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A FALTA DE GERENCIAMENTO
DE MUDANÇAS: A ETERNA DOR
DE CABEÇA DOS CLIENTES
N
ão é raro nos dias de hoje problemas de qualidade devido a segmento automotivo onde uma vez que produto e processo estão
mudanças não autorizadas de produto e ou processo, geran- aprovados pelo cliente os mesmos são “congelados“. Não se muda
do os mais variados impactos até mesmo recall. nada sem autorização do cliente e nova homologação.
Atuo no segmento automotivo, logo vou escrever com base no Até aqui tudo entendido, mas como realizar a gestão de mudanças?
que vivencio Vamos lá então, tudo começa a partir de um pedido de mudança.
A questão é disciplina e gestão de mudança, avaliação do impacto,
ninguém muda nada sozinho, abaixo a ditadura da mudança. Toda a 1. Deve haver uma descrição da mudança proposta seus
mudança deve ser devidamente avaliada quanto ao risco e viabilida- benefícios e vantagens de efetivar a mudança. Todo o pedido de
de. Atuei como perito assistente em um caso de recall onde a causa mudança tem um número /identificação única.
da falha foi “apenas” a inversão de uma sequência de operações sem
a validação da mesma e sem comunicação ao cliente, tal alteração 2. Avaliação da mudança:
comprometeu a estrutura metalúrgica da peça. Querem saber o final? Todas as partes envolvidas na mudança devem participar de um es-
Ganhamos a causa por se tratar de mudança não autorizada, olha que tudo de viabilidade da mudança proposta onde apontam suas necessi-
isso já faz um bom tempo. dades e preocupações bem como o custo envolvido de cada área para
Hoje normas tais como IATF 16949 e ISO 9001 já trazem em efetivar a mudança, impacto nos prazos de efetivação e avaliação dos
seus requisitos explicitamente a preocupação com o gerenciamen- riscos envolvidos. A gestão geralmente é realizada pela engenharia.
to de mudanças. Uma vez que todas as partes interessadas dentro da organização
Nos dias de hoje uma das causas de peças com defeitos em monta- apontaram prós e contras bem como custos e prazos e dado o veredi-
doras continua sendo a famosa mudança não autorizada. Clientes são to final, via de regra do diretor de engenharia / diretor industrial (alta
surpreendidos, consequências muitas vezes são graves e de alto custo. direção) responsáveis por isso.
Encaremos uma mudança de lay out de um processo de ma-
nufatura como exemplo, na maioria das vezes precisamos parar 3. Caso a mudança proposta não seja aprovada, as razões pela
a produção, antes disso é necessário manufaturar um “pulmão” reprovação devem ser registradas e mantidas pela empresa, caso
de peças para cobrir a parada de produção. Onde vamos estocar a proposta de mudança seja aprovada é apontado um líder para
essas peças? Temos embalagens suficientes para isso? Necessário gerenciar a mudança e o planejamento em forma de cronograma é
trabalhar em regime de horas extras? Por quanto tempo? Como realizado. Pronto para mudar? Ainda não, precisamos da aprova-
preservar essas peças? Se for no domingo? O refeitório vai estar ção do cliente para iniciar o processo de mudança e a primeira
aberto? Alguma vezes me vi com muitas pizzas na mão para cobrir pergunta que o cliente faz é “quanto levo nisso“? Mudanças devem
almoço de operadores porque ninguém previu que operadores trazer aumento de qualidade e/ou produtividade, esteja preparado
sentem fome aos domingos. Várias questões que sem gerenciamen- para dividir isso com seu cliente.
to de mudanças não seriam respondidas.
E o PAPP, considerando o exemplo de mudança de lay out não 4. Implementação da mudança
deveria cobrir isso tudo? Não, ele não cobre isso tudo a função dele Uma vez aprovada pelo cliente a mudança é efetivamente implanta-
é homologar processo e produto. A organização e gestão de como a da. Aqui dois eventos são fundamentais, o primeiro é a aprovação da
alteração será feita não passa pelo PAPP. mudança implantada pelo mesmo time que fez o estudo de viabili-
E o cliente, já aprovou a mudança de lay out? Estamos alterando dade da mudança e a elaboração de um lote experimental, onde no
uma condição de processo previamente aprovadas por ele. Atuo no meio em que trabalho, chamamos de PTR (production trail run) que