Você está na página 1de 1

A arte tem o direito de questionar t…

PDF - 118 KB

Entra quem quer, entende quem for capaz


Emanoella Neves Abreu

A humanidade tem a necessidade intrínseca de expressar-se artisticamente, assim como a má


interpretação da arte é igualmente secular. Diante desse contexto, a arte deve – assim como a ciência é –
ser autônoma, ou seja, livre das limitações impostas pelas instituições sociais – a família, a escola, a igreja
e o Estado –, citadas por Durkheim.

“A arte só é arte até as pessoas certas dizerem que é”, disse uma das personagens do filme “O
sorriso da Monalisa”. Desse modo, quem define o que é arte? Décadas atrás, a maioria dos críticos não
consideravam que Pablo Picasso pudesse fazer pelo século XX o que Michelangelo fez pelo Renascimento,
mas é inegável que ele também exerceu a arte em sua plenitude – ao retratar os horrores da Segunda Guerra
Mundial na tela “Guernica”, por exemplo. Ainda sob esse prisma, foi durante o período literário conhecido
como realismo que o português Eça de Queiroz escreveu, sem eufemismos, a obra “O crime do Padre
Amaro” – que aborda a quebra do celibato e o aborto.
Frente a essa situação, não é fácil deixar de lado o moralismo para encarar obras como essas e
apreciá-las por completo, e é por conta dos equívocos ocasionados pela falta de interpretação que casos
como a exposição da 35ª da Arte Brasileira, por Wagner Shuwartz acontecem. A exposição que propunha
uma reflexão sobre a arte – era baseada na ob ra “Bichos”, de Lygia Clark, mas perdeu seu propósito ao
parar em um museu –, foi fechada por conta de um vídeo em que se contestou o nu artístico. No entanto,
nus artísticos estão presentes nos mais diversos meios, mas, assim como na exposição, ninguém é obrigado
a vê-los e menores de 16 anos entram unicamente acompanhados de um responsável.
Ainda diante dessa conjuntura, e analisando-se os paradigmas impostos sobre a arte, conclui-se que
ela precisa ser livre para questionar, retratar e encantar o público. Diversas salas no MASP – Museu de
Arte de São Paulo – trazem a frase “entra quem quer, entende quem for capaz”, junto da advertência sobre
o conteúdo da exposição, afinal é fundamental que ao se expor a uma obra o expectador tenha consciência
do que verá. Além disso, é ilógico, em uma era de tantos avanços, limitarmos a arte ao belo e ao agradável,
segundo a perspectiva de determinado público.

Rua São Paulo, 1171 . Centro . Cascavel - PR


Shopping 4 Estações . Fone 45 99971-7783
alpcascavel@gmail.com
:

Você também pode gostar