalismo. ( ... ) A estrutura de cla.-.scs estava tanto just ific.ada fcb de a etern idade: ) como ~urc:cid.a pelo ,....alt::t dJldo
Estas duas fa.,es controlaram a importância das várias partes da Europa. Desde 1520-40 as áreas ao compon.amenro espiritual indi vidua) como dnico crittrio dt d iv i~ social; e a ttaa. wxi a.1 e O\ mbodo\ corream:
dommanres eram a fa panha (que não he rdou um a classe méd ia forte da Idade Média) e a Ale- para a sua aplicação esta va m pr~-dcterm inados por auto-impm,5çio CD~ O"í EJc:itos. e, ie necc:s-•.trio. por ur..poriçlo
manha (que rmha uma burguesia feudal fo ne ). Desde 1545-80 tanto a Espanha como a Alemanha coerci va sobre os Rt probos. (... J
• IÀ medida que) a adaptaÇlo da• cla<SC5. que foi a miii• imporuruc tatefa d> Reforma_ en ~"'°""
decaíram e a lide rança foi assumida pela Inglaterra, pelos Países Baixos e por panes da França acabada. os protestante!i tinham de ceder a outras ietividadei que se lomJ.\l afJl mai1 imporum.e.s: .obretudo.rla unf:ui:
de dar lugar ao Estado sccular e à cifocia [pp. 16- 17. 18] ..
83. Ver S1eían C7.amow•ki. • La rtaction calholiquc cn Pologn!: 1. la í111 du XVJ ' riccl< e1 r• cléb<A éu X\·11'
cr:ru ~ia .penn ~nt.e de ;u igrejas es~bcl ecí~ r~orrcrem ~ aspecto cerimonia l e de ~grupos de oposição siêclc .... La Po/o~nt ou XVII' Crmgrts Jnttrna11onalt dts Scitnus /Ji.ntJTiqWLJ (Soc-.tú Poklnair,c: d~lüwr.nrc. Vv -
~::;4~ 0 ~~rnto m emo .._.•Protcstanusm an.d lhe R1sc of Capuafüm ... in J. F . Fi~her, ed .. En ays ;,, the Econo· sóvia: 1933), li , p. 300. Ver Thadé<: Grabow1ki : .o, prirx:ipo.U proponenlO do Jutaa.oismo (<rate 15~ < 15551
· "":, " ~ 0/ Tudorand Stuarr En?landO-=drc• e N"'·a Iorque: C:.mbridge Univ. Press , 1960). 34-35.
10
• eram membros do clero. burgucloCS d< llCendênci• ikml e <>tud>tlle> po~ regn:•....r-" d< W i=bcr& e
·w 0 q - e-st.ou ª defender é q~. dada a nece\ \ 1d.adc soc ial. o caro lici.~mo poderfa Le r sido usado para justificar Kõn ig.sberg. ent.lo ccn tr~ de educação unf\·eniúria.. .
~i~ \~~· \~ ~~tammrX> não preciw-J de o ser. Quando mui to. eu C'\"ta:ria de acordo com a íormubção de A nobreza mal ci.1ava envolv ida. O loteranísmo en dernuiado rnode1'3do p'3?'ili eli e apc;un ( ._ J o poder
: ·
rr.zu em r:nao ª .' ldl.J.d.
00
~r.ne\tant1 mo q 1J~ cond uz.a a.utomztic.a.mentc 4() capita!Umo· a sua importância estava
~~.nrntnaW';a ~~t.JlO\ que a~ imUVJÍÇúes e CC~ mais rígidas do C310Ji~isroo impunham Jp. 37]•.
Huiory q Brrrmr. ~re~~l~~i:.:";:~~~~;:.~rrtaf Rn·olution, 1530 -1 780 , Vol. J1 da Pelican Economic
real. ( ...) Sendo dcnwiado dogmático e monárquico. ele deugradzn L :I .ao<t v:r.htxc.1 que a:Ma~rn ~ wxâar
com uma república no estilo da antiga república romana • . ... 1...a rt for.nc rd1~~ en ~ C1 co. P°""V.t•. ú:I
Polo~ne au v~ Congri J l nrernaiilJ f'lille d,J ScrerU. t'J l/ iJIOTUjJUJ , Bnac lll. 1923 (Vlf\Ó\!2. 1~.i ,. 67...tJ.S .
Suni•law Amolddefende coorudo que i 110 não t muuo ngo<™T. • É ccr.nq:;c·u""' pmc. mu ...Sw:aprtL.
ea veL~ ~·=.ia, na de~_.a de IS20. "c-K>ª gra.'lde revolta. a revoJta de Lutero. Ela~ foj uma revolta dcnuo dos magnata.s se tomoU adepta da Reforma.. e!ipecufmcmc do aivini11M. ~b.' o nf YmD<iJO W"lla pm~
SctcmnoruJ e CC':r~~~:::: :Wropa~:ot t"na rC"\·oJ ta da..\ áreas "t>ubde~,·oJv~-. ..coloniaíl .. , da Europa OI elementos mais progreu ís:t.a..<\ da mM ia nobn::z.a que a 1tlo detinham o p--Ar no paú. ei-p<:C~ ~· CT.c:z....
•w idéc. politiqucs et MJCiaux de Ja R<nallwx:c cm Polognc-. LA Pa/01 ~ a~ X· C~tr « ,,,,,.,,.,,,,,,.,,,/da
C1v11iza;Jo &-..> ).f.ed!.~rtccJ e do k.enr.>.- H. ·R ~~:tt~ e e-.11plor~s. (corno J.C: loCTluamJ para S.US1e111Vrm a alta
TiY. ExTO(Han K'1tc.&-Cra.:.t" o{ ri-.e Sint~~ h a~ r~ or-Roper, •Re li ~. r.he Reformation, and Social Change.. , in Scfrnus llistnriqu<J à R~ <Vanóvia: Aadtm ic Polon2i><. de• Sc1C11CC>. lr.sow: d lfo<m~. 1 95~ 1. P- WJ.

Arnold~:·. <.;.=";,=e=~~g! ~.~=


l9(:9h1. J2-33. rsd Snemu.nJh Cemun es. ond orht r Eu o ys fNova Iorque: Hatpcr.
Cumow>li e c;m:o..ro. Ver P. Mn. .n.e
~I. Ver Bm:r.c A SrJCuú ar.d Rtl1 fiou1fli.rtory <ef rr.L l r.. J. Xll. p. l8. R.efomwion in Poland.o. in TllL Cambridge /11st17? <! Poland. L W• f . R<dda ...Y n ai .. d!•- F,_ rlt< OntL<J"'

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med ida du rante a Rcfom1a com as forças favor:lvcis à e xpansão do capitalismo comercial no e da Escócia. O ~ara~clismo entre estas ' rea, e aJ da Rcfomu t t ritante: bem como o . raleio no
conrexto de estados nacionais fon es e nos pafs~s cm que estas forças eram dominantes. tempo cnrrc a pnmeir~ fa.e da revolução dos preçO$ e Loicro (a:ntm cerca de 1520:0) e entre
Ass.im. qua ndo estas for\·as perderam na Poló nia. ou na Espanha. ou na «Itália», ou na a segunda fase e Calvino (arn ba.• ccrea de IS45-81JJ" l,
Hungria. o pro restanti smo rambém declinou, e muitas vezes rapidamente. O s factores que
Não é necessário aceitannos todos os detalhes hist6ric-0s para vc~ que esta é uma
favoreceram a expansão da ag riculrura de e xponação favoreceram também a reafinuação
hip6tese relevante.
do c.atolicismo.
Mai_s. ainda, poss~fmos provas ad'.cionaís da e~trei ta ligação entreª' conjunturas reli -
É necessá rio que analisemos a Re forma à medida que ela se desenvolveu. Como
giosa e pohttco-ec~nómtca quando no~ viramos parn o triu nfo da Contra- Reforma na Po lónia.
Chri stophe r Hill salienta:
Stefan C zamowsk1 . p~ocedc a u~1a cmdadosa análise das rnzões pelas quai' a Polónia retro-
A Igreja d<·sdc há muito que era uma fonte de poder, de patrocínio e de riqueza para os gover- gradou para o catolicismo a pan1r de uma Reforma que parecia ganha r terreno e porque 0 fez
nantes das pri ncipais potências, como a França e a Espanha. Os governos que romperam com rapidamente. Ele refere uma sincroni1.ação entre o momento cm que a nobrC7.a terri torial
Roma nos in íc ios do século XVI localizavam-se nos limites da civilização católica, porências assumiu o poder político nos termos daquilo que dc~ igna por uma "d itadura de c l=~ e 0
secundárias cujos govcman rcs nõo rinham sido suficientemente fortes para negociar com 0 papado momento da ofensiva cató lica. Na sua an~lise , distingue entre a aristocracia, a nobreza terri -
- como a Inglaterra. a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, a Escócia P9>.
toria l e a pequena nobreza. Argumenta que foi nas fileiras da ari ~t ocrac i a (bem como na ~ da
Nesta altura e xistia clarame nte um elemento de irritação da Europa do None contra 0 burgues ia) que o s panidários da Refonna se localizaram . Vê a aris tocracia como cobiçando
peso económico do mundo mediterrânico cristão mais «avançado» 18º l. M as, como sabemos, as terras da Ig reja . O s pequenos proprietários vi am-!.C em maiores difi culdades pa.ra comb:ller
por fi nais do longo século X VI o No roeste da Europa trans formara-se no centro da econo- 0 representante eciesiástico local, apoiado como este era pelo ainda poderow epilCopado
mia- mun do, a Europa Orie nta l na periferi a e a Europa Meridio nal e scorregava rapidamente católico. A ssim , era para eles menor a vantagem de abraçarem o prote~ tanti smo e . cun<,cquen-
nessa direcção. temente, tenderam a não o fazer. Czamowski e outros salientam que na Polónia. enqu.amo"1
P. C. Gordon-W alker procura ligar a evolução do protestantismo- primeiro Lutero foram os senhores a favorecer o calvinismo, o rei e a burguesia inclinaram -se pa:ra o lutrra-
depois Calvino- às d uas fa ses da revolução dos preços: 1520-1540/50- sua ve e limitad~ ni smo I'"·Isto é uma verdadeira inversão do tema wcbcriano, mas recorda-nos o arg umento_,
à Al eman ha e aos Países Baixos (prod ução de prata da Europa Central); de 1545 até cerca de
um séc ulo mai s tarde (prata a~eri ca n a). A rg umenta ele que e sta coincidência e stá ligada às 82. P. C. Gordon-Walker, Economic l/iJtnry Rtvit w, VIIJ, 1937. p. 14 . .O. rew!...00. c.oncrctu< da!°""
necessidades estrul ura1s s ucess ivas do novo sistem a capita lista: luterana ( ...) foram a dcslJl.l ição do domfnio ca16Llco sobre as classes m6di1. e baíu e a aprO",.açk>do~ dl
propriedade ca1ólica e feudal. (... )
O .problema soc ial colocado pe la revolução dos preços era realmente um problema bipartido. A (No segundo estádio) o principal problema era agora• aclimatizor;õo de cl•"•<'- (_ ) A burgueúr úr:l>.a de
pnmc1ra necessidade era a ac umulação primária. ( ... ) A segunda, subsequente, e realmente a l!ocar a sua subserviência pela vontade de govrntaJ . ( ... ) A cJa.s"iC uabal~ tinha de uocar o \etl U>baJW.; dar-.....
grado e cxtcruivo pelo trabalho organizado. rcguJar e disciplinado. (... ) A WX'ied.aóc. apiti.!iru 1- ) J'l't:CU;lYm do
ncce5'idade básica. era a aclimatação das cl asses de uma sociedade capitalista às novas posições
ind ividuali.smo para encobrir a cstruLUra de cWscs da wcicdade. q0t: e\ta~·a agora ma.t \ à wptrfk-~ dfJ que no feu-
tomadas necc5'árias pel os recursos da acumulação primitiva . (... ) dalismo. ( ... ) A estrutura de cla.-.scs estava tanto just ific.ada fcb de a etern idade: ) como ~urc:cid.a pelo ,....alt::t dJldo
Estas duas fa.,es controlaram a importância das várias partes da Europa. Desde 1520-40 as áreas ao compon.amenro espiritual indi vidua) como dnico crittrio dt d iv i~ social; e a ttaa. wxi a.1 e O\ mbodo\ corream:
dommanres eram a fa panha (que não he rdou um a classe méd ia forte da Idade Média) e a Ale- para a sua aplicação esta va m pr~-dcterm inados por auto-impm,5çio CD~ O"í EJc:itos. e, ie necc:s-•.trio. por ur..poriçlo
manha (que rmha uma burguesia feudal fo ne ). Desde 1545-80 tanto a Espanha como a Alemanha coerci va sobre os Rt probos. (... J
• IÀ medida que) a adaptaÇlo da• cla<SC5. que foi a miii• imporuruc tatefa d> Reforma_ en ~"'°""
decaíram e a lide rança foi assumida pela Inglaterra, pelos Países Baixos e por panes da França acabada. os protestante!i tinham de ceder a outras ietividadei que se lomJ.\l afJl mai1 imporum.e.s: .obretudo.rla unf:ui:
de dar lugar ao Estado sccular e à cifocia [pp. 16- 17. 18] ..
83. Ver S1eían C7.amow•ki. • La rtaction calholiquc cn Pologn!: 1. la í111 du XVJ ' riccl< e1 r• cléb<A éu X\·11'
cr:ru ~ia .penn ~nt.e de ;u igrejas es~bcl ecí~ r~orrcrem ~ aspecto cerimonia l e de ~grupos de oposição siêclc .... La Po/o~nt ou XVII' Crmgrts Jnttrna11onalt dts Scitnus /Ji.ntJTiqWLJ (Soc-.tú Poklnair,c: d~lüwr.nrc. Vv -
~::;4~ 0 ~~rnto m emo .._.•Protcstanusm an.d lhe R1sc of Capuafüm ... in J. F . Fi~her, ed .. En ays ;,, the Econo· sóvia: 1933), li , p. 300. Ver Thadé<: Grabow1ki : .o, prirx:ipo.U proponenlO do Jutaa.oismo (<rate 15~ < 15551
· "":, " ~ 0/ Tudorand Stuarr En?landO-=drc• e N"'·a Iorque: C:.mbridge Univ. Press , 1960). 34-35.
10
• eram membros do clero. burgucloCS d< llCendênci• ikml e <>tud>tlle> po~ regn:•....r-" d< W i=bcr& e
·w 0 q - e-st.ou ª defender é q~. dada a nece\ \ 1d.adc soc ial. o caro lici.~mo poderfa Le r sido usado para justificar Kõn ig.sberg. ent.lo ccn tr~ de educação unf\·eniúria.. .
~i~ \~~· \~ ~~tammrX> não preciw-J de o ser. Quando mui to. eu C'\"ta:ria de acordo com a íormubção de A nobreza mal ci.1ava envolv ida. O loteranísmo en dernuiado rnode1'3do p'3?'ili eli e apc;un ( ._ J o poder
: ·
rr.zu em r:nao ª .' ldl.J.d.
00
~r.ne\tant1 mo q 1J~ cond uz.a a.utomztic.a.mentc 4() capita!Umo· a sua importância estava
~~.nrntnaW';a ~~t.JlO\ que a~ imUVJÍÇúes e CC~ mais rígidas do C310Ji~isroo impunham Jp. 37]•.
Huiory q Brrrmr. ~re~~l~~i:.:";:~~~~;:.~rrtaf Rn·olution, 1530 -1 780 , Vol. J1 da Pelican Economic
real. ( ...) Sendo dcnwiado dogmático e monárquico. ele deugradzn L :I .ao<t v:r.htxc.1 que a:Ma~rn ~ wxâar
com uma república no estilo da antiga república romana • . ... 1...a rt for.nc rd1~~ en ~ C1 co. P°""V.t•. ú:I
Polo~ne au v~ Congri J l nrernaiilJ f'lille d,J ScrerU. t'J l/ iJIOTUjJUJ , Bnac lll. 1923 (Vlf\Ó\!2. 1~.i ,. 67...tJ.S .
Suni•law Amolddefende coorudo que i 110 não t muuo ngo<™T. • É ccr.nq:;c·u""' pmc. mu ...Sw:aprtL.
ea veL~ ~·=.ia, na de~_.a de IS20. "c-K>ª gra.'lde revolta. a revoJta de Lutero. Ela~ foj uma revolta dcnuo dos magnata.s se tomoU adepta da Reforma.. e!ipecufmcmc do aivini11M. ~b.' o nf YmD<iJO W"lla pm~
SctcmnoruJ e CC':r~~~:::: :Wropa~:ot t"na rC"\·oJ ta da..\ áreas "t>ubde~,·oJv~-. ..coloniaíl .. , da Europa OI elementos mais progreu ís:t.a..<\ da mM ia nobn::z.a que a 1tlo detinham o p--Ar no paú. ei-p<:C~ ~· CT.c:z....
•w idéc. politiqucs et MJCiaux de Ja R<nallwx:c cm Polognc-. LA Pa/01 ~ a~ X· C~tr « ,,,,,.,,.,,,,,,.,,,/da
C1v11iza;Jo &-..> ).f.ed!.~rtccJ e do k.enr.>.- H. ·R ~~:tt~ e e-.11plor~s. (corno J.C: loCTluamJ para S.US1e111Vrm a alta
TiY. ExTO(Han K'1tc.&-Cra.:.t" o{ ri-.e Sint~~ h a~ r~ or-Roper, •Re li ~. r.he Reformation, and Social Change.. , in Scfrnus llistnriqu<J à R~ <Vanóvia: Aadtm ic Polon2i><. de• Sc1C11CC>. lr.sow: d lfo<m~. 1 95~ 1. P- WJ.

Arnold~:·. <.;.=";,=e=~~g! ~.~=


l9(:9h1. J2-33. rsd Snemu.nJh Cemun es. ond orht r Eu o ys fNova Iorque: Hatpcr.
Cumow>li e c;m:o..ro. Ver P. Mn. .n.e
~I. Ver Bm:r.c A SrJCuú ar.d Rtl1 fiou1fli.rtory <ef rr.L l r.. J. Xll. p. l8. R.efomwion in Poland.o. in TllL Cambridge /11st17? <! Poland. L W• f . R<dda ...Y n ai .. d!•- F,_ rlt< OntL<J"'

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i•
" de Erik Moinar. que entreviu uma aliança da monarquia, pequena nobreza e burguesia contra
3
arist0<-rac ia. Cz:1mowsk i argumenta a inda que a «hurguesia» estava neste caso dividida. A
«alta burcucsia" d:1s cidades. especialmente de CrJcóvia (um «velho» ccntrncomcrcial), aliou:
-se com ; aristocrac ia. Ele refere-se aqui ao patriciado urbano, àqueles que desde os finai s do
cado. pois .º avanço s~ial da Europa do Noroeste tomou -se possível pela ..regressão• da
Europa Oncnt~I .e _Meridional , bem como, é claro, pela dominação das Américas. A Contra·
-Reforma .foi dmg ida nil~ apena~ contra o protestanfümo mas também contrn todas as forças
do huma m smo que associamos ao Renascimento. Isto é iluwado pelas te nsôe~ enue Venew
f
!
/
l
sécul o XV até cerca ck me ados do século XVI «eram parte d a classe de emprestadores e e Ro ma no sécu~o XVI. A con_trovérsia ~u lminou em 1605 quandoª' acções vc:nezian3'i par.i
8
mercadores que :1pa rcccram com a ascensão do capitalismo nascente»' " . M as a Polónia não lim ita r alguns dire itos da l~reJ~ conduziram à excomunhão do Senado de Venc-La por Roma.
estava destinada a imitar a Inglaterra como um local ele fixação da burguesia da economia- A contra-Refonna cm ltáha fo1 um Contra-Renascimento "'', e o seu triunfo aí foi função da
. -munJo europe ia. A grande crise de 1557, de que falaremos mais !arde, arruinou não só os transfonnação da 11:\lia setentrional numa arena semiperiférica da economia-m undo.
finan ceiro> cm Lyon. e m Antuérpia, na Alemanha do Sul , mas também os banqueiros de Foi por a Igreja. ~nqu.anto instituição /ran snacinna/, ter sido ameaçada pela emu,g.éocia~ -r-
Cracóvia: dc um sistema económico igualmente transnacional que encontrou a sua força po/í1íca na
criação de fortes aparelhos de Es1ado em certos estados (centrais). um desenvolvimento que
Daí em diante. o impulso da aristocracia e do calvinismo enfraqueceu. ( ... ) Os bens que tinham
ameaçava a posição da Igreja nesses estados. que e'ta se atirou de alma e coraçiio na oposição
pcrmi1ido o ílorcscimenlo do grande comercialismo de tempos amcriores: a praia de Olkusz, 0
à modernidade . Mas paradoxalmente foi o seu próprio suces!>D nll'I paí es periférico. que
cobre húngaro. os produ1os induslriais. declinaram continuamcnie em valor. O dinheiro com
asseg urou o s ucesso a longo prazo da economia-mundo europeia. A acalmia fina l das pai,,.ões
o qual os camponeses pagavam as suas rendas deprec iou-se com uma rapidez desesperante.
Enlre tanto. a procura in1emacional do trigo. do potássio. casca de carvalho, peles e gado polacos da ba talha d a Reforma depois de 1648 pode ter-se devido não ao facto d: ambos os lados
crescia. Quanto melhor os produtores destes bens pudessem passar sem moedas, usando 0 tra- estarem exaustos e terem chegado a um beco sem saída, mas antes ao facto de a d iviiâo
balho fo rçado não pago de servos e lrocando os seus produtos por aqueles de que necessitavam geográfica da Europa ser a realização natural dos impulsos subjacentes à economia-mundo.,
1anto melhor resis1iriam !aos efei tos da crise finance ira]. Foi precisamente isto o que os peque: Quanto ao papel da ética protestante, concordo com C. H. Wilson:
nos e méd ios proprietários e nobres foram capazes de fazer FRS1. Se o protestanti smo e a ética protestanle parecem explicar menos os fenómenos económicos do
Isto não significava, salienta Czamowski , que não existisse burguesia na Polónia. que em cena altura parecia, também parece que existe na época da Refonna rnen<» p= ser
explicado.( ... ) A liderança em assumos económicos deslocou-se lentamente do Meditettlneo
A burguesia de Cracóvia pode ter sido arruinada, mas foi substituída por ita lianos, armé-
nios e a lemães. Em 1557, uma rede internacional sucumbiu e a burguesia-aristocracia
para Nonc. e à medida que ª'
cidades italianas declinaram . as dos Países Baixos desenvol -
veram-se; mas havia pouco na forma como a técnica comercial ou industrial era u1ilizada nas
polaca que ne la estava inserida sucumbiu igua lmente. Depoi s disso, uma outra surgiu. Os economias do Nane que tivesse sido desconhecido do mercador veneziano ou de um tecelão
polacos que trabalharam com e la - a «nobreza» - aceitaram o novo papel da Polónia ílorentino do século XV""·
na economia-mundo. Entregaram as suas c rianças aos jesuítas para que estes as educassem
e as afastassem da influência da velha aristocrac ia: «Ass im a Igreja da Polónia acabou por No século XVI, alguns monarcas alcançaram grand~ força por intermédio de burocra-
ser, podemos di zê-lo, a expressão relig iosa da nobreza,, (86 '. E esta nobreza agora triunfante cias venais, de exércitos mercenários, do direito divino dos reis e da uniformidade religiosa
podia de finir o senumenlo «nacional» polaco como sendo vinualmente idêntico à piedade (cuius regio ). Outros fracassaram. Isto está directamente relacionado. como ' ugerimos.
católica. com o papel da sua área no contexto da economia-mundo. Diferentes papéis conduziram
Foi assim que a Polónia se tomou seguramente católica porque se tomou definitivamente a diferentes estruturas de classe, que conduziram a políticas diferentes. Isto conduz-nos à
uma área periférica na economia-mundo. A Contra-Reforma simbolizou (não causou) a cláss ica questão do papel do Estado em relação às classes dirigentes da nova época capi·
«regre~ssão social» que os protesta ntes viam nela. Mas o seu choque piedoso estava deslo-
talista, o s proprietários capitalistas e os mercadores capitalistas, por ve1.es referidos de
forma não muito feliz por arisuocracia e burguesia, uma vez que alguns aristocratas e.r am
capitalistas e outros não. Infelizmente , o papel que o Estado desempenhava, de quem era
Sohi•.<ki (tn 1696) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. t950), 329, 345-346; J. Tazbir, • Thc Common- agente, o grau em que ele podia ser considerado como uma terceira força. são quest.ões
;::'~~:;;;:,.~~6~~.n;';i;."I ~~.Aleksander Gieyszior et ai.• Hisrory o/ Poland (Varsó,·ia: PWN . Polish Scien1ific
84. Czamowski . p. 30 1. 87. • Pois por delrás das novas heresias do luteranismo e do c~lvini~mo escondiam-~ in~igos ~­
85. lbid.. p. 3C>l . cialmcntc ainda mais perigosos. de cuja existência as autoridades católicas rmh~ bem C'Of\.\Cifocia. E C':1"a ª
. 8~. lh~·d .. _P· 308. J. Uminski realça os ingredientes não polacos do prmesrantismo na Polónia: .:O Jutera~ estava a longo prazo provavelmente menos preocupad.3 em suprimir o proresun11s.mo,<~m 3 a.rnc.lÇa ~~gcJra\
:~::::.;~~:~ pnncipalment e a população d~ ~endênc ia alemã que habitava nas cidades polacas. ( ... )O chamado do que em repelir o crescente particularismo político da ~poca. centralizar .uma admmis:rr3Ção ec~á~t7:,; ~
-lriniri!Iismosmo, que cedo co~eçou a s.u ~s.'1ru1r o caJvinismo entre a nobreza. não era propriamenre polaco. O anli- por todo o la.do se tomava cada vez mais federal e. a~róno~a. subordi~ os k•E°: :f::;"::; :;:; . ~ ~jec::L
in Tht Comb~;~ ~;: ~;g.:;~z:;!~;.~~~~ 1~.º sobretudo poreslrangeirosi.. *The Counter-Reformation in Poland•. a~abar c?m ª' liberdades pcri~osas da cult~ra amsuca e m.rclectual. reafi"!1ar ªs múlti bs a....-ti,·i~ da Crisran-
1 0 h1erárqu1ca e fil osófica da realidade que apoiava as suas as.pira~õcs e supc::~ 3 as~ar com 1 n2 do Renasci·
Polónia ~=~~:cT::t:~~~:t·'di;~~~:i~õe~ intenucionais do ~acional ismo religioso: «0 catolicismo demarcava a dade; em resumo , deter todos aqueles processos que os h1stonad~res tê. B k 1 . Univ ofCal ifomia Pttss
menta». William J. Bouwsma. Vmice and tht Dtftn.st5 of Rtp11bl1can Libuty ( cr e ey. . .
procurou reaJizar, através da Polónia. nãoºa odoxa e da Turq.u1a . maomc~a (p. 228]:., Inversamente. • O Papado
burgo lp. 229]•. penas os seus ObJccllvos pollucos, mas frequen(emente os dos Habs- 1968), 2~~. C. H . Wilson. •Trade. Sociely and lhe State•, in Cambridgt Economic //iltnry o/ Eurof". IV. 4Q().

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" de Erik Moinar. que entreviu uma aliança da monarquia, pequena nobreza e burguesia contra
3
arist0<-rac ia. Cz:1mowsk i argumenta a inda que a «hurguesia» estava neste caso dividida. A
«alta burcucsia" d:1s cidades. especialmente de CrJcóvia (um «velho» ccntrncomcrcial), aliou:
-se com ; aristocrac ia. Ele refere-se aqui ao patriciado urbano, àqueles que desde os finai s do
cado. pois .º avanço s~ial da Europa do Noroeste tomou -se possível pela ..regressão• da
Europa Oncnt~I .e _Meridional , bem como, é claro, pela dominação das Américas. A Contra·
-Reforma .foi dmg ida nil~ apena~ contra o protestanfümo mas também contrn todas as forças
do huma m smo que associamos ao Renascimento. Isto é iluwado pelas te nsôe~ enue Venew
f
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sécul o XV até cerca ck me ados do século XVI «eram parte d a classe de emprestadores e e Ro ma no sécu~o XVI. A con_trovérsia ~u lminou em 1605 quandoª' acções vc:nezian3'i par.i
8
mercadores que :1pa rcccram com a ascensão do capitalismo nascente»' " . M as a Polónia não lim ita r alguns dire itos da l~reJ~ conduziram à excomunhão do Senado de Venc-La por Roma.
estava destinada a imitar a Inglaterra como um local ele fixação da burguesia da economia- A contra-Refonna cm ltáha fo1 um Contra-Renascimento "'', e o seu triunfo aí foi função da
. -munJo europe ia. A grande crise de 1557, de que falaremos mais !arde, arruinou não só os transfonnação da 11:\lia setentrional numa arena semiperiférica da economia-m undo.
finan ceiro> cm Lyon. e m Antuérpia, na Alemanha do Sul , mas também os banqueiros de Foi por a Igreja. ~nqu.anto instituição /ran snacinna/, ter sido ameaçada pela emu,g.éocia~ -r-
Cracóvia: dc um sistema económico igualmente transnacional que encontrou a sua força po/í1íca na
criação de fortes aparelhos de Es1ado em certos estados (centrais). um desenvolvimento que
Daí em diante. o impulso da aristocracia e do calvinismo enfraqueceu. ( ... ) Os bens que tinham
ameaçava a posição da Igreja nesses estados. que e'ta se atirou de alma e coraçiio na oposição
pcrmi1ido o ílorcscimenlo do grande comercialismo de tempos amcriores: a praia de Olkusz, 0
à modernidade . Mas paradoxalmente foi o seu próprio suces!>D nll'I paí es periférico. que
cobre húngaro. os produ1os induslriais. declinaram continuamcnie em valor. O dinheiro com
asseg urou o s ucesso a longo prazo da economia-mundo europeia. A acalmia fina l das pai,,.ões
o qual os camponeses pagavam as suas rendas deprec iou-se com uma rapidez desesperante.
Enlre tanto. a procura in1emacional do trigo. do potássio. casca de carvalho, peles e gado polacos da ba talha d a Reforma depois de 1648 pode ter-se devido não ao facto d: ambos os lados
crescia. Quanto melhor os produtores destes bens pudessem passar sem moedas, usando 0 tra- estarem exaustos e terem chegado a um beco sem saída, mas antes ao facto de a d iviiâo
balho fo rçado não pago de servos e lrocando os seus produtos por aqueles de que necessitavam geográfica da Europa ser a realização natural dos impulsos subjacentes à economia-mundo.,
1anto melhor resis1iriam !aos efei tos da crise finance ira]. Foi precisamente isto o que os peque: Quanto ao papel da ética protestante, concordo com C. H. Wilson:
nos e méd ios proprietários e nobres foram capazes de fazer FRS1. Se o protestanti smo e a ética protestanle parecem explicar menos os fenómenos económicos do
Isto não significava, salienta Czamowski , que não existisse burguesia na Polónia. que em cena altura parecia, também parece que existe na época da Refonna rnen<» p= ser
explicado.( ... ) A liderança em assumos económicos deslocou-se lentamente do Meditettlneo
A burguesia de Cracóvia pode ter sido arruinada, mas foi substituída por ita lianos, armé-
nios e a lemães. Em 1557, uma rede internacional sucumbiu e a burguesia-aristocracia
para Nonc. e à medida que ª'
cidades italianas declinaram . as dos Países Baixos desenvol -
veram-se; mas havia pouco na forma como a técnica comercial ou industrial era u1ilizada nas
polaca que ne la estava inserida sucumbiu igua lmente. Depoi s disso, uma outra surgiu. Os economias do Nane que tivesse sido desconhecido do mercador veneziano ou de um tecelão
polacos que trabalharam com e la - a «nobreza» - aceitaram o novo papel da Polónia ílorentino do século XV""·
na economia-mundo. Entregaram as suas c rianças aos jesuítas para que estes as educassem
e as afastassem da influência da velha aristocrac ia: «Ass im a Igreja da Polónia acabou por No século XVI, alguns monarcas alcançaram grand~ força por intermédio de burocra-
ser, podemos di zê-lo, a expressão relig iosa da nobreza,, (86 '. E esta nobreza agora triunfante cias venais, de exércitos mercenários, do direito divino dos reis e da uniformidade religiosa
podia de finir o senumenlo «nacional» polaco como sendo vinualmente idêntico à piedade (cuius regio ). Outros fracassaram. Isto está directamente relacionado. como ' ugerimos.
católica. com o papel da sua área no contexto da economia-mundo. Diferentes papéis conduziram
Foi assim que a Polónia se tomou seguramente católica porque se tomou definitivamente a diferentes estruturas de classe, que conduziram a políticas diferentes. Isto conduz-nos à
uma área periférica na economia-mundo. A Contra-Reforma simbolizou (não causou) a cláss ica questão do papel do Estado em relação às classes dirigentes da nova época capi·
«regre~ssão social» que os protesta ntes viam nela. Mas o seu choque piedoso estava deslo-
talista, o s proprietários capitalistas e os mercadores capitalistas, por ve1.es referidos de
forma não muito feliz por arisuocracia e burguesia, uma vez que alguns aristocratas e.r am
capitalistas e outros não. Infelizmente , o papel que o Estado desempenhava, de quem era
Sohi•.<ki (tn 1696) (Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. t950), 329, 345-346; J. Tazbir, • Thc Common- agente, o grau em que ele podia ser considerado como uma terceira força. são quest.ões
;::'~~:;;;:,.~~6~~.n;';i;."I ~~.Aleksander Gieyszior et ai.• Hisrory o/ Poland (Varsó,·ia: PWN . Polish Scien1ific
84. Czamowski . p. 30 1. 87. • Pois por delrás das novas heresias do luteranismo e do c~lvini~mo escondiam-~ in~igos ~­
85. lbid.. p. 3C>l . cialmcntc ainda mais perigosos. de cuja existência as autoridades católicas rmh~ bem C'Of\.\Cifocia. E C':1"a ª
. 8~. lh~·d .. _P· 308. J. Uminski realça os ingredientes não polacos do prmesrantismo na Polónia: .:O Jutera~ estava a longo prazo provavelmente menos preocupad.3 em suprimir o proresun11s.mo,<~m 3 a.rnc.lÇa ~~gcJra\
:~::::.;~~:~ pnncipalment e a população d~ ~endênc ia alemã que habitava nas cidades polacas. ( ... )O chamado do que em repelir o crescente particularismo político da ~poca. centralizar .uma admmis:rr3Ção ec~á~t7:,; ~
-lriniri!Iismosmo, que cedo co~eçou a s.u ~s.'1ru1r o caJvinismo entre a nobreza. não era propriamenre polaco. O anli- por todo o la.do se tomava cada vez mais federal e. a~róno~a. subordi~ os k•E°: :f::;"::; :;:; . ~ ~jec::L
in Tht Comb~;~ ~;: ~;g.:;~z:;!~;.~~~~ 1~.º sobretudo poreslrangeirosi.. *The Counter-Reformation in Poland•. a~abar c?m ª' liberdades pcri~osas da cult~ra amsuca e m.rclectual. reafi"!1ar ªs múlti bs a....-ti,·i~ da Crisran-
1 0 h1erárqu1ca e fil osófica da realidade que apoiava as suas as.pira~õcs e supc::~ 3 as~ar com 1 n2 do Renasci·
Polónia ~=~~:cT::t:~~~:t·'di;~~~:i~õe~ intenucionais do ~acional ismo religioso: «0 catolicismo demarcava a dade; em resumo , deter todos aqueles processos que os h1stonad~res tê. B k 1 . Univ ofCal ifomia Pttss
menta». William J. Bouwsma. Vmice and tht Dtftn.st5 of Rtp11bl1can Libuty ( cr e ey. . .
procurou reaJizar, através da Polónia. nãoºa odoxa e da Turq.u1a . maomc~a (p. 228]:., Inversamente. • O Papado
burgo lp. 229]•. penas os seus ObJccllvos pollucos, mas frequen(emente os dos Habs- 1968), 2~~. C. H . Wilson. •Trade. Sociely and lhe State•, in Cambridgt Economic //iltnry o/ Eurof". IV. 4Q().

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sobre as quais não exi re con~eruo. Pierre Vilar colocou bem a questão teórica básica plina. mas. por outro _lado. em proteger o~ privilégi~ dc~u contr.a a csslio lar~"''· A
·s ubjacente: posição de A. D. Lublmskaya parece muito pr6r.imada de Braudel '"'I. rHur~tfi=acentuao
dilema d os mon_arcas , que "SC viam cm dificuldades para gove rnar ~ma nobreza, ma5 que
Uma que\ lão panic ubnncnte relevante é a forma como os rendimcn1os feudais eram divididos igualmente se vmm em dificuldades pa ra governar com ela»""'·. .
por in1ermédio de um sis tema de ~ adjudicações ~ . e por outras forma~. entre uma aristocracia
Um terce ir~ ponto de vi sta, talvez o mai1 tradicional. e: 0 ck Roland MouS11ier. sc.gundo
ociosa e uma clas »e intennédia de • agricultores mercadores» ou tipos si mil ares que transfor-
0 qual a monarqu~a é vista como uma força autónoma frequentemente aliada ã burguesia
mavam os rendimentos senhori ais e os conservavam prontos para novos tipos de investimento·
contra a anstocrac1a, ocas ional mente 1crvindo de mediadora entre as duas""'·
por outra' palavras. a forma como os rendimentos foudai s vieram a ser mobilizados para inves'.
Mas existirá uma conjugação ncces\ária destas dua~ afinnações. a do papel relati va-
1imento'i capiraJi.stas º'Y 1.
mente autónomo do aparelho de Estado e a de se ver a Juta de cla~.-.es como o;cndo uma luta
Um a~pecto desta questão é o gra u cm que o Estado absoluto deveria ser visto como 0 entre a aristocracia e a burguesia? Moinar não parece pensar a~~ im . Em primeiro Jug;ir, uti -
último recurso da a ri s tocracia feud a l face à «crise» do feudalismo, à redução dos re ndimentos li za mai s categorias. Fala de uma arbtocracia feudal a quem o monarca estava cm clara
senhoriais e il in vestida d e o utras cl a~ses ( a burguesia comercial, os yeomen. os trabalhadores oposição. Adicionalmente, existia a « nobre7.a ~ r. a burguesia. ambas potenciais aliadas. A
ag ricolas). Uma perspectiva é a de T a ka has hi , que vé o abso luti s mo como «nada mais do que nobreza parece ser constituída por pequenos proprietários e pelos que e&tão mai s ori.:ntados
um s istema de força conce ntrada para contraba lançar a cri se do feudalismo surgida deste desen- para a agricultura capitalista; mas isto não é inteiramente claro. Moinar salienta que embora
volvimento inevitável [n a direcção d a li be rtação e da independência dos camponeses] ,,<9<!>_ 0 absolutismo parecesse implicar uma pesada tributação do cam~inato. é menos clara a forma
fa ra o pini ão é s ub sta ncialmente partilhada por Chri stopher HiJl !9'>, V . G. Kieman 1•21, Erik como o dinheiro era d istribuído. Por outro lado, o crescente orçamento do Estado era uti-
.Molna r 1• 31 e Bo ris Porchnev '">. lizado para pagar aos colectores de impostos e à burocracia, para pagar o s emprésümus do
Um seg undo ponto de vis ta d efende que a política da monarquia absoluta é uma política Estado e para adquirir equipamento militar, beneficiando isto tudo a burguesia. Mas. por outro
sobre a qu al a ari stocracia tem uma influência cons iderável, tal vez determinante, mas em que lado, todas a~ des pesas correntes do Estado - ou seja, a manutenção da corte e do exácito-
o monarca e ra mai s do que uma si mples extensão d as necessidades des ta aristocracia. Por e ram pag amentos à nobreza. Segundo ele, esta era uma tácüca que permitia ~ manobrar ( ... )
exemplo. Jose ph Sch umpeter argumenta: °''
entre a nobreza e a burguesia» 11 1• Engels aponta igualmente para as maneiras pelas quais o
aparelho de Estado vem a desempenhar, por vezes a contragosto, uma fun ção mediadora. pelo
Assim, a ari stocracia [sob a monarquia absoluta] como um todo era ainda um facror poderoso
menos durante «períodos excepcíonais» 11 º"·
que 1inha de ser 1omado cm linha de conta. A sua s ubmissão à Coroa era mais do tipo de um
acordo do que de uma rendição. Assemelhava-se a uma eleição - uma e leição de facto com-
pulsiva, do rei como líder e órgão executivo da nobreza. (... ) 96. •Na Cristandade como no Islão, a nobrc1.a ocupa a posição cimeira e não dc•ístirá dela. 1. ..) Por IOdo o
A ratio [por que os nobres não resis ti am. mesmo pass ivamente, a este regime] era, fundamcn - lado, 0 Estado, revolução tão política como social que ~sU em marcha, tem de lutar con t~ cs.tes -JX>Siuidores de
talmeme, por o rei faze r o que ele s queriam e colocar os recursos internos do Estado à sua dis- feudos. senhores das aldeias. campos e estradas. guardiões da imensa população rur.J"'. Lutar Sigmfica ch<gar a acordo
com eles. dividi-los mas também preservá-los. JX>is não é po-;sh·cl reter o poder numa dada sociedade~ a cum·
posição.( ... ) Era mai ~ uma classe do que um indivíd uo quem realmente governava o Estado 1" >.
plicidadc da sua classe dominante. O Estado moderno empunha e~ta .arma; cas~ ele a paru!)SC', t u~ ltna de st.r
refeito. E a criação de uma ordem social não é coisa pequena. tanw mais quanlo ninguém ~ns.ava ~.namente nc.ii;ta
A na logamente, Braudel insiste em que o conflito do rei com a aristocracia era limi-
possibilidade no século XV I•. Braudcl, La Mi diierra11ie. íl. p. 50 cCf. tambc'm.p. 541.. .
tado e incluía um esforço por parte do rei, por um lado, em colocar a nobreza sob a sua disci- 97. • Em relação a ambos os grupos da nobreza. a po~ítica do a~~uns~ visava ~f~~ os seus un~
rcsses básicos de classe . ism é. a sua propriedade. A monarquia absoluta nao sausfez as _cuge~ abenamen
rcac.cionárias da nohlesse d'epü. e cm muitos C<BOS opôs-se a elas dirccwnenre - mas isto está am~ longe do
89. Vilar, PaJt & Presem. n.• 10, pp. 33·34. "iguali1arismo·· •. A . D. Lublinskaya, French Abso/Ulism: Tht Crucial fhast . 1610- 1629 (1..ond= e Non la<quc:
90. Tahha.\hi . Science w1d Sociny , XVI. p. 33 ~.
9 1. • I A) monarquia absoluta é uma fo nna de Es1ado feudal .. Christopher Hill. • TI>c Transition from Cambrid~~-UJni~u~~~~·l~.9~:~~:i· Struclure, Officc-Holding and Polilícs. Oiicíly ín W":'tcrn Emopc•, Nt>o• Cam·
hridge Modtrn Hisrory. Ili: R. B. Wemham. ed .. Tht Counur-Refonnarion .a::, :• f; ~~-~:;1'º:·~~~{~
Feudalism ro Capiul ism•. Science and Society. XVII. 4 . Outono 1953. 350.
92. • A monarquia absoluta no Ocidente cresceu a partir dum tipo particular de monarquia feudal-. V. G. 1 ~O.,s ele<
(Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1968J, 130. Ele prossegue. orno
1 lini:n
ambições e
Kieman, Pas1 & Preun1, n.' 31. p. 21. f~nç~o da arist~~ci~ na sociedade era mcrcnt~~ntc auto<o~tradnóna.d~ rei na az. Mas como funcionários
93. • Todas a.1 fonnas ck absolu1ismo europeu serviam os interesses de classe dos nobres ou proprieLirios nvahdadcs trad1c1ona1s que frequentemente colrd1am com os interesses. . p k ai cu i1' força cootínu.a
da rerra e ex pressavam o seu domínio poJitico sobre as outras classes d3 sociedade. e em primeiro lugar sobre o hereditários - que muitos deles eram - esperava-se que pusessem em vigor um sistema g .r
campesiruto. que era a cl.lsst- mais numerosa.-. Erik Moinar. X\11/"Congrfs /nternotiona/ des ScienceJ /Jistoriqu~s: dependia do vergar dos seus próprios poderes egoístas.. . burg~sia e• nobrrz;i. (.-l
Rappom . IV. p. 156. 1
99. •[AI monarquia absoluta res.ulta da nvalcdade de dua~ eª'-~" ~as monarquias ahwlutas•. Mousnícr.
94. Porchnev procura explicar as origens burguesas da burocracia como deri\•ando precisamente das con· Esta luta de classes t talvez o pnncipal fac1or no descnvo vuncn O
tradições inerentes a um sislema feudal e-m que a indivisibi lidade dos fenómenos políticos e económic.os significa ús XV/• er XVI/' sitclts, pp. 97-99. . . . . . Ra rs . IV . . 163.
que cada nobre prossegue interesses específico não ncce\Sariamente de acordo com os da roralidade da sua classe. 100. Moinar. XII' Cnngris /nrunarronal dtl Scrtnctl f/rsum quts.os f~::;;onórios ~ ... ) aprcscn!am"se 11 si
• Da/ resuJ u uma estranha di ficul dade : a estrutura de poder dum Esudo ariscocrático Ji 1a1 nobi/ilaird não pode ser IOI. •Na posse do poder públ ico e do direito de lançar 1mpos1os.
colocad.J nas mãos de ari.iocratas. pois a 1omada do poder por um grupo específico de aristocratas 1cm de provocar mesmos como órgãos da socied_ade ccloca<k>s acim/J do. ~~~~~)os antllgonísmos dc classe. mas 13m1'.6"' no
mevrrnelmcrue uma luta aberta com os ouuos elementos da classe senhorial•. ú s soultvement.r populaires. p. 563. Como o Estado emergiu da necessidade de mantt . poderosa e economicamente dominante.
95. Joseph A. Schumpctcr. •1bc Sociology of lmperialísm•, in Social Classes. lmperialism (Nova Iorque: âmago da luta entre as d as.ses, ele t n=Imcnte o EsL1do da e1asse mais
Meridian Boob. 1955). 51-58.
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sobre as quais não exi re con~eruo. Pierre Vilar colocou bem a questão teórica básica plina. mas. por outro _lado. em proteger o~ privilégi~ dc~u contr.a a csslio lar~"''· A
·s ubjacente: posição de A. D. Lublmskaya parece muito pr6r.imada de Braudel '"'I. rHur~tfi=acentuao
dilema d os mon_arcas , que "SC viam cm dificuldades para gove rnar ~ma nobreza, ma5 que
Uma que\ lão panic ubnncnte relevante é a forma como os rendimcn1os feudais eram divididos igualmente se vmm em dificuldades pa ra governar com ela»""'·. .
por in1ermédio de um sis tema de ~ adjudicações ~ . e por outras forma~. entre uma aristocracia
Um terce ir~ ponto de vi sta, talvez o mai1 tradicional. e: 0 ck Roland MouS11ier. sc.gundo
ociosa e uma clas »e intennédia de • agricultores mercadores» ou tipos si mil ares que transfor-
0 qual a monarqu~a é vista como uma força autónoma frequentemente aliada ã burguesia
mavam os rendimentos senhori ais e os conservavam prontos para novos tipos de investimento·
contra a anstocrac1a, ocas ional mente 1crvindo de mediadora entre as duas""'·
por outra' palavras. a forma como os rendimentos foudai s vieram a ser mobilizados para inves'.
Mas existirá uma conjugação ncces\ária destas dua~ afinnações. a do papel relati va-
1imento'i capiraJi.stas º'Y 1.
mente autónomo do aparelho de Estado e a de se ver a Juta de cla~.-.es como o;cndo uma luta
Um a~pecto desta questão é o gra u cm que o Estado absoluto deveria ser visto como 0 entre a aristocracia e a burguesia? Moinar não parece pensar a~~ im . Em primeiro Jug;ir, uti -
último recurso da a ri s tocracia feud a l face à «crise» do feudalismo, à redução dos re ndimentos li za mai s categorias. Fala de uma arbtocracia feudal a quem o monarca estava cm clara
senhoriais e il in vestida d e o utras cl a~ses ( a burguesia comercial, os yeomen. os trabalhadores oposição. Adicionalmente, existia a « nobre7.a ~ r. a burguesia. ambas potenciais aliadas. A
ag ricolas). Uma perspectiva é a de T a ka has hi , que vé o abso luti s mo como «nada mais do que nobreza parece ser constituída por pequenos proprietários e pelos que e&tão mai s ori.:ntados
um s istema de força conce ntrada para contraba lançar a cri se do feudalismo surgida deste desen- para a agricultura capitalista; mas isto não é inteiramente claro. Moinar salienta que embora
volvimento inevitável [n a direcção d a li be rtação e da independência dos camponeses] ,,<9<!>_ 0 absolutismo parecesse implicar uma pesada tributação do cam~inato. é menos clara a forma
fa ra o pini ão é s ub sta ncialmente partilhada por Chri stopher HiJl !9'>, V . G. Kieman 1•21, Erik como o dinheiro era d istribuído. Por outro lado, o crescente orçamento do Estado era uti-
.Molna r 1• 31 e Bo ris Porchnev '">. lizado para pagar aos colectores de impostos e à burocracia, para pagar o s emprésümus do
Um seg undo ponto de vis ta d efende que a política da monarquia absoluta é uma política Estado e para adquirir equipamento militar, beneficiando isto tudo a burguesia. Mas. por outro
sobre a qu al a ari stocracia tem uma influência cons iderável, tal vez determinante, mas em que lado, todas a~ des pesas correntes do Estado - ou seja, a manutenção da corte e do exácito-
o monarca e ra mai s do que uma si mples extensão d as necessidades des ta aristocracia. Por e ram pag amentos à nobreza. Segundo ele, esta era uma tácüca que permitia ~ manobrar ( ... )
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entre a nobreza e a burguesia» 11 1• Engels aponta igualmente para as maneiras pelas quais o
aparelho de Estado vem a desempenhar, por vezes a contragosto, uma fun ção mediadora. pelo
Assim, a ari stocracia [sob a monarquia absoluta] como um todo era ainda um facror poderoso
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pulsiva, do rei como líder e órgão executivo da nobreza. (... ) 96. •Na Cristandade como no Islão, a nobrc1.a ocupa a posição cimeira e não dc•ístirá dela. 1. ..) Por IOdo o
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com eles. dividi-los mas também preservá-los. JX>is não é po-;sh·cl reter o poder numa dada sociedade~ a cum·
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plicidadc da sua classe dominante. O Estado moderno empunha e~ta .arma; cas~ ele a paru!)SC', t u~ ltna de st.r
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possibilidade no século XV I•. Braudcl, La Mi diierra11ie. íl. p. 50 cCf. tambc'm.p. 541.. .
tado e incluía um esforço por parte do rei, por um lado, em colocar a nobreza sob a sua disci- 97. • Em relação a ambos os grupos da nobreza. a po~ítica do a~~uns~ visava ~f~~ os seus un~
rcsses básicos de classe . ism é. a sua propriedade. A monarquia absoluta nao sausfez as _cuge~ abenamen
rcac.cionárias da nohlesse d'epü. e cm muitos C<BOS opôs-se a elas dirccwnenre - mas isto está am~ longe do
89. Vilar, PaJt & Presem. n.• 10, pp. 33·34. "iguali1arismo·· •. A . D. Lublinskaya, French Abso/Ulism: Tht Crucial fhast . 1610- 1629 (1..ond= e Non la<quc:
90. Tahha.\hi . Science w1d Sociny , XVI. p. 33 ~.
9 1. • I A) monarquia absoluta é uma fo nna de Es1ado feudal .. Christopher Hill. • TI>c Transition from Cambrid~~-UJni~u~~~~·l~.9~:~~:i· Struclure, Officc-Holding and Polilícs. Oiicíly ín W":'tcrn Emopc•, Nt>o• Cam·
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Feudalism ro Capiul ism•. Science and Society. XVII. 4 . Outono 1953. 350.
92. • A monarquia absoluta no Ocidente cresceu a partir dum tipo particular de monarquia feudal-. V. G. 1 ~O.,s ele<
(Londres e Nova Iorque: Cambridge Univ. Press. 1968J, 130. Ele prossegue. orno
1 lini:n
ambições e
Kieman, Pas1 & Preun1, n.' 31. p. 21. f~nç~o da arist~~ci~ na sociedade era mcrcnt~~ntc auto<o~tradnóna.d~ rei na az. Mas como funcionários
93. • Todas a.1 fonnas ck absolu1ismo europeu serviam os interesses de classe dos nobres ou proprieLirios nvahdadcs trad1c1ona1s que frequentemente colrd1am com os interesses. . p k ai cu i1' força cootínu.a
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campesiruto. que era a cl.lsst- mais numerosa.-. Erik Moinar. X\11/"Congrfs /nternotiona/ des ScienceJ /Jistoriqu~s: dependia do vergar dos seus próprios poderes egoístas.. . burg~sia e• nobrrz;i. (.-l
Rappom . IV. p. 156. 1
99. •[AI monarquia absoluta res.ulta da nvalcdade de dua~ eª'-~" ~as monarquias ahwlutas•. Mousnícr.
94. Porchnev procura explicar as origens burguesas da burocracia como deri\•ando precisamente das con· Esta luta de classes t talvez o pnncipal fac1or no descnvo vuncn O
tradições inerentes a um sislema feudal e-m que a indivisibi lidade dos fenómenos políticos e económic.os significa ús XV/• er XVI/' sitclts, pp. 97-99. . . . . . Ra rs . IV . . 163.
que cada nobre prossegue interesses específico não ncce\Sariamente de acordo com os da roralidade da sua classe. 100. Moinar. XII' Cnngris /nrunarronal dtl Scrtnctl f/rsum quts.os f~::;;onórios ~ ... ) aprcscn!am"se 11 si
• Da/ resuJ u uma estranha di ficul dade : a estrutura de poder dum Esudo ariscocrático Ji 1a1 nobi/ilaird não pode ser IOI. •Na posse do poder públ ico e do direito de lançar 1mpos1os.
colocad.J nas mãos de ari.iocratas. pois a 1omada do poder por um grupo específico de aristocratas 1cm de provocar mesmos como órgãos da socied_ade ccloca<k>s acim/J do. ~~~~~)os antllgonísmos dc classe. mas 13m1'.6"' no
mevrrnelmcrue uma luta aberta com os ouuos elementos da classe senhorial•. ú s soultvement.r populaires. p. 563. Como o Estado emergiu da necessidade de mantt . poderosa e economicamente dominante.
95. Joseph A. Schumpctcr. •1bc Sociology of lmperialísm•, in Social Classes. lmperialism (Nova Iorque: âmago da luta entre as d as.ses, ele t n=Imcnte o EsL1do da e1asse mais
Meridian Boob. 1955). 51-58.
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r Uma fonte desta fa lta de clareza na relação entre o mo na rca e a arist . .
a mbig uidade qu.: ex iste sob": a composição da nobn:za. Sem dú vida uc os crité~i~:~:
é a
4
tença famrl 1ar na nobreza va rram ao longo do tempo: trata-se de un.1a s ituação de rennan:r- das suas terras, o ~écu lo XVJ foi uma époc· d
mobil1dade e m todas as sociedades em 4ue existe um a nobreza. Mas século XVI ~ . te
-.
ª 3 1&J'CJa enquamo cmpre\ário agrícola capi-
mob~1i
0 ta li sta, especia lmente na Itália"""·
época em que niio só se verificou essa mobilidade famili a r como também uma Uma A o utra face desta moeda era que 0 bur ·u· be _
o<:upac1onal. Por exemplo. o estatuto de nobre era pres umivclmen1e incomp r
temente cm proprietário e nobre, e trinta ano, ~~~ tar';.~,::,~"' tran formava. consta~ - '
d dade
feud ali smo oc iden tal corn .i oc upação de e mp resário. Isto já era provavelmen~:ve
1 urante 0
linhas claramente separadora,_cnr re º ' dai\. R. li. Tawncy ,.é este p~;::~ ~~~:::~:
la rg a medida. nas municipalidades dos finais da Idade Média. Mas no séc ulo X~~ mllo, em
simp lesme nte fa lso para o conj unt o da Europa, e ta nto e m áreas urbanas com era e P~ra normal;,~~e fo1 no entan'.o mu110 a: clcrndo durante 0 !oéculo XVJ"'º'. Ta"m BraudeJ. "• co;,,o
. -. . . • . • · o em areas Postan concordar:" na percepçao de um padriio contínuo de tran, içiio de empre, ário para
__ rurai s. Por todo o lado - lt<llia,
na na .Hun gria. na Polo ma, na Elbia Oriental, na Suécia arrendador em relaçao aos que tinham um t\tatuto niio nobre. e vêem-no como uma procura
1w Inglaterra - mem bros da nobreza tinh am-se tornado em presários(lo2,_ Tanto era assim' de seg~rança a longo prazo. O que é crucial. no entanto. é notar qU<: ape"2 r de,la mobilidade
4ue a nobreza procurou com sucesso eliminar lodos os impedi mentos formai s para este ocupacwna~ a força da classe.prnprietária não se de, integrou_ Como diz \1arc Bloch: •O regime
pape l ocupac ional onde quer que estes ex isti ssem, como acontecia na Espanha ('""· Nem senhonal nao trnha sido d_e b1htado. Na realidade. viria rapidamente a possuir um ,.icor reno-
nos de vemos esquecer que ernbora nos países protestantes a Igrej a assistisse à confiscação vado. No entanto, a propnedade senhorial veio em grande medida a mudar de Foi rm°': "•.
o absolutismo do monarca _q ue criou a estabil idade que permitiu em de, locaçãn em grande
escala de pessoal e ocupaçoes sem que. ao me,mo tempo. pelo menos nesta época_ se <ksfi -
que p<Jr seu int<nnédio se •_orna JJmbém na classe JJQliticamente dom inante. e arranja então novos meios de vergar zesse a divisão hierárquica básica de estatutos e recompensas_
e explorarª' cl:issc. oprnmdas. Ornrrcm contudo_períodos excepcionais quando as classes em guerra são quase tão
1gua1< cm for1·a 4uc o poder do Es1ado. como mediador aparente, adquire por um momento uma cena independência Que dizer então do presumido papel chave do Estado no apoio à burEue,ia omen:iat
cm relaç:lo a amb:is. 1<10 apl1ca~sc à monarquia absoluta dos sécu los XVIJ e XVJll [mas não do século XVl?J que para que esta se afinn asse. obtivesse os seus lucros e os conservasse? A ligaç-Jo cerument•
equilibro a nobreza e a hurgucSJa uma contra a outra .. _Fnederich Engels. The Orig1ns of the Family . Prfrate Pro-
p erty and Tht• Srare (Londres: La wrence Wishan. J 940). 195- 196.
que existia, mas era uma questão de grau e de oportunidade_transformando-se o apoio m~1uo
da ligação inicial no controlo sufocante de anos posteriores. Não é acidental que a relação
102. Au discutir o fenómeno da presença. no século XV. de aristocratas nos negócios em várias cida-
d< · Italiana;. Paul Coles di1.: «A nobreza esta va a ensaiar o importante papel que iria desempenhar na actividade
simbi ótica entre o mercador e o rei viesse nos séculos XV II e XVUl a parecer uma relação de
negoc ial
Abril 195europeia
7. 19. no século XVI». «Thc Crisis of Rcnaissance Society: Genoa. 1448- 1507», Pasr & Presem, 11 ,
•!Por volta do final do "<cuia XV começa) uma nova 1cndência no desenvolvimento húngaro [que] pode 104 . ~(Na corrida para o inves1imen10 em !erras. a Igrej:i e as as.sociaçÕ!'S r..lo lucr:Hi\:is. {l:'!J tr::z a i}
(na maiori a sob a iníluênc ia da (I greja]) encomravam.se numa posição nntJjo!i.l ÇK'>f'q!K 1uü1:im rntrado nela Ir~
ser resumida econom icamente como a panicipa1·ão crescente da classe senhorial no comércio e mais tarde na própria
cedo que os leigos e os ··panidos pri vados". No final do século XVI metade dJ propn~de fundúr'.J de !--1'il3o
produção de macadurias lvinho. gado. lrigo j.. _Zs. P. Pach, «En Hongrie au XVI• siecle: l'activité commerciale des
seigneurs e1 le ur produc1iun marchandt: •) , Am1ales E.S.C. , XII , 6, Nov.-Dcz. 1966, 121 3. eslava nas suas mãos. com consequências soc iai s e religiosas ~jamente conJle.::idJs ... Bu!fe.reni. ArcJi.J\ 10 s"-"1ro
/ombardo. IV, pp. 21-22.
uA pan icipação da nobreza no comércio de expon ação de produros agrícolas e pecuários, começando 105 . «Desde mui lo cedo o mercador ~m sucedido comprou dignidilk e comidrnJÇão ~W ao 1m es.ur as
no fim do século XV e aumentando com o 1emp<J. consti 1ui mais um dos interessantes fenómenos ligados ao suas economias em propriedades fund iárias. O fidalgo sem recursos rc~lJurou a fonuru dcclmJr1!~ ..:12. SUJ ~por

:~~~i~:. ~.io~~!ªt~~::~:e:~~~; ~uª~'r;t~~:s ~~~::;~od~u;cªu:~~-~ :=~7~::~<~:~:ir~u~:.~,:,':;:


desenvol vimen1 u da ex pl ora\·5.o dircc ra da rcrra pela nobreza. ( ... ) O factor que fac ilirou esre desenvolvimento
los nobres como imponadorcs de 11.!cidos e produtos de lu xo J no século XV I foi a supressão gradual de direitos
1.alfandegários
PP- 5R7-588 na<cidades maiores. sob pressão da nobreza». Marian Malowist. Srudi in onore di Armando Sapari, laneamente com uma rapidez que era anrerionnen~e de~conheci~a e que k'm de ~r t" \ plicadJ ro~ J :oo'\Cquc::i-""C
do grande crescimento de lodas as formas de ac1iv1d3de comt"rcial. O surgi~e~10 Je.g~e-s n:-ndi~m_C"' t\tr.údos
... A gama das acrividadcs empresariais dos Junkas alargou-se durante o sécu lo XVI com o assalto à pro- do comércio linha trazido à existência uma nova ordem de homens de negocios CUJa~ cmpre~' rut1 t°')tJ \ "1-:n ~­
dução indwmial e aos monopólioli comercia is nas cidades. ( ... ) A emergênc ia do Junker como negociante , contra- finadas ao porto de mar e à cidade privilegiada. mas alastrJ\'am.à tflmpra d.e propncdJ1.k s. mesmo :!.m: t. c1.1 )O...'"Culan.'
bandista e induSJrial esmagou definitivamente o equilib rio tradicional entre a cidade e o campo». Hans Rosenberg,
Amen ran llurorica/ Rniell', XLIX. p. 236. ~~~~~~;~~' C:,~,~:I~:~~,~~~~;:~::.,:~~ ~;;,~"~~ ~:,c:\~ç~~:~~~~;~:nmt~;~)~'t ~\<la cm3 ge~ção- .R~H : : : :
~~~c~~r;!~t~l~~;~~"~~:ªc:~::~ r~~~~'.~!:~~~;~~q~,'u~;,•;:'~~~i~~ª;,d,:~:~'.~d :oJ~~~~res =~"',1 ~~~~i~
A p.inir do.; fins do século XVJ a maior pane dos campos romanos es ra va nas mãos duma dúzia de proprie- 106. (<A burgues ia , no século XV I. atada à mon~trq~1~ e ao ser.1ço~o re i..es.tJ\ J.f~~: 3 :Jac:i~ da

1
tário!\. A <tkunha era mcrumti di campa1.: 11a, mercadores do campo. Ver Delumeau, Vie fronom ique, II, p. 571.
SUí.l
Ü !oo emprl':-.:írios mili tares prev iamente referidos eram na maior parte de origem nobre. E se não o eram, esre
ri po ele ac1 i vid~1Llc:. cmpn:sarial condu1: ia usualmcnrc à nobiJiração. Ver Redlich, Vierteljahrschrift /ür Sozia/- und a sua indo lência tranquila. O serviço do rei leva\·~ mui!~ rnpid:in~<:~l~~~:i":'"~f~~~r~~~~~r. li. p. · ~
Wirtsd iaf r.<;:i'schich r,._ Supl. n.'' 47. pp. 41 1. 427-428. nho, que não deixa de fora outros, que a bur~uesia desapareceu. · _ . d·f· . d e\plk:'ar o. acidcnrc:sdoromérrio
107. «A pro"':nsão para relir".'_-se parJ uma vida d< ~~~~'~;,n~~;nr~~~'.·ci~'"'º , ;., opommidadcs pioravam
1
Ver também Goran Oh/in. <<En1rrpreneurial Acliv ir ies of rhe Swedish Aristocracy )>. Exp/orations in Entre· _
preneuriaf llistm)', VI. 2. J9.5 ] , 147- J62 : Lawrence Sronc, «The Nobiliry in Busincss, 1540· 1640», fap/orarions in ac11vo ."ºestrangeiro nao eram sempre. 1g~~lados ~~ opo~~s ~ ueno~. Ao mesmo tempo. e pro\ :ixel que o capital
E11trt•pre11curia / llisrory, X. 2. Dc1:. 1957, 54-6 1. à medida que os mercadores estrangeiros~ 1omavam m. pe,q· ( ) {Este processo] erJ rt:lc,·arui: ape".nas ~
!03. <~Para ev itar quaisquer dificuldades fu1uras e estabe lecer uma regra unifonnc, uma bula papa l era fosse ainda suficientemente escasso para d1'.ar uma aha ~xa ~;,!.~~;~b.;m_ Sob«tudo h•"' -º' ho:nens q~< pro-
obtid;1em 1622. c~1endcndo a Ioda!-. <Is Ordens f mi li1arcs J o cs1a1uro de Santiago, que a proibição sobre a acrividade uma componente da nova hw-~'"!w. e h.I\ "- outras '~e :'u , ções Jincfa sobreiudo romcrnai<. Con.egu1am-no
comercial /para membros das Ordens! não >e aplicasse a empresdrios de grande escala, mas apenas ao pequeno curavam e achavam segurança nao fora. m~:-. dcnt~1 ornani~dos e protc:!!idos. (. ..) o gro~l.O tio .:omcrc10 esta\ a
Jojisr.'.l ou ;..i o empn.!., rador de dinheiro comum. ( ...) O comércio em claramenrc um facror vital para a conllnuação negociando em menor escala. dentro de mercad~s be medianos eks procum·am ;<guranç1 e m:omr:ivam-na_n3
da Espanha rnmo fX>lência imperial, ~ não podia ser posro de lado como modo vulgar de fazer dinheiro)>. L. P. nas mãos dos homens de estofo mediano. E sc.:ndo ~1 M P:n:in in Camlmdu Ew n11m1c: Hisrory of
cooperação, na combinação e ma is geralmente na massa... · . · 1 • l;, •
Wright, •Thc Milirary Orders in Si., teenth and Seventecnth-Century Spanish Society», Pa.rr & Presem, n.' 43,
Maio 1969, 66-67.
Europ1', 'ioC.' ~ll~h, Caracteres origir1m<r. I. p. 129.

I60 161

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r Uma fonte desta fa lta de clareza na relação entre o mo na rca e a arist . .
a mbig uidade qu.: ex iste sob": a composição da nobn:za. Sem dú vida uc os crité~i~:~:
é a
4
tença famrl 1ar na nobreza va rram ao longo do tempo: trata-se de un.1a s ituação de rennan:r- das suas terras, o ~écu lo XVJ foi uma époc· d
mobil1dade e m todas as sociedades em 4ue existe um a nobreza. Mas século XVI ~ . te
-.
ª 3 1&J'CJa enquamo cmpre\ário agrícola capi-
mob~1i
0 ta li sta, especia lmente na Itália"""·
época em que niio só se verificou essa mobilidade famili a r como também uma Uma A o utra face desta moeda era que 0 bur ·u· be _
o<:upac1onal. Por exemplo. o estatuto de nobre era pres umivclmen1e incomp r
temente cm proprietário e nobre, e trinta ano, ~~~ tar';.~,::,~"' tran formava. consta~ - '
d dade
feud ali smo oc iden tal corn .i oc upação de e mp resário. Isto já era provavelmen~:ve
1 urante 0
linhas claramente separadora,_cnr re º ' dai\. R. li. Tawncy ,.é este p~;::~ ~~~:::~:
la rg a medida. nas municipalidades dos finais da Idade Média. Mas no séc ulo X~~ mllo, em
simp lesme nte fa lso para o conj unt o da Europa, e ta nto e m áreas urbanas com era e P~ra normal;,~~e fo1 no entan'.o mu110 a: clcrndo durante 0 !oéculo XVJ"'º'. Ta"m BraudeJ. "• co;,,o
. -. . . • . • · o em areas Postan concordar:" na percepçao de um padriio contínuo de tran, içiio de empre, ário para
__ rurai s. Por todo o lado - lt<llia,
na na .Hun gria. na Polo ma, na Elbia Oriental, na Suécia arrendador em relaçao aos que tinham um t\tatuto niio nobre. e vêem-no como uma procura
1w Inglaterra - mem bros da nobreza tinh am-se tornado em presários(lo2,_ Tanto era assim' de seg~rança a longo prazo. O que é crucial. no entanto. é notar qU<: ape"2 r de,la mobilidade
4ue a nobreza procurou com sucesso eliminar lodos os impedi mentos formai s para este ocupacwna~ a força da classe.prnprietária não se de, integrou_ Como diz \1arc Bloch: •O regime
pape l ocupac ional onde quer que estes ex isti ssem, como acontecia na Espanha ('""· Nem senhonal nao trnha sido d_e b1htado. Na realidade. viria rapidamente a possuir um ,.icor reno-
nos de vemos esquecer que ernbora nos países protestantes a Igrej a assistisse à confiscação vado. No entanto, a propnedade senhorial veio em grande medida a mudar de Foi rm°': "•.
o absolutismo do monarca _q ue criou a estabil idade que permitiu em de, locaçãn em grande
escala de pessoal e ocupaçoes sem que. ao me,mo tempo. pelo menos nesta época_ se <ksfi -
que p<Jr seu int<nnédio se •_orna JJmbém na classe JJQliticamente dom inante. e arranja então novos meios de vergar zesse a divisão hierárquica básica de estatutos e recompensas_
e explorarª' cl:issc. oprnmdas. Ornrrcm contudo_períodos excepcionais quando as classes em guerra são quase tão
1gua1< cm for1·a 4uc o poder do Es1ado. como mediador aparente, adquire por um momento uma cena independência Que dizer então do presumido papel chave do Estado no apoio à burEue,ia omen:iat
cm relaç:lo a amb:is. 1<10 apl1ca~sc à monarquia absoluta dos sécu los XVIJ e XVJll [mas não do século XVl?J que para que esta se afinn asse. obtivesse os seus lucros e os conservasse? A ligaç-Jo cerument•
equilibro a nobreza e a hurgucSJa uma contra a outra .. _Fnederich Engels. The Orig1ns of the Family . Prfrate Pro-
p erty and Tht• Srare (Londres: La wrence Wishan. J 940). 195- 196.
que existia, mas era uma questão de grau e de oportunidade_transformando-se o apoio m~1uo
da ligação inicial no controlo sufocante de anos posteriores. Não é acidental que a relação
102. Au discutir o fenómeno da presença. no século XV. de aristocratas nos negócios em várias cida-
d< · Italiana;. Paul Coles di1.: «A nobreza esta va a ensaiar o importante papel que iria desempenhar na actividade
simbi ótica entre o mercador e o rei viesse nos séculos XV II e XVUl a parecer uma relação de
negoc ial
Abril 195europeia
7. 19. no século XVI». «Thc Crisis of Rcnaissance Society: Genoa. 1448- 1507», Pasr & Presem, 11 ,
•!Por volta do final do "<cuia XV começa) uma nova 1cndência no desenvolvimento húngaro [que] pode 104 . ~(Na corrida para o inves1imen10 em !erras. a Igrej:i e as as.sociaçÕ!'S r..lo lucr:Hi\:is. {l:'!J tr::z a i}
(na maiori a sob a iníluênc ia da (I greja]) encomravam.se numa posição nntJjo!i.l ÇK'>f'q!K 1uü1:im rntrado nela Ir~
ser resumida econom icamente como a panicipa1·ão crescente da classe senhorial no comércio e mais tarde na própria
cedo que os leigos e os ··panidos pri vados". No final do século XVI metade dJ propn~de fundúr'.J de !--1'il3o
produção de macadurias lvinho. gado. lrigo j.. _Zs. P. Pach, «En Hongrie au XVI• siecle: l'activité commerciale des
seigneurs e1 le ur produc1iun marchandt: •) , Am1ales E.S.C. , XII , 6, Nov.-Dcz. 1966, 121 3. eslava nas suas mãos. com consequências soc iai s e religiosas ~jamente conJle.::idJs ... Bu!fe.reni. ArcJi.J\ 10 s"-"1ro
/ombardo. IV, pp. 21-22.
uA pan icipação da nobreza no comércio de expon ação de produros agrícolas e pecuários, começando 105 . «Desde mui lo cedo o mercador ~m sucedido comprou dignidilk e comidrnJÇão ~W ao 1m es.ur as
no fim do século XV e aumentando com o 1emp<J. consti 1ui mais um dos interessantes fenómenos ligados ao suas economias em propriedades fund iárias. O fidalgo sem recursos rc~lJurou a fonuru dcclmJr1!~ ..:12. SUJ ~por

:~~~i~:. ~.io~~!ªt~~::~:e:~~~; ~uª~'r;t~~:s ~~~::;~od~u;cªu:~~-~ :=~7~::~<~:~:ir~u~:.~,:,':;:


desenvol vimen1 u da ex pl ora\·5.o dircc ra da rcrra pela nobreza. ( ... ) O factor que fac ilirou esre desenvolvimento
los nobres como imponadorcs de 11.!cidos e produtos de lu xo J no século XV I foi a supressão gradual de direitos
1.alfandegários
PP- 5R7-588 na<cidades maiores. sob pressão da nobreza». Marian Malowist. Srudi in onore di Armando Sapari, laneamente com uma rapidez que era anrerionnen~e de~conheci~a e que k'm de ~r t" \ plicadJ ro~ J :oo'\Cquc::i-""C
do grande crescimento de lodas as formas de ac1iv1d3de comt"rcial. O surgi~e~10 Je.g~e-s n:-ndi~m_C"' t\tr.údos
... A gama das acrividadcs empresariais dos Junkas alargou-se durante o sécu lo XVI com o assalto à pro- do comércio linha trazido à existência uma nova ordem de homens de negocios CUJa~ cmpre~' rut1 t°')tJ \ "1-:n ~­
dução indwmial e aos monopólioli comercia is nas cidades. ( ... ) A emergênc ia do Junker como negociante , contra- finadas ao porto de mar e à cidade privilegiada. mas alastrJ\'am.à tflmpra d.e propncdJ1.k s. mesmo :!.m: t. c1.1 )O...'"Culan.'
bandista e induSJrial esmagou definitivamente o equilib rio tradicional entre a cidade e o campo». Hans Rosenberg,
Amen ran llurorica/ Rniell', XLIX. p. 236. ~~~~~~;~~' C:,~,~:I~:~~,~~~~;:~::.,:~~ ~;;,~"~~ ~:,c:\~ç~~:~~~~;~:nmt~;~)~'t ~\<la cm3 ge~ção- .R~H : : : :
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A p.inir do.; fins do século XVJ a maior pane dos campos romanos es ra va nas mãos duma dúzia de proprie- 106. (<A burgues ia , no século XV I. atada à mon~trq~1~ e ao ser.1ço~o re i..es.tJ\ J.f~~: 3 :Jac:i~ da

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tário!\. A <tkunha era mcrumti di campa1.: 11a, mercadores do campo. Ver Delumeau, Vie fronom ique, II, p. 571.
SUí.l
Ü !oo emprl':-.:írios mili tares prev iamente referidos eram na maior parte de origem nobre. E se não o eram, esre
ri po ele ac1 i vid~1Llc:. cmpn:sarial condu1: ia usualmcnrc à nobiJiração. Ver Redlich, Vierteljahrschrift /ür Sozia/- und a sua indo lência tranquila. O serviço do rei leva\·~ mui!~ rnpid:in~<:~l~~~:i":'"~f~~~r~~~~~r. li. p. · ~
Wirtsd iaf r.<;:i'schich r,._ Supl. n.'' 47. pp. 41 1. 427-428. nho, que não deixa de fora outros, que a bur~uesia desapareceu. · _ . d·f· . d e\plk:'ar o. acidcnrc:sdoromérrio
107. «A pro"':nsão para relir".'_-se parJ uma vida d< ~~~~'~;,n~~;nr~~~'.·ci~'"'º , ;., opommidadcs pioravam
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Ver também Goran Oh/in. <<En1rrpreneurial Acliv ir ies of rhe Swedish Aristocracy )>. Exp/orations in Entre· _
preneuriaf llistm)', VI. 2. J9.5 ] , 147- J62 : Lawrence Sronc, «The Nobiliry in Busincss, 1540· 1640», fap/orarions in ac11vo ."ºestrangeiro nao eram sempre. 1g~~lados ~~ opo~~s ~ ueno~. Ao mesmo tempo. e pro\ :ixel que o capital
E11trt•pre11curia / llisrory, X. 2. Dc1:. 1957, 54-6 1. à medida que os mercadores estrangeiros~ 1omavam m. pe,q· ( ) {Este processo] erJ rt:lc,·arui: ape".nas ~
!03. <~Para ev itar quaisquer dificuldades fu1uras e estabe lecer uma regra unifonnc, uma bula papa l era fosse ainda suficientemente escasso para d1'.ar uma aha ~xa ~;,!.~~;~b.;m_ Sob«tudo h•"' -º' ho:nens q~< pro-
obtid;1em 1622. c~1endcndo a Ioda!-. <Is Ordens f mi li1arcs J o cs1a1uro de Santiago, que a proibição sobre a acrividade uma componente da nova hw-~'"!w. e h.I\ "- outras '~e :'u , ções Jincfa sobreiudo romcrnai<. Con.egu1am-no
comercial /para membros das Ordens! não >e aplicasse a empresdrios de grande escala, mas apenas ao pequeno curavam e achavam segurança nao fora. m~:-. dcnt~1 ornani~dos e protc:!!idos. (. ..) o gro~l.O tio .:omcrc10 esta\ a
Jojisr.'.l ou ;..i o empn.!., rador de dinheiro comum. ( ...) O comércio em claramenrc um facror vital para a conllnuação negociando em menor escala. dentro de mercad~s be medianos eks procum·am ;<guranç1 e m:omr:ivam-na_n3
da Espanha rnmo fX>lência imperial, ~ não podia ser posro de lado como modo vulgar de fazer dinheiro)>. L. P. nas mãos dos homens de estofo mediano. E sc.:ndo ~1 M P:n:in in Camlmdu Ew n11m1c: Hisrory of
cooperação, na combinação e ma is geralmente na massa... · . · 1 • l;, •
Wright, •Thc Milirary Orders in Si., teenth and Seventecnth-Century Spanish Society», Pa.rr & Presem, n.' 43,
Maio 1969, 66-67.
Europ1', 'ioC.' ~ll~h, Caracteres origir1m<r. I. p. 129.

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oposição dirccta. Hartung e Mousnier vêem sinais desta tensão já_ no século X~·!!'~'. D,auglass
Tentaremos, assim, dar carne e sangue.ªº que até aqui pode ser considerado uma análise
e. North e Robert Paul Thomas, ao procurarem delinear o surgimento de vanas mslltuições
jurídicas e económicas que tiveram o efeito de encorajar a actividade empresarial baseada
em- produtividade crescente por contraposição a formas de com~rc10 .que apenas redistri-
abstracta. Esperamos também conseguir demonstrar
desenvolvimentos não foram acidentais mas pelo co ;
variações possível, estruturalmente determin~dos. nr
;;t
0
1·dad d
d e e todo o processo. Os ·
• entro de uma certa gama de
_

buíam rendimento"'º'· procuram elucidar as condições sob as quais fana senudo acentuar 0
papel institucional do Escada. Argumentam que juntamente com as distorções económi-
cas que a intervenção estatal traz ao mercado e consequentemente à probabilidade da ino-
i vação deve colocar-se o «poder coercivo que permite ao governo levar a cabo certas polí-
i' rticas mesmo que estas sejam fortemente contrariadas por uma parte da sociedade,,< 111 1. Esta
1; formulação da questão alerta-nos para a necessidade de ver a importância do estatismo para 0
i capitalismo em tem1os de uma análise custo/benefício. Enquanto que para a aristocracia a
monarquia absoluta representava uma espécie de última trincheira de defesa dos privilégios,
1
'I· para os que obtinham o seu rendimento através da maximização da eficiência económica de
d
uma empresa o aparelho de Estado era por vezes extremamenle útil<"" e por vezes o princi-
!i' pal obstáculo.
:1
'- Já delineámos então os dois elementos constitutivos do sistema mundial moderno.
Por um lado, a economia-mundo capitalista construiu-se sobre uma divisão do trabalho à
escala mundial, em que as várias zonas desta economia (as que designamos por centro,
semiperiferia e periferia) 1inham papéis económicos específicos. desenvolviam estruturas
de classe diferentes, utilizavam consequentemente diferentes formas de controlo do traba-
lho e beneficiavam desigualmente do funcionamento do sistema. Por outro lado, a acção
política verificou-se prioritariamente no contexto de estados que, como consequência dos
seus diferentes papéis na economia-mundo, estavam estruturados de forma diversa, sendo
os estados do centro os mais centralizados. Analisaremos agora todo o século XVI em
termos de um processo no contexto do qual certas áreas se transformaram em áreas peri-
féricas ou semiperiféricas e outras se transformaram no centro desta economia-mundo.

109. t1.A ligação do capitalismo com a monarquia absoluta não foi sempre favorável ao capitalismo. É certo
que desde os anos 60 do século XVJ as bancarroras que afeclavam toda a Europa e o funcionamento do Estado não
eram de modo algum.fac1ores menores para o abrandamento do progresso do capiralismo comercial no continente.
Este a~ran~nto foi porourro lado favorável a longo prazo à monarquia absoluta. Ele impediu um desenvolvimento
~mas1ado d.p1do da bur~ues ia e ajudou a manter um equihôrio relativo entre burguesia e nobreza que é cenamente
:e~ S~;~:ed;,;:,.~~~,~~~;.n: ~uropa Ocidemal». Hanung e Mousnier. Relazioni dei X Congresso Jnrernazio-
5
uma forma~
51
~~: ~~li:n~ ar~un:i~n~o semelh~te:. ~os monopóli.os nà.o eram maus em si mesmos: eles eram
com defesa n~cionJI _! . as mdust~as num pais.atrasado. Os mais antigos monopólios estavam relacionados
0

para a produção de canh:S E~~~:: Mm~ ~o~al .visavam 'ºrn:a1' a lngJaterra independente do cobre estrangeiro
3

·SC rapidamtnle prejudiciais. uando fo::5hos 1dent1cos para? nitrato~ a pólvora. Mas os monopólios tomararn-
capitalisu. No século XVII '!s monopólio:~dos P~ propósitos fiscais por_governos hostis.ªº desenvolvimc~to
Rerolurion. p. 96. oram cnados para serem vendidos,.. Reformarron to the /ndusmal

··intemaJi ~ãoE!~~~,:~~~~;sarnasª ~conomias de .escala mas à redução de custos de transacção.por meio


1
da
informação (via cormagem) e cusr!°~em~~o~v~º!3:1e:iz:Jão dos ~ircitos de propriedade), reduzindo cusros de
lbomas. Economic Hisrory Re.,.iew, XXlll . es anómmas). Ver Douglass C. Nonh e Robert Paul
t 11. lbid.. p. 8. • pp. 5 7.
112. Simon Kuzne<s toca na tecla da ut'lid d d Es
~rano implica definilivamente a possibilidade d~ ~c~sã tado ~os empresários. «A existência de um governo
fluos que muitas ve~s se apoiam directa e ex.plicitamemc e~ onde ex~s~. dentro do país e e~tre as pessoas. _con·
•Thc Stare as lhe Unn of Srudy of Economic Growth J, d.ltema11vas rmportames de cresctntento económico•.
" ourna/ of Economic History, Xl, J, Inverno 1951, 28.

162 163

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oposição dirccta. Hartung e Mousnier vêem sinais desta tensão já_ no século X~·!!'~'. D,auglass
Tentaremos, assim, dar carne e sangue.ªº que até aqui pode ser considerado uma análise
e. North e Robert Paul Thomas, ao procurarem delinear o surgimento de vanas mslltuições
jurídicas e económicas que tiveram o efeito de encorajar a actividade empresarial baseada
em- produtividade crescente por contraposição a formas de com~rc10 .que apenas redistri-
abstracta. Esperamos também conseguir demonstrar
desenvolvimentos não foram acidentais mas pelo co ;
variações possível, estruturalmente determin~dos. nr
;;t
0
1·dad d
d e e todo o processo. Os ·
• entro de uma certa gama de
_

buíam rendimento"'º'· procuram elucidar as condições sob as quais fana senudo acentuar 0
papel institucional do Escada. Argumentam que juntamente com as distorções económi-
cas que a intervenção estatal traz ao mercado e consequentemente à probabilidade da ino-
i vação deve colocar-se o «poder coercivo que permite ao governo levar a cabo certas polí-
i' rticas mesmo que estas sejam fortemente contrariadas por uma parte da sociedade,,< 111 1. Esta
1; formulação da questão alerta-nos para a necessidade de ver a importância do estatismo para 0
i capitalismo em tem1os de uma análise custo/benefício. Enquanto que para a aristocracia a
monarquia absoluta representava uma espécie de última trincheira de defesa dos privilégios,
1
'I· para os que obtinham o seu rendimento através da maximização da eficiência económica de
d
uma empresa o aparelho de Estado era por vezes extremamenle útil<"" e por vezes o princi-
!i' pal obstáculo.
:1
'- Já delineámos então os dois elementos constitutivos do sistema mundial moderno.
Por um lado, a economia-mundo capitalista construiu-se sobre uma divisão do trabalho à
escala mundial, em que as várias zonas desta economia (as que designamos por centro,
semiperiferia e periferia) 1inham papéis económicos específicos. desenvolviam estruturas
de classe diferentes, utilizavam consequentemente diferentes formas de controlo do traba-
lho e beneficiavam desigualmente do funcionamento do sistema. Por outro lado, a acção
política verificou-se prioritariamente no contexto de estados que, como consequência dos
seus diferentes papéis na economia-mundo, estavam estruturados de forma diversa, sendo
os estados do centro os mais centralizados. Analisaremos agora todo o século XVI em
termos de um processo no contexto do qual certas áreas se transformaram em áreas peri-
féricas ou semiperiféricas e outras se transformaram no centro desta economia-mundo.

109. t1.A ligação do capitalismo com a monarquia absoluta não foi sempre favorável ao capitalismo. É certo
que desde os anos 60 do século XVJ as bancarroras que afeclavam toda a Europa e o funcionamento do Estado não
eram de modo algum.fac1ores menores para o abrandamento do progresso do capiralismo comercial no continente.
Este a~ran~nto foi porourro lado favorável a longo prazo à monarquia absoluta. Ele impediu um desenvolvimento
~mas1ado d.p1do da bur~ues ia e ajudou a manter um equihôrio relativo entre burguesia e nobreza que é cenamente
:e~ S~;~:ed;,;:,.~~~,~~~;.n: ~uropa Ocidemal». Hanung e Mousnier. Relazioni dei X Congresso Jnrernazio-
5
uma forma~
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~~: ~~li:n~ ar~un:i~n~o semelh~te:. ~os monopóli.os nà.o eram maus em si mesmos: eles eram
com defesa n~cionJI _! . as mdust~as num pais.atrasado. Os mais antigos monopólios estavam relacionados
0

para a produção de canh:S E~~~:: Mm~ ~o~al .visavam 'ºrn:a1' a lngJaterra independente do cobre estrangeiro
3

·SC rapidamtnle prejudiciais. uando fo::5hos 1dent1cos para? nitrato~ a pólvora. Mas os monopólios tomararn-
capitalisu. No século XVII '!s monopólio:~dos P~ propósitos fiscais por_governos hostis.ªº desenvolvimc~to
Rerolurion. p. 96. oram cnados para serem vendidos,.. Reformarron to the /ndusmal

··intemaJi ~ãoE!~~~,:~~~~;sarnasª ~conomias de .escala mas à redução de custos de transacção.por meio


1
da
informação (via cormagem) e cusr!°~em~~o~v~º!3:1e:iz:Jão dos ~ircitos de propriedade), reduzindo cusros de
lbomas. Economic Hisrory Re.,.iew, XXlll . es anómmas). Ver Douglass C. Nonh e Robert Paul
t 11. lbid.. p. 8. • pp. 5 7.
112. Simon Kuzne<s toca na tecla da ut'lid d d Es
~rano implica definilivamente a possibilidade d~ ~c~sã tado ~os empresários. «A existência de um governo
fluos que muitas ve~s se apoiam directa e ex.plicitamemc e~ onde ex~s~. dentro do país e e~tre as pessoas. _con·
•Thc Stare as lhe Unn of Srudy of Economic Growth J, d.ltema11vas rmportames de cresctntento económico•.
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