Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ANTONIO EDUARDO OLIVEIRA DE LIMA

REPRESENTAÇÕES SOBRE AIDS E HOMOSSEXUALIDADE NO CINEMA


(ENTRE 1990 A 1995)

BRAGANÇA - PA
2023
ANTONIO EDUARDO OLIVEIRA DE LIMA

REPRESENTAÇÕES SOBRE AIDS E HOMOSSEXUALIDADE NO CINEMA


(ENTRE 1990 A 1995)

O presente trabalho tem como objetivo de


ser método avaliativo da disciplina de
metodologia de pesquisa como meio para
se encaminhar o projeto de conclusão de
curso.

Orientador (a): Prof. Dr. Érico Muniz

Bragança – PA

2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO:.....................................................................................................5
2. PROBLEMA:........................................................................................................ 5
3. OBJETIVO:...........................................................................................................5
4. JUSTIFICATIVA:...................................................................................................5
5. REFERENCIAL TEÓRICO:..................................................................................6
6. METODOLOGIA:..................................................................................................6
7. FONTES:.............................................................................................................. 6
8. BIBLIOGRAFIA:...................................................................................................7
1. INTRODUÇÃO:

A partir da Terceira Geração dos Annales, na metade do século XX, os


historiadores se debruçaram sobre novos materiais de estudos, que antes não eram
utilizadas como fontes históricas, a exemplo com o estudo de subjetividades das
mentalidades coletivas, fundamentadas na psicologia e antropologia, e recursos
midiáticos, como o teatro, as músicas e o cinema. Os principais estudiosos sobre
essa corrente são Jacques Le Goff, Marc Ferro e Emmanuel Le Roy Ladurie, Robert
Mandrou ,André Burguière e Jacques Revel. Desde então, os pesquisadores das
humanidades utilizam o cinema e as diversas manifestações artísticas como
representação do contexto, da mentalidade e das demandas sociais.
Para Marc Ferro, 1992, os filmes constituem matéria de uma outra história,
que não a história, uma contra análise da sociedade e suas representações. Embora
possa ser compreendido apenas por meio do conteúdo explícito, o objetivo maior do
pesquisador é compreender como o filme foi criado, quais foram as escolhas e como
e por que foram escolhidos. Roger Chartier, 1991, contribui essa discussão com o
conceito de representação, as quais cada temporalidade e espacialidade são
capazes de criar sobre si mesmos e sobre os outros. Assim, o estudo sobre os
recursos cinematográficos ampliam a compreensão sobre como a arte imita a
sociedade, ou a representa como fruto de seus próprios interesses.

Neste projeto, pretende-se analisar de que forma a epidemia da AIDS


(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) provocada pelo vírus HIV foi
representadas salas de cinema. Eliza Viana, 2013, aponta que nos primeiros anos
de contaminação do vírus, que iniciou nos Estados Unidos, a doença não foi
inicialmente identificada e a comunidade científica e a sociedade foram responsáveis
pela criação de narrativas repletas de preconceitos e de pseudociência. Tal crise
iniciou por volta de 1980 até os anos 2000, de forma que o contexto de desespero e
de calamidade pública foi representado em inúmeros filmes de base estadunidense.

Destarte, a maioria dos filmes que tratam sobre o tema da AIDS serem de
origem estadunidense, e em razão de poucos representantes nacionais, essa
pesquisa utilizará aquela de maior volume. A partir dos filmes serão analisados como
aquele contexto foi representado, quais narrativas forma contruídas e de que formas
foram criados estigmas da AIDS com outros sujeitos marginalizados. Os filmes
escolhidos para a pesquisa foram: Paris is Burning (1990), Philadélfia(1993), And
The Band Played on...(1990), Um lugar para Anne (1994), Kids (1995).

2. PROBLEMA:

Durante a epidemia de AIDS, em 1980, foi acompanhada de muitas notícias


televisivos e em jornais que divulgavam notícias sofre a enfermidade para uma
sociedade desesperada para entender o que acontecia e sobre a doença. Nesse
momento, a doença foi associada as populações homossexuais pela ciência, porque
os primeiros contaminados faziam parte desse grupo. A partir de então, essas
informações foram difundidas pela sociedade que repudiava tanto a doença quanto
aos que seguiam aquelas orientações sexuais.

Foi somente em 17 de maio de 1990, há 30 anos, que a Organização


Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
Enquanto, a Transexualidade deixou de ser considerada uma doença, pela OMS,
apenas em 2018. Além disso, Oliveira Neto, 2015, aponta que a desinformação da
doença e de métodos contraceptivos ainda é um dos principais fatores para morte
de pessoas por HIV. Dessa forma, percebe-se que os preconceitos e o
desconhecimento sobre a doença e as populações LGBTQIAPN+ ainda são
recorrente no senso comum.

3. OBJETIVO:

O objetivo da pesquisa é compreender de que forma no cinema do século XX


(1990 -1995) foram representadas a epidemia da AIDS e o contágio do HIV. E de
que forma as narrativas científicas contribuíram para associação errônea dos
homossexuais à doença e ao desconhecimento sobre as causas e profilaxia da
doença.
O resultado da pesquisa contribuirá para o campo de pesquisa envolvendo o
século XX, a História da Epidemia do HIV e das doenças e sistema de saúde. Esse
conteúdo pode se tornar em material para a divulgação científica para a comunidade
de pesquisadores do tema e da educação brasileira, como um meio para
conscientização sobre as IST´s ( Infecções Sexualmente Transmissíveis).

Ademais, a pesquisa se mostra importante para a sociedade, uma vez que


foram construídos estigmas sobre a AIDS e o HIV que perduram no imaginário da
população até hoje – sendo associado ainda a comunidade LGBT. No mais, a
sociedade ainda precisa avançar sobre as compreensões de Gênero e Sexualidade,
como os dados anteriores mostram, a transexualidade e a homossexualidade até
recentemente eram tratadas como pecado ou doença.

4. JUSTIFICATIVA:

Este trabalho se justifica, pois os filmes são importantes fontes para a


compreensão da realidade que eles representam – no caso, século XX. É preciso
entender de que formas as informações em vídeos podem se confirmar, ou não, com
os dados teóricos e factuais que se tem sobre aquele período.

Além disso, o desafio de combater a AIDS e o preconceito contra a


homofobia ainda é um dos principais problemas da sociedade. Como se sabe, a
partir da criação de estigmas sobre gays e a doença, o restante da população deixou
de se preocupar com o vírus. Sendo necessário medidas para ampliar o
conhecimento e a pesquisa sobre tal campo de estudos.

5. REFERENCIAL TEÓRICO:

O referencial teórico será baseado em autores clássicos da Terceira


Geração dos Annales, como Michel Foucault com seus estudos sobre Gênero e
Sexualidade. Além disso, Marc Ferro que é um dos principais autores sobre História
e Cinema. Como pesquisa do contexto da época, as obras de Elisa Viana são as
mais específicas sobre o assunto da AIDS e o impacto no Brasil que se tem
atualmente. Ademais, pretende-se usar artigos com informações técnicas e que seja
possível retirar subsídios para a pesquisa, e que tratem sobre os filmes em análise.

CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos avançados, v. 5, p. 173-191, 1991.


FERRO, Marc. Cinema e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Foucault M. História da Sexualidade I. A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal; 1988.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: As confissões da carne (Vol. 4). Editora Paz e Terra,
2020.

VIANNA, Eliza da Silva et al. “Pois é no corpo que escrever me dói agora”: a relação entre a Aids e a
deterioração física durante os primeiros anos da epidemia. 2013.

VIANNA, Eliza; LOPES, Gabriel. Apresentação: História das doenças e da saúde: experiências e
perspectivas. FRONTEIRAS & DEBATES, v. 6, n. 2, p. 05-06, 2020.

VIANNA, Eliza da Silva et al. Aids por elas: experiências soropositivas de mulheres nos anos
1990. 2018. Tese de Doutorado.

6. METODOLOGIA:

A metodologia adotada neste trabalho se baseia principalmente nos


trabalhos de Marc Ferro, 2008, um dos primeiros historiadores a utilizar o cinema
como ferramenta historiográfica. Da mesma forma, a historiadora Circe Bittencourt
trabalha o cinema na História dentro dos materiais didáticos e paradidáticos, com
uma linguagem acessível para alunos e não cinéfilos. Por fim, utilizo como referência
o trabalho da pesquisadora de História e Doenças, Eliza Vianna, que trata de forma
mais específica do tema desta pesquisa.

Assim, serão utilizadas de forma comparada os textos bibliográficos com o


que está sendo representado em vídeo. Ainda que sejam recursos diferentes,
podem ser associados para a compreensão dos objetivos e intenções por trás da
imagens apresentadas ao público.

7. FONTES:
Os filmes e documentários escolhidos para as fontes da pesquisa foram
divulgadas entre 1990 e 1995. Em And the Band Played On (1993), vê-se o início
das investigações sobre a origem e formas de contaminação do vírus do HIV,
podemos notar a pressão que se passava dentro dos hospitais e de como as breves
pesquisas científicas eram divulgadas rapidamente para a população – a qual a
maioria não entendia a noção de processo na ciência.

Outro centro de contaminação da AIDS foi a Europa, no documentário Paris is


Burning (1990), Jennie Livingdton, investiva como viviam as comunidades de drag
queens naquela época. O interessante é que muita estão em condição de morar na
rua e de prostituição. Naquele tempo, os métodos contraceptivos ainda não eram
massivamente divulgados e o sexo sem proteção era o mais praticado.

Philadelfia, 1994, Demmer, trata sobre as consequências para a vida social e


profissional que a doença poderia acarretar. No filme, um advogado é HIV positivo e
se ver em situação de desemprego e humilhação por sua condição de saúde. Tais
preconceitos fizeram com que a comunidade científica e social negasse a doação de
sangue por homossexuais, no Brasil, tal impedimento foi liberado há menos de 10
anos.

Em Um lugar para Anne (1993) e Kids (1995) podemos perceber que a


doença poderia está presente em todas as idades. No primeiro, uma viciada deixa a
filha no hospital e os médicos descobrem que a criança é portadora do vírus – até
então uma novidade científica – posteriormente, os cientistas descobriram que a
doença poderia ser transmitida por leite materno. Por outro lado, em Kids (1995)
percebemos o caótico cenário que a juventude estava inserida naquela época. No
filmes, as crianças e adolescentes praticam sexo precocemente e de forma
desprotegida, em dupla ou em grupo, compartilhando objetos e no contato diário.

Dessa forma, pretende-se analisar de que forma essas construções sobre os


homossexuais foram construídas ao longo dos anos e de que forma permanecem na
atualidade. E de relacionar, as imagens, recortes de temas e vídeos estão
relacionados com aquela época de epidemia.
And the Band Palyed On O filme retrata os And The Band Played On;
(1993) primeiros anos da AIDS Roger Spottiswoode.
nos Estados Unidos, Randy Shilts, Arnold
desde o início das mortes Schulman: Produção e
de homossexuais em São Direção. DE Pg
Francisco, até o produções, Estados
descobrimento do vírus Unidos, 1993.
HIV.
Paris is Burning (1990) Documentário sobre drag Paris is Burning (1990).
queens de classe baixa Direção: Jennie
de Nova York. O filme se Livingdton. Longa
passa no surto de AIDS Metragem. Estados
no país. Unidos, 1h18min, 1990.
Philadelfia (1994) Andrew Beckett (Tom DEMME, Jonathan;
Hanks) é demitido após NYSWANER, Ron.
descobrir que é portador Philadelphia (Filme-
de AIDS. Ele contrata o vídeo). Produção e
advogado Joe Miller direção de Jonathan
(Denzel Washington) que Demme. Estados Unidos:
é homofóbico. TriStar Pictures, 1994.
Um lugar para Anne Um bebê de 3 meses, A Place for Annie (1993), “
(1993) Annie Morston (Leslie Um lugar para Annie”.
Anderson) entra no Direção: Sissy Spacek, S.
hospital diagnostigada Epatha Merkerson.
como HIV positivo. Ela foi Telefilmes, Estados
abandona pela mãe, uma Unidos. 1990, 1h18min.
viciada.
Kids (1995) Nova York serve de Kids (1995). Diretor:
cenário para mostrar o Clarke, L. Film. Excalibur
conturbado mundo dos Films, Fullerton.
adolescentes, que
indiscriminadamente
consomem drogas e
quase nunca praticam
sexo seguro
8. BIBLIOGRAFIA:

ARÁN, Márcia; MURTA, Daniela; LIONÇO, Tatiana. Transexualidade e saúde pública no


Brasil. Ciência & saúde coletiva, v. 14, p. 1141-1149, 2009.

BITTENCOURT, Circe. Ensino de história: fundamentos e métodos. São


Paulo: Cortez, 2008.

CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos avançados, v. 5, p. 173-191, 1991.

DE OLIVEIRA, César Luiz; BRANDÃO, Leonardo. UM “ALERTA PARA O MUNDO”: GÊNERO E


SEXUALIDADE JUVENIL NO FILME KIDS (1995). Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 7, n. 1, p.
33-45, 2021.

FERRO, Marc. Cinema e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

Foucault M. História da Sexualidade I. A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal; 1988.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: As confissões da carne (Vol. 4). Editora Paz e Terra,
2020.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade. Tradução: Mathias Lambert,
v. 4, 1988.

HART, Kylo-Patrick R. The AIDS movie: Representing a pandemic in film and television.
Routledge, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. 4. ed. São


Paulo: Contexto, 2009.

NASCIMENTO, Jairo. Cinema e ensino de história: realidade escolar,


propostas e praticas na sala de aula. Fênix: Revista de História e Estudos
Culturais, 2008.

NOVÓA, Jorge. A relação Cinema-história e a razão poética na reconstrução


do paradigma histórico. O olho da História, n. 10. abr 2008.

OLIVEIRA NETO, Alfredo de et al. Internet e HIV/AIDS: o poder da informação e da desinformação.


2015.

RÜSEN, Jörn. A razão histórica: Teoria da história: os fundamentos da


ciência histórica. Brasília: UnB, 2010.

SHILTS, Randy. And the band played on: Politics, people, and the AIDS epidemic. Souvenir
Press, 2011.

VALIM, Alexandre. Entre textos, mediações e contexto: anotações para


uma possível história social do cinema. História social, Campinas, n. 11, 2005.

VIANNA, Eliza da Silva et al. “Pois é no corpo que escrever me dói agora”: a relação entre a Aids e a
deterioração física durante os primeiros anos da epidemia. 2013.

VIANNA, Eliza; LOPES, Gabriel. Apresentação: História das doenças e da saúde: experiências e
perspectivas. FRONTEIRAS & DEBATES, v. 6, n. 2, p. 05-06, 2020.

VIANNA, Eliza da Silva et al. Aids por elas: experiências soropositivas de mulheres nos anos
1990. 2018. Tese de Doutorado.

Você também pode gostar