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NIDADE I.

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS
Princípio e descrição
A máquina assíncrona está na segunda categoria importante das máquinas de corrente alternada da indução. São
sobre tudo usado em motor, segundo a classificação de potência:
- Potência elevada, são usados motores assíncronos trifásicos a indução.
- Pequena potência, motores assíncronos monofásicos a indução.
I.1. Circuito eléctrico do motor assíncrono
No motor da indução, a corrente alternada é fornecida ao enrolamento do estator directamente, e ao enrolamento do
rotor por indução a partir do estator.
Rotor em curto-circuito (ou de gaiola). Constituído pelas barras condutores em alumínio, ligadas electricamente as
extremidades.
Rotor bobinado. É constituído por um cilindro de chapas de ferro com ranhuras na periferia onde estão metidas
várias bobinas que, internamente, ligam-se em estrela, ficando os 3 terminais do conjunto ligado a 3 anéis dispostos
lado a lado no veio.
I.2.Campo magnético girante
A conversão electromecânica de energia ocorre quando a variação do fluxo é associada ao movimento mecânico.
As correntes trifásicas equilibradas do estator e do rotor criam ondas de f.m.m (força magneto-motriz) componentes
de estator e rotor de amplitude constante, girando no entreferro a velocidade síncrona. Os enrolamentos trifásicos das
fases individuais são deslocados uns do outros de 1200 (graus) eléctricos ao longo da circunferência do entreferro.
O campo girante pode ser obtido, no caso dos motores assíncronos trifásicos, a partir de um conjunto de três bobinas
colocadas no estator (fixo), deslocadas entre si de 1200 e alimentadas por um sistema trifásico de correntes (cuja
identificação das extremidades é dada pelas letras U,V,W para o início e X,Y,Z para o fim).
A velocidade do campo girante é designada por velocidade de sincronismo e dada pela expressão ns=f/p em que f =
frequência da corrente (Hz)
p = número de pares de pólos
ns = velocidade de sincronismo (r.p.s)
Como na práctica, a velocidade é expressa em rotações por minuto (r.p.m), virá
𝟔𝟎.𝒇
ns =
𝒑

Exemplo:
# de pólos Pares de pólos ns (50 Hz)
2 1 3000
4 2 1500
6 3 1000

A diferença de velocidade (ns-n) é normalmente expressa em percentagem da velocidade de sincronismo,


designando-se por escorregamento g.
g = [(ns - n)/ns].100
A velocidade do rotor pode ser obtida directamente utilizando um taquímetro, ou indirectamente, através da
medida do escorregamento pela expressão
n = ns.(1-g)
I.3. Fem induzida no rotor
As correntes do estator à frequência f dão origem a um campo girante de velocidade
𝟔𝟎.𝒇 𝒑.𝒏𝒔
ns = 𝒑
, ou se quisermos f = 𝟔𝟎

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Eng. Mateus Próspero Simba. tel: 944582920
Como o rotor gira a uma velocidade (ns-n) em relação ao estator, a frequência das correntes induzidas fr, será dada
p(ns −n) ns −n
por: fr = , como 𝑔 = ns.g = ns - n, n = ns – nsg n = ns(1 - g)
60 ns

p.ns .g 𝒑.𝒏𝒔
fr = , substituindo f =
60 𝟔𝟎

fr = f.g

N.B. Se o rotor estiver parado (bloqueado), a frequência da f.e.m. induzida no rotor é igual á frequência do campo
girante. Por outro lado, se o rotor rodar a mesma velocidade que o campo girante, não haverá f.e.m. induzida nos
condutores do rotor e portanto a frequência será nula.

ns −n 𝒇𝒓 ns −n
𝑔= = fr = fe
ns 𝒇𝒆 ns
Se n = 0 fr = fes ( o rotor bloqueado) agora se ns = n fr = 0.

Exercícios
1. Completar a tabela, para f = 50Hz

P ns (r.p.m) n (r.p.m) g (%)


2 ? 1400 ?
1000 950 ?
6 ? 490 ?
a) 1500r.p.m; 6,66% b) 3 pares; 5% c) 500r.p.m; 2%

2. Um motor de 6 pólos, 50Hz, tem uma velocidade a plena carga de 950 r.p.m. Calcular:
a) A velocidade do campo girante (em r.p.m)
b) O deslizamento a plena carga

Resolução
60.𝑓
a) ns = = (60.50)/3 = 1000 r.p.m
𝑝
ns −n
b) 𝑔 = *100 = (1000-950)/1000*100= 5%
ns
3. O escorregamento a plena carga de um motor de 12 pólos, 50Hz é de 5%. Calcular:
a) A velocidade de sincronismo
b) A velocidade a plena carga

Resolução
60.𝑓
a) ns = = (60.50)/6 = 500 r.p.m
𝑝

b) n = ns*(1-g) = 500•(1-0,05) = 475 r.p.m

4. Calcular o escorregamento de um motor de 4 pólos, 50 Hz quando roda à velocidade de 1435 r.p.m.

60.𝑓
ns = 𝑝
= (60.50) /2 = 1500 r.p.m
ns −n
𝑔= ns
= (1500-1435)/1500 = 0,043x100 = 4,3%

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5. Um motor de indução tetrapolar funciona a uma frequência de 50 Hz tendo a plena carga um escorregamento de
5%. Calcular a frequência das correntes do rotor:
a) No momento de arranque
b) A plena carga

R:/ a) f=50 Hz
b) fr = f.g = 50x0,05 = 2,5Hz

6. Num motor de indução trifásico de seis pólos, calcular:


a) A velocidade do campo magnético do estator se for ligada a uma rede de 60 Hz
b) Com um escorregamento em carga de 3%, qual será a velocidade do rotor à frequência dada.
R:/ a) ns=1200 r.p.m b) n=ns*(1-g) = 1200x(1-0,03) = 1164 r.p.m
I.4. Constituição do motor assíncrono
Órgãos mecânicos: asseguram a posição relativa do estator e do rotor, a transição de energia mecânica, a protecção
das partes eléctricas e magnéticas e a fixação da máquina. Os principais órgãos mecânicos são: a carcaça lisa ou com
alhetas para refrigeração em ferro fundido ou liga de alumínio, o veio com escatéis (ranhuras para montar as peças
em movimento), os rolamentos de rolos ou de esferas (com ou sem lubrificação e válvulas de massa), as tampas
chumaceiras equipadas com casquilhos para apoio dos rolamentos, o ventilador em plástico ou em liga de alumínio e
placa de bornes.
Órgãos magnéticos: constituídos por circuito magnético do estator, fixo na carcaça e em cujas cavas são colocados
os enrolamentos eléctricos; e pelo circuito magnético do rotor, suportado pelo veio.
São constituídos por chapas de aço silicioso de 0,3 a 0,5mm de espessura e isoladas por oxidação artificial ou com
verniz isolante para motores de maior potência.
Órgãos eléctricos: são constituídos pelos enrolamentos do estator que permitem a ligação em estrela ou em
triângulo e pelos condutores.
Na chapa de características são indicadas as tensões a que o motor pode funcionar e daí, qual o tipo de ligação
segundo a tensão da rede e do próprio motor: se vierem indicados dois valores, por exemplo, 380/220V, o maior
valor corresponde sempre à ligação estrela e o valor menor corresponde á ligação triângulo. Neste caso, se a tensão
da rede for de 380V, teremos de ligar o motor em estrela, se a tensão da rede for de 220V o motor deve ser ligado em
triângulo.

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Exemplos:

REDE 110/127V 220/380V 380/660V 127/220V


MOTOR1 127/220V 220/380V 220/380V 220/380V
Ligação ? ? ? ?
MOTOR2 220/380V 380/660V 380/660V 110/127V
Ligação ? ? ? ?

Fig.1 Placa de bornes Fig.2 Ligação em estrela Fig.3 Ligação em triângulo

Fig.4 Motor assíncrono com rotor em gaiola de esquilo

Fig.5 Motor assíncrono de rotor bobinado

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I.5. Cálculos de Potências e perdas

Fig. 6 Balanço energético de um motor

O motor eléctrico em funcionamento normal encontra-se ligado, por um lado a uma carga mecânica, e por outro lado
a uma fonte de energia eléctrica, sendo a potência absorvida dada por:
Pa =√𝟑.U.I.cos φ
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A carga absorverá um binário útil Mu a uma velocidade angular ω=2π.n em rad/s n em (r.p.s), a que corresponde a
potência útil fornecida pelo motor Pu=2. π. n.Mu = ω.Mu, onde
ω=velocidade angular do movimento circular uniforme
Mu= binário útil ou momento do binário
Como sabemos o rendimento é sempre inferior a 100%, em virtude da existência de perdas, pelo que Pu=Pa-perdas.
O balanço energético de um motor assíncrono, onde podemos ver os vários tipos de perdas e potências em jogo.
No estator temos:
1. As perdas por efeito de Joule (pje) sendo R a resistência por fase de cada enrolamento do estator, estas serão
variáveis com o regime de carga e calculadas de acordo com o tipo de ligação das três fases.
Podem ser obtidas por uma expressão única, independentemente do tipo de ligação dos enrolamentos.
Seja r, a resistência medida entre dois terminais do motor e I a corrente na linha de alimentação, se Pje=RI2, duma
fase, em três fases Pje=3RI2
Na ligação estrela

Fig. 7 Ligação estrela


Como r=2R R=r/2 e a corrente de linha I=corrente de carga então:
3
Pje= 3(r/2).I2 = .r.I2
2

r: resistência medida entre dois terminais ou fases.


Na ligação triângulo
A resistência medida é equivalente ao paralelo de R com 2R

Fig. 8. Ligação triângulo


2𝑅.𝑅 2𝑅 2 𝟐
r=2𝑅+𝑅 = 3𝑅
= 𝟑R
𝟐
e como Pje=RI2, de uma fase, 3 fases Pje=3RI2, se r= 𝟑R R= 3/2 r Pje=3.(3/2 r).I2 e a corrente
𝐼𝐿
de linha é diferente em carga (Ic = J = = I /√3)
√3
Pje=3.(3/2 r).I2) = 3.(3/2 r).(I/√𝟑)2 = 3.3/2.r.I2/3
N.B
Qualquer que seja o tipo de ligação

Pje=3/2.r.I2

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Observando o Balanço de potência, a potência total transmitida ao rotor é dada por:
Ptr = Pa - Pfe - Pje
Esta potência é transmitida ao rotor por um binário electromagnético M desenvolvido pelo campo girante (Pu=M.ωs)
Este binário é também do rotor, mas como este gira à velocidade ω, a sua potência será
Pr=M.ω
A diferença entre as duas potências é perdida por efeito de Joule no rotor devido ao escorregamento
Pjr = Ptr – pr = M.ωS - M.ω = M.(ωS - ω)
Como o escorregamento é dado por g = (ns - n)/ns = (ωS - ω)/ωS, virá
Pjr = M.ωS(ωS - ω)/ωS = Ptr.g
O rendimento do motor é dado por:
Ƞ=Pu/Pa = (Pa - pfe - pje - pjr - pm)/Pa
Mas como Pjr = Ptr.g
Ƞ=(Ptr - Ptr.g - pm)/Pa = [(1-g).Ptr-pm]/Pa
O binário útil será: Mu= Pu/ω, ω=2π.n/60, com n em r.p.m
Exemplo:
Um motor de 15KW, 1500r.p.m, desenvolve um momento binário:
M = 15000x60/2πx1500 = 95,5 Nm

I. 6. Funcionamento do motor assíncrono


As diversas grandezas de funcionamento de um motor assíncrono são determinadas através de três ensaios
característicos: ensaio em vazio, ensaio com diferentes cargas e ensaio em curto-circuito com o rotor bloqueado.

Fig.9 Esquema de ligações para realização dos ensaios de um


motor assíncrono trifásico.

Ensaio em vazio
Neste ensaio o motor é alimentado à tensão nominal e cujo veio não acciona qualquer carga.
O rotor giro a uma velocidade muito próxima da velocidade de sincronismo, pois o binário resistente é devido
apenas ao próprio peso do motor e ao átrio. O escorregamento (g 0) é bastante baixo, sendo normalmente inferior a
1%.
A potência lida pelos wattímetros em vazio corresponde a:

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P0 ≈ pfe – pje - pm
Pois as perdas no ferro, assim como as perdas de Joule no rotor (Pjr = Ptr.g) são desprezáveis.
As perdas por efeito de Joule no estator (Pje = 3/2.r.I02) são calculadas para a corrente de vazio (I 0).
Se subtrairmos as perdas da potência trifásica permite-nos determinar as chamadas perdas constantes:
Pcte = Pfe + Pm = P0 - pje
O factor de potência (cos φ = P0/√3.U0.I0) é bastante baixo (0,1 a 0,2) visto a corrente absorvida ser essencialmente
a corrente magnetizante.

Ensaio em curto-circuito
Este ensaio é efectuado com o rotor bloqueado, isto é, o veio é impedido de rodar por qualquer meio adequado,
tal como um freio, correspondendo assim à situação do ponto de arranque do motor (n=0).
Tal como no ensaio em curto-circuito do transformador, aplica-se uma tensão reduzida ao motor para valores de
corrente até da ordem de 120% da nominal, que nos permite obter a característica U (Icc) .
Quando o rotor está parado observa-se que a corrente varia directamente com a tensão aplicada, pelo que podemos
extrapolar a recta obtida para a tensão nominal à qual vai corresponder a uma corrente de arranque elevada, pois à
semelhança do transformador ele encontra-se numa situação de curto-circuito, com uma tensão elevada no primário.
Ensaio em carga
O ensaio em carga de um motor é efectuado aplicando ao motor a sua tensão nominal, com o veio a accionar uma
determinada carga. Esta pode ser constituída por um dínamo freio, o qual consiste num gerador de corrente contínua
ao qual estão associados um sistema de pesos que nos permitem calcular o binário útil pedido ao motor (Mu = peso
em Kgf x 9,8 x braço, em Nm).
Com um taquímetro, podemos medir a velocidade para cada situação de carga e calcular o respectivo
escorregamento.
Os valores obtidos permitem-nos traçar a característica da corrente (In) e a característica mecânica Mn(n), para
qualquer regime de carga do motor.

Fig.10 Características do binário (M) e da Intensidade (i) em função do escorregamento


Exercícios
7. Um motor assíncrono absorve 6000W e seu escorregamento é de 3,5%. Calcular as perdas por efeito de Joule no
rotor desprezando as perdas no estator.
pjr = Ptr.g

Ptr = Pa – pcte - pje = 6000W

Pjr = 6000x0,035 = 210W


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8. Um motor assíncrono trifásico de 8 pólos, indica na sua chapa de características: 380V; 50Hz; I=40A; cos φ =
0,86; n = 725 r.p.m
A resistência de um enrolamento do estator, ligado em estrela, é de 0,15Ω; as perdas no ferro 600W e as perdas
mecânicas 620W. Calcular:
a) A velocidade de sincronismo
b) A potência absorvida
c) As perdas por efeito de Joule no estator
d) As perdas por efeito de Joule no rotor

60.𝑓
R:/a) ns = = (60x50)/4 = 3000/4 = 750 r.p.m
𝑝

b) Pa=√3.U.I.cos φ = 1,73x380x40x0,86 = 22614W


c) Pje=3RI2 = 3x0,15x402 = 720W
d) Pjr = Ptr.g
Ptr = Pa – Pfe - Pje = 22614- 600 - 720 = 21294W
g = (ns-n)/ns = (750-725)/750 = 3,333%
Pjr = 21294x0,033 = 710W
9. Um motor assíncrono trifásico de rotor em curto-circuito, absorve a plena carga uma corrente de 340A e uma
potência de 207 KW sob uma tensão de 380V, 50 Hz; o escorregamento é de 1,2%. A resistência entre terminais do
rotor é de 0,018Ω e as perdas constantes de 5200W. Calcular
a) O factor de potência e a velocidade de rotação (4 pólos)
b) As perdas de Joule no estator e no rotor
c) O rendimento
d) O binário útil

R:/a) 0,925; 1482 r.p.m b) 3,12 KW; 2,38 KW c) 94,8% d) 1266 N/m

UNIDADE II. MÁQUINAS SÍNCRONAS


II.1. Introdução
A máquina síncrona é uma máquina eléctrica cujo rotor gira à velocidade de sincronismo, isto é, verifica-se que n´=
n (ns = n). Visto que a velocidade de sincronismo (ou velocidade do campo girante) é uma velocidade constante,
imposta pela frequência f da rede (n=f/p, então a máquina síncrona tem que rodar a velocidade sempre constante,
para uma dada frequência. É, principalmente, este aspecto que a distingue da máquina assíncrona, a qual não tem
necessariamente velocidade constante, nem consegui atingir a velocidade n do campo girante.
Evidentemente esta diferença de comportamento entre as duas máquinas implica diferentes princípios de
funcionamento e diferentes constituições, principalmente no que diz respeito ao funcionamento do rotor.
No caso das máquinas assíncronas, estudámos que o circuito eléctrico do rotor não era alimentado, pios a corrente
que em ele aparece é por indução magnética, provocada pela corrente do estator. Então, o rotor começa a rodar,
criando os seus próprios pólos, mas nunca consegue atingir a velocidade do campo girante, provocada pelo estator,
de acordo com as leis de Faraday e de Lenz.
No caso da máquina síncrona, temos de utilizar um pequeno artifício que consiste em alimentar os enrolamentos do
rotor com corrente contínua, à partida, com os seus próprios pólos magnéticos perfeitamente definidos e
independentes dos pólos magnéticos do estator. Sendo assim, quando o estator é alimentado, o campo girante
produzido vai arrastrar, à mesma velocidade, o campo próprio do rotor: no fim de contas, o fenómeno é tao simples
como isto: o campo magnético girante tem dois pólos magnéticos N e S; o rotor tem também um campo magnético
próprio com dois pólos N e S; quando o campo girante inicia o seu movimento de rotação, o seu pólo N atrai,
magneticamente, o pólo S do rotor, enquanto o pólo S atrai o pólo N (de acordo com as leis de atracão), provocando
assim a rotação do rotor que irá, por isso, rodar à mesma velocidade do campo girante, isto é, a velocidade de
sincronismo.

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A máquina síncrona, tal como a generalidade das máquinas rotativas, funcionam como gerador ou como motor. Diz-
se, por isso, que é uma máquina reversível, isto é, se lhe fornecermos energia mecânica, ela devolve-nos energia
eléctrica; se lhe fornecermos energia eléctrica, ela retribui-nos com energia mecânica.
O gerador síncrono tem o nome de alternador. O motor tem, simplesmente, o nome de motor síncrono.
Um Motor eléctrico é qualquer dispositivo que transforma energia eléctrica em mecânica. É o mais usado de todos
os tipos de motores, pois combina as vantagens da energia eléctrica - baixo custo, facilidade de transporte, limpeza e
simplicidade de comando – com sua construção simples, custo reduzido, grande versatilidade de adaptação às cargas
dos mais diversos tipos e melhores rendimentos.

II.2. Funcionamento
A maioria de motores eléctricos trabalha pela interacção entre campos electromagnéticos, mas existem motores
baseados em outros fenómenos electromecânicos, tais como forças electrostáticas. O princípio fundamental em que
os motores electromagnéticos são baseados é que há uma força mecânica em todo o fio quando está conduzindo
corrente eléctrica imersa em um campo magnético. A força é descrita pela lei da força de Lorentz e é perpendicular
ao fio e ao campo magnético. Em um motor giratório, há um elemento girando, o rotor. O rotor gira porque os fios e
o campo magnético são arranjados de modo que um torque seja desenvolvido sobre a linha central do rotor.
A maioria de motores magnéticos são giratórios, mas existem também os tipos lineares. Em um motor giratório, a
parte giratória (geralmente no interior) é chamada de rotor, e a parte estacionária é chamada de estator . O motor é
constituído de electroíman que são posicionados em ranhuras do material ferromagnético que constitui o corpo do
rotor e enroladas e adequadamente dispostas em volta do material ferromagnético que constitui o estator...

II.2.1.Tipos de motores
Os motores eléctricos mais comuns são:
Motores de corrente contínua
Precisam de uma fonte de corrente contínua, neste caso pode ser necessário utilizar um circuito rectificador para
converter a corrente alternada, corrente fornecida pela concessionária de energia eléctrica, para corrente contínua.
Podem funcionar com velocidades ajustáveis entre amplos limites e se prestam a controles de grande flexibilidade e
precisão. Por isso seu uso é restrito a casos especiais em que estas exigências compensam o custo muito mais alto da
instalação, ou no caso da alimentação usada ser contínua, como no caso das pilhas em dispositivos electrónicos.

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Motores de corrente alternada
São os mais utilizados, porque a distribuição de energia eléctrica é feita normalmente em corrente alternada. Seu
princípio de funcionamento é baseado no campo girante, que surge quando um sistema de correntes alternadas
trifásicas é aplicado em pólos desfasados fisicamente de 120º. Dessa forma, como as correntes são desfasadas 120º
eléctricos, em cada instante, um par de pólos possui o campo de maior intensidade, cuja associação vectorial possui o
mesmo efeito de um campo girante que se desloca ao longo do perímetro do estator e que também varia no tempo.
Os principais tipos são os motores:
Motor síncrono: funciona com velocidade constante; utiliza-se de um induzido que possui um campo constante
pré-definido e, com isso, aumenta a resposta ao processo de arraste criado pelo campo girante. É geralmente
utilizado quando se necessita de velocidades estáveis sob a acção de cargas variáveis. Também pode ser utilizado
quando se requer grande potência, com torque constante.
Motor de indução: funciona normalmente com velocidade estável, que varia ligeiramente com a carga mecânica
aplicada ao eixo. Devido a sua grande simplicidade, robustez e baixo custo, é o motor mais utilizado de todos, sendo
adequado para quase todos os tipos de máquinas accionadas encontradas na prática. Actualmente é possível
controlarmos a velocidade dos motores de indução com o auxílio de inversores de frequência.

Motor síncrono

Fig.11 Motor síncrono


É um motor eléctrico cuja velocidade de rotação é proporcional à frequência da sua alimentação.

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Este motor pode ter o rotor constituído por um electroíman ou por bobinas alimentadas por CC (corrente contínua)
ou constituído por imãs permanentes no caso de ser trifásico. Como o campo magnético do rotor é independente do
campo magnético do estator, quando o campo magnético do rotor tenta se alinhar com o campo magnético girante do
estator, o rotor adquire velocidade proporcional a frequência da alimentação do estator e acompanha o campo
magnético girante estabelecido no mesmo, sendo por este motivo denominado síncrono. O aumento ou diminuição
da carga não afecta sua velocidade. Se a carga ultrapassar os limites nominais do motor, este pára definitivamente.

Alguns motores síncronos não são auto-suficientes na partida, necessitando ser levados próximos a sua rotação
nominal, através de um outro motor. Quando este alcança a velocidade próxima a rotação de trabalho, seu rotor é
então alimentado e ele rapidamente alcança a velocidade de sincronismo.

A velocidade do motor é determinada pela equação: n = 120.f/p onde: n = velocidade em rotações por minuto (rpm)
f = frequência em hertz
p = nº de pólos
Uma máquina síncrona é uma máquina eléctrica cuja rotação é proporcional à frequência da rede à qual está
conectado.
Gerador Síncrono
Um dos tipos mais importantes de máquinas eléctricas rotativas é o Gerador Síncrono, que é capaz de converter
energia mecânica em eléctrica quando operada como gerador e energia eléctrica em mecânica quando operada como
motor.
Os Geradores Síncronos são utilizados na grande maioria das Centrais Hidroeléctricas e Termoeléctricas.
O nome Síncrono se deve ao fato de esta máquina operar com uma velocidade de rotação constante sincronizada
com a frequência da tensão eléctrica alternada aplicada aos terminais da mesma, ou seja, devido ao movimento igual
de rotação, entre o campo girante e o rotor é chamado de máquina síncrona (sincronismo entre campo do estator e
rotor).

II.3 Partes constituintes do Gerador Síncrono

Rotor (Campo)

Parte girante da máquina, pode ser constituído por um pacote de lâminas de um material ferromagnético envolto num
enrolamento constituído de condutores de cobre designado como enrolamento de campo, que tem como função
produzir um campo magnético constante assim como no caso do gerador de corrente contínua para interagir com o
campo produzido pelo enrolamento do estator.

A tensão aplicada nesse enrolamento é contínua e a intensidade da corrente suportada por esse enrolamento é muito
menor que o enrolamento do estator, além disso o rotor pode conter dois ou mais enrolamentos, sempre em número
par e todos conectados em série sendo que cada enrolamento será responsável pela produção de um dos pólos do
electroíman. Em algumas máquinas síncronas o rotor pode ser constituído por um imã permanente no lugar de um
electroíman, sendo neste caso denominado máquina síncrona de imã permanente.

Estator (Armadura)

Parte fixa da máquina, montada em volta do rotor de forma que o mesmo possa girar no seu interior, também
constituído por um pacote de lâminas de um material ferromagnético envolto num conjunto de enrolamentos
distribuídos ao longo da sua circunferência e posicionados em ranhuras. Os enrolamentos do estator são alimentados
por um sistema de tensões alternadas trifásicas.

Pelo estator circula toda a energia eléctrica gerada, sendo que tanto a tensão quanto a corrente eléctrica que circulam
são bastante elevadas em relação ao campo (rotor), que tem como função apenas produzir um campo magnético para
"excitar" a máquina de forma que seja possível a indução de tensões nos terminais dos enrolamentos do estator.

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Fig. 11 Motor de indução trifásico

Principais partes: rotor e estator


Estator:

1-carcaça, 2-número de chapas, 8-enrolamento trifásico


Rotor: 3-núcleo de chapas, 7-eixo, 12-barra de anéis de curto-circuito
Outras partes: 4-tampa, 5-ventilador, 6-tampa deflectora, 9-caixa de ligação, 10-terminais, 11-rolamentos
II.3.1Princípio de funcionamento
Operação como Gerador Síncrono
Ao operar como gerador, a energia mecânica é fornecida à máquina pela aplicação de um torque e pela rotação do
eixo/veio da mesma, a fonte de energia mecânica pode ser, por exemplo, uma turbina hidráulica, a gás ou a vapor.
Uma vez estando o gerador ligado à rede eléctrica, a tensão aos seus terminais é ditada pela frequência de rotação e
pelo número de pólos: a frequência da tensão trifásica da máquina.
Para que a máquina síncrona seja capaz de efectivamente converter a energia mecânica aplicada no seu eixo/veio, é
necessário que o enrolamento de campo localizado no rotor da máquina seja alimentado por uma fonte de tensão
contínua de forma que ao girar o campo magnético gerado pelos pólos do rotor tenham um movimento relativo aos
condutores dos enrolamentos do estator.
Devido a esse movimento relativo entre o campo magnético dos polos do rotor, a intensidade do campo magnético
que atravessa os enrolamentos do estator irá variar no tempo, e assim teremos pela lei de Faraday uma indução de
tensões aos terminais dos enrolamentos do estator. Devido à distribuição e disposição espacial do conjunto de
enrolamentos do estator, as tensões induzidas aos seus terminais serão alternadas sinusoidais trifásicas.
A corrente eléctrica utilizada para alimentar o campo (enrolamento do rotor) é denominada corrente de excitação.
Quando o gerador está a funcionar de forma isolada de um sistema eléctrico (ou seja, o sistema estará sendo
alimentado exclusivamente pelo gerador síncrono.) a forma de onda e a frequência da tensão deste sistema "ilhado"
serão ditados pelo gerador e a excitação do campo irá controlar directamente a tensão eléctrica gerada. Quando o
gerador está conectado a um sistema/rede eléctrica que possui diversos geradores interligados, a excitação do campo
irá controlar a potência reactiva que a máquina vai entregar ao sistema podendo eventualmente controlar
indirectamente a tensão local.
Operação como Motor Síncrono
Ao operar como Motor síncrono, a energia eléctrica é fornecida à máquina pela aplicação de tensões alternadas
trifásicas aos terminais dos enrolamentos do estator, além disso os enrolamentos de campo do rotor são alimentados
por uma fonte de tensão contínua.

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Como as tensões aplicadas aos enrolamentos do estator são alternadas e trifásicas, circulará nos mesmos um conjunto
trifásico de correntes alternadas de mesma frequência que a tensão, essas correntes trifásicas produzirão campos
magnéticos também alternados que variam no tempo.
Além disso, devido a disposição espacial dos enrolamentos no estator, esses campos magnéticos variantes no tempo
também irão circular pelo estator, de forma que o campo magnético resultante irá rodar em torno da circunferência
do estator com velocidade angular proporcional à frequência da tensão alternada aplicada nos enrolamentos. Este
campo que circula em torno da circunferência do estator também é conhecido como campo girante.
Assim, quando um dos pólos do campo magnético constante no tempo gerado pelo enrolamento de campo do rotor
interagir com o campo girante resultante do estator, tentará alinhar-se com o pólo de sinal oposto, e como o pólo do
campo girante do estator está a girar, surgirá no rotor um binário de forças que gerarão um torque de forma que o
rotor gire e mantenha os campos do enrolamento de campo do rotor e o campo girante do estator alinhados.
Com o surgimento do torque, o rotor girará seguindo o sentido e velocidade do campo girante do estator, logo, a
velocidade angular do motor Síncrono estará sincronizada com a frequência da tensão alternada aplicada aos
enrolamentos do estator.

Fig. 12 Representação esquemática do funcionamento do motor

II.3.2. Classificação dos alternadores


MÁQUINAS DE PÓLOS LISOS E SALIENTES
Os geradores síncronos são construídos com rotores de pólos lisos ou salientes.
PÓLOS LISOS: São rotores nos quais o entreferro é constante ao longo de toda a periferia do núcleo de ferro.
É, como o nome indica, praticamente liso em toda a sua periferia, pois tem apenas as cavas ou ranhuras onde são
colocados os enrolamentos. Estes enrolamentos são colocados de tal forma que se criam também pólos (fictícios),
alternadamente norte e sul magnético.
PÓLOS SALIENTES: São rotores que apresentam uma descontinuidade no entreferro ao longo da periferia do
núcleo de ferro. Nestes casos, existem as chamadas regiões interpolares, onde o entreferro é muito grande, tornando
visível a saliência dos pólos.
A potência de uma máquina síncrona é expressa por P=n.Uf.If.cos φ onde
n= número de pares de pólos
Uf= tensão de fases
If = corrente de fases

Expressão da força electromotriz do alternador


No estudo do transformador conhecemos que o valor eficaz de uma fem sinusoidal é E=4,44.f.Φ para N=1 (uma
espira)
Se N fosse o número de condutores no estator, o número de espiras é N/2, então E= 4,44 (N/2).f.Φ
E=2,22.N.f.Φ e como f = p.n
E=2,22.N.p.n.Φ onde E= fem induzida num enrolamento do estator (volt)
p=número de pólos do rotor (pares de pólos)
N=número de condutores do estator
n= velocidade de rotação (r.p.m)
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Φ= Fluxo por pólos (Webers)
Esta expressão é no entanto teórica, para obter o valor real da fem temos dos fatores:
O fator de distribuição (Kd) refere-se à distribuição dos condutores por diversas caras do estator.
O fator de forma (Kf) refere-se à forma no entreferro do alternador real.
Então o valor real da fem induzida é: E=2,22.Kd.Kf.N.p.n.Φ, mas como o coeficiente de Kapp é K=2,22.Kd.Kf
(varia entre 1,9 e 2,6) e a frequência f=p.n;
E=K.N.f

Alternador trifásico
Apresenta no estator três enrolamentos independentes e idênticos deslocados entre si de 120º. As fem induzidas em
eles estão assim desfasadas umas de outras de 120º.
O alternador trifásico é equivalente a três alternadores monofásicos idênticos podendo ser ligados em estrela ou
raramente em triângulo.
A fem obtida nos terminais do alternador trifásico e um valor √3 vezes superior a fem do enrolamento ou valor da
fem entre fases (E´) E´= √𝟑.E
A ligação à rede de um alternador trifásico ligado em estrela de tensão elevada é feita de três fios (sem neutro).
Nos alternadores de baixa tensão, utilizados nos grupos de emergência para distribuição de energia, à ligação é feita a
quatro fios (com neutro) com acesso a dois níveis de tensão (380/220 v).

II.4. Potências activas, reactivas e aparentes

Um alternador monofásico fornece as seguintes potências eléctricas monofásicas:


- Potência activa: P = Us.I.cos cos φ
- Potência reactiva: Q = Us.I.cos sen φ
- Potência: S = Us.I
Com S = √P2+Q2
Um alternador trifásico fornece as seguintes potências eléctricas trifásicas:
- Potência activa: P=Uc.√𝟑.I.cos φ
- Potência reactiva: Q = Uc. √𝟑.I.sen φ Q S
- Potência: S = Uc.√𝟑.I
Com S= √ P2+Q2 P
Triângulo de Potencia
II.5. Rendimento do alternador
O alternador apresenta os seguintes tipos de perdas: perdas no ferro do estator, perdas por efeito de Joule no estator e
no rotor e perdas mecânicas. As perdas no ferro do rotor do rotor são nulas porque o alternador trabalha à velocidade
de sincronismo.
Visto que o alternador transforma em energia eléctrica, a energia mecânica que lhe é fornecida por um motor, então o
rendimento do alternador será:
Ƞ=Pe/Pm (com P= Pm - Pe)

Em que: Pe -- Potência eléctrica activa fornecida pelo alternador.


Pm -- Potência mecânica absorvida no veio
P -- Potência total de perdas do alternador
Enquanto a potência eléctrica Pe é fácil de medir, com wattímetros, a obtenção do valor da potência mecânica já não
é tão simples. Claro que há métodos para obter cada uma das perdas do alternador, separadamente, e depois obter a
potência mecânica Pm = Pe+p; Pm = Pe+p; Pm = Pe+p;
A via mais simples de calcular o rendimento do alternador consiste em obter o valor de Pm através das características
do motor. Isto é, o motor absorve da rede uma potência Pa, com um rendimento Ƞm conhecido, pelo que basta agora
calcular a Potência Pm fornecida pelo motor ao alternador, no seu veio:
Pm = Pa. Ƞm conhecidos Pe e Pm, aplica-se então a fórmula do rendimento do alternador.

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Exercícios

1. Um construtor de motores de 750 r.p.m deseja um alternador de 50 Hz que poderá acoplar aos seus motores.
Quantos pólos deverão ter o alternador?
Dados Solução
𝑝
n = 750 r.p.m f = 60 ∗ 𝑛 p = 60*f/n
f = 50 Hz p = 60*50/750
p=? p = 300/75
p = 4 pares de pólos
R/: O número de pólos é 8

2. Um alternador monofásico de seis pólos com um fluxo magnético por pólos de 0,05 Wb e 180 condutores
distribuídos no induzido deverá gerar uma fem a 50 Hz. Calcular:
a) A velocidade de rotação
b) O valor da fem teórica
c) O coeficiente de Kapp se Kd = 0,75 e Kf = 1,05
d) O valor da fem real

Dados Solução
𝑝 𝑓
P = 6 pólos = 3 pares a) f = 60 ∗ 𝑛 n = 60 ∗ 𝑝
Φ= 0,05 Wb n = 60*50/3
N = 180 condutores n = 1000 r.p.m
f = 50 Hz

b) E = 2,22*N*f*Φ
E = 2,22*180*50*0,05 = 999v

c) K = 2,22*Kd*Kf = 2,22*0,75*1,05 = 1,74

d) E = K*N*f*Φ = 1,74*180*50*0,05 = 783V

3. Um alternador trifásico em estrela de 12 pólos tem um total de 600 condutores (3 fases) distribuídos no induzido.
Sabendo que o fluxo por pólo é de 0,15 Wb e o coeficiente de Kapp é 2,26. Calcule:
a) O valor real da f.e.m produzida por fases a 50 Hz
b) O valor da fem entre fases

R/: a) 3390V; b) 5864,7V

4. Um alternador trifásico, com 200condutores por fase, alimenta um circuito a 50Hz. Sabendo que roda a 500rpm
e que o fluxo magnético é de 0,016Wb, calcule:
a) O número de pólos
b) A força electromotriz teórica, por fase.
c) A força electromotriz real, admitindo que o coeficiente de Kapp é 2,4.
Resp:
60.f 60.50
a) P= n = 500 = 6 quando n→rps → f = Pn
b) E= 2,22PnNɸ = 2,22.50.200.0,016 = 355,2V
c) E= KPnNɸ = 2,4.50.200.0,016 = 384V

5. Um alternador de seis pólos está acoplado a um motor de corrente continua de velocidade 1500 r.p.m.
Determine o valor da frequência da f.e.m gerada pelo alternador.
a) Se a velocidade de rotação aumenta para o dobro mantendo constante o número de pólos, diga o que acontece
ao valor da frequência. Explique

R/: a) 75Hz;

6. Um alternador de 8 pólos está acoplado a um motor de corrente contínua, se a frequência da fem gerada pelo
alternador é 60 Hz.
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a) Determine a velocidade de rotação.
b) Se o valor da frequência se mantém constante e o número de pólos aumenta oito vezes, o número de rotações
será menor, maior ou igual? Explique.
R:

7. Dado um alternador de quatro pólos de 50 Hz, calcule o valor da velocidade de rotação.

8. Um alternador de quatro pares de pólos está acoplado a um motor cuja velocidade é de 750 r.p.m. Determine:
a) O valor da frequência
b) O valor da f.e.m teórica. Sabe-se que N = 60 e Φ = 0,05 Wb.

9. Um alternador trifásico, ligado em estrela, tem uma tensão composta Uc=400V, debitando uma corrente de 50A,
com um factor de potência de 0,8, à frequência de 50Hz.
a) Calcule as potências activas, reactiva e aparente.
b) Calcule a tensão por enrolamento.
c) Calcule o rendimento do alternador, sabendo que a totalidade das perdas é de 1600W
Resolução:
a) -Potência activa: P=√𝟑.Uc.I.cos φ= √3. 400.50.0,8=27712,8W

- Potência reactiva: Q=√𝟑Uc.I.sen φ = √3.400.50.0,6=20784,6 VAR

- Potência: S=√𝟑Uc.I = √𝟑 .400.50= 34641 VA

b) Us=Uc/√3=400/√3=230√3=230V
𝑃𝑢
c) Ƞ= = 27712,8/(27712,8+1600)=94,5 %
𝑃𝑢 +𝑃

10. Uma turbina, rodando à velocidade de 187,5 r.p.m, acciona um alternador. O alternador produz energia à
frequência de 50 Hz. Calcule o número de pólos do alternador
R:/ 32
11. Um alternador, ligado em triângulo, com uma tensão composta Uc = 5KV (50Hz), fornece uma corrente de
100A, com um factor de potência de 0.85. Calcule:
a) As potências activas, reactiva e aparente
b) O rendimento do alternador, se as perdas forem de 37KV.
R:/ a) 736,12KW; 456,2KVAR; 866KVA

b) 95,2%

UNIDADE III. MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA


A máquina de corrente contínua, quando funciona como motor, transforma a energia eléctrica sob a forma de
corrente contínua em energia mecânica, verificando-se o contrário no funcionamento como gerador, também
designado de dínamo. Diz-se neste caso que o motor e dínamo são máquinas reversíveis.
Embora a corrente que circula num dos seus enrolamentos interiores seja do tipo alternada, graças a uma rectificação
mecânica obtida por uma ligação adequada a uma série de pequenos sectores toroidais isolados entre si (lâminas) e
por umas escovas, obtém-se corrente contínua. Esse dispositivo rectificador designa-se de colector, razão pela qual
estas máquinas em muitas ocasiões são denominadas de “máquinas de colector”.
Historicamente, as máquinas de corrente contínua foram as primeiras a ser construídas, sendo todavia as máquinas de
máquinas de corrente alternada as que têm maior aplicação, pelo facto de se ter concluído que a energia eléctrica sob
a forma alternada apresenta vantagens em relação à corrente contínua. No entanto, esta última ainda tem, hoje em
dia, uma vantagem importante em relação à alternada, e que consiste na capacidade de poder ser armazenada de uma
forma relativamente simples, o que, conjuntamente com uma série de características próprias dos motores de corrente
contínua, e ainda pelo facto de terem diversas aplicações em processos electrolíticos, tracção eléctrica, etc., fazem
com que ainda existam bastantes instalações de corrente contínua.
III.2 Constituição da máquina de corrente contínua

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E tal como a máquina de corrente alternada, a máquina eléctrica de corrente contínua tem dois enrolamentos:
 O Estator em corrente contínua chama-se o circuito indutor
 O Rotor em máquina chama-se o circuito induzido

Fig. 14 Constituição da máquina


III.3. Princípio de funcionamento da máquina de corrente contínua como dínamo
O princípio de funcionamento dos dínamos baseia-se na lei de Faraday, que se traduz matematicamente pela
expressão: e = -∆𝝓/∆t
Para que haja força electromotriz (f.e.m) terá de haver variações de fluxo no tempo, pelo que um condutor ao mover-
se no interior de um campo magnético induz uma f.e.m que pode ser quantificada pela expressão: e = B.l.v
e --- f.e.m induzida expressa em volt (V)
B --- indução magnética em Wb/m2 ou Tesla (T)
l --- (ele minúsculo) comprimento do condutor que corta as linhas de força de campo (m)
v ---velocidade com que se movimenta o condutor (m/s)
O sentido da corrente resultante da f.e.m induzida pode por sua vez ser obtido por aplicação da regra dos três dedos
da mão direita (fig. 14), em que o dedo polegar indica o sentido da indução (B), o dedo indicador do sentido da
corrente (I), enquanto o dedo médio o sentido do deslocamento do condutor (v).

Fig. 14 Força electromotriz induzida num condutor


Se considerarmos agora uma espira (fig. 15) a rodar em torno a um eixo no interior de um campo magnético,
verifica-se que se induzem fem nos condutores 1-2 e 3-4. Atendendo que os sentidos das correntes são contrários,
também o sentido das fem o serão, pelo que a fem total induzida numa espira será: E = e + e´
Como os condutores 1-2 e 3-4 são iguais e rodam à mesma velocidade cortando o mesmo fluxo, entao e=e´ pelo que
E = 2e = 2e´
Para se verificar o andamento sinusoidal do fluxo no movimento de rotação da espira, vejamos o que acontece em
diferentes posições (fig. 15):

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Fig. 15 Evoluçao do fluxo magnético durante o movimento de rotação da espira
1a- Espira na posição horizontal (fig. 15 a): o fluxo que corta os condutores da espira é nulo, pois estes estão à
mesma distância dos pólos norte (N) e sul (S), e portanto os seus efeitos são nulos já que são iguais e de sentidos
contrários. Esta zona em que os efeitos dos pólos se anulam, designa-se de zona neutra.
As escovas (f), por sua vez, fazem contacto eléctrico com os semianéis (g) que permitem obter no circuito
externo (carga) a corrente induzida na espira.
2a- Espira na posição referente à rotação de 90 0 (fig. 15 b): considerando o sentido de rotação à direita, na posição
indicada os lados da espira cortam o máximo número de linhas de força, pelo que teremos então a máxima fem
induzida e a corrente no sentido indicado pelas setas. Assi, o semianel 1 será negativo e o semianel 2 o positivo.
3a- Espira na posição referente à rotação de 1800 (fig. 15 c): a fem e a corrente voltam a ser nulas, já que os lados da
espira não cortam linhas de força (situados na linha neutra).
4a- Espira na posição referente à rotação de 2700 (fig. 15 d): a fem e a corrente voltam a atingir o valor máximo, mas
do sentido contrário nos lados da bobina e nos semianéis, embora mantendo constante a polaridade nas escovas
e portanto nos terminais do voltímetro.
A evolução da fem num sistema de eixos coordenados xy, durante uma rotação completa da espira à saída das
escovas, será a indicada na figura 16.

Fig. 16. Sinal obtido com uma espira com dois semianéis que roda a velocidade constante
Pelo facto de o sinal assim obtido anteriormente não ter interesse prático, pois embora seja unidireccional não é
constante no tempo, então o dínamo terá de ser dotado de mais bobinas e portanto o colector de mais lâminas, de tal
forma que as escovas recolham uma pequena uma pequena parte do sinal de cada bobina. Neste caso, será uma sexta
parte, pelo sinal resultante nas escovas corresponderá ao da figura 16a. Para se obter uma fem maior utiliza-se
enrolamentos de tal forma que as fem das espiras se somem desde a escova positiva à negativa, podendo o seu valor
ser determinado pela expressão:
E = [P/(60.a)].N.𝛟.n em que:
E --- f.e.m (V)
p --- número de pólos
a --- número de vias ou caminhos paralelos nos enrolamentos do rotor
N --- número de condutores activos
Φ --- fluxo por pólos
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n --- número de r.p.m
Mas como P/(60.a) é uma constante sem dimensões, característica de cada máquina, e que se pode designar por K,
então a expressão anterior pode simplificar-se, ficando:
E = K.N.𝛟.n

Fig. 16a. Induzido de dínamo de seis bobinas e sinal obtido nas escovas

III.4. Enrolamentos do induzido


Há duas de bobinar os enrolamentos do rotor de uma máquina de corrente contínua. Uma dá lugar a um enrolamento
que se designa de imbricado e que se caracteriza por ter o mesmo número d escovas e de vias (os caminhos para a
corrente) que o número de pólos. Na figura 17a representa-se este tipo de enrolamento planificado para o caso de um
dínamo com quatro pólos no estator. Outra dá lugar a um enrolamento que se design de ondulado e que se
caracteriza por ter sempre duas escovas e duas vias, independentemente do número de pólos. Na figura 17b
represente-se um enrolamento ondulado para o caso de quatro pólos.

Fig 17a. Enrolamento imbricado

Fig. 17b. Enrolamento ondulado


V. Formas de excitação da máquina de corrente contínua
Os enrolamentos de excitação e do induzido máquina de c.c (como motor ou gerador) podem ligar-se entre si em
série ou em paralelo.
Na ligação série, a corrente que percorre o induzido é a mesma que percorre o enrolamento de excitação (fig. 18a),
sendo este enrolamento constituído por poucas espiras mas de fio grosso, uma vez que a f.m.m (f) necessária para
produzir o campo principal se pode conseguir com correntes altas e poucas espiras (f = N.I).

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Fig. 18a. Ligação com excitação série Fig. 18b. Ligação com excitação em paralelo (Shunt)
Se se ligarem os enrolamentos de excitação e do induzido em paralelo (fig. 18b), a tensão é a mesma aos seus
terminais, enquanto as correntes que os percorrem dependerão das suas resistências e indutâncias (a indutância L
existe quando a máquina funciona em regime transitório, tendo em atenção o efeito da variação temporal da
intensidade). Neste caso, o enrolamento de excitação é constituído por muitas espiras de fio fino, pois agora a f.m.m
necessária para produzir o campo principal consegue-se com um número elevado de espiras e pequena intensidade.
A intensidade de excitação pode ser controlada através de uma resistência variável (Rcp) que se designa de
resistência de regulação ou controlo de campo.
Por vezes, o enrolamento de excitação está dividido em duas partes, com o objectivo de permitir ligar uma das partes
em série e outra em paralelo com o induzido, designando-se por isso esta ligação de mista ou composta (compound)
(fig. 19). As espiras em série são constituídas por fio grosso, enquanto as outras por fio fino.
Quanto ao modo como é feita a derivação do circuito Shunt (antes ou depois do enrolamento série), assim poderemos
obter ligação mista de curta derivação ou ligação mista de longa derivação.

Fig 19a. Ligação mista de curta derivação Fig. 19b. Ligação mista de longa derivação
Num dínamo compound, a excitação shunt é a que predomina. Quando a f.m.m (força magneto-motriz) da excitação
série se adiciona à f.m.m da excitação shunt, diz-se que o dínamo está aditivamente compoundado. Quando a f.m.m
da excitação série se opõe à f.m.m da excitação shunt, diz-se que o dínamo é compound diferencial ou
anticompound.
No entanto, os enrolamentos do estator e do rotor podem não estar ligados electricamente entre si (fig. 20) pelo que
se diz que a máquina funciona com excitação independente, enquanto a máquina anterior (excitação série, paralelo
ou mista) se designa auto-excitada.
A ligação com excitação independente utiliza-se para realização de determinados
ensaios característicos da máquina, ou quando esta é usada em sistemas de
controlo. Pertencem também a este grupo de excitação as máquinas de c.c. cuja
excitação se consegue através de um íman permanente.

Fig. 20. Excitação independente


VI. Circuitos equivalentes
O induzido de uma máquina de c.c. pode considerar-se como sendo constituído por uma série de geradores
elementares (pilhas eléctricas), que são os condutores activos, caracterizados por uma f.e.m. e uma resistência
óhmica. O induzido visto a partir das escovas é equivalente ao somatório dessas f.e.m. elementares, isto é, resultando
uma f.e.m. total € com uma resistência (Ri), conforme se indica no circuito equivalente (fig. 21).

Fig. 21. Circuito equivalente do induzido


Embora válido unicamente para as condições estacionárias, uma vez que em regime transitório teremos
necessariamente de considerar a indutância (L) do enrolamento do rotor, já referida anteriormente relativamente à
variação temporal da corrente.
No funcionamento como gerador a corrente I no induzido será pelo borne positivo e entrará pelo negativo, pelo que a
tensão aos seus terminais será: U = E-Ri.I
Sabendo que: E = [p/(60.a)].N.Φ.n e E = K.n.Φ
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Então U = K.n.𝚽-Ri.I
Conclusão: A tensão aos terminais de um gerador diminui com o aumento da I para a mesma velocidade e fluxo por
pólo. Diminui ainda se a velocidade diminuir, aumentando em caso contrário.
No funcionamento como motor, a corrente I no induzido entrará pelo borne positivo e sairá pelo negativo, sendo a
tensão aplicada ao motor:
U = E+Ri.I ou U = K.n.𝚽+Ri.I
Então: n = (U-Ri.I)/K.Φ
Conclusão: A velocidade do motor diminui quando aumenta I, ou seja, a carga mecânica, mantendo constante a
tensão e o fluxo por pólo. A regulação da velocidade pode fazer-se por variação da tensão aplicada ao fluxo por pólo,
isto é, da intensidade de excitação, ou então pela variação simultaneamente da tensão e do fluxo.
VII. Características dos dínamos
O comportamento dos dínamos pode traduzir-se graficamente através das suas “curvas características”,
relacionando-se num sistema de eixos coordenados xy duas variáveis e mantendo as restantes constantes. As
variáveis a considerar são:
E0 e E – respectivamente f.e.m. em vazio e em varga
U – tensão nos terminais
I – corrente em carga
Ie – corrente de excitação

VII.1 Dínamo de excitação independente


Característica em vazio (de excitação ou interna) – relaciona a tensão aos terminais do induzido com a corrente de
excitação, mantendo a corrente do induzido nula, isto é, com carga infinita (em vazio).

Fig. 22b. Curva característica em vazio


Fig. 22a. Esquema eléctrico para o traçado da característica em vazio
Facilmente se conclui que a característica em vazio tem um aspecto
semelhante ao ciclo histerético.
A característica em vazio permite inter-relacionar a influência dos valores
internos do dínamo, pois a relação entre E0 e i, além de depender das
dimensões do circuito magnético, também depende da sua qualidade, assim
como da constante K.

Cada valor de velocidade (n) dará origem a uma característica, pelo que
para n1 e n2 (fig. 23), com n2˃n1, surgirão duas características.

Fig. 23 – Características em vazio para diferentes velocidades do rotor


A partir do conhecimento de uma característica, podemos determinar a característica para qualquer velocidade.
Como E0 = K.n.𝚽 e considerando uma determinada corrente i de excitação (fig. 23), as correspondentes f.e.m.
serão:
E01 = K.n1.𝚽 e E02 = K.n2.𝚽. Dividendo cada membro E01/ E02 = K.n1.𝚽/K.n2.𝚽
E01/ E02 = n1/n2

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Característica externa (ou em carga) – reflecte a relação entre a tensão em carga U e a corrente I fornecida à carga,
para uma velocidade constante e uma intensidade d excitação fixa.
Pode determinar-se experimentalmente através do esquema (fig.24), variando a
resistência de carga Rc.
A característica externa é de grande importância para analisar o comportamento
real da máquina perante o circuito exterior.

Fig.23 – Esquema eléctrico para o traçado da característica externa


Se Rc diminuir, a intensidade I será distinta de zero e o dínamo apresenta uma tensão U aos seus terminais
ligeiramente menor que em vazio. A queda de tensão para correntes não muito altas (relativamente à corrente em
vazio) é linear (fig.24), como se verifica pela aplicação da expressão: U=E- Ri.I = K.n.Φ- Ri.I
Quando a corrente toma valores elevados (por diminuição de R c), aparece o fenómeno da reacção do induzido,
produzindo-se uma diminuição do fluxo, e como consequência a queda de tensão nos terminais do dínamo é supeior
à que corresponderia o produto Ri.I (Δu1 para Δu2).
O gerador de excitação independente tem duas funções básicas:
Como amplificador-multiplicador (a tensão de entrada é a tensão de
excitação, enquanto a tensão de saída é a tensão do induzido multiplicada por
um número dependente da velocidade de rotação).
Dínamo taquímetro (a tensão do induzido é proporcional à velocidade de
rotação, pelo que se pode deduzir esta a partir daquela).

Fig. 24 Curva característica externa de um gerador de excitação


independente
VII.2. Dínamos auto-excitados
Os dínamos auto-excitados (paralelo, série e composto) não necessitam de outra fonte de energia, contrariamente ao
dínamo de excitação, independente para criar a corrente indutora.
No entanto, para que o processo de auto-excitação se cumpra, será necessário que a máquina obedeça às seguintes
condições:
 Exista magnetismo remanescente;
 O sentido de rotação da máquina e a polaridade do enrolamento de excitação produzam uma f.e.m. do mesmo
sentido que a produzida pelo magnetismo remanescente;
 Que a resistência do circuito seja inferior a uma resistência característica para cada velocidade, que se
denomina de resistência crítica (Rcri).
No caso do dínamo paralelo, as correntes resultantes da f.e.m. gerada no induzido repartem-se por dois circuitos
(excitação e de carga). Se a resistência de carga Rc for muito pequena, pode acontecer que a corrente Ii tome valores
tais que a queda de tensão no induzido ∆u = Ri (Ic + Ie) reduza a tensão U aos seus terminais, resultando
consequentemente uma corrente de auto-excitação tão pequena que a máquina não consegue iniciar o processo de
auto excitação [Ie= U / (Re + Rcp)].
A resistência de carga deverá ter um valor tal que acima dele o dínamo excite e abaixo não excite. O dínamo série,
por sua vez, só pode excitar em carga (em vazio não existe corrente de excitação), enquanto a resistência de carga
não pode ter um valor tão elevado que provoque uma corrente de excitação tão pequena incapaz de iniciar o processo
de autoexcitação. Também no dínamo de excitação série existirá uma resistência crítica (Rcri), acima da qual o
dínamo não excita.
7.2.1. Dínamo de excitação em paralelo (Shunt)
O esquema de ligações da figura 25 corresponde à ligação de um dínamo com excitação em paralelo e resistência de
carga Rc variável, podendo deduzir-se:
Para o induzido: U = E - Ri.Ii = K.n.𝚽.Ri.Ii
Intensidades: Ii = Ic + Ie
Enrolamento de excitação: U = (Rcp + Re).Ie
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Carga: U = Rc.Ic
Por substituição, teremos: U = E - Ri.Ii = K.n.𝚽 −Ri.Ii = K.n.𝚽 - [Ri / (Rcp+Re)].U - Ri.Ii
Em que Φ= f.(Ie) de acordo com a curva de magnetização da máquina (fig. 25a.), isto é Φ = f.[U /
(Rcp + Re)], pelo que U pode colocar-se em função de Ic. Esta função designa-se linha de car ga do gerador.

Fig. 25- Esquema de ligação de um dínamo Shunt

Fig. 25a. Curva de magnetizaçao para qualquer velocidade do rotor


Na figura 26 representa-se a linha de carga de um dínamo Shunt (característica externa), para uma determinada
velcidade constante e resistência de campo (Rcp) fixa, em que a tensao em vazio U0 diminui à medida que a corrente
de carga aumenta, de forma idêntica à do dínamo independente.
Quando a resistência de carga (Rc) diminui muito (Ic aumenta
consideravelmente), a intensidade de excitaçao torna-se muito pequena e a
f.e.m. diminui de tal forma que a corrente do induzido não pode aumentar para
além de um determinado valor, o que reprsenta que a corrente de carga (Ic)
aintigiu o seu máximo (Icmáx), a partir do qual a uma diminuiçao de Rc
corresponde uma diminuiçao de Ic pelo facto de ser já muito pequena a tensão
U.

Fig. 26 Característica externa de um dínamo Shunt

O dínamo Shunt pode funcionar na zona comprendida entre o vazio e o punto próximo do ponto 1 (fig. 26), de forma
a evitar um aquecimiento excesivo dos enrolamentos, devido às fortes intensidades que correspondem aos pontos 2 e
3, adicionandp-se ainda o problema de uma tensão muito reduzida na carga na zona compreendida entre os referidos
pontos.
Funcionamento: o gerador auto-excitado Shunt inicia o seu funcionamento graças ao magnetismo remanescente que
actua como f.e.m. induzida, dando origem a uma corrente de excitação do dínamo.
Para que este processo aconteça é necessário que se cumpram três condições:
1.- Exista magnetismo remanescente.
2.- O sentido de rotação e a polaridade do enrolamento de excitação gerem uma f.e.m. do mesmo sinal que a
produzida pelo magnetismo remanescente.
3.- A resistência de campo seja inferior a uma resistência característica para cada velocidade Rcpcrit (resistência
crítica). Este valor corresponde à linha de campo tangente à curva de magnetização (fig. 27).

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Quando a 1ª. Condição não se cumpre, é necessário magnetizar o gerador,
fazendo passar uma corrente de excitação adequada.
Não se verificando a 2ª. Condição, então tem que se inverter o sentido de
rotação do rotor, ou trocar a polaridade do enrolamento de excitação.
Para ser cumprida a 3ª. condição deverá ter-se o cuidado de que a resistência
de campo tenha um valor inferior ao crítico.

Fig. 27- Linha de campo tangente à curva de magnetização


Aplicações: O dínamo Shunt tem bastante aplicação, nomeadamente na
alimentação de redes de corrente contínua, desde que trabalhe na zona de estabilidade (onde mantém uma tensão
razoavelmente constante).
7.2.2- Dínamo de excitação série
O esquema de ligações (fig. 28) corresponde a um dínamo com excitação série e resistência de carga (Rc) variável. A
intensidade de corrente é a mesma para o induzido, carga e enrolamento de indutor: Ii=Ic=Ie=I
A equação para o induzido e indutor será:
U = E - (Ri+Re).I = K.n.Φ-(Ri+Re).I enquanto a
curva de magnetização é idêntica à da figura 25a.
Como Φ = f.(I). a expressão de U por substituição será:
U=K.n.f.(I)–Ri+Re).I (representa a característica de
carga do dínamo para uma velocidade de rotação
constante (fig. 29)

Fig. 28- Esquema de ligações do dínamo série

Pode verificar-se (fig. 29) que em vazio (isto é Rc=infinito) a


intensidade de corrente I será nula, enquanto a pequena tensão U0
se deve ao magnetismo remanescente. Com a diminuição de Rc
aumenta a corrente I, enquanto a tensão U também aumenta por
aumento de f(I) e naturalmente porque não é muito grande a queda
de tensão I. (Ri+Re)
O aumento de I provocará um aumento na tensão até atingir um
máximo, para logo em seguida diminuir até zaro, ficando o
dínamo em curto-circuito com intensidade Icc.
A zona de funcionamento estável deste gerador está compreendida
entre um ponto próximo de A e o de curto-circuito Icc (fig. 29), enquanto a zona compreendida entre a corrente
nula e o ponto M é de funcionamento estável.

Na zona de funcionamento, a corrente fornecida à carga é praticamente constante, independentemente do valor da


resistência de carga, pelo que se pode considerar este dínamo uma fonte de corrente constante.
Aplicações: Em situações em que seja necessário manter uma intensidade de corrente praticamente constante (por
exemplo, equipamentos de soldadura), não sendo apropriado para alimentar redes de receptores, tendo em atenção as
grandes variações de tensão que provoca com carga.
7.2.3.-Dínamo de excitação composta (Compound)
Este tipo de dínamo (quer a excitação seja de curta ou longa derivação) aproveita as vantagens da excitação série e da
excitação paralela, sendo possível que a tensão se mantenha constante, embora varie sem carga.

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No esquema de ligações (fig. 30) de um gerador de excitação mista de longa derivação com carga resistiva Rc
variável, verifica-se que:
 as espiras do enrolamento de excitação colocado em série com o induzido criarão um fluxo maior quando Ii
aumenta, isto é, quando aumenta a corrente de carga, resultando então o aumento da tensão tal como sucede
com o dínamo série.

 as espiras do enrolamento de excitação colocado em paralelo com o induzido contribuirão para a diminuição
com carga, como acontece com o dínamo Shunt.

Tendo em consideração o número de espiras e a ligação dos enrolamentos série e paralelo, assim poderemos obter
uma tensão que aumenta com a carga (excitação hipercompound), caso contrário, teremos um gerador com
excitação diferencial (fig. 30). Quando as f.m.m de ambos os enrolamentos são iguais (excitação equilibrada),
obtém-se uma tensão praticamente constante até determinados valores (elevados) de corrente.
Aplicações: São os dínamos mais utilizados, dada a grande vantagem de manterem a tensão constante ou
praticamente constante, sendo por isso utilizados como geradores, nomeadamente para alimentar circuitos de
corrente contínua para redes de iluminação, força motriz e de tracção eléctrica.
VIII. Balanço energético
Em qualquer processo de conversão de energia, as equações que p definem consideram por um lado as leis do
electromagnetismo e por outro a conversão de energia no seu conjunto. Assim, a energia de entrada ao sistema (caso
do motor eléctrico) é uma energia eléctrica absorvida de uma fonte alimentação. Toda essa energia não se traduz em
energia mecânica útil na carga de saída, já que existem perdas inerentes ao sistema que dão lugar a uma dissipação
energia sob a forma de calor não aproveitada e o possível aparecimento de uma cumulação energética do próprio
sistema (fig. 32).

Acopladores ou transformadores electromagnéticos: são dispositivos de transformação de energia


electromecânica, sendo os geradores e os motores eléctricos os mais característicos.
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Se o processo de conversão for a nível do gerador (fig. 33), a energia de entrada ao sistema é uma energia mecânica
transmitida por uma fonte mecânica que faz rodar o rotor do gerador. Também neste caso, nem toda a energia se
traduz em energia eléctrica útil, pios existem perdas e possíveis acumulações de forma análoga ao motor.

A energia perdida ou dissipada transforma-se sob forma de calor, devido a três causas:
 Efeito de Joule por aquecimento dos condutores ao serem percorridos pela corrente (perdas eléctricas)
 Correntes induzidas no material ferromagnético do núcleo e por efeito de histerese (perdas magnética ou
perdas no ferro –pfe)
 Efeito de fricção das partes mecânicas móveis da máquina (perdas mecânicas)
VIII.1.- Potência e Rendimento
A potência eléctrica total desenvolvida pelo induzido (Pe) do dínamo será o produto da f.e.m. induzida (E) pela
corrente total fornecida (I): Pe = E.I
Como nem toda a potência electrica é utilizada no circuito exterior, uma vez parte dela é dissipada por efeito de Joule
pela própria máquina (perdas por efeito de Joule no induzido e nas bobinas indutoras de excitação) Pj = Ri.I2 +
Re.Ie2, então a potência útil que o dínamo fornece ao circuito exterior (Pu) será: P = E.I – (Ri.I2 + Re.Ie2).
Sendo:
Ri – resistência do induzido
I – corrente total fornecida pela máquina

Re – resistência das bobinas indutoras


I – corrente de excitação
No dínamo podem ainda considerar-se dois tipos de rendimento:
 Rendimento eléctrico (𝛈e)
 Rendimento total ou industrial (𝛈i)
Rendimento eléctrico: é o quociente entre a potência útil fornecida à carga e a potência eléctrica gerada pela
máquina 𝛈e = Pu/Pe
Rendimento total (ou industrial) é o quociente entre a potência útil e a potência absorvida pelo dínamo (potência
mecânica fornecida pela máquina de accionamento do dínamo): 𝛈t = Pu/Pa
A potência absorvida por sua vez será igual: Pa = Pu + Pfe + Pm + Pel
As perdas no ferro (por histerese e por correntes de foucault) dependem das características do circuito magnético
(constantes para cada máquina) e da indução magnética (também praticamente constante após a máquina ter atingido
a excitação nominal) e as perdas mecânicas dependem quase exclusivamente da velocidade do rotor. Como este gira
a uma velocidade normalmente constante, também as perdas serão constante para cada tipo de máquina, em qualquer
regime de carga. As perdas eléctricas (Pel) resultam do efeito de joule no cobre.
O somatório das perdas no ferro com as perdas mecânicas é, para máquina, designado de perdas constantes: Pconst=
Pfe + Pm

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Enquanto no dínamo série a corrente I=Ie, o mesmo não se verifica nos dínamos Shunt e Compound. A corrente
gerada (I) não são iguais, porque existe uma fracção de corrente (Ie) para o circuito de excitação.
VIII.2.-Potências e rendimento do motor de corrente contínua
A potência fornecida aos terminais do motor representa a potência eléctrica absorvida (Pa) pelo motor à rede de
alimentação (não inclui a potência necessária para a excitação do circuito indutor) e tem o valor: Pa = U.I
A potência que o motor transforma em mecânica, designada de potência transformada ou interna (Pm), será: Pm =
E´.I
Por sua vez, a potência transformada (Pm) entre o estator e o rotor não é totalmente aplicada no veio da máquina
(aplicada na carga), porque existem entretanto as perdas de origem mecânica (constantes para qualquer máquina
rotativa) e as perdas no ferro, pelo que a potência mecânica útil (Pu) será:
Pu = Pm – Pmec - Pfe
As perdas mecânicas dependem em cada máquina apenas da velocidade do rotor, pelo que este rodando a velocidade
constante apresenta valores constantes, não dependendo da corrente de carga (I). As perdas magnéticas, por sua vez,
são de dois tipos (perdas por histerese e por correntes de Foucold). O somatório das persas mecânicas e perdas
magnéticas (no ferro) designa-se por perdas constantes
Se considerarmos todas as perdas verificadas na máquina, resultantes da diferença entre as potências de entrada e
saída, teremos:
Pp = Pa – Pu Pu = Pa - Pp O rendimento 𝜂 da máquina será o quociente entre a potência útil ou
fornecida e a potência total absorvida:
𝜂 = Pu/Pa = (Pa - Pu)/Pa = 1 – Pp/Pa = Pu/(Pu+Pa)
A potência que vem indicada na chapa de características de um motor é sempre a potência útil nominal no veio,
sendo a intensidade a absorvida à rede de alimentação. A potência útil por sua vez pode ser medida no veio do motor
através de aparelhos adequados.
Problemas
1.- Um motor derivação apresenta os seguintes dados: resistência do indutor 110Ω; resistência do induzido 0.2Ω;
tensão de alimentação 220V; perdas constantes (no ferro mais mecânicas) 70W. Sabendo que o induzido é percorrido
por 75A, quando roda a uma velocidade de 1500 r.p.m., calcule:
a) A f.c.e.m.
b) A potência absorvida
c) A potência útil
d) O rendimento total
e) O binário útil
Resolução
a) E´= U-r.I = 220-0,2.75 = 205V
b) U = ri.i i = U/ri = 220/110 = 2 A
c) Pa = U.(I+i) = 220.(75+2) = 16940 W
d) Pu = E´.I-Pc = 205.75-700 = 14675 W
e) n = 1500 r.p.m. n= 25 r.p.s.
Mu = Pu/2𝝅.n = 14675/2𝜋.25 = 93,4 N.m

d) 𝛈 = Pu/Pa = 14675/16940 = 86,8 %


2.- Um motor de corrente contínua fornece em regime nominal uma potência de 10 CV a 1460 r.p.m. O seu binário
de arranque é igual a duas vezes o binário nominal. Calcule:
a) O binário nominal
b) O binário de arranque
Resolução
a) Pn = 10.735 = 7350 W; n = 1460 r.p.m n = 24,3 r.p.s

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Mn = Pu/2𝝅.n = 7350/2.𝝅.24,3 = 48 N.m
b) Ma = 2.Mn = 2.48 = 96 N.m
3.- Um motor –série roda a 1450 r.p.m., absorvendo uma corrente de 10 A, sob 220 V. A resistência do induzido é de
0,9 Ω, a do indutor é de 1,1Ω. Calcule:
a) A f.c.e.m.
b) O binário total produzido
c) A nova velocidade do motor, se o alimentarmos a 110 V, admitindo que a corrente e, por tanto, o binário
mantêm os mesmos valores
Resolução
a) E´= U- (ri+r) = 220-(1,1+0,9).10 = 200 V
b) Pm = E´.I = 200.10 = 2000 W; n=1450/60 = 24,2 r.p.s
M = Pm/2𝝅.n = 2000/2. 𝜋.24,2 = 13,2 N.m
c) E´= U- (ri+r) = 110- (1,1+0,9).10 = 90 V
Pm = E´.I = 90.10 = 900 W
n = Pm/2𝝅.M = 900/2. 𝜋.13,2 = 10,85 r.p.s. = 651 r.p.m.
4.- Um motor Shunt é alimentado a 115 V. A resistência do induzido é de 0,9 Ω. O induzido absorve 1,5 A em vazio
e 14 A em carga. Calcule o valor da f.c.e.m.
a) Em vazio
b) En carga
5.- O induzido de um motor –Shunt absorve, a plena carga, uma corrente de 12,2 A, sob 220 V. A resistência do
induzido é de 1 Ω. Qual deve ser o valor do reóstato de arranque de modo que a corrente de arranque não
ultrapassa 1,5 vezes a corrente nominal?
6.- Um motor –Shunt, alimentado a 110 V, fornece uma potência útil de 4KW, rodando a 1200 r.p.m. A resistência
do induzido é de 1 Ω e do indutor é de 65 Ω. O rendimento total do motor é de 80 %. Calcule:
a) A corrente total absorvida
b) A corrente no indutor
c) A corrente no induzido
d) O binário útil
R/. a) 50 A; b) 2 A; c) 48 A; d) 31,8 N.m

Aparelhagem eléctrica
 Equipamentos de alta e média tensão
 Muflas terminais primárias ou terminações

Mufla terminal primária ou terminação é um dispositivo destinado a restabelecer as condições de isolação da


extremidade de um condutor isolado quando este é conectado a um condutor nu.

Basicamente existem três tipos de terminações que podem ser utilizadas tanto em meio externo como interno:
• Termocontratil
• Retrátil a frio
• Porcelana

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Retrátil a frio
Porcelana

 Pára-raios
Os pára-raios instalados em subestações são destinados a proteger os equipamentos de um circuito contra surto de
tensão transitório de origem externa provocado por descargas atmosféricas e/ou sobretensões de origem interna
provocadas por manobras e chaveamentos
Cabo pára-raios: Situado acima de uma linha de transmissão aérea, tem como finalidade protegê-la contra descargas
atmosféricas directas.
Pára-raios do tipo haste reta (Franklin): Instalado na parte mais alta das construções, este tipo de pára-raios se
constitui de uma haste metálica que tem a função de captor do sistema de protecção contra descarga atmosférica em
uma edificação.
Pára-raios tipo válvula: É conectado na fase em seu lado superior e aterrado no lado inferior. Este tipo de pára-raios é
monofásico, portanto devemos instalar um por cada fase. Sob tensão nominal, o pára-raios mantém a isolação entre o
seu lado superior e o lado inferior, porém ao receber uma tensão.
Proveniente de descarga atmosférica, o pára-raios passa da condição de isolante para condutor, descarregando a
sobretensão existente e assim protegendo os equipamentos do circuito.

 Disjuntores

São equipamentos destinados a interromper a corrente eléctrica de um circuito em condições normais, anormais ou
em curto-circuito.
Uma das funções do disjuntor é a extinção do arco eléctrico. Ao interromper a corrente eléctrica em um circuito, há
formação de arco eléctrico que é definido pela passagem da corrente eléctrica através do ar ou do meio isolante.
Como a rigidez dieléctrica (resistência) do ar ou meio isolante é maior que a do condutor, a passagem da corrente
eléctrica neste meio provoca uma elevada temperatura, da ordem de milhares de graus.
A intensidade do arco eléctrico do arco eléctrico depende da corrente da corrente que está percorrendo o circuito no
momento de sua interrupção e do tempo de abertura do circuito. A formação do arco eléctrico possui características
de uma explosão, com elevada energia térmica e acústica emitida. As altas temperaturas do arco eléctrico danificam
os contactos, isto provoca a necessidade de sistemas de extinção do arco eléctrico nos disjuntores.

A tecnologia empregada para a extinção do arco eléctrico é a característica que define o tipo de disjuntor. Os tipos de
disjuntores mais comuns são:
 Grande volume de óleo (GVO)
 Pequeno volume de óleo (PVO)
 Gás.
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 Vácuo
 Disjuntor a óleo (PVO e GVO).

São dispositivos que utilizam o óleo


isolante como elemento de extinção do
arco eléctrico. O que diferencias os
disjuntores GVO e PVO é a quantidade
de óleo e alguns detalhes construtivos.
Por ter boa característica dieléctrica de
extinção e resfriamento, o óleo mineral
sempre foi utilizado como meio de
extinção de arco eléctrico desde os
disjuntores mais antigos.
No momento da abertura e do
fechamento do disjuntor, o arco provoca
elevada temperatura dentro da câmara de
extinção. O arco é extinto quando o óleo
é injectado com temperatura menor e
rigidez maior directamente no ponto
onde está formado o arco eléctrico.

 Disjuntores a gás

Este tipo de disjuntor utiliza o gás hexafluoreto de enxofre (SF6)


para extinção do arco eléctrico. O SF6, quando em condições
normais, é altamente dieléctrico, não inflamável, não tóxico, e
inodoro até cerca de 5000 °C.
O gás SF6 pode ser utilizado como isolante em disjuntores de
13,8 kV até 500 kV de tensão. As suas câmaras são fechadas
com gás injectado a alta pressão.

 Disjuntores a vácuo

São disjuntores que utilizam o vácuo para extinção do arco eléctrico. Este é um
dos sistemas mais eficientes para extinção do arco eléctrico, pois no vácuo não há
decomposição de gases.
A câmara de extinção é um recipiente vedado que, se apresentar defeito precisa ser
substituída, pois devido a sua característica construtiva e alto vácuo existente no
seu interior, não é possível realizar manutenção em seus contactos internos,
entretanto a sua vida útil é muito longa.

 Chaves seccionadoras

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São dispositivos destinados a realizar manobras de
abertura e fechamento de circuito eléctrico sem carga.
Geralmente as chaves seccionadoras utilizadas em
subestações são trifásicas com accionamento
simultâneo das três fases por intermédio de um
comando único.
Em subestações com tensão superior a 69 kV podem
ser encontradas chaves seccionadoras com abertura
central ou lateral e com accionamento manual ou
motorizado.
Existe um tipo de chave seccionadora que permite a
sua operação de abertura e fechamento quando há carga
no circuito desde que esta esteja dentro das condições
especificadas pelo fabricante. Destaca-se que este tipo
de equipamento não deve operar com corrente nominal
ou em situação de curto-circuito.
 Chave fusível

A chave fusível ou chave indicadora fusível executa tanto a função normal de seccionador de circuito sem carga
quanto a protecção contra curto-circuito ou sobrecorrente pela queima do seu elo fusível interno.
Esta chave é accionada por meio de bastão de manobra e pode ser instalada com fusíveis de diversos valores de
corrente eléctrica dependendo da necessidade do local onde ela é utilizada.
As chaves fusíveis não devem ser operadas em carga devido à inexistência de sistema de extinção de arco eléctrico.
A sua operação somente em tensão é tolerável, o que é feito normalmente pelas distribuidoras. No entanto, com a
utilização de uma ferramenta chamada load buster, pode-se operar a chave fusível com o circuito a plena carga,
respeitando-se os limites da ferramenta mencionada.

 Isoladores
São elementos que tem como função eléctrica isolar os condutores em relação a estrutura de suporte, devido a
diferença de potencial entre o condutor e a terra, ou outros condutores de fase. Mecanicamente devem ser capazes de
suportar esforços produzidos pelos condutores.
Os principais materiais utilizados na fabricação de isoladores são a cerâmica, o vidro, epóxi fibra de vidro e
poliméricos.

 Equipamentos de baixa tensão


Comandos eléctricos Accionamento e Controle

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Comandos eléctricos caracterizamos como dispositivos de accionamento e controle os componentes que auxiliam na
composição das lógicas de accionamento do circuito que chamamos de “Circuito de Comando”.

Dispositivos de protecção

São elementos intercalados no circuito com o objectivo de interromper a passagem de corrente eléctrica sob
condições anormais, como curto-circuitos ou sobrecargas. Os dispositivos de protecção mais comuns são:
Fusível: O princípio de funcionamento do fusível baseia-se na fusão do filamento e consequente abertura do
filamento quando por este passa uma corrente eléctrica superior ao valor de sua especificação. A figura 9 apresenta
um fusível tipo cartucho e seu símbolo. Temos ainda os fusíveis do tipo DIAZED, NH, etc, para maior capacidade de
corrente.
Os fusíveis geralmente são dimensionados 20% acima da corrente nominal do circuito. São Classificados em
retardados e rápidos. O fusível de acção retardada é usado em circuitos nos quais a corrente de partida é muitas
vezes superior à corrente nominal. É o caso dos motores Eléctricos e cargas capacitivas. Já o fusível de acção rápida
é utilizado em cargas resistivas e na protecção de componentes semicondutores, como o doido e o tiristor em
conversores estáticos de potência.

Disjuntor Termomagnético

O disjunto termomagnético possui a função de protecção e, eventualmente, de chave. Interrompe a passagem de


corrente ao ocorrer uma sobrecarga ou curto-circuito. Define-se sobrecarga como uma corrente superior a corrente
nominal que durante um período prolongado pode danificar o cabo condutor e/ou equipamento. Esta protecção
baseia-se no princípio da dilatação de duas lâminas de metais distintos, portanto, com coeficientes de dilatação
diferentes. Uma pequena sobrecarga faz o sistema de lâminas deformarem-se (efeito térmico) sob o calor desligando
o circuito.

Relê de sobrecarga ou térmico

O princípio de funcionamento do relê de sobrecarga baseia-se na dilatação linear de duas lâminas metálicas com
coeficientes de dilatação térmicas diferentes, acopladas rigidamente (bimetal). Quando ocorre uma falta de fase, esta
se reflecte num aumento de corrente, provocando um aquecimento maior e, consequentemente, um acréscimo na
dilatação do bimetal. Essa deformação acciona a abertura do contacto auxiliar que interrompe a passagem da corrente
para a bobina do contator, desacionando, com isso, a carga. Para ligar novamente a carga devemos
accionar manualmente o botão de rearme do relê térmico.
O relê térmico possui as seguintes partes principais:
− Contacto auxiliar (NA + NF) de comando da bobina do contator;
− Botão de regulagem da corrente de desarme
− Botão de rearme de acção manual;
− Três bimetais

ACCIONAMENTO DOS MOTORES ELÉCTRICOS

 Partida directa do motor


Na partida directa de motor eléctrico trifásico podemos identificar que o motor irá receber a alimentação
directamente da fonte geradora trifásica e sofre interferência somente dos dispositivos de seccionamento (contatores,
disjuntores, relé térmico). Diagrama de Potência e Diagrama de Comando – Partida Directa.

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 Partida directa com reversão de sentido de marcha

Quando existe a necessidade de realizarmos a inversão de rotação de um motor eléctrico trifásico devemos interagir
directamente em seu campo magnético girante e sabemos também que este campo magnético só existe em função da
defasagem de 120° entre as fases. Sendo assim deveremos realizar a inverter duas das três fases de alimentação deste
motor.
Observe que no diagrama de potência abaixo possuímos a alimentação do motor eléctrico a partir da alimentação
fornecida por L1, L2 e L3 e sendo disponibilizadas através dos contatores K1 e K2, obviamente, os dois dispositivos
nunca poderão estar ligados simultaneamente, caso isto ocorra teremos um curto-circuito gerado na saída dos

contatores K1 e K2 .

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 Partida indirecta dos motores eléctricos trifásicos

Sabemos da preocupação em relação a corrente eléctrica no momento da partida de motores eléctricos trifásicos,
dependendo do motor podemos possuir uma variação de 6 a 8 vezes o valor de corrente nominal no instante da
partida, desta maneira, se torna viável realizar a partida dos motores através de manobras que tenha como objectivo
reduzir a corrente de partida, estamos falando então das Partidas Indirectas de Motor Eléctrico Trifásico.
Podemos considerar como principais sistemas de partidas indirectas as seguintes:
1. Partida Estrela Triângulo;
2. Partida por Autotransformador;
3. Partida por Aceleração Retórica;
4. Partida Electrónica (Soft Starter).

Lembre-se que no sistema de partida indirecta ao objectivo é sempre reduzir a corrente de partida e para isto, na
maioria das vezes, consideramos a redução da tensão eléctrica no motor eléctrico trifásico.

 Partida estrela triangulo

A grande vantagem na utilização deste sistema de partida é que neste caso o circuito empregado irá permitir a
redução da corrente de partida do motor eléctrico trifásico fazendo uso da redução da tensão de fase (A tensão em
cada uma das bobinas que compõe o motor).
Para realizar este feito contamos com no mínimo um motor de seis terminais e manipulamos o fechamento de suas
bobinas de maneira que exista a redução de sua tensão de fase.

Desta maneira teremos como resultado a redução da corrente de partida do motor eléctrico trifásico.

Vale lembrar que este sistema de partida será utilizado somente para iniciar o accionamento do motor e após o
tempo definido pelo temporizador teremos o motor sendo alimentado normalmente com o sistema realizando seu
fechamento em triângulo.

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 Partida estrela triângulo com reversão

Mantém-se o conceito de inversão de fase para que seja possível a inversão da rotação do motor eléctrico trifásico
quando utilizado a partida estrela triângulo, observe que os contatores K1 e K2 serão os responsáveis por tal feito.

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FECHAMENTO TRIÂNGULO FECHAMENTO ESTRELA

O Fechamento Triângulo tem por definição permitir com que o


motor receba o menor nível de tensão de alimentação para qual foi
projectado, por exemplo em um motor com tensão de alimentação
220/380V o fechamento triângulo permitirá a inserção da
tensão 220V

O Fechamento Estrela tem por definição permitir com que o motor


receba o maior nível de tensão de alimentação para qual foi
projectado, por exemplo em um motor com tensão de alimentação
220/380V o fechamento triângulo permitirá a inserção da
tensão 380V.

 Partida do motor por auto transformador (partida com a chave compensador)

Em mais uma tentativa de reduzir a corrente de partida do motor eléctrico trifásico teremos a partida por
autotransformador que também realizará a redução da tensão de alimentação do motor eléctrico no instante da
alimentação, este nível de tensão poderá ser de, normalmente, 65 ou 80% da tensão nominal. Respectivamente
teremos a redução da corrente de partida para 42% e 64% da nominal.

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Vale lembrar que a partida por autotransformador será aplicada a um motor eléctrico trifásico quando não for
possível a utilização da partida estrela triângulo. Conhecendo as características da partida em questão podemos
compor a seguinte tabela:

 Partida do motor por auto transformador com reversão

Neste exemplo possuímos dois contatores (K4 e K5) responsáveis pela inversão de duas fases de alimentação do
circuito, permitindo assim a reversão de rotação do motor eléctrico comutado a partir deste sistema de partida.

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