OUTROS INUTENSÍLIOS PA U L O L E M I N S K I ARTE IN-ÚTIL, ARTE LIVRE?
• Romantismo e autonomia da arte num contexto de liberalismo e
industrialização • A arte e recusa da mediação do mercado: “arte pela arte” ANTECEDENTES DA ARTE PELA ARTE • “Uma arte, uma literatura in-útil: nenhuma ideia poderia ser mais estranha à Idade Média católica, herdeira das concepções greco-latinas sobre o duplo papel da arte: "delectare", "agradar", e "docere", "instruir".” • Idade Média: arte e religião • Renascimento: surgimento da beleza • Vitória das lutas entre protestantismo e Contra-reforma • “Com a Revolução Francesa e o fim do Antigo Regime, dissolve-se o difícil equilíbrio entre o autor e seu público, entre o autor e seus mecenas ou protetores. De agora em diante, entregue aos acasos do mercado, o escritor está no mato sem cachorro.” A VIA FRANCESA • A doutrina da "arte pela arte" foi formulada, poetas parnasianos e simbolistas (Gautier, Leconte de Lisle, Baudelaire, Mallarmé). • A poesia mais significativa do século XX nasce da "arte pela arte". Da arte como inutensílio. Não como veículo de princípios "superiores" ou "maiores". • No mundo burguês, a obra de arte só pode ser duas coisas: ornamento e mercadoria. • A derrocada das artes de vanguarda pelo mercado • A resistência da poesia, feita de palavras, não de ícones • “E não deixa de intrigar o fato de a doutrina da "arte pela arte" ter sido formulada, exatamente, por poetas. Não por pintores, nem por romancistas. • Transformada em mercadoria, a obra de arte é transformada em nada. • Desde então, a arte está em conflito direto com o mundo. A melhor arte do século XX é um gesto contra o mundo que a rodeia. Uma negatividade.” A VIA RUSSA
• Da arte útil russa ao Realismo soviético
• “Para Tolstói, toda a arte e a literatura de sua época lhe parecem manifestações patológicas de sensibilidades decadentes e "desumanas". Repugna-lhe seu "ocultismo", sua tendência à criança de seitas e "panelinhas" fechadas. No rigor das suas exigências, expressa cabal repúdio a Balzac, Flaubert, Zola e os Goncourt, enquanto exalta a ficção de Dickens, Victor Hugo e Dumas pai...” • “a Revolução apenas herda do czarismo o utilitarismo artístico e literário.” ADORNO: "ARTE PELA ARTE" DE ESQUERDA • “síntese dialética entre o inutensílio da "arte pela arte" e o compromisso ético e político de viver revolucionariamente uma dada circunstância histórica” • “Para Adorno, crítico eleitor agudíssimo das contradições do capitalismo, a arte só tem uma razão de ser enquanto negação do mundo reificado da mercadoria. Vale dizer, enquanto inutensílio. • A tensão ética da obra está nesta recusa em virar mercadoria. • Misteriosamente, os defensores da "arte pela arte" tinham razão.” LÍRICA E SOCIEDADE, ADORNO
• “O paradoxo específico da configuração lírica, a subjetividade que
se reverte em objetividade, está ligado a essa primazia da conformação linguística na lírica, da qual provém o primado da linguagem na criação literária em geral, até nas formas em prosa. Pois a própria linguagem é algo duplo.”