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Geoquímica

GEO-158
Universidade Federal de Ouro Preto

Professor: Lucas Pereira Leão


GEOCRONOLOGIA E GEOLOGIA
ISOTÓPICA
• A geoquímica isotópica é um ramo da geoquímica focado no estudo
das variações naturais nas abundâncias relativas dos elementos
químicos e seus isótopos.
• O processo de formação de elementos químicos ocorre nas estrelas, e
se chama nucleossíntese. A nucleossíntese é fundamentada na fusão
de átomos sob altas pressões e temperaturas.
• Dentro de uma estrela, há uma luta entre o calor que a faz se
expandir e a gravidade que a faz colapsar.
• O calor é produzido por reações nucleares e é perdido como radiação
de luz e neutrinos.
GEOCRONOLOGIA E GEOLOGIA
ISOTÓPICA
• O processo de fusão mais comum envolve dois
núcleos de hidrogênio que se fundem para formar
o núcleo de deutério (He), emitindo um pósitron
e um neutrino.
• Durante o processo, o neutrino (desprovido de
carga elétrica e transparente ao campo
gravitacional), escapa imediatamente do interior
estelar.
• O pósitron e o elétron mais próximo
(partícula/antipartícula) se aniquilam emitindo
radiação gama.
• A seguir o núcleo de deutério se funde com o
hidrogênio para formar um isótopo do hélio com
dois prótons e um nêutron em seu núcleo.
• Finalmente, dois desses núcleos se fundem para
formar um núcleo de hélio e um núcleo de
hidrogênio.
https://www.youtube.com/watch?v=jxSih_wpIiY&t=113s
GEOCRONOLOGIA E GEOLOGIA
ISOTÓPICA
• As estrelas menores como o nosso Sol, somente têm energia para
sintetizar o elemento Hélio. Já em estrelas com mais massa que o Sol
a nucleossíntese se expande para outros elementos mais pesados
como carbono, oxigênio e silício .
• No caso de estrelas supermassivas, as reações nucleares vão até a
produção de ferro.
• O resto dos elementos químicos que estão na tabela periódica se
forma em explosões estrelares. A energia liberada na explosão seria
suficiente para sintetizar a grande maioria dos elementos químicos
que conhecemos hoje.
GEOCRONOLOGIA E GEOLOGIA
ISOTÓPICA
• Os isótopos são classificados como átomos de um elemento químico
que possuem a quantidade de prótons iguais. Porém, o número de
massa desses átomos se difere, devido à quantidade de nêutrons
também ser diferente.
• Dessa forma, os átomos podem apresentar características e
propriedades físicas diferentes, mas as propriedades químicas são
semelhantes.
• Ou seja, a solubilidade – propriedade química – é a mesma, pois
depende apenas do número atômico. Já no caso da densidade as
características mudam, pois dependem do número da massa.
O QUE É A GEOCRONOLOGIA
• A Geocronologia é um campo de investigação científica preocupada em
determinar a idade e história das rochas da Terra. Tais determinações são
feitas por meio de datação absoluta baseado nas leis da radioatividade e
na composição isotópica dos materiais.
• A Radioatividade pode ser definida como a mudança nuclear espontânea,
caracterizada pela emissão de radiação eletromagnética ou partículas que
resulta na transformação de um elemento em outro.
• Os Radioisótopos são isótopos radioativos de um elemento. Eles também
podem ser definidos como átomos que contêm uma combinação instável
de nêutrons e prótons, ou excesso de energia em seus núcleos.
O QUE É A GEOCRONOLOGIA
• Os fundamentos da geocronologia moderna foram lançados na virada do
século no trabalho de Rutherford e Soddy (1903) sobre a radioatividade
natural.
• Eles mostraram que o processo de decaimento radioativo é exponencial e
independente de condições químicas ou físicas.
• Assim, as taxas de decaimento radioativo podem ser usadas para medir o
tempo geológico.
O PROCESSO DE DECAIMENTO
• O decaimento radioativo é o nome do processo pelo qual o elemento
instável, espontaneamente, transforma-se em um elemento radiogênico
(ou filho). Há vários tipos de decaimento radioativo. Os principais são:

• Decaimento alfa – Nada menos que o núcleo de Hélio, de massa quatro (dois
prótons e dois nêutrons), que é emitido de um núcleo atômico instável.
• Decaimento beta menos – Um elétron é emitido a partir de um nêutron dentro do
núcleo, transformando o nêutron em um próton e consequentemente aumentando
o número atômico em um.
• Decaimento beta mais – Um pósitron é emitido a partir de um próton dentro do
núcleo, transformando o próton em um nêutron e consequentemente reduzindo o
número atômico em um.
TEMPO DE MEIA-VIDA
• A meia–vida de um elemento radioativo consiste no tempo em que uma
amostra desse elemento leva para reduzir-se à metade.

Como mostra o gráfico, a meia vida de


um elemento radioativo é o intervalo de
tempo em que uma certa quantidade
deste elemento se reduz à metade.
Este intervalo de tempo também é
chamado de período de
semidesintegração.

Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=zXw2c
OSBB8E&feature=emb_logo
Exemplos de Meia-vidas
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE GEOCRONOLOGIA
• Decaimento radioativo não é afetado por mudanças na pressão,
temperatura ou pelas ligações moleculares que conectam um
nuclídeo radioativo aos átomos vizinhos.
• Os átomos (pai) radioativos decaem para filhos radiogênicos de forma
constante, por unidade de tempo.
• Este decaimento, ou seja, a taxa de decaimento dP ∕ dt depende
apenas do número de átomos pais (P) presente na amostra.
• A constante de decaimento λ expressa a probabilidade de que uma
desintegração radioativa ocorra em um determinado momento (λ é
dada em unidades de átomos por ano). Isso pode ser expresso
matematicamente com a seguinte equação diferencial:
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE GEOCRONOLOGIA
• Medir a quantidade relativa de isótopo pai e isótopo filho e fazemos o
uso da sua constante de decaimento para datar eventos geológicos;

• U/Pb com constante de decaimento de 1.55x10-10/ano


U/Pb com constante de decaimento de 1.55x10-10/ano
Exercício
• Os seguintes dados foram medidos em amostras de gnaisse de rocha total
das Montanhas Bighorn de Wyoming. Use a regressão linear para calcular a
idade e 87Sr/86Sr inicial para este gnaisse.
Cenas do capítulo Anterior
• Radioatividade não depende da ligação química dos átomos, nem da
temperatura, nem da pressão.
• A radioatividade pode ser descrita como um evento cuja probabilidade
de ocorrência por unidade de tempo é invariável.
• A probabilidade de um nuclídeo radioativo decair por unidade de tempo
é denotada por λ.
• Essa probabilidade, mais conhecida como constante de decaimento, é
específica do nuclídeo radioativo em consideração. O decaimento
radioativo, como as chamadas recebidas em uma central telefônica, é
um excelente exemplo de um processo de Poisson, no qual o número de
eventos é proporcional ao tempo durante o qual a observação é feita.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE GEOCRONOLOGIA
Assim o que precisamos saber desta equação seria
D (quantidade de filha – medidas no espetrômetro
de massa) P (quantidade de pai medido no
espetrômetro de massa), λ (a constante de
P∘ = P + D decaimento _ que é um numero fixo, já
determinado pela física) e o numero de Euler.

• onde P∘ é o número de átomos pais presentes no


tempo t = 0.
• Como esse número é geralmente desconhecido,
a Equação geralmente não pode ser usada nesta
forma. Podemos, no entanto, medir o número
atual de nuclídeos pai e filho na amostra.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE GEOCRONOLOGIA
• Em espectrometria de massa sempre trabalhamos com razões
das massas em vez de medir a quantidade de massa. Sempre
optamos por dividir os valores dos isótopos pai e filho por algum
isótopo estável.

Onde D seria isótopo filho (estável, s , e radioativo, r) e P seria o isótopo Pai ( radioativo, r).
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE GEOCRONOLOGIA
• Em espectrometria de massa sempre trabalhamos com razões
das massas em vez de medir a quantidade de massa. Sempre
optamos por dividir os valores dos isótopos pai e filho por algum
isótopo estável.

Onde D seria isótopo filho (estável, s , e radioativo, r) e P seria o isótopo Pai ( radioativo, r).
Os Elementos Rb e Sr
• Ambos Rb e Sr são elementos traços na crosta: suas
concentrações são geralmente medidas em ppm;
• Devido à sua natureza incompatível, o Rb está fortemente
concentrado na crosta terrestre e empobrecido em seu manto.
Rochas Metamórficas
O método Sm-Nd
• O 147Sm decai para 143Nd por
decaimento alfa com meia-vida
de 106 Ga (l = 6,54 x 10-12y-1);
• A meia-vida deste par é tão longa
que as variações resultantes na
composição isotópica de Nd são
pequenas e precisam ser
medidas com instrumentos mais
sensíveis como espectrômetros
de massa modernos.
• A crosta continental tem mais Nd do que o manto.
• Isso mostra que o Nd fica na parte fundida do manto e o Sm tende a ficar
com material residual do manto.
• De forma bem geral seria exatamente o oposto do que acontece com os
sistema Rb-Sr.
O método Sm-Nd
• O par Sm Nd é aplamente aplicado em estudos de evolução
crustal na terra e evolução do nosso sistema solar,
diferenciação dos planetas e evolução de outros corpos
celestes.

onde CHUR significa ‘reservatório condrítico O intervalo em eNd em virtualmente todas as


uniforme’; ou seja, (143Nd / 144Nd) CHUR tem o rochas variam de +14 a -20.
valor da proporção em meteoritos condritos.
O método Sm-Nd
• De forma geral podemos entender que:
1. O manto concentra mais Sm (devido ao comportamento
mais imóvel) do que a crosta. Rochas derivadas diretamente
do manto terão eNd > 0.
2.A crosta tem menos Sm que o manto, e portanto menos
143Nd do que o CHur. Isto significa que as rochas crustais
terão eNd negativo. Quanto maior a residência crustal das
rochas (quanto mais tempo na crosta sendo retrabalhada)
mais negativo vai ser o eNd. Rochas com eNd negativo são
comumente chamadas de rochas crustais retrabalhadas.
O método Sm-Nd
• Talvez a maior vantagem de Sm / Nd é a falta de mobilidade
desses elementos.
• O cronômetro Sm-Nd é portanto, relativamente robusto com
respeito a alteração e metamorfismo de baixo grau.
• Assim, o sistema Sm-Nd é o sistema mais usado para rochas
máficas e para rochas que sofreram metamorfismo de baixo
teor ou alteração.
Os métodos U-Pb e Pb-Pb
• A datação de urânio-chumbo, abreviada como datação U-Pb, é
uma das mais antigas e mais refinadas dos esquemas de
datação radiométrica.
• Ela pode ser usado para datar rochas que se formaram e
cristalizaram de cerca de 0.5 milhão de anos até 4,5 bilhões de
anos, com precisões de rotina na faixa de 0,1–1 por cento.
Os métodos U-Pb e Pb-Pb
• O método geralmente é aplicado ao zircão.
• Este mineral incorpora átomos de urânio e tório em sua
estrutura cristalina, mas rejeita fortemente o chumbo durante
a formação.
• Como resultado, os depósitos de zircão recém-formados não
conterão chumbo, o que significa que qualquer chumbo
encontrado no mineral é radiogênico.
• Como a taxa exata na qual o urânio se decompõe em
chumbo é conhecida, a proporção atual de chumbo para
urânio em uma amostra do mineral pode ser usada para
determinar com segurança sua idade.
O método se baseia em duas cadeias de decaimento separadas, a série
de urânio de 238U a 206Pb, com meia-vida de 4,47 bilhões de anos e a
série de actínio de 235U a 207Pb, com meia-vida de 710 milhões de anos.

https://www.youtube.com/watch?v=bCDP2A2u4
kA&list=PLjdwIy3v-
VWdHVI3wZz7pnkFBtujdWAbk&index=6
Datação de zircões pelo método de urânio-
chumbo

https://www.youtube.com/watch?v=bCDP2A2u4kA&list=PLjdw
Iy3v-VWdHVI3wZz7pnkFBtujdWAbk&index=6
Em essência, o diagrama de concórdia é um gráfico da razão 206Pb/238U contra a razão
207Pb/235U, como mostra abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=bCDP2A2u4kA&list=PLjdw
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https://www.youtube.com/watch?v=bCDP2A2u4kA&list=PLjdw
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https://www.youtube.com/watch?v=bCDP2A2u4kA&list=PLjdw
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Bora Trabalhar
• Explique o que se entende por decaimento radioativo. Quais tipos de
emissão de partículas?
• O que se entende por Tempo de Meia Vida? Como ele pode ser
utilizado na geocronologia?
• O que são elementos terras raras? Quais as especificidades que os
tornam tão especiais para estudos geológicos?
• Explique a equação básica da geocronologia.
• Explique as particularidades de cada método radiométrico explicado e
suas aplicações.
• Quais as vantagens da utilização do método U/Pb?

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